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A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO: estudo de caso, empresa Posto Solidar LAURA SILVA OLIVEIRA LINS JOSÉ RENATO MARCONDES São Sebastião 2013

A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO … · À Professora Alciene Ribeiro pela orientação da formatação e pela coesão e coerência ... à inclusão das pessoas com deficiência

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A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE

TRABALHO: estudo de caso, empresa Posto Solidar

LAURA SILVA OLIVEIRA LINS

JOSÉ RENATO MARCONDES

São Sebastião

2013

LAURA SILVA OLIVEIRA LINS

A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE

TRABALHO: estudo de caso, empresa Posto Solidar

Trabalho de Graduação do Curso de

Tecnologia em Gestão Empresarial da

Faculdade de Tecnologia de São Sebastião –

FATEC, para obtenção do título de

Tecnólogo em Gestão Empresarial, sob

orientação do Professor Esp. José Renato

Marcondes.

São Sebastião

2013

LAURA SILVA OLIVEIRA LINS

A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE

TRABALHO: estudo de caso, empresa Posto Solidar

Apresentação de Trabalho de Graduação à Faculdade de Tecnologia

de São Sebastião, como condição parcial para a conclusão do curso

de Tecnologia em Gestão Empresarial.

São Sebastião, 26 de junho de 2013.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Esp. JOSÉ RENATO MARCONDES

_________________________________________________________

Me. SORAYA MIRA REIS

_________________________________________________________

Me. ALCIENE RIBEIRO FEITOZA DA SILVA

MÉDIA FINAL: 8

Dedico este Trabalho de Graduação às pessoas essenciais para esta realização: Mileny

Oliveira, Alciene Ribeiro, José Renato Marcondes, Maria Inês e Beatriz Rego, porque sem

eles seria impossível concluí-lo.

AGRADECIMENTOS

Eu quero deixar aqui o meu primeiro agradecimento ao meu Deus, pela sabedoria que

me tem dado para fazer um bom Trabalho de Graduação.

À minha família Daniel Lins e Denial Lins, por ter paciência e compreensão na hora

que precisei para desenvolver o trabalho.

Ao meu pai e minha mãe, por me dar força, amor e conselho de seguir em frente e ter

mais confiança em mim.

Ao meu Professor José Renato Marcondes pela confiança depositada no meu

potencial, por me atender sempre e por me ajudar na conclusão desse trabalho.

A uma querida amiga, Mileny Oliveira, que já concluiu essa Faculdade no ano passado

e que me deu conselhos e dicas para o desenvolvimento do trabalho.

À Professora Maria Inês que me ajudou no início do desenvolvimento do Trabalho de

Graduação.

À Professora Soraya Reis que me deu sugestão nos documentos que têm que ser

entregues.

À Professora Alciene Ribeiro pela orientação da formatação e pela coesão e coerência

do meu trabalho.

À Beatriz Rego que trabalha na biblioteca da Fatec por me ajudar na correção

ortográfica.

Aos meus amigos Karin, Priscila, Adriana, Thales e Kelyn da Fatec de São Sebastião,

por me apoiar e dar sugestões para meu trabalho.

À minha querida avó e meu avô, que possuem uma deficiência física. Quero agradecer

pelo carinho e amor que eles têm me passado a cada dia que eu os vejo.

A razão mais importante para a inclusão é o valor social, é a

criança [jovem e adulto] sentir-se integrada no seu grupo,

com todas as condições de aprendizagem, apesar da

diferença. (Stainback e Stainback, 1999 p.22).

RESUMO

Esta pesquisa aborda a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Mais do

que uma obrigação a ser cumprida em função da imposição da Lei de Cotas, tal inclusão deve

ser motivada por uma consciência ética, desprendida de preconceitos e que valorize a

capacidade das pessoas deficientes em exercer suas funções com dedicação e de maneira bem

sucedida. Assim, este trabalho tem por objetivo demonstrar e conscientizar os gestores das

empresas locais que as pessoas com deficiência podem trabalhar e que as empresas podem dar

oportunidades que atendam aos limites dos deficientes físicos, além de contribuir para que

estes desempenhem seu papel no mercado de trabalho. A fim de atingir tal objetivo, esta

pesquisa caracterizou-se como estudo de caso, no qual foram realizadas a pesquisa

bibliográfica e a pesquisa de campo, na empresa Posto Solidar. Houve a aplicação de dois

questionários: um em relação ao empregador, Marcelo Pires, e o outro em relação ao

colaborador, Willians José da Silva, que possui uma deficiência física. Ambos apontaram

visões e formas estratégicas para obter soluções no ambiente de trabalho a fim de mostrar a

importância e o valor dos cidadãos deficientes no mercado empresarial, o que pode,

futuramente, servir como exemplo para outras empresas da região. A consideração final desta

pesquisa indica que a empresa demonstra uma profunda conscientização dos direitos humanos

e reconhece a importância de tratar as pessoas deficientes com igualdade, derrubando as

barreiras contra preconceitos e discriminação.

Palavras-chaves: Inclusão. Mercado de trabalho. Pessoas com deficiência. Empresa Posto

Solidar.

ABSTRACT

This research addresses the inclusion of people with disabilities in the labor market. More

than an obligation to be fulfilled due to the imposition of the Quota Law, such inclusion

should be motivated by ethical awareness, detached from prejudice and that enhances the

ability of persons with disabilities in exercising their duties with dedication and successful

way. Thus, this study aims to demonstrate and educate managers of local businesses that

people with disabilities can work and that companies can provide opportunities that meet the

limits of the disabled, as well as to help them to carry out their role in the labor market. In

order to achieve this goal, this research was characterized as a case study, in which we

performed a literature search and field research, the company Posto Solidar. There was the

application of two questionnaires: one in relation to the employer, Marcelo Pires, and the

other in relation to the employee, Willians José da Silva, who has a physical disability. Both

pointed visions and strategic ways to obtain solutions in the workplace in order to show the

importance and value of disabled citizens in the business market, which may further serve as

an example for other companies in the region. The final consideration of this research

indicates that the company demonstrates a profound awareness of human rights and

recognizes the importance of treating people with disabilities equal, breaking down the

barriers against prejudice and discrimination.

Keywords: Inclusion. Labor market. People with disabilities. Company Posto Solidar.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Proprietário Marcelo Pires ....................................................................................... 31

Figura 2: A nova Bandeira da empresa Posto Solidar ............................................................. 32

Figura 3: Consultoria Solidar, ações que desobjetam pessoas ................................................ 33

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Estimativas Pessoas com Deficiência por tipo, Brasil. (IBGE, 2012) ................... 18

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Tipos de deficiências auditivas ............................................................................... 19 Tabela 2: Tipos de deficiência visual ..................................................................................... 20 Tabela 3: Tipos de deficiência múltiplas ................................................................................ 20 Tabela 4: Tipos de deficiência mental .................................................................................... 20 Tabela 5: Pontos fortes e pontos fracos dos colaboradores com deficiência .......................... 36

SUMÁRIO

Introdução ............................................................................................................. 12

1. Referencial Teórico ....................................................................................... 15

1.1 Qual é o significado da inclusão? ............................................................................. 15 1.1.1 A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho ........................ 15

1.1.2 Lei Federal .......................................................................................................... 16

1.2 Dados sobre inclusão no mercado empresarial......................................................... 17

1.3 Tipos de deficiências ................................................................................................ 19 1.3.1 Deficiência Intelectual ........................................................................................ 21

1.4 Qual seria o nome correto para tratar o cidadão com deficiência? ........................... 21

1.5 Adequação na organização (Acessibilidade) ............................................................ 22 1.6 Gestão de pessoas com Deficiência: os direitos ....................................................... 23

1.6.1 Onde podem ser encontradas as pessoas com deficiência para serem inseridas no

mercado de trabalho?. ....................................................................................................... 23

1.6.2 Como deve ser feito a contratação das pessoas com deficiência? ...................... 24

1.6.3 Plano de Benefícios para pessoas com deficiência. ............................................ 25

1.6.4 Promover treinamento e capacitação no trabalho para pessoas com deficiência.

.............................................................................................................................26

1.6.5 Relacionamento .................................................................................................. 27

1.7 Análise de gestão de pessoas com deficiência na Organização................................ 27

1.7.1 Pontos fortes da análise ........................................................................................... 28

1.7.2 Pontos fracos da análise ........................................................................................... 28

2 Metodologia ................................................................................................... 29

3. Resultados e Discussão ................................................................................. 31

3.1 A História da Empresa Posto Solidar (Inserção) ...................................................... 31 3.2 A análise da Inclusão de Pessoas com deficiência da Empresa Posto Solidar ......... 33

4. Considerações Finais ..................................................................................... 38

Referências ........................................................................................................... 40

Apêndices ............................................................................................................. 44

Apêndice 1 – Questionário aplicado ao Proprietário ............................................................ 44

Apêndice 2 – Questionário aplicado ao Colaborador com Deficiência ................................ 47 Apêndice 3 – Quadro “Tipos de deficiências físicas” .......................................................... 50 Apêndice 4 – Quadro “Tipo de Deficiências Intelectuais” ................................................... 52 Apêndice 5 – Quadro sobre vantagens e benefícios para a empresa e para o colaborador .. 54 Apêndice 6 – Solicitação de Autorização ............................................................................. 55 Apêndice 7 – Licença para uso gratuito de direito de imagem ............................................ 56

Apêndice 8 – Licença para uso gratuito de direito de imagem ............................................ 57

12

Introdução

Nos últimos anos, várias vitórias foram conquistadas pelas pessoas com deficiência,

seja ela, física, mental, múltiplas, auditiva ou visual. Muitas dessas vitórias devem-se à

elaboração de leis de defesa aos direitos das pessoas com deficiência. Entre essas leis,

destacam-se a Lei Federal nº 8.213, de 24 de julho de 1991, da Previdência Social, que é

conhecida como Lei de Cotas, disposto no artigo 93 (JUSBRASIL, 1991) e a Lei nº 10.098

(2000 art. 2°/ I) que defende os direitos da acessibilidade. Além de leis, há também outros

tipos de ações que visam incentivar a conscientização e o comprometimento em tornar a

sociedade inclusiva e acessível, como o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência,

estabelecido no dia 3 de dezembro de 1982, pelas Nações Unidas no Brasil (2012). As

referidas Leis estabelecem diretrizes para a inserção ou reinserção dessas pessoas no mercado

de trabalho, visto que “em todo mundo, cresce a consciência de que a inclusão dessa[s]

pessoa[s] é uma questão ética, [de] cidadania e [de] redução de desigualdade social. Esse

processo, porém, exige a superação de barreiras e preconceitos arraigados.” (ETHOS, 2002, p.

6).

Sendo assim, todo o cidadão com deficiência tem o direito de ser inserido no mercado

de trabalho, podendo exercer uma função e ser renumerado pelo desempenho do seu trabalho,

afinal, “ter uma deficiência não faz com que uma pessoa seja melhor ou pior do que qualquer

outra, elas buscam a oportunidade de participar da sociedade” (RODRIGUES, 2007, p.16).

Desta forma, a inclusão de pessoas com deficiência não deve ser feita apenas para cumprir

com a legislação, mas o importante é que os gestores empresariais adotem uma consciência

ética, deixando de lado o preconceito e reconheçam que os deficientes também são capazes de

exercer suas funções com dedicação e de maneira bem sucedida.

Conforme o portal “entre em contrato” da Associação das pessoas com deficiência e

mobilidade reduzida de São Sebastião (2013), calcula-se que hajam aproximadamente 15.000

mil pessoas com algum tipo de deficiência na cidade de São Sebastião, ou seja, o número

representado é de 20%, sendo a população total de 73.942 em São Sebastião disposto no site

do IBGE/ 2013. Contudo, esta Associação não possui dados quantitativos em relação às

pessoas atualmente empregadas. Sendo assim, este trabalho justifica-se pela necessidade de

demonstrar a inserção de um número maior de pessoas com deficiência no mercado de

trabalho e promover referência para futuros estudos na área, propiciar melhorias nos

ambientes de trabalho que empreguem pessoas com deficiências e até mesmo estimular que

13

novos estudos sejam feitos no intuito de registrar e quantificar os dados e números referentes

à inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, o que poderia servir ao

planejamento do município.

O presente estudo tem por objetivo principal demonstrar e conscientizar os gestores

das empresas locais, principais captadores de mão de obra, por meio de um estudo de caso

que, as pessoas com deficiência podem trabalhar e que as empresas podem não

necessariamente cumprir somente cotas, ou obedecer às leis, mas sim dar oportunidades que

atendam aos limites dos deficientes físicos, além de contribuir para que estes desempenhem

seu papel no mercado de trabalho.

Cardim (2008) abordou o tema com objetivo de efetivar a importância junto à

sociedade para a inclusão de pessoas com deficiência nas empresas, sem a imposição de leis.

Já Rodrigues (2007), abordou pela perceptiva a criação do artigo 93 da Lei nº 8.213 de julho

de 1991 que estabelece cotas compulsórias a serem respeitadas pelos empregadores na

admissão de profissionais portadores de deficiências. Este trabalho, por sua vez, tem como

diferencial o foco na inclusão destas pessoas no mercado de trabalho, através do estudo de

caso feito na empresa Posto Solidar, situada na Praia da Cigarra, cidade de São Sebastião-SP.

A empresa Solidar é reconhecida por toda sociedade sebastianense, o que se torna um

diferencial competitivo entre as demais empresas, pois contribui na inclusão de pessoas com

deficiência, contrata, mantém, promove e reconhece seus potenciais e valores no

desenvolvimento do trabalho. Por isso, ao analisar esta empresa, esse estudo pode servir como

exemplo para as demais empresas da cidade de São Sebastião.

Entre os objetivos específicos, este estudo buscará verificar como está a inclusão de

pessoas com deficiência na respectiva empresa Posto Solidar e identificar como é o

relacionamento entre estes funcionários e o proprietário, podendo a empresa pesquisada ser

exemplo para as demais empresas da cidade.

Dado este contexto, tem–se então como problema encontrado a não inclusão de

pessoas com deficiência no mercado de trabalho, ou até mesmo as empresas que contratam

pessoas com deficiência só para cumprir a legislação; sendo assim, esse trabalho visa

responder à seguinte pergunta: Qual a reestruturação que precisa ser feita no ambiente de

trabalho para o recebimento de funcionários com algum tipo deficiência?

Além de admitir pessoas com deficiência para cumprir cotas, a maioria destas

empresas não estão totalmente adaptadas na estrutura da acessibilidade. Portanto estas

empresas precisam adaptar-se e oferecer melhores condições para que essas pessoas possam

desempenhar suas atividades, aplicando suas habilidades e desenvolvendo seus potenciais.

14

Para tanto, segue-se a necessidade de adaptações no ambiente de trabalho (móveis,

espaços, acessos, forma de comunicação, treinamento de outros empregados, etc.) e,

principalmente, a consideração técnica efetiva da real possibilidade de inclusão das pessoas

com deficiência em atividades que exijam total e integral higidez física1.

No primeiro capítulo apresenta-se o referencial teórico, que dá o embasamento a esta

pesquisa.

Já no segundo capítulo descreve-se a metodologia utilizada, esta pesquisa caracteriza-

se como estudo de caso realizado na empresa Posto Solidar, no qual serão utilizadas pesquisas

bibliográficas e de campo. O objetivo da pesquisa foi realizada do tipo exploratória, por meio

de entrevista e aplicações por dois questionários.

Os resultados e discussão encontram-se no terceiro capítulo, onde apresenta-se a

contribuição da empresa Posto Solidar na inclusão das pessoas com deficiência no mercado.

Por fim, o último capítulo corresponde às considerações finais, que apresenta a

conclusão e o desfecho deste trabalho.

1É hígido aquele que tem saúde. A expressão é muito adotada quando da certificação de profissionais de saúde

quanto ao estado de saúde física e ou mental de alguém, normalmente em exames adimensionais. Daí dizem que

alguém apresenta higidez física, higidez mental, ou seja, saudável fisicamente, ou saudável mentalmente, de

acordo com o DICIONÁRIO informal. 2009. Disponível em:

<www.dicionarioinformal.com.br/significado/inclusão/3775>. Acesso em: 22 abr. 2013.

15

1. Referencial Teórico

1.1 Qual é o significado da inclusão?

Segundo Dicionário Informal2 (2009) “a palavra inclusão vem do verbo Incluir, do

Latim Includere, do sentido etimológico significa conter em, compreender, fazer parte de ou

participar de.” Aplicando o sentido de inclusão ao mercado de trabalho, refere-se à igualdade

de oportunidades de emprego para que pessoas diferentes, que não deve ocorrer simplesmente

por obrigação da legislação, mas sim como oportunidade para que pessoas com deficiência

coloquem suas habilidades em prática, desenvolvam-se e atinjam seus objetivos.

1.1.1 A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Há alguns anos, pessoas com deficiência enfrentam problemas e desafios devido à

diversos fatores, entre os quais se destacam preconceitos, falta de informação adequada,

acessibilidade no espaço físico e problemas no relacionamento interpessoal, que significa o

convívio entre várias pessoas, nesse caso, o convívio que poderia ser encontrado em um

ambiente do trabalho.

A preocupação em garantir o direito de que todo cidadão seja respeitado e não venha a

sofrer nenhum tipo de preconceito na sociedade é uma das garantias a serem asseguradas na

Constituição Brasileira, a Lei fundamental e soberana da nação. Nela, define-se que

“constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: Promover o bem de

todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de

discriminação.” (CONSTITUIÇÃO, 1988, art. 3º/ IV).

Para garantir o bem e que todas as pessoas sejam respeitadas, sem distinções e

preconceitos, deve-se priorizar, acima das leis, a valorização da vida e aceitação das

condições e singularidades de cada indivíduo, conforme mencionado em uma pesquisa

divulgada no site O mundo da filosofia (2012):

2Fonte: DICIONÁRIO informal. 2009. Disponível em:

<www.dicionarioinformal.com.br/significado/inclusão/3775>. Acesso em: 22 mar. 2013.

16

É bom lembrar que as diferenças se fazem iguais quando colocadas num grupo que

as aceitem e as consideram, pois nos acrescentam valores morais e de respeito ao

próximo, com todos tendo os mesmos direitos e recebendo as mesmas oportunidades

diante da vida.

Para que isso ocorra no diz respeito à inclusão de deficientes no mercado de trabalho,

o primeiro passo deve ser deixar de lado o preconceito e reconhecer que as pessoas com

deficiência também possuem o mesmo direito de estar incluídas no mercado de trabalho, e

mais do que direito, possuem a capacidade e o potencial de exercer uma função no mercado

empresarial.

1.1.2 Lei Federal

Para contribuir com esse cenário, as empresas brasileiras, passaram a ser obrigadas

pela Lei Federal nº 8.213, de 24 de julho de 1991, da Previdência Social, também conhecida

como Lei de Cotas, disposto no artigo 93, disponível no site Jusbrasil (1991), onde determina-

se que:

A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2%

(dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários

reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:

I – (100) até 200 empregados...................................................................2%;

II - de 201 a 500........................................................................................3%;

III - de 501 a 1.000....................................................................................4%;

IV - de 1.001 em diante. ...........................................................................5%.

A lei em questão prevê que estas obrigações passam a ser válidas para todas as

empresas que possuírem em seu quadro de funcionários, mais de 100 empregados. Sendo

assim, de acordo com a legislação, elas são obrigadas a gerar vínculo empregatício de 2%

junto às pessoas com deficiência reabilitada (são pessoas que passaram nos processos de

17

identificações por causam da suas potencialidades para serem incluídas no mercado de

trabalho) ou habilitadas (são pessoas que possuem certificados de cursos, treinamentos ou

faculdades).

Citando o art. 133 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, o Ministro do Estado da

Previdência Social, conforme publicado na Rede Saci (2003)3, comentou que as empresas que

não cumprem o percentual de cota são multadas e denunciadas ao Ministério Público do

Trabalho, e o valor mínimo é de R$ 636,17 podendo chegar ao valor máximo de R$

63.617,35.

1.2 Dados sobre inclusão no mercado empresarial

Em vista dos fatos apresentados, observa-se a necessidade de que, mais do que encarar

a inclusão como uma obrigação prevista por lei, todos os proprietários e gestores empresariais

desenvolvam uma consciência baseada na ética e na inclusão das pessoas com deficiência no

mercado de trabalho, afinal, o cidadão que possui deficiência tem o mesmo direito de

desempenhar uma função e ter uma renumeração na inclusão do mercado de trabalho e cabe

ao empregador fornecer a sensibilização e motivação com o objetivo de orientar e capacitar

pessoas com deficiência no mercado de trabalho destacando suas potencialidades, habilidades

e competências independentes de suas limitações.

Um dos motivos para a adoção de tais medidas por parte do empregador está no fato

de que, conforme publicado no blog de Responsabilidade Social Empresarial, "buscar trazer a

diferença para dentro da empresa, combatendo o preconceito e reconhecendo a igualdade

essencial entre as pessoas, é uma atitude que faz parte da postura ética a ser adotada como

valor e prática nos negócios.” (MORAES, 2011). Mais do que os benefícios para os negócios,

porém, deve se dar prioridade à conscientização de que “a inclusão faz parte do compromisso

ético de promover a diversidade, respeitar a diferença e reduzir as desigualdades sociais”.

(ETHOS, 2002, p.6).

Segundo estimativas do site Nações Unidas no Brasil (2012), 650 milhões de pessoas

em todo o mundo - cerca de 10% da população mundial - apresentam algum tipo de

deficiência e 80% dessas pessoas vivem nos países em desenvolvimento, podendo ser

3 REDE Saci. Acessibilidade Física. 2003. Disponível em:

<http://saci.org.br/?modulo=akemi&parametro=8705>. Acesso em: 24 jan. 2013.

18

vizinhos ou até mesmo parentes na mesma população. Contudo, um levantamento realizado

nos Estados Unidos, também publicado no site Nações Unidas no Brasil (2012), revelou que

apenas 35% das pessoas economicamente ativas portadoras de deficiência estão de fato, em

atividade em contraste em 78% das pessoas sem deficiência.

Estes dados, em especial os que se referem à estimativa da população com deficiência

no Brasil, são relevantes no que diz respeito à inclusão de pessoas deficientes no mercado de

trabalho, considerando também o fato de que este número pode crescer dia após dia, em

decorrência de outros fatores, pois “as deficiências podem ser de nascença ou ter surgido em

outra época da vida em função de doença ou acidente. As lesões podem ocasionar deficiências

físicas, sensoriais ou intelectuais.” Gil (2002) apud Cardim (2008, p.14). Destacando as

deficiências causadas por acidentes, nota-se a tendência de que “as grandes cidades geram

dezenas de deficiências por ano, em acidentes de trânsitos e atos de violência.” Gonçalves

(2005) apud Cardim (2008, p.14). Tal fato que pode ser confirmado pelo gráfico de

estimativas das pessoas com deficiência no Brasil.

Gráfico 1: Estimativas Pessoas com Deficiência por tipo, Brasil. (IBGE, 2012).

No que diz respeito ao município de São Sebastião, há na cidade uma Associação das

pessoas com deficiência e mobilidade reduzida de São Sebastião (2013), que visa garantir os

direitos e interesses das pessoas com deficiência. De acordo com portal “entre em contrato”

dessa Associação, calcula-se que hajam aproximadamente 15.000 mil pessoas com algum tipo

de deficiência na cidade de São Sebastião, ou seja, o número representado é de 20%, sendo a

população total de 73.942 em São Sebastião publicado no site do IBGE/ 2013. Porém esta

Associação não possui dados quantitativos em relação às pessoas atualmente empregadas.

19

1.3 Tipos de deficiências

Antes de contratar uma pessoa com de deficiência, é importante que o cargo ou a

função que desempenha seja definido levando em conta suas condições e limitações. Isso

envolve um conhecimento prévio dos tipos de deficientes e as limitações por suas

deficiências. O portal Deficiente Online (1999) informa e faz uma breve descrição dos tipos

de deficiências, conforme pode ser observado nas informações disponíveis no Apêndice 3 p.

50, que contém o quadro “Tipos de deficiência física”. A seguir, serão descritas outros tipos

de deficiências.

Deficiência auditiva (também conhecida como surdez) é a incapacidade parcial ou total de

audição. Pode ser de nascença ou causada posteriormente por doenças.

Perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando de graus e níveis na

forma seguinte:

de 41 a 55 db - surdez moderada;

de 56 a 70 db - surdez acentuada;

de 71 a 90 db - surdez severa;

acima de 91 db - surdez profunda;

anacusia.

Tabela 1: Tipos de deficiências auditivas 4

4 Fonte: Tipo de deficiência Auditiva. Disponível em:<http://www.deficienteonline.com.br/deficiencia-auditiva-

tipos-e-definicoes___13.html>. Acesso em: 01 mar. 2013.

20

Deficiência visual é uma categoria que inclui pessoas cegas e pessoas com visão reduzida.

Na definição pedagógica, a pessoa é cega, mesmo possuindo visão subnormal, quando

necessita da instrução em braile; a pessoa com visão subnormal pode ler tipos impressos

ampliados ou com auxílio de potentes recursos ópticos

Tabela 2: Tipos de deficiência visual 5

Tabela 3: Tipos de deficiência múltiplas 6

Deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior á média, com

manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de

habilidades adaptativas, tais como:

Comunicação;

Cuidado pessoal;

Habilidades sociais;

Utilização da comunidade;

Saúde e segurança;

Habilidades acadêmicas;

Lazer;

Trabalho.

Tabela 4: Tipos de deficiência mental 7

5 Fonte: Tipo de deficiência visual. Disponível em:< http://www.deficienteonline.com.br/deficiencia-visual-

classificacao-e-definicao___14.html>. Acesso em: 01 mar. 2013.

6 Fonte: Tipo de deficiência múltipla. Disponível em:<http://www.deficienteonline.com.br/deficiencia-multipla-

tipos-e-definicoes___16.html>. Acesso em: 01 mar. 2013.

7 Fonte: Tipo de deficiência mental. Disponível em:<http://www.deficienteonline.com.br/deficiencia-mental-

tipos-e-definicoes___15.html>. Acesso em: 01 mar. 2013.

As pessoas com deficiência múltipla são aquelas afetadas em duas ou mais áreas,

caracterizando uma associação entre diferentes deficiências, com possibilidades bastante

amplas de combinações. Um exemplo seriam as pessoas que têm deficiência mental e física.

A múltipla deficiência é uma situação grave e, felizmente, sua presença na população geral é

menor, em termos numéricos.

21

1.3.1 Deficiência Intelectual

De acordo com o site da APAESP (2013), a inclusão de pessoas com deficiência

intelectual deve ser realizada no mercado de trabalho porque elas têm os mesmos direitos que

os demais cidadãos, assegurados pela Constituição Federal do nosso país: direito à vida,

liberdade, igualdade, não discriminação, segurança, propriedade, educação, saúde, trabalho,

moradia, lazer, previdência e assistência social, entre outros. Contudo, alguns tipos de

deficiências podem limitar o funcionamento intelectual e algumas habilidades importantes

como a comunicação. Tais limitações são consequências de deficiências intelectuais, algumas

das quais estão descritas no quadro “Tipos de Deficiência Intelectual”, situado no Apêndice 4

p. 52 e 53 deste trabalho.

1.4 Qual seria o nome correto para tratar o cidadão com deficiência?

Além da preocupação com a acessibilidade e da inclusão das pessoas com deficiência

no mercado de trabalho, deve-se dar atenção à seguinte questão: Qual seria o nome correto

para tratar o cidadão com deficiência: pessoa portadora de deficiência, portador de

deficiência, pessoa com deficiência ou portadora de necessidades especiais? Para responder a

esta pergunta, que parece ser tão fácil, mas um tanto confusa serão analisados os comentários

de alguns autores sobre este assunto.

Com relação ao termo “portadores de necessidades especiais”, alguns autores como

Prest apud Cardim (2008, p.32, aspas do autor) defendem a ideia de que este termo é utilizado

para designar as pessoas que apresentam necessidades especiais devido à doença, deficiência

ou outra diferença significativa.

Oliveira et al. (2008, p.11, nosso grifo e aspas do autor) explica que o termo utilizado

na primeira nomenclatura foram “os inválidos”. Contudo, deixou de ser utilizado por assumir

um sentido pejorativo8 ou depreciativo

9, como que se referindo a “indivíduos sem valor”. Já

8 Fonte: DICIONÀRIO informal,2010. Disponível em:< http://www.dicionarioinformal.com.br/pejorativo/>.

Acesso em: 27 de abr. 2013. A palavra pejorativo que significa "tornar pior" (pessoas ou objetos).

22

no ano de 1960 o termo foi modificado para “os incapacitados” que dava a entender que se

tratava de um indivíduo sem capacidade de exercer uma função. Ainda outras terminologias

foram utilizadas, conforme a teoria de Sassaki (2003) apud Cardim (2008, p.32, grifo do

autor), “de 1960 até 1980 passou-se por três outras terminologias surgiram: a primeira,

defeituosos, depois deficientes e por fim excepcionais.”

De acordo com Oliveira et al. (2008, p. 12, nosso grifo):

“Pessoas com deficiência”, passa a ser o termo preferido por um número cada vez

maior de adeptos, boa parte dos quais é constituída por pessoas com deficiência.

Elas esclareceram que não são “portadoras de deficiência” e que não querem ser

chamadas com tal nome.

Isso pode ser exemplificado levando em consideração que, no dia 3 de dezembro de

1982, foi celebrado o dia Internacional das Pessoas com Deficiência, estabelecido pelas

Nações Unidas no Brasil (2012), tendo como objetivo promover a compreensão dos direitos

das pessoas com deficiência e os ganhos a serem obtidos a partir da integração de pessoas

com deficiência em cada aspecto da política, social, a vida econômica e cultural de suas

comunidades.

Assim o presente trabalho defende a nomenclatura “pessoas com deficiência”, por

motivo do empoderamento10

que é o uso do poder pessoal para fazer escolha e também pela

realização de conquista do seu próprio esforço, é um dos valores agregados às pessoas com

deficiência.

1.5 Adequação na organização (Acessibilidade)

Conforme Vitorino Filho et al. (2012, p.14), as empresas precisam estar adequadas às

condições de acessibilidade para os pessoas com deficiência, fazendo os ajustes necessários

9 Fonte: DICIONÀRIO informal, 2010. Disponível em:<http://www.dicionarioinformal.com.br/depreciativo/>.

Acesso em: 27 de abr. 2013. A palavra depreciativo significa aquilo que diminui o valor ou a virtude de alguém

ou algo. 10

Fonte:DICIONÁRIO informal, 2008. Disponível

em:<http://www.dicionarioinformal.com.br/empoderamento/>. Acesso em: 04 jun 2013. A palavra

empoderamento: significa conscientização; criação; socialização do poder entre os cidadãos; conquista da

condição e da capacidade de participação e inclusão social.

23

nos equipamentos, postos de trabalho e organização do layout para minimizar ou excluir os

possíveis riscos.

De acordo com o site as Leis nº 10.098 (2000, art. 2°/ I) trata do assunto

“Acessibilidade”, conforme descrito abaixo:

I – acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com

segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das

edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa

portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;

A acessibilidade é uma ferramenta muito importante na inclusão dos PCDs11

– pessoas

com deficiência no mercado empresarial, para facilitar o acesso. Conforme a rede Saci

(2003)12

:

Acessibilidade [física envolve a] possibilidade e condição de alcance para utilização,

com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das

edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa

portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Na concepção de Amoroso apud Cardim (2008, p. 21), a maior deficiência ocorre

quando a empresa não está apta ou não oferece condições de acessibilidade para inclusão de

pessoas com deficiência, pois não são as pessoas com deficiência que devem se adaptar ao

local de trabalho, mas a organização é quem deve estar preparada para esta situação. Portanto,

ao contratar uma pessoa com deficiência, o proprietário ou gestor tem que estar consciente da

necessidade de cumprir com os requisitos de acessibilidade, relacionados ao espaço físico, tais

como portas dos banheiros largos, rampas e também relacionado ao envolvimento de todas as

pessoas da organização em oferecer um bom comportamento e tratamento na inclusão de

pessoa com deficiência.

1.6 Gestão de pessoas com Deficiência: os direitos

1.6.1 Onde podem ser encontradas as pessoas com deficiência para serem inseridas no

mercado de trabalho?

11

PCDs: sigla pessoas com deficiência. 12

Fonte: Acessibilidade Física. Disponível em:<http://saci.org.br/?modulo=akemi&parametro=1740>. Acesso

em: 30 abr. 2013.

24

Segundo os autores Vitorino Filho et al. (2012, p. 13):

Existem vários caminhos para encontrar essas pessoas, através de sites de busca

exclusivo de deficiência, órgãos municipais que auxiliam na qualificação e inclusão

de pessoas com deficiência que tem interesse de trabalhar e lançam essas

informações para as empresas interessada em contratar e também a escola especial

como Assistência Social.

No município de São Sebastião, existe a Associação das pessoas com deficiência e

mobilidade reduzida, uma das entidades que tem por objetivo aproximar a empresa do

deficiente, tornando a contratação mais rápida e prática.

1.6.2 Como deve ser feito a contratação das pessoas com deficiência?

A contratação das pessoas com deficiência deve ser feita da mesma forma da

contratação de uma pessoa que não possui deficiência. O salário, os direito e deveres são os

mesmos, definidos segundo o cargo ou a função, respeitando sempre os limites da atividade

produzida dessas pessoas com deficiência.

Segundo Zechin (2003, p. 20) menciona os encargos sociais no Brasil, que também se

aplicam no caso da contratação de pessoas deficientes;

Obrigações Sociais

- Registro em carteira

- FGTS

- INSS e outros

Tempo não trabalhado

- 13º salário

- Férias

- Feriados

- Abono de Férias

25

- Auxílio enfermidade

- Despesas de Rescisão Contratual e outros.

1.6.3 Plano de Benefícios para pessoas com deficiência.

Muitas empresas adotam planos de benefícios no intuito de gratificar, recompensar ou

motivar seus colaboradores. Os benefícios, neste contexto, “constituem pagamentos

financeiros indiretos oferecidos aos funcionários. Incluem saúde e segurança, férias, pensão,

planos de educação, desconto do produto da companhia etc.” (CHIAVENATO, 2010, p. 340).

Outra definição mais abrangente para benefícios e que aponta a intenção do

empregador ao concedê-los está na afirmação de que “benefícios é uma forma de

remuneração indireta que visam oferecer aos colaboradores uma base ampliada para

satisfação de suas necessidades pessoais.” (ZECHIN, 2003, p. 29).

Conforme Zechin (2003, p. 29, grifo do autor), “os benefícios podem ser classificados

em dois tipos: Legais (obrigatórios por lei) e Espontâneos (concessão da empresa).”

Os benefícios legais para o autor são aqueles exigidos pela legislação

trabalhista, Previdenciária ou por Convenção Coletiva entre sindicados, por exemplo, 13º

salário, férias, aposentadoria, seguro de acidente de trabalho, auxílio doença, horas extras,

adicional por trabalho noturno e outros.

Os benefícios espontâneos são aqueles concedidos por liberdade da empresa,

já que não são exigidos por lei nem por negociação coletiva, como por exemplo, seguro de

vida em grupo, convênio médico, refeição, transporte, empréstimos, gratificação por tempo de

serviços e outros. Essa proposição será demonstrada como sugestão no item Resultados e

Discussão. (ZECHIN, 2003, p.30).

Algumas empresas oferecem somente os benefícios legais, enquanto outras oferecem

benefícios legais e espontâneos; certamente esta segunda pode gerar vantagens na

produtividade de seus trabalhadores.

As definições do autor Zechin (2003, p.30), segue no Apêndice 5, que contém o

quadro sobre as vantagens e os benefícios da empresa e dos colaboradores, quando são as

empresas empregadoras estabelecem e cumprem o que foi proposto em seu plano de

benefícios.

26

1.6.4 Promover treinamento e capacitação no trabalho para pessoas com deficiência.

Atualmente, mais da metade das empresas brasileiras têm dificuldade para encontrar

colaboradores com qualificação compatível com os cargos oferecidos. Conforme matéria

disponibilizada no site Matéria Prima (2011), basicamente, em quase todas as áreas, há

carência de profissionais. Por isso, muitas vezes a empresa precisa desenvolver ou qualificar

seus funcionários antes mesmo de que este passe a desempenhar a função. Contudo, este

processo de aprendizagem e desenvolvimento deve ser constante, conforme afirma a

psicóloga especialista em Recursos Humanos, Neiva Bilhar no site Matéria Prima (2012):

As empresas que não estimulam nem investem na capacitação de seus profissionais

estão fadadas ao fracasso, pois o processo de capacitação é algo contínuo para

aprimorar habilidades e adquirir novos conhecimentos, ou seja, para manter os

colaboradores e, também, a empresa atualizados.

Portanto, o treinamento e a capacitação aplicada na organização revelam e aprimoram

talentos, bem como conhecimentos e habilidades. E quem ganha é a empresa empregadora.

Sendo assim, as empresas devem dar treinamento às pessoas com deficiência para prepará-los

para eventos futuros, que trarão fortes impactos sobre a região e o país, tais como ampliação

do Porto de São Sebastião, Copa de 2014 e a Olimpíadas de 2016. Se tais medidas forem

adotadas, as equipes estarão preparadas para atender todos os clientes com competência, da

maneira mais eficiente e eficaz.

Enfatizando a importância da capacitação dos colaboradores, Gil (2008) destaca que as

organizações estão inseridas em um ambiente dinâmico que exige delas ações voltadas à

capacitação contínua das pessoas, a fim de torná-las mais eficazes naquilo que fazem.

Tal capacitação envolve o treinamento, que, de acordo com o mesmo autor,

corresponde a “um processo educacional de curto-prazo e que envolve todas as ações que

visam deliberadamente ampliar a capacidade das pessoas para desempenhar melhor as

atividades relacionadas ao cargo que ocupam na empresas.” (GIL, 2008 p. 122).

Outro entendimento para treinamento, neste contexto, é exposto por Zechin (2003,

p.32):

Treinamento é um processo de ensino usado pelas empresas para possibilitar a

aquisição de habilidades (conhecimento) e comportamentos (atitudes), que

proporcionam melhor desempenho profissional de seus funcionários.

27

O objetivo de planejar e executar o treinamento para os colaboradores, segundo

Chiavenato (2010), é proporcionar talentos com conhecimento e habilidades necessárias aos

seus cargos. Nota-se que as grandes empresas, como McDonald’s, Toyota, Ford, Johnson &

Johnson investem muito em treinamentos para capacitar os seus funcionários. Desta forma,

seus funcionários sempre estão preparados para atender à necessidade da empresa e de seus

clientes. Empresas consideradas bem sucedidas possuem consciência disso pois, “investem

pesadamente em treinamentos para obterem um retorno garantido. Para elas, treinamento não

é despesa, mas um precioso investimento seja na organização como nas pessoas que nela

trabalham.” (CHIAVENATO apud VITORINO FILHO et al. 2012 p. 9,10).

1.6.5 Relacionamento

As empresas precisam preparar seu público interno para receber os colaboradores com

deficiência. Segunda teoria de Gil apud Cardim (2008, p. 29), a melhor estratégia para o

sucesso profissional da pessoa com deficiência consiste em inteirá-las com os demais

funcionários, parceiros e clientes da empresa. Uma outra sugestão é “tratar com naturalidade

as pessoas com deficiência e não como doentes ou crianças”. (GIL apud CARDIM 2008, p.

29). Sendo assim, a obtenção de um bom relacionamento na inclusão desse cidadão no

mercado empresarial é primordial, deixando de lado preconceitos e a descriminações.

Dessa forma as pessoas com deficiência conseguem desempenhar suas atividades com

sucesso, ajudando no crescimento da empresa com seus conhecimentos e habilidades no

desenvolvimento do trabalho.

1.7 Análise de gestão de pessoas com deficiência na organização

Para obter conhecimento dos elementos da organização, bem como de seu

desempenho, as empresas precisam ser metódicas na análise interna do trabalho. Isso inclui,

por exemplo, análise passa a passo, de sistema à sistema, detalhadas no desenvolvimento da

produção. Desta forma, os gestores conseguem identificar qual seria o seu ponto fraco ou

ponto forte na linha de produção.

28

Um gestor metódico pode ser entendido, o Dicionário Informal (2007)13

, como “quem

faz tudo com muita organização, com métodos”. Assim, um gestor metódico têm o cuidado de

obter os dados, organizá-los, analisá-los e utilizá-los na tomada de decisões referentes à

empresa. Pode ser que ainda tenha o interesse de guardar as informações obtidas por meio

destes dados, a fim de que possa utilizá-las no futuro.

1.7.1 Pontos fortes da análise

No site Sobre Administração, o autor Henrique (2010) explica que os pontos fortes ou

força de uma organização “descreve quais as competências mais fortes da sua empresa,

aquelas que estão sobre sua influência.” Na análise dos pontos fortes dos colaboradores com

deficiência, são identificados vários pontos positivos, como por exemplo, o fato de que esses

funcionários sempre estão com disponibilidade para aprender e colocar em prática a mão de

obra na produção; também é identificado o domínio da simpatia no atendimento ao público

sempre presente e para estes, não costuma faltar no emprego. Essa proposição será

comprovada nos Resultados e Discussão.

1.7.2 Pontos fracos da análise

Ainda de acordo com Henrique (2010), análise dos pontos fracos “fraquezas” dentro

de uma organização também é importante, pois revela na referência idem anterior, “as

competências que estão sobre sua influência, mas que, de alguma forma, atrapalham e/ou não

geram vantagem competitiva”. São os fatos que podem atrapalhar no desenvolvimento da

produção, no caso dos colaboradores com deficiência, pode ser considerado o fato deles não

estarem habilitados a exercer determinadas funções.

Conforme os dados apontados no Referencial Teórico, este assunto será retomado no

item Resultados e Discussão, a fim de demonstrar a conclusão das ideias aqui mencionadas.

13

DICIONÁRIO informal. 2007. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/metódico/>. Acesso

em: 21 abr. 2013.

29

2 Metodologia

Para atingir o objetivo principal desse trabalho de graduação, que é demonstrar e

conscientizar os gestores das empresas locais, principais captadores de mão de obra, que as

pessoas com deficiência podem trabalhar e que as empresas podem não necessariamente

cumprir somente cotas, ou obedecer às leis, mas sim dar oportunidades que atendam aos

limites dos deficientes físicos, além de contribuir para que estes desempenhem seu papel no

mercado de trabalho, esta pesquisa caracteriza-se como estudo de caso realizado na empresa

Posto Solidar, no qual serão utilizadas pesquisas bibliográficas e estudo de caso.

A partir dessa metodologia foi iniciado um levantamento bibliográfico, que para

Andrade (2009, p.27), “a identificação das fontes bibliográficas pode ser iniciada pela

consulta de obras que propiciam informações gerais sobre o assunto: enciclopédias, manuais,

dicionários especializados etc.” Já para Manzo citado por Marconi; Lakatos (2011, p.57) “a

bibliografia pertinente oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já

conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram

suficientemente.”

Quanto aos objetivos da pesquisa, foi realizada a pesquisa do tipo exploratória, para

Andrade (2010, p. 112), capaz de “proporcionar maiores informações sobre determinado

assunto; facilitar a delimitação de um tema de trabalho.”

Já para Marconi; Lakatos (2011, p.71), a pesquisa tipo exploratória são:

Investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é formulação de questões ou de um

problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do

pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno para a realização de uma pesquisa

futura [...].

No caso da presente pesquisa essa situação está relacionada ao tema inclusão de

pessoas com deficiência no mercado de trabalho, que não deve ser feita apenas para cumprir a

legislação, mas sim tendo conscientização ética de inseri-las a este ambiente, a fim de

oferecê-las melhores condições e acessibilidade ao trabalho.

Em seguida, é realizado o estudo de caso na empresa Posto Solidar, localizada na praia

da Cigarra, cidade de São Sebastião-SP. Conforme a teoria de Triviños (1990) apud Faria et al

(2008, p.37), “o estudo de caso tem por objetivo a obtenção de conhecimento aprofundado de

uma realidade delimitada.”

30

A pesquisa de campo, de acordo com Marconi; Lakatos (2011, p.69), tem como

objetivo ”conseguir informação ou conhecimento acerca de um problema para qual se procura

uma hipótese que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações

entre ele”.

Realizada essas etapas, o estudo do referencial teórico fala sobre a influência de como

deve ser feita a inclusão e o valor da participação desse cidadão no ambiente do trabalho, a

fim de comparar entre antigo e proposto na inclusão de pessoas com deficiência, sem que haja

apenas pela imposição da legislação, mas sim pela conscientização ética deixando de lado o

preconceito e reconhecendo o verdadeiro potencial da mão-de-obra das PCDs no mercado

empresarial.

As entrevistas foram focalizadas, quando necessário o pesquisador tem liberdade de

fazer as perguntas significantes, a fim de obter dados relevantes e fiéis. De acordo com

Marconi; Lakatos (2011, p. 82), “entrevista focalizada [de] um roteiro de tópicos relativos ao

problema que se vai estudar e o entrevistador tem liberdade de fazer as perguntas que quiser.”

As entrevistas foram realizadas atrás do Posto Solidar, no restaurante Frango Assado, porém

essas entrevistas foram realizadas pessoalmente e o ambiente estava bem tranquilo.

Os questionários foram feitas de formas abertas que permitem ao informante

responder livremente, usando linguagem própria e emitir opiniões, apontadas por Marconi;

Lakatos (2011, p. 89), houve a aplicação de dois questionários: um relacionado ao

empregador Marcelo Pires (Apêndice 1), contendo doze questões, e outro ao colaborador

Willians José da Silva, com treze questões (Apêndice 2), ambos apontaram visões e formas

estratégicas para obter soluções no ambiente de trabalho e mostrar a importância deste

cidadão no mercado empresarial, o que pode futuramente servir como exemplo para outras

empresas da região.

As perguntas contidas nos questionários, anteriormente descritas, referem-se

diretamente aos objetivos, principal e específico, do presente estudo, como por exemplo,

verificar como está a inclusão de pessoas com deficiência na respectiva empresa Posto Solidar

e identificar como é o relacionamento entre estes funcionários e o proprietário, podendo a

empresa pesquisada ser exemplo para as demais empresas do município.

Portanto, com a realização da pesquisa de campo por meio dos questionários, foi

possível identificar a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, na

referida empresa citada acima, inclusão que não foi feita com a imposição da legislação, mas

sim pela conscientização ética do proprietário Marcelo Pires em oferecer oportunidades e

melhores condições para estas pessoas desempenhar no mercado de trabalho.

31

3. Resultados e Discussão

3.1 A História da Empresa Posto Solidar (Inserção)

Segundo entrevista realizada no dia 08 de Março de 2013, com o dono da empresa

Posto Solidar (nome da empresa, que é objeto deste estudo) revelou em sua entrevista que já

morou alguns anos nos Estados Unidos e que abandonou uma carreira executiva de sucesso

em uma empresa Multinacional para voltar a morar no Brasil.

Figura 1: Proprietário Marcelo Pires

Em 2001 ele encontrou com Roberto Tranjan e Silvio Bugelli, que são idealizadores

do curso Metanóia (um programa voltado à educação de líderes empresariais). O processo do

curso metanóico ajudou Marcelo a resgatar uma lembrança de infância relacionada ao

tratamento carinhoso que seu pai teve com o vizinho Ronaldo, que tinha uma deficiência

física. Naquela época ele convivia muito com o seu vizinho e então percebeu o quanto suas

ações poderiam fazer a diferença na vida das pessoas. Esta viagem no tempo contribuiu para o

Marcelo ter a consciência da essência de sua missão de vida.

No dia 02 de abril do ano de 2002, ele inaugurou sua empresa, o Posto de Serviço

EcoBrasil, situado a Avenida Armando Datino, nº 2.087, na Praia das Cigarras, no município

São Sebastião, Estado de São Paulo. A empresa contava com 11 funcionários, dois deles eram

portadores com deficiência. Já em 2007, o Posto EcoBrasil dava adeus ao cenário da inclusão

e foi inaugurada uma nova Bandeira, a empresa Posto Solidar, no qual reforçou seus valores

32

em relação à humildade e simplicidade, justiça, igualdade, amor ao próximo, solidariedade e

excelência.

Figura 2: A nova Bandeira da empresa Posto Solidar

Com esse objetivo, o empresário percebeu que incluir pessoas com deficiência é mais

do que cumprir uma lei de cota; é uma missão de vida, deve ser feita por amor. Para ele, essas

pessoas têm muito valor e sua inserção no mercado de trabalho é primordial para que a real

inclusão social seja feita.

O proprietário então criou a consultoria Consolidar que passou a ser o primeiro passo

sobre a inclusão e a empresa Posto Solidar um exemplo de modelo na inclusão das PCDs no

mercado empresarial.

A Consultoria Solidar (Consolidar), divulga o seu trabalho sobre a inclusão de pessoas

com deficiência no mercado comercial, não especificamente só para os postos de Gasolina,

como também para outros ramos de trabalho, destacando-se também entre lojas, restaurantes e

supermercados, a fim de projetar as pessoas com deficiência no mercado de trabalho,

desobjetando-as14

, a fim de promover a conscientização entre os empresários da região ao fato

de que pessoas com deficiência são colaboradores com capacidade de exercer trabalho e

funções iguais às demais pessoas, conforme destacado pelo proprietário do posto, Marcelo

Pires.

A Consultoria Solidar também esta ampliando seus horizontes e campos de trabalho

mostrando sua real ideia, a de que precisamos das PCDs e que merecem o nosso total apoio

como pessoas e não como pessoas deficientes. O proprietário apoia essa iniciativa e continua

esse trabalho com muita dedicação.

14

Conforme proprietário Marcelo Pires a palavra “desobjetando” significa tornar a visão dos empresários sobre

as pessoas com deficiência de que não são “objetos” e sim colaboradores com capacidades iguais, desta forma

passando de “pessoas – objetos” para “pessoas – colaboradoras”.

33

Figura 3: Consultoria Solidar, ações que desobjetam pessoas

3.2 A análise da Inclusão de Pessoas com deficiência da Empresa Posto Solidar

Considerando a Lei Federal nº 8.213, de 24 de julho de 1991, a empresa Posto Solidar

não está enquadrada como uma empresa que possua a obrigação de contratar colaboradores

com deficiência. Isso acontece pelo fato de que a Lei 8.213/91 estabelece que as empresas de

100 (cem) até 200 (duzentos) empregados são obrigadas a preencher de 2% (dois por cento)

dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência. Segundo

Marcelo Pires proprietário da empresa Solidar não quis revelar a quantidade de números de

funcionários, por motivo de que ele não considera funcionários como números, mas sim

colaboradores com competências. Entretanto, o Posto Solidar, que é uma empresa com bem

menos de 100 funcionários, possui mais de 50% de colaboradores com deficiência. Portanto

isso é uma clara evidência de que para a Solidar, a motivação para contratar deficientes não é

a obrigatoriedade, mas priorizar, acima das leis, a valorização da vida e aceitação das

condições e singularidades de cada indivíduo.

Outra evidência disso está no fato de que a empresa não recebe nenhum tipo de

benefício ou incentivo por parte do Governo para admitir este número de pessoas com

deficiência. Após ser perguntado sobre a existência de benefícios ou incentivos, Marcelo

respondeu que não há nenhum. A motivação principal é apoiar a causa e manter o padrão de

50% + 1 de pessoas com deficiência. A contratação desses funcionários foi devido à

conscientização de dar uma oportunidade para as pessoas com deficiência. Marcelo Pires

34

ainda afirmou que esta conscientização também deve ocorrer por parte de outros

administradores e gestores, que precisam reconhecer o grande potencial que os colaboradores

com deficiência podem trazer para o desempenho da empresa. Conforme analisado na

pesquisa teórica, isso envolve quebrar barreiras como preconceitos, falta de informação

adequada, acessibilidade no espaço físico e problemas no relacionamento interpessoal.

Muitas dessas barreiras foram ou estão sendo derrubadas no Posto Solidar. Pode-se

afirmar isso por meio dos resultados obtidos através do questionário aplicado a um dos

colaboradores da empresa. Por exemplo, entre as perguntas feitas, estava a questão

relacionada à estrutura do ambiente do trabalho. O próprio Marcelo Pires respondeu que,

atualmente, ainda faltam algumas adaptações. O colaborador enfatiza isso, dizendo que a

estrutura ainda não está 100% adaptada, mas cerca de 80%.

Ainda assim, o colaborador entrevistado afirma que o proprietário está consciente

destas adaptações e está sempre disposto a melhorar o ambiente de trabalho, pois sempre

observa quando o deficiente tem alguma dificuldade de subir em uma rampa ou quando algo

os incomoda. Um exemplo disso é a percepção do fato de que o estabelecimento estava com

rampas de difícil acesso, o que trazia muitas complicações, como por exemplo, os

colaboradores com cadeira de rodas não conseguem andar e nem se movimentar direito, com

medo de acontecer um possível acidente no local de trabalho. Mas, foram adotas medidas,

tanto que em uma reforma recente, ocorreu a adaptação de rampas na medida adequada para

colaboradores que utilizam cadeira de rodas. Tais ações visam atender ao requisito da

acessibilidade e minimizar ou até mesmo eliminar os possíveis riscos.

Além de adaptações, há o cuidado em manter um ambiente que favoreça o

relacionamento interpessoal e a motivação dos colaboradores. Uma das medidas adotadas

para isso é a realização de palestras de motivação e incentivo, e nisto, segundo o colaborador,

a empresa é 100%. Na entrevista com o colaborador, o mesmo mencionou que a empresa não

oferece benefícios, mas paga todos os direitos de um assalariado para seus funcionários. Uma

sugestão seria oferecer benefícios espontâneos. Conforme a teoria de Zechin (2003, p.29 e

30), os benefícios espontâneos são seguro de vida em grupo, convênio médico, refeição,

transporte, empréstimos, gratificação por tempo de serviços e outros. Desta forma este

benefício leva vantagem tanto para empresa como para o colaborador, por exemplo, para

empresa em sua produtividade e para o colaborador elevando seus ganhos.

A fim de promover um bom relacionamento com os colaboradores, o empresário

Marcelo Pires reconhece a importância da gestão de pessoas para o desenvolvimento da

empresa e para a promoção de um ambiente amistoso, que acaba sendo refletido para os

35

clientes. Para manter este ambiente, Marcelo procura estar interessado e atento, a fim de

identificar e solucionar possíveis problemas, por exemplo, quando um colaborador está

passando por situações difíceis ou algum constrangimento relacionado à discriminação. Além

disso, ao incluir os colaboradores com deficiência ele demonstra que sabe conviver com a

diferença e por meio desta convivência, desenvolver relacionamentos mais próximos. Deste

modo, um amor profundo e verdadeiro construído pelo respeito entre ambas as partes,

promove relacionamento mais abertos, o que facilita e melhora o relacionamento interpessoal.

O treinamento e a capacitação também contribuem para o desempenho dos

colaboradores. Toda a equipe de trabalho passa por um treinamento promovido pela empresa

Posto Solidar, através da equipe de consultoria Consolidar, que busca, entre outras coisas,

motivar sua equipe no atendimento ao público. A fim de prepará-los para um futuro que

contempla eventos como a ampliação do porto, copa de 2014 e a Olimpíadas 2016, uma

sugestão para a empresa seria oferecer um curso profissionalizante para motivar e preparar os

colaboradores que possuem o interesse de crescer dentro da organização. Isso pode se dar por

meio de um curso de Gestão Empresarial da FATEC São Sebastião, que inclusive, contém

aulas de inglês aplicadas ao ambiente empresarial durante os 6 semestres ou pagando e

incentivando os seus funcionários a fazer um curso em escolas de inglês ou faculdades e

cursos de administração.

Contudo, no que diz respeito às empresas do município, em geral, observa-se que a

situação é bem diferente no que diz respeito à mobilização e disposição de incluir deficientes

físicos em seu quadro de funcionários. Os dados fornecidos pela Associação de Pessoas com

Deficiência e Mobilização Reduzida de São Sebastião (2013), mostram que aproximadamente

15.000 mil pessoas possuem algum tipo de deficiência, mas não há dados quantitativos em

relação às pessoas atualmente empregadas.

Nota-se, então que há muitas pessoas precisam ser inseridas no mercado de trabalho e

que possivelmente aguardam uma oportunidade. Contudo, dificilmente as pessoas com

deficiência são contratadas por empresas da região. É possível que esta seja uma das razões

para que não houvesse interesse em quantificar o número de cidadão com deficiência

empregada e residente no município.

Visto que grandes partes das empresas da região tratam-se de micro e pequenas

empresas. De acordo com o IBGE (2010) citado por Rodrigues (2012 p.05), as estatísticas do

cadastro central de empresas revelam que o município possui 3.102 empresas ativas, das quais

97% são MPEs, com menos de 200 funcionários, é possível inferir que muitos empresários

não demonstram preocupação em contratar pessoas com deficiência pelo fato de que não

36

possuem, perante a lei, obrigação para fazê-lo. O Posto Solidar, por sua vez, serviu de

exemplo para mostrar que é possível mudar essa realidade, visto que a empresa tem no seu

quadro, funcionários com deficiência na proporção de 50% + 1 e funcionários sem deficiência

49%. É possível que esta seja uma tendência a ser adotada por algumas empresas da região,

tendo em vista que, conforme afirmação de Moraes (2011), a inclusão está entre as atitudes

que agregam valor e faz parte da prática nos negócios.

Este fato é extremamente relevante na prática empresarial. A competitividade entre as

empresas torna-se cada vez maior e mais intensa. Dessa forma, a inclusão de deficientes pode

destacar-se como um diferencial competitivo e tornar o Posto Solidar uma empresa pioneira

na inclusão. Contudo, Marcelo destaca que sua motivação maior não é o diferencial

competitivo, mas um incentivo para os concorrentes sigam o exemplo de sua empresa em

insiram essas pessoas no mercado de trabalho. Na realidade, este é o objetivo da equipe de

Consultoria (Consolidar) que replica o modelo de gestão de inclusão SOLIDAR com o

propósito de transformar o trabalho em um despertar para vida, desenvolvendo a competência

de uma equipe apaixonada por servir e que se supera a cada dia.

Com isso, as empresas só têm a ganhar. A fim de identificar as possíveis vantagens e

desvantagens dessa iniciativa, foi analisado o ambiente interno da organização da empresa

Posto Solidar, por meio de uma análise feita pelo proprietário Marcelo Pires, na qual o mesmo

identificou e verificou os pontos fortes e pontos fracos dos colaboradores com deficiência,

conforme demonstrado a seguir:

Colaboradores com deficiência. Colaboradores com deficiência.

Pontos Fortes Pontos Fracos

• Trabalham com

disponibilidade.

• Nunca faltam no trabalho.

• Pontualidade na chegada.

• Nunca reclamam de nada.

• Sempre agradam aos clientes.

• Não estão habilitado a exercer

determinadas funções.

Tabela 5: Pontos fortes e pontos fracos dos colaboradores com deficiência.

37

Neste quadro de análise observa-se que o número de pontos fortes listados e elencados

é bem maior do que os pontos fracos mencionados. Com isso, demonstra-se a capacidade e o

potencial que os colaboradores com deficiência possuem para exercer uma função no mercado

de trabalho, desde que respeitem e tenham os limites impostos por sua deficiência respeitados.

Conforme o portal “entre em contato” da Associação das pessoas com deficiência e

mobilidade reduzida de São Sebastião (2013), existem em nosso município 20% de PCDs,

sendo a população total de 73.942 em São Sebastião divulgado no site IBGE/ 2013. Desta

forma, seria interessante se pelo menos 12% das PCDs tivessem a oportunidade de se

qualificar, estarem aptas para exercer uma função e ingressar no mercado de trabalho.

Percebe-se, portanto, que a inclusão das PCDs pode ser feita independente de

obrigações ou cotas impostas pela legislação. Isso fica evidente através do exemplo da

empresa Posto Solidar. A iniciativa desta empresa deve servir como um modelo para às

micros ou pequenas empresas do município que decidam “abraçar” a causa da inclusão destes

cidadãos no mercado empresarial.

38

4. Considerações Finais

Infelizmente, observa-se que ainda existem muitas empresas que contratam pessoas

com deficiência apenas para cumprir a lei de cotas. Uma inclusão verdadeira, porém, não é

feita sob a imposição de uma regra ou lei a ser cumprida, mas motivada por uma

conscientização ética por parte dos gestores e proprietários das empresas, visando oferecer

uma oportunidade para cidadãos com deficiência a fim de inseri-los no mercado de trabalho,

mesmo apresentando qualquer limitação física ou mental.

A pesquisa realizada no Posto Solidar, uma empresa que reflete uma profunda

conscientização dos direitos humanos e da igualdade que deve existir na maneira de tratar as

pessoas com deficiência, demonstra que é possível derrubar definitivamente as barreiras

contra preconceitos e discriminação, em especial dentro do ambiente empresarial.

Após a realização da pesquisa, percebe-se também que o Posto Solidar serve como

modelo de empresa que oferece ótimas oportunidades para os seus colaboradores com

deficiências. Embora ainda não esteja totalmente reestruturada com relação ao ambiente

físico, nota-se que providências estão sendo tomadas para realizar as adaptações do local, a

fim de minimizar os possíveis riscos. Além disso, observa-se que o ambiente encontrado na

empresa reflete o fato de que as pessoas com deficiência conseguem trabalhar com satisfação,

de uma forma mais descontraída, com produtividade e estabelecendo uma boa comunicação e

eficiência no atendimento ao público e no trabalho em equipe.

Conclui-se, portanto, que o Posto Solidar é uma empresa engajada na questão da

inclusão das PCDs no mercado de trabalho e que este estudo, que teve como objeto de análise

a empresa em questão, pode vir a contribuir para motivar e conscientizar gestores e

proprietários de outras empresas do município, a fim de que mais pessoas com deficiência

sejam incluídas no mercado e na sociedade.

Por fim, este trabalho oferece como possibilidade a oportunidade de oferecer uma

devolutiva à Associação das pessoas com deficiências e mobilidade reduzida de São

Sebastião, a fim de demonstrar a importância de cultivar e motivar atuais e futuros gestores da

região a seguir o exemplo da empresa estudada neste trabalho. Além disso, como perspectiva

futura para esta pesquisa, espera-se trazer à atenção o fato de que, devido à quantidade

considerável de pessoas com deficiência na cidade, é imprescindível a elaboração de novos

estudos que visem quantificar as oportunidades de emprego, bem como divulgar quais são as

39

outras empresas da região que tenham essas vagas a oferecer. Posteriormente, estes trabalhos

poderiam abrir oportunidades e motivar futuras pesquisas que quantifiquem o número de

pessoas deficientes incluídas no mercado de trabalho da região e que mencionem experiências

de deficientes que conseguiram alcançar estas oportunidades, o que poderia motivar e oferecer

melhores perspectivas para as pessoas que se encontram na mesma situação.

40

Referências

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ZECHIN, José Antônio. Sistema de ensino People: Recursos Humanos nas Empresas. Brasil:

People Computação Ltda, 2003.

44

Apêndices

Apêndice 1–Questionário aplicado ao Proprietário

Nome da Empresa: Posto Solidar

Nome do Empresário: Marcelo Pires

Idade: 44 anos

Estado Civil: Casado

Sexo: ( ) Feminino ( X ) Masculino

Formação Escolar: Ensino Superior Completo

1) Qual o número total de funcionários que compõe a sua empresa?

R: (não quis revelar a quantidade dos colaboradores).

2) Quantas pessoas com deficiência são empregadas na sua empresa?

R: O objetivo da empresa “Solidar” é sempre manter o padrão da inclusão de pessoas

com deficiência de 50% + 1.

3) Qual seria a razão da preferência na contração de pessoas com deficiências em sua

empresa?

R: As pessoas não descobriram ainda, o quanto uma pessoa com deficiência física,

auditiva, mental, múltiplas ou até visual pode ser útil no mundo. Pode ser até melhor do que

uma pessoa que não tenha nenhum tipo de deficiência.

4) A sua empresa contém algum benefício do Governo do Estado após a admissão dos

funcionários especiais?

R: Não, nenhum

5) Na sua empresa houve reestruturação no Ambiente do Trabalho para o recebimento

dos funcionários com deficiência? Qual seria o valor de estimativa dessa reestruturação na sua

empresa?

R: Continuamente, a empresa sempre vai se adaptando ao que dá se adaptar ao local

físico, às vezes nós (eu ou colaboradores) percebemos quando alguma coisa não está muito

45

boa, aí agente arruma o ambiente físico, os próprios colaboradores ajudam na reforma. O

valor de estimativa vai depender do local do estabelecimento, aqui o valor foi mais ou menos

de 15 mil, não dá pra calcular o valor exato, porque eu tive ajuda de muitas pessoas.

6) Sua empresa proporciona benefícios para capacitação profissional ou bônus para os

seus funcionários?

R: Curso profissionalizante não, mas o curso metanóico já foi disponibilizado para

eles, o curso é mais voltado a negócio de empresas focado no bom atendimento dos

colaboradores para os clientes.

7) Na sua empresa, como é o relacionamento no ambiente de trabalho?

R: O relacionamento com os meus colaboradores é uma riqueza, o mínimo que eu

posso fazer é tratar os meus colaboradores com amizade de irmão ou filho, como um pai,

tendo muito carinho, prestígio, e o reconhecimento do esforço do trabalho de cada pessoa.

Assim eu sei que eu estou fazendo o bem para humanidade e com certeza, com esse gesto de

carinho eu estou agradando a Deus.

8) A sua empresa oferece treinamentos específicos para os seus funcionários com

deficiência?

R: Metanóia.

9) A sua empresa possui gerente ou líder de seção que tenha algum tipo de deficiência?

R: Atualmente não, mas a empresa já teve vários líderes de seção, por exemplo,

gerente da loja, o Claudio que é cadeirante e o Sidnei cadeirante era gerente frentista, a

gerente do escritório, Luiza, também cadeirante.

10) Sua empresa possui convênios com órgãos ou instituição de ensino para promover a

capacitação das pessoas com deficiências. Explique qual seria?

R: Fazemos um plano de processo chamado metanóia, um programa voltado à

educação de líderes empresariais

46

11) Na sua empresa existem Palestras ou Treinamentos de Seguranças para os seus

funcionários?

R: Sempre que podemos temos palestras e, mais importante ainda, fazemos nosso

treinamento por conta da nossa empresa Consolidar que é uma consultoria que replica o

modelo de gestão de inclusão SOLIDAR com o propósito de transformar o trabalho num

despertar para vida, desenvolvendo a competência de uma equipe apaixonada por servir, que

se superar a cada dia.

12) No futuro, o que você pretende, ampliando a sua empresa na questão da contratação

das pessoas com deficiências?

R: Nosso trabalho é vinculado com essa causa, aonde a empresa levar o nome

“Solidar” para outras empresas, por exemplo, consultoria ou parceria a empresa vai manter o

padrão de 50% + 1 na contratação das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

47

Apêndice 2–Questionário aplicado ao Colaborador com Deficiência

Nome da Empresa: Posto Solidar

Nome: Willians José da Silva

Idade: 27 anos Sexo: ( ) Feminino ( X ) Masculino

Estado Civil: Casado Tem filhos ( ) não ( X) sim

Formação Escolar: 2ª grau completo

Profissão: Frentista Admitido em: 01/ 02/2008

1) Como você foi admitido e quanto tempo você têm na empresa?

R: Eu fui admitido através de um colega que é deficiente físico, quando ele falou do

trabalho do projeto do Posto e eu tenho seis anos que estou na companhia Solidar.

2) Como é a estruturação do ambiente do trabalho?

R: Na verdade na empresa faltam ainda algumas adaptações para serem finalizados,

mas o proprietário observa quando o deficiente tinha dificuldade de subir numa rampa um

pouco grande ou quando uma coisa incomoda as pessoas deficientes, com essa observação ele

está melhorando o ambiente do trabalho, ainda não está 100%, eu digo que está 80%. Mas

através de palestra, motivação de incentivo no trabalho aí, é 100% a empresa Solidar.

3) Qual seria o tipo de sua deficiência?

R: Física, “perna mecânica”.

4) Sua deficiência é de nascença, adquirida por doença ou adquirida por acidente?

R: Adquirida por acidente de moto.

5) Você recebe benefícios ou bônus nas empresas?

R: Beneficio ou bônus não, mas eu recebo um salário normal na empresa como todos

outros colegas de trabalho.

48

6) Você é gerente ou líder? Conhece alguma pessoa com deficiência que seja Gerente ou

Líder?

R: Não. Eu sou colaborador e trabalho na área como frentista. Mas conheço pessoas

deficientes que já foram gerentes, o Claudio que é cadeirante era gerente da loja e o Sidnei

cadeirante era gerente frentista, hoje é líder no escritório Luiza também cadeirante.

7) A empresa oferece treinamento ou curso de profissionalizante?

R: Na verdade a empresa não oferece cursos profissionalizantes no momento, mas ela

já pagou curso metanóico que era um curso muito caro, mas não é profissionalizante, é um

curso mais voltado a negócio de empresas e um bom relacionamento de colaboradores para

clientes, focado em um bom atendimento.

8) O seu Chefe ou Gerente reconhece o esforço do seu trabalho?

R: O Marcelo é uma pessoa muito boa, tem um bom coração ele é bem humilde e

sempre está preocupado com os seus colaboradores. Sempre com a humildade dele, ele acha

que está fazendo ainda pouco e sempre procura fazer algo a mais pela a equipe e quer passar

esse conhecimento para as demais empresas.

9) Você se sente incluído pelos seus colegas (pessoas que não são especiais ou com

deficiência) no trabalho?

R: Sim. Porque a maioria com quem eu trabalho possui alguma deficiência, e os meus

colegas de trabalho são bem esforçados, trabalham com equipe e bastante são dedicados,

nunca negam uma ajuda. E os colaboradores que não possuem deficiência são poucos,

trabalham na outra seção ou turno diferente, porque o Marcelo dá preferência para funcionário

com deficiência.

10) Na sua visão as empresas do Município de São Sebastião incluem bastantes

funcionários com deficiência?

49

R: Não. A empresa que eu conheço, é só a Solidar que oferece empregos para pessoas

com deficiência tem a outra também a prefeitura de São Sebastião, mas ela dá preferência

àquelas pessoas que têm deficiência leve, por exemplo, um dedo amputado, cego apenas de

um olho, o que não atrapalha tanto no trabalho. As demais empresas de São Sebastião, acham

que agente não tem capacidade de exercer a função direito, que isso possa trazer algum

problema no rendimento das atividades.

11) Você já sentiu ou sente algum tipo de discriminação ou preconceito em seu emprego

por parte de algum cliente?

R: Sim. Muitas vezes os clientes já pediram pra colocar água e óleo ou calibrar o pneu

do carro, e vê que eu sou uma pessoa deficiente e fala deixa que eu faço isso. Isso magoa

agente, eles acham que eu não tenho capacidade de fazer o meu trabalho ou acha que eu não

estou preparado para trabalhar naquele estabelecimento.

12) Quais são as dificuldades encontradas em seu dia-a-dia no trabalho?

R: A dificuldade que eu encontro no trabalho é não ter uma disponibilidade de

oferecer 100% para o cliente, eles não estão preparados para serem atendidos por pessoas com

deficiência.

13) A empresa faz ação social, por exemplo, alguma ação de solidariedade de conseguir

alguns benefícios para ajudar as pessoas com deficiência?

R: A empresa Solidar é conveniado com a Associação Rotary Club, na qual eles

entregam uma vez por mês uma cadeira de roda e uma porcentagem de gasolina aditivada

para as entidades para conseguir muletas, cadeiras de rodas, prótese e alguns utensílios para

pessoas com deficiência.

50

Apêndice 3 – Quadro “Tipos de deficiências físicas”

Deficiência Física: tipos e definições de deficiência física, refere-se à alteração

completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o

comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia,

paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia,

hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral,

membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas

e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções.

Tipo Definição

Paraplegia Perda total das funções motoras dos membros inferiores.

Paraparesia Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores.

Monoplegia Perda total das funções motoras de um só membro (inferior ou

posterior)

Monoparesia Perda parcial das funções motoras de um só membro (inferior ou

posterior)

Tetraplegia Perda total das funções motoras dos membros inferiores e

superiores.

Tetraparesia Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores e

superiores.

Triplegia Perda total das funções motoras em três membros.

Triparesia Perda parcial das funções motoras em três membros.

Hemiplegia Perda total das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito

ou esquerdo)

Hemiparesia Perda parcial das funções motoras de um hemisfério do corpo

(direito ou esquerdo)

Amputação Perda total ou parcial de um determinado membro ou segmento de

membro.

Paralisia

Cerebral

Lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso central, tendo como

conseqüência alterações psicomotoras, podendo ou não causar

51

deficiência mental.

Ostomia Intervenção cirúrgica que cria um ostoma (abertura, ostio) na parede

abdominal para adaptação de bolsa de coleta; processo cirúrgico que

visa à construção de um caminho alternativo e novo na eliminação

de fezes e urina para o exterior do corpo humano (colostomia:

ostoma intestinal; urostomia: desvio urinário).

Apêndice C: Tipos de deficiência Física. Fonte: Tipo de deficiência Física. Disponível em:

<http://www.deficienteonline.com.br/deficiencia-fisica-tipos-e-definicoes___12.html>. Acesso em: 01 mar.

2013.

52

Apêndice 4 – Quadro “Tipo de Deficiências Intelectuais”

Pessoas com deficiência Intelectual: são pessoas que se caracterizam por um

funcionamento intelectual (QI), por exemplo, associado a limitações adaptativas em pelo

menos duas áreas de habilidades (comunicação, auto cuidado, vida no lar, adaptação social,

saúde e segurança, usam de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas,

lazer e trabalho).

Tipos Definição

Síndrome de Down: São pessoas com alteração genética que ocorre na formação

do bebê, no início da gravidez, por exemplo, o grau de

deficiência intelectual provocado pela síndrome é variável, e

o coeficiente de inteligência (QI) pode variar e chegar a

valores inferiores a 40.

Síndrome do X-Frágil: São pessoas com alteração genética que provoca atraso

mental, por exemplo, a criança apresenta face alongada,

orelhas grandes ou salientes, além de comprometimento

ocular e comportamento social atípico, principalmente

timidez.

Síndrome de Prader-Willi: São pessoas com quadro clínico varia de paciente a paciente,

conforme a idade, por exemplo, no período neonatal (recém-

nascido), a criança apresenta severa hipotonia muscular,

baixo peso e pequena estatura.

Síndrome de Angelman: São pessoas com distúrbio neurológico que causa deficiência

intelectual, comprometimento ou ausência de fala, epilepsia,

atraso psicomotor, andar desequilibrado, com as pernas

afastadas e esticadas, sono entrecortado e difícil, alterações

no comportamento, entre outras.

Síndrome Williams: São pessoas com alteração genética que causa deficiência

intelectual de leve a moderada, por exemplo, a pessoa

apresenta comprometimento maior da capacidade visual e

espacial em contraste com um bom desenvolvimento da

53

linguagem oral e na música.

Apêndice 4: Tipos de deficiência Intelectual. Fonte: Tipo de deficiência Intelectual. Disponível em:

<http://www.apaesp.org.br/SobreADeficienciaIntelectual/Paginas/O-que-e.aspx>. Acesso em: 01 mar. 2013.

54

Apêndice 5– Quadro sobre vantagens e benefícios para a empresa e para o colaborador

Para a empresa Para o colaborador

• Eleva o moral dos funcionários. • Oferece conveniências não avaliáveis

em dinheiro.

• Reduz a rotatividade e o absenteísmo

(queda na qualidade do serviço

prestado).

• Oferece assistência disponível na

solução de problema pessoal e

familiar.

• Eleva a lealdade do funcionário. • Aumenta a satisfação no trabalho.

• Facilita o recrutamento e a retenção

do pessoal.

• Contribui para o desenvolvimento

pessoal e bem-estar individual.

• Aumenta a produtividade. • Reduz sentimentos de insegurança.

• Reduz distúrbios e queixas • Oferece compensação extra.

• Promove relações públicas com a

comunidade.

• Melhora a relação com a empresa.

Apêndice5: Vantagens e Benefícios para a empresa e para o colaborador. (ZECHIN, 2003, p. 30)

55

Apêndice 6– Solicitação de Autorização

56

Apêndice 7– Licença para uso gratuito de direito de imagem

57

Apêndice 8 – Licença para uso gratuito de direito de imagem