A Importância Dos Preceitos de Governança Corporativa e de Controle Interno - CRC-RS 2015

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    A IMPORTÂNCIA DOS

    PRECEITOS DE GOVERNANÇACORPORATIVA E DE CONTROLEINTERNO SOBRE A EVOLUÇÃO EA INTERNACIONALIZAÇÃO DASNORMAS DE CONTABILIDADEE AUDITORIA

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    COMPOSIÇÃO DOCONSELHO DIRETOR

    Presidente: Contador Antônio Palácios

    Vice-Presidente de Gestão: Contadora Ana

    Tércia Lopes RodriguesVice-Presidente de Fiscalização: ContadorMário Antonio Karczeski

    Vice-Presidente de Registro: Técn. Cont.Marlene Teresinha Chasso

    Vice-Presidente de Controle Interno: ContadoraMagda Regina Wormann

    Vice-Presidente de DesenvolvimentoProfissional: Contador Adriel Mota Ziesemer

    Vice-Presidente de Relações com osProfissionais: Contador Celso Lu

    Vice-Presidente de Relações Instucionais: Contador Pedro Gabril Kenne da Silva

    Vice-Presidente Técnico: Contador PauloRicardo Pinto Alaniz

    COMPOSIÇÃO DAS CÂMARAS

    PRIMEIRA CÂMARA DE ÉTICA E DISCIPLINA

    Coordenador: Técn. Cont. Marco Aurélio

    Bernardi.Membros Titulares: Técn. Cont. Carlos EliDebom Rocha, Técn. Cont. João RobertoHoerbe e Técn. Cont. Marta da Silva Canani.

    Membros Suplentes: Técn. Cont. ÂngeloGiareon, Contadora Anabéli Galvan Perera eContador David Antonio dos Santos.

    SEGUNDA CÂMARA DE ÉTICA E DISCIPLINA

    Coordenador: Contador Célio Luiz Levandovski.

    Membros Titulares: Contadora Soeli MariaRinaldi, Contador Eduardo Hipólito DiasSinigaglia e Contador Rodrigo Kich.

    Membros Suplentes: Contador AlbertoAmando Dietrich, Contadora Rosângela MariaWolf e Contador Eduardo Hipolito DiasSinigaglia.

    TERCEIRA CÂMARA DE ÉTICA E DISCIPLINA

    Coordenador: Contador Flávio Flach.

    Membros Titulares: Técn. Cont. MariceFronche, Contador Marcelo Paveck Ayub eTécn. Cont. Silvia Regina Lucas de Lima.

    Membros Suplentes: Contador João Carlos

    Maello, Contadora Rosemary Dias Gonçalvesda Silva e Contadora Andréia Altenhofen.

    CÂMARA DE RECURSOS DE ÉTICA E DISCIPLINACoordenador: Contador Paulo GilbertoComazzeo.

    Membros Titulares: Técn. Cont. Marco AurélioBernardi, Contador Célio Luiz Levandovski eContador Flávio Flach.Membros Suplentes: Contadora Grace SchererGehling, Contadora Inelva Fáma Lodi eContador Artur Roberto de Oliveira Gibbon.

    CÂMARA DE FISCALIZAÇÃOCoordenador: Técn. Cont. Ricardo Kerkhoff.Membros Titulares: Contadora Ane Elisa MollerDapper e Técn. Cont. Marta da Silva Canani.Membros Suplentes: Contador João Luís LucasMaracci e Técn. Cont. Crisani Fonseca deSouza.

    CÂMARA DE RECURSOS DE FISCALIZAÇÃO:Coordenador: Técn. Cont. Luís Augusto MacielFernandes.Membros Titulares: Contador Mário Kist, Técn.Cont. Silvia Regina Lucas de Lima e Técn. Cont.João Roberto Hoerbe.Membros Suplentes: Técn. Cont. Luiz AlbertoSouto Jacques, Técn. Cont. Cassiana Tonini

    Carbone e Técn. Cont. Moises Luiz Togni.

    CÂMARA DE DESENVOLVIMENTOPROFISSIONALCoordenador: Contador Adriel Mota ZiesemerMembros Titulares: Contador Marcelo PaveckAyub e Contadora Nádia Emer Grasselli.Membros Suplentes: Contador Osmar AntônioBonzanini e Contador Saulo Armos.

    CÂMARA DE REGISTRO

    Coordenadora: Técn. Cont. Marlene TeresinhaChasso.Membros Titulares: Contadora Ane Elisa MollerDapper e Contador Sílvio Luís da Silva Zago.Membros Suplentes: Contadora SimoneLoureiro Brum Imperatore e Técn. Cont. AbilioRozek.

    CÂMARA DE CONTROLE INTERNOCoordenadora: Contadora Magda ReginaWormann.

    Membros Titulares: Técn. Cont. Carlos EliDebom Rocha e Contador Mário Kist.Membros Suplentes: Técn. Cont. Roberto daSilva Medeiros e Contadora Roberta Salvini.

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    CONSELHO REGIONAL

    DE CONTABILIDADE

    DO RIO GRANDE DO SUL

    A importância dos preceitos de governança

    corporativa e de controle interno sobre a

    evolução e a internacionalização das Normas

    de Contabilidade e Auditoria

    Porto Alegre - RS

    Fevereiro/2015

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    Uma publicação do CRCRSConselho Regional de Contabilidadedo Rio Grande do Sul

    Rua Baronesa do Gravataí, 47190160-070 Porto Alegre-RSFone (51) 3254-9400E-mail: [email protected]: www.crcrs.org.br

    AutorCláudio Morais MachadoContador e Mestre em Ciências Empresariais (UFP/PT).Pós-Graduado em Auditoria (Fipecafi/USP) e Finanças(PPA/UFRGS). Professor da Faculdade Dom Bosco dePorto Alegre.

    Coordenação-geral

    Contador Antônio PaláciosPresidente do CRCRS

    Coordenação da ediçãoMárcia Bohrer Ibañez

    Projeto Gráfico e DiagramaçãoÁrea Com Publicidade – Rubens Santos da Cunha

    Impressão

    Corag - Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas

    Tiragem3.000 exemplares

    Distribuição gratuita – Proibida a venda

    Os conceitos emidos neste livro são de inteiraresponsabilidade do autor.

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    Colega,

    O processo de convergência às normas internacionais de contabilidaderepresenta uma oportunidade de reflexão sobre a importância da

    informação contábil nas endades das esferas privada e pública e constui--se em uma via de mão única. Diante do processo de harmonização contábilmundial, se não aderíssemos a essa tendência mundial, que busca aunicidade informacional, ficaríamos na contramão.

    A informação contábil ganha relevância sob diversos aspectos, com ocorreto reconhecimento e a mensuração do patrimônio, além da geraçãode informações úteis para a tomada de decisões, constuindo-se em umdivisor de águas da Contabilidade brasileira a promulgação da Lei nº11.638-07.

    Este estudo destaca a importância dos conceitos de governançacorporava e de controle interno e gerenciamento de riscos, os quais seencontram inseridos nos novos padrões internacionais de Contabilidade.

    Esta é mais uma publicação do Programa de Educação Connuada doCRCRS, que é oferecida gratuitamente à classe contábil gaúcha, disponíveltambém na versão eletrônica, em que é possível a consulta e/ou odownload , por intermédio da página do CRCRS.

    Nossos sinceros agradecimentos ao autor, contador Cláudio MoraisMachado, por sua significava contribuição com a classe contábil gaúcha,ao consenr que o CRCRS promovesse a edição deste trabalho, para que,assim, os colegas tenham a oportunidade de acessar o presente estudo.

    Porto Alegre, fevereiro de 2015.

    APRESENTAÇÃO

    Contador Antônio PaláciosPresidente do CRCRS

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    O presente trabalho tem o propósito de realçar a importância dospreceitos de Governança Corporava e de Controle Interno eGerenciamento de Riscos, inseridos nos novos Padrões Internacionais deContabilidade (IFRS) e de auditoria, resultando em melhores e mais

    qualificadas prácas, cujo processo de aceitação no mercado global avançaaceleradamente.

    São examinados os princípios e as prácas de Controle Interno eGerenciamento de Riscos, segundo o Commiee of SponsoringOrganizaon of the Treadway Commission  (COSO), e de GovernançaCorporava, segundo o Instuto Brasileiro de Governança Corporava(IBGC), o qual segue os melhores padrões internacionais.

    A seguir, são focadas a importância e a influência desses princípios,bem como suas prácas nos mercados internacionais, mediante suaadesão pelos mais conceituados fóruns e endades internacionais enacionais, tanto econômico-financeiros como sociais. Idenficam-se, noconjunto de novas Normas de Contabilidade Brasileiras harmonizadas comos padrões internacionais, inclusas as de auditoria, as principais inserçõesdos princípios, elementos e procedimentos de Governança Corporava ede Controle Interno e Gerenciamento de Riscos no seu seio.

    Comprova-se, então, a total adesão das melhores prácas de Contabi-lidade a tais salutares princípios, que podem se constuir em um marco danova gestão empresarial, em um contexto no qual o capital, o trabalho, odireito societário, a tecnologia, o social e a éca, empresarial e profissional,por meio da informação contábil adequada, ajudem a criar uma sociedademais justa e democráca.

    Esta nova edição ou republicação do trabalho objeva atualizar emrelação aos avanços da normazação contábil e regulamentação pru-dencial e, especialmente, da governança corporava ou unicamentegovernança nas instuições nacionais.

    Claudio M. Machado

    APRESENTAÇÃO DO AUTOR

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    INTRODUÇÃO

    1. CONTROLE INTERNO E GERENCIAMENTO DE RISCOS

    1.1 Introdução

    1.2 COSO Report ou COSO I

    1.3 COSO ERM ou COSO II

    2. GOVERNANÇA CORPORATIVA

    2.1 Introdução

    2.2 As forças de controle

    2.3 Princípios de governança corporava

    2.4 Os mecanismos de governança2.5 A Éca como valor maior

    2.6 A importância da governança corporava

    2.7 O avanço da governança corporava nas instuições doMercado Financeiro e de Capitais Brasileiro

    2.7.1 Introdução

    2.7.2 Ação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM

    2.7.3 Ação do Banco Central do Brasil – BCB e demais supervisoresdo mercado brasileiro

    2.7.4 A adesão da IBOVESPA às prácas de governança corporava

    2.7.5 A ação fundamental do Instuto Brasileiro de GovernançaCorporava

    2.7.6 A questão do gerenciamento de riscos

    2.7.7 A governança corporava em empresas de controle familiar

    3. O NOVO CONJUNTO DE NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE(E AUDITORIA)

    3.1 A atual estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade

    SUMÁRIO

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    3.2 A organização do novo conjunto de normas relavas à Auditoriae à Asseguração

    3.3 As novas Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais

    4. A ADERÊNCIA DAS NBCs TG AOS PRECEITOS DO COSO E DE GOVER-NANÇA CORPORATIVA

    4.1 Introdução

    4.2 Aspectos básicos e algumas especificidades

    4.3 Normas com foco direto em controles, riscos e governançacorporava

    4.3.1 Introdução

    4.3.2 A importância da adequada evidenciação contábil

    a) Rol de NBCs TG com foco de apresentação/divulgação de infor-mes contábeis

    b) Exemplos de NBCs TG com foco na evidenciação de riscos

    5. A ADERÊNCIA DAS NBCs TÉCNICAS DE AUDITORIA E ASSEGURAÇÃOAOS PRECEITOS DO COSO E DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

    5.1 Introdução5.2 Aspectos básicos e algumas especificidades

    5.3 Exemplos de normas com foco direto em controles, riscos egovernança corporava

    5.3.1 NBC TA Estrutura Conceitual – Estrutura conceitual para tra-balho de asseguração

    5.3.2 NBC TA 200 – Objevos do Auditor Independente e conduçãoda auditoria em conformidade com as Normas de Auditoria

    5.3.3 NBC TA 210 – Concordância com os termos do trabalho deauditoria

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    5.3.4 NBC TA 240 – Responsabilidade do Auditor em relação à frau-de, no contexto da auditoria das Demonstrações Contábeis

    5.3.5 NBC TA 250 – Consideração de Leis e Regulamentos na Audito-ria de Demonstrações Contábeis

    5.3.6 NBC TA 260 – Comunicação com os responsáveis pelagovernança

    5.3.7 NBC TA 265 – Comunicações de deficiências de controleinterno

    5.3.8 NBC TA 315 – Idenficação e avaliação dos riscos de distorçãorelevante por meio do entendimento da endade e do seu ambiente

    5.3.9 NBC TA 330 – Resposta do auditor aos riscos avaliados

    5.3.10 NBC TA 500 – Evidências de Auditoria5.3.11 NBC TA 580 – Representações formais

    5.3.12 NBC TA 610 – Ulização do trabalho da Auditoria Interna

    5.3.13 Série 700 – Relatório do Auditor Independente das Demons-trações Contábeis

    5.3.14 NBC TO 3000 – Trabalho de asseguração diferente de audito-ria e revisão

    6. CONCLUSÃO

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    SITES

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    Em dezembro de 2007, foi promulgada a Lei nº 11.638, complementa-da pela Lei nº 11.941-09, as quais modificaram e aprimoraram a Lei dasSociedades por Ações em seus capítulos que envolvem a Contabilidadedessas sociedades.

    As novas disposições proveram de respaldo legal e possibilitaram aimplementação de processo de harmonização e convergência das NormasBrasileiras de Contabilidade (NBCs), às Normas Internacionais de RelatórioFinanceiro (Internaonal Financial Reporng Standards – IFRS), exigênciados mercados globais.

    Os padrões internacionais, conforme o Comitê de Normas Internacio-nais de Contabilidade (IASB), condo em IFRS, Ibracon/IASCF (2008), são

    estabelecidos dentro de objevos em que se destaca:

    [...] desenvolver, no interesse público, de um conjunto único de normascontábeis globais de alta qualidade, compreensíveis e exequíveis que exi- jam informações transparentes e comparáveis em demonstrações financei-ras e outros relatórios financeiros, para ajudar os parcipantes nos merca-dos de capital do mundo e outros usuários a tomarem decisões econômicas.

    Nesses mesmos objevos, também as Normas Internacionais de

    Auditoria (IAS), emidas pelo IAASB da  Internaonal Auding and Assurance Standard Board of Internaonal Federaon of Accountants (IFAC), foram convergidas como Normas Brasileiras de Contabilidade rela-vas à Auditoria Independente e Asseguração.

    O presente trabalho estuda e evidencia como os princípios e os pro-nunciamentos sobre Controle Interno, do Commiee of SponsoringOrganizaons of the Treadway Commission  (COSO), e sobre GovernançaCorporava, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econô-

    mico (OCDE) – como entendido e divulgado pelo Instuto Brasileiro deGovernança Corporava (IBGC) – estão entrelaçados e influenciaram a açãodos governos e de seus supervisores na regulamentação dos mercados, bem

    INTRODUÇÃO

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    como as próprias endades, mantendo-se foco especial do reflexo nospadrões e nas normas internacionais de Contabilidade e auditoria.

    Como o processo de convergência incorporou esses possíveis avanços

    ao novo conjunto de normas de Contabilidade no Brasil, inclusas as rela-vas à Auditoria Independente, o estudo pretende examinar se isso, de fato,ocorreu e se é possível concluir que as novas Normas Brasileiras de Conta-bilidade (NBCs) realmente aderiram a esses temas de suma importânciapara uma nova visão das empresas e demais endades, em busca de ummundo onde os mercados sejam mais transparentes, justos e democrácos.

    O processo de formulação de normas de uma ciência social, como aContabilidade, é dinâmico, uma vez que o avanço da sociedade, com novosanseios, aos quais se somam as mudanças em panoramas econômicos e noambiente tecnológico, exigem a sua aderência aos novos tempos.

    Assim, busca-se, com esta segunda edição ou republicação deste traba-lho, atualizá-lo com as inúmeras revisões, atualizações e aprimoramentosde normas internacionais de contabilidade convergidas em normas nacio-nais já consideradas na primeira edição, como também de normas novas jádevidamente converdas em normas nacionais para o atendimento dosanseios dos mercados e da classe contábil brasileira. Pretende-se, ainda, aatualização dos informes do avanço da governança corporava e dos pre-ceitos de controle interno no Brasil, inclusive por ação dos supervisores dosmercados nacionais em termos de fiscalização e regulamentação prudencial.

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    A importância dos preceitos de governançacorporativa e de controle interno sobre a

    evolução e a internacionalização dasNormas de Contabilidade e Auditoria

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    CONTROLE INTERNO

    E GERENCIAMENTODE RISCOS01

    1.1 INTRODUÇÃO

    Inicialmente, cabe realçar o que é o controle interno, conceituado em

    1971 pelo Instuto Americano de Contadores Públicos Cerficados(AICPA), segundo Ae (Ae, 2010):

    [...] o controle interno compreende o plano de organização e o conjuntocoordenado de métodos e medidas, adotados pela endade, para protegero seu patrimônio, verificar a exadão e a fidedignidade de seus dadoscontábeis, promover a eficiência operacional e encorajar a adesão à políca traçada pela administração.

    Holmes, na sua fundamental obra Basic Auding Principles (Holmes,1976), enfazou a suma importância do controle interno para auditoria:

    “La evaluación de un sistema de control interno es la nota clave para ladeterminación de la extensión del examen de las operaciones financieras”. (Tradução para o espanhol no México. Nunca foi traduzido para a língua portuguesa)

    Inúmeros autores e trabalhos acadêmicos vinham aumentando aabrangência do controle interno, a parr de uma visão sistêmica, pela qualé visto como um processo implementado pela alta administração de umaendade, com a finalidade básica de provê-la de razoável segurança emsuas operações, no nível de garana por ela julgado suficiente, para quetenha sucesso e alcance os seus objevos sociais. A conceituação do AICPAprevaleceu até 1992, quando pronunciamentos do Commiee ofSponsoring Organizaon - COSO a ampliaram, atualizando-a aos anseios eàs necessidades da atualidade. O COSO é constuído pelas maisconceituadas endades profissionais da Contabilidade ligadas aosmercados norte-americanos, com grande influência das grandes empresas

    de auditoria, tendo substuído um comitê contra fraudes então existente epassando, assim, a atualizar a abrangência do foco contábil e de gestãoempresarial do controle interno. Para tanto, dois pronunciamentos se 13

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    notabilizaram: o Internal Control – Integrated Framework - COSO Report,conhecido como COSO I, e o Enterprise Risk Management – IntegratedFramework   - COSO ERM, ou COSO II. O primeiro com foco no controleinterno contábil, e o segundo amplia para a gestão das endades, em

    especial no que tange aos riscos que a envolvem.

    Concernente ao risco, elemento sempre presente em tudo a que serefere a controle interno, a sua definição clássica é “a possibilidade deocorrência de um evento adverso para uma determinada situação espera-da”. O estudo da mensuração de risco, com o surgimento de modelos mate-mácos – a parr da previsibilidade de ocorrência de eventos adversos,alcançando a probabilidade de tais circunstâncias, ou seja, de sua esma-va –, resultou na gestão do risco.

    A gestão do risco corporavo é muito ampla, pois ele pode ter origeminterna ou externa à endade ou grupo de endades e ser dividido emvárias espécies, como o risco de liquidez, de mercado, operacional, entreoutros.

    Os grandes fóruns mundiais de mercados financeiros e de capitaispassaram a dar muita importância a tudo que se relaciona ao risco, espe-cialmente o que concerne a fraudes, à práca de lavagem de dinheiro de

    recursos advindos de prácas criminosas e de riscos sistêmicos que podemcontaminar mercados de forma sobremaneira prejudicial. Os estudos etrabalhos do Coso connuam e os aprimoramentos e atualizações destespronunciamentos estão próximos de serem disponibilizados, como se podeacompanhar pelo site desta endade.

    1.2 COSO REPORT OU COSO I

    O COSO Report, ou COSO I, o primeiro pronunciamento sobre controleinterno, é um modelo de metodologia para estruturar e avaliar um sistema14

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    de controles internos integrados, com uma postura de idenficar, detectare reagir aos riscos de um negócio, estes com foco nos aspectos financeiros ena finalidade de transparência e adequação das demonstrações contábeis.Por esse movo, foi também denominado COSO Contábil, eis que adequa-

    do à prestação de contas da administração da endade, indispensável paraa sua transparência, bem maior dos acionistas e da sociedade.

    A estrutura considerada do controle interno é composta dos objetos deavaliação, de categorias de avidades e dos elementos básicos, integradosentre si, ou seja:

    Ÿ Os objetos de avaliação: as unidades administravas e operacionaisabrangidas.

    Ÿ  As três categorias de avidades: as operações (efevidade), o seuregistro (confiabilidade) e a conformidade (com os preceitos legais).

    Ÿ Os cinco elementos básicos de controle interno: o ambiente de con-trole interno; a avaliação de riscos; as avidades de controle; o fluxode comunicação e informações; e o monitoramento da efevidadedo sistema de controles internos.

    Essa estrutura integrada notabilizou-se com a figura tridimensionalcubo do COSO, cujas dimensões compreendem as categorias de avidades,os elementos ou componentes e os objetos de avaliação do controle, comomais adiante é apresentada.

    O controle interno é definido, então, como um processo conduzidopela Administração de uma organização, com a finalidade de possibilitaruma garana razoável quanto à realização dos objevos nas seguintescategorias: eficácia e eficiência das operações; confiabilidade das demons-trações financeiras e conformidade com leis e regulamentos cabíveis.

    No site do COSO está anunciado que, em 2013, foram emidos aprimo-ramentos importantes acerca de quadro de orientações para concepção,execução e realização de controle interno e ferramentas para avaliar sua 15

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    eficácia. Constui-se em um compêndio de implementação de controlesinternos, abordagens e exemplos ilustravos que possa ajudar os usuários.

    1.3 COSO ERM OU COSO II

    Já o pronunciamento notabilizado como COSO ERM, ou COSO II,aproveitou o sucesso da metodologia do COSO Report, ampliando-o para agestão da endade, especialmente como tulado: uma estrutura integradapara o gerenciamento de riscos corporavos. Ele foi inicialmente divulgadopela CVM norte-americana, a Securies and Exchange Commission (SEC),comprovando o interesse da autoridade de supervisão do mercado decapitais norte-americano.

    O novo pronunciamento adotou uma postura proava, além da reava já considerada, focando o controle interno como parte central de umsistema, sempre de forma integrada, com melhor visão de gestão nogerenciamento dos riscos, prevendo, inclusive, a sua realização comoprocesso, por um comitê direvo no âmbito da endade. O COSO ERM nãoelimina o condo no Report, mas, sim, aprimora-o e o amplia.

    O processo COSO ERM amplia o contexto do sistema de controle

    interno/gerenciamento de riscos de forma geral, ou seja:Ÿ os objevos do sistema em uma endade, considerando-a pela sua

    efeva estrutura, se por departamentos ou unidades de negóciosou se por grupo econômico de várias empresas, com subsidiá-rias, filiais ou, ainda, se tem mais de um negócio efevamentesegmentado, etc.;

    Ÿ as categorias de avidades são acrescidas da referente à estratégiae são agregadas ao próprio novo conceito de controle interno; e

    Ÿ os elementos básicos de controle interno  passam a dar maiorimportância à gestão de riscos, mudando de cinco para oito16

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    elementos, como a seguir demonstrado segundo a origem (COSO Iou II):

     Ambiente (interno) de Controle (Control Environment (COSO I):

    é a cultura de controle interno da endade, na qual o controle éefevo, quando as pessoas conhecem as suas responsabilida-des, os limites de autoridade e consciência, competência ecompromemento de fazerem o que é certo e de maneiracorreta. Envolve competência técnica e compromisso éco, emque a postura da alta administração, pelo exemplo, é fatordeterminante da criação deste valor (em Código de Éca eConduta Profissional). A filosofia de gerenciamento de riscosrepresenta as convicções e as atudes que são comparlhadas

    no âmbito da endade, que resulta na forma como a organiza-ção considera o risco em todas as suas avidades, no seu ape-te ao risco que influenciam duas decisões estratégicas.

    Definição (ou fixação de) dos objevos (COSO II): a administra-ção deve dispor de um processo implementado que lhe permitafixar os objevos de forma alinhada à missão da empresa,consistente com a propensão ao risco previamente definida.

    Idenficação dos eventos (COSO II): eventos internos e exter-nos potenciais capazes de afetar o cumprimento dos objevosdevem ser idenficados e separados entre riscos e oportunida-des, mapeados e canalizados de volta para as estratégias geren-ciais ou processos de definição de objevos.

     Avaliação de risco (COSO II): os riscos devem ser avaliados combase na probabilidade e no impacto, e os resultados dessa ava-liação devem orientar o seu gerenciamento. Esses riscos devemser avaliados como inerentes e residuais.

    Respostas ao risco (COSO II): a administração deve estabeleceras regras de gerenciamento: aceitando, reduzindo, parlhando

    1)

    2)

    3)

    4)

    5)17

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    ou evitando os riscos e desenvolvendo ações para alinhar o seugerenciamento à propensão de risco previamente explicitada.

     Avidades de Controle  (Control Acvies – COSO I): são as

    polícas e os procedimentos de controle interno desnados àredução ou administração dos riscos. Podem ser de caráterprevenvo ou detecção, ou de ambos, sendo os maisconhecidos:

    de prevenção: segregação de funções, normazaçãointerna, alçadas de autoridade ou de responsabilidade;

    de detecção: conciliações, revisões de desempenho; e

    de prevenção e detecção: segurança sica e por sistemasinformazados.

    Informação e Comunicação (Informaon & Communicaon –COSO I): comunicação é o fluxo de informações dentro de umaendade, e a informação é o combusvel que as move;

    Monitoramento  (Monitoring – COSO I): é a avaliação doscontroles internos ao longo do tempo, se efevos ou não.Podem ser connuos ou pontuais, envolvendo autoavaliações,

    revisões e auditoria (interna, independente, integral).Essa nova visão de controle interno, do COSO ERM, como parte

    integrante central do Gerenciamento de Riscos Corporavos – EstruturaIntegrada, passou a ser aceita e referendada por pracamente todos osforos mundiais relavos ao âmbito das finanças e da gestão empresarial.

    Assim, o novo conceito, segundo os pronunciamentos do COSO, é:

    Gerenciamento de riscos corporavos, em que o controle

    interno é parte central, é um processo desenvolvido paraidenficar eventos que possam afetar o desempenho daendade, a fim de monitorar riscos e assegurar que estejam

    6)

    7)

    8)

    a)

    b)

    c)

    18

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    compaveis com a propensão ao risco estabelecida, de forma aprover, com segurança razoável, o alcance dos objevos, emespecial nas seguintes categorias:

    Estratégica (strategic): objevo de estratégia – categoriarelacionada com os objevos estratégicos da endade, estabe-lecidos em seu planejamento, inclusive sobre os níveis de riscoque a administração aceita assumir;

    Eficiência e efevidade operacional (operaons): objevos dedesempenho – esta categoria está relacionada com os objevose as metas de desempenho e de rentabilidade, bem como dasegurança e qualidade dos avos;

    Confiança nos registros contábeis/financeiros (financialreporng): objevos de informação – categoria sobre a corre-ção das informações e das demonstrações contábeis, na qualtodas as transações devem ser registradas, todos os registrosdevem refler transações reais, consignadas pelos valores eenquadramentos corretos; e

    Conformidade (compliance): objevos de conformidade comleis e normavos aplicáveis à endade e à sua área de atuação.

    Foi manda a representação do COSO ERM pelo cubo do COSOtridimensional, representado pela figura a seguir, adaptada, conformeBergamini Junior (2005):

    19

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    22/124

    Ambiente Interno

    Fixação de Objevos

    Idenficação de Eventos

    Avaliação de Riscos

    Resposta a Risco

    Avidades de Controle

    Informações e Comunicações

    Monitoramento

     S  u b  s  i   d  i   á  r  i   a

     U n i   d  a d  e d  e N

     e g ó  c  i   o

    D i   v i   s  ã  o

     N í   v e l   d  e o r  g a n i  z  a ç  ã  o

         E    s     t    r   a

         t    é   g     i   c   o

        O    p   e    r   a   c     i   o    n   a     l

        C   o    m

        u    n     i   c   a

       ç     ã   o

        C   o    n

         f   o    r    m     i   d   a

       d   e

    Figura 1 – Sistema de Estrutura IntegradaFonte: COSO (Commiee of Sponsoring Organizaon)

    20

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    GOVERNANÇACORPORATIVA02

    2.1. INTRODUÇÃO

    Governança significa o poder de controle e direção de uma endade.

    Governança corporava aplicada a empresas, segundo o IBGC¹, é:

    [...] governança corporava é o sistema que permite aos acionistas oucostas o governo estratégico de sua empresa e a efeva monitoração dadireção execuva. As ferramentas que garantem o controle da propriedadesobre a gestão são o Conselho de Administração, a Auditoria Independentee o Conselho Fiscal. As boas prácas de governança corporava têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capitale contribuir para a sua perenidade.

    A governança corporava tem uma grande abrangência e, como tal,cabem várias visões e modelos válidos, sob diversas ócas. SegundoRosse e Andrade (2011, p. 338), eles sofrem a influência dos diferentesambientes empresariais e da evolução gerencial e societária, senotabilizando os modelos básicos de governança corporava, conforme ograu de evolução dos respecvos mercados de capitais onde atuam (osprincipais são o anglo-saxão, o alemão, o japonês, o lano-europeu e olano-americano). A diferença entre eles é cultural e de foco, onde o

    primeiro foca nos invesdores e os demais, nos credores. Permeiam essesmodelos também o “modelo” familiar, que enfaza as questõesemocionais do parentesco dos acionistas majoritários e da gestãoprofissional. Naturalmente que mandas algumas caracteríscas, atendência é de modelo globalizado.

    A finalidade de governança corporava  é aumentar o valor dasociedade, facilitar seu acesso ao capital, contribuir para sua perenidade,mediante estratégia das corporações, gerenciamento eficaz das

    organizações, com eficiência de suas operações e a geração de resultadosem uma adequada taxa de retorno aos acionistas, com respeito àsociedade, ao meio ambiente e ao interesse social.   21

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    As questões-chave a resolver são os conflitos de agência:

    Ÿ A gestão no interesse dos acionistas ou dos gestores profissionais.

    Ÿ Os custos de agência, em especial de contratos, monitoramento

    dos gestores, de informações gerenciais, de incenvos.

    Ÿ Assimetria de direitos entre os acionistas.

    Ÿ Alinhamento de interesses de acionistas, gestores, empregados,credores e clientes, comunidade e sociedade em geral.

    Ÿ As forças de controle: ambiente legal e regulatório, padrõescontábeis exigidos, do mercado e invesdores e forças internas,como controle interno, auditoria e governança.

    2.2 AS FORÇAS DE CONTROLE

    Teoricamente, segundo Rosse e Andrade (2011, p.211), os conflitos ecustos de agência, a assimetria de direitos e as estruturas perversas depoder foram as razões essenciais para o despertar da governançacorporava, se contrapondo a este quadro destruvo. Para tanto,estabeleceram-se as respostas, conhecidas como as forças de controle,

    para criar um ambiente propício ao equilíbrio necessário ao sucesso dasorganizações. São forças externas à corporação ou internas a ela.

    As forças externas são:

    Ÿ definição de mecanismos regulatórios;

    Ÿ padrões contábeis exigidos;

    Ÿ controle pelo mercado de capitais;

    Ÿ pressões de mercados compevos;

    Ÿ avismo de invesdores instucionais;22

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    Ÿ avismo de acionistas; e

    Ÿ atuação de fundos de private equity.

    As forças internas são:Ÿ concentração de propriedade acionária;

    Ÿ constuição de conselhos de administração guardiões;

    Ÿ modelos de remuneração de administradores;

    Ÿ monitoramento comparlhado; e

    Ÿ estruturas de negócios.

    Destas forças, citam-se três, não por considerar as mais importantes,uma vez que todas são igualmente importantes, mas por aderência aotema deste trabalho, como segue:

    A definição de mecanismos regulatórios, ou seja, o ambiente legal eregulatório é fator fundamental, pois por meio dele é que os possíveisinvesdores/empreendedores, de forma geral, podem deter segurança jurídica para os seus direitos de propriedade, podendo assim esmar ofuturo de seus esforços. Trazendo-se este quadro para o Brasil, no seu siste-ma de supervisão prudencial e regulatório em que destacamos as funçõesdo Conselho Monetário Nacional, e nele a ação do Banco Central do Brasil,da Comissão de Valores Mobiliários, e da Supervisão dos Seguros Privados,entre outros de menor expressão. No que concerne especificamente aomundo da Contabilidade, o Sistema CFC/CRCs lidera os avanços recente-mente ocorridos, incluindo também o Ibracon e com o resultante Comitêde Pronunciamentos Contábeis, apenas para exemplo e pensando emcomo estariam os mercados nacionais sem a ação destes agentes de-

    terminantes, em especial dos esforços exitosos para a aprovação dasatualizações e aprimoramentos na legislação societária, fiscal e mesmoprofissional, faltando ainda o acabamento do que envolve a área pública.

      23

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    Os padrões contábeis exigidos, entendendo o termo exigidos como dealta qualidade, é força de controle que fornece condições para todos osenvolvidos na governança de uma endade qualquer, a informaçãoorganizada para a sua gestão, controle e a necessária transparência para a

    sociedade.

    O monitoramento comparlhado com as partes interessadas, além deacionistas, majoritários e minoritários, e gestores, como os credores, ospossíveis novos invesdores, os empregados, os clientes, os do entorno e,enfim, com a sociedade, em todos e especialmente nesta úlma,principalmente pela transparência advinda de adequada divulgação. Caberealçar também a grande influência da auditoria interna e externa,independentemente na aplicação práca para que o monitoramento de

    qualquer organização econômica seja efevo.

    2.3 PRINCÍPIOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

    Os principais valores ou princípios da governança corporava são:

    Ÿ Transparência (disclosure): além de informações mais completas

    nos relatórios normais (relatório da administração e demonstra-ções financeiras), tudo que seja relevante e que não seja caso decontabilização, mas que impacte os negócios e os resultadoscorporavos (off balance sheet ), inclusive antecipando asdemonstrações contábeis.

    Ÿ Senso de jusça, equidade no tratamento dos sócios minoritários

    (fairness): significa os mesmos direitos legais a todos os sócios,majoritários e minoritários, que o processo de remuneração dos

    administradores deve ser aprovado pelo CA e, se por planos destock opons, pelos acionistas. Também veda favores indevidos ecria penalidades.24

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    Ÿ Prestação de contas (accountability): responsabilidade direta dosprincipais execuvos, presidente e financeiro, na divulgaçãoperiódica de relatórios, contanto que:

    sejam revisados e não existam falsas declarações ou omissõesrelevantes;

    as demonstrações contábeis revelem adequadamente a posiçãofinanceira, o desempenho e os fluxos de caixa;

    os auditores independentes e o comitê de auditoria recebamtodas as informações sobre deficiências, mudanças e mesmo defraudes, se for o caso; e

    os controles internos existentes sejam adequados, dos quais sãoresponsáveis diretos.

    Ÿ Conformidade no cumprimento de princípios e regras (compliance):cumprimento de leis e regulamentos vigentes e adoção de umcódigo de éca para a endade, em especial para seus principaisexecuvos, com inclusão obrigatória de regras para o conflito deinteresse e divulgação de informações.

    2.4 OS MECANISMOS DE GOVERNANÇA

    A governança corporava se faz por meio de um sistema eficiente demecanismos internos e externos, capaz de migar os problemas de agênciaou de interesses de acionistas e execuvos, bem como de riscos em geral,agregando valor pelo aprimoramento do processo decisório das endades.

    Os mecanismos internos são a adequação das funções e competências

    da alta administração das empresas, ou seja, dos conselhos de administra-ção, diretoria execuva e conselho fiscal, todos devidamente assessoradospor comitês específicos, como os de planejamento estratégico,

    -

    -

    -

    -

    25

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    operacionais e, grande novidade, de auditoria e riscos, este úlmo comfoco no controle interno, gerenciamento de riscos, auditoria independentee interna.

    Já os mecanismos externos tratam do ambiente instucional,regulatório e de supervisão do mercado em que a endade atua, dacompevidade, dos invesdores e da defesa do perfil e do comandoacionário.

    2.5 A ÉTICA COMO VALOR MAIOR

    O termo éca vem da palavra grega ethos, que significa hábitos e

    costumes, como a palavra lana mores também significa.

    No seu conceito cienfico, Éca é o ramo da Filosofia que lida com oque é moralmente bom ou mau, certo ou errado.

    Lopes de Sá, em sua obra “Éca e Valores Humanos”, manifesta (Sá,2007, p. 15):

    “A Éca, cienficamente considerada, é, pois, fruto da inteligência,somatório da energia espiritual e mental, gerada pela essência do amor e

    beneficiada pela razão, objevando a superação de todos os impedimentosmateriais, ambientais e circunstanciais que possam exisr em relação aocomportamento humano estribado em uma ordem de valores.” 

    A éca das pessoas ou grupos de pessoas evoluiu para não serunicamente no que elas fazem em seus usos e costumes do dia a dia, mas,sim, no que elas pensam e é aceito que seja o correto a fazer, mesmo queobrigadas a isso por força de legislação/regulamentação adequada.

    A Deontologia ou éca profissional vem do estudo dos conceitosbásicos do direito e do dever (Fipecafi, 2009). Assim, um código de écaprofissional, em termos simples, uma espécie de um compêndio de26

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    prácas de comportamento que se espera sejam observadas no exercíciode qualquer profissão.

    As empresas, de modo geral, adotam códigos de éca para serem

    seguidos por todos, funcionários e dirigentes. O não cumprimento podegerar sanções e constrangimentos ou mesmo ação civil, administravae/ou criminal, segundo Silva (Silva, 2012).

    Assim, tanto as endades/empresas como as profissões regulamenta-das devem instuir seus códigos de éca que estabeleçam as linhasmestras de adequados regramentos a serem observados, que resultem emcomportamentos corretos e firmem padrões de conduta formadores deconsciência éca e profissional no mundo dos negócios.

    2.6 A IMPORTÂNCIA DA GOVERNANÇA CORPORATIVA

    Governança corporava é uma expressão recente, surgida com forçaem 1991. Foi incenvada pela OCDE, e é vista por ela, pelo FMI, pelo BancoMundial e pelo G7 como uma sólida base para o crescimento econômico, aintegração global dos mercados e o controle dos riscos dos invesmentosnas empresas.

    Constui um dos instrumentos determinantes do desenvolvimentosustentável, em suas três dimensões – a econômica, a ambiental e a social(ROSSETTI; ANDRADE, 2011).

    A governança corporava globalizou-se e tem como um dos seuspontos altos, além da adoção pelos maiores fóruns econômicos mundiais, asua consideração, assim como o pronunciamento COSO Report, nalegislação norte-americana aprovada para fazer frente aos escândalosfinanceiros, a conhecida Lei Sarbanes-Oxley .

    Bergamini Junior (2005, p. 150) mostra que uma pesquisa desenvolvidapela IFAC sobre o sucesso e o insucesso de empresas em 10 países revelou 27

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    que somente uma boa governança não garante o sucesso empresarial, masque uma governança fraca contribui para a destruição de empresas. Apesquisa revelou ainda quatro fatores determinantes do sucesso empresa-rial, dos quais três de prácas de governança corporava e um de controles

    internos:

    1) a atude da alta administração na formação da cultura da empresa;

    2) o papel de liderança do diretor-presidente;

    3) o desempenho proavo do Conselho de Administração; e

    4) a existência de um bom sistema de controles internos.

    É imperavo destacar que, na atualidade, os preceitos de controle

    interno e gerenciamento de riscos estão integralmente inclusos nas boasprácas de governança corporava. É impensável falar em governança senão houver sistemas de controle interno e de gerenciamento de riscosefevamente implantados e em efevo funcionamento, o que nos leva àconclusão de que a contabilidade e a auditoria são partes integrantes dessecontexto, pois, sem informações contábeis corretas, de qualidade easseguradas por uma auditoria adequada, tais sistemas não seriamconfiáveis. Neste contexto, é importante é a instuição de comitê(s) de

    auditoria e riscos, com a finalidade de assessorar o conselho de administra-ção e sobre todos estes temas.

    2.7 O AVANÇO DA GOVERNANÇA CORPORATIVA NASINSTITUIÇÕES DO MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAISBRASILEIRO

    2.7.1 INTRODUÇÃO

    No Brasil, segundo Rosse e Andrade (2011), a parr dos anos 1990,com o retorno da prevalência do regime democráco e republicano noBrasil, apesar dos percalços e atos falhos que se repetem, amainaram-se a28

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    radicalização ideológica e o nacionalismo com protecionismo exacerbado,favorecendo o ambiente de aceitação de melhores prácas societárias emgeral (estratégicas, operacionais, financeiras, etc.), também incenvadospelo aumento da concorrência, que importa em desafios, riscos e

    oportunidades, em um mercado globalizado.

    Assim, mesmo com as dificuldades de um regime democráco aindaincipiente, os estrategistas governamentais promoveram a inserçãocompeva do país no mundo globalizado, ocorrendo um processo deabertura ao mercado internacional, a desestazação de empresas enegócios de interesse público, os quais possam ser mais bem administra-dos por empreendedores que detenham competência e capital paramelhor atender à sociedade, terminando com monopólios e reservas demercado de alguns itens, como a indústria automobilísca e reformas,buscando a modernização instucional, detendo o governo a autoridaderegulatória e fiscalizadora, mediante a supervisão dos mercados (apesardas deficiências ainda existentes).

    Na busca de socialização, abertura e avanço do mercado de capitais, osurgimento da governança corporava foi uma dádiva para as mentespensantes desse processo todo, em especial dos supervisores dos merca-

    dos nacionais.

    2.7.2 AÇÃO DA COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS - CVM

    Os marcos legais e as recomendações da CVM, principalmente pelofato de sua missão e de os objevos legais estarem em linha com osprincípios de governança corporava, e agora impulsionada pelas

    mudanças da Lei das Sociedades Anônimas (em 2001 e pelas Leis nº11.638-07 e nº 11.941-09) e do Código Civil (em 2002), aprimoraram novosdisposivos reguladores, como: 29

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    Ÿ a redução do limite de emissão de ações preferenciais e dos direitos

    dos tulares;

    Ÿ competência da assembleia geral dos acionistas;

    Ÿ composição, funcionamento e competências dos conselhos: fiscal e

    de administração;

    Ÿ composição e eleição da diretoria execuva;

    Ÿ acordo de acionistas, alienação de controle das companhias

    abertas;

    Ÿ a arbitragem e a solução de conflitos internos;

    Ÿ implantação de normas nacionais de contabilidade harmonizadas

    com padrões internacionais.

    A CVM incenvou a adoção da governança corporava pelas

    companhias de capital aberto, divulgando carlha com recomendações

    específicas para assembleias, estrutura acionária, proteção a minoritários,

    conselho de administração, conselho fiscal, auditoria e demonstraçõesfinanceiras. Nestas úlmas, pela adoção das normas internacionais de

    contabilidade, agora obrigação legal não só para as companhias de capital

    aberto, mas, também, para as demais empresas de grande porte, conforme

    dispõe a Lei nº 11.638-07 (Disponível no site  www.planalto.gov.br/

    legislação).

    Dentre esses novos regulamentos, a Instrução CVM n° 480, de 7 de

    dezembro de 2009, obriga todas as sociedades emissoras de valoresmobiliários para negociação em mercados regulados no Brasil, além do

    prévio registro na CVM, ao cumprimento de informações periódicas:30

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    1) formulário cadastral;

    2) formulário de referência;

    3) demonstrações financeiras;4) formulário de demonstrações financeiras padronizadas (DFP);

    5) formulário de informações trimestrais (ITR).

    Destas exigências, cabe destacar que foi acrescido em relação à normaanterior o formulário de referência. Ele deve ser entregue em meiomagnéco, anualmente (ficando disponível no site da CVM), ou a qualquermomento, quando do pedido de registro de distribuição pública de valoresmobiliários e quando de qualquer alteração na administração no controle,no capital e por outras circunstâncias relevantes.

    O conteúdo do formulário de referência exige informes que favorecemsubstancialmente a transparência das empresas, como as a seguirdescritas:

    Ÿ as informações financeiras que reflitam as três úlmas demonstra-ções contábeis anuais e outras, se for o caso, contendo ainda:quaisquer eventos subsequentes que as alterem, bem como apolíca de desnação dos resultados e distribuição efetuada, aclassificação da dívida por po (garana real, flutuante equirografária) e por prazo;

    Ÿ os fatores de risco que possam influenciar a decisão de invesmen-tos e eventuais expectavas com relação a eles; a descrição dosprocessos judiciais que não estejam sob sigilo e que sejam relevan-

    tes para os negócios, inclusive aqueles cujas partes contrárias sejamadministradores ou controladores ou invesdores, atuais ouanteriores, e outros;   31

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    Ÿ a descrição dos principais riscos de mercado, a políca de gerencia-

    mento adotada, seus objevos, estratégias e instrumentos e

    alterações significavas nestes itens;

    Ÿ os comentários dos diretores sobre as condições financeiras,patrimoniais, de estrutura de capital, capacidade de pagamento,

    fontes de financiamento, níveis de endividamento, resultados e

    outros itens relevantes e mudanças significavas ocorridas,

    inclusive qualquer fato que não esteja evidenciado nas demonstra-ções financeiras;

    Ÿ informes da assembleia geral e da administração: estruturas

    administravas, regras, polícas e prácas, inclusive com idenfi-cação das pessoas que compõem a diretoria execuva, os conse-

    lhos de administração e fiscal com currículos, relacionamentos e

    outros informes, inclusive a remuneração desses administradores e

    os recursos humanos disponíveis;

    Ÿ a políca de divulgação de informações e os negócios extraordinários.

    Naturalmente que estes regulamentos são sempre aprimorados,

    especialmente em suas prácas, ano a ano.

    2.7.3 AÇÃO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL – BCB E DEMAISSUPERVISORES DO MERCADO BRASILEIRO

    O Banco Central do Brasil (BCB) para o Sistema Financeiro Nacional

    (SFN), a Superintendência de Seguros Privados (Susep) para o mercado de

    seguros e de previdência aberta, e a Superintendência de PrevidênciaComplementar (Previc) para endades de previdência fechada vêm,

    paulanamente, incluindo, até com mais rigor ou profundidade, regramento32

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    anente à efeva implantação de sistemas de controle interno, de

    gerenciamento de riscos e de governança corporava nas endades sob a

    sua supervisão, estabelecendo para tanto a obrigatoriedade de componen-

    tes específicos para essas avidades, inclusive os responsáveis.

    Para as empresas de maior porte, foi definida a obrigatoriedade

    de instalação de comitês de auditoria e outros comitês, com atribuições

    definidas. Devem ser ligados diretamente aos respecvos conselhos de

    administração. As demais endades reguladoras e supervisoras dos

    diversos segmentos específicos do mercado econômico nacional, como as

    agências de regulação (Anatel, Anael, etc.), também passaram a seguir o

    mesmo caminho. Dessa forma, todas as endades importantes do país,

    seja pelo porte ou pelos mercados em que atuam, estão sendo alcançadaspor regulamentos que as obrigam ou as levam a efevamente implemen-

    tar, em suas estruturas estatutárias e administravas, segmentos

    responsáveis pelo controle interno, gerenciamento de riscos e de gover-

    nança corporava.

    Na úlma grande crise econômica mundial, as exigências do BCB foram

    consideradas fator decisivo para o sucesso do enfrentamento brasileiro

    àquela circunstância. As considerações de governança corporava do BCBalcançam, inclusive, orientação minudente até para as instuições

    financeiras de menor porte, como as instuições de microcrédito e

    cooperavas, como consta de forma expressa no site  , com materiais importantes da UniBacen, como  Análise de

    gestão e prácas de governança corporava em instuições financeiras,

    entre outras.

    Atualmente, o BCB implementa a Fase três, conhecida como Basiléia III,dos preceitos do Acordo de Basiléia (visa a melhorar a qualidade da

    supervisão bancária e fortalecer a solidez e a estabilidade do sistema 33

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    Para segmentos de instuições financeiras que estão em processo deaprimoramento e necessitam de maiores esforços para angir níveismelhores de governança corporava, como o de cooperavas de crédito, o

    Banco Central emiu inclusive regulamentações específicas e cabíveis paraos seus portes econômico-financeiros, bem como sugestões de manuais epromoveu estudos e eventos especiais sobre o tema.

    financeiro internacional, padronizando regras e uniformizando controles),

    que dá direvas de regulamentação prudencial aos bancos centrais

    nacionais.

    O Acordo de Basiléia, por meio de seus “pilares”, tem a governançacorporava em seu seio, como se pode depreender da figura a seguir,

    disseminada nas publicações grandes grupos financeiros do SFN:

    BASILÉIA - PILARES

    PILAR I PILAR II PILAR II I

    Capital mínimo Supervisão Transparência

    Risco de Crédito

    Risco de Mercado

    Risco Operacional

    Fortalecimento daestrutura de capital

    Supervisão internapelo banco e externa

    pelo regulador

    Melhores prácas degestão de riscos

    Publicação deinformações

    Disciplina deMercado por meio

    do aumento datransparência dos

    bancos

    34

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    37/124

    2.7.4 A ADESÃO DA IBOVESPA ÀS PRÁTICAS DE GOVERNAN-ÇA CORPORATIVA

    A Ibovespa, em sintonia com o novo ambiente, mesmo com a anteposi-

    ção de interesse dos grandes grupos de controladores de elevado poderpolíco, criou o Novo Mercado, com adesão voluntária. Tal criação obrigoua uma segmentação de mercados acionários:

    Ÿ Mercado tradicional, com aquelas companhias que não tenhamaderido aos preceitos de governança corporava, submetendo-seao regramento legal;

    Ÿ Mercado diferenciado, a saber:

    Nível 1 de governança corporava, constuído das companhiasque tenham aderido à grande parte dos princípios e das prácasde governança corporava, como estabelecido pelo IBGC; e

    Nível 2 de governança corporava, para empresas que, além doexigido para as de nível 1, também elaboram e divulgam asdemonstrações financeiras pelos padrões internacionais deContabilidade (hoje nacionais) e demais requisitos de governan-ça corporava, como o de direito de voto dos detentores de

    ações preferenciais;

    Ÿ Novo Mercado, para companhias que abram capital mediantedistribuição pública mínima; para as que tenham pelo menosquinhentos (500) acionistas apenas com ações ordinárias; epara as companhias que contam com ações preferenciais quepossam convertê-las em ordinárias e obedeçam a todos osdemais requisitos de governança corporava daquelas de nível2 de GC.

    A pressão do mercado invesdor para que empresas sejam aderentesaos preceitos de GC é muito grande e irreversível, especialmente dos

    -

    -

    35

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    38/124

    invesdores instucionais, nacionais e estrangeiros, e passou a ser umdiferencial para aquelas que tomem este caminho, que, em úlma análise,significa aderir a regramentos nos quais a éca é deveras considerada.

    2.7.5 A AÇÃO FUNDAMENTAL DO INSTITUTO BRASILEIRODE GOVERNANÇA CORPORATIVA

    O Instuto Brasileiro de Governança Corporava (IBGC), fiel seguidordos princípios de governança da OCDE, que tem como associadas asmaiores endades e empresas brasileiras, começou a promover muitoseventos de disseminação dessa nova filosofia de gestão, especialmente

    para administradores, conselheiros e membros de comitês de auditoria e,também, a cerficar profissionais para exercer cargos nos conselhossocietários. Além disso, publica guias, códigos de melhores prácas,cadernos, livros e revista técnica de governança corporava. Atualmente,põe em audiência pública guia de melhores prácas para Cooperavas.

    As grandes empresas, mesmo as do setor público, passaram a exigirCerficação do IBGC para os seus possíveis conselheiros, tanto deAdministração como Fiscal e membros do Comitê de Auditoria.

    As úlmas publicações nociam que o Novo Mercado, com pouco maisde 10 anos de sua criação, já compõe 58% do mais importante índice domercado acionário brasileiro, o Ibovespa, uma vez que, das 64 companhiasque o compõem, 37 são do espaço diferenciado de governança da bolsapaulista.

    No Valor Econômico de 11 de maio de 2011, caderno Eu&Inves-mentos, constou reportagem intulada Conceito de governança evolui

    mais que o segmento, sobre recente documento emido pela UniãoEuropeia, o greenpaper  sobre governança empresarial, que traz questõesligadas à gestão dos negócios. A minuta destaca a questão da fiscalização e

    36

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    dedica-se a assuntos relacionados à administração, como a formação e opapel do conselho de administração, remuneração, gestão de riscos eformas de relatar as prácas de governança, entre outros.

    No 14º Congresso Internacional de Governança Corporava, promovi-do pelo IBGC em 2013 (IBGC, 2014), cujo foco foi o “futuro da governançacorporava e suas novas fronteiras”, debateu, entre outros, temas como:

    Novas Fronteiras para Conselhos de administração de altodesempenho.

    Razões para se ter um programa de compliance na empresa.

    A sociedade civil como fiscal éco das empresas.

    Será o fim dos tradicionais relatórios corporavos?

    Lideranças em busca de melhor modelo de governança.

    Quem responderá pelos atos ilícitos dentro da organização?

    As atenções voltadas para companhias de pequeno e médio porte.

    Uma história de gestão afeva e efeva, com exemplo de prácasde governança em empresas familiares.

    Os desafios da governança nas cooperavas.

    Desses temas, os de letras "b", "c", "d" e "f" se realçam por tocar empontos que os tornam de urgente consideração pelas administrações dasendades e pelos profissionais da Contabilidade responsáveis, uma vezque neles foi salientado:

    Ÿ A reputação de uma endade/empresa passa a depender mais doque é dito pelos consumidores e demais integrantes da sociedadedo que fala de si própria.

    c)

    d)

    e)

    f)

    g)

    h)

    i)

    a)

    b)

    37

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    40/124

    Ÿ No mundo dos negócios, a discussão sobre como as empresasdevem comunicar seus resultados aos usuários da informação,exigindo não só o viés financeiro, mas também outros de aspectosocial, ambiental, intelectual, operacional, entre outros, de forma

    integrada, como o Relato Integrado (IR) proposto pela InternaonalIntegrated Reporng Council (IIRC), já considerado por grandesempresas globais, inclusive brasileiras.

    Ÿ O que vem dando certo hoje vai ficar defasado, e novos desafiospartem do quesonamento permanente para connuar melho-rando em termos de governança.

    Ÿ A Teoria do Domínio do Fato e o avanço da Lei nº 12.846-13,conhecida por Lei Ancorrupção, são pontos que provocam oavanço da implementação de estruturas de Compliance  nasendades/empresas.

    Ÿ A melhoria da governança de empresas familiares e cooperavascom prácas de governança corporava.

    2.7.6 A QUESTÃO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS

    Neste contexto de evolução de regulamentações pró-governançacorporava e também de preocupações crescentes com a sustentabilidadedos negócios e do meio ambiente, tornou-se fundamental o interesse naqualidade do gerenciamento de riscos tanto pelos invesdores, pelopotencial de geração de valor, como pelos supervisores dos mercadosnacionais.

    O gerenciamento de riscos corporavos é mote para inúmeros argos eobras, destacando-se, pela objevidade e pracidade, o Guia de orientação38

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     para gerenciamento de riscos corporavosdo IBGC (IBGC, 2007), no qual se

    destaca a definição de risco:

    O termo risco é proveniente da palavra risicu ou riscu, em lam, que

    significa ousar (to dare, em inglês). Costuma-se entender “risco” como possibilidade de “algo não dar certo”, mas seu conceito atual envolve a

    quanficação e qualificação da incerteza, tanto no que diz respeito às

    “perdas” como aos “ganhos”, com relação ao rumo dos acontecimentos

     planejados, seja por indivíduos, seja por organizações; risco é inerente a

    qualquer avidade na vida pessoal, profissional ou nas organizações, e

     pode envolver perdas, bem como oportunidades. Em Finanças, a relação

    risco-retorno indica que quanto maior o nível de risco aceito, maior o

    retorno esperado dos invesmentos. Esta relação vale tanto para inves-mentos financeiros como para os negócios, cujo “retorno” é determinado

     pelos dividendos e pelo aumento do valor econômico da organização.

    Empreender significa buscar um retorno econômico-financeiro adequado

    ao nível de risco associado à avidade.

    Outros pontos relevantes do Guia de orientação para gerenciamento

    de riscos corporavos do IBGC referem-se à metodologia de implantação

    do gerenciamento de riscos:

    Ÿ idenficação e classificação dos riscos: objevos estratégicos, perfil

    de riscos, categorização dos riscos por origem (interna ou externa),

    natureza dos riscos (estratégicos, operacionais, financeiros) e

    exemplos de riscos com tecnologia, ambiental e de conformidade;

    Ÿ mensuração e avaliação dos riscos;

    Ÿ tratamento dos riscos: como evitar ou aceitar, prevenir e reduzir

    danos e capacitação;   39

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    Ÿ monitoramento; e

    Ÿ informação e comunicação.

    Naturalmente, essa nova exigência dos mercados tem como contrapar-

    da uma excelente oportunidade para os possíveis prestadores de serviços

    que venham a auxiliar as endades a prevenir e migar riscos, em especial

    em um mundo com crises que também criam oportunidades. Assim,

    surgem oportunidades com esse tema, mediante, inclusive, ferramentas

    sofiscadas para idenficar e gerenciar os fatores de risco e as possíveis

    oportunidades de negócios.

    Sobre esse tema, manifestou-se com propriedade Juarez Lopes deAraújo, sócio-líder da área de Consultoria em Gestão de Riscos

    Empresariais da Deloie:

     A inteligência em riscos pressupõe estabelecer uma correlação

    direta entre os riscos que a organização considera aceitável

    assumir e os seus objevos de negócios. É preciso estar

     preparado para aproveitar as oportunidades e, sobretudo,

    capacitado a avaliar o retorno do risco de acordo com o nível deexposição a ele. (Mundo Corporavo n. 16, Deloie, 2007).

    Este sendo mais amplo já constava do pronunciamento do

    Coso ERM, em que a finalidade do gerenciamento de riscos corporavos

    consta como:

    Ÿ “  Alinhar o apete a risco com a estratégia adotada – os adminis-

    tradores avaliam o apete a risco da organização ao analisar asestratégias, definindo os objevos a elas relacionados e desenvol-

    vendo mecanismos para gerenciar esses riscos.40

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    Ÿ Fortalecer as decisões em resposta aos riscos – o gerenciamento de

    riscos corporavos possibilita o rigor na idenficação e na seleção

    de alternavas de respostas aos riscos – como evitar, reduzir,

    comparlhar e aceitar os riscos.

    Ÿ Reduzir as surpresas e os prejuízos operacionais – as organizações

    adquirem melhor capacidade para idenficar eventos em potencial

    e estabelecer respostas a estes, reduzindo surpresas e custos ou

     prejuízos associados.

    Ÿ Idenficar e administrar riscos múlplos e entre empreendimen-

    tos – toda organização enfrenta uma gama de riscos que podem

    afetar diferentes áreas da organização. A gestão de riscos corpora-vos possibilita uma resposta eficaz a impactos inter-relacionados

    e, também, respostas integradas aos diversos riscos.

    Ÿ  Aproveitar oportunidades  – pelo fato de considerar todos os

    eventos em potencial, a organização posiciona-se para idenficar e

    aproveitar as oportunidades de forma proava.

    Ÿ Omizar o capital   – a obtenção de informações adequadas a

    respeito de riscos possibilita à administração conduzir uma avalia-

    ção eficaz das necessidades de capital como um todo e aprimorar a

    alocação desse capital”.

    2.7.7 A GOVERNANÇA CORPORATIVA EM EMPRESAS DECONTROLE FAMILIAR

    A governança em empresas de controle familiar é o novo tema de

    grande destaque, embora ainda restrito nas sociedades anônimas, mas já 41

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    com modelos bem-definidos, como o dos três círculos: no estágio inicial, a

    família, a propriedade e a gestão se confundem; no estágio mais avançado,

    esses três parcipes têm suas ações e interação acertadas para adequada

    governança. Após, tem-se o modelo tridimensional de desenvolvimento da

    empresa, com adequados eixos: o da propriedade, o da empresa e o dafamília. Esses modelos, da Harvard Business School, são citados em obra do

    IBGC sobre o tema, com casos de destaque no Brasil (IBGC, 2010).

    42

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    O NOVO CONJUNTO DENORMAS BRASILEIRAS DE

    CONTABILIDADE(E AUDITORIA)03

    3.1 A ATUAL ESTRUTURA DAS NORMAS BRASILEIRAS DECONTABILIDADE

    Os padrões internacionais de contabilidade e auditoria não poderiam

    desconsiderar essa nova exigência dos mercados internacional e nacional,e seus novos regulamentos estão substancialmente influenciados pelosprincípios de governança corporava da OCDE e pela nova visão decontrole interno baseada nos pronunciamentos do COSO.

    As Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) estão estruturadassegundo dispõe a Resolução nº 1.156-09 do CFC, que adotou os mesmospadrões de elaboração e eslo das normas internacionais, com as quaisforam harmonizadas e/ou convergidas, em processo já em fase final deimplementação, em grande esforço da classe contábil, para as normas decontabilidade relavas a empresas e endades privadas (sociedades) e deauditoria e asseguração. As normas relavas às endades do setor públicoe demais estão em processo de implantação.

    As Normas Brasileiras de Contabilidade têm a organização das normasinternacionais, e cada norma possui, normalmente, estrutura semelhanteao que segue:

    1) Introdução

    Princípio(s) básico(s)

    Alcance da norma específica

    Esclarecimentos do alcance ou das caracteríscas do que é

    tratado, se for o caso

    Objevos gerais relavos ao alcance da norma

    a)

    b)

    c)

    d) 43

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    Definições de termos ulizados na norma.

    2) Requisitos de aplicação da norma, como mensuração e divulgação.

    3) Anexos, adendos e apêndices à norma, relavos a esclarecimentoscom orientações sobre a aplicação de alguns disposivos da norma,inclusive com fluxos e exemplos de operações, termos, cartas erelatórios, etc.

    As normas, baseadas em princípios e não em regras, são mais genéricase abrangentes. Os esclarecimentos/orientações e exemplos que fazemparte da norma entram em detalhes quando adequado ao seu melhorentendimento, inclusive com exemplos completos de circunstâncias

    anentes ao condo na norma.

    Esse conjunto de normas compreende: o Código de Éca Profissionaldo Contador (CEPC) e as Normas Brasileiras de Contabilidade, divididasem Normas Profissionais (NBC P) e Normas Técnicas (NBC T). As normasprofissionais estabelecem preceitos de conduta profissional, emconformidade com o Código de Éca Profissional do Contador e asnormas profissionais recentemente convergidas das normas internacio-nais, em que a éca profissional é seu ponto forte, e as normas técnicassão as voltadas para o estabelecimento de conceitos técnicos doutriná-rios, de estrutura e com indicação de procedimentos técnicos a seremaplicados nas diferentes circunstâncias de trabalho em Contabilidade, nasua grande maioria resultantes do processo de convergência com asnormas internacionais e algumas específicas a parcularidadesbrasileiras, mas sempre buscando idendades com as novas normasconvergidas.

    A atual estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade, constanteno quadro a seguir, é adaptada do apresentado por Longo (2011), com asalterações das Resoluções CFC nºs 1.328 e 1.329-11:

    e)

    44

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    47/124

    CODIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO CONTADOR – CEPC

    Normas Brasileiras de Contabilidade

    Tipo Contabilidade Auditoria –Asseguração

    AuditoriaGovernamental

    AuditoriaInterna

    Perícia

    Normas Profissionais

    NBC PG 100 – Aplicação Geral

    NBC P PG 200: Contadores Externos eAuditores IndependentesPA: Auditores Independentes

    NBC PG 300:Contadores Empregadose Auditores Internos

    NBC PPPerito

    Normas Técnicas

    NBC T TG – Geral:- Completas- Simplificadas- Específicas

    TA – Auditoria DCsTR - Revisão DCsTO – AsseguraçãoNão HistóricaTSC – ServiçoCorrelato

    TSPServiçoPúblico

    TIAuditoriaInterna

    TPPerícia

    Fonte: Adaptado de Longo (2011, p. 7).

    O mote do presente argo é limitado às NBCs PG – Geral; às NBCs TG –geral, completas e simplificadas – e às NBCs TA – de AuditoriaIndependente da Informação Contábil Histórica e algumas outras derevisão, asseguração e serviços correlatos, convergidas de padrõesinternacionais e em aplicação a parr de 2010, agora em sua posição deatualização e revisão até abril de 2014. As Normas de AuditoriaGovernamental ainda não foram emidas.

    O conjunto de normas citadas consta, rol e especificamente, no site do

    CFC, Vice-Presidência Técnica e em livros emidos pelo Sistema CFC/CRCs,disponíveis para download   no site  do CRCRS – Comunicação, sempreatualizados.

      45

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    3.2 A ORGANIZAÇÃO DO NOVO CONJUNTO DE NORMASRELATIVAS À AUDITORIA E À ASSEGURAÇÃO

    O fluxo das novas Normas Técnicas de Asseguração de DemonstraçõesContábeis organiza-se na sequência e na numeração das NBCs, seguindo omodelo do IFAC, e corresponde à sua ordem natural, do que é entendidocomo o processo de auditoria e revisão ou outros trabalhos de asseguraçãode informação contábil histórica, ou seja, inicia pela norma maisabrangente, a que estabelece a estrutura conceitual; logo após, as que acomplementam e apresentam os requisitos para todos os trabalhos; emseguida, aquelas que tratam do planejamento, da idenficação e daavaliação, inclusive do controle interno e do tratamento dos riscos nostrabalhos; após, as com os procedimentos de obtenção de evidências

    suficientes e adequadas; completando, as necessárias normas de formaçãoda opinião e de relatório do auditor independente e, ainda, as normassobre casos especiais.

    Também, normas específicas para revisão e trabalhos de asseguraçãodiferente de auditoria e revisão, como se demonstra:

    NBC TA - Estrutura Conceitual para Trabalhos de Asseguração

    Normas Técnicas de Auditoria Independente de Informação ContábilHistórica (Auditoria das Demonstrações Contábeis) – NBC TA

    Série 200 Responsabilidades e objevos do auditor independente econdução da auditoria

    Séries 300 e 400 Planejamento da Auditoria – Avaliação dos riscos dedistorções relevantes pelo entendimento do ambiente daendade auditada e do seu controle interno e as respostasaos riscos idenficados

    Séries 500 e 600 Evidências e procedimentos técnicos de auditoriaindependente das demonstrações contábeis46

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    Quanto ao processo de auditoria, Longo (2011, p. 25) afirma:

    O processo de auditoria é uma avidade connua, não sendo possíveldividi-lo em fases estanques, uma vez que existem algumas avidades queocorrem de forma permanente ao longo de todo o trabalho de auditoria,como, por exemplo, o planejamento, que deve ser reavaliado cada vez quesurge uma novidade relevante, um novo risco que não havia sido idenfica-do, uma deficiência no controle ou uma distorção.

    A mesma forma com a comunicação com os responsáveis pelos órgãosde governança [...] essa comunicação que começa na contratação etermina quando se encerra o trabalho de auditoria [...]

    Essa caracterísca do processo de auditoria evidenciada por Longorealça que suas diferentes fases sejam sempre integradas e muitas vezesconcomitantes, como mostrada em adaptação de fluxo apresentado peloreferido autor, como segue:

    Série 700 Relatório do auditor independente das demonstraçõescontábeis

    Série 800 Considerações especiais de auditoria das demonstraçõescontábeis

    CTAs Comunicados Técnicos de Auditoria Independente

    Normas Técnicas de Revisão de Informação Contábil Histórica – NBC TR

    Normas Técnicas de Asseguração de Informação Não Histórica – NBC TO

    Normas de Serviço Correlato - TSC

    47

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    NBC TA 200 – Objevos do Auditor Independente das Demonstrações Contábeise Condução da Auditoria em Conformidade com as NBCs:

    220 – Controle de Qualidade da Auditoria; 230 – Documentação de Auditoria; e

    520 – Procedimentos Analícos (aplicáveis em todo o processo de auditoria)

    320Materialidade

    Série 800*RelatóriosEspeciais

    210Concordân-

    cia com ostermos dotrabalho

    300 e 315Planeja-

    mentoIdenfica-ção eAvaliaçãode Riscos

    330Respostas

    (procedi-mentos)aos Riscos

    450Avaliação

    dasDistorções

    700Conclusão

    eFormaçãoda Opinião

    265Comuni-

    cação dasDeficiên-cias

    500, 501, 505,510, 520, 540,550, 560, 570e 590

    Procedimentosde Obtenção de Evidênciasde Auditoria

    705, 706,710 e 720

    Modificaçõesna Opiniãodo Auditor

    Série 700Relatóriodo AuditorIndependente

    260ComunicaçãoaosResponsáveisPelaGovernança

    240 - Fraudes,250 - Leis e

    Regulamentos402 - Organização  Prestadora de  Serviços,510 e 540 - Esmavas,550 - Partes

    Relacionadas,600 - Grupos,610 - Auditoria Interna;620 - Especialistas

    * Inclui também parte da 700, naquilo que se refere a estruturas de conformidade (LONGO, 2011, p. 7)48

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    3.3 AS NOVAS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADEPROFISSIONAIS

    As Resoluções do CFC emidas em 24 de janeiro de 2014 convergemnormas internacionais profissionais em normas nacionais, as NBCs P, como

    seguem:Ÿ NBC PG 100 – Aplicação Geral aos Profissionais de Contabilidade;

    Ÿ NBC PG 200 – Contadores que Prestam Serviços (contadores Exter-nos, inclusive auditores independentes); e

    Ÿ NBC PG 300 – Contadores Empregados (contadores Internos).

    Estas normas têm o seu norte no cumprimento de princípios écospelos profissionais de Contabilidade.

    Esta visão fundamental da estrutura conceitual das novas normasprofissionais convergidas mantém o foco do que já consta no Código deÉca Profissional do Contador – CEPC, no qual éca é o valor principal,como se depreende do quadro que segue:

    NBCs Profissionais –NBCs P

    Requisitos Básicos para Cumprimento de Princípios Écos

    NBC PG 100,

    de 24-01-14 (1) –Aplicação Geralaos Profissionaisde Contabilidade

    100.1 Uma marca caracterísca da profissão contábil é a

    aceitação da responsabilidade de agir no interesse

     público. Portanto, a responsabilidade do profissional da

    contabilidade não é exclusivamente sasfazer as

    necessidades do contratante. Ao agir no interesse público,

    o profissional da Contabilidade deve observar e cumprir

    esta Norma. O não cumprimento de parte desta Norma por

    determinação legal ou regulamentar não desobriga o

     profissional do cumprimento daquilo que não for vedado.

    100.2 Esta Norma estabelece a estrutura conceitual que o profissional da contabilidade deve aplicar para:

    49

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    idenficar ameaças ao cumprimento dos princípios

    écos ;

    avaliar a importância das ameaças idenficadas; e

    aplicar salvaguardas , quando necessário, paraeliminar as ameaças ou reduzi-las a um nível aceitável.

     As salvaguardas são necessárias quando o profissionalda contabilidade avalia que as ameaças não estão emnível em que um terceiro com experiência, conhecimen-to e bom senso concluiria, ponderando todos os fatose circunstâncias específicas disponíveis para o

     profissional da contabilidade naquele momento,que o cumprimento dos princípios écos  não está

    compromedo.O profissional da contabilidade deve usar julgamento

     profissional ao aplicar essa estrutura conceitual.

    Princípios écos

    100.5 O profissional da contabilidade deve cumprir osseguintes princípios écos:

    Integridade  – ser franco e honesto em todos osrelacionamentos profissionais e comerciais.

    Objevidade  – não permir que comportamentotendencioso, conflito de interesse ou influênciaindevida de outros afetem o julgamento profissional oude negócio.

    Competência profissional e devido zelo  – manter oconhecimento e a habilidade profissionais no níveladequado para assegurar que clientes e/ou emprega-dor recebam serviços profissionais competentes combase em desenvolvimentos atuais da práca, legislação

    e técnicas, e agir diligentemente e de acordo com asnormas técnicas e profissionais aplicáveis.

    (a)

    (b)

    (c)

    (a)

    (b)

    (c)

    50

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    53/124

    Sigilo profissional – respeitar o sigilo das informaçõesobdas em decorrência de relacionamentos profis-sionais e comerciais e, portanto, não divulgar nenhuma

    dessas informações a terceiros, a menos que hajaalgum direito ou dever legal ou profissional dedivulgação, nem usar as informações para obtenção devantagem pessoal pelo profissional da contabilidadeou por terceiros.

    Comportamento profissional   – cumprir as leis e osregulamentos pernentes e evitar qualquer ação quedesacredite a profissão.

    (d)

    (e)

    NBC PG 200,de 24-01-14 (1) –Contadores quePrestam Serviços(ContadoresExternos,inclusive auditoresindependentes)

    O contador externo não deve conscientemente envolver-seem qualquer negócio, ocupação ou avidade queprejudique ou possa prejudicar a integridade, a objevida-de ou a boa reputação da profissão, sendo consequente-mente incompavel com os princípios écos.

    Exemplos de salvaguardas específicas do trabalho incluem:

    Ÿ discussão de assuntos écos com os responsáveis pelagovernança do cliente;

    Ÿ divulgação para os responsáveis pela governança docliente da natureza dos serviços prestados e daextensão dos honorários cobrados;

    NBC PG 300,de 24-01-14 (1) –ContadoresEmpregados(ContadoresInternos).

    Ameaças ao cumprimento dos princípios écos, porexemplo, ameaças de interesse próprio ou inmidação àintegridade, objevidade ou competência profissional edevido zelo, são geradas quando o contador interno épressionado (seja externamente ou pela possibilidade deganho pessoal) a elaborar ou reportar informação demaneira enganosa ou associar-se a informações enganosaspor meio de ações de outros.

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    Espera-se, portanto, que o contador incenve uma culturabaseada na éca na organização empregadora que enfazea importância que a alta administração deposita no

    comportamento éco.

    NBC PA 290(R1-Revisada em19-05-2014) –Independência –Trabalhos deAuditoria e Revisão

    No caso de trabalhos de auditoria, é do interesse público e,portanto, requerido que os membros das equipes deauditoria, firmas e firmas em rede sejam independentesdos clientes de auditoria (compreende independência depensamento e aparência de independência).

    Incenvada a comunicação regular entre as firmas e osresponsáveis pela governança do cliente de auditoria

    sobre relacionamentos e outros assuntos que podem ser,na opinião da firma, razoavelmente relacionados com aindependência.

    O conjunto destas e demais normas profissionais (NBC P) constam, rol eespecificamente, no site do CFC, Vice-Presidência Técnica e em livrosemidos pelo sistema CFC/CRCs, disponíveis para download no site  doCRCRS – Comunicação, sempre atualizados.

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    A ADERÊNCIA DAS NBCsTÉCNICAS GERAIS (TG) AOS

    PRECEITOS DO COSO E DEGOVERNANÇA CORPORATIVA044.1 INTRODUÇÃO

    As Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas, resultantes desseprocesso de convergência e harmonização com padrões internacionais,

    adotam, em gênero, o objevo das Normas Internacionais deContabilidade, ou seja:

    [...] um único conjunto de normas contábeis globais de alta qualidade,inteligíveis e exequíveis, que exigem informações de alta qualidade,transparentes e comparáveis nas demonstrações contábeis e em outrosrelatórios financeiros, para ajudar os parcipantes dos mercados de capitale outros usuários em todo o mundo a tomar decisões econômicas (IASC,Normas Internacionais de Contabilidade, 2001).

    Esse objevo, como já mencionado, resultou que a ulização dessasnormas constuísse uma exigência de governança corporava adotadapelos supervisores dos mercados financeiros, de capitais e outrosno Brasil, que as obrigam para todas as principais endadessupervisionadas que compõem esses segmentos majoritários da economianacional. A Bovespa, inclusive, exige adoção integral dos IFRS para ainclusão de Companhias de Capital Aberto na categoria conhecida como

    Novo Mercado, top line do mercado acionário brasileiro.

    4.2 ASPECTOS BÁSICOS E ALGUMAS ESPECIFICIDADES

    Como bem consta no Manual de Contabilidade Societária, da Fipecafi(2010, p. 21-23), são caracteríscas básicas das novas Normas Brasileirasde Contabilidade:

    São baseadas muito mais em princípios do que em regras: é afilosofia básica do IASB, obrigando a efeva análise e julgamento

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    profissional do que o simples cumprimento de detalhada regra ou,na falta dela, de regra que alguém criou.

    Efeva prevalência da essência sobre a forma: o que obriga ao

    maior conhecimento do profissional de contabilidade sobre atransação, inclusive o seu controle, e muda o estado de submissão aconceitos inteiramente jurídicos, para adoção de efevos conceitoseconômicos, financeiros e contábeis.

    São muito mais importantes os conceitos de controle, de obtenção

    de benecios e de incorrência em riscos do que o de propriedade

     jurídica para o registro de avos, passivos, receitas e despesas: équase como uma extensão do anterior, mas voltado para a efevaanálise que suporte registros nos quais a real transferência decontroles, a posse e, principalmente, os riscos sobre componentespatrimoniais e de resultados, fique transparentemente refledacontabilmente.

     A Contabilidade passa a ser de toda a empresa, não só do

    Contador : a Contabilidade passa a ser alimentada por diversasáreas de uma endade, tanto no aspecto operacional como emavaliações, imparidades, valor justo de bens e instrumentosfinanceiros, diretamente acompanhados pela su