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Curso de Direito Artigo Original A (IN)EFICÁCIA DA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA DO DEPENDENTE DE CRACK THE (IN)EFFECTIVENESS OF COMPULSORY INTERNMENT OF CRACK’S DEPENDENT Claudia Kimie 1 , Samuel Barbosa dos Santos 2 1 Graduanda do Curso de Direito 2 Professor Especialista do Curso de Direito Resumo Este trabalho apresenta as dificuldades de se obter sucesso no tratamento do usuário de drogas psicotrópicas, podendo ser qualquer droga que leve à dependência. Sendo definidas como “aquelas que agem no Sistema Nervoso Central (SNC) produzindo alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora sendo, portanto, passíveis de autoadministração". Porém a ação de cada psicotrópico depende: da via de administração, do tipo da droga (estimulante, depressora ou perturbadora), do tempo e da frequência de uso, da qualidade da droga, da quantidade da droga, da absorção e da eliminação da droga pelo organismo, da associação com outras drogas, do contexto social bem como das condições físicas e psicológicas de cada um. Já a internação compulsória trata a respeito da internação feita “à força” pela justiça, obrigando o usuário a ter tratamento, embora haja a possibilidade do tratamento voluntário e o involuntário, sendo o segundo feito por motivo de surto ou agressividade exagerada e o paciente necessita de ser contido. Contudo a discussão apresentada neste trabalho visa à importância da recuperação desses usuários de forma a obter resultados satisfatórios e aumentar a confiança de um ex-dependente. Palavras Chave: internação compulsória; drogas; usuários; dependentes. Abstract This article presents the difficulties of obtaining success in the user treatment of psychotropic drugs, which can be any drug that leads to addiction. Being defined as "those Who act in the central nervous system (CNS) producing behavioral changes, mood and cognition and has high reinforcing propertyand are there fore likely to self-administration". Butt He action of each psychotropic depends: the route of administration, the type of drug (stimulant, depressantordisturbing), the time and frequency of use, the drug's quality, the amount of the drug, the absorption and elimination of the drug by the body, the association with other drugs, the social context and the physical and psychological conditions of each one. Moreover, compulsory hospitalization is about the admission made "by force" for justice, forcing the user to have treatment. Although there is the possibility of voluntary and involuntary treatment, the second made by out break of reason or exaggerated aggressiveness and the patient needs to be contained. However, the discussion presented in this article aims the importance of recovery of these users to obtain satisfactory results and increase the confidence of the ex dependent. Keywords: compulsory hospitalization; drugs; users; dependent. Contato: [email protected] Introdução Não se sabe ao certo quando foi a primeira vez que o ser humano teve contato com substâncias alucinógenas, porém sabemos que, de forma especulativa, que diversas civilizações antigas associavam diversos frutos a viagens ao mundo dos espíritos em busca de contatos com seus ancestrais, como por exemplo, os cultos pagãos que tem seu início definido há cerca de 15 mil anos. Até onde se sabe o vicio e a dependência entre plantas e o homem teve seu início na descoberta de que a autoadministração de certas espécies poderiam aguçar as atividades cognitivas, aumentar a energia, diminuir a dor, ampliar a sensibilidade e até curar doenças. A papoula (ópio), planta da espécie Papversommiferum L., aparece escrita em placas sumérias 1 do terceiro milênio A.C., representada em cilindros babilônicos, imagens da cultura creto-micênica e em hieróglifos egípcios. O arbusto de coca, planta do gênero 1 A Suméria geralmente considerada a civilização mais antiga da humanidade, localizava-se na parte sul da Mesopotâmia.

A (IN)EFICÁCIA DA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA DO …nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · toda a história da humanidade, tido como ... 7 C3%A7%C3%A3o mulheres

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Curso de Direito Artigo Original

A (IN)EFICÁCIA DA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA DO DEPENDENTE DE CRACK

THE (IN)EFFECTIVENESS OF COMPULSORY INTERNMENT OF CRACK’S DEPENDENT Claudia Kimie

1, Samuel Barbosa dos Santos

2 1 Graduanda do Curso de Direito 2 Professor Especialista do Curso de Direito

Resumo Este trabalho apresenta as dificuldades de se obter sucesso no tratamento do usuário de drogas psicotrópicas, podendo ser qualquer droga que leve à dependência. Sendo definidas como “aquelas que agem no Sistema Nervoso Central (SNC) produzindo alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora sendo, portanto, passíveis de autoadministração". Porém a ação de cada psicotrópico depende: da via de administração, do tipo da droga (estimulante, depressora ou perturbadora), do tempo e da frequência de uso, da qualidade da droga, da quantidade da droga, da absorção e da eliminação da droga pelo organismo, da associação com outras drogas, do contexto social bem como das condições físicas e psicológicas de cada um. Já a internação compulsória trata a respeito da internação feita “à força” pela justiça, obrigando o usuário a ter tratamento, embora haja a possibilidade do tratamento voluntário e o involuntário, sendo o segundo feito por motivo de surto ou agressividade exagerada e o paciente necessita de ser contido. Contudo a discussão apresentada neste trabalho visa à importância da recuperação desses usuários de forma a obter resultados satisfatórios e aumentar a confiança de um ex-dependente.

Palavras Chave: internação compulsória; drogas; usuários; dependentes.

Abstract This article presents the difficulties of obtaining success in the user treatment of psychotropic drugs, which can be any drug that leads to addiction. Being defined as "those Who act in the central nervous system (CNS) producing behavioral changes, mood and cognition and has high reinforcing propertyand are there fore likely to self-administration". Butt He action of each psychotropic depends: the route of administration, the type of drug (stimulant, depressantordisturbing), the time and frequency of use, the drug's quality, the amount of the drug, the absorption and elimination of the drug by the body, the association with other drugs, the social context and the physical and psychological conditions of each one. Moreover, compulsory hospitalization is about the admission made "by force" for justice, forcing the user to have treatment. Although there is the possibility of voluntary and involuntary treatment, the second made by out break of reason or exaggerated aggressiveness and the patient needs to be contained. However, the discussion presented in this article aims the importance of recovery of these users to obtain satisfactory results and increase the confidence of the ex dependent.

Keywords: compulsory hospitalization; drugs; users; dependent. Contato: [email protected]

Introdução

Não se sabe ao certo quando foi a

primeira vez que o ser humano teve contato

com substâncias alucinógenas, porém sabemos

que, de forma especulativa, que diversas

civilizações antigas associavam diversos frutos

a viagens ao mundo dos espíritos em busca de

contatos com seus ancestrais, como por

exemplo, os cultos pagãos que tem seu início

definido há cerca de 15 mil anos.

Até onde se sabe o vicio e a dependência

entre plantas e o homem teve seu início na

descoberta de que a autoadministração de

certas espécies poderiam aguçar as atividades

cognitivas, aumentar a energia, diminuir a dor,

ampliar a sensibilidade e até curar doenças.

A papoula (ópio), planta da espécie

Papversommiferum L., aparece escrita em

placas sumérias1

do terceiro milênio A.C.,

representada em cilindros babilônicos, imagens

da cultura creto-micênica e em hieróglifos

egípcios.

O arbusto de coca, planta do gênero

1 A Suméria geralmente considerada a civilização mais

antiga da humanidade, localizava-se na parte sul da

Mesopotâmia.

Erythroxylon, originário da região de Macchu-

Yunga, no antigo Alto Peru, foi disseminado

pelos incas. Desde o século III A.C., o hábito da

mastigação das folhas de coca é mostrado em

esculturas dos povos andinos, encontrando-se

presente em manifestações ritualísticas e

utilizado como forma de aliviar o esforço físico e

mental relacionado ao trabalho em altas

altitudes.

Já na Idade Média, com a volta de valores

pagãos, as drogas voltaram ao seu lugar de

destaque como substâncias terapêuticas,

passando a ser utilizadas, primordialmente, por

médicos e boticários europeus e como meio

recreativos, havendo também um aumento

significativo no consumo de bebidas.

Já nos anos 20 houve a primeira proibição

do consumo de álcool nos Estados Unidos,

através da lei seca o que deu início ao

contrabando de bebidas.

Nos anos 60, o consumo de drogas teve

seu ápice.

Nos anos 70, se criou o submundo do

tráfico de drogas.

No fim dos anos 80, surgiu o crack, que

nada mais é do que uma mistura de pasta de

cocaína com bicarbonato de sódio, droga que

conseguiu o que nenhuma outra havia

conseguido que foi unificar os dependentes de

todas as classes sociais em torno dela, por ser

mais barata, altamente viciante, de efeito letal

(entre 10 e 15 segundos) 2, em muitos casos

bastando a sua experimentação para tornar-se

dependente.

Somente, no século 20, quando o homem

começou a produzir drogas cada vez mais

viciantes que se fez, realmente, sentir o impacto

da propagação do uso de drogas. Percebeu-se,

então, o poder escravizante dessas drogas, do

álcool e a piora do aumento do uso e o poder

das novas drogas.

Hodiernamente, o consumo de drogas

está fora de controle, estando em evidência os

problemas com as cracolândias – local onde se

comercializa e se faz uso do crack e de outras

drogas – espalhadas por todo país.

Oportunamente, o álcool, que é citado em

2 http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/index.php

toda a história da humanidade, tido como

símbolo de alegria e devaneio é a droga mais

popular da história e do mundo. Estudiosos o

têm como sendo a porta de entrada para o

mundo das drogas, por ser comumente

associado a festas e comemorações, bem como

as drogas.

Conceito

O Art. 1º da Lei 11.343/06 dispõe sobre

drogas em seu paragrafo único como

"substâncias ou os produtos capazes de causar

dependências, assim especificados em lei ou

relacionados em listas atualizadas

periodicamente pelo Poder Executivo da União.”.

A Organização Mundial de Saúde–OMS

define como droga sendo “qualquer substância

que, não sendo produzida pelo organismo, tem

a propriedade de atuar sobre um ou mais de

seus sistemas, produzindo alterações em seu

funcionamento". E ainda sim, de maneira mais

específica relaciona a droga psicotrópica como

sendo "aquelas que agem no sistema nervoso

central produzindo alterações de

comportamento, humor e cognição, possuindo

grande propriedade reforçadora, sendo passível

de autoadministração".

O francês Louis Chaloult, em 1971,

classificou as drogas psicotrópicas em três

grandes grupos:3

Drogas estimulantes do sistema

nervoso central:

Substâncias que aumentam a

atividade cerebral, vez que imitam ou

cooperam com os neurotransmissores

estimulantes do organismo do

indivíduo, como a epinefrina e

dopamina. Assim, dão sensação de

alerta, disposição e resistência, mas

que, ao fim de seus efeitos, conferem

cansaço, indisposição e depressão,

devido à sobrecarga que o organismo

se expôs. Exemplo: CRACK.

Drogas depressoras do sistema

3http://fep.if.usp.br/~profis/arquivos/ivenpec/Arquivos/Paine

l/PNL070.pdf

nervoso central:

Tais drogas apresentam uma

diminuição das atividades cerebrais

de seu usuário, deixando-o mais

devagar, desligado e alheio; menos

sensível aos estímulos

externos. Exemplo: álcool.

Drogas perturbadoras do sistema

nervoso central:

São aquelas drogas cujos efeitos são

relativos à distorção das atividades

cerebrais, podendo causar

perturbações quanto ao espaço e

tempo; distorções nos cinco sentidos

e até mesmo alucinações. Grande

parte destas substâncias é

proveniente de plantas, cujos efeitos

foram descobertos por culturas

primitivas, associando as

experiências vivenciadas a um

contato com o divino. Exemplo:

maconha.

Para o contexto específico do Brasil, os

dados oficiais sobre drogas são disponibilizados

pelo Observatório Brasileiro de Informações

sobre Drogas (OBID), órgão ligado à

Secretaria Nacional de Políticas sobre

Drogas (SENAD), da Presidência da República.

No site é possível acessar dados sobre os

diferentes estados e regiões brasileiras, por tipo

de droga e também com recortes de grupos

específicos.

Dependência

Nosso cérebro entende que tudo aquilo

que nos fornece prazer tem a capacidade de

nos viciar, cria-se assim a dependência da

substância. Sua característica é o desejo,

frequentemente forte e na maioria das vezes

irresistível, de consumir as drogas psicoativas com

ou sem prescrição médica.

A definição técnica é:

É um conjunto de fenômenos

fisiológicos, comportamentais e

cognitivos, que leva a pessoa a usar

uma droga de forma contínua

(sempre) ou periódica

(frequentemente) para obter prazer.

Alguns indivíduos podem também

fazer uso constante de uma droga

para aliviar tensões, ansiedades,

medos, sensações físicas

desagradáveis, etc. O dependente

caracteriza-se por não conseguir

controlar o consumo de drogas,

agindo de forma impulsiva e

repetitiva.4

A dependência química é um dos

fenômenos mais complexos de se obter

resolução na humanidade. Se de um lado temos

o uso da droga, do outro há a necessidade de

melhoria no sistema de ensino, a diminuição da

pobreza, o fortalecimento do papel familiar, a

inserção do dependente em atividades

esportivas, habitação, lazer, justiça, trabalho e

outros fatores.

Adentrando a perspectiva biopsicossocial5

vemos a facilidade no acesso as drogas

psicotrópicas, o desemprego, o tráfico e a

violência que pedem intervenções mais rígidas

e em diversas áreas sociais.

Essa dependência tem inúmeras

consequências negativas para o corpo humano,

inclusive as chamadas comorbidades6, como

bipolaridade, psicose, esquizofrenia, paranoia,

manias, entre outras. A consequência que tem

mais destaque é a devastação do sistema

neurológico, provocando problemas cognitivos e,

em alguns casos, oscilação de humor.

Os profissionais apontam que o primeiro

passo em direção à mudança é tomar

consciência e aceitar o problema, visto que

assim a possibilidade do dependente procurar

um tratamento para atingir a sua recuperação

aumenta consideravelmente, porém devemos

lembrar que boa parte dos dependentes tem

consciência da afetação da droga, mesmo

4 http://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/quest_drogas/dep

endencia.htm

5 Relativo a fatores biológicos, psicológicos e sociais.

6 Comorbidade patogênica ocorre quando duas ou mais

doenças estão etiologicamente relacionadas;

Comorbidade diagnóstica ocorre quando as manifestações

da doença associada forem similares às da doença

primária;

Comorbidade prognóstica ocorre quando houver doenças

que predispõem o paciente a desenvolver outras doenças.

reconhecendo, não buscam essa mudança.

Drogadição

É o termo utilizado para designar

genericamente qualquer classe de vício

bioquímico de um ser humano. Conhecido

também como toxicodependência, sejam quais

forem as causas de sua dependência, causadas

por fatores genéticos (filho de dependente

química), político-econômicos e sociais.

“Considera-se, no domínio das

ciências médicas conjugadas com

as ciências sociopolíticas, ser

"drogadição" o termo preferível para

referir quer a dependência, quer a

farmacodependência, quer a

toxicomania, na hipótese de se

poder inferir aí uma gradação, o que

usualmente acontece, na maioria

dos casos”.7

“Conforme aponta o Ministério da

Saúde, na Política Nacional de

Atenção aos Usuários de Álcool e

Outras Drogas, cerca de 10% da

população residente em centros

urbanos, tanto no Brasil como no

mundo, consome de forma abusiva

substâncias psicoativas, sem

distinção entre gênero, classe

econômica e demais variáveis. Em

termos epidemiológicos, dados do

Centro Brasileiro de Informações

sobre Drogas Psicotrópicas

(CEBRID) indicam que 17,1% dos

brasileiros do gênero masculino

são dependentes de álcool, e o

índice atinge 5,7% para o gênero

feminino (CARLINI et al., 2002).

Nesse mesmo estudo, verifica-se

que aproximadamente 4,0% dos

participantes já receberam algum

tipo de tratamento devido ao uso

de álcool, tendo os homens maior

representatividade (5,6%) que as

7 http://pt.wikipedia.org/wiki/Drogadi%C3%A7%C3%A3o

mulheres (2,5%)”.8

Toxicomania

A toxicomania caracteriza-se pelo uso

exorbitante e reiterado, e sem necessidade ou

prescrição (no caso das lícitas) de uma ou mais

substâncias psicoativas.

A OMS traz a definição de toxicomania

tendo quatro características:

I- uma compulsão de consumir o

produto;

II- uma tendência de aumentar as

doses;

III- uma dependência psicológica

e/ou física do(s) produto(s);

IV- o surgimento de consequências

nefastas sobre a vida cotidiana da

pessoa (emotivas, sociais,

econômicas etc.).

Cocaína

O hidroclorido de cocaína (pó branco e

cristalino) é extraído, por meio de processos

químicos, das folhas da coca, Erythroxylum

coca.

Havendo dois tipos para consumo:

1ª. Durante a extração, prensam-se as

folhas no ácido sulfúrico ou querosene ou

gasolina, transformando em uma pasta,

conhecida como sulfato de cocaína, pode ser

fumada com cachimbos, pura ou com maconha;

2ª. Durante a extração, prensam-se as

folhas no ácido clorídrico e transformando em

pó, que é aspirado ou pode ser dissolvido e

injetado diretamente na veia.

Crack

O Crack surgiu como forma de

“popularizar” a cocaína, por seu preço exíguo.

Sua produção é à base de cocaína em pó

(antes de sua purificação) dissolvida em água e

misturada a bicabornato de sódio e aquecida

até que a parte sólida seja separada. Já seca, a

parte sólida é cortada em pedaços, que são

8 http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case2=3&idnot

=335

chamados de pedras. Por não passar pelo

processo de refinamento, pelo qual separa o pó

da cocaína, o crack é impuro, possuindo

grandes resíduos das substâncias utilizadas ao

longo do processo de produção.

São fumadas em cachimbos, na maioria

improvisada.

Os efeitos são condizentes ao da cocaína:

excitação, insônia, euforia, prazer,

hiperatividade, entre outros. Provoca também

uma perda de peso rápida, podendo chegar a

9kg por mês.

Por ser inalado, chega mais rápido a

corrente sanguínea, e seus efeitos são sentidos

quase que imediatamente – entre 10 a 15

segundos – porém seu efeito tem curta duração,

quase que 10 minutos, o que leva o usuário a

depressão e a procurar mais crack, sobrevindo

à fissura9. Por esse motivo se tornou uma droga

de fácil dependência, levando o usuário a ficar

agressivo e paranoico. Por seus efeitos rápidos

traz ao dependente sérios problemas, mentais,

respiratórios, infartos e derrames são bem

comuns entre usuários do crack.

O crack age de maneira tão agressiva que

na maioria das vezes o próprio dependente não

entende a gravidade da situação na qual se

encontra, enquanto outros entendem, mas por

sua substância altamente viciante não

conseguem largar a droga.

As recaídas fazem parte do quadro,

porque os circuitos de neurônios envolvidos nas

compulsões são ativados toda vez que o

usuário se vê numa situação capaz de evocar a

memória do prazer que a droga lhe traz.

Dentro de três semanas, o crack afeta o

organismo da seguinte maneira: a alta

temperatura de combustão no cachimbo queima

as vias nasais, afetando a laringe e esôfago; já

nos pulmões, a droga destrói os alvéolos,

facilitando as infecções e tornando as mais

fortes, podendo chegar a provocar hemorragia;

no sangue a pressão arterial é elevada e o ritmo

cardíaco acelerado, aumentando as chances de

doenças cardíacas; no aparelho digestivo, afeta

o estômago, os rins e o fígado; por fim, no

cérebro destrói as áreas responsáveis pelo

planejamento, controle de impulsos e

9 Uma avassaladora compulsão para usar a droga.

pensamentos, além de afetar os vasos

sanguíneos, o que pode levar o dependente a

ter convulsões.10

Por essa queda brusca do sistema

imunológico, vemos com facilidade dependente

com machucados ainda abertos (pela

dificuldade de cicatrização), dedos e lábios

queimados por causa da alta temperatura da

droga, além disso, muitos dependentes por não

conseguirem trabalhar para obter meio de

sustentar o vício passam até a se prostituir. A

promiscuidade eleva o risco de contaminação

de AIDS e outras DST’s, proliferando mais ainda

doenças seja por meio do compartilhamento de

materiais ou da prostituição. A paranoia

(vulgarmente conhecido como “nóia”) que surge

no momento em que o organismo sente a falta

da droga leva o dependente a atitudes mais

escrachadas, brutas e arrogantes, o tornando

assim um perigo em potencial para si e para os

outros.

O dependente que não consegue o

dinheiro começa a cometer pequenos furtos,

roubos e alguns acabam matando sua vítima

pela falta de discernimento.

Os usuários regulares de crack e/ou

de formas similares de cocaína

fumada (pasta base, merla e oxi)

somam 370 mil pessoas nas 26

capitais brasileiras e no Distrito

Federal. Considerada uma população

oculta e de difícil acesso, ela

representa 35% do total de

consumidores de drogas ilícitas, com

exceção da maconha, nesses

municípios, estimado em 1 milhão de

brasileiros.O levantamento mostra

ainda que, entre os 370 mil usuários

de crack e/ou similares, 14% são

menores de idade. Isso indica que

aproximadamente 50 mil crianças e

adolescentes usam regularmente

essa substância nas capitais do

país.11

10 http://saude.ig.com.br/minhasaude/os-efeitos-do-crack-

no-corpo/n1597573205849.html

11 http://www.antidrogas.com.br/mostraartigo.php?c=3990&

msg=N%FAmero%20de%20usu%E1rios%20de%20crack%

20chega%20a%20370%20mil%20nas%20capitais

Hodiernamente, cresce o número de

dependentes, pelo poder viciante que a droga

tem, porém boa parte dos dependentes sabe o

mau que a droga faz, no entanto o vício é tão

forte que mesmo sabendo os malefícios não

conseguem livra-se dele. A maior parte dos

dependentes começaram a utilizar a droga

apenas por curiosidade quanto aos efeitos e

pensando que ele não viciaria.

Princípios para investigação

motivacional:12

Pré-contemplação: O usuário não tem

consciência de que precisa mudar. É

resistente à abordagem e à

orientação.

Contemplação: Reconhece o

problema, aceita abordagem sobre

mudança, mas continua valorizando e

usando a droga.

Preparação: Reconhece o problema,

percebe que não consegue resolver

sozinho e pede ajuda. Esta fase pode

ser passageira, daí ser necessário

pronto atendimento quando solicitada

pelo indivíduo.

Ação: O usuário interrompe o

consumo, inicia tratamento

voluntariamente e precisa ser

acompanhado por longo tempo,

mesmo melhorando, pois ainda corre

grande risco de recaída, mantendo-se

ambivalente diante da droga.

Manutenção: Nesta fase, o usuário

está em abstinência, com risco de

recaída, ainda possível pela

ambivalência de sua relação com a

droga e fatores de risco próprios de

cada caso. Pensa nela com

frequência. Cuida-se preventivamente

do risco de recaída.

Recaída: Retorno ao consumo, após

período longo de abstinência. É

importante notar que recair não é

voltar ao zero. Necessária esta

percepção, para retomar a

recuperação, a fim de que a culpa e a

12http://uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/arquiv

os/cartilhacrack.PDF

desesperança não destruam o novo

empenho de melhora.

Direitos e Princípios Constitucionais

A Constituição da Republica Federativa

Brasileira (CRFB ou CF), traz em seu artigo 5º

os direitos. “Art. 5º Todos são iguais perante a

lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros

residentes no País a inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade...”. Ainda dentro da Carta Magna,

no artigo 1º, temos como fundamento à

dignidade.

José Afonso da Silva define direitos sociais como:

[...] dimensão dos direitos fundamentais do homem, são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam aos direitos de igualdade (Silva, 2013, p. 288).

Neste sentido está a lição do mestre LUIZ GUILHERME MARINONI13, in verbis:

De fato, para que se justifique a

intervenção do Ministério Público

na defesa de interesses individuais

(ainda que homogêneos), é

necessário que estes se caracterizem

como interesses sociais ou

individuais indisponíveis (art. 127,

caput, da CF). Não é, assim, qualquer

direito individual (ainda que

pertencente a várias pessoas) que

admite a tutela por via de ação

coletiva proposta pelo Ministério

Público, mas apenas aqueles

caracterizados por sua relevância

social ou por seu caráter

13 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART,

Sérgio Cruz. Processo de Conhecimento. 6 ed. São

Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. pág. 732

indisponível. (grifei)

Corroborando esse entendimento, HUGO NIGRO MAZZILLI14 ensina o seguinte:

“É função institucional de o Ministério

Público zelar pelo efetivo respeito:

b) dos Poderes Públicos e dos

serviços de relevância pública aos

direitos assegurados na Constituição

relativa às ações e aos serviços de

saúde...

Como instrumento de atuação para

obter essas finalidades, a Lei

Complementar nº 075/93 prevê o

inquérito civil, a ação civil pública ou

outras ações...”

Dentre todos direitos fundamentais que a

Carta Magna dispõe, os mais importantes a

esse artigo são o que seguem.

I. Direito à Vida

É dever de o Estado protegê-la de forma

a garantir não somente o direito de permanecer

vivo, como o de oferecê-la a subsistência.

José Afonso da Silva entende como:

Vida, no texto constitucional (art. 5º,

caput), não será considerada apenas

no sentido biológico de incessante

auto atividade funcional, peculiar à

matéria orgânica, mas na sua

acepção biográfica mais

compreensiva. Sua riqueza

significativa é de difícil apreensão

porque á algo dinâmico, que se

transforma incessantemente sem

perder sua própria identidade. É mais

um processo (processo vital), que se

instaura com a concepção (ou

germinação vegetal), transforma-se,

progride, mantendo sua identidade,

até que muda de qualidade, deixando,

então, de ser vida para ser morte.

14 MAZZILLI, Hugo Nigro. Regime Jurídico do

Ministério Público. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 1996.

pg. 226-230.

Tudo o que interfere em prejuízo

deste fluir espontâneo e incessante

contraria a vida.

“Consiste no direito de estar vivo, de

lutar pelo viver, de defender a própria

vida, de permanecer vivo. É o direito

de não ter interrompido o processo

vital senão pela morte espontânea e

inevitável”.

Sendo dever de o Estado garantir esse

direito a todas as pessoas, inclui-se o

dependente de droga que se encontra em risco,

sem ferir outros princípios como o direito à

liberdade, à intimidade, entre outros.

II. Princípio da Liberdade

Esse direito consiste em poder ir e vir a

qualquer lugar. Assim sendo, a internação

compulsória seria inconstitucional por restringir

esse direito ao internado.

No entanto, os defensores dessa medida,

que está em vias de se torna uma política

publica, é que não se trata de uma penalidade e

sim de um tratamento, não sendo possível

caracterizar a medida como sendo

inconstitucional, já que para o tratamento é

necessário que o dependente seja

completamente afastado do mundo das drogas,

para que não tenha uma possível recaída

durante o tratamento, o que faria com que fosse

perdido todo progresso obtido até então no

tratamento.

Para Silva (2013), o princípio da liberdade

é “um poder de atuação do homem em busca

de sua realização pessoal, de sua felicidade”.

III. Princípio da Dignidade Humana

Este tem como objetivo preservar o ser

humano, desde seu nascimento até o momento

de sua morte, garantindo o direito de existir e

meios que tornem possível uma vida de forma

digna. Sendo elencados todos os direitos

fundamentais inerentes à dignidade humana,

invocando o respeito aos direitos e garantias

individuais.

A Declaração Universal dos Direitos

Humanos da Organização das Nações Unidas

dispõe em seu artigo 1º a seguinte ordem

“Todos os seres humanos nascem livres e

iguais em dignidade e em direitos. Dotados de

razão e de consciência, devem agir uns para

com os outros em espírito de fraternidade”.

Lei de drogas

Antes da lei nº 11.343/06 – que trata os

crimes relacionados às drogas – com a Lei nº

6.368 de 21 de Outubro de 1976, o usuário tinha

pena de detenção e multa.

Art. 16. Adquirir, guardar ou trazer

consigo, para o uso próprio,

substância entorpecente ou que

determine dependência física ou

psíquica, sem autorização ou em

desacordo com determinação legal ou

regulamentar:

Pena - Detenção, de 6 (seis) meses

a 2 (dois) anos, e pagamento de

(vinte) a 50 (cinquenta) dias-multa.

Com a nova lei em vigor passou a ter

como “pena”, o disposto no artigo 28.

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver

em depósito, transportar ou trouxer

consigo, para consumo pessoal,

drogas sem autorização ou em

desacordo com determinação legal ou

regulamentar será submetido às

seguintes penas:

I – advertência sobre os efeitos das

drogas;

II – prestação de serviços à

comunidade;

III – medida educativa de

comparecimento a programa ou

curso educativo.

O art. 28 prevê penas de advertência,

prestação de serviço à comunidade e medida

educativa de comparecimento a programa ou

curso educativo. Ela diz ‘comparecer’ e não ‘ser

internado’. Sendo assim, o dependente não

pode ser internado como se fosse uma pena.

Internação

A internação é tratada pela Lei 10.216/01,

e é prevista de três maneiras: a voluntária,

involuntária e a compulsória. A primeira ocorre

quando o paciente pede, vai por conta própria

ou aceita ser conduzido ao hospital. A segunda,

mais frequente, acontece quando o paciente

tem surtos e precisa ser contido, às vezes até

com uso de camisa de força, geralmente

solicitada por um terceiro interessado, familiar

ou amigo. Já a internação compulsória, que

conta com uma avaliação do juiz, serve para

casos em que é necessária uma medida mais

extrema, pelo paciente apresentar risco para si

ou para outrem, seja por transtornos mentais ou

uso de drogas, sendo essa o último recurso.

Art. 6o. A internação psiquiátrica

somente será realizada mediante

laudo médico circunstanciado que

caracterize os seus motivos.

Parágrafo único. São considerados os

seguintes tipos de internação

psiquiátrica:

I - internação voluntária: aquela que

se dá com o consentimento do

usuário;

II - internação involuntária: aquela

que se dá sem o consentimento do

usuário e a pedido de terceiro; e

III - internação compulsória: aquela

determinada pela Justiça.

Para qualquer uma das modalidades de

internação, é necessária uma avaliação prévia e

um laudo médico justificando-a. Ainda hoje, é

muito debatido entre profissionais se a

internação compulsória é ou não uma medida

eficaz. Discute-se quanto a ser cabível somente

quando restarem provados que a ineficácia dos

recursos extra-hospitalares ou quando

apresentar iminente risco à vida do dependente

ou de terceiro – por exemplo, risco de suicídio,

abortamento, portador de esquizofrenia ou outra

doença psiquiátrica grave.

A internação compulsória está prevista no

artigo 9º da lei acima citada:

Art. 9o. A internação compulsória é

determinada, de acordo com a

legislação vigente, pelo juiz

competente, que levará em conta as

condições de segurança do

estabelecimento, quanto à

salvaguarda do paciente, dos demais

internados e funcionários.

A internação compulsória possui

fundamento também nos artigos 1.767, III e

1.777 do Código Civil:

Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:

III - os deficientes mentais, os ébrios

habituais e os viciados em tóxicos;

Art. 1.777. Os interditos referidos nos

incisos I, III e IV do art. 1.767 serão

recolhidos em estabelecimentos

adequados, quando não se

adaptarem ao convívio doméstico.

Porém, devemos lembrar que a

internação compulsória só deve ser utilizada

como última medida. Quando não há

possibilidade de manter o paciente em

tratamento em casa, por apresentar risco para

os outros, sendo necessária a comprovação

através de laudo médico.

Nesse sentido, segue decisão do STJ:

HABEAS CORPUS - AÇÃO CIVIL DE

INTERDIÇÃO CUMULADA COM

INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA -

POSSIBILIDADE - NECESSIDADE

DE PARECER MÉDICO E

FUNDAMENTAÇÃO NA LEI N.

10.216/2001 - EXISTÊNCIA NA

ESPÉCIE - EXIGÊNCIA DE

SUBMETER O PACIENTE A

RECURSOS EXTRA-

HOSPITALARES ANTES DA

MEDIDA DE INTERNAÇÃO -

DISPENSA EM HIPÓTESES

EXCEPCIONAIS 1. A internação

compulsória deve ser evitada, quando

possível, e somente adotada como

última opção, em defesa do internado

e, secundariamente, da própria

sociedade. É claro, portanto, o seu

caráter excepcional, exigindo-se, para

sua imposição, laudo médico

circunstanciado que comprove a

necessidade de tal medida. 2. A

interdição civil com internação

compulsória, tal como determinada

pelas instâncias inferiores, encontra

fundamento jurídico tanto na Lei n.

10.216/2001 quanto no artigo 1.777

do Código Civil. No caso, foi cumprido

o requisito legal para a imposição da

medida de internação compulsória,

tendo em vista que a internação do

paciente está lastreada em laudos

médicos. 3. Diante do quadro até

então apresentado pelos laudos já

apreciados pelas instâncias inferiores,

entender de modo diverso, no caso

concreto, seria pretender que o Poder

Público se portasse como mero

espectador, fazendo prevalecer o

direito de ir e vir do paciente, em

prejuízo de seu próprio direito à vida.

4. O art. 4º da Lei n. 10.216/2001

dispõe: "A internação, em qualquer de

suas modalidades, só será iniciada

quando os recursos extra-

hospitalares se mostrarem

insuficientes." Tal dispositivo contém

ressalva em sua parte final,

dispensando a aplicação dos

recursos extra-hospitalares se houver

demonstração efetiva da insuficiência

de tais medidas. Essa é exatamente a

situação dos autos, haja vista ser

notória a insuficiência de medidas

extra-hospitalares, conforme se extrai

dos laudos invocados no acórdão

impugnado. (...)”

O pedido de internação compulsória deve

ser direcionado ao Juiz, pois o fundamento do

pedido é o fato de o dependente químico estar

impossibilitado de decidir acerca da própria

saúde.

De toda forma, a medida, deferida em

caráter emergencial e temporária, deve

preceder de manifestação do Ministério Público

e será sempre deferida no intuito de proteger o

interesse do dependente. Ainda em tempo, cabe

a um especialista responsável pelo tratamento

decidir sobre quanto tempo que se faz

necessária a internação (§ 2º do Art. 8º).

Art. 8º. A internação voluntária ou

involuntária somente será autorizada

por médico devidamente registrado

no Conselho Regional de Medicina –

CRM do Estado onde se localize o

estabelecimento.

§ 1º. A internação psiquiátrica

involuntária deverá, no prazo de

setenta e duas horas, ser comunicada

ao Ministério Público Estadual pelo

responsável técnico do

estabelecimento no qual tenha

ocorrido devendo esse

mesmoprocedimento ser adotado

quando da respectiva alta.

§ 2º. O término da internação

involuntária dar-se-á por solicitação

escrita do familiar, ou responsável

legal, ou quando estabelecido pelo

especialista responsável pelo

tratamento.

A internação (involuntária ou compulsória)

deve ser realizada o mais breve possível, pois,

o quanto antes, o paciente deve ser cientificado

dos direitos previstos no parágrafo único do Art.

2º da Lei 10.216/2001, mormente o direito

previsto no inciso V:

Art. 2º. Nos atendimentos em saúde

mental, de qualquer natureza, a

pessoa e seus familiares ou

responsáveis serão formalmente

cientificados dos direitos enumerados

no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. São direitos da

pessoa portadora de transtorno

mental:

(…)

V – ter direito à presença médica, em

qualquer tempo, para esclarecer a

necessidade ou não de sua

hospitalização involuntária; (Grifo

próprio)

(...)

Muito se discute a respeito da

inconstitucionalidade da internação compulsória,

argumentando que essa ofenderia os direitos

citados anteriormente. Porém muito se tem

falado sobre o direito à liberdade quando se fala

sobre a internação compulsória dos

dependentes. No entanto, nenhum direito

sobressai aos demais, assim como o direito à

liberdade, o direito à vida é primordial para que

possa substabelecer os outros. Apesar de não

estar autorizada constitucionalmente, seria

justificada na medida em que o usuário poderia

colocar em risco os direitos fundamentais seus

ou de terceiro. Vale ainda ressaltar que para se

aceitar a existência do procedimento da

Internação Compulsória, esta deverá ser regida

pelo Princípio do Devido Processo Legal,

expresso na CF no artigo 5º, inciso LIV:

LIV – ninguém será privado da

liberdade ou de seus bens sem o

devido processo legal;

Apesar de a lei nº. 10.216 prever a

internação compulsória como medida

a ser adotada por um juiz, o que se

vê na prática com os usuários de

álcool e outras drogas contraria a lei,

pois introduz a aplicação de medida

fora do processo judicial. Maus-tratos,

violência física e humilhações são

constantes nessas situações. Há

registros de tortura física e

psicológica e relatos de casos de

internos enterrados até o pescoço,

obrigados a beber água de vaso

sanitário por haver desobedecido a

uma norma ou, ainda, recebendo

refeições preparadas com alimentos

estragados. 15

O que dizem alguns especialistas do

Brasil sobre a internação compulsória:

15 http://site.cfp.org.br/publicacao/relatorio-da-4a-inspecao-

nacional-de-direitos-humanos-locais-de-internacao-para-

usuarios-de-drogas-2a-edicao/

Para Arthur Guerra, psiquiatra,

professor da Faculdade de Medicina

(FM) e coordenador do Grupo

Interdisciplinar de Estudos sobre

Álcool e Drogas: “De forma geral, a

internação involuntária é um

procedimento médico realizada no

mundo todo há muitos anos, que

obedece a critérios superobjetivos. A

visão médica não vai deixar esse

paciente se matar. O médico, no

mundo todo, não acha que é um

direito do ser humano se matar, pois

entende que esse paciente está

doente e tem de ser internado.

Depois daquele momento de fissura e

excesso, quando estiver recuperado,

o paciente vai dizer: ‘Obrigado,

doutor’”. 16

Ronaldo Laranjeira, professor titular

do Departamento de Psiquiatria da

UNIFESP, diretor do INPAD (Instituto

Nacional de Ciência e Tecnologia

para Políticas Públicas do Álcool e

outras Drogas) do CNPq e

coordenador da UNIAD (Unidade de

Pesquisas em Álcool e Drogas): “Nos

casos mais graves, a internação é a

alternativa mais segura. O ideal seria

que ninguém precisasse disso, mas a

dependência química é uma doença

que faz com que a pessoa perca o

controle”.17

Dráuzio Varella, médico oncologista,

cientista e escritor. Foi voluntário na

Casa de Detenção de São Paulo

(Carandiru) por treze anos e hoje

atende na Penitenciária Feminina da

Capital: “A internação compulsória é

um recurso extremo, e não podemos

ser ingênuos e dizer que o cara fica

internado três meses e vira um

cidadão acima de qualquer suspeita.

16 http://www.reporterdiario.com.br/Noticia/381210/internac

ao-involuntaria-para-dependentes-quimicos-divide-

opinioes/

17http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,EMI25539

5-15257,00-INTERNAR+A+FORCA+RESOLVE.html

Muitos vão retornar ao crack. Mas,

pelo menos, eles têm uma chance”.18

Pesquisa do DataFolha divulgada no

dia 25 de janeiro de 2012 aponta que

90% dos brasileiros apoiam a

internação involuntária de

dependentes de crack.19

Segundo o National Institute on Drug

Abuse (EUA), uma das instituições

mais respeitadas do mundo nessa

questão, funciona tanto quanto o

tratamento feito quando o paciente se

interna voluntariamente. Na

publicação Principles of Drug

Addiction Treatment: A Research-

Based Guide (Princípios do

Tratamento do Vício em Drogas: Um

Guia Baseado em Pesquisa), o

instituto apresenta quais são os

princípios de um tratamento eficaz. O

texto diz “o tratamento não precisa

ser voluntária para ser eficaz.

Sanções ou incentivos impostos pela

família, ambiente de trabalho ou pelo

sistema judicial podem aumentar

significativamente a taxa de

internação e de permanência – e

finalmente o sucesso das

intervenções de tratamento”.20

No documento “Principles of Drug

Dependence Treatment”, de 2008, a

OMS considera que o tratamento de

dependência de drogas, como

qualquer procedimento médico, não

deve ser forçado. Admite, porém, que

“em situações de crise de alto risco

para a pessoa ou outros, o

tratamento compulsório deve ser

determinado sob condições

específicas e período especificado

18http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,EMI25539

5-15257,00-INTERNAR+A+FORCA+RESOLVE.html

19 http://datafolha.folha.uol.com.br/po/ver_po.php?session=

1175

20 http://www.drugabuse.gov/publications/principles-drug-

addiction-treatment-research-based-guide-third-

edition/principles-effective-treatment

por lei”.21

Somente diante do caso concreto,

excepcionalmente e como último recurso, a

internação será indicada como uma etapa

necessária do processo de reabilitação do

adicto22

. Destaque–se jurisprudência oportuna

sobre o tema:

INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA.

Boituva. Dependência química.

Pedido de internação compulsória

feita pela mãe, sob alegação de

furtos sucessivos e conduta

agressiva. – A mãe relata que o filho,

capaz e viciado em drogas, vem

furtando objetos da residência e,

quando em abstinência, vem

ameaçando a integridade física da

autora e do irmão; há atestado

médico recomendando a internação

para tratamento da dependência

química e os art. 6º § único III e 9º da

LF nº 10.216/01 permitem a

internação compulsória por ordem do

juiz. A perícia médica será feita

durante a internação. Inexistência de

erro ou abuso na decisão agravada.

– Agravo desprovido.

(TJ-SP – AI: 888851020118260000

SP 0088885-10.2011.8.26.0000,

Relator: Torres de Carvalho. Data de

Julgamento: 23/05/2011, 10ª Câmara

de Direito Público, Data de

Publicação: 26/05/2011)

REEXAME NECESSÁRIO.

APELAÇÃO CÍVEL. INTERNAÇÃO

COMPULSÓRIA. O caso. Pedido de

internação compulsória em face de

maior, com dezoito anos de idade

quando ajuizada a ação, para

tratamento contra drogadição.

19http://www.unodc.org/documents/drug-

treatment/UNODC-WHO-Principles-of-Drug-Dependence-

Treatment-March08.pdf

22 Indivíduo compulsivo.

Confirma sentença de procedência.

Reexame necessário. As sentenças

ilíquidas desfavoráveis à União, ao

Estado, ao Distrito Federal, aos

Municípios e às respectivas

autarquias e fundações de direito

público estão sujeitas ao reexame

necessário. Precedente

jurisprudencial. MANTIVERAM A

SENTENÇA EM REEXAME

NECESSÁRIO. (Reexame Necessário

Nº 70061267183, Oitava Câmara

Cível, Tribunal de Justiça do RS,

Relator: Rui Portanova, Julgado em

30/10/2014).

(TJ-RS – REEX: 70061267183 RS,

Relator: Rui Portanova, Data de

Julgamento: 30/10/2014, Oitava

Câmara Cível, Data de Publicação:

Diário da Justiça do dia 04/11/2014)

APELAÇÃO CÍVEL. INTERNAÇÃO

COMPULSÓRIA. TRATAMENTO

CONTRA DROGADIÇÃO. Internação

Compulsória. Internação compulsória

em face de maior com 23 anos de

idade para tratamento contra

drogadição, pois portador de

TRANSTORNO MENTAL E DE

COMPORTAMENTO AGRESSIVO

DECORRENTE DO USO DE

SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS,

PSICOSE INDUZIDA POR DROGAS

(CID 10 F19.2). Sentença procedente.

Legitimidade passiva. Os entes

estatais são solidariamente

responsáveis pelo atendimento do

direito fundamental à saúde. Logo,

não há em ilegitimidade passiva ou

obrigação exclusiva de um deles.

Direito à saúde e princípio da reserva

do possível. A condenação do Estado

para que forneça tratamento médico

ou medicamento encontra respaldo

na Constituição da República, em

razão da proteção integral

constitucionalmente assegurada ao

direito fundamental à saúde. Assim,

tal condenação não representa

ofensa ao princípio da reserva do

possível. Condenação do Município

ao pagamento de honorários em favor

do FADEP. Configurada a pretensão

resistida é adequada à condenação

do Município ao pagamento de

honorários advocatícios em favor do

FADEP. Tendo em vista a natureza

da presente ação, inviável a extinção

ou redução dos honorários

advocatícios postulada no apelo,

restando mantido o valor fixado pela

sentença. Da necessidade do

tratamento. A necessidade da

internação restou atestada pelos

documentos apresentados e

comprovou-se que a medida, já

efetivada, mostrou-se indispensável

para preservar a vida e a integridade

física do apelante e de sua família.

NEGARAM PROVIMENTO.

(Apelação Cível Nº 70060921657,

Oitava Câmara Cível, Tribunal de

Justiça do RS, Relator: Rui Portanova,

Julgado em 30/10/2014).

(TJ-RS – AC: 70060921657 RS,

Relator: Rui Portanova, Data de

Julgamento: 30/10/2014, Oitava

Câmara Cível, Data de Publicação:

Diário da Justiça do dia 04/11/2014)

APELAÇÃO CÍVEL. INTERNAÇÃO

COMPULSÓRIA. TRATAMENTO

CONTRA DROGADIÇÃO. Internação

Compulsória. Internação compulsória

em face de maior com 24 anos de

idade para tratamento contra

drogadição, pois viciado em crack

(CID 10 F14.0). Sentença procedente.

Legitimidade passiva. Os entes

estatais são solidariamente

responsáveis pelo atendimento do

direito fundamental à saúde, inclusive

transporte para viabilizar tratamento

médico. Logo, não há em

ilegitimidade passiva ou obrigação

exclusiva de um deles. Direito à

saúde e princípios da legalidade e

isonomia. A condenação do Estado

para que forneça tratamento médico

ou medicamento encontra respaldo

na Constituição da República, em

razão da proteção integral

constitucionalmente assegurada ao

direito fundamental à saúde. Assim,

tal condenação não representa

ofensa aos princípios da legalidade e

isonomia. Necessidade de avaliação

antes da internação. Desnecessária a

avaliação da apelada pelo CAPS

municipal para justificar sua

internação, porquanto seu quadro de

dependência química esteja

suficientemente comprovado nos

autos. Desnecessidade de obediência

a ordem de atendimento. Não há se

falar em desobediência à ordem de

atendimento, porquanto comprovada

grave situação do paciente, a teor do

artigo 5º, inciso XXXV, da

Constituição Federal. Condenação do

Município ao pagamento de

honorários em prol do FADEP.

Configurada a pretensão resistida é

adequada à condenação do Município

ao pagamento de verba honorária.

Assim, é de rigor a fixação de

honorários advocatícios em favor da

Defensoria Pública. DERAM

PROVIMENTO AO APELO DA

AUTORA E NEGARAM

PROVIMENTO AO RECURSO DO

ESTADO. (Apelação Cível Nº

70061652608, Oitava Câmara Cível,

Tribunal de Justiça do RS, Relator:

Rui Portanova, Julgado em

30/10/2014).

(TJ-RS – AC: 70061652608 RS,

Relator: Rui Portanova, Data de

Julgamento: 30/10/2014, Oitava

Câmara Cível, Data de Publicação:

Diário da Justiça do dia 04/11/2014)

Porém um estudo feito pelo psiquiatra e

coordenador do Programa de Orientação e

Atendimento a Dependentes (Proad) Dartiu

Xavier da Silveira, da Universidade Federal de

São Paulo (Unifesp), mostra que apenas 2%

dos pacientes internados contra a vontade têm

sucesso no tratamento e 98% deles reincidem.

“A porcentagem de fracassos é alta demais para

que a medida seja adotada como política

pública no enfrentamento do crack” 23

.

“(...) Outras questões se apresentam

na esfera do drogadicto e quanto aos

profissionais e formas de tratamento.

Não é fácil tratar viciados, até porque

não há uma única resposta de cura.

Cada pessoa é uma individualidade,

uma singularidade que requer

direcionamento específico do seu

problema. Como as pessoas são

diferentes, tem que haver diferentes

formas de tratamento. (SANTOS,

1977) 24

Ronaldo Laranjeira, professor de

Psiquiatria da UNIFESP, diretor do INPAD

(Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para

Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas) e

coordenador da UNIAD (Unidade de Pesquisas

em Álcool e Drogas), opina da seguinte maneira:

“Nos casos mais graves, a internação é a

alternativa mais segura. O ideal seria que

ninguém precisasse disso, mas a dependência

química é uma doença que faz com que a

pessoa perca o controle” 25

.

Conclusão:

A evolução do processo de dependência

química no universo atual necessita da

verificação de algumas vertentes: social, familiar

e do Estado.

Foi necessário o homem e a mulher para

constituir a família, necessitou-se da religião

para fomentação do estado espiritual, o Estado

no processo das endemias sociais necessita

cumprir o seu papel, bem como a família, o

abandono não é solução social para a questão

endêmica do Crack no território brasileiro.

De modo geral, a família abandona o

dependente, a sociedade o exclui e o Estado

21http://www.psiquiatria.unifesp.br/d/proad/noticias/?pagina

=3

24 SANTOS. Jorcelino Luiz dos Santos. Drogas: Psicologia

e Crim. Porto Alegre. Editora Sagra Luzzato. Pg. 199.

25 http://www.uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/

PPTS/Pol%C3%ADtica%20do%20tratamento%20do%20CR

ACK%20-%20simples.pdf

não fomenta políticas públicas para o

tratamento e o reingresso do mesmo na

sociedade.

Culturalmente falando, o incentivo aos

excluídos é proporcionalmente inverso ao

processo de formação do cidadão, entramos na

esfera da condição sine qua non, a educação

básica, a maioria dos usuários de Crack não

teve acesso à educação por completo.

Embora, para que, a medida seja

cumprida, se faz necessário uma determinação

judicial, ainda sim, é longaa espera por uma

vaga. Em razão disso cresce o número de

decisões que obrigam o Poder Público a manter

o dependente em uma rede privada. Algumas

dessas entidades recebem recursos de órgão

federal e se disponibilizam a prestar assistência

gratuita a quem necessita. A questão deve ser

analisada sob a ótica das prioridades

constitucionais e do estudo particular das

condições familiares de cada necessitado.

Quando a situação se torna tão fática que

o cenário é degradante e insustentável,

deixando seres humanos lançados à própria

sorte, medida como a internação compulsória

pode ser plenamente adotada garantindo não só

o direito à vida, como a segurança e também a

saúde. Torna-se essencial privar a liberdade de

ir e vir para que se vislumbre alguma hipótese

de devolver ao dependente químico algum

resquício de dignidade, tirando-o das ruas

imundas em que são largados inconscientes a

própria sorte. Não pode ser tido como ofensa ao

princípio da dignidade humana, quando as

condições insalubres em que se encontram, não

trazem a eles quaisquer tipos de dignidade.

Muitos tratam a medida como sendo

higienista – um dos pilares sustentados pelos

críticos da política de internação à força –,

quando direitos como a vida, a saúde e a

dignidade são diuturnamentedesprezadas

fundamentos constitucionais para que o Estado

possa tomar medidas que protejam os cidadãos

que são dependentes químicos.

Observamos que a efetivação de medidas

paliativas possui algumas dificuldades,

começando pelas falta de vagas nos

estabelecimentos públicos capazes de proceder

ao tratamento. A falta de programas capazes de

suprir as necessidades dos dependentes. A falta

de recursos para entidades, sem fins lucrativos,

que se dispões a prestar essa assistência

necessária. A falta de apoio e interesse da

família do dependente.

De modo geral, têm o poder estatal, a

finalidade de preservar a vida e a saúde, os

bens maiores do ser humano. A nova política de

saúde mental visa o tratamento em rede

substitutiva, ou seja, em locais que o paciente

possa frequentar, sem a necessidade de passar

longos períodos internados, longe da

convivência familiar e comunitária.Um plano de

trabalho conjunto com o estado, à sociedade e

família, pode alavancar uma mudança radical

nesse processo que só aumenta com o passar

dos anos.

Ainda dentro do tratamento os

profissionais procuram provocar uma epifania

no dependente, pois ele precisa ao menos estar

disposto a mudar ou toda tentativa de ajuda

será em vão. As tentativas diversificam

conforme as resistências do dependente

procuram conquistar a confiança e construir um

objetivo de vida em conjunto com ele.

Demonstrando sempre que o necessário é a

(re)construção da identidade, o resgate ao seu

circulo social, familiar e profissional, bem como

as suas habilidades e qualidades. Conforme a

apropriação desses valores, a interrupção do

uso de drogas se torna inevitável.

Enfim, do diálogo entre o Direito à Vida e

à Liberdade sentido nos temas ligados à

dependência química a melhor solução ainda é

limitar o livre arbítrio do doente para lhe

preservar a própria vida.

Agradecimentos:

Não há como falar em agradecimento e

não pensar em Deus em primeiro momento, que

é Pai, Filho e Espírito Santo. Que sabendo das

minhas fraquezas dá-me vida e forças para lutar,

me sustenta nos momentos difíceis, de angústia

e sofrimento e me impulsiona para frente para

honra e glória do seu santo nome.

Ao meu filho, Hugo Koiti, pelas noites

intermináveis, acordado comigo estudando (ele

é um anjo), por ser a base da minha vida, sem

ele nada seria possível.

Ao Felipe Almeida que foi de grande

importância nesse momento tão crucial.

Aos meus irmãos, Claudio e Cesar, que

foram a base de amizade na minha vida.

Aos meus pais pela educação que me

deram ao longo da vida. Sem vocês não estaria

aqui.

Aos amigos, tanto aos que obtive ao

longo dessa jornada quanto aos que já faziam

parte da minha vida e que me auxiliaram e

incentivaram, em especial, ao Carlos Henrique

que tenho como um irmão; Bruna Araújo que

esteve sempre ao meu lado; Roberta Keylla que

tenho como uma irmã; Felipe Moyses que é

muito mais do que um amigo pra mim; Bárbara

Brandão, que foi de muita importância ao longo

desses anos todos; Petterson Juliani que ao

longo da faculdade não me deixou desistir.

E, principalmente, a minha família, que

me enriqueceram com suas presenças,

facilitando o crescimento e amadurecimento,

tanto meu, quanto deles, meus padrinhos,

primos, tios. Em especial, minha avó, Sonia

Gomes, que é a inspiração para eu almejar este

momento, e meu avô, Edward Ramos, que foi a

base de apoio para todos, e afinal, eles são os

pilares da nossa família.

Amo todos vocês.

E ademais, mas não menos importantes,

aos professores que me auxiliaram e ensinaram,

em especial, ao meu orientador que me

acompanhou durante esta tão sonhada trajetória;

ao digníssimo Marcelo Batista que além dos

ensinamentos que me passou como professor é

um grande amigo que espero levar pra vida;

outrossim, a ilustríssima Kênia Carina, a quem

sempre me incentivou e maravilhou com suas

aulas de penal; se hoje estou onde estou devo a

cada um dos professores que conheci ao longo

desta incessante prossecução pelo

conhecimento.

Por fim, quero agradecer a todos que de

alguma forma me ajudaram ou me incentivaram

a seguir em frente e conquistar, mesmo que

tardiamente, esta graduação, pois será de

grande valia em minha vida.

Referências

1. ANDRADE, Fernando Grownstein. Quebrando o tabu. Rio de Janeiro: Globo Filmes, 2011.

2. AVELINO, Victor Pereira. A evolução do consumo de drogas. Aspectos históricos, axiológicos e

legislativos. Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2439, 6 mar. 2010. Disponível em:

<http://jus.com.br/artigos/14469>. Acesso em: 18 nov. 2014.

3. BRASIL. Decreto nº 79.388, de 14 de março de 1977. Promulga a Convenção sobre

Substâncias Psicotrópicas. Disponível em:

<http://www2.camara.gov.br/internet/legislacao/legin.html/textos/visualizarTexto.html?ideNorma=4

28455&seqTexto=1&PalavrasDestaque=>. Acesso em: 15 de novembro de 2014.

4. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 20 nov. de 2014.

5. Britto, Renata Corrêa. A internação psiquiátrica involuntária e a Lei 10.216/01. Reflexões

acerca da garantia de proteção aos direitos da pessoa com transtorno mental. / Renata

Corrêa Britto. Rio de Janeiro: s.n., 2004.

6. Carvalho, Salo de. A política criminal de drogas no Brasil: estudo criminológico e dogmático

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