A influência do uso da pozolana nas propriedades relacionadas com a durabilidade de argamassas inorgânicas

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    INFLUÊNCIA DO USO DA POZOLANA METACULIM NAS PROPRIEDADESRELACIONADAS COM A DURABILIDADE DE ARGAMASSAS INORGÂNICAS

    F. R. BARBOSA J. M. F. MOTA A. J. COSTA e SILVAProf. Eng.º Civil Prof. Eng.º Civil Prof. Eng.º Civil FAVIP FAVIP UNICAP Pernambuco; Brasil Pernambuco; Brasil Pernambuco; [email protected]    [email protected]   [email protected]  

    R. A. OLIVEIRAProf. Eng.º CivilUNICAP/UFPE

    Pernambuco; [email protected] 

    RESUMO

    A industria da construção civil tem um grande desafio em reduzir o consumo de recursos físicos sem comprometimentodo desempenho dos sistemas. As primeira iniciaitivas neste sentido buscavam tão somente a redução de desperdícios eaumento da produtividade, objetivando maiores margens de lucro e rentabilidade. Entretanto, estudos mostraram quealém dos aspectos econômicos, a concomitância com questões de ordem ambiental tornava-se imperativa. Nestediapasão, considerando que a indústria do cimento é responsável pela liberação de cerca de 5% de todo CO2 emitido nomundo e, portanto, contribuindo sensivelmente para o efeito estufa, esse trabalho busca aliar aspectos que preservem odesempenho satisfatório de materiais cuja matriz seja cimentícia, com aspectos sustentáveis, através da discussão deutilização de pozolana em argamassas inorgânicas como incremento de propriedades voltadas à durabilidade dasmisturas, particularmente as propriedades mecânicas, uma vez que a redução do consumo de cimento tambémestabelece uma vetor sustentável. O programa experimental apresenta processo de estudo comprativo de desempenho nautilização da pozolana metacaulim nas proporcionalidades 1:1:6 e 1:0,5:4,5 (cimento, cal e areia), observando-se duascondições distintas, quais sejam, adição de 8% e 15% de pozolana às misturas e substituição da massa de cimento em8% e 15%. Avaliaram-se em corpos de prova de argamassa a resistência à compressão, tração por compressãodiametral, módulo de elasticidade dinâmico, carbonatação e cloretos solúveis. Os resultados apontam que a utilizaçãoda pozolana metacaulim eleva significativamente as propriedades das argamassas.

    1. INTRODUÇÃO

    A utilização de materiais pozolânicos nas construções tem sido percebida em diversos registros técnicos e históricos eeste fato tem sido fundamentalmente atribuído a sua influência na microestrutura e durabilidade dos concretos eargamassas [1].

    A NBR 12653 define os materiais pozolânicos como àqueles de natureza silicosa ou silicoaluminosa que possuem pouca atividade aglomerante, mas que, quando finamente divididos e na presença da água, reagem com o hidróxido decálcio à temperatura ambiente para formar compostos com propriedades aglomerantes.

    Dentre as pozolanas, destaca-se o metacaulim, em razão dos diversos benefícios que promove em matriz de naturezacimentícia. Trata-se de uma pozolana de alto desempenho amorfo e que, em regra, apresenta uma ação dupla nas

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    matrizes cimentícias, a qual inicialmente pode ser caracterizada como de natureza física e posteriormente como denatureza química [2]. 

    Sua elevada superfície específica é responsável pelas ações de natureza física, que respondem por uma melhora nas propriedades mecânicas através de uma redução na porosidade, o que aumenta a sua resistência à entrada de agentesagressivos, como nos casos da carbonatação, lixiviação, eflorescência, salinidade, dentre outros [3].

    Em relação às ações químicas, há que se registrar que o aluminato de cálcio do metacaulim e o hidróxido de cálcio presentes no cimento em temperatura ambiente produzem silicatos de cálcio hidratado C-S-H, composto responsável por garantir a resistência da pasta de cimento hidratada, elevando as propriedades mecânicas, desempenho edurabilidade do material [4].

    Considerando o potencial para utilização do metacaulim em matrizes cimentícias, diversos pesquisadores tem sededicado a investigar os efeitos provocados pela adição desta pozolana em matrizes de cimento e estas pesquisasabordam sua influencia nas propriedades desenvolvidas tanto no estado fresco, quanto no estado endurecido. Registram-se trabalhos avaliando propriedades como tempo de pega, exsudação, calor de hidratação, retração e trabalhabilidade(estado fresco). De uma maneira simplificada, o aumento no teor de substituição de parte do cimento por metacaulim

    aumenta o retardo no tempo de pega, reduz a exsudação, reduz o calor de hidratação para pozolanas de baixareatividade e aumenta para metacaulim de alta reatividade, bem como mitiga a retração. No que diz respeito àtrabalhabilidade, observou-se que mesmo com valores menores de abatimento, essa adição proporciona maior facilidadede lançamento, adensamento e acabamento, tendo em vista as melhorias com a otimização granulométrica [5, 6, 7 e 8].

    Barata [9] e Souza [8] verificaram que embora os processos característicos das reações pozolânicas sejam lentos emrelação ao desenvolvimento da resistência mecânica, quando se utiliza uma pozolana de elevada finura, a exemploMCAR, o desenvolvimento de resistência em matriz cimentícia ocorre já nas primeiras idades, acompanhado por umaelevada liberação de calor decorrente da alta reatividade dessa adição mineral.

    Rocha [3] ratifica este entendimento ao apresentar que o uso criterioso do metacaulim aumenta a resistência mecânicados produtos que utilizam o cimento portland como ligante. Este autor acredita que a dosagem ideal destas pozolanas,visando à máxima resistência mecânica, situa-se entre 6% e 15% em relação ao cimento utilizado na mistura; entretanto,

     pode chegar até 50% em casos especiais, dependendo da aplicação e dos demais materiais utilizados. No quesito resistência de aderência, autores como Galvão [10], Silva; Libório [11], Mota, Oliveira e Dourado [12]testaram o desempenho de argamassas e concretos com metacaulim, verificando substanciais incrementos nas

     propriedades mecânicas e nas relacionadas com a durabilidade.

    Resultados como os apresentados pelos autores supramencionados incentivaram o desenvolvimento de pesquisas numatentativa de desenvolver metodologias que permitissem suprir um grave problema instaurado em Pernambuco/Brasil – arecuperação de prédios tipo “caixão”.

    Os edifícios do tipo “caixão” representam edificações com até quatro pavimentos, construídos com alvenaria portantedesde as fundações. Um detalhe relevante encontra-se no fato de que não se empregam peças estruturais para este tipode construção, razão pela qual Mota [13] destaca uma condição de instabilidade teórica para este modelo. Há que se

    considerar, contudo, que cerca de 10% da população da Região Metropolitana do Recife, capital de Pernambuco, ouseja, o equivalente a mais de 240.000 pessoas, vivem neste tipo de edificação, de forma que desenvolver umametodologia para recuperação destas unidades tornou-se não apenas um problema técnico, mas também social [14].

    Outro condicionante importante nesta equação reside no fato de que há uma impossibilidade de se remover a populaçãodestas áreas por longo período de tempo de suas residências, de forma que a solução a ser desenvolvida deve considerarnão apenas sua eficiência técnica, mas também deverá ser pouco invasiva e passível de ser executada em curto espaçode tempo.

    O trabalho ora apresentado tem o objetivo de avaliar os benefícios do metacaulim em argamassa, no intuito de promover sua utilização em argamassa armada para reforço de alvenarias como proposta para reabilitação nos edifíciosdo tipo “caixão”. Para tal fim, procurou-se adotar linhas de investigação que tratassem não apenas da condição desubstituição parcial da massa de cimento por metacaulim, mas também procurou-se avaliar os ganhos efetivos de se

     promover tão somente a adição do material pozolânico às matrizes cimentícias.

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    Esta decisão se justifica em virtude da gravidade do quadro apresentado e das particularidades encontradas emPernambuco. Ademais, necessário compreender que a origem de se buscar procedimentos para substituição parcial damassa de cimento por pozolanas é decorrente dos primeiros estudos visando combater as reações deletérias do tipoRAA (reações álcalis agregado). Barbosa [15] destaca que as ações mitigadoras para RAA fundamentam-se no conceitode redução do potencial de álcalis disponível nas misturas, em decorrência de três fatores preponderantes: (a) ao seretirar parte do cimento, menor teor de álcalis era disponibilizado na mistura; (b) parte dos álcalis do cimento éconsumida pela pozolana através de reações, gerando compostos secundários; (c) a elevação da resistência mecânica emdecorrência das reações pozolânicas, permite usufruir da redução de mais cimento (menos álcalis) sem que secomprometa a tensão desejada, resultando numa espécie de compensação.

    2. MÉTODO

    O trabalho foi desenvolvido a partir da concepção de utilização de argamassas mistas inorgânicas contendo cimento, calhidratada, areia e água. Utilizaram-se proporcionalidades em volume 1:1:6:1,5 (traço “médio”) e 1:0,5:4.5:1,5 (traço“forte”), sendo considerados dois teores de metacaulim (8% e 15%) e duas formas de adição (por substituição de partedo cimento e adição pura). O teor de 15% foi escolhido em conformidade com ensaios prévios realizados para reforço

    com argamassa armada e adição de metacaulim em prismas de alvenaria [16], e, o teor de 8% foi escolhido como teorintermediário para compilação e avaliação.

    Com estes elementos foram geradas 10 (dez) famílias de amostras, considerando para cada traço o uso da pozolanacomo substituição de parte do cimento ou simples adição à argamassa. Durante a preparação de todas as amostras, foimantida constante a trabalhabilidade da argamassa, medida a partir da mesa de consistência (flow table) em 200±20mm, uma vez que esse intervalo foi determinado diante do estabelecimento de satisfatória trabalhabilidade dasargamassas estudadas. Vale destacar que não houve a necessidade de aditivo tensoativo em nenhuma amostra. As

     proporções estudadas, bem como a nomenclatura adotada são apresentadas na Tabela 1.

    Tabela 1 – Nomenclatura e proporcionalidades das amostras

    Característica Teor de metacaulimTraço “médio” Traço “forte”

    1:1:6:1,5 1:0,5:4,5:1,50% - Referência 0% AMREF AFREF

    Substituição de parte docimento

    8% AMS8 AFS8

    15% AMS15 AFS15

    Adição pura8% AMA8 AFA8

    15% AMA15 AFA15

    Foram realizados ensaios de resistência à compressão, módulo de elasticidade dinâmico e os ensaios de envelhecimentoacelerado de carbonatação e teores de cloretos solúveis. O ensaio de resistência à compressão ocorreu aos 90 (noventa)dias com 6 (seis) réplicas por amostra e para os demais ensaios foi adotada a idade de 300 (trezentos) dias com 3 (três)réplicas por amostra. Este grande período decorreu da preparação das câmaras apropriadas para carbonatação e cloretos.

     Neste estudo foram utilizados corpos de prova cilíndrico nas dimensões de 5 cm x 10 cm (NBR 7215).

    O módulo de elasticidade dinâmico foi calculado com base nas normas NBR 15630 e NBR 8802. O ensaio de ultra sommostra que quanto mais alta for a velocidade de propagação da onda ultra sônica no meio, mais compacto será omaterial. Em concretos com boa condição de empacotamento, a velocidade é superior a 2.500 m/s e variações podemapontar a presença de vazios internos, fissuras e falhas de adensamento. Contudo, a velocidade da propagação da ondaem concreto armado devido o aço é da ordem de 6.000 m/s.

    Uma contribuição importante advinda do ensaio de ultrassom encontra-se na estimativa da qualidade das amostrasatravés da identificação da compacidade do meio. Como princípio de avaliação, considera-se que quanto mais alta for avelocidade de propagação da onda ultra sônica no meio, mais compacto será o material, visto que a velocidade assumevalores maiores em um sólido, quando comparado com um líquido; o mesmo ocorrendo quando se comparam líquidos egases. A Tabela 2 apresenta os parâmetros considerados para inferir a qualidade de compacidade das misturas

     produzidas.

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    Tabela 2 – Classificação da velocidade da onda de ultra som em argamassas

    Velocidade de propagação linear (m/s) Classificação

    > 4500 Excelente

    3500 a 4500 Ótimo3000 a 3500 Bom

    2000 a 3000 Regular

    < 2000 Ruim

    Para a realização do ensaio de carbonatação foram consideradas as seguintes condições: (i) maturação ao tempo (10meses); (ii) condição anterior, acrescida de maturação em câmara de carbonatação (Figura 1) por 24 horas; (iii)condição anterior, acrescida de maturação em câmara de carbonatação por 72 horas.

    Portanto, os corpos de prova de argamassas foram submetidos ao ataque de CO2  com umidade, temperatura econcentração de CO2 em torno de (66 ± 5) %, (25 ± 3)

    oC e (10 ± 2) % respectivamente. Para determinação da frente decarbonatação seguiu-se o procedimento RILEM CPC – 18. A observação da profundidade de carbonatação ocorreu deforma visual após aspersão da solução de fenolftaleína sobre a superfície recém cortada com disco e máquinaapropriada. A classificação quanto risco ocorreu conforme proposto por Medeiros [8], quando apresenta os limitesquanto à profundidade de carbonatação: baixa - < 5 mm; média 5 até 15 mm; alta - > 15 mm.

    Figura 1 – Câmara de carbonatação

    Os cloretos apresentam-se de três formas em concretos e argamassas: a) cloretos quimicamente ligados ao aluminatotricálcico (sal de Friedel); b) cloretos adsorvidos na superfície dos poros e c) cloretos livres. Ocorre que este último tiporepresenta aqueles que possuem elevado poder deletério, haja vista que despassivam mais imperativamente asarmaduras [17].

    As amostras de argamassa foram submetidas a uma câmara de cloretos por um período de 192 horas. A câmara denévoa salina (Figura 2) utilizada foi um modelo Bass USC 01, construída pela bass equipamentos em fiberglass eindicada para ensaios de névoa salina (salt spray). Utilizou-se cloreto PA (pro análise - puro) e água destilada noequipamento. As análises foram divididas em duas etapas, sendo a primeira de natureza qualitativa e a segunda denatureza quantitativa.

     Na análise qualitativa, a determinação da existência de teor de cloretos solúveis ocorreu através da aspersão de nitratode prata, tendo em vista que sua aplicação provoca o surgimento de uma coloração escurecida no material quandohouver presença de cloretos livres. Posteriormente, partiu-se para a realização da análise quantitativa através da coletade 50g de material em pó a uma profundidade aproximada 1,5 cm em cada corpo de prova de toda amostra, sendo essematerial levado ao laboratório específico para determinação de cloretos solúveis de acordo com o método ASTM C1152 – Standard Method for Acid-Soluble Chloride in Mortar and Concrete.

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    Figura 2 – Câmara de névoa salina

    3. RESULTADOS

    A Tabela 3 apresenta os resultados da média e desvio padrão da resistência à compressão dos corpos de prova deargamassa.

    Tabela 3 – Resultados de resistência à compressão das argamassas

    Resistência á compressão média / SD (MPa)

    Traço – 1:1:6:1,5 Traço – 1:0,5:4,5:1:5

    AMREF 7,53 / 0,24 AFREF 12,80 / 0,43AMS15 8,70 / 0,26 AFS15 13,87 / 0,45AMS8 7,31 / 0,31 AFS8 13,1 / 0,42

    AMA15 10,43 / 0,34 AFA15 17,57 / 0,44AMA8 8,97 / 0,29 AFA8 16,6 / 0,50

    Como esperado, as amostras com adição de material pozolânico à mistura apresentaram melhores resultados emcomparação com a amostra de referência e com as amostras com substituição parcial da massa de cimento pormetacaulim, com especial destaque para a amostra AFA15 (15% de adição) que apresentou o melhor resultado para aresistência à compressão, atingindo um patamar cerca de 38% acima da amostra de referência.

    As Tabelas 4 e 5 apresentam os resultados dos ensaios que contaram com a contribuição das ondas ultrassônicas. NaTabela 4 seguem apresentados os resultados médios e desvio padrão do módulo de elasticidade das argamassasanalisadas e na Tabela 5 são expostos as correlações para inferência da compacidade das amostras.

    Tabela 4 – Resultados do módulo de elasticidade dinâmico das argamassas

    Módulo de elasticidade dinâmico médio / SD – (GPa)Traço – 1:1:6:1,5 Traço – 1:0,5:4,5:1:5

    AMREF 10,22 / 0,44 AFREF 13,03 / 0,48AMS15 9,91 / 0,39 AFS15 11,99 / 0,47AMS8 10,27 / 0,30 AFS8 12,75 / 0,49

    AMA15 12,58 / 0,39 AFA15 15,09 / 0,47AMA8 11,89 / 0,45 AFA8 14,52 / 0,58

    Os resultados do módulo de elasticidade dinâmico permitiram constatar que também neste caso, as amostras com adiçãotiveram resultados superiores em relação as amostras sem adição e com substituição de parte do cimento. O melhordesempenho foi verificado para a amostra AFA15. Na mesma ordem, foi identificada a velocidades de propagação dasondas ultra sônica (Tabela 5). Esta amostra foi classificada como “bom”, as demais ficaram classificadas como regular(ver classificação apresentada na Tabela 2). Este resultado apresenta-se de forma consistente, uma vez que era esperadoque o melhor desempenho mecânico estivesse associado a uma estrutura mais densa da matriz.

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    Tabela 5 – Classificação das argamassas diante da velocidade da onda de ultra som

    Velocidade de propagação linear média (m/s) / SD / Classificação

    Traço – 1:1:6:1,5 Traço – 1:0,5:4,5:1,5

    AMREF 2545 / 42 / Regular AFREF 2840 / 47 / RegularAMS15 2481 / 42 / Regular AFS15 2747 / 46 / RegularAMS8 2551 / 43 Regular AFS8 2817 / 47 / Regular

    AMA15 2841 / 46 / Regular AFA15 3086 / 51 / BomAMA8 2711 / 45 / Regular AFA8 2941 / 50 / Regular

    Os resultados dos ensaios de carbonatação seguem apresentados na Tabela 6.

    Tabela 6 – Resultados de carbonatação em corpos de prova de argamassa

    Amostras Secção transversal a seco:

    Exposição natural(10 meses)

    Anterioracrescido -

    Exposição 24hCâmara

    Anterior acrescido- Exposição

    72hCâmara

    Espessura (mm) / SD:

    AMREF 15mm, 30mm, 45mm - topo 5,48 7,00 14,00 / 1,08

    AMS8 15mm, 30mm, 45mm - topo 6,41 7,12 14,30 / 1,10AMS15 15mm, 30mm, 45mm - topo 8,45 9,53 14,20 / 1,10AMA8 15mm, 30mm, 45mm - topo 1,83 4,04 10,53 / 0,80

    AMA15 15mm, 30mm, 45mm - topo 1,60 3,89 9,82 / 0,75

    AFREF 15mm, 30mm, 45mm - topo 2,70 4,08 9,49 / 0,74AFS8 15mm, 30mm, 45mm - topo 4,85 5,54 9,64 / 0,74

    AFS15 15mm, 30mm, 45mm - topo 7,56 8,17 13,40 / 1,04

    AFA8 15mm, 30mm, 45mm - topo 4,45 4,94 9,08 / 0,70AFA15 15mm, 30mm, 45mm - topo 1,26 3,04 7,55 / 0,50

    Verifica-se que em ambos os traços, que as amostras com simples adição de metacaulim apresentaram melhoresresultados, quando comparados com amostras sem adição e com substituição de parte do cimento por metacaulim. Aamostra AFA15 (15% de adição) superou todas as demais amostras, denotando relevância do teor de cimento e daadição pura. Ademais, pode-se também destacar que não necessariamente as adições minerais reduzem o desempenhoda carbonatação. A partir dos resultados apresentados na Tabela 6, pode-se verificar que todas as amostras ficaramclassificadas como carbonatação “média”.

    A Figura 3 apresenta os CP’s após a retirada da câmara de carbonatação com aspersão de solução com fenolftaleína,sendo os posicionados na parte superior do traço 1:1:6 e na parte inferior do traço 1:0,5:4,5.

    Figura 3 – Detalhe dos CP’s carbonatados e medição

    Determinou-se o teor de cloretos solúveis, em laboratório especifico por titulação potenciométrica usando eletrodoseletivo para cloretos (Figura 4).

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    Figura 4 – Gráficos com os teores de cloretos nos dois traços estudados e as linhas de tendência exponencial

    Verifica-se na análise de cloretos que a amostra com adição pura de 15 % e traço “forte”, teve mais elevadodesempenho. A Figura 5 apresenta um detalhe dos corpos de prova após a aspersão de nitrato de prata.

    Figura 5 – Corpos de prova com nitrato de prata

    4. CONCLUSÕES

    Os resultados mostraram alinhamento com outros pesquisadores que estudaram os benefícios promovidos por adiçõesminerais, haja vista o aumento da resistência e redução da permeabilidade, devido fundamentalmente ao refinamentodos poros.

    As avaliações acerca das características relativas à durabilidade das amostras, permitiu verificar que a amostra comtraço “forte” e 15 % de adição pura de metacaulim apresentou um desempenho superior em relação às demais amostras

    nos ensaios, podendo-se tecer os comentários que seguem:

    !  melhor desempenho para resistência à compressão e módulo de elasticidade - indicando menor porosidade;!  maior velocidade da onda ultra sônica, sendo classificada como “bom” - denotando maior compacidade da

    amostra;!  menor espessura carbonatada, classificada como média de acordo com a literatura - configurando interessante

    condição de proteção em centros urbanos;!  menor teor de cloretos solúveis na espessura de 1,5 cm da superfície dos corpos de prova (medida em que se

     posicionam as armaduras em relação a superfície da argamassa armada) - significando natureza intimamenteimportante para regiões próximas as áreas marinhas.

    As características observadas nas amostras estudadas apontam para o uso potencial de argamassas inorgânicas comadição de metacaulim como elementos nas terapias de reabilitação para a problemática dos prédios tipo “caixão”,

    merecendo destaque especial para o desempenho da proporcionalidade 1:0,5:4,5 (cimento: cal: areia) com adição de15% de metacaulim.

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    5. REFERÊNCIAS

    [1]  MOSEIS; ROJAS & JOSEPH COBRERA. The effect of temperature on the hydration rate and stability of thehydration phases of metakaolion – lime – water systems. Schoolof Civil Engineering. Universityof Leeds,

    2001.[2]  MEDINA, E. A. Pozolanicidade do metacaulim em sistemas binário com cimento portland e hidróxido de

    cálcio. São Paulo, 2011. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.[3]  ROCHA, G. G. N. Caracterização microestrutural do metacaulim de alta reatividade. Belo Horizonte, 2005.

    Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais.[4]   NITA, C.; JOHN, V. M. Materiais pozolânicos: o metacaulim e a sílica ativa. Boletim Técnico da Escola

    Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.[5]  OLIVEIRA, Andrielli Morais de. Avaliação do desempenho de concretos com adições minerais quanto à

    corrosão das armaduras induzida por cloretos. Goiânia, 2007. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federalde Goiás.

    [6]  LIDUÁRIO, Alfredo Santos. Contribuição ao estudo das propriedades térmicas do concreto convencional napresença das adições minerais. Goiânia, 2006. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás.

    [7]  MEDEIROS, M.H.F. Estruturas de concreto com corrosão de armaduras por carbonatação: Comparação de

    argamassas de reparo quanto à proteção do aço. 2002. Dissertação (mestrado em Engenharia Civil) – Escola politécnica da USP. SãoPaulo, 2002.

    [8]  SOUZA, P. S. L. Verificação da influência do uso de metacaulim de alta reatividade nas propriedadesmecânicas do concreto de alta resistência. Porto Alegre, 2003. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do RioGrande do Sul.

    [9]  BARATA, Márcio Santos. Concreto de alto desempenho no estado do Pará: estudo de viabilidade técnica eeconômica de produção de concreto de alto desempenho com os materiais disponíveis em Belém através doemprego de adições de sílica ativa e metacaulim . Porto Alegre, 1998. Dissertação (Mestrado) - UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul.

    [10]  GALVAO, S. P. Avaliação do desempenho de argamassas de reparo estrutural a base de cimento portlandmodificadas por polímeros e contendo adições minerais. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)-Universidade Federal de Goiás. Goiás, 2004.

    [11]  SILVA, V. S.; LIBORIO, J. B. L. Análise microestrutural da interface chapisco/argamassa. In: VI SimpósioBrasileiro de Tecnologia de Argamassas. Florianópolis, 2004.

    [12]  MOTA, J. M. F; OLIVEIRA, R. A; ARRUDA, K. C. Utilização de Pozolana em Argamassas de Reforço paraAlvenarias Resistentes. 7º - CINPAR- Congresso Internacional sobre patologia e Reabilitação de Estruturas.Fortaleza, 2011.

    [13]  MOTA, J. M. F. Influência da Argamassa de Revestimento na Resistência à Compressão Axial em Prismasde Alvenaria Resistente de Blocos Cerâmicos. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – UniversidadeFederal de Pernambuco. Recife, 2006.

    [14]  OLIVEIRA, R. A. Notas de Aula da Disciplina: Alvenaria Estrutural – Mestrado de Estruturas . UniversidadeFederal de Pernambuco. Recife, 2004.

    [15]  BARBOSA, F. R. Entrevista concedida a João Manoel de Freitas Mota acerca de RAA . Recife - PE, Novembro, 2013.

    [16]  MOTA, J. M. F.; CARASEK H.; COSTA e SILVA, A. J.; BARBOSA, F. R.; SANTOS, W. W. Argamassasinorgânicas com adição de metacaulim. IX SBTA, Minas Gerais, 2011.

    [17] 

    CASCUDO, O. O Controle da Corrosão de Armaduras em Concreto: Inspeção e Técnicas Eletroquímicas. 1.ed. São Paulo: PINI, 1997. 235p.