A Importância Do Trabalho Respiratório Em MO 1995

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  • 8/15/2019 A Importância Do Trabalho Respiratório Em MO 1995

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    Marchesan IQ, Krakauer LH. A importância do trabalho respiratório na terapiamiofuncional. In: Marchesan IQ, olaffi !, "omes I!#, $or%i &L. 'ópicos em(onoaudiolo)ia *ol. II. +o -aulo: Lo*ise /001. p./112/34

    A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO RESPIRATÓRIO NA TERAPIAMIOFUNCIONAL

    #ra. Irene Queiro% Marchesan#iretora do !5(A! 6 !entro de 5speciali%a7o em (onoaudiolo)ia !l8nica'itula7o: #outor em 5duca7o pela 9I!AM- 9ni*ersidade de !ampinas5ndere7o: ;ua !a, 33? !5- 414/@2444 +o -aulo 6 +- rasil.'elefone: 112 // 6 3B1/3BB52mail: ireneCcefac.br  ===.cefac.br  

    #urante muitos anos, o trabalho fonoaudioló)ico li)ado ao sistemasensório2motor2oral, restrin)iu2se basicamente D fun7o da de)luti7o.

    HoEe em dia, obser*amos Fue outras duas fun7Ges do sistemaestomato)n>tico, a respira7o e a masti)a7o, so etremamente importantespara o crescimento e desen*ol*imento do mesmo. A de)luti7o at8pica, seriamuitas *e%es, decorrncia de um mau funcionamento dessas duas outras fun7Ges.

    este arti)o, nos restrin)iremos a falar somente da respira7o, maisespecificamente da respira7o oral.

    'emos recebido na cl8nica fonoaudioló)ica um )rande nJmero de pacientesFue che)am encaminhados por ortodontistas, com Fueia de de)luti7o at8pica.a maioria das *e%es, este Fuadro acompanhado de respira7o oral. a

    *erdade, a maioria dos pacientes apresenta uma respira7o oronasal oral nasalN.

    -er)untamos2nos, por Fue esse contin)ente enorme de respiradores oraisO As causas podem ser muitas e citaremos al)umas:

    • -roblemas or)ânicos como: rinites, sinusites, hipertrofia de am8dalasfar8n)ea ou palatinas.

    • Hipotonia de musculatura ele*adora de mand8bula, por causa daalimenta7o pastosa, le*ando D boca aberta com l8n)ua mal posicionada.

    •  Apenas postura *iciosa: o paciente crian7a ou adultoN simplesmentepermanece de boca aberta, sem muitas *e%es perceber isso, no eistindonenhum empecilho mecânico ou funcional para a respira7o nasal.

    5m )eral, o indi*8duo respirador oral, pode apresentar *>rios sintomascaracter8sticos do Fuadro hoEe chamado: s8ndrome do respirador oral.

    +o eles:

    • Alterações Cranioa!iais e Dent"rias

    mailto:[email protected]://www.cefac.br/mailto:[email protected]://www.cefac.br/

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    o !rescimento craniofacial predominantemente *erticalo  Pn)ulo )on8aco aumentado 6 face lon)ao -alato o)i*al ou inclinadoo #imensGes faciais estreitaso Hipodesen*ol*imento dos mailares

    o arinas estreitas ou inclinadaso Microrrinia com menor espa7o na ca*idade nasalo #es*io de septoo !lasse II, o*er Eet, mordida cru%ada ou aberta.o -rotruso dos incisi*os superiores

    • Alterações #os Ór$%os Fonoarti!&lat'rioso Hipotrofia, hipotonia e hipofun7o dos mJsculos ele*adores da

    mand8bulao  Altera7o de tnus com hipofun7o dos l>bios e bochechaso

    L>bio superior retra8do ou curto, e inferior e*ertido ou interpostoentre denteso L>bios secos e rachados com altera7o de cor o "en)i*as hipertrofiadas com altera7o de cor e freFRentes

    san)ramentoso  Anteriori%a7o da l8n)ua ou ele*a7o do dorso para re)ular o fluo

    de ar o -ropriocep7o oral bastante alterada

    • Alterações Cor(oraiso #eformidades tor>icaso Musculatura abdominal fl>cida ou distendidao Slheiras com assimetria de posicionamento dos olhos, olhar cansadoo !abe7a mal posicionada em rela7o ao pesco7o, tra%endo

    altera7Ges para a coluna no intuito de compensar este malposicionamento

    o Smbros ca8dos para frente comprimindo o tórao  Altera7o da membrana timpânica, diminui7o da audi7oo  Assimetria facial *is8*el, principalmente em bucinador o Indi*8duo muito ma)ro, Ds *e%es obeso e sem cor 

    Alterações #as F&nções Oraiso Masti)a7o ineficiente le*ando D problemas di)esti*os e en)as)ospela incoordena7o da respira7o com a masti)a7o

    o #e)luti7o at8pica com ru8do, proEe7o anterior de l8n)ua, contra7oea)erada de orbicular, mo*imentos compensatórios de cabe7a.

    o (ala imprecisa, trancada, com ecesso de sali*a, sem sonori%a7opelas otites freFRentes, com alto 8ndice de ceceio anterior ou lateral.

    o To% rouca ou anasalada

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    • O&tras Alterações Poss)*eiso +inusites freFRentes, otites de repeti7o aumento das am8dalas

    far8n)ea e palatinas.o Halitose e diminui7o da percep7o do paladar e olfato.

    o Maior incidncia de c>ries.o  Altera7o do sono, ronco, baba noturna, insnia, epresso facial

    *a)a.o ;edu7o do apetite, altera7Ges )>stricas, sede constante, en)as)os,

    palide%, inapetncia, perda de peso com menor desen*ol*imentof8sico ou obesidade.

    o Menor rendimento f8sico, incoordena7o )lobal, com cansa7ofreFRente.

    o  A)ita7o, ansiedade, impacincia, impulsi*idade, desânimo.o #ificuldades de aten7o e concentra7o, )erando dificuldades

    escolares.

    U importante ressaltar Fue no necessariamente todos esses sintomasde*am estar presentes para se dia)nosticar o Fuadro de s8ndrome do respirador oral.

    Por +&e tanta i,(ort-n!ia . +&est%o res(irat'ria/

    Quando somos beb, no respiramos pela boca pelo fato da ca*idade oralser peFuena e a l8n)ua ocup>2la por inteiro. Quando um beb est> resfriado, eleem )eral fica muito irritado, pois a possibilidade de respirar pela boca praticamente ineistente. Ao lon)o do nosso crescimento, aprendemos Fue a boca

    tambm um canal para respirarmos, sendo Jtil Fuando se torna imposs8*el arespira7o nasal.

    Quando respiramos pelo nari% Euntamente com o funcionamento adeFuadode outras fun7GesN h> est8mulo de crescimento e desen*ol*imento facial pela a7oda musculatura Fue estimula os ossos de modo correto.

    +e eiste respira7o oral, essa estimula7o pode se dar de um modoinadeFuado, fa*orecendo um crescimento e desen*ol*imento desarmnico.

    U ló)ico Fue no podemos nos esFuecer da car)a )entica Fue representaB4 a @4V. +e o indi*8duo E> tem caracter8sticas para ser classe III e respirar pelaboca, ir> acentuar este padro. S Fue se pode fa%er atra*s do trabalhofonoaudioló)ico e ortodntico corri)ir a respira7o e tentar redirecionar o

    crescimento, diminuindo ao m>imo a possibilidade do pro)natismo. Ao tratarmos de crian7as respiradoras orais ? a 1 anosN, sem

    caracter8sticas )enticas desfa*or>*eis e Fue no tenham problemas or)ânicosFue impe7am a respira7o nasal, o trabalho fonoaudioló)ico acontece de umaforma mais facilitada, pois ao darmos condi7o de postura correta de l>bios e del8n)ua, e com a manuten7o dessa condi7o, facilitaremos o crescimento aacontecer mais harmonicamente.

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    5m rela7o aos pacientes alr)icos, a fonoterapia *isa dar condi7Ges derespira7o nasal, Fuando ele no est> em crise. !om esse procedimento, ou seEa,maior uso do nari% Fuando poss8*el costuma ocorrer uma diminui7o das crises,pois o ar ao passar pelo nari%, submetido aos processos de limpe%a,aFuecimento e umidifica7o.

    #e*emos deiar claro, e a fam8lia tem Fue estar informada sobre isso, Fue afonoterapia no ir> curar a aler)ia, mas sim dar melhores condi7Ges ao indi*8duopara respirar fora das crises.

    S trabalho com o respirador oral no limitado D fonoaudiolo)ia. Muito pelocontr>rio, normalmente temos um otorrinolarin)olo)ista e um ortodontistaacompanhando o caso.

    +e o paciente che)a ao consultório de fonoaudiolo)ia sem uma a*alia7ootorrinolarin)oló)ica, nossa obri)a7o solicit>2la para sabermos se a causadessa respira7o oral or)ânica ou no. +e for or)ânica, dependendo do )rau decomprometimento, muitas *e%es no h> como come7ar a fonoterapia. -rimeiroser> necess>rio fa%er um tratamento medicamentoso ou mesmo cirJr)ico, paradepois iniciarmos a fonoterapia, *isando a instala7o ou reinstala7o darespira7o nasal.

    Quanto ao ortodontista, E> dissemos, Fue a respira7o oral pode tra%er umaaltera7o na ocluso eWou crescimento facial.

     A partir de uma documenta7o ortodntica, pode2se a*aliar o Fue necess>rio para cada paciente. Sutras *e%es, fa%2se somente umacompanhamento ortodntico associado ao trabalho fonoaudioló)ico no intuito derecupera7o da respira7o nasal e isto pode ser suficiente para Fue o pacienteresol*a o problema.

    o podemos nos esFuecer Fue tambm eistem os respiradores oraisadultos. 5ncontramos dois tipos:

    • Ss Fue se tornam respiradores orais na fase adulta• Ss Fue E> eram respiradores orais desde a infância e Fue só procuraram

    tratamento na fase adulta

    Quanto ao primeiro tipo, encontramos problemas ao n8*el muscular e noósseo, uma *e% Fue o crescimento facial E> ha*ia Fuando se tornaramrespiradores orais, 04V da face cresce at /W/? anos e o restante at os X4anos.

    S sucesso teraputico nesses casos maior, pois como só t8nhamosaltera7Ges ao n8*el muscular e no ósseo, as mudan7as costumam ocorrer maisrapidamente.

    Quanto ao se)undo tipo, temos Fue obser*ar Fual aparatolo)ia ir> ser usada, e tambm, deiar claro Fue o sucesso na fonoterapia pode no ser de/44V, uma *e% Fue o crescimento craniofacial E> terminou e os mJsculos estoacomodados sobre as bases ósseas.

    S paciente de*e estar consciente, antes do in8cio do trabalhofonoaudioló)ico, de Fue al)umas altera7Ges podem no ser resol*idas e Fuenosso trabalho se restrin)ir> D parte muscular.

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    Toltando a falar das caracter8sticas dos respiradores orais, podem sedesen*ol*er problemas associados, tais como:

    • I,(re!is%o arti!&lat'ria 6 por hipotonia de l8n)ua fa%endo com Fue nohaEa articula7o correta dos fonemas na fala espontânea, apesar dopaciente conse)uir articular corretamente cada fonema isolado.

    Ce!eio anterior   6 pode ser tambm causado pela hipotonia de l8n)uaassociado a uma mordida aberta anterior, comum no respirador oral.• Ce!eio lateral 6 pela hipotonia de l8n)ua, esta se espalha na ca*idade oral,

    interpondo2se na parte posterior das arcadas dent>rias.• De$l&tiç%o at)(i!a  6 como conseFRncia da m> postura dos ór)os

    fonoarticulatórios e da baia tonicidade dos mesmos, ou mesmo pelamordida aberta anterior.

    • Masti$aç%o at)(i!a  6 por hipotonia dos mJsculos ele*adores e por incoordena7o da respira7o com a masti)a7oWde)luti7o.

    "ostar8amos de finali%ar este arti)o alertando aos profissionais Fue trabalham

    com o sistema sensório2motor2oral, Fue a de)luti7o pode no ser o pontoprincipal, mas sim pode *ir como decorrncia do mau funcionamento de outrasfun7Ges como a respira7o e a própria masti)a7o.

    'rabalhando de forma correta tanto a respira7o Fuanto a masti)a7o, ade)luti7o pode por si só, adeFuar2se, sem termos Fue ficar apenas no treino deYl8n)ua na papilaZ. U importante ainda ressaltarmos, Fue o trabalho em paralelocom a tonicidade de l8n)ua, l>bios, bochechas e musculatura ele*adora demand8bula de*e ser feito, caso haEa necessidade.

    5m /@B4, o autor "eor)e !atlin escre*e em Londres um li*ro cuEo t8tulo+hut [our Mouth and +a*e [our Life (eche sua oca e +al*e sua TidaN, hoEepoder8amos pla)i>2lo e di%er: Y+em uma boca fechada no h> respira7o nasal e

    sem respira7o nasal, de*ido a todas as altera7Ges Fue da8 ad*m, no h> *idaFue seEa de boa FualidadeZ.

    Reer0n!ias Bi1lio$r"i!as

    4/. A;S+S, +.L. 6 ;espirator< (unction in ;elation to (acial Morpholo)< andthe #entition, in ritish &ournal Srthodontic 6 Tol 3W/0B0W102B/.4X. #S9"LA+, !.;. 6 'ratado de (isiolo)ia Aplicada Ds !incias da +aJde. ;obe5ditorial, +o -aulo, /00?.4. 5LS\, #.H. 6 !rescimento (acial ] 5di7o. 5ditora Artes Mdicas, +o-aulo, /00.

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