29
1 Faculdades de Campinas Curso de Economia Relatório Final de Monografia II A industrialização sul-coreana: o Governo e os Chaebol nas décadas de 1960 a 1990. Guilherme Sampaio Saba Campinas, novembro de 2010

A Industrialização Sul-coreana

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A Industrialização Sul-coreana

1

FFaaccuullddaaddeess ddee CCaammppiinnaass

Curso de Economia

Relatório Final de Monografia II

A industrialização sul-coreana: o Governo e os Chaebol nas

décadas de 1960 a 1990.

Guilherme Sampaio Saba

Campinas, novembro de 2010

Page 2: A Industrialização Sul-coreana

2

FFaaccuullddaaddeess ddee CCaammppiinnaass

Curso de Economia

Relatório Final de Monografia II

A industrialização sul-coreana: o Governo e os Chaebol nas

décadas de 1960 a 1990.

Guilherme Sampaio Saba

Relatório Final da disciplina Monografia II do Curso de

Economia das Faculdades de Campinas (FACAMP),

realizado sob a orientação da Profa. María Piñón Pereira

Dias.

Campinas, novembro de 2010

Page 3: A Industrialização Sul-coreana

3

“A inerência da vida é lembrar-se de esquecê- la.

Aos inerentes!”

Page 4: A Industrialização Sul-coreana

4

RESUMO

A República da Coreia apresenta-se como um exemplo exitoso de industrialização

tardia, no qual a conjunção de um Estado interventor e um modelo de grandes empresas fez

com que o país apresentasse acelerado crescimento nos níveis de renda per capita e viesse a

ocupar posição de destaque no mercado internacional. No entanto, o modelo adotado possuía

limitações que foram se explicitando com o desenvolvimento da economia capitalista sul-

coreana. Este artigo trata do processo de industrialização na Coreia do Sul no período de

1960 a 1995 – seu estabelecimento e maturação, da relação de proximidade entre os setores

privado e público, assim como os limites de tal modelo frente uma mudança na realidade

política e econômica no final dos anos 1980. Por fim, será tratada sua viabilidade em um

impulso de abertura de mercado nos anos 1990 e suas conseqüências que vieram a culminar

com o estouro de uma crise financeira que se abateu sobre o Leste Asiático no ano de 1997.

O primeiro item deste artigo delineia e descreve o modelo adotado e suas diretrizes

político-econômicas nas décadas de 1960 e 1970, abrangendo os processos de

industrialização básica e pesada. O segundo item trata dos anos 1980, do processo de

redemocratização e das ações tomadas pelo Governo para adequar-se à nova realidade sócio-

econômica do período, percorrendo a primeira metade dos anos 1990 e observando de que

modo as medidas governamentais nessa nova realidade contribuíram para aumentar a

sensibilidade do país a choques externos, especialmente a crise financeira asiática de 1997.

Este artigo foi formulado através de pesquisa bib liográfica em livros e periódicos sobre o

assunto, sendo utilizados trabalhos de autores como Amsden (1989), J. S. Chang (2003),

Wong (2004) e Song (2003).

PALAVRAS-CHAVE

Coreia do Sul, industrialização, chaebol, redemocratização, industrialização tardia,

desenvolvimento.

Page 5: A Industrialização Sul-coreana

5

ABSTRACT

The Republic of Korea is presented as a successful example of late industrialization in

which the conjunction of an interventionist state and a model of large companies has made

the country engage in accelerated growth, increase per capita income levels and occupy a

prominent position in the international market. However, the model utilized has limitations

that have become clearer with the development of South Korean capitalism. This article

discusses the process of industrialization in South Korea from 1960 to 1995 - its development

and maturation of the close relationship between the private and public sectors, as well as the

limits of such a model facing changes in political and economic reality in the late

1980s. Finally, it will question its feasibility in a push for market opening in the 1990s and its

consequences – culminating with the burst of a financial crisis that hit East Asia in 1997.

The first item of this article outlines and describes the model adopted and its po litical-

economic policies in the 1960s and 1970s, covering the processes of basic and heavy

industrialization. The second item is about the 1980s, the democratization process and the

actions taken by the government to adapt to the new socio-economic reality of the period,

covering the first half of the 1990s and observing how governmental measures have

contributed to increase the country‟s sensitivity to external shocks, especially the Asian

financial crisis of 1997. This article was formulated through research on books and

periodicals on the subject, and used the works of authors such as Amsden (1989), J. S. Chang

(2003), Wong (2004) and Song (2003).

KEYWORDS

South Korea, industrialization, chaebol, democratization, late industrialization,

development.

Page 6: A Industrialização Sul-coreana

6

SUMÁRIO

Introdução..........................................................................................................................6

Item 1: A tardia industrialização sul-coreana

1.1 As consequências da ocupação japonesa e a origem dos chaebol...................8

1.2 Os anos 1960 e os primeiros Planos Quinquenais........................................10

1.3 Os anos 1970: Terceiro e Quarto Planos Quinquenais..................................14

Item 2: Anos 80, redemocratização e pré-crise

2.1 Os anos 1980 e a redemocratização...............................................................18

2.2 Os anos 1990 até o pré-crise financeira.........................................................21

Considerações finais........................................................................................................25

Referências bibliográficas...............................................................................................26

Page 7: A Industrialização Sul-coreana

7

INTRODUÇÃO

A Coreia do Sul é um país que pode ser caracterizado como de industrialização tardia.

Amsden (1989) caracteriza tal grupo de nações como “um subconjunto de países em

desenvolvimento que iniciaram o século XX economicamente atrasados e cuja economia se

baseava em matérias-primas, ao passo que obtiveram um dramático aumento na renda per

capita nacional ao investir seletivamente na indústria” 1. Dentro deste grupo, a Coreia se

destaca, ao apresentar peculiaridades que resultaram em um exemplo bastante exitoso de

nação tardiamente industrializada. O traço em comum que todos os países tardiamente

industrializados apresentam, segundo Amsden (1989), é a industrialização tendo como base o

aprendizado – ou seja, utilização de tecnologia estrangeira ao invés de geração de novos

produtos ou processos – um fator diferencial do processo de industrialização de nações

previamente industrializadas.

Tratando-se de uma nação tardiamente industrializada, foi necessário um Estado

interventor e ativo que viesse a acelerar o desencadeamento do processo de industrialização e

desenvolvimento econômico, através de medidas disciplinadoras para com as empresas e o

estabelecimento de planos qüinqüenais que direcionavam o foco de investimento em áreas

tidas como essenciais a tornar o país competitivo no mercado internacional. Através de uma

conjunção entre tal Estado interventor e disciplinador e um modelo específico de indústria

selecionado como aquele a ser seguido (especificamente, o grande conglomerado, ou

chaebol, a ser discutido) e que gozava de ampla ajuda para promover seu crescimento, a

economia sul-coreana apresentou performance favorável, principalmente após o golpe militar

que levou o general Chung-Hee Park ao poder.

Como aponta E. M. Kim (1997), o direcionamento dos investimentos para setores

considerados estratégicos se mostrou essencial para o crescimento do setor privado e da

economia coreana como um todo:

1 “Late industrializat ion applies to a subset of developing countries that began the twentieth century in an

economically backward state based on raw materials, and dramatically raised national income per cap ita by

selectively investing in industry” (Amsden, 1989, prefácio).

Page 8: A Industrialização Sul-coreana

8

“No escopo de políticas desenvolvimentistas, o Estado oferece incentivos

para empresas investirem em setores designados pelo próprio. Esse Estado tem

capacidade de direcionar empresas em certos setores, mesmo quando estas estão

relutantes devido a projeções de mercado desfavoráveis, se este é capaz de

compensar os riscos oferecendo um substancial pacote de incentivo. Nesse caso, os

objetivos do Estado não são diferentes daqueles das empresas . Tanto o Estado

quanto as empresas querem que essas últimas floresçam e prosperem”. (E. M. Kim,

1997, pg. 32-33, tradução livre)2

Ademais, o autor assinala o caráter cooperativo entre os setores público e privado:

“A relação engendrada entre o Estado e as empresas tende a ser mais

cooperativa. Apesar de “chicotes” estarem envolvidos para forçarem a cooperação,

o Estado usa mais freqüentemente “cenouras” para atrair empresas. Duas coisas são

importantes aqui: o Estado e as empresas tendem a trabalhar em relações

cooperativas e o Estado direciona empresas a investirem em certos setores com

generosos pacotes de incentivo”. (E. M. Kim, 1997, pg. 33, tradução liv re) 3

S. J. Chang (2003) aponta que, de 1945 a 1980, o governo sul-coreano ajudou os

chaebol através de subsídios e medidas de proteção do mercado doméstico. Após 1980 e a

desregulamentação econômica, no entanto, estes internalizaram seus meios de financiamento.

Ao longo deste artigo, será discutida a relação de proximidade entre o setor público e

as grandes empresas sul-coreanas, em um processo de desenvolvimento embasado em

exportações e em uma política de baixos salários (garantindo assim competitividade). Serão

estudados os planos quinquenais, assim como o processo de crescimento e estabelecimento

dos chaebol, especialmente a partir da década de 1960. Ademais, serão discutidas as

mudanças na dinâmica da relação entre o setor público e as grandes empresas através das

décadas de 1960 a 1990, culminando com as bases para que o Estado coreano enfrentasse

dificuldades de adaptação à nova realidade democrática do momento, tornando-o, na década

de 1990, especialmente sensível a crises, como a que assolou o Leste Asiático em 1997.

2 “Under developmental policies, the state provides incentives for businesses to invest in state -designated

sectors. The state is able to lead businesses into certain sectors, even when businesses are reluctant to do so due

to poor market projections, if the state is able to offset the risks with a substantial incentive package. In this

case, the state´s goals are not dissimilar from the businesses‟. The state and businesses both want businesses to

flourish and prosper”.

3 “The relationship that is engendered between the state and businesses tends to be more cooperative. Although

“sticks” are involved to force cooperation, the state more often uses “carrots” to entice businesses. Two things

are important here: the state and businesses are likely to work in cooperative relations and the state leads

businesses to invest in certain sectors with generous incentive packages”.

Page 9: A Industrialização Sul-coreana

9

ITEM 1: A TARDIA INDUSTRIALIZAÇÃO SUL-COREANA

1.1 As consequências da ocupação japonesa e a origem dos chaebol

A ocupação japonesa da Coreia do Sul se deu no período entre 1905 e 1945: Amsden

(1989) aponta que esse foi um período que serviu de incubadora para um crescente

sentimento de nacionalismo que veio a ser importante para o estabelecimento de uma visão

da Coreia como nação única, e ajudou a posteriormente impulsionar o processo de

industrialização:

“[...] Contudo, na Coreia, o nacionalis mo achou um clima ideal no qual

crescer. Considerando que muitas outras colônias foram reunidas com unidades

geográficas que eram radical, tribal, ou relig iosamente distintas, a Coreia existiu por

séculos como uma nação de incomum homogeneidade lingüística, étnica e cultural.

Apesar de ter se passado quase um século para a idéia de nação-estado triunfar

sobre a realidade pretérita, estes primeiros movimentos de reforma são notáveis –

apesar de falharem no curto prazo – para uma visão de uma Coreia que era, em

última instância, responsável por avançar o processo de industrialização”. (Amsden,

1989, pg. 28, t radução livre)4

A autora observa ainda que a limitação de uma autoridade central é justamente algo

que posou como um dos maiores desafios do país através do século XX5. Além disso, ao

longo dos anos 1910 e 1920, o Governo japonês desfavorecia abertamente a indústria coreana

a favor da agricultura. Mesmo assim, uma restrita elite empreendedora surgiu; não usufruía

de qualquer tipo de assistência governamental, porém era uma classe numerosa o suficiente

para se firmar na elite sul-coreana. Seu tamanho, no entanto, não era comparável ao do

capital nipônico, e Amsden (1989) aponta que estes, ao instalarem uma indústria pesada em

território coreano a fim de preparar-se para a guerra, o fizeram na base de investimentos

provindos dos zaibatsu. S. J. Chang (2003, pg. 45) aponta que nesse período aos coreanos era

permitido somente se ocuparem com atividades de agricultura, mineração ou pequenos

4 “[…] Nevertheless, in Korea, nationalis m found an ideal climate in which to grow. Whereas many other

colonies were pieced together from geographical units that were radically , tribally, or relig iously distinct, Korea

had existed for centuries as a nation with an unusual homogeneity of language, ethnicity, and culture. Although

it took almost a century before the idea of the nation-state was to triumph over the previous reality, these early

reform movements are noteworthy – in spite of their short-term failure – for a vision of Korea that was

ultimately responsible for pushing industrialization through”.

5 Amsden (1989, pg. 30).

Page 10: A Industrialização Sul-coreana

10

negócios, ao passo que as sociedades comerciais nipônicas controlavam todo o restante do

comércio.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a rendição dos japoneses, houve a retirada

das tropas do território coreano. Apesar de um declínio nos níveis absolutos de padrão de

vida, o período de ocupação nipônica trouxe avanços e modernização em alguns setores

(como finanças e transportes), assim como uma nova capacidade de competir na base de

produção de manufaturados. Ademais, os níveis de investimento em educação eram elevados,

devido à prática nipônica de educação dos coreanos a fim de assimilá- los à sociedade

japonesa em níveis sociais mais baixos – algo que incitava a revolta entre os colonos6. É

importante assinalar também a criação de uma burocracia centralizada e modernizada e uma

relativa estabilidade econômica. No entanto, socialmente o país encontrava-se em frangalhos.

Amsden (1989) aponta que camponeses contrariavam donos de terra, ao passo que aqueles

que apoiavam o sistema colonialista contrariavam aqueles que o repudiavam.

E. M. Kim (1997, pg. 89) aponta ainda como alguns resultados do período colonial

japonês um Estado disciplinador e interventor e uma organização industrial semelhante aos

zaibatsu7. Segundo o autor, esses resultados vieram a moldar o caráter do Estado, dos

chaebol e de sua relação. S. J. Chang (2003) discute o país dividido resultante da retirada

japonesa e conseqüente guerra civil:

“[...] Após a retirada dos japoneses, no entanto, havia vazios institucionais.

Todos os sistemas legais, regulações, regras de negócios, e práticas que foram

estabelecidas e desenvolvidas pelos japoneses não mais existiam. O Estado coreano

em formação não era capaz de constituir instituições políticas, sociais e econômicas

com velocidade. Ademais, entre 1950 e 1953, a Guerra da Coreia d estruiu

praticamente toda a base industrial construída pelos japoneses e deixou a Coreia

dividida em dois países: a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. Enquanto ocupava a

Coreia, o Japão concentrou o desenvolvimento industrial ao norte do país, ao passo

que o sul era usado para o cultivo”. (J. S. Chang, 2003, pg. 46, tradução liv re) 8

6 Amsden (1989), pg. 33).

7 Os zaibatsu eram conglomerados industriais e financeiros japoneses que exerciam grande influência, situados

no cerne das atividades industriais e econômicas do Império Japonês . Tais grupos eram administrados por

famílias e possuíam h ierarqu ia bastante verticalizada. Ademais, prosperavam em plena época de depressão

mundial através de especulação financeira. Resquícios da estrutura de tais conglomerados ainda são observados

em algumas empresas e instituições modernas japonesas, assim como nos chaebol aqui estudados.

8 “[…] After the japanese left, however, there were institutional voids. All the legal systems, regulations,

business rules, and practices that were established and developed by the Japanese no longer existed. The

fledging Korean government was not able to build political, social, and economic institutions swift ly. Moreover,

between 1950 and 1953, the Korean War destroyed virtually the entire industrial base built by the Japanese and

left Korea d ivided into two countries, North Korea and South Korea. While it occupied Korea, Japan had

concentrated industrial development in northern Korea and used southern Korea to g row crops”.

Page 11: A Industrialização Sul-coreana

11

No entanto, o autor ainda aponta: “Apesar destes impedimentos, os chaebol tiveram

oportunidades de crescimento entre 1945 e 1960. Sem nenhuma instituição estabelecida,

muitas importantes decisões do Governo foram tomadas por um punhado de pessoas. Um

evento que facilitou grandemente o desenvolvimento dos chaebol foi a venda dos ativos de

posse anterior do Governo e firmas japonesas9”.

O período após a Guerra da Coreia (a segunda metade da década de 1950) marcou a

busca do Governo coreano por ajuda externa, buscando a reconstrução. Syngman Rhee, o

primeiro presidente eleito no país, contava com essa ajuda de modo fundamental, pois a única

outra fonte de financiamento do Governo na época provinha do comércio de recursos naturais

(como tungstênio e ouro). Ademais, o won era inconversível e a alocação de capital em

moedas estrangeiras se dava somente àqueles de posse de uma licença de importação. Na

busca de apoio econômico estrangeiro, a política macroeconômica do período Rhee, aponta

Amsden (1989, pg. 39), utilizava de baixas taxas de juros, cambio valorizado, um déficit

orçamentário financiado por empréstimos do Banco Central quando as receitas provindas dos

juros não eram suficientes, assim como o financiamento de crédito de bancos comerciais ao

setor privado por parte do Banco Central.

O período Syngman Rhee marcou o surgimento de importantes chaebol como

Samsung, LG e SK. No entanto, foi também marcante a corrupção generalizada, que levou à

queda de Rhee10. As relações entre os chaebol e o Governo eram de proximidade; no entanto,

ligações políticas entre membros dos conglomerados e membros do Governo resultava em

alto crescimento e distribuição desigual dos rendimentos, resultando em grande concentração

de capital. Essas empresas de rápido crescimento no período buscavam ampliação em

qualquer setor que fosse rentável, explicitando uma característica fundamental dos chaebol: a

diversificação em setores não relacionados.

9 “Despite these impediments, chaebols did have opportunities to grow between 1945 and 1960. Without any

institutions set up, many important government decisions were made by a handful of people. An event that

greatly facilitated the development of chaebols was the sale of the assets owned by Japan‟s government and

firms” (S. J. Chang, 2003, pg. 46, tradução livre).

10S.J. Chang (2003, pg. 47).

Page 12: A Industrialização Sul-coreana

12

1.2 Os anos 1960 e os primeiros Planos Quinquenais

Com o declínio do governo Rhee no ano de 1960 (através de uma Revolução

Estudantil11) e após um breve período de governo democrático, um golpe militar foi mestrado

no dia 16 de maio de 1961 por Park Chung-Hee, um militar de origem simples e cuja

justificativa de legitimidade provinha de uma priorização do desenvolvimento econômico.

Foi estabelecido ao longo da década um Estado desenvolvimentista e fortemente interventor,

ao passo que E. M. Kim (1997) aponta que “as mudanças nos anos 1960 foram claramente

lideradas pelo Estado”12.

É importante destacar a importância da influência americana na performance

econômica coreana, ao passo que após a guerra civil, a Coreia do Sul tornou-se baluarte do

capitalismo no leste asiático: devido à ameaça comunista representada por países próximos

como Coreia do Norte e China, os EUA empreenderam em maciços volumes de ajuda

financeira e militar. Isso facilitou o desempenho da economia coreana, ao passo que esta não

dependia de IEDs por parte de empresas privadas, o que viria a limitar a austeridade em

relação a onde investir.

Tendo escolhido as exportações como motor do crescimento econômico no período,

embasado em um modelo de grandes conglomerados industriais atuando em diversos setores

distintos, o Governo Park criou os Planos Q uinquenais, ministrados pela Diretoria de

Planejamento Econômico (Economic Planning Board, ou EPB). Durante esse drive

desenvolvimentista, a Diretoria de Planejamento Econômico se tornou o mais importante

ministério do governo na coordenação do desenvolvimento econômico, sendo montado a

partir da junção de variados setores e departamentos de planejamento presentes na estrutura

burocrática governamental, como aponta E. M. Kim (1997). Segundo Whang (1991, pg. 87),

eram quatro os principais mecanismos de intervenção da autoridade planejadora: o orçamento

nacional, empresas públicas, regulação, e incentivos. O orçamento nacional passava pelo

crivo do general Park antes de ser implementado, e o pragmatismo praticado facilitou a

11

A Revolução Estudantil de abril de 1960 fo i um levante por parte de grupos estudantis e trabalhistas que veio

a resultar na deposição de Syngman Rhee. O estopim para tal Revolução se deu quando foi descoberto no porto

de Hasan o corpo de um estudante morto durante reivindicações contra as eleições de março daquele ano.

12 “[...] the changes in the 1960s were clearly led by the state.” E.M. Kim (1997, pg. 97).

Page 13: A Industrialização Sul-coreana

13

implementação de políticas sem estarem viesadas a nenhum interesse ideológico particular.

Diretrizes eram formuladas de acordo com as ambições de cada Plano Quinquenal por alguns

ministros e não refletiam a opinião pública, e a concentração do poder decisório por parte do

Governo facilitava uma mais rápida tomada de decisões por parte da burocracia

governamental, além de ajustar com maior flexibilidade o direcionamento de políticas em

andamento13.

As empresas estatais incorriam em investimentos em indústrias básicas, obras de

infra-estrutura intensivas em capital, além de auxiliar no estabelecimento de negócios

empresariais de grande escala, e suporte a empresas substituidoras de importações de modo a

melhorar o balanço de pagamentos (Whang, 1991, pg. 88). A regulação e os incentivos

provavam-se importantes, pois em conjunto ajudavam a ditar os rumos tomados pelos

chaebol de modo que, dentro de um ambiente econômico controlado, o fornecimento de

incentivos a estes ajudava a direcionar investimentos em áreas que o Governo considerava

importantes (em concordância com o Plano em vigência) de modo mais eficiente e rápido.

O primeiro dos Planos Qüinqüenais, anunciado em janeiro de 1962, dizia respeito à

construção de uma infra-estrutura eficiente e à promoção de uma estratégia de substituição de

importações. Esta última, com o objetivo de eliminar a cultura rentista proveniente da década

de 1950 e da enorme dependência do país de ajuda estrangeira no período14.

O objetivo de longo prazo era o de tornar a Coreia do Sul uma economia independente

– no sentido de independência de ajuda externa para levar o desenvolvimento adiante, não

isolamento do restante da economia global. Este lema (“Chalip Kyǒngje”) se mostrou

presente ao longo de toda a década de 1960, estampado inclusive em placas e outdoors.

Para atingir tal objetivo, foi escolhido o impulso através de volume de exportações, ao

passo que, como menciona S.J. Chang (2003), a burocracia forte e centralizada mostrou-se

essencial na alocação ótima de recursos.

O ambiente era favorável à estratégia de exportações, devido ao grande mercado

estadunidense disponível aos produtos sul-coreanos, dado que em meio à Guerra Fria os EUA

enxergavam a Coreia do Sul pós-guerra civil como um modelo de capitalismo a ser

estabelecido, pois a ameaça comunista se mostrava presente na forma da China; portanto,

ajudas econômicas e militares, assim como abertura de seu mercado aos produtos coreanos se

13

Whang (1991, pg. 92).

14 E. M. Kim (1997, pg. 103).

Page 14: A Industrialização Sul-coreana

14

tornaram estratégias adotadas pelos EUA de modo a tornar a Coreia do Sul um modelo de

capitalismo na região.

O controle do Governo sobre o mercado, as empresas e o rumo que cada uma deveria

tomar mostrou-se presente na nacionalização dos bancos – estes podiam somente levantar e

alocar fundos conforme os planos estabelecidos pelo EPB15. Investimentos eram selecionados

conforme as diretrizes de cada plano, assim como seu destino. Sendo assim, o Governo sul-

coreano obtinha um forte controle ao apoiar e disciplinar as empresas; direcionava os

investimentos, assim como as estratégias de diversificação dos chaebol; oferecia apoio na

forma de incentivos econômicos àquelas empresas que julgava competente para empreender

projetos específicos, ao passo que punia aquelas que não atingissem determinados objetivos

negando- lhes ativos específicos16.

Como aponta S.J. Chang (2003), “ao desempenhar alocação de recursos e funções de

governança tipicamente feitas pelo mercado, o Governo estimulou o sucesso econômico

coreano”17.

E. M. Kim (1997) afirma que “apesar do primeiro Plano Quinquenal ter que ser

revisado devido a variadas imperfeições no plano em si assim como imprevistos problemas

econômicos domésticos e externos, este foi um sucesso fenomenal” 18.

O segundo Plano Quinquenal foi apresentado em 1967 e procurava promover as

exportações como modo de financiamento de pagamento da dívida externa contraída através

da década de 1950 e do início da década de 1960. Os objetivos do segundo Plano Q uinquenal

eram a modernização da estrutura industrial e a aceleração da obtenção da independência

econômica buscada, através das exportações19. Este plano buscava a vitalização de aspectos

microeconômicos do governo, como uma mais eficiente alocação de recursos através de

infra-estrutura social, industrial, agronômica e comercial, como aponta Song (2003, pg. 160).

15

S. J. Chang (2003), pg. 48.

16 Ibid.

17 “[…] by performing the resource allocation and governance functions normally done by the market, the

government spurred Korea‟s economic success”. S. J. Chang (2003, pg. 49).

18 “Although the first Five-Year Plan had to be revised due to many imperfections in the plan itself as well as to

unforeseen domestic and international economic problems, it was a phenomenal success”. E. M. Kim (1997, pg.

105).

19 E. M. Kim (1997, pg. 105).

Page 15: A Industrialização Sul-coreana

15

S. J. Chang (2003, pg. 49) discute a importância do empreendedorismo de alguns

donos de chaebol; apesar de vitais, o autor acredita que estes foram instrumentos de planos

grandiosos de ambiciosos burocratas que selecionavam indústrias para investir e alocavam

fundos para as companhias determinadas. A proximidade de alguns donos de chaebol com

políticos, ou seja, a força de seu lobbying, também foi notável no período e serviu de

impulsionador para o sucesso destes.

Os dois planos iniciais obtiveram sucesso, e vieram a cristalizar a posição do Governo

Park como um Estado interventor: os ganhadores eram selecionados pelo Estado, ao passo

que alguns setores específicos eram bloqueados pelo Estado a empresas estrangeiras, dando

maior espaço de manobra aos chaebol e facilitando seu crescimento; ademais, era encorajado

o endividamento por parte destes, aumentando a percepção de um Estado paternalista e

encorajando os detentores do capital a empreenderem em investimentos de maior risco.

A tabela 1.1 apresenta um resumo dos dois primeiros Planos Quinquenais.

Tabela 1.1: Resumo dos dois primeiros Planos Quinquenais

Plano Período Taxa de

crescimento

Objetivos Principais

diretrizes de

política

econômica

Primeiro

Plano

Quinquenal

1962-6 7.1a (7.9)

b 1. Rompimento

do círculo vicioso da pobreza. 2. Estabelecimento de bases para um desenvolvimento econômico auto-sustentável.

1. Segurança de fontes de suprimento de energia. 2. Correção desequilíbrios estruturais. 3. Expansão de indústrias básicas e infra-estrutura.

4. Mobilização eficaz de recursos ociosos. 5. Melhora da posição do balanço de pagamentos. 6. Promover tecnologia.

Segundo

Plano

Quinquenal

1967-71 7.0 (9.7) 1. Modernização da estrutura industrial. 2. Promoção de desenvolvimento econômico auto-sustentável.

1. Auto-suficiência alimentícia, desenvolvimento da pesca e da silvicultura. 2. Estabelecimento das bases para a industrialização. 3. Melhora da posição do balanço de pagamentos.

4. Criação de empregos, planejamento familiar e controle populacional. 5. Crescimento da renda familiar rural. 6. Melhora da tecnologia e da produtividade.

a. Taxa de crescimento almejada.

Page 16: A Industrialização Sul-coreana

16

b. Taxa de crescimento alcançada.

Fonte: Song (2003, pg. 156).

A tabela 1.1 apresenta-se como o “ponto de partida” do drive desenvolvimentista e

industrializante do projeto de Park, ao promover o estabelecimento de bases sólidas para que

o processo de industrialização se desse de modo eficiente, ao mesmo tempo em que apresenta

objetivos mais gerais de autonomia econômica e crescimento estável.

É evidente a observação da importância de um movimento de modernização industrial

que viesse a “preparar o terreno” para o acelerado crescimento da economia sul-coreana ao

longo das décadas seguintes.

1.3 Os anos 1970: Terceiro e Quarto Planos Quinquenais

A década de 1970 é marcada no processo industrializante da Coreia como aquela em

que se depositou grande importância no desenvolvimento das indústrias química e pesada, de

modo que representa um amadurecimento de tal processo e explicita sua crescente demanda

por empréstimos estrangeiros por parte da Coreia, pois as necessidades de investimento

superavam em muito as reservas disponíveis, como aponta Song (2003, pg. 163). Ao mesmo

tempo, a interdependência entre o Estado e os chaebol aumentou, ao passo em que estes

possuíam grande alavancagem proveniente de sua performance através da década pregressa.

E. M. Kim (1997) discute a importância da conjunção Estado-chaebol nesse período

em que “aqueles que conformaram com a iniciativa estatal para o desenvolvimento das

indústrias química e pesada cresceram mais rapidamente e chegaram a ultrapassar alguns

chaebol mais antigos e maiores”20. Ainda durante esse período, no campo da tributação

praticava-se a tributação indireta como a principal fonte de receita do Governo

(especialmente frente os aumentos na taxação de combustíveis e a implementação de um

sistema de imposto sobre o valor agregado, como aponta Whang (1991, pg. 89).

O terceiro Plano Quinquenal assentava-se, portanto, no foco às indústrias química e

pesada, e suas principais políticas econômicas de fomento eram provisões de mais

empréstimos financeiros às empresas, amortizações especiais, baixas taxas de juros, um

20

“Those that conformed to the state‟s initiative for the development of heavy and chemical industries grew

most rapidly and displaced some of the older and larger chaebol” (E. M. Kim, 1997, pg. 137).

Page 17: A Industrialização Sul-coreana

17

melhor suporte administrativo e melhores serviços públicos às mesmas21. Ademais, como

esclarece Song (2003, pg. 163), com o crescimento rápido das indústrias, as disparidades

entre as condições de vida no campo e na cidade aumentaram; ademais, o Governo incorria

em déficits desde o final da década de 1960. Para amenizar tal situação, este praticou uma

política de subsídios agrícolas aliada a extensas políticas de melhora da renda e das condições

de vida da população rural, sendo, junto com o fomento às indústrias química e de

equipamento pesado, as principais medidas de âmbito nacional para aumento de renda da

população coreana através da década de 197022.

O quarto Plano Quinquenal se deu após o primeiro “choque do petróleo”, que veio a

desestabilizar a economia coreana e ocasionar aumento significativo da inflação – esta

excedendo 40% em 1974, como aponta Song (2003, pg. 164). Durante essa época, os níveis

de importação cresceram enormemente, pois apesar de possuírem infra-estrutura industrial, as

empresas coreanas tinham dificuldades em estabelecer contatos com fornecedores internos,

incorrendo em movimentos de importação de partes essenciais. A partir do período de

vigência do quarto Plano, tentativas foram feitas de modo a se formular diretrizes econômicas

focadas no setor privado, em conjunção com especialistas de variadas áreas do setor privado.

Porém, o Estado mostrava-se indisposto a ceder poder econômico, como aponta D. J. Kim

(1996, pg. 26).

Os choques do petróleo, aliados à atitude paternalista do Governo, vieram a criar um

precedente de aparente proteção ilimitada às empresas. Estes choques, aliados à ausência de

fornecedores para empresas coreanas e ao tratamento especial de que algumas firmas

gozavam (de modo que fossem atingidas economias de escala), fizeram com que algumas

dessas empresas quase fossem à falência. Porém, o Governo não tardou a tomar atitudes de

bail-out, como troca de empréstimos por ações ou provisão de empréstimos a taxas menores

que o usual. Como explicita Chang (2003, pg. 54), “tais resgates criaram um perigoso

precedente, de modo que os chaebol pressupuseram que o Governo estaria sempre lá para

pegar o cheque caso elas falhassem”23. De qualquer modo, após as ações de bail-out o país

incorreu em acelerado crescimento na segunda metade da década de 1970. Como discute

Amsden (1989), já no ano de 1973 a economia coreana encontrava-se de volta ao caminho do

21

Song (2003, pg. 163).

22 Ibid.

23 “These rescues created a dangerous precedent, as chaebols assumed the government would be always there to

pick up the check if they failed” (Chang, 2003, pg. 54).

Page 18: A Industrialização Sul-coreana

18

crescimento, diversificando seus investimentos (crescendo de 26% a 32% do PIB no período

1973-197424). O Governo decidiu adotar uma estratégia de pesados empréstimos externos e

endividamento; a dívida externa do país aumentou em 42% entre 1973 e 1974, e a

porcentagem da dívida no total do PIB passou de 32% em 1974 a 40% em 1975 25.

A mudança na orientação das políticas econômicas, conforme a economia nacional e o

processo de industrialização atingiam maior maturidade, é resumida de modo sucinto por

Cole e Lyman (1971, pg. 167): “[...] Na década e meia após o fim da guerra, os objetivos

econômicos coreanos passaram de múltiplas preocupações com reconstrução, defesa, e

manutenção de padrões mínimos de consumo para uma única concentração no

crescimento”26. Os níveis de inflação ao fim da década ainda eram considerados altos para os

padrões pós-Guerra da Coreia, sendo no período 1970-1979 um índice médio de 19.3%,

como demonstra Amsden (1989). Ainda segundo a autora,

“A busca de crescimento rápido não foi restringida por algum interesse de

estabilidade de preços. De fato, um padrão de inflação relativamente alto era

tolerado pela maioria dos países tardiamente industrializados, salvo aqueles da

América Lat ina” (Amsden, 1989, pg. 100, tradução livre)27

.

A tabela 1.2 apresenta um resumo do terceiro e quarto Planos Quinquenais.

24

Amsden (1989, pg. 98).

25 Ibid.

26“[…] In the decade and a half since the end of the war, Korean economic objectives have shifted from the

multip le concerns of reconstruction, defense, and maintenance of minimum consumption standards to a more

single-minded concentration on growth” (Cole e Lyman, 1971, pg. 167, tradução livre).

27 “The pursuit of fast growth was not restrained in the interest of price stability. In fact, a relatively high rate of

inflation was tolerated by the standards of most backwards countries, save those in Latin America”.

Page 19: A Industrialização Sul-coreana

19

Tabela 1.2: Resumo dos terceiro e quarto Planos Quinquenais

Plano Período Taxa de crescimento

Objetivos Principais diretrizes de

política

econômica

Terceiro

Plano

Quinquenal

1972-6 8.6a (10.2)

b 1. Harmonizar

crescimento, estabilidade e igualdade. 2. Buscar uma economia auto-sustentável. 3. Desenvolvimento agrário nacional abrangente e desenvolvimento regional balanceado.

1. Auto-suficiência em alimentos básicos. 2. Melhora das condições de vida em áreas rurais. 3. Promoção de indústrias químicas e pesadas.

4. Melhora da ciência, tecnologia e recursos humanos. 5. Desenvolvimento de recursos naturais nacionais e distribuição espacial eficiente das indústrias. 6. Melhora dos padrões de vida e bem-estar nacional.

Quarto

Plano

Quinquenal

1977-81 9.2 (5.7) 1. Realização de uma economia auto-sustentável. 2. Promoção de igualdade através de desenvolvimento social. 3. Promoção de tecnologia e melhora da eficiência.

1. Auto-suficiência em capital de investimento. 2. Busca de um balanço de pagamentos equilibrado. 3. Reestruturação industrial e promoção de competitividade internacional. 4. Reestruturação industrial e melhora na competitividade internacional.

5. Expansão de empregos e desenvolvimento de mão-de-obra. 6. Melhora das condições de vida. 7. Expansão do investimento em ciência e tecnologia. 8. Melhora da administração e instituições econômicas.

a. Taxa de crescimento almejada.

b. Taxa de crescimento alcançada.

Fonte: Song (2003, pg. 156-157).

A tabela 1.2 apresenta propostas do Governo para correção de assimetrias regionais,

ao passo que buscava a conjunção entre crescimento econômico e estabilidade econômica,

Page 20: A Industrialização Sul-coreana

20

em uma fase mais avançada e estabelecida do processo de industrialização sul-coreano. Os

objetivos buscados englobam modernização científica e tecnológica, assim como

reestruturação industrial visando o aumento de competitividade no mercado internacional.

ITEM 2: ANOS 80, REDEMOCRATIZAÇÃO E PRÉ-CRISE

2.1 Os anos 1980 e a redemocratização

A década de 1980 apresenta um importante marco no processo de avanço industrial e

econômico sul-coreano, pois eram fortes as pressões por parte de chaebol e trabalhadores

para que fosse reestruturado o modelo desenvolvimentista nacional – compreendendo uma

estreita aliança entre o setor privado e o Governo, aliada à uma mão-de-obra barata – ao

passo que o setor privado ganhara enorme poder e não mais apresentava (ou necessitava de)

tanto apoio estatal. E. M. Kim (1997) descreve de forma sucinta as mudanças trazidas com o

desenvolvimento do setor privado à autonomia do Governo:

“[...] Embora o Estado desenvolvimentista global tenha um domín io

independente dos serviços quando o setor privado encontra-se em sua infância, este

Estado irá cada vez mais se deparar com competição com o setor privado ao passo

que o desenvolvimento econômico cap italista progride. Essas limitações na

autonomia do Estado são fatores importantes na explicação do por que o Estado

desenvolvimentista global será forçado a mudar, apesar de sua inércia inerente

contra mudanças drásticas” (E. M. Kim, 1997, pg. 18, tradução liv re).28

Os três primeiros anos da década de 1980 foram caracterizados por crescimento lento,

expansão acelerada da dívida externa, e altos índices inflacionários29. Sendo assim, mais uma

vez foi dado valor especial às exportações. Este renovado drive exportador aliou-se a uma

busca por diversificação de mercados, além de reduções a tarifas de importação de matérias-

primas e empréstimos associados a exportações de bens manufaturados e de maior valor

agregado30. Ademais, buscava-se uma eficiente gestão da dívida externa e aumento do

volume de divisas, além do desenvolvimento do mercado financeiro. Uma tendência à

28

“[…] Although the comprehensive developmental state may have an independent domain of services when

the private sector is in its infancy, the comprehensive developmental state will increasingly face competit ion

from the private sector as capitalist economic development progresses. These limitations on the state‟s

autonomy and institutions are important factors in explaining why the comprehensive developmental state will

be forced to change, despite its built-in inertia against drastic changes”.

29 Song (2003, pg. 164).

30 Ibid.

Page 21: A Industrialização Sul-coreana

21

reconfiguração das funções econômicas por parte do Governo coreano mostrou-se presente

na configuração do quinto Plano Quinquenal, plano este que englobava as diretrizes

discutidas acima.

A nova realidade externa e interna fazia-se cada vez mais presente através da década;

internamente, após o assassinato de Park em 1979 era cada vez maior a pressão pela

democratização, havendo levantes violentos por parte da população em 1986 e 1987 31,

culminando com a implosão do Estado autoritário e a redemocratização no ano de 1987,

através de eleições diretas. Por fim, Roh Tae Woo foi eleito presidente e prosseguiu com a

reestruturação da autoridade planejadora. Além disso, os chaebol gozavam de mais poder do

que nunca, devido à enorme alavancagem que obtiveram após um período de crescimento

alto e estável. No âmbito internacional, mudanças trazidas pelos avanços tecnológicos,

especialmente em setores de comunicação, aliadas à globalização financeira, trouxeram

mudanças à dinâmica do capitalismo. Ademais, a performance da economia coreana nas duas

décadas pregressas fez com que o país ganhasse mais visibilidade no mercado internacional,

intensificando a competitividade com economias como os EUA, que no processo de

desenvolvimento capitalista coreano disponibilizou volumosos empréstimos. S. J. Chang

(2003, pg. 57) argumenta que a desregulamentação, marca chave das políticas econômicas do

período, foi acelerada por pressões por parte do Governo estadunidense. Ademais, a mão-de-

obra do país não mais sofria repressão estatal como no regime de Park, adquirindo assim

muito mais autonomia e poder de militância.

Após a redemocratização, o país gozava de altas taxas de crescimento e economia

estável, incorrendo em uma nova fase de crescimento 32. Assim sendo, o sexto Plano

Quinquenal visava a manutenção dos níveis de crescimento e aumento na competitividade no

mercado internacional, aliadas a uma política de fomento a uma economia de mercado,

reduzindo assim o escopo de ação do Governo na economia. Isto incorreu em privatizações,

além de redução no nível de empréstimos estrangeiros e busca de superávits no balanço de

pagamentos, como apresenta a tabela 2.1. Ademais, os produtos sul-coreanos não mais eram

considerados de baixa qualidade, e passaram a ter maior competitividade internac ional

(explicitando o alto grau de maturidade atingido pela indústria sul-coreana, em conjunto com

pesados investimentos em pesquisa e desenvolvimento); a economia coreana então disfrutava

de taxas de crescimento consideravelmente mais altas comparativamente a outros países em

31

E. M. Kim (1997, pg. 168).

32 Song (2003, pg. 165)

Page 22: A Industrialização Sul-coreana

22

desenvolvimento. O EPB, nesse momento, passava a preconizar o fair trade através de

medidas garantidoras da competitividade e leis antitrustes (como a Fair Trade Law de 1981)

após o estabelecimento do novo governo na década, explicitando uma mudança no modus

operandi do órgão regulador e planejador33. Os Planos Quinquenais de número cinco e seis

são apresentados resumidamente na tabela 2.1.

Tabela 2.1: Resumo dos quinto e sexto Planos Quinquenais

Plano Período Taxa de

crescimento

Objetivos Principais

diretrizes de

política econômica

Quinto Plano

Quinquenal

1982-6 7.5a (8.7)

b 1. Estabelecer bases

para a estabilidade

de preços e uma

economia auto-

sustentável.

2. Melhora da

tecnologia.

3. Melhora da

qualidade de vida.

4. Reestruturação

das funções

econômicas do

Governo.

1. Errad icação de

um comportamento

econômico orientado

pela inflação.

2. Aumento da

competitiv idade em

indústrias pesadas.

3. Melhora da

política agrícola .

4. Superação de

constrangimentos de

ordem energética.

5. Melhora das

instituições

financeiras.

6. Reajuste de

funções

governamentais e

racionalização da

administração fiscal.

7. Solidificação

de um sistema

competitivo e

promoção de

políticas de

“portas abertas”.

8.

Desenvolvimento

da mão-de-obra e

promoção de

ciência e

tecnologia.

9.

Estabelecimento

de novas relações

trabalhistas.

10. Expansão do

desenvolvimento

social.

Sexto Plano

Quinquenal

1987-91 7.3 (9.9) 1. Estabelecimento

de um sistema

socioeconômico.

Promoção de

iniciativa e

potencial criat ivo.

2. Reestruturação

industrial e melhora

da tecnlogia.

3. Melhora do bem-

estar nacional

através de

desenvolvimento

regional e

distribuição de

renda equilibrados.

1. Expansão das

oportunidades de

emprego.

2. Solidificação de

bases para preços

estáveis.

3. Realização de

balanço de

pagamentos

superavitário e

redução da dívida

externa.

4. Reestruturação

industrial e

melhora da

tecnologia.

5. Crescimento

rural e urbano

equilibrados.

6. Melhora do

bem-estar através

de melhora na

igualdade social.

7. Promoção de

um sistema de

economia de

mercado e

reajuste das

funções

governamentais.

a. Taxa de crescimento almejada.

b. Taxa de crescimento alcançada.

33

Choi (2007, pg. 106).

Page 23: A Industrialização Sul-coreana

23

Fonte: Song (2003, pg. 157-158).

É importante ressaltar o impulso dado ao refinamento da tecnologia industrial,

pois a indústria sul-coreana havia atingido um ponto de maturidade. Sendo assim,

tornava-se necessária e condizente com os interesses buscados pelo Governo a

internalização da geração de tecnologia, ao passo que resultou em um aumento da

competitividade coreana em produtos de alta tecnologia e alto valor agregado. Ademais, a

busca por igualdade entre as condições de vida de habitantes do campo e da cidade ainda

se mostrava presente.

2.2 Os anos 1990 até o pré-crise financeira

No início da década de 1990, o poder dos chaebol era tão grande que estes já

exerciam maior influência política e possuíam lobby ainda mais forte no Governo, havendo

até mesmo escândalos envolvendo propinas a oficiais estatais 34. A relação entre os setores

privado e público mudara fundamentalmente, pois os chaebol não eram mais agentes

passivos no processo, agindo agora abertamente a favor de seus interesses específicos 35. Os

movimentos de desregulamentação e privatização foram intensificados; no entanto, como

aponta W. Lim (2007), “o próprio sucesso [pregresso] do sistema fez com que se tornasse

difícil que formuladores de políticas reformistas introduzissem mudanças fundamentais que

teriam colocado a Coreia em uma trajetória de desenvolvimento mais sustentável e que

tendesse menos à crise”.

Atitudes paternalistas e que incentivavam o moral hazard36 eram praxe, fazendo com

que os agentes econômicos tendessem a buscar a continuidade deste sistema e tornando mais

34

S. J. Chang (2003, pg. 62).

35 S. J. Chang (2003, pg. 62) exemplifica essa nova atitude dos chaebol com dois exemplos: o primeiro uma

situação ocorrida em 1988, quando o presidente do grupo Daewoo ameaçou deixar a empresa Daewoo

Shipbuild ing – anteriormente de posse estatal – ir à falência caso um empréstimo não fosse concedido pelo

Governo. Este, apesar de negá-lo inicialmente, acabou por concedê-lo. Outro exemplo apresentado pelo autor é

o do presidente do grupo Samsung que em 1995 desqualificou abertamente o Governo sul-coreano. Apesar do

presidente mais tarde haver pedido perdão formal pela atitude, tal situação mostrava de forma clara o declínio

no poder do Estado coreano após sua reconfiguração nos moldes democrát icos.

36 O conceito de “risco moral” (moral hazard) refere-se a um caso especial de informações assimétricas – uma

situação onde um dos agentes em uma certa transação possui mais informações sobre esta d o que o outro – e diz

respeito ao comportamento de um certo agente quando este encontra-se isolado dos riscos. Como este não o

afeta diretamente, o agente tende a tomar atitudes sem maiores considerações totais sobre as consequências das

Page 24: A Industrialização Sul-coreana

24

complicada uma mudança de caráter fundamental. Com a financeirização e globalização dos

mercados, os chaebol buscavam maior poder no mercado financeiro, adquirindo empresas

financeiras não-bancárias e incorrendo em movimentações de maior risco inerente ao passo

que aliavam montantes cada vez mais significativos de dívidas com uma estável

disponibilidade de crédito. Essa dificuldade de mudança, afirma W. Lim (2007), apresentou-

se como um obstáculo ao avanço da economia coreana.

No cenário de crescimento, ganho de notoriedade internacional (com a entrada do país

no rol das Nações Unidas37, por exemplo) e aumento da importância do setor privado na

economia nacional, o EPB formulou o sétimo Plano Quinquenal adotado em 1992, porém

este foi abandonado logo no ano seguinte em favor da formulação do Novo Plano

Quinquenal, que viria a compreender os anos de 1993 a 1997. O Novo Plano reiterava a

retirada dos controles governamentais sobre a economia sul-coreana, enfatizando seu

embasamento na participação e criatividade do povo coreano. Ademais, preconizava reformas

de ordem administrativa, tributária e ética, entre outras, com o objetivo de alçar o país à

condição de nação industrializada avançada até 1997 38. Como discute Wong (2004, pg. 354),

“o Estado desenvolvimentista pós- industrial no Leste Asiático teve que aprender a lidar com

incerteza e imprevisibilidade inerentes à inovação tecnológica, e o „grande‟ papel de

liderança estatal [...] tem diminuído consideravelmente”39. Os dois últimos Planos

Quinquenais e suas diretrizes e objetivos são apresentados de forma resumida na tabela 2.2.

mes mas, agindo de modo mais descuidado do que normalmente o faria. Assim sendo, um outro agente acaba por

arcar com os riscos.

37 Song (2003, pg. 1650).

38 Song (2003, pg. 166).

39 “The postindustrial developmental state in East Asia has had to learn to deal with the unpredict ability and

uncertainties inherent to technological innovation, and the state‟s “big” leadership role […] has dimin ished

considerably.

Page 25: A Industrialização Sul-coreana

25

Tabela 2.2: Resumo dos dois últimos Planos Quinquenais

Plano Período Taxa de

crescimento

Objetivos Principais

diretrizes de

política

econômica

Sétimo

Plano

Quinquenal

1992-6 7.5a (7.1)

b 1. Promoção de

uma economia eficiente e sadia através de auto-regulação e competição organizada. 2.Inovação administrativa e estabelecimento de éticas civil e trabalhista sãs.

1. Reorganização da educação e do treinamento profissional. 2. Promoção de inovação e informação. 3. Expansão da infra-estrutura e transporte eficiente. 4. Organização industrial e administrativa eficiente e fortalecimento de empresas de pequeno e médio porte. 5. Melhora da estrutura agrícola e crescimento regional equilibrado.

6. Alívio de problemas ambientais e habitacionais. 7. Expansão do bem-estar social e desenvolvimento da cultura nacional. 8. Promoção da auto-regulação e reestabelecimento das funções governamentais. 9. Expansão da abertura econômica. 10. Preparação para a unificação e promoção da cooperação Norte-Sul.

Novo Plano

Quinquenal

1993-7 6.9 (6.8) 1. Elevação do nível da economia àquele de países avançados. 2. Fortalecimento da base econômica em preparação à unificação.

1. Fortalecimento do potencial de crescimento da economia. 2. Expansão do marketing próprio a nível internacional.

3. Melhora das condições de vida. 6. Reforma de instituições e da ética administrativa e trabalhista.

a. Taxa de crescimento almejada.

b. Taxa de crescimento alcançada.

Fonte: Song (2003, pg. 158-159).

A tabela 2.2 referente aos últimos Planos Quinquenais explicita elementos pertinentes

à reforma do Estado sul-coreano e seu papel, frente uma nova realidade político-econômica

nacional de grande poder dos chaebol e uma nova democracia dentro de um novo paradigma

econômico internacional de globnalização e interconexão.

Page 26: A Industrialização Sul-coreana

26

No entanto, como apresenta W. Lim (2007), o alto grau de endividamento externo por

parte das empresas sul-coreanas – mesmo quando aplicado em investimento de longa

maturação – gerou um problema agravado pela taxa líquida de retorno, que se encontrava

efetivamente abaixo do custo de oportunidade do capital há anos. Ademais, Wong (2004)

enumera os principais fatores de pressão interna que explicitavam a necessidade de uma

reformulação das autoridades econômicas e seu modo de ação.

Primeiramente, as mudanças demográficas observadas no país ao longo do processo

de industrialização; o aumento na porcentagem da população não economicamente ativa

vinha de encontro com as propostas produtivistas do modelo adotado no país, tendo o

Governo que se readaptar a uma realidade na qual os gastos com assistência social não eram

negligenciáveis. Em segundo lugar, a relação cooperativa entre Estado e empresas

particulares veio a degenerar-se, transformando-se em relações de rentismo improdutivo e

especulativo. Esta transformação veio a explicitar as limitações do próprio modelo, de modo

que, ao estabelecer as bases para o crescimento e desenvolvimento do setor privado, o setor

público acaba por minar suas bases de controle e expansão a partir do ponto que o setor

privado adquire maturidade. Por fim, a onda democrática que se deu no Leste Asiático

iniciada na década de 1980, manifestando-se através de levantes por parte da população para

que se desse um aprofundamento da democracia sul-coreana, por exemplo. Como aponta

Wong (2004, pg. 356), em uma realidade econômica globalizada e interconectada, a

burocracia perde poder e desvincula-se do partido no poder. Sendo assim, ao dissolver

Estados autoritários e interventores, houve a necessidade de uma profunda reconfiguração de

instituições e diretrizes, assim como redefinição de agendas desenvolvimentistas, tendo o

Estado que adaptar-se à realidade democrática. Ademais, como aponta S. J. Chang (2003, pg.

244, tradução livre);

Amsden (1989,1994) retratou a experiência coreana como uma onde o

Estado desempenhou um papel crucial e crit icou aqueles que apóiam a disciplina

básica liberal de mercado. Ela argumentou porque é certo fixar preços „errados‟, em

outras palavras, introduzir distorções de mercado. A intervenção de Estado ajudou a

Coreia a ganhar momento em seu estágio inicial de desenvolvimento. A recente

crise coreana, no entanto, mostrou que os custos potenciais de se distorcer o

mercado podem ser severos. Ademais, mostrou que uma transição de uma economia

controlada pelo Estado por uma economia controlada pelo mercado não foi

automática ou fácil40

.

40

“Amsden (1989, 1994) depicted the Korean experience as one in which the state played a critical role and

criticized those who endorse basic liberal market discipline. She argued why it is right to make prices “wrong”

or, in other words, to introduce market distortions. State intervention helped Korea gain momentum in its early

stage of development. The recent crises in Korea, however, showed that the potential costs of distorting the

markets could be severe. Furthermore, it demonstrated that a transition from a st ate-controlled economy to a

market-based economy was neither automat ic nor easy”.

Page 27: A Industrialização Sul-coreana

27

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo busca uma maior compreensão, de modo objetivo, do processo de

industrialização coreana no período 1960-1995 e da mudança fundamental na relação entre o

Estado coreano e o setor privado, especialmente após a redemocratização. Foi apresentada a

origem dos chaebol, assim como sua exitosa trajetória e transformação ao longo do processo

de desenvolvimento capitalista da economia sul-coreana. Levanta-se a questão, no entanto, se

o modelo industrial seguido (o modelo da grande empresa capitalista) seria de fato o mais

eficiente aliando-se a um Estado interventor, pois esse, na medida em que foi garantido

crescimento e mais poder econômico e político à grande empresa, corroeu as bases de seu

próprio crescimento, ao passo que um processo de liberalização apressada veio a complicar

ainda mais a situação, fazendo com que o órgão planejador perdesse parte de sua legitimidade

e confiança por parte da população. Por fim, indicadores macroeconômicos foram se

deteriorando, culminando com um déficit comercial de US$23.7 bilhões no período

imediatamente anterior ao estopim da crise financeira que assolou os países da região 41.

Foram apresentados os Planos Quinquenais ministrados pela Diretoria de

Planejamento Econômico (EPB) assim como mudanças em suas orientações conforme o

desenvolvimento sócio-econômico do país se dava. De um sólido ponto de partida (nos dois

primeiros Planos), o desenvolvimento industrial foi amadurecendo; os terceiro e quarto

Planos visavam corrigir desequilíbrios regionais, na tentativa de aliar crescimento com

estabilidade; os quinto e sexto Planos focavam no desenvolvimento tecnólogico e sua

internalização, com uma indústria suficientemente madura; por fim, os dois últimos Planos

explicitaram elementos que tornavam aparente a reformulação do papel do Estado sul-

coreano frente uma nova realidade no campo político e econômico, decorrentes do

amadurecimento e desenvolvimento do setor privado, de uma economia global interconectada

e da redemocratização.

Observa-se, portanto, que o próprio sucesso do sistema sul-coreano de

industrialização e desenvolvimento acabou por posar dificuldades a policy-makers

reformistas em introduzir mudanças fundamentais que viriam a fazer com que a Coreia

embarcasse em uma trajetória desenvolvimentista mais sustentável e menos suscetível a

41

Song (2003, pg. 301).

Page 28: A Industrialização Sul-coreana

28

crises.42

42

W. Lim (2007).

Page 29: A Industrialização Sul-coreana

29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AKTOUF, Omar. Coréia do Sul: uma variante do “milagre” do sudeste asiático. In:

AKTOUF, O. A administração entre a tradição e a renovação. São Paulo: Atlas, 1996.

AMSDEN, Alice H. Asia’s next giant: South Korea and late industrialization. New York:

Oxford University Press, 1989. Capítulo 1.

CANUTO, Otaviano. Brasil e Coréia do Sul: os (des) caminhos da industrialização tardia.

São Paulo: Nobel, 1994. Capítulo 4.

CHANG, Se-Jin. Financial Crisis and transformation of Korean business groups: the rise

and fall of chaebols. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. Introdução / Capítulo 2.

CHOI, Byung Sun. The Structure of the Economic policy-making institution in Korea and the

strategic role of the Economic Planning Board. In: CAIDEN, Gerald E. e KIM, Bun Woong.

A Dragon’s Progress: development administration in Korea. West Hartford: Kumarian Press,

1991.

KIM, Dae Jung. Mass participatory economy: Korea’s road to world economic power.

Lanham: Harvard University Press, 1996. Capítulo 3.

KIM, Eun Mee. Big business, strong state: collusion and conflict in South Korean

development, 1960-1990. Albany: State University of New York Press, 1997. Capítulos 2 e 3.

LIM, Wonhyuk. Origin and evolution of the Korean economic system. In: LEE, Hyun-Hoon.

The Korean economy at the crossroads: triumphs, difficulties and triumphs again. New

York: Rutledge, 2007.

SONG, Byung-Nak. The Rise of the Korean Economy. New York: Oxford University Press,

2003. Capítulo 8.

WHANG, Joung. Government Direction of the Korean economy. In: CAIDEN, Gerald E. e

KIM, Bun Woong. A Dragon’s Progress: development administration in Korea. West

Hartford: Kumarian Press, 1991.

WONG, Joseph. The adaptive developmental state in East Asia. Journal of East Asian

Studies, volume 4, 2004. Pg. 345-362.