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1 Miriam Martins Couto A INFLUÊNCIA DA RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO NO PROCESSO APRENDIZAGEM Rio de Janeiro 2004

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Miriam Martins Couto

A INFLUÊNCIA DA RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO NO

PROCESSO APRENDIZAGEM

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO DO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

EM PSICOPEDAGOGIA

PROJETO VEZ DO MESTRE

A INFLUÊNCIA DA RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO NO PROCESSO

DE APRENDIZAGEM

Por Miriam Martins Couto

Monografia de conclusão do curso de

pós-graduação em Psicopedagogia do

Projeto Vez do Mestre da Universidade

Candido do Mendes, como requisito para

obtenção do certificado de conclusão

Rio de Janeiro

2004

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AGRADECIMENTOS

Agradeço principalmente a Deus e por

conseguinte a minha família pelo apoio

e dedicação nesta fase tão importante da

minha vida.

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O que é único a respeito de nós como espécie é que não apenas nos

adaptamos ao mundo natural e social mediante ações apropriadas mas

também criamos teorias e histórias para nos ajudarem a compreender e até

mesmo a explicar o mundo e nossas ações nele

Bruner, 1997

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RESUMO

O presente estudo sugere algumas reflexões sobre as causas que levam os alunos a

apresentarem desinteresse por algumas disciplinas, podendo até mesmo causar o fracasso

escolar ou a evasão. Parte-se do pressuposto que nem sempre a causa atribuída a situação

social do aluno ou ao sistema educacional a eles pertencem. Em uma pesquisa realizada

para a confecção deste trabalho, pode-se constatar como a relação professor/aluno pode

influenciar no processo de aprendizagem dos alunos. Além de verificar quanto uma relação

que prioriza a emoção pode facilitar este processo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................07

CAPÍTULO I – APRENDIZAGEM: TEORIAS E FORMAS ............................................10

1.1 – Tipos e formas da aprendizagem .................................................................................13

1.2 - Motivação ...................................................................................................................17

CAPÍTULO 2 – A RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO: PRIORIZANDO A EMOÇÃO...20

CAPÍTULO 3 – ALGUMAS CONSTATAÇÕES: NO LOCUS ESCOLAR.......................24

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................35

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INTRODUÇÃO Na atual conjuntura da Educação no país, com a detectação dos altos índices de

evasão escolar e repetência, cresce o interesse em averiguar as causas destes fenômenos,

que Bossa (2002) denomina sintoma, quando olhado pela psicanálise. Problema este que

vem persistindo à vários anos, as estatísticas publicadas1 na década de trinta já revelavam

altos índices de evasão, o que comprova um problema quase que imune às tentativas de

resolve-lo, tornando-se um fato crônico no sistema educacional.

O presente estudo partiu das inquietações, em constatar que o fracasso na

aprendizagem, mais enfocado pelos teóricos nas séries iniciais do ensino fundamental,

persiste no segmento de 5ª à 8ª séries.

Para tessitura do trabalho focalizou-se dentro do processo de aprendizagem a

influência da relação professor/aluno priorizando a participação da emoção neste processo.

A intencionalidade ao ouvir alguns alunos destas séries era identificar alguns fatores

que podem detonar ou agravar o fracasso na aprendizagem, dando voz para que os próprios

alunos e alunas se manifestassem e, apontassem esses possíveis fatores. Além de favorecer

a participação destes, pois é notória a ausência desses atores da educação nas pesquisas

sobre escola e fracasso escolar, e considerando estes os principais interessados em

desvendar essa trama, fica entendido a importância da sua participação. Portanto constrói-

se um estudo que está voltado para a especificidade da situação e para a opinião dos alunos.

Patto (1999) atribui a quatro fatores as responsabilidades pelo fracasso escolar:

pedagógicos, sociais, médicos e psicológicos.

As causas do fracasso escolar, geralmente são atribuídas ao aluno, a família e as

condições extra escolares. Estes julgamentos isentam a escola e seus atores de suas

1 Cf : PATTO, 1999.

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responsabilidades, “esquecendo que a dinâmica que nela existe envolve sujeitos sociais,

tempo, pedagogias, política, além de vontade, de desejos e de compromissos mútuos.

Durante um percurso histórico descrito por Patto (1999) pode ser percebido que as

tentativas de explicação para o fracasso escolar, em princípio, foram formuladas pela área

médica, o que significou considerar as causas do fenômeno como anormalidade genética ou

orgânica, portanto os alunos como deficientes. Uma outra tentativa surge nos anos 60, a

teoria da carência cultural com os programas de educação compensatória, que utiliza como

suporte a concepção de que há crianças menos aptas para a aprendizagem por pertencerem

a ambientes sociais menos favorecidos, o que afetaria o seu desenvolvimento

sóciocognitivo.

Morales (1999) levanta a questão sobre a produção do fracasso escolar oriundo das

práticas escolares, principalmente no que se refere a forma predominante de transmissão

verbal do conhecimento, o tipo de relação autoritária entre professor/aluno e a alienação

de conteúdos.

Fato confirmado por Souza (1995 em Bossa, 2002) que aponta a possibilidade da

existência de bloqueios que inibam o desempenho intelectual, prioritariamente relacionados

a problemática afetiva.

Portanto neste trabalho prioriza-se a contribuição de uma má relação

professor/aluno para o fracasso escolar. E para justificar esta assertiva recorre-se como

referencial teórico a Vygotsky, que denota uma visão essencialmente social para a

aprendizagem, destacando a importância primordial da interação para que ocorra o

processo.

Considera a mediação como um aspecto fundamental para a internalização do

conhecimento, que ocorrerá através da interação social com as pessoas que o rodeiam.

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Neste sentido o autor destaca a importância do outro, na constituição do próprio sujeito e na

sua forma de agir. Partindo deste pressuposto o papel do outro, neste caso o professor,

torna-se fundamental no processo de aprendizagem, conseqüentemente como mediador da

construção do conhecimento.

Contudo para que se estabeleça a relação entre o professor e o aluno ou como

explicita Alicia (1990) entre o ensinante e o aprendente tem que haver a promoção de

vínculos. E para referendar esta teoria recorre-se a Teoria do Vínculo de Pichon-Rivière

(!998).

E acreditando que para constituir vínculos entre pessoas deva haver afetividade

evoca-se Wallon (1975), que dedicou grande parte de sua vida ao estudo das emoções e da

afetividade.

Desta forma o presente trabalho encontra-se assim organizado: em um primeiro

capítulo foi necessário uma parte mais consistente, teórica em que será discutida as teorias

da aprendizagem, suas formas, assim como a motivação.

Em um segundo capítulo analisa-se a relação professor/aluno priorizando a emoção

e afetividade neste relacionamento.

E finalmente no terceiro capítulo comenta-se a fala de alguns alunos sobre seus

professores e como estes são marcantes em seu processo escolar.

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CAPÍTULO 1 – APRENDIZAGEM: Teorias e formas

Começa-se a observar que tudo que existe é interdependente e

circunstancial; que todas as normas se modificam

constantemente e perecem; que a troca e a interação são o modo

natural de vida; que o indivíduo e o ambiente exercem

influências recíprocas; que nada é estável; que tudo vive em

estado de processo.

Luiz Reissig2 Nos últimos anos muito se tem discutido sobre o processo de aprendizagem, o que

torna ocioso repetir tudo que se descobriu sobre ela ou o que ainda permanece lacunar.

Porém, objetiva-se referenciar a aprendizagem diretamente à situação da relação

professor/aluno.

Encontra-se um número bastante grande de teorias da aprendizagem, mas como não

é esse o mote principal deste trabalho monográfico, far-se-á algumas considerações a

respeito de algumas teorias mais marcantes, até mesmo para sintonizar a teoria que mais se

adequa ao referencial teórico do trabalho.

As teorias podem ser genericamente reunidas em duas categorias: as teorias do

condicionamento e as teorias cognitivistas.

As classificadas como teorias do condicionamento definem a aprendizagem pelas

suas conseqüências comportamentais e enfatizam as condições ambientais como forças

propulsoras da aprendizagem. A aprendizagem é a conexão entre o estímulo e a resposta.

As do segundo grupo definem a aprendizagem como um processo de relação do

sujeito com o mundo externo e que tem conseqüências no plano da organização interna do

conhecimento.

2 REISSIG em RODRIGUES, 1976.

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Segundo estas teorias a aprendizagem é um processo de organização das

informações e de integração do material à estrutura cognitiva. E ainda a égide destas teorias

a aprendizagem é diferenciada em aprendizagem mecânica e significativa. A mecânica

refere-se a aprendizagem de novas informações com poucas ou nenhuma associação com

conceitos já existentes na estrutura cognitiva. E a significativa processa-se quando um novo

conteúdo relaciona-se com conceitos relevantes e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo

assim assimilados por ela.

Moreira (1983) distingue três enfoques teóricos para a aprendizagem: o

comportamentalista, o cognitivista e o humanístico.

A corrente comportamentalista, que tem como exemplo de teórico, Skinner,

considera o aprendiz como um ser que responde a estímulos fornecidos pelo meio externo,

não considera o que ocorre no interior da mente do indivíduo.

Alinha cognitivista preocupa-se com o processo de compreensão, transformação,

armazenamento e o uso da informação envolvida na cognição, ocupa-se particularmente

dos processos mentais. São exemplos cognitivistas Piaget e Ausubel.

A orientação humanista, representada por Rogers, considera o aprendiz

principalmente como pessoa, o importante é a auto-realização da pessoa, o crescimento

pessoal. O indivíduo visto sempre como um todo, não só o intelecto.

Diante destas teorias faz-se necessário a conceituação de aprendizagem segundo

alguns importantes teóricos3:

Para Skinner, a aprendizagem ocorre devido ao reforço.

3 Essas conceituações constam da obra de MOREIRA (1983)

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Para Gagné, a aprendizagem é uma mudança de comportamento, resultante de

estimulação do meio ambiente e diferencia-se da concepção de Skinner, porque para o

autor, ocorre dentro da cabeça do indivíduo.

Brunner, não define explicitamente a aprendizagem, entretanto acredita-se que

aceite a aprendizagem como uma mudança de comportamento advinda da experiência.

Piaget acredita que só ocorra aprendizagem quando, ou aumento de conhecimento,

quando o esquema de assimilação sofre acomodação.

Segundo Ausubel aprendizagem significa organização e integração do material na

estrutura cognitiva.

Rogers define aprendizagem significante: uma aprendizagem que provoca uma

modificação quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação da ação futura que

escolher ou nas suas atitudes e na sua personalidade.

Porém em todas as teorias há uma concordância a predisposição para aprender é

condição para que ocorra a aprendizagem. Assim como, o papel do professor que também

tem destaque em todas as teorias, mas nunca como fonte de informação.

Acredita-se que é pela ocorrência da aprendizagem que se desenvolvem as

habilidades, apreciações, raciocínios, assim como as aspirações, atitudes e os valores do

homem, que o torna capaz de conduzir-se convenientemente em uma sociedade complexa

como a sociedade do conhecimento.

Para Vygotsky (2003), um aspecto essencial na aprendizagem é o fato dela

desencadear vários processos internos de desenvolvimento, que só são capazes de operar

quando a criança interage com adultos e quando em cooperação com seus companheiros.

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Para Jardim (2001) a aprendizagem não ocorre naturalmente, é um acontecimento

que ocorre sobre determinadas condições que podem ser observadas, alteradas e

controladas.

O autor, acima citado, destaca três elementos que tem relação com a aprendizagem:

♦ Pessoa que aprende: nela os aspectos mais importantes são os órgãos dos

sentidos, o sistema nervoso central e os músculos. A atividade nervosa

transformada em ação, dentro de certas seqüências e padrões que alteram a

natureza do próprio processo organizador, se manifesta como

aprendizagem;

♦ Situação estimuladora: é a soma dos fatores que estimulam os órgãos dos

sentidos da pessoa que aprende ou estímulo;

♦ Resposta: ação que resulta da estimulação e da atividade nervosa

subseqüente.

1.1 - Tipos e Formas de Aprendizagem De acordo com alguns psicopedagogos construtivistas como Pain e Grossi (em

Ferreira 1998) vários são os fatores que interferem na aprendizagem, são eles: a intelectual

ou lógica, simbólica ou dramática, o corpo e o organismo. Em tentativas de explicar a

construção do conhecimento esses fatores em algumas ocasiões foram valorizadas e em

outras excluídas. Uma versão bastante conhecida é a da “tabula rasa”, que concebe a

inteligência como uma folha em branco, onde os ensinamentos iam sendo escritos, neste

caso a competência da formação do conhecimento era da inteligência. Alguns professores

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mais tradicionais, ainda que inconscientemente utilizam desta teoria na sua forma de

trabalhar.

Em um outro momento, posterior, valorizou-se o movimento para o funcionamento

da inteligência, responsabilizando quase que exclusivamente a ação motora para a

organização do pensamento, esquecendo entre outros fatores importantes o afetivo.

Com advento da Psicanálise de Freud descobriu-se a importância do afeto, dos

desejos da motivação.

Hoje, na visão construtivista considera-se que para aprender é necessário a

manutenção do vínculo, entre dois personagens principais: quem aprende e quem ensina.

Que Fernandez (1990) denomina de aprendente e ensinante.

Jardim (2001) considera alguns tipos de aprendizagem, sempre relacionadas a

situações estimuladoras, que atingem o aprendente através dos órgãos dos sentidos, e uma

resposta ou série de respostas que são resultados identificáveis produzidas pelos estímulos:

♦ Aprendizagem de sinal – neste caso as respostas são gerais, difusas e

emocionais. Um estímulo incondicionado provoca uma resposta

incondicionada. Trata-se de aprendizagem com caráter involuntário e as

respostas também não se acham sob o controle voluntário, podem ser

prontamente adquiridas em conexão com determinados sinais, por exemplo:

reações de medo ou outras emoções. A relação entre o estímulo e a resposta

não se relaciona com a inteligência. As condições que podem controlar

externamente as respostas são à contigüidade e à repetição. Uma

característica importante da aprendizagem de sinais é sua grande resistência

ao esquecimento

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♦ Aprendizagem do tipo estímulo-resposta – trata-se da aprendizagem motora,

compreende a execução de movimentos musculares muito precisos e a

resposta a estímulos muito específicos. Neste tipo de aprendizagem deve

haver um consumatório que leve à satisfação (ou reforço), este tipo de

relação é essencial à aprendizagem neste caso. Quando se omite o reforço

pode ocorrer o fenômeno da desaprendizagem. Quanto mais curto for o

tempo entre a ocorrência da resposta aprendida e o reforço, mais rápida será

a aprendizagem. A repetição também é condição essencial para que ocorra a

aprendizagem. É também bastante resistente ao esquecimento.

♦ Aprendizagem em cadeia – trata-se de fazer uma ligação entre dois ou mais

estímulos-resposta. Deve haver contigüidade entre cada elo e o seguinte, que

deve ser executada com proximidade temporal, assim haverá aquisição da

cadeia de uma só vez. Deve ocorrer repetição com a função de regularizar os

aspectos destoantes. O reforço não pode ser omitido, para que não ocorra a

extinção do elo final, o reforço deve ser imediato a fim de que a

aprendizagem ocorra de maneira rápida.

♦ Aprendiz\agem de associações verbais. – podem ser classificadas como um

subtipo de aprendizagem de cadeia, porém possui características especiais.

Neste tipo as respostas já aprendidas servem como código associativo para o

novo aprendizado, o código de associação depende da seleção de habilidades

do aprendente. A aprendizagens será mais rápida quanto maior for o

suprimento de conexões em código, também deve haver reforço para

proporcionar satisfação e incentivo para continuidade da aprendizagem. E

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para prevenir o esquecimento das seqüências verbais é necessário a

repetição.

♦ Aprendizagem de discriminações múltiplas – a aquisição de discriminações

múltiplas deve-se identificar algo em série, o indivíduo aprende a dar várias

e diferentes respostas à diferentes estímulos, que devem, porém assemelhar-

se em menor ou maior grau. Alguns fenômenos de interferência, como a

interferência de novas cadeias na conservação de outras já aprendidas, é

talvez o mecanismo básico do esquecimento, sendo essa uma das

características importantes deste tipo de aprendizagem. Este efeito pode ser

superado através da repetição.

♦ Aprendizagem de conceitos – é um tipo que depende de maneira crítica dos

processos de representação interna, essa função utiliza-se da linguagem,

aprender um conceito significa aprender a responder a estímulos. Neste tipo

de aprendizagem deve ser proporcionado ao aprendente uma variedade de

situações estimuladoras, incorporando a propriedade conceitual a ser

aprendida. Para realizar este tipo de aprendizagem é necessário a utilização

de outros tipos.

♦ Aprendizagem de princípios – um princípio é uma cadeia de dois ou mais

conceitos, o mais importante são os requisitos prévios para que a

aprendizagem ocorra. Este método é rápido e eficiente, mas ainda muito

discutido.

♦ Aprendizagem de resolução de problemas - a resolução de problemas resulta

na aquisição de novas idéias que multiplicam a aplicabilidade dos princípios

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já aprendidos, este meio conduz a novas habilidades para o pensamento

ulterior.

1.2 - Motivação Quando se opta pelas teorias cognitivistas não se pode abster-se de falar em

motivação, que continua a ser um complexo tema para a Psicologia Educacional.

A motivação é um processo que mobiliza o organismo para a ação, a partir da

relação entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação. Para Bock e outros (1993)

o estudo da motivação considera três tipos de variáveis: o ambiente; as forças internas do

indivíduo – como necessidade, desejo, vontade, interesse, impulso, instinto; o objeto – que

atrai o indivíduo por ser fonte de satisfação da força interna que o mobiliza.

Rossini (2003) acredita que a inteligência se desenvolve pelas vias da motivação,

são principalmente os motivos interiores que levam a ação. A autora divide a motivação em

dois tipos: a motivação interna – instintos, hábitos, atitudes, ideais, prazer; e a motivação

externa – estímulos do meio.

♦ Motivação interna (ou intrínseca)

1- Instinto – fenômeno biológico inerente ao ser humano, bastante relevantes na

fase da escolaridade. A autora subdivide em: instinto de grupo – a tendência do

ser humano de agrupar-se, o que proporciona maior consistência nos

elementos, o trabalho em grupo é sempre mais motivador para os aprendentes;

instinto lúdico – toda criança adora jogar, este instinto deve ser explorado em

qualquer disciplina, com o objetivo de fixar algum conteúdo; rivalidade – o

instinto das crianças para a competição deve ser aproveitado com intuito de

promover cooperação e as regras de convivência; curiosidade – o desejo de

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descobrir o mundo estimulo o desejo de tudo saber, esse instinto quando bem

trabalhado vai despertar no aprendente a vontade de investigar, de saber cada

vez mais sobre os fenômenos naturais, por exemplo.

2- Hábitos – é uma disposição que se torna duradoura depois de incorporada,

estes diferentemente dos instintos só é adquirido depois de muita repetição.

Deve-se estimular a aquisição de bons hábitos, que deverão favorecer a

aplicação da consciência em aspectos mais elevados.

3- Atitudes – são padrões de comportamentos aprendidos, que predispõem a ação

do ser humano, a forma de agir está diretamente ligada a aprendizagem,

desenvolvendo-se por meio de satisfações ou frustrações. As atitudes são

elaboradas e incorporada a personalidade do ser humano, na maioria das vezes

são adquiridas através de exemplos positivos.

4- Ideais – todo ser humano tem seus ideais de vida, objeto das mais altas

inspirações. Deve-se cultivar ideais nobres nos aprendentes como estímulo à

busca dos melhores objetivos.

5- Prazer – é destacado como maior fonte de motivação para o ser humano, pois é

claro que o ser humano procura o que lhe dá prazer e foge do que lhe causa

desprazer e uma das formas de dar maior prazer é o elogio.

♦ Motivação externa (ou extrínseca)

1- Professor/educador – alguns pecados cometidos comumente em relação a

personalidade dos ensinantes:

a) abuso de autoridade, esquecendo da relação entre os objetivos do

aprendente e a tarefa a ser realizada.

b) Priorização das suas necessidades ao invés das dos aprendentes

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c) Com raridade casos de agressão física

d) Atitudes de desprezo ou descaso para com os aprendentes, considerada

agressão psicológica

O professor dentre os itens de motivação externa é talvez o mais importante, ele é o

mediador entre o mundo real e o mundo ideal para o desenvolvimento de seus aprendentes.

2- Toque – é de suma importância no trabalho com crianças e jovens. O toque

pode ter efeito positivo ou negativo sobre as pessoas, porém sempre geram

algum tipo de reação que vai provocar uma ação.

3- Meio social e cultural – também é fundamental na motivação do ser humano,

para que a aprendizagem seja significativa para o aprendente é preciso que os

assuntos façam sentido, façam parte do mundo deles

4- Ambiente físico e recursos – são importantes desde que bem explorados pelo

professor.

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CAPÍTULO 2 - A RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO: priorizando a emoção

As emoções são parte constitutiva da estrutura humana e

definem nosso atuar. Estão sempre presentes em cada

atividade humana e não existe nenhum âmbito de ação

que não seja determinado por uma emoção

Guajardo (2003)

Na atualidade, em relação à educação, há uma certa descrença nos referenciais

teóricos que embasam os métodos de ensino e a aprendizagem. Diante dos problemas e

incertezas relacionados ao processo educacional, educadores passam a concentrar esforços

na reformulação das práticas pedagógicas.

Nos trabalhos de Vygotsky , citado em Rego (1995) é notável a preocupação com a

necessidade de uma escola bem diferente da que conhecemos:

Uma escola em que as pessoas possam dialogar, duvidar, discutir,

questionar e compartilhar saberes. Onde há espaço para transformações,

para as diferenças, para o erro, para as contradições, para a colaboração

mútua e para a criatividade. Uma escola em que professores e alunos

tenham autonomia, possam pensar, refletir sobre seu próprio processo de

construção de conhecimento e ter acesso a novas informações. Uma escola

em que o conhecimento já sistematizado não é tratado de forma dogmática

e esvaziado de significado (p. 118)

O professor é peça de extrema importância neste contexto, é condição intrínseca

para que ocorra o processo de construção de conhecimento, considerando este um processo

marcado pela interação social, formado através das trocas estabelecidas com seus

semelhantes. Para que as crianças possam construir e internalizar os conhecimentos é

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necessário que haja a mediação de indivíduos, sobretudo dos mais experientes. Portanto na

perspectiva de Vygotsky construir conhecimentos é uma ação compartilhada.

Diante deste paradigma deve-se dar um redimensionamento da figura do professor,

principalmente aqueles que permitam o diálogo, a cooperação, a troca de informações

mútuas, o confronto de pontos de vista divergente e lutem em busca de um objetivo

comum.

Outro ponto ressaltado pelo autor, e que é de suma importância para construção

deste trabalho, são suas reflexões sobre a integração entre os aspectos cognitivos e afetivos

do funcionamento psicológico humano. Vygotsky (em Rego 1995) concebe o homem como

um ser que pensa, raciocina, deduz, abstrai, mas como alguém que sente, se emociona,

deseja, imagina e se sensibiliza. Para ele “cognição e afeto não são dissociados no ser

humano, pelo contrário, se inter-relacionam e exercem influências recíprocas ao longo de

toda história do desenvolvimento do indivíduo”.

Entendendo as obras de Wallon e Vygotsky como complementares far-se-á uma

abordagem sobre algumas considerações de Wallon (em Mahoney e Almeida, 2002) sobre

implicações pedagógicas, lembrando que o autor privilegia uma pedagogia humanista. A

marca humanista das idéias do autor podem ser constatadas nos três pontos que se destacam

nas suas propostas:

1- a ação da escola não se limita à instrução, mas se dirige à

pessoa inteira e deve converter-se em um instrumento para seu

desenvolvimento; esse desenvolvimento pressupõe a integração

entre as dimensões afetiva, cognitiva e motora;

2- a eficácia da ação educativa se fundamenta no conhecimento

da natureza da criança, de suas capacidades, necessidades, ou

seja, no estudo psicológico da criança;

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3- é no meio físico e social que a atividade infantil encontra as

alternativas de sua realização; o saber escolar não pode se

isolar desse meio, mas, sim, nutrir-se das possibilidades que

ele oferece.i(p.78)

Para Wallon (em Mahoney e Almeida, 2002) a criança tenderá para o adulto, mas

isso só ocorrerá com a presença de outro e para a sociedade o outro com papel significativo

é o professor. E complementa: “o fundamento do trabalho do professor é o respeito pelo

aluno”, esse respeito pode ser operacionalizado: o professor precisa ser arguto, lúcido,

constante observador de seu aluno. Destaca alguns pontos primordiais nesta observação,

que conduzirão a sua ação, para fundamentação deste trabalho destaca-se dois pontos

primordiais:

a) a emoção é contagiosa, alimenta-se dos efeitos que

produz; para que ocorra a aprendizagem, é necessário

reduzir a temperatura emocional, o par razão-emoção

perdura a vida toda, e seu equilíbrio é sempre precário,

voltando a emoção a dominar toda vez que o indivíduo

se vê numa situação de imperícia.

b) Não é só a inteligência que tem uma evolução, mas

também a afetividade. O professor observará as

demandas do aluno para atende-lo em suas

diferentes exigências de afeto.

Maturana (2000) destaca que a criança que cresce no respeito por si mesma pode

aprender qualquer coisa e adquirir qualquer habilidade se o desejar. O autor cria o termo

biologia do amor, que na educação consiste precisamente em que o professor aceite a

legitimidade de seus alunos como “seres válidos no presente, corrigindo apenas o seu fazer

e não o seu ser”

Pichon-Rivière (1998) em sua obra Teoria do Vínculo, dá uma excelente

contribuição para a Educação, pois através dela permite reflexões sobre a relação

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professor/aluno, que o autor analisa em três dimensões: mente, corpo e mundo exterior, que

interagem dialeticamente. Na concepção do autor o professor necessita ser um construtor de

vínculos positivos. Acrescenta que o professor neste caso tem que “descentrar”, ou seja, sai

de si mesmo para entender a lógica do outro e assim construir a história do sujeito,

respeitando a sua singularidade.

Guajardo (2003) chama a atenção que a qualidade da relação estabelecida com o

outro é central para a compreensão da experiência do sujeito, as relações afetivas passam a

ser a variável mais importante na adaptação do sujeito a seu mundo.complementa que criar

vínculos é uma características de todos os primatas e que estes se revelam extremamente

importantes no seu desenvolvimento.

Nóvoa (2003) também acredita que o afeto é um elemento primordial no processo

de aprendizagem. Reitera “não é possível aprender sem uma dimensão de risco, de

passagem do desconhecido para o conhecido, de esforço pessoal, de aventura”, e tudo isso

necessita de uma base afetiva, de uma rede de afetos, mesmo sabendo que a função da

escoll não é primordialmente afetiva.

O mote deste trabalho é buscar demonstrar como o vinculo afetivo funciona como

catalisador da atividade educativa, ainda embasando-se em Wallon (em Mahoney e

Almeida, 2002) ressalta-se alguns princípios que norteiam trabalho pedagógico:

a) a aprendizagem pressupõe vínculo afetivo entre

professore/alunos

b) a atuação pedagógica individualizada é uma estratégia

indicada para baixar angustias e descobrir interesses

c) as atividades de leitura e escrita auxiliam na transição da

subjetividade para a objetividade

d) a terapia pela aprendizagem, pois aprender é algo prazeroso,

que faz bem as crianças.

Como já ficou demonstrado ao longo deste trabalho, o homem sendo um organismo

vivo constituem o seu psiquismo a partir do campo dos sentimentos e das emoções.

Entretanto nas relações sociais projeta-se o processo vincular entre os sujeitos, e as matizes

das impressões emocionais ocorridas nas inter-relações podem favorecer o afastamento

entre eles, como podem aproximá-los.

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CAPÍTULO 3 – ALGUMAS CONSTATAÇÔES: no lócus escolar

Para a obtenção dos dados utilizou-se entrevistas semi-estruturadas com alunos da

8ª séries do ensino fundamental de escola pública da periferia da cidade de Nova Iguaçu.

Os dados foram referendado e confrontados com alguns autores que também compartilham

da preocupação com o processo de aprendizagem e as possíveis digressões, assim como os

motivos que possam prejudica-lo.

Alicia Fernández (2001) aponta que a dificuldade de aprendizagem provêm de uma

privação no contexto e afeta o sujeito na sua totalidade; suas causas podem ser encontradas

em fatores sócio-econômicos, educacionais, emocionais, intelectuais. Porém a capacidade

de pensar e aprender pode subsistir às mais diversas situações desfavoráveis.

A autora (op cit: 27) chama a atenção para o fato de que “a liberação da

inteligência aprisionada só poderá dar-se através do encontro com o prazer de aprender

que foi perdido” e enfoca, também, que da fabricação do fracasso escolar ou de

aprendizagem participam as questões relativas ao posicionamento dos “ensinantes

professores”, que é o foco principal deste trabalho.

Na intenção de referendar as constatações, optou-se por uma vertente psicanalítica

para o trabalho e aceitou-se a conceituação de fracasso escolar de Cordié (1996 em Bossa,

2002: 18), quando diz que: fracasso escolar é uma patologia recente. Só pôde surgir com a

instauração da escolaridade obrigatória no fim do século XIX e tomou um lugar

considerável nas preocupações de nossos contemporâneos, em conseqüência de uma

mudança radical na sociedade.

A preocupação com o fracasso escolar data de muito tempo e, em momentos

distintos, prevaleceram para tentar explicar ou justificar esse fato, concepções médicas,

psicométricas, psicanalíticas e sociopolíticas.

Recorrendo à teoria psicanalítica e, concomitantemente, à teoria sócio-interacionista

de Vygotsky, concorda-se que a inteligência é construída e produzida na interação social,

através de processos identificatórios. É relevante a posição que ocupa a figura do professor

nas tramas do fracasso ou do sucesso escolar.

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Para uma maior elucidação esclarece-se que identificação é uma categoria da

psicanálise que traduz-se como uma combinação de uma representação mental com a

realidade física; de algo que está na mente, com aquilo que se encontra no mundo externo,

ou seja, é o método no qual a pessoa assume as características de outra incorporando-as à

sua própria personalidade. Os alunos tomam como modelo as pessoas que lhes parecem

mais capazes de satisfazer seus desejos do que eles próprios.

Morales (1999) concorda e salienta que todos os professores podem ser modelos

identificatórios e que os alunos podem aprender com esses professores muito mais do que

ele/ela, conscientemente, pretendia ensinar. Porém, para que as mensagens sejam

assimiladas pelos alunos deve haver, por parte destes, plena aceitação do professor, o que o

autor denomina de aceitação afetiva, pois muitas mensagens se perdem simplesmente

porque há recusa ao mensageiro.

O processo de identificação, normalmente, inicia-se com os pais, que parecem aos

olhos do filho, onipotentes; depois, os filhos descobrem outras pessoas com quem se

identificam, porque suas condutas estão na linha dos seus desejos. Entre estas pessoas, os

professores ocupam uma posição de destaque. Portanto estamos de acordo a respeito no que

os efeitos que um bom ou mau relacionamento entre professor e aluno podem afetar a vida

estudantil do aluno e, quiçá, a sua vida fora da escola.

Este fato é comprovado na pesquisa de Follman (1994 em Morales 1999), que

constatou que muitas são as pessoas que consideram a influência de professores em suas

vidas como importante e decisiva. Diante disso devemos considerar que a relação

professor/aluno é complexa e imbrica vários aspectos, não se podendo reduzi-la ao aspecto

didático nem a relações puramente emocionais; é como Morales (op cit) reforça, que sem

uma boa e eficaz relação didática, não há uma boa relação professor/aluno.

Nessa dinâmica das relações deve-se tomar o cuidado de não confundir fracasso

escolar com problemas ou dificuldades de aprendizagem. É muito comum a confusão

quando observa-se, a partir do resultado, onde são confundidas as conseqüências com as

causas, ambas múltiplas em essência. O efeito de tal confusão pode resultar em

marginalização e a culpabilização dos aprendentes.

Para Fernández (2001), tanto no fracasso escolar quanto no problema de

aprendizagem, o aluno mostra que não aprende, mas no primeiro caso, a patologia está

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instalada nas modalidades de ensino da escola, e esse é o lugar pelo qual se deve

prioritariamente intervir.

Também, autoras como Sara Pain (1985), Ester Pillar Grossi (2003) e outros autores

construtivistas, concordam que vários fatores interferem na aprendizagem. São eles:

aspectos intelectual ou lógico; simbólico ou dramático; além das condições peculiares do

corpo e do organismo.

Não estamos querendo colocar o foco do fracasso escolar na figura do professor,

mas demonstrar a influência deste no processo de aprendizagem dos alunos, uma influência

que perpassa mais pelo âmbito do afetivo do que do cognitivo. Morales (1999) em pesquisa

realizada com 1633 alunos de sete a dezessete anos sobre o que consideravam como bom

professor, constatou que os aspectos mais relacionados, independentemente da idade, estão

relacionados ao aspecto afetivo.

Reitera-se, assim, o propósito da investigação, que é demonstrar como a relação

professor/aluno pode ser um fator agravante e/ou provocante do fracasso escolar. Na

tentativa de comprovar nossa hipótese, questionamos 20 alunos da 8ª série de uma escola

pública estadual, no município de Nova Iguaçu – RJ, sobre qual a disciplina que mais

gostavam e porquê; a que menos gostavam e também o porquê; além de perguntar qual o

professor que mais marcou a sua vida e porquê.

Por serem alunos de 8ª série, segunda etapa do ensino fundamental, estes convivem

com vários professores durante o seu período escolar, o que nos leva a refletir sobre como

um bom ou mau relacionamento com os professores pôde, ao longo de sua vida na escola,

influenciar (ou não) nos seus desempenhos nas respectivas disciplinas. Este fato pode ser

detectado na fala do aluno em relação à disciplina que mais e a que menos gosta:

A que mais gosta:

Português, porque a professora explica bem e é muito maneira.

A que menos gosta:

Geografia, porque invés da professora explicar, ela fica dando fora e

lição de moral.

Pode-se perceber pelas duas falas trazidas acima que o professor pode ensinar mais

com a sua maneira de ser do que propriamente com aquilo que pretende ensinar; suas

mensagens implícitas podem ser positivas ou negativas, reforçando o interesse ou o

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desinteresse pelo aprendido, inclusive, segundo Morales (1999) o aluno pode aprender a

odiar a matéria por causa do professor.

Esse fato pode ser também constatado na fala de um aluno ao ser perguntado sobre a

matéria que menos gosta:

Geografia, antes eu adorava geografia mas com a professora que temos

não tem como gostar.

É constatado outro fator limitante à aprendizagem é a negligência em relação ao

valor do conhecimento, ou seja, a valorização da aprendizagem significativa: o valor da

aprendizagem está na sua capacidade de introduzir os alunos nos significados da cultura por

meio de interações promovidas com o professor o que, no caso acima, está bastante

dificultado por conta da professora em questão não conseguir provocar o desejo do saber no

aluno, posto que ela, nesse momento, é a matéria que leciona.

A escola entende, na maioria das situações, que os problemas de aprendizagem e/ou

fracasso escolar são devido à questões constitucionais do aluno, de ordem pessoal,

familiar e social, e não por conta da interação (ou não) de todos os atores da comunidade

escolar, assim como do sistema educacional. A preocupação do sistema educacional está na

necessidade de fazer os estudantes aprenderem, em torná-los capazes de participarem do

mercado de produção, de forma ativa, quando deveria também estar atenta em como

viabilizar o processo de aprendizagem para esses alunos.

Sob essa perspectiva, Jardim (2001: 48) afirma que considera a aprendizagem “uma

situação de interação social, na qual o professor é condição intrínseca para que ela ocorra

(...) o processo é social e, nesse âmbito, a figura exponencial é o professor”.

Fernández (2001) complementa e aponta que para que ocorra o processo de

aprendizagem são necessários dois atores, pelo menos: o ensinante e o aprendente. Porém

quando se trata de fracasso na aprendizagem não é lembrada a hipótese de outros

personagens gerá-lo, fato relevante na hora de refletir sobre o fracasso escolar, momento

em que não se pode deixar de considerar o vínculo entre o ensinante e o aprendente.

Pichon-Rivière (1998) por sua Teoria do Vínculo, nos diz que vínculo é um

conceito instrumental em psicologia social, sendo este sempre um vínculo social, mesmo

que o seja com uma só pessoa. Através da relação com essa pessoa repete-se uma história

de vínculos determinados em tempos e em espaços. É uma relação estabelecida com o outro

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de uma maneira singular e, cada um desses vínculos, tem um significado particular para

cada indivíduo.

Figueiredo (2001) considera que através do processo vincular primário de afeto com

o professor possa estar instaurando-se uma relação de tornar familiar o conhecimento que

vem através do professor. Essa relação seria altamente favorável e fornecedora de

segurança perante o novo, nesse caso, os novos conhecimentos. Fica claro, então, que é

atribuído ao professor importância fundamental no processo ensino/aprendizagem, e que o

vínculo estabelecido entre o aluno e este professor rememora a relação de vínculo afetivo e

sadio (ou não) das primeiras inter-relações travadas com a mãe.

Esse fenômeno de vínculo afetivo com o professor que rememora o vínculo materno

sadio pode ser notado na fala da aluna:

Os professores que mais me marcaram foram a professora E. e o

professor L. , porque eram como meus segundos pais. Diante deste fato pode-se perceber a importância das interações sociais e do

fenômeno emocional no processo de aprendizagem. Jardim (op cit) afirma que um dos fatores que contribuem para o fracasso escolar é a

baixa auto-estima dos alunos, o que, muitas vezes, é provocada por professores que os

humilham ao invés de estimulá-los:

Não gosto de Geografia porque a professora é orrorosa [sic], não dá

aula, só gosta de dar fora nos alunos.

Não gosto de Geografia; a professora s� gosta de esculaxa [sic] os

alunos.

Concorda-se com Wallon (1975) e Vygotsky (1989) que consideram o papel do

outro [professor] intimamente relacionado ao aprendizado. Para Vygotsky (idem) a

indicação de problemas de aprendizagem é um sintoma de que não está havendo interação

entre os atores participantes do processo.

O aspecto afetivo-emocional desse aprendente responsabilizado, muitas vezes, por

seu fracasso, reforça o afastamento dos sujeitos da interação professo/aluno e, cada vez

mais, da aprendizagem. Em relatos de alunos, é notória a interferência da empatia no

processo:

Não gosto de geografia, porque não fui muito com a cara da professora.

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O professor necessita ser um construtor de vínculos positivos e para tanto precisa

perceber o que Pichon-Rivière (1998) denomina de complexidade de ações e reações e,

caso não saiba lidar com tais situações, poderá contribuir para a construção de vínculos

negativos com ele, com a matéria e com aspectos que envolvam o aprender.

Figueiredo (op cit) em sua pesquisa pôde perceber que o que o aluno espera do

professor não é só uma interação em sua vida escolar, mas também no âmbito da sua vida

particular, concebendo-o holisticamente, como sujeito inteiro, que tem uma história real e

peculiar. Esse fato pode ser detectado nas falas seguintes:

A professora que mais me marcou foi a E. : além de ensinar, ela

brincava com os alunos, ela era amiga dos alunos.

A professora que mais me marcou foi a professora S. , ela sabia

entender a gente.

O processo vincular observado nas falas poderia remeter a interações bem sucedidas

no processo ensino/aprendizagem instaurados nas relações professor/aluno.

Morales (1999) em sua pesquisa observou que alunos menores fixam-se no aspecto

físico dos professores e até mesmo no modo como se vestem. Nesta pesquisa constatou-se

que esta impressão persiste até as séries finais do ensino fundamental, como pode ser

observado nas falas a seguir:

A professora que mais me marcou foi a T. , ela era linda.

A professora que mais me marcou foi a S. , ela é linda e se veste muito

bem.

Freud salienta que construímos nossa aprendizagem sob duas estruturas: uma lógica,

porque se dá sob as leis da lógica e nos permite compreender a realidade, e uma estrutura

dramática, que diz respeito à relação entre as pessoas. O pensamento lógico vai construir a

realidade e o pensamento simbólico ou dramático vai construir uma realidade que se baseia

na falta, se baseia no desejo. Nós vamos construir nossas relações pessoais em função do

que não temos e precisamos receber do outro.

Ressalta-se que o fato de professores discutirem o problema de aprendizagem de

seus alunos, não necessariamente, implica em dizer que haja interação entre estes e seus

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alunos, mas provavelmente a preocupação em atribuir a causa do problema a outros fatores

que não ao ensinante.

Na relação professor/aluno a identidade do aprendente configura-se frente à do

ensinante. Assim, para Fernández (2001) o ensinante tem que permitir-se para só, então,

promover que os aprendentes reconheçam-se como autores de seus pensamentos, ancorados

em seus desejos; ou seja, o aluno só se permitirá aprender se o professor também se

permitir, o que significa abandonar o fazer repetitivo, a transmissão de conteúdos e se

autorizar à interação.

A autora ressalta ainda a importância do professor reconhecer no aluno o sujeito

pensante/desejante e, principalmente, saber colocar-se como aprendente, entender que o

ensino é um espaço de troca. A esse respeito, Paulo Freire (1998) propõe que os professores

devam manter-se capazes de uma dialogicidade amorosa, para que ocorra uma construção

mútua e dinâmica do conhecimento, chamando-nos a atenção para que não se pode pensar

na aprendizagem como uma função isolada, extraída do contexto do desenvolvimento

físico, emocional e racional do sujeito.

Barone (1999) ressalta que a situação de aprendizagem mobiliza questões no

aprendiz que se relacionam ao seu modo de acesso ao simbólico e acrescenta que,

problemas de aprendizagem podem ser “disparadores” para a transferência de conteúdos

inconscientes. Isso equivale a dizer que a relação de aprendizagem perpassa pela

transferência e pela contra-transferência. De certa forma, coloca-se no outro questões

particulares, onde o simbólico tem papel preponderante.

No caso da relação professor/aluno, a transferência pode ser de ambos, mas cabe ao

professor ter a noção de seus aspectos transferenciais sobre o aluno e que esses aspectos

não sejam concorrentes para o fracasso desse aluno.

Diante do baixo rendimento acadêmico, professores preocupam-se em elucidar a

causa das dificuldades de seus alunos, porém a questão fica centrada em quem aprende, ou

melhor, em quem não aprende. Refletindo acerca de características e necessidades de

aprendizagem dos alunos, o professor deve sentir-se desafiado a repensar sua prática

pedagógica, descentralizando-a do conteúdo e do aluno, deslocando para si a

responsabilidade de uma possível intervenção.

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A escola, o espaço escolar também aparece como espaço de desejo, contudo, em

algumas falas, um desejo sem pretensão que seja atendido.

Quando perguntados o que desejavam da escola, foram essas algumas das respostas:

Nada, porque se eu pedir alguma coisa só irão fazer quando eu não

estiver mais aqui.

(...) Essa escola está acabando! Reformar (...)

Mais atenção da Diretora.

Mais organização, melhor atendimento na secretaria e mais limpeza.

O melhor ensino.

Percebe-se aqui que o espaço compartilhado é também espaço de desejo de

aprender, e de organização interna que encontra-se refletida no aspecto externo, no caso, a

estrutura física da escola.

Fernández (2001: 38) nos chama a atenção para o olhar psicopedagógico sobre a

instituição. Esse olhar, segundo ela, não se situa no aluno, nem no professor, nem na

sociedade, nem nos meios de comunicação como ensinantes, mas nas múltiplas relações

entre eles. Assim, as falas são reflexos das múltiplas relações que se imbricam e aparecem

nos espaços compartilhados, no caso, a escola em seus espaços comuns.

Complementando esse ponto de vista, traz-se Lacan (em Mrech, 2002) quando diz

que

Há uma diferença radical entre a satisfação de um desejo e a corrida em

busca do acabamento do desejo – o desejo é essencialmente uma

negatividade, introduzida no momento que não é especialmente original,

mas que é crucial de virada. O desejo é apreendido inicialmente no outro, e

da maneira mais confusa. A relatividade do desejo humano em relação ao

desejo do outro, nós a conhecemos em toda a reação em que há rivalidade,

concorrência, e até em todo o desenvolvimento da civilização”.

Dessa forma, ressalta-se que o desejo de alguém é sempre o desejo do outro e, no

caso da relação professor/aluno, quando construída em bases de interação consentida, esses

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desejos se coadunam e constroem vínculos de uma aprendizagem efetiva e significativa

para ambos, aprendente-ensinante.

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Considerações Finais

Para que ocorra o processo de aprendizagem é preciso que haja uma

intencionalidade, tanto do professor em ensinar, quanto do aluno em aprender. Quando não

existe o desejo, o interesse, a motivação e a necessidade do ensinar e do aprender, o vínculo

não se configura, a aprendizagem não acontece como deveria e a escola perde a função. A

escola deve ter um importante papel na constituição de interações que beneficiem o

desenvolvimento humano.

Portanto, ensinar pode ser caracterizado como um processo intersubjetivo, em que

estão em jogo atribuições, trocas e transformações de sentidos. A relação professor/aluno

tem um caráter eminentemente dialógico, uma negociação entre saberes e dizeres, uma

transformação de intersubjetividade em intrasubjetividade dos sujeitos relacionados.

Nota-se, então, que as instâncias cognitivas e afetivas não excludentes, mas

realidade se retroalimentam, as necessidades, os sentimentos e os afetos não só se

correlacionam e se integram, são partes integrantes da esfera motivacional humana.

Concluindo, concorda-se com Wallon (em Mahoney e Almeida, 2002):

(...) somos pessoas completas: com afeto, cognição e movimento, e nos

relacionamos com um aluno também pessoa completa, integral, com afeto,

cognição e movimento. Somos componentes privilegiados do meio de nosso

aluno. Torna-lo mais propício ao desenvolvimento é nossa

responsabilidade.(p. 86)

Assim, concorda-se com a construção de uma nova visão voltada, cada vez mais,

para a importância fundamental da relação professor/aluno, que tem que ser vista com

outros olhos: olhos de desejo que envolvam os saberes que brotam dessa relação, com a

autorização dos envolvidos na construção do conhecimento, fruto do desejo de aprender:

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(...)

Multiplica os teus olhos, para verem mais.

(...)

Destrói os olhos que tiverem visto.

Cria outros, para visões novas.

(Cecília Meireles).

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