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ISSN 1415-4765 TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 736 A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96* Maria Helena Horta** Carlos Frederico Braz de Souza** Rio de Janeiro, junho de 2000 * Este trabalho compreende a primeira etapa de um estudo que, em um segundo estágio, procura identificar e quantificar os fatores mais intimamente relacionados às perdas e aos ganhos de competitividade das exportações brasileiras, observados em determinados períodos, setores e mercados. ** Da Diretoria de Estudos Macroeconômicos do IPEA.

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ISSN 1415-4765

TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº 736

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕESBRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO

PERÍODO 1980/96*

Maria Helena Horta**Carlos Frederico Braz de Souza**

Rio de Janeiro, junho de 2000

* Este trabalho compreende a primeira etapa de um estudo que, em um segundo estágio,procura identificar e quantificar os fatores mais intimamente relacionados às perdas eaos ganhos de competitividade das exportações brasileiras, observados emdeterminados períodos, setores e mercados.** Da Diretoria de Estudos Macroeconômicos do IPEA.

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃOMartus Tavares - MinistroGuilherme Dias - Secretário Executivo

PresidenteRoberto Borges Martins

DIRETORIA

Eustáquio José ReisGustavo Maia GomesHubimaier Cantuária SantiagoLuís Fernando TironiMurilo LôboRicardo Paes de Barros

Fundação pública vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamentoe Gestão, o IPEA fornece suporte técnico e institucional às açõesgovernamentais e disponibiliza, para a sociedade, elementos necessáriosao conhecimento e à solução dos problemas econômicos e sociais dopaís. Inúmeras políticas públicas e programas de desenvolvimentobrasileiro são formulados a partir de estudos e pesquisas realizadospelas equipes de especialistas do IPEA.

Texto para Discussão tem o objetivo de divulgar resultadosde estudos desenvolvidos direta ou indiretamente pelo IPEA,bem como trabalhos considerados de relevância para disseminaçãopelo Instituto, para informar profissionais especializados ecolher sugestões.

Tiragem: 103 exemplares

SERVIÇO EDITORIAL

Supervisão Editorial: Nelson CruzRevisão: André Pinheiro, Elisabete de Carvalho Soares,Isabel Virginia de Alencar Pires, Lucia Duarte Moreira,Luiz Carlos Palhares e Miriam Nunes da FonsecaEditoração: Carlos Henrique Santos Vianna, Juliana RibeiroEustáquio (estagiária), Rafael Luzente de Lima e Roberto dasChagas CamposDivulgação: Libanete de Souza Rodrigues e Raul José Cordeiro LemosReprodução Gráfica: Edson Soares e Cláudio de Souza

Rio de Janeiro - RJ

Av. Presidente Antonio Carlos, 51 — 14º andar - CEP 20020-010Telefax: (21) 220-5533E-mail: [email protected]

Brasília - DF

SBS. Q. 1, Bl. J, Ed. BNDES — 10º andar - CEP 70076-900Telefax: (61) 315-5314E-mail: [email protected]

Home page: http://www.ipea.gov.br

© IPEA, 2000É permitida a reprodução deste texto, desde que obrigatoriamente citada a fonte.Reproduções para fins comerciais são rigorosamente proibidas.

SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................1

2 - O COMÉRCIO BRASILEIRO ENTRE 1980 E 1996 ...................................3

3 - A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DEPRODUTOS MANUFATURADOS NO COMÉRCIO MUNDIALE POR BLOCOS DE PAÍSES ....................................................................183.1 - Mundo..................................................................................................213.2 - O Desempenho das Exportações Brasileiras por Bloco de Países.......25

4 - CONCLUSÕES............................................................................................30

BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................33

RESUMO

Este trabalho procura avaliar a evolução das exportações brasileiras entre 1980 e1996. A capacidade de inserção dos produtos brasileiros, desagregados em 19setores industriais, em 10 mercados-destinos é comparada em três subperíodos(1980/84, 1984/90 e 1990/96), tendo-se como referências os setores em que o paísdetinha vantagens comparativas reveladas (VCR) e o ritmo das importaçõessetoriais totais de cada mercado. O texto procura demonstrar que existe umareduzida capacidade de orientação das exportações do Brasil aos nichos deprodutos e mercados mais aquecidos do comércio mundial, bem como que osmaiores ganhos de mercado observados concentraram-se em setores efetivamentede baixo dinamismo, nos quais o país tradicionalmente detém VCR.

ABSTRACT

In this paper the authors evaluate the evolution of Brazilian exports from 1980throughout 1996. The performance of the Brazilian products, disaggregated by 19industrial sectors and 10 market-destinations, is compared in three sub-periods(1980/84, 1984/90 and 1990/96), using as benchmark the sectors in which thecountry displayed revealed comparative advantages (VCR), as well as the rate ofgrowth of the total sectoral imports of each market. The paper points out Brazil’sreduced capacity to direct its exports to the most dynamic international markets,and shows that the largest market-share gains for Brazil were concentrated in slowgrowth markets and sectors, in which the country has well-estabilished VCR.

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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1 - INTRODUÇÃO

A economia brasileira passou por significativas transformações e desequilíbriosnos últimos 20 anos. Ao longo desse período, o setor externo e a política cambialdesempenharam diversos papéis no que se refere às pressões e à evolução dascontas do balanço de pagamentos e aos esforços de estabilização da economia.

No início dos anos 80, ante as crises do petróleo e da dívida externa, foi conferidagrande ênfase ao desempenho das exportações (e restrição às importações), comvistas à geração de superávits comerciais para o financiamento do balanço depagamentos. Na segunda metade da década, uma vez aprofundado o processoinflacionário que durou até 1994, a performance do setor externo da economiamostrou-se de certa forma subordinada aos desdobramentos dos sucessivos planosde estabilização implementados no Governo Sarney. A partir de 1990, com oaprofundamento da abertura comercial e a criação do Mercosul, o setor externo daeconomia volta a desempenhar um papel ativo na política econômica, cuja ênfasepassa a ser aumentar substancialmente a exposição do país aos produtosimportados, tendo como objetivos incrementar a competitividade e produtividadeda produção doméstica e, mais importante, reduzir, por meio de mecanismos dearbitragem, as pressões inflacionárias vigentes ou latentes.

Mais recentemente, devido aos riscos de ocorrência de uma crise cambial — emface da expressiva vulnerabilidade da economia aos fluxos internacionais decapitais e dos volumosos déficits em conta corrente acumulados nos últimos anos—, tem sido novamente enfatizada a importância de se incrementar o desempenhodas exportações brasileiras, particularmente quando se tem em conta a adoção doregime de câmbio flutuante no início de 1999.

Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo analisar o desempenho dasexportações brasileiras — particularmente de produtos industrializados —, aolongo das duas últimas décadas, com vistas a identificar e caracterizar acapacidade de inserção dos produtos brasileiros nos mais importantes mercadosmundiais, classificados setorialmente em momentos e períodos preestabelecidos.

Assim, a partir da base de dados Comptes Harmonisés sur les Exchanges etl’Economie Mondiale (Chelem — versão 1998)1 foram definidas e construídasinformações para:

• dezenove setores ou agregados de produtos (três de produtos básicos e 16 deprodutos industrializados);

• dez mercados (países ou agregados de países), além do próprio Brasil e dototal mundial; e

• três períodos de tempo, para os quais a análise se dará ao longo de cada ume/ou comparativamente entre as suas médias ou seus extremos.

1 Base de dados de comércio bilateral de bens em CD-ROM elaborada pela Centre d’ÉtudesProspectives et d’Informations Internationales (Cepii), da França.

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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A agregação de setores e produtos a ser utilizada procurou mantercorrespondência com a “itemização” normalmente utilizada nos dados de matrizinsumo-produto, gêneros da indústria e índices industriais de preços, já com vistasàs etapas posteriores do trabalho. A partir de uma análise preliminar dasinformações de comércio, elencaram-se os seguintes setores:2

• Produtos Básicos (b)Agropecuária = (AGP)Extrativa Mineral = (EXM)Oleaginosos = (OLE)

• Produtos Industrializados (i)Minerais Não-Metálicos = (MNM)Siderúrgicos = (SID)Metalurgia de Não-Ferrosos = (MNF)Mecânica = (MAQ)Eletroeletrônicos = (ELT)Material de Transportes = (TRA)Madeira e Mobiliário = (MAD)Papel e Celulose = (PAP)Borracha = (BOR)Químicos = (QUI)Petroquímicos = (REF)Farmacêuticos = (FAR)Têxteis = (TXT)Alimentos = (ALI)Abates e Carnes = (ABA)Produtos Diversos = (DIV)

Os países e regiões definidos como os principais mercados para as exportaçõesbrasileiras foram: Nafta (Estados Unidos, Canadá e México); Europa Ocidental(os 15 países da União Européia, mais a Suíça e a Noruega); Japão; Argentina;Andinos (Chile, Colômbia, Venezuela, Equador e Peru); demais países daAmérica Latina; Leste Europeu/CEI; NICS Asiáticos (Hong Kong, Taiwan,Cingapura e Coréia do Sul); Emergentes Asiáticos (China, Índia, Indonésia,Malásia, Tailândia e Filipinas); e resto do mundo. Os três períodos definidosforam 1980/84, 1984/90 e 1990/96, representando, de maneira geral, momentosespecíficos da orientação da política comercial e da conjuntura econômica internabrasileira.

Nesse contexto, elaborou-se uma base de dados para as exportações brasileiras,por setor, em cada ano e para cada um dos mercados selecionados, e para asexportações mundiais setoriais em cada ano e para cada um dos mercados, isto é,as importações setoriais totais de cada país e região.

2 Optou-se por excluir os dados referentes ao comércio internacional de petróleo, em virtude dasfortes oscilações de preços ocorridas no período e da elevada significância que o produtodesempenha nas exportações e importações de alguns dos mercados, fenômenos que poderiamimplicar distorções nos resultados.

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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Ao longo de cada um dos três subperíodos, estimaram-se: a) as taxas médias decrescimento3 de cada um desses fluxos; b) a evolução anual da composição dasrespectivas pautas das exportações brasileiras e mundiais para cada mercado(pauta total e de produtos industrializados); c) a composição geográfica dasexportações brasileiras e mundiais de cada um dos setores; e, por fim, d) aparticipação das exportações brasileiras (market-share) nas importações de cadamercado, também por setor.

A análise comparativa desse conjunto de estimativas (por períodos, setores emercados) permitirá identificar os fluxos de comércio (exportações brasileiras eimportações regionais) que em determinados momentos apresentaram maior oumenor dinamismo, implicando uma melhor qualificação dos eventuais ganhos eperdas de market-share do Brasil verificados em cada subperíodo e da capacidadede inserção da oferta brasileira ante as vicissitudes da demanda dos mercados,tendo em conta os graus de concentração e especialização das respectivas pautasde comércio.

O que se procurará demonstrar neste trabalho é que o desempenho comercial dasexportações brasileiras (em termos dinâmicos e de capacidade de inserção nosmercados) apresentou-se fortemente condicionado à existência de vantagenscomparativas e à inconstante capacidade de identificar e orientar-se para setores emercados que em determinados períodos mostraram ritmos mais aquecidos nassuas importações.

Em etapas posteriores deste estudo serão construídos indicadores setoriais decompetitividade, mormente relacionados a preços relativos, ao custo relativo damão-de-obra e à evolução das demandas doméstica e externas, que serão cotejadoseminentemente com indicadores de desempenho das exportações brasileirassetoriais, referentes à capacidade de inserção dos produtos do país nos diversosmercados, ao longo dos últimos anos.

2 - O COMÉRCIO BRASILEIRO ENTRE 1980 E 1996

Entre 1980 e 1996, as exportações brasileiras expandiram-se a uma taxa média(exponencial) de 5,5% a.a. Se considerarmos a periodização sugerida para estetrabalho, é possível observar um nítido movimento de aceleração nessedesempenho. Após terem crescido, em média, 4,9% a.a. entre 1980 e 1984, asexportações totais do Brasil registraram taxas de 5,7% a.a. em 1984 e 1990 e 7,3%a.a. no período 1990/96.

Esse desempenho, no entanto, não se deu de forma homogênea quando seconsideram as exportações “setorializadas”. De fato, ao longo de todo o período, aparticipação dos produtos industrializados na pauta das exportações brasileirasapresentou um incremento médio de aproximadamente 1% a.a., elevando-se de58,7% em 1980 para 74,1% no final do período (ver Tabela 1). A acentuada perda

3 Taxas de crescimento exponencial. Trata-se da inclinação da “linha de tendência” que passa porentre os dados “logaritmizados”.

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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de importância dos produtos básicos na composição da pauta deu-se de formapraticamente contínua ao longo dos anos analisados. Apenas os setores extrativomineral (entre 1984 e 1990) e de oleaginosos (entre 1990 e 1996) experimentaramalgum dinamismo — isto é, registraram expansão das exportações acima da taxamédia total — relativamente aos demais setores. Ademais, dentre os setores quecompõem o conjunto dos produtos manufaturados, observou-se um nítidoprocesso de desconcentração da pauta, com as indústrias de alimentos epetroquímica (sobretudo a partir de 1984) reduzindo substancialmente a suaimportância em benefício das demais (particularmente siderúrgicos e metalurgiade não-ferrosos). Esse processo pode ainda ser melhor ilustrado pela evoluçãocontinuamente decrescente do índice de concentração da pauta, calculado a partirda participação de cada um dos 16 setores no total das exportações de produtosindustrializados.4

Tabela 1

Composição da Pauta das Exportações Brasileiras: Produtos Básicos eIndustrializados

(Em %)

1980Média

1980/841984

Média1984/90

1990Média

1990/961996

Agropecuária 19,8 16,2 15,1 13,4 10,8 10,1 9,5Extrativa Mineral 10,9 9,6 8,2 8,9 10,9 8,9 8,3Oleaginosos 10,5 11,4 9,7 8,2 7,7 7,0 8,1

Básicos 41,3 37,2 33,0 30,5 29,3 25,9 25,9

Minerais Não-Metálicos 0,7 0,6 0,5 0,7 0,8 1,0 1,1Siderúrgicos 4,1 5,6 7,8 9,7 10,9 10,0 9,1Metalurgia de Não-Ferrosos 1,8 2,5 3,6 4,6 5,5 5,4 4,9Mecânica 4,6 3,7 2,7 3,6 4,3 5,0 5,2Eletroeletrônicos 4,2 4,2 4,1 4,4 3,8 4,2 4,4Material de Transportes 8,7 8,5 6,8 9,4 9,1 10,7 10,5Madeira e Mobiliário 1,5 1,3 1,2 1,6 1,8 2,4 2,5Papel e Celulose 3,0 2,7 2,7 3,1 3,7 4,4 4,6Borracha 0,6 0,6 0,8 0,9 1,0 1,3 1,3Químicos 1,5 2,1 2,8 2,8 2,9 3,1 3,5Petroquímicos 3,5 7,0 9,6 6,4 4,5 4,1 3,9Farmacêuticos 0,9 0,8 0,7 0,8 0,8 1,1 1,3Têxteis 6,1 6,8 8,2 7,8 8,3 7,8 6,9Alimentos 13,4 11,4 10,5 8,9 8,6 8,0 9,9Abates e Carnes 3,1 4,0 3,9 3,5 3,1 3,6 3,3Produtos Diversos 1,1 1,0 1,1 1,3 1,8 1,9 1,9

Industrializados 58,7 62,8 67,0 69,5 70,7 74,1 74,1

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Chelem.

4 Utilizou-se aqui como índice de concentração a relação entre o desvio-padrão e a média dasparticipações de cada setor no total das exportações de industrializados, que, para 16 setores, variaentre zero e quatro (quando apenas uma indústria responderia por 100% das exportações doperíodo).

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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É interessante notar a falta de regularidade no que se refere ao desempenhosetorial das exportações brasileiras de produtos industrializados ao longo dosperíodos em análise (Tabela 2). Relativamente ao total das exportações deindustrializados, apenas um setor (borracha), dentre 16, elevou a sua participaçãona pauta em todos os três subperíodos. Dois setores (siderurgia e metalurgia denão-ferrosos) expandiram sua importância em 1980/84 e 1984/90, mas sofreramperda de dinamismo a partir de 1990. Um setor (químicos) expandiu-sedinamicamente em 1980/84, perdeu participação entre 1984 e 1990, mas voltou aincrementar sua importância entre 1990 e 1996, enquanto outros três (petro-químicos, têxteis e abates e carnes) só se mostraram dinâmicos no princípio dadécada passada.

Tabela 2

Composição da Pauta das Exportações Brasileiras: Produtos Industrializados(Em %)

1980Média

1980/841984

Média1984/90

1990Média

1990/961996

Mecânica 7,8 5,9 4,0 5,2 6,0 6,7 7,0Eletroeletrônicos 7,1 6,6 6,1 6,3 5,4 5,7 5,9Material de Transportes 14,8 13,6 10,1 13,5 12,8 14,5 14,1Químicos 2,5 3,3 4,2 4,0 4,1 4,2 4,7Petroquímicos 5,9 11,2 14,3 9,1 6,4 5,5 5,2Farmacêuticos 1,5 1,2 1,1 1,2 1,1 1,4 1,8Produtos Diversos 1,9 1,7 1,7 1,9 2,5 2,5 2,6

Capital e Tecnologia 39,6 41,8 39,8 39,3 35,8 38,0 38,7

Madeira e Mobiliário 2,5 2,1 1,9 2,2 2,5 3,2 3,4Papel e Celulose 5,0 4,3 4,1 4,5 5,3 5,9 6,2Têxteis 10,4 10,8 12,2 11,3 11,8 10,6 9,3

Trabalho 17,9 17,2 18,2 18,0 19,6 19,7 18,9

Minerais Não-Metálicos 1,3 1,0 0,8 1,0 1,1 1,4 1,5Siderúrgicos 6,9 8,9 11,7 13,9 15,4 13,5 12,3Metalurgia de Não-Ferrosos 3,1 3,9 5,4 6,6 7,8 7,3 6,6Borracha 1,0 0,9 1,2 1,3 1,4 1,7 1,7Alimentos 22,8 18,2 15,6 12,8 12,1 10,8 13,3Abates e Carnes 5,3 6,5 5,8 5,0 4,3 4,9 4,5

Recursos Naturais 40,4 39,4 40,5 40,6 42,1 39,6 39,9

Total (Industrializados) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Índice de Concentração 0,926 0,813 0,793 0,728 0,727 0,666 0,653

Fonte: Chelem.

Por outro lado, dos setores que entre 1984 e 1990 apresentaram pela primeira vezcrescimento acima da média da indústria, cinco (minerais não-metálicos,mecânica, material de transportes, madeira e mobiliário e papel e celulose)mantiveram esse dinamismo a partir de 1990 e um (produtos diversos) não. Porfim, três setores (eletroeletrônicos, farmacêuticos e alimentos) mostraram-sedinâmicos apenas entre 1990 e 1996.

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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Conforme já assinalado, e a despeito da crescente importância que os produtosindustrializados vêm assumindo na pauta brasileira nos últimos anos, aparticipação dos produtos básicos nas exportações do Brasil ainda se apresentabastante elevada quando comparada à estrutura setorial média do comérciomundial. Se, por um lado, a tendência de redução da participação dos setores deprodutos básicos nas pautas de importação também se apresenta, de maneira geral,evidente em todos os mercados selecionados, por outro, essa participação tem-semantido de quatro a cinco vezes inferior à observada na pauta das exportaçõesbrasileiras, ao longo de todo o período analisado (Tabela 3).

Tabela 3

Composição da Pauta (Produtos Básicos e Industrializados): ExportaçõesBrasileiras, Comércio Mundial e Importações Regionais

(Em %)

1980Média

1980/841984

Média1984/90

1990Média

1990/961996

Produtos BásicosExportações Brasileiras 41,3 37,2 33,0 30,5 29,3 25,9 25,9Comércio Mundial 8,6 8,2 7,9 6,6 5,8 5,5 5,1ImportaçõesNafta 6,8 5,5 4,7 3,7 3,5 3,2 3,1Europa Ocidental 9,3 9,5 9,4 7,4 6,2 6,4 6,2Japão 19,3 17,2 15,5 12,0 9,8 8,6 7,2Argentina 3,9 4,2 4,5 4,7 4,7 3,3 3,1Andinos 4,7 6,0 8,1 5,8 4,6 4,7 5,0Demais Países da América Latina 6,0 6,0 5,7 5,3 4,8 4,6 4,6Leste Europeu/CEI 8,3 8,3 8,4 8,6 8,4 7,0 6,2NICS Asiáticos 6,1 5,9 6,0 4,9 4,3 3,5 3,2Emergentes Asiáticos 5,6 5,4 5,4 4,9 4,4 4,1 4,5Resto do Mundo 7,6 7,3 8,3 7,4 6,5 6,1 5,4

Produtos IndustrializadosExportações Brasileiras 58,7 62,8 67,0 69,5 70,7 74,1 74,1Comércio Mundial 91,4 91,8 92,1 93,4 94,2 94,5 94,9ImportaçõesNafta 93,2 94,5 95,3 96,3 96,5 96,8 96,9Europa Ocidental 90,7 90,5 90,6 92,6 93,8 93,6 93,8Japão 80,7 82,8 84,5 88,0 90,2 91,4 92,8Argentina 96,1 95,8 95,5 95,3 95,3 96,7 96,9Andinos 95,3 94,0 91,9 94,2 95,4 95,3 95,0Demais Países da América Latina 94,0 94,0 94,3 94,7 95,2 95,4 95,4Leste Europeu/CEI 91,7 91,7 91,6 91,4 91,6 93,0 93,8NICS Asiáticos 93,9 94,1 94,0 95,1 95,7 96,5 96,8Emergentes Asiáticos 94,4 94,6 94,6 95,1 95,6 95,9 95,5Resto do Mundo 92,4 92,7 91,7 92,6 93,5 93,9 94,6

Fonte: Chelem.

Mesmo excluindo-se os três setores de produtos básicos, verifica-se que aestrutura e a evolução da pauta setorial do comércio mundial de produtosindustrializados também apresentam significativas distinções quando comparadascom a pauta das exportações brasileiras (Tabelas 2 e 4). Numa agregação arbitrária

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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dos setores,5 observa-se que a participação das indústrias intensivas em capital etecnologia no comércio externo do Brasil apresenta-se de 20 a 25 pontospercentuais inferior à observada em termos de comércio mundial. Os setoresintensivos em trabalho, de maneira geral, apresentam a mesma dinâmica emambas as pautas ao longo dos anos, com a sua participação nas exportaçõesbrasileiras, no entanto, cerca de cinco pontos percentuais superiores à importânciadesses setores nas exportações e importações mundiais. Os setores mais intensivosem recursos naturais, por seu turno, que perdem continuamente em importânciano comércio mundial ao longo do período analisado (de 23% em 1980 para 15,2%em 1996), mantêm em cerca de 40% sua participação na pauta das exportaçõesbrasileiras.

Tabela 4

Composição da Pauta do Comércio Mundial de Produtos Industrializados(Em %)

1980Média

1980/841984

Média1984/90

1990Média

1990/961996

Mecânica 10,5 9,8 8,8 9,9 10,3 9,8 9,7Eletroeletrônicos 12,0 13,4 15,2 17,0 18,0 20,8 22,8Material de Transportes 14,3 15,3 15,8 16,3 16,1 16,1 15,8Químicos 6,4 6,2 6,3 6,5 6,3 6,1 6,0Petroquímicos 12,7 13,8 13,9 9,7 8,4 7,3 7,1Farmacêuticos 2,4 2,4 2,4 2,5 2,6 3,0 3,2Produtos Diversos 5,9 5,3 5,2 5,8 6,0 6,1 6,0

Capital e Tecnologia 58,3 60,9 62,4 61,9 61,7 63,1 64,6

Madeira e Mobiliário 2,4 2,3 2,2 2,4 2,6 2,5 2,5Papel e Celulose 3,3 3,3 3,3 3,6 3,6 3,3 3,2Têxteis 7,2 7,2 7,3 8,2 8,7 9,0 8,7

Trabalho 12,9 12,8 12,8 14,2 14,9 14,8 14,4

Minerais Não-Metálicos 1,7 1,6 1,5 1,6 1,6 1,5 1,5Siderúrgicos 4,3 3,7 3,6 3,4 3,2 2,9 2,8Metalurgia de Não-Ferrosos 6,9 5,9 5,3 4,8 4,5 4,0 3,7Borracha 0,9 0,9 0,8 0,9 0,9 0,9 0,9Alimentos 6,6 6,4 5,9 4,8 4,5 4,1 4,0Abates e Carnes 2,6 2,6 2,4 2,6 2,6 2,5 2,3

Recursos Naturais 23,0 21,1 19,5 18,1 17,3 15,9 15,2

Total (Industrializados) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Índice de Concentração 0,671 0,731 0,779 0,783 0,801 0,874 0,931

Fonte: Chelem.

Adicionalmente, e ao contrário do que se verificou em relação às exportaçõesbrasileiras, o índice de concentração setorial da composição da pauta do comérciomundial de produtos industrializados apresenta contínuo movimento decrescimento ao longo do período, com o setor de eletroeletrônicos elevando suaparticipação de 12% em 1980 para 22,8% em 1996. 5 Para essa agregação, utilizou-se como referência a proposta de agrupamento de 49 setoresindustriais por intensidade de fator realizada por Moreira (1999).

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Com relação às pautas de importação de produtos industrializados de cada um dosmercados selecionados, observa-se um crescente distanciamento entre essasestruturas e a pauta das exportações brasileiras para cada um desses destinos.Tanto os coeficientes de correlação como os coeficientes de correlação (por rank)de Spearman apresentam-se essencialmente declinantes, sugerindo uma crescentedicotomia entre a importância relativa que cada setor vem assumindo nasexportações brasileiras (para cada mercado) vis-à-vis a sua importância nasrespectivas pautas das importações totais de produtos industrializados. Vale notarque as pautas de comércio (exportações brasileiras e importações da região) dosmercados latino-americanos apresentam coeficientes de correlação significa-tivamente mais elevados do que os observados nas demais regiões (Tabela 5).

Tabela 5

Coeficientes de Correlação entre as Pautas das Exportação Brasileiras e asPautas Regionais Totais de Importação de Produtos Industrializados — 16Setores

(Em %)

Coeficientes de CorrelaçãoCoeficientes de Correlação

de Spearman

Média Média

1980/84 1984/90 1990/96 1980/84 1984/90 1990/96

Comércio Mundial 0,583 0,464 0,385 0,782 0,588 0,524Nafta 0,304 0,494 0,453 0,724 0,644 0,626Europa Ocidental 0,204 0,299 0,201 0,400 0,347 0,306Japão 0,454 0,087 –0,050 0,574 0,479 0,303Argentina 0,855 0,811 0,802 0,753 0,850 0,759Andinos 0,920 0,826 0,866 0,953 0,865 0,791Demais Países da América Latina 0,899 0,935 0,850 0,774 0,744 0,682Leste Europeu/CEI 0,481 0,372 0,162 0,603 0,544 0,571NICS Asiáticos 0,147 0,004 0,000 0,597 0,388 0,282Emergentes Asiáticos 0,375 0,152 0,027 0,759 0,741 0,556Resto do Mundo 0,588 0,359 0,051 0,550 0,409 0,147

Fonte: Chelem.

As discrepâncias observadas na evolução das respectivas pautas de comércio(exportações brasileiras e mundiais) permitem identificar os setores nos quaisrevelam-se vantagens comparativas do produto brasileiro no mercadointernacional.

Um indicador de vantagem comparativa revelada (VCR) comumente utilizadoconsiste na razão entre a participação relativa de um setor nas exportações totaisde um país e a participação relativa desse setor no comércio mundial [ver, porexemplo, Balassa (1965), Fonseca e Velloso (1998) e Nonnemberg (1991)]. Paraos 16 setores que compõem neste estudo o conjunto de produtos industrializados,observa-se que em seis deles (siderúrgicos, papel e celulose, borracha, têxteis,alimentos e abates e carnes) o Brasil deteve vantagem comparativa (VCR > 1) aolongos dos três subperíodos analisados (Tabela 6).

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Tabela 6

VCR do Brasil no Comércio Mundial de Produtos Industrializados, por Setor

1980Média

1980/841984

Média1984/90

1990Média

1990/961996

Minerais Não-Metálicos 0,763 0,601 0,538 0,643 0,685 0,905 1,009Siderúrgicos 1,628 2,371 3,208 4,069 4,878 4,623 4,460Metalurgia de Não-Ferrosos 0,457 0,662 1,025 1,377 1,719 1,838 1,758Mecânica 0,739 0,598 0,457 0,529 0,585 0,688 0,728Eletroeletrônicos 0,590 0,495 0,401 0,372 0,298 0,275 0,257Material de Transportes 1,038 0,888 0,638 0,827 0,794 0,900 0,895Madeira e Mobiliário 1,051 0,901 0,862 0,923 0,969 1,267 1,374Papel e Celulose 1,529 1,335 1,235 1,268 1,454 1,754 1,969Borracha 1,099 1,039 1,394 1,459 1,541 1,852 1,867Químicos 0,388 0,535 0,667 0,621 0,643 0,696 0,776Petroquímicos 0,467 0,808 1,026 0,944 0,757 0,758 0,735Farmacêuticos 0,645 0,513 0,455 0,483 0,427 0,476 0,549Têxteis 1,456 1,510 1,655 1,368 1,357 1,177 1,072Alimentos 3,469 2,860 2,639 2,644 2,666 2,622 3,354Abates e Carnes 2,032 2,476 2,426 1,929 1,688 1,966 1,950Produtos Diversos 0,318 0,314 0,324 0,336 0,419 0,412 0,428

Total (Industrializados) 0,643 0,684 0,728 0,745 0,751 0,784 0,781

Fonte: Chelem.Nota: Razão entre a participação relativa de um setor nas exportações totais do Brasil e a participaçãorelativa desse setor no comércio mundial.

A partir de 1984, o setor de metalurgia de não-ferrosos também passa a revelarexistência de vantagem comparativa, o mesmo ocorrendo com o setor de madeirae mobiliário no último subperíodo (1990/96), totalizando a existência de VCR emoito dos 16 setores nesses anos.

Sem embargo, quando se considera a reagregação setorial arbitrária anteriormenteutilizada, verifica-se que o Brasil apresentou VCR nas suas exportaçõesjustamente nos setores mais intensivos em trabalho e recursos naturais.

Em termos geográficos, ainda que menos evidente, é possível também registrarum movimento de redirecionamento e desconcentração dos mercados-destinos dasexportações brasileiras, com perda relativa de importância do Nafta, após registrarforte expansão até meados da década passada, e do Leste Europeu/CEI (mormente,produtos básicos) ao longo do período, e crescimento de ênfase nos mercadoslatino-americano e asiático (Tabela 7).

Não obstante, enquanto a importância relativa concedida aos parceiros do Brasilna América Latina mostra-se bastante superior à participação deles nasimportações mundiais, o mesmo ainda não se verifica com relação aos paísesasiáticos (NICS e emergentes), que, a despeito de todos os esforços do Brasil deinserção naqueles mercados, registram uma participação nas exportaçõesbrasileiras muito aquém da sua participação no comércio mundial. De formasemelhante, embora seja o principal mercado do Brasil, também a participaçãorelativa do bloco dos países da Europa Ocidental nas exportações brasileiras

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apresenta-se significativamente inferior à que ele desempenha nas importaçõesmundiais.

Tabela 7

Composição Geográfica das Exportações Brasileiras e do Comércio Mundial(Em %)

Exportações Brasileiras Importações da Região

Média Média

1980/84 1984/90 1990/96 1980/84 1984/90 1990/96

Mundo (Total da Pauta) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Nafta 25,0 29,2 22,7 18,5 21,3 20,2Europa Ocidental 30,1 30,8 29,4 42,1 45,5 44,6Japão 6,6 7,2 7,4 4,4 5,0 5,6Argentina 3,8 2,2 8,0 0,4 0,2 0,4Andinos 5,5 4,5 5,6 1,5 0,9 1,0Demais Países da América Latina 4,4 5,1 6,6 2,0 1,6 1,4Leste Europeu/CEI 6,8 3,8 2,1 6,9 5,3 3,7NICS Asiáticos 1,9 3,1 4,8 4,1 5,0 7,4Emergentes Asiáticos 3,1 4,1 5,2 4,3 4,4 6,4Resto do Mundo 12,7 10,1 8,3 15,7 10,6 9,3Mundo (Produtos Básicos) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Nafta 14,5 13,1 10,5 12,5 11,9 11,9Europa Ocidental 48,3 52,9 52,1 48,7 51,0 52,2Japão 10,9 11,0 11,2 9,3 9,1 8,8Argentina 1,7 1,4 2,3 0,2 0,1 0,2Andinos 0,9 1,1 0,8 1,1 0,8 0,9Demais Países da América Latina 0,5 1,0 1,2 1,5 1,3 1,2Leste Europeu/CEI 12,4 8,8 4,0 7,0 6,9 4,8NICS Asiáticos 1,3 2,1 4,1 3,0 3,7 4,8Emergentes Asiáticos 3,8 3,1 6,4 2,8 3,3 4,9Resto do Mundo 5,8 5,6 7,6 14,0 11,8 10,4Mundo (Produtos Industrializados) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Nafta 31,3 36,3 27,0 19,1 22,0 20,7Europa Ocidental 19,3 21,1 21,4 41,5 45,2 44,1Japão 4,0 5,5 6,0 4,0 4,7 5,4Argentina 5,0 2,6 10,0 0,4 0,2 0,4Andinos 8,2 5,9 7,3 1,5 0,9 1,0Demais Países da América Latina 6,8 6,9 8,5 2,1 1,7 1,4Leste Europeu/CEI 3,4 1,6 1,4 6,9 5,2 3,7NICS Asiáticos 2,3 3,5 5,1 4,2 5,1 7,5Emergentes Asiáticos 2,8 4,5 4,8 4,4 4,5 6,5Resto do Mundo 16,9 12,1 8,6 15,8 10,5 9,2

Fonte: Chelem.

Quando se analisam as taxas médias e medianas (de 16 setores) de crescimentodas exportações brasileiras (para) e importações totais de produtos industria-lizados de cada mercado (Tabela 8), observa-se que a única região em que omarket-share do Brasil incrementou-se ao longo de todos os períodos foi a dospaíses andinos. Com relação aos demais mercados, a inserção do produtobrasileiro deu-se de forma bem menos sistemática, em termos das suasimportâncias e dinâmicas relativas, quando se analisam os fluxos em cada um dossubperíodos.

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Tabela 8

Taxas de Crescimento Média e Mediana das Exportações Brasileiras e dasImportações Regionais de Produtos Industrializados

(Em %)

Exportações Brasileiras Importações da Região

Média Média

1980/84 1984/90 1990/96 1980/84 1984/90 1990/96

Taxa de Crescimento MédiaMundo 8,0 7,1 8,0 -0,4 12,6 8,0Nafta 19,9 3,8 3,6 9,6 9,0 9,7Europa Ocidental 4,0 15,6 2,0 -3,4 16,7 4,4Japão 14,9 17,3 5,9 3,4 18,0 10,6Argentina -7,5 -2,2 35,3 -19,8 1,1 26,8Andinos -6,7 8,2 14,5 -13,1 5,9 13,8Demais Países da América Latina -10,7 13,3 19,6 -0,6 5,0 8,0Leste Europeu/CEI -1,5 -11,3 31,1 -3,1 3,8 10,0NICS Asiáticos 19,8 24,3 5,1 3,9 19,7 14,4Emergentes Asiáticos 35,4 6,7 10,8 4,2 12,2 18,3Resto do Mundo 7,3 -3,4 5,2 -3,6 5,3 6,5

Taxa de Crescimento MedianaMundo 3,9 9,3 10,4 -2,2 14,2 7,0Nafta 15,7 5,6 6,4 7,9 10,1 8,1Europa Ocidental 5,1 18,9 2,2 -4,7 18,2 3,5Japão 3,8 15,9 9,8 3,4 22,6 8,2Argentina -11,8 -3,0 36,8 -26,5 1,0 28,7Andinos -5,3 7,1 16,7 -15,1 5,2 15,4Demais Países da América Latina -8,1 13,9 17,6 -3,4 6,3 6,9Leste Europeu/CEI -0,7 -0,4 14,4 -5,0 7,1 11,9NICS Asiáticos 20,3 18,1 9,0 4,4 19,5 12,3Emergentes Asiáticos 14,2 6,5 17,5 1,8 14,3 16,7Resto do Mundo 11,0 2,7 3,8 -3,8 4,7 5,4

Fonte: Chelem.Notas: Taxas de crescimento exponenciais, a partir dos dados logaritmizados. Taxa mediana para 16 setoresde produtos industrializados.Em sombreado, assinalam-se os mercados cujas exportações brasileiras para a região expandiram-se ataxas superiores às das exportações brasileiras totais, e os mercados cujas importações da regiãoexpandiram-se a taxas superiores às do comércio mundial de produtos industrializados.Em negrito, assinalam-se os mercados cujas exportações brasileiras para a região expandiram-se a taxassuperiores às das importações totais de produtos industrializados realizadas pela região.

De fato, entre 1980 e 1984, verifica-se que as vendas brasileiras privilegiaram,expandindo-se a ritmos superiores aos das exportações brasileiras totais,justamente os mercados — Nafta, Japão, NICS asiáticos e emergentes asiáticos —que se mostraram relativamente mais dinâmicos, ou seja, aqueles cujasimportações totais de produtos industrializados realizadas por eles registraramtaxas de crescimento superiores às do comércio mundial (e que, por isso,aumentaram sua participação e sua importância no comércio mundial).

Naqueles anos, somente nas exportações brasileiras para os demais países daAmérica Latina observou-se taxa de crescimento inferior à taxa de crescimentodas importações da região, reflexo do ajuste por que passavam vários dos paísesdo continente latino-americano.

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No período seguinte (1984/90), os mercados relativamente dinâmicos do comérciomundial de produtos industrializados foram a Europa Ocidental, o Japão e osNICS asiáticos. O Brasil logrou privilegiar esses mercados, aumentando as suasparticipações na composição geográfica das exportações, embora, dos três, apenascom relação aos NICS asiáticos tenha-se registrado taxas superiores às dasimportações da região. Também em outros dois mercados latino-americanos —andinos e demais países da América Latina —, para os quais as exportaçõesbrasileiras cresceram a taxas superiores às das exportações brasileiras totais e àsdas suas importações, observaram-se aumento da importância desses mercados naestrutura geográfica das exportações brasileiras e aumento do market-share doBrasil neles.

Nos anos seguintes, entre 1990 e 1996, as exportações brasileiras totais deprodutos industrializados registraram taxa de crescimento média ligeiramentesuperior à do comércio mundial. Sem embargo, apenas nos três mercados latino-americanos e nos antigos países do “bloco soviético” as exportações brasileirasexpandiram-se a taxas superiores às das importações totais de cada uma dasregiões. Nos demais mercados, observou-se perda de market-share do Brasil.Além dessas quatro regiões, os países emergentes asiáticos também lograramaumentar sua participação na estrutura geográfica das exportações brasileiras deprodutos industrializados no período.

Em resumo, entre 1980 e 1996, observou-se um substancial aumento daparticipação dos produtos industrializados na pauta das exportações totaisbrasileiras e, dentre estes, um efetivo processo de desconcentração, movimento,por seu turno, contrário ao verificado na evolução da estrutura setorial docomércio mundial. Observou-se ainda que ao longo dos anos aumentaram asdiscrepâncias entre a importância relativa que cada setor assumia na pauta dasexportações do Brasil e das importações totais dos nossos respectivos mercados.Constatou-se, por outro lado, que, dos 16 setores de produtos industrializadosanalisados, o Brasil apresentou vantagem comparativa em cerca da metade,embora justamente naqueles intensivos em recursos naturais e trabalho, segundouma agregação arbitrária desses setores. Em termos geográficos, observou-se, demaneira geral, uma crescente perda da capacidade de concentrar esforços e inserir-se nos mercados notadamente mais dinâmicos do comércio mundial.

Assim, apesar das expressivas taxas de crescimento, não se verificou, de maneirageral, um aumento do market-share brasileiro no mercado mundial. Em 1980, asexportações do Brasil (produtos básicos e industrializados) respondiam por 1,3%das importações mundiais (exclusive petróleo). Essa participação elevou-se para1,7% em 1984, antes de se reduzir para 1,1% em 1990 e 1% em 1996, a despeitoda aceleração observada ao longo do período (Tabela 9). Apesar do efetivomovimento de desconcentração setorial verificado na composição da pauta, comforte crescimento da participação dos produtos industrializados, verifica-se umacapacidade significativamente maior de inserção dos produtos básicos, ainda quedeclinante ao longo do período. Com relação aos setores que compõem o conjuntodos produtos industrializados, observa-se uma evolução bastante similar domarket-share do Brasil no comércio mundial (eleva-se de 0,81% em 1980 para

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1,21% em 1984, antes de se reduzir para 0,80% e 0,79% em 1990 e 1996,respectivamente).

Tabela 9

Market-Share das Exportações Brasileiras no Comércio Mundial(Em %)

1980Média

1980/841984

Média1984/90

1990Média

1990/961996

Agropecuária 6,2 6,0 6,6 5,5 4,3 4,1 3,9Extrativa Mineral 6,1 6,9 7,2 7,7 8,6 8,7 8,3Oleaginosos 5,9 7,1 7,1 5,6 4,7 4,3 4,8

Básicos 6,1 6,5 6,9 6,0 5,4 5,1 5,1

Minerais Não-Metálicos 0,6 0,6 0,6 0,6 0,5 0,8 0,8Siderúrgicos 1,3 2,3 3,9 4,0 3,9 3,9 3,5Metalurgia de Não-Ferrosos 0,4 0,6 1,2 1,3 1,4 1,6 1,4Mecânica 0,6 0,6 0,6 0,5 0,5 0,6 0,6Eletroeletrônicos 0,5 0,5 0,5 0,4 0,2 0,2 0,2Material de Transportes 0,8 0,9 0,8 0,8 0,6 0,8 0,7Madeira e Mobiliário 0,9 0,9 1,0 0,9 0,8 1,1 1,1Papel e Celulose 1,2 1,3 1,5 1,2 1,2 1,5 1,5Borracha 0,9 1,0 1,7 1,4 1,2 1,6 1,5Químicos 0,3 0,5 0,8 0,6 0,5 0,6 0,6Petroquímicos 0,4 0,8 1,2 0,9 0,6 0,6 0,6Farmacêuticos 0,5 0,5 0,5 0,5 0,3 0,4 0,4Têxteis 1,2 1,5 2,0 1,3 1,1 1,0 0,8Alimentos 2,8 2,8 3,2 2,6 2,1 2,2 2,6Abates e Carnes 1,6 2,4 2,9 1,9 1,3 1,7 1,5Produtos Diversos 0,3 0,3 0,4 0,3 0,3 0,3 0,3

Industrializados 0,8 1,0 1,2 1,0 0,8 0,8 0,8

Total 1,3 1,4 1,7 1,3 1,1 1,1 1,0

Fonte: Chelem.

Para uma melhor avaliação do desempenho das exportações brasileiras deprodutos industrializados e da evolução da inserção dos nossos produtos nosrespectivos mercados e subperíodos, realizam-se a seguir duas desagregações quepermitem identificar alguns fatores relacionados a esses processos. A primeiradesagregação utiliza a metodologia de análise do tipo constant-market-share,6 queconsiste, na sua abordagem tradicional, na decomposição da taxa de crescimentodas exportações7 de um país em quatro parcelas ou efeitos: comércio mundial,destino das exportações, composição da pauta e competitividade.

6 Para maiores considerações metodológicas sobre esse modelo, ver, por exemplo, Richardson(1971) e Leamer e Stern (1970). Para uma aplicação às exportações brasileiras, ver, por exemplo,Almeida (1993), Bonelli (1992 e 1994), Horta (1983), Horta, Waddington e Souza (1993), Souza(1995) e Gonçalves (1987).7 Por questões de consistência aritmética, as taxas de crescimento calculadas para esse exercício(exportações brasileiras e mundiais) foram definidas como a inclinação da reta de regressão linearde cada fluxo (e não da curva de tendência exponencial, como anteriormente vinha sendo utilizado)no seu ponto médio em cada subperíodo. A rigor, essa diferença metodológica não alteraqualitativamente os resultados.

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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Assim, seja miJ o market-share setorial (i) do Brasil em um determinado mercado(J), isto é, a participação das exportações brasileiras de produtos de umdeterminado setor para esse mercado nas importações setoriais realizadas por ele:

miJ = XiJ / WiJ ⇒ XiJ = miJ * WiJ

onde XiJ são as exportações brasileiras de produtos do setor i para o mercado J eWiJ são as importações totais realizadas por J de produtos do setor i.

Assim:

∆XiJ = (m0iJ * ∆WiJ + ∆miJ * W1

iJ)

No agregado:

∆X = ∑i∑J [m0iJ * ∆WiJ] + ∑i∑J [∆miJ * W1

iJ]

A primeira parcela identifica quanto do crescimento das exportações do Brasil(uma vez divididos os dois termos da igualdade pela média das exportaçõesbrasileiras de produtos industrializados no período) explica-se por variações nasrespectivas importações setoriais de cada mercado (tivesse o país mantidoconstantes os seus market-shares), enquanto a segunda parcela reflete justamentea fração explicada por aumentos e reduções da inserção dos produtos brasileiros.

O primeiro termo pode ainda ser reescrito, chegando à seguinte formalização:

∆X = [m0tW*∆WtW] + [∑J[m0

tJ*∆WtJ] – m0tW*∆WtW] + [∑i∑J[m0

iJ*∆WiJ] –

– ∑J[m0tJ*∆WtJ]] + [∑i∑J[∆miJ*W1

iJ]]

Agora, a primeira parcela identifica o quanto teriam se expandido as exportaçõesbrasileiras de produtos industrializados se se mantivesse constante o market-sharedo Brasil no mundo (efeito comércio mundial). A segunda parcela reflete acontribuição para o crescimento das exportações devido ao fato de elas terem sedestinado a mercados mais ou menos dinâmicos, isto é, cujas exportaçõesexpandiram-se a taxas mais ou menos elevadas do que as do comércio mundial(efeito destino das exportações). A terceira parcela relaciona-se com o fato de asexportações, em cada mercado, terem-se concentrado nos setores mais ou menosdinâmicos, ou seja, cujas importações expandiram-se a taxas mais ou menosintensas, relativamente à média de cada região (efeito composição da pauta).Finalmente, o quarto item (efeito competitividade) reflete conquistas efetivas demercado, derivadas de incremento na qualidade dos produtos brasileiros, maioresesforços de comercialização, aumento da rentabilidade dos exportadores etc. Osresultados para cada um dos subperíodos encontram-se na Tabela 10.

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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Tabela 10

Fontes de Crescimento das Exportações de Produtos Industrializados —1980/96

(Em %)

Exportações Médias do Período Taxa de Crescimento

1980/84 1984/90 1990/96 1980/84 1984/90 1990/96

Efeito Comércio Mundial –0,3 11,7 7,8 –3,4 170,0 103,0Efeito Destino das Exportações –0,1 –2,0 1,9 –1,0 –29,4 24,5Efeito Composição da Pauta –1,0 –0,6 –1,2 –12,3 –9,3 –15,7Efeito Competitividade 9,4 –2,2 –0,9 116,8 –31,3 –11,8Crescimento Total 8,0 6,9 7,6 100,0 100,0 100,0

Fonte: Chelem.

Entre 1980 e 1984, o crescimento das exportações brasileiras foi mais quetotalmente explicado pelos eventos de ganho e de perda de fatias de mercado(efeito competitividade). A retração do comércio mundial no período, per se,contribuiu para reduzir em 3,4 pontos percentuais a taxa de crescimento médianesses anos.

Apesar dos esforços em privilegiar relativamente os mercados que seapresentaram como os mais dinâmicos no período, a elevada participação dospaíses latino-americanos — mercado cujas importações contraíram-se maisvigorosamente no início da década passada — na composição geográfica dasexportações brasileiras de produtos industrializados acarretou um efeito destino,contribuindo também negativamente para a expansão das vendas externas doBrasil no período. O mesmo fenômeno se observa com respeito à composiçãosetorial da pauta, com o exercício sugerindo que, em média, nossas exportaçõesconcentraram-se em indústrias cujas demandas por parte de nossos parceirosexpandiam-se a taxas relativamente menos substanciosas.

Não obstante, os expressivos eventos de ganhos de mercado verificados noperíodo garantiram uma expansão positiva e significativa das exportaçõesbrasileiras, em uma época em que o comércio mundial de produtosindustrializados mostrava-se notadamente desaquecido.

Na segunda metade da década passada (1984/90), observaram-se novamenteefeitos destino e composição da pauta negativos. Tivessem as exportaçõesbrasileiras totais mantido constantes seus market-shares nos respectivosmercados, elas teriam se expandido 9,7%, ou dois pontos de percentagem a menosque a taxa de crescimento do comércio mundial. Esse resultado sugere que maisuma vez a estrutura geográfica do comércio externo brasileiro de produtosindustrializados concentrou-se em países e regiões relativamente poucodinâmicos, se comparados ao crescimento médio do comércio mundial no período.

De forma semelhante, observa-se também uma contribuição negativa no que dizrespeito à composição setorial da pauta para esses mercados — ou seja, tivesse

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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sido mantido o market-share do Brasil de cada setor nos respectivos países eregiões, observar-se-ia uma expansão das exportações da ordem de 9,1%, aquémportanto da taxa de crescimento do comércio mundial e da média do crescimentodas importações totais dos nossos parceiros, se ponderadas pelas suas importân-cias relativas na pauta.

Finalmente, além de apresentar composições geográficas e setoriais relativamenteadversas, as exportações do Brasil no período perderam significativas fatias demercado que, per se, reduziram em mais de dois pontos percentuais a taxa decrescimento média naqueles anos.

Nos anos 90, a elevada participação dos países latino-americanos e asiáticos —relativamente os mais dinâmicos do comércio mundial — no destino dasexportações brasileiras contribuiu positivamente para a taxa de crescimento médiaobservada no período. O resultado negativo no que diz respeito ao efeitocomposição da pauta sugere uma concentração setorial do comércio brasileiroainda em indústrias relativamente pouco dinâmicas. Por fim, embora se tenhaincrementado em 12 dos 16 setores, agregadamente, as variações ocorridas nomarket-share setorial do Brasil em cada mercado contribuíram tambémnegativamente para a taxa média de crescimento do período.

Um outro exercício que contribui para identificar fatores relacionados aodesempenho recente das exportações brasileiras de produtos industrializadosconsiste na decomposição, em cada subperíodo, das respectivas taxas setoriais decrescimento nos seus efeitos produção doméstica e coeficiente das exportações[ver, por exemplo, Willmore (1989), Almeida (1993) e Barros et alii (1996)].

Assim, seja ci o coeficiente de exportação (a razão entre as exportações e aprodução doméstica, medidas em dólares) de um determinado setor i.

Formalmente:

ci = (Xi / Pi) ⇒ Xi = ci * Pi

∆Xi = (ci0 * ∆Pi) + (∆ci * Pi

1)

Dividindo-se ambos os termos por Xi0, obtém-se a decomposição da taxa de

crescimento das exportações setoriais em duas parcelas. A primeira reflete oquanto as exportações teriam se incrementado em decorrência da expansão daprodução doméstica (isto é, mantida constante a fração da produção setorialdestinada ao exterior). A segunda parcela identifica a contribuição das variaçõesno coeficiente de exportação setorial, ou seja, quanto do seu crescimento pode seratribuído a maior ou menor propensão (esforço) a exportar por parte daquelaindústria.

Os dados da produção doméstica em dólar utilizados nesse exercício foram os deHaguenauer, Markwald e Pourchet (1998), que partem do censo industrial de

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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19858 e encadeiam-se com os dados de produção física industrial (PIM-PF) doIBGE, índices de preços no atacado da FGV e taxa nominal de câmbio.

Entre 1985 e 1990, em apenas três setores — borracha (marginalmente),siderurgia e metalurgia de não-ferrosos — observou-se viés positivo àsexportações (Gráfico 1), com o efeito coeficiente contribuindo positivamente parao incremento das vendas ao exterior. É interessante notar, conforme assinaladoanteriormente, que, no subperíodo 1984/90, somente nas exportações brasileirasde produtos justamente das indústrias siderúrgica e metalúrgica de não-ferrososobservaram-se ganhos de market-share do país no comércio mundial.

Gráfico 1Taxa de Crescimento das Exportações Brasileiras: Decomposição —1985/90

-300

-200

-100

0

100

200

300

MNM SID MNF MAQ ELT TRA MAD PAP BOR QUI REF FAR TXT ALI ABA DIV *i

Efeito Produção Efeito Coeficiente de Exportação

No período seguinte (1990/96), em seis dos 16 setores verificou-se efeitocoeficiente de exportação negativo e, portanto, viés antiexportador (Gráfico 2). Osdois setores em que a contribuição negativa foi relativamente mais intensa(siderúrgicos e diversos) registraram, como já visto, perda de market-share nomercado mundial. Nos demais setores — transportes, borracha, petroquímicos eabates e carnes —, a contribuição positiva do efeito produção foi muito superior àparcela negativa do efeito coeficiente.

Adicionalmente, outras duas indústrias — eletroeletrônicos e têxteis — nãoapresentaram no período crescimento da sua produção doméstica medida emdólares, implicando efeito produção igual a zero, ou inferior. Nãosurpreendentemente, nesses setores também não se registraram incrementos dosseus respectivos market-shares no mercado mundial.

8 Razão pela qual só se realizarão duas decomposições: 1985/90 e 1990/96.

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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Gráfico 2Taxa de Crescimento das Exportações Brasileiras

Decomposição — 1990/96

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

MNM SID MNF MAQ ELT TRA MAD PAP BOR QUI REF FAR TXT ALI ABA DIV *i

Efeito Produção Efeito Coeficiente de Exportação

3 - A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE PRODUTOSMANUFATURADOS NO COMÉRCIO MUNDIAL E POR BLOCOS DEPAÍSES

Esta seção tem como objetivo analisar a inserção das exportações brasileiras deprodutos manufaturados no comércio mundial e por regiões, em termos de setorescaracterizados como dinâmicos para os três períodos considerados.

A análise setorial do comércio brasileiro de produtos industrializados com o restodo mundo mais uma vez revela comportamento muito pouco sistemático no que serefere à inserção sustentada e contínua dos produtos do país. De fato, apenas umaindústria (metalurgia de não-ferrosos) logrou ampliar seu market-share nos trêssubperíodos analisados. Por outro lado, novamente em apenas uma indústria(eletroeletrônicos) observou-se redução do market-share na média de todos osperíodos.

Entre 1980 e 1984, apenas em cinco (minerais não-metálicos, mecânica,eletroeletrônicos, material de transportes e farmacêuticos) dos 16 setoresverificou-se perda de market-share das exportações brasileiras no comérciomundial (Gráfico 3).9 No subperíodo seguinte (1984/90), apenas em dois setores 9 A reta inclinada de 45 graus identifica os setores em que se observaram ganhos e perdas demarket-share das exportações brasileiras ao longo de cada período. As retas horizontais e verticaisidentificam a taxa de crescimento do total das exportações brasileiras e do comércio mundial deprodutos industrializados, caracterizando os setores relativamente mais dinâmicos em cada umadas respectivas pautas.

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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(siderúrgicos e metalurgia de não-ferrosos) houve ganhos de market-share(Gráfico 4). Por fim, entre 1990 e 1996, embora geograficamente a inserçãobrasileira tenha se mostrado, em uma primeira análise, pouco satisfatória (noagregado, ampliou-se a presença dos produtos brasileiros apenas nos mercadoslatino-americanos e “ex-soviéticos”), em termos setoriais 12 dos 16 setoresregistraram aumento do market-share no comércio mundial, e em apenas quatro(siderúrgicos, eletroeletrônicos, têxteis e diversos) houve redução ao longo dosanos (Gráfico 5).

Gráfico 3Exportações Brasileiras e Importações do Mundo:

Taxa de Crescimento Médio Anual — 1980/84

(%)

Exp

orta

ções

Bra

sile

iras

de

Ma

nufa

tura

dos

por

Reg

ião

(por

Set

or)

Importações de Manufaturados da Região (por Setor)

Para contornar distorções decorrentes da diversidade do número de setores que seapresentam como dinâmicos em cada período — considerando “dinâmicos” ossetores que apresentaram taxas de crescimento das importações acima da média—, dois critérios alternativos foram utilizados: os que cresceram acima da taxamediana e os cinco setores que apresentaram as mais elevadas taxas decrescimento.

É interessante observar que os cinco setores que registraram as maiores taxas decrescimento das importações mundiais variam consideravelmente por período,com exceção de eletroeletrônicos, que foi o que mais cresceu nos três períodos, etêxtil, que também se manteve entre os cinco setores que mais cresceram em todosos períodos. Material de transporte, que apresentou a segunda maior taxa decrescimento em 1980/84, não se encontra entre os cinco que mais cresceram noperíodo subseqüente, enquanto o farmacêutico, apresentando a segunda maior taxa

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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de crescimento em 1990/96, não se encontra entre os cinco que mais cresceramem nenhum dos outros dois períodos anteriores.

Gráfico 4Exportações Brasileiras e Importações do Mundo:

Taxa de Crescimento Médio Anual — 1984/90

(%)

Exp

orta

ções

Bra

sile

ira

s d

e M

anu

fatu

rad

os p

or R

egiã

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or

Set

or)

Importações de Manufaturados da Região (por Setor)

Gráfico 5Exportações Brasileiras e Importações do Mundo:

Taxa de Crescimento Médio Anual — 1990/96

(%)

Exp

orta

ções

Bra

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ira

s d

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anu

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or R

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Set

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Importações de Manufaturados da Região (por Setor)

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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Também quando a análise é feita por blocos de países, observa-se uma certadiversidade de setores que apresentaram maior dinamismo para um mesmoperíodo. Em 1980/84, quando as importações do Nafta e da Europa Ocidentalrepresentavam mais de 60% das importações mundiais, os setores madeira eborracha, que não se encontravam entre os cinco mais dinâmicos para o mundo,estavam entre os cinco que mais cresceram no Nafta, o mesmo se observando paraos setores papel e celulose e farmacêutico para a Europa Ocidental. Em 1990/96,os setores madeira, químicos e siderúrgico, que não se encontram entre os cincomais dinâmicos no mundo, estão entre os cinco que mais cresceram no Nafta, omesmo acontecendo para os setores produtos alimentares e material de transportepara a Europa Ocidental. Esses fenômenos mostram, portanto, que os setores maisdinâmicos variam no tempo e entre blocos de países, sugerindo uma estratégia deinvestir na conquista de mercados específicos, nos quais os setores em que oBrasil possui vantagens comparativas e tem elevada participação na pauta deexportação apresentem maior dinamismo.

3.1 - Mundo

No período 1980/84, como resultado do ajuste recessivo que se seguiu ao segundochoque do petróleo, em média, as importações mundiais de produtosmanufaturados variaram a taxas negativas, enquanto as exportações brasileirascresceram 8% a.a. Dos 16 setores considerados, o Brasil aumenta seu market-share em 11, que representavam, em média, 71,8% da pauta de exportações demanufaturados no período 1980/84, permitindo ao país elevar a sua participaçãono comércio mundial de produtos industrializados de 0,8% em 1980 para 1,2% em1984.

Nesse período, os oito setores classificados como dinâmicos — eletroeletrônicos,material de transporte, petroquímico, têxtil, químicos, papel e celulose,farmacêutico e borracha — respondiam por 52% das exportações brasileiras demanufaturados. Considerando-se os cinco setores que mais cresceram e os cincoque menos cresceram, esses percentuais seriam de 45,5% e 37,8%,respectivamente. Assim, podemos dizer que a inserção das exportações brasileirasno comércio mundial, em termos de setores dinâmicos, pode ser consideradapositiva no período 1980/84, pois não apenas 52% da pauta se concentravam emsetores dinâmicos, como também o percentual da pauta concentrada nos cincosetores que mais cresceram é superior ao da pauta concentrada nos cinco setoresmenos dinâmicos.

Dos oito setores classificados como dinâmicos, em cinco o Brasil ganhou market-share (papel e celulose, borracha, químicos, têxtil e petroquímicos), que noperíodo respondiam, em média, por 30,5% das exportações brasileiras. Dentre oscinco que mais cresceram, observou-se aumento de market-share em três, querepresentavam 26,2% da pauta brasileira. Dos setores pouco dinâmicos noperíodo, o Brasil ganhou mercado em seis deles, que respondiam, em média, por41,2% das exportações totais, valor que se reduz para 31% quando consideramosapenas os cinco setores que menos cresceram.

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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Observa-se portanto que, embora pelos dois critérios utilizados a participação desetores dinâmicos na pauta das exportações brasileira de manufaturados sejasuperior à dos setores que menos cresceram, na pauta dos setores de baixodinamismo em que o Brasil apresentou ganhos de mercado a participação ésempre mais elevada do que a registrada para os setores mais dinâmicos.

Já quando consideramos os seis setores em que o Brasil possuía VCR, definidoscomo aqueles em que a participação na pauta de exportação do Brasil é superior àdas importações mundiais (siderúrgicos, papel e celulose, borracha, têxteis,alimentos e abates e carnes), observa-se que estes respondiam por 49,6% dasexportações brasileiras de produtos industrializados, com relação a umaparticipação de 24% nas importações mundiais no período. Adicionalmente,desses seis setores, apenas três (papel e celulose, borracha e têxtil) se encontramentre os oito que apresentaram as mais elevadas taxas de crescimento dasimportações mundiais e respondiam por 11,3% do comércio mundial.

No período, o Brasil obteve ganhos de market-share em todos os setores em quepossuía VCR, que respondiam por 49,6% da pauta, com relação a umaparticipação de 26,1% dos outros cinco setores em que o Brasil também obteveganhos de mercado, mas nos quais não possuía VCR. Já no período 1984/90,observa-se uma relação inversa à registrada em 1980/84, com as importaçõesmundiais crescendo em média 12,6% a.a., enquanto as exportações brasileirascresciam, em média, 7,1% a.a. Dos 16 setores considerados, o Brasil obtémganhos de mercado em apenas dois, siderurgia e metalurgia de não-ferrosos, querespondiam por 20,5% das exportações de manufaturados no período, o queresultou em uma queda do market-share do Brasil no comércio mundial deprodutos industrializados de 1,2% em 1984 para 0,8% em 1990.

Nesse período, os oito setores classificados como dinâmicos (minerais não-metálicos, mecânica, eletroeletrônicos, madeira e mobiliário, papel e celulose,borracha, têxtil e produtos diversos) respondiam por apenas 33,8% dasexportações brasileiras de produtos industrializados, percentual que se reduz para26,3% quando consideramos apenas os cinco setores que mais cresceram. Emcontrapartida, a participação na pauta dos cinco setores que apresentaram asmenores taxas de crescimento no comércio mundial alcança 55,9% no período.

Portanto, ao contrário do observado em 1980/84, pode-se dizer que a inserção dasexportações brasileiras no comércio mundial na segunda metade da década de 80pode ser considerada ruim, pois não apenas 66,2% da pauta brasileira estavamconcentrados em setores de baixo dinamismo, como o percentual das exportaçõesconcentradas nos cinco setores que registraram as menores taxas de crescimentoera mais do que o dobro do observado para os cinco setores de maior crescimento.

Cabe ressaltar que não apenas a pauta brasileira no período era muito concentradaem setores de baixo dinamismo, como os dois únicos setores em que o Brasilobteve ganhos de mercado estavam entre os cinco que apresentaram as menorestaxas de crescimento no comércio internacional.

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

23

Quando consideramos os sete setores em que o Brasil possui VCR, que são os seisdo período anterior mais metalurgia de não-ferrosos, estes respondiam por 28,2%do comércio mundial, valor superior ao do período anterior. Apenas três deles,papel e papelão, borracha e têxtil, porém, estavam entre os oito setores queapresentaram as mais elevadas taxas de crescimento e representavam 17,1% dasexportações brasileiras com relação a 12,7% das importações mundiais.

Em contrapartida, 55,4% das exportações brasileiras estavam concentrados nossetores em que o país possuía VCR, e em apenas dois deles — justamentesiderurgia e metalurgia de não-ferrosos, também relacionados entre os cinco queapresentaram as menores taxas de crescimento no comércio mundial no período— o Brasil registrou ganhos de market-share.

Nesse período, portanto, o desempenho das exportações brasileiras pode serqualificado como bastante desfavorável, pois não apenas se observa uma elevadaconcentração da pauta em setores de baixo dinamismo, como também que o paísnão conseguiu ganhos de market-share em cinco dos sete setores em que possuíaVCR e que respondiam por 34,9% da pauta, além de retornar no agregado aomesmo market-share de 1980.

Chama ainda a atenção o péssimo desempenho do setor de produtos alimentares,em que, apesar de o Brasil ter VCR e ter apresentado a segunda menor taxa decrescimento das importações mundiais, a perda de mercado experimentada pelasexportações brasileiras é significativa (de 12,2% em 1984 para 8,6% em 1990).

Já no período 1990/96, as exportações brasileiras expandem-se em média à mesmataxa de crescimento das importações mundiais (8% a.a.). Apesar de, no agregado,o market-share brasileiro apresentar uma certa estabilidade, dos 16 setoresanalisados o Brasil ganha mercado em 12, que respondiam, em média, por 67,7%da pauta no período.

Em 1990/96, os oito setores classificados como dinâmicos (eletroeletrônicos,material de transporte, madeira e mobiliário, borracha, químicos, farmacêuticos,têxtil e produtos diversos) respondiam por 43,9% das exportações brasileiras deprodutos industrializados para o mundo, percentual que se reduz para 33,9%quando se consideram apenas os cinco setores que registraram as mais elevadastaxas de crescimento. Considerando-se os cinco setores que registraram asmenores taxas de crescimento, esse percentual é de 30%, inferior, portanto, aovalor observado para os cinco setores que mais cresceram.

Entre os oito setores que registraram as maiores taxas de crescimento no comérciointernacional, o Brasil obteve ganhos de mercado em cinco, que respondiam, noentanto, por apenas 25,1% das exportações de produtos industrializados,enquanto, dos oito setores que menos cresceram, o país ganhou mercado em sete,que respondiam por 42,6% das exportações. Quando consideramos os oito setoresem que o Brasil possuía VCR, que incluem os sete anteriores mais madeira emobiliário, observa-se que estes representavam 58% da pauta de exportaçãobrasileira, com relação a uma participação de 26,8% no comércio mundial. Desses

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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oito setores, apenas três (madeira e mobiliário, borracha e têxtil) se encontramentre os oito que registraram as maiores taxas de crescimento, respondendo por15,4% das exportações no período.

Também com relação aos oito setores em que o Brasil possuía VCR, verifica-seque em seis deles, que respondiam por 43,6% da pauta, o país registrou ganhos demercado — com exceção dos setores siderúrgico e têxtil —, sendo que os demaisseis setores em que o país apresentou ganhos de market-share representavam33,8% das exportações.

Portanto, embora os resultados sejam mais desfavoráveis do que os registrados em1980/84, eles são significativamente melhores do que os do período anterior, poisembora 56,1% da pauta brasileira estivessem concentrados em setores de baixodinamismo, o percentual concentrado nos cinco setores que mais cresceram énovamente superior ao concentrado nos cinco que apresentaram as menores taxasde crescimento.

É interessante observar ainda que o setor de produtos alimentares, que haviaapresentado uma das piores performances no período 1984/90, é um dos cinco emque o Brasil registra os maiores ganhos de mercado. Por outro lado, o siderúrgico,que se encontra entre os dois únicos em que o Brasil apresentou ganhos demercado no período 1984/90, é o setor que registra as maiores perdas de mercadoem 1990/96.

Analisando-se o período como um todo, observa-se uma sensível deterioração nainserção das exportações brasileiras entre 1980/84 e 1984/90 no comérciomundial. Não apenas o Brasil perde todos os ganhos de market-share obtidos noprimeiro período, como também tem suas exportações mais fortementeconcentradas entre os setores menos dinâmicos: enquanto em 1980/84 apenas 48%da pauta brasileira estavam concentrados nos oito setores que menos cresceram,em 1984/90 esse percentual se eleva para 66,2%. Já no período 1990/94, apesar deo market-share brasileiro para o agregado ter se mantido mais ou menosconstante, observam-se ganhos de mercado em 12 dos 16 setores analisados. Aomesmo tempo, embora 56,1% das exportações estivessem concentrados nos oitosetores que registraram as menores taxas de crescimento, o percentual da pautaconcentrada nos cinco setores que mais cresceram voltou a situar-se em patamarsuperior ao concentrado nos cinco setores de mais baixo crescimento.

Um outro fenômeno que chama a atenção é o fato de os maiores ganhos demercado se concentrarem nos setores de baixo dinamismo. Esse fenômeno podeser explicado em grande parte pelo fato de os maiores ganhos de mercado sedarem nos setores em que o Brasil possui VCR e que se encontram, de umamaneira geral, entre os de menor dinamismo do comércio mundial.

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

25

3.2 - O Desempenho das Exportações Brasileiras por Bloco de Países

Como podemos observar pela Tabela 11, no período 1980/84 o Brasil ganha novedos 10 mercados considerados, sendo a exceção o bloco dos demais países daAmérica Latina, nos quais o market-share brasileiro cai de 3,8% em 1980 para2,9% em 1984.

Tabela 11

Market-Share das Exportações Brasileiras de Produtos Industrializados emMercados Selecionados

(Em %)

1980Média

1980/841984

Média1984/90

1990Média

1990/961996

Mundo 0,81 0,98 1,21 0,98 0,80 0,84 0,79Nafta 1,30 1,62 1,98 1,62 1,35 1,11 0,93Europa Ocidental 0,38 0,46 0,52 0,46 0,44 0,41 0,37Japão 0,86 0,99 1,27 1,15 1,07 0,94 0,83Argentina 9,77 11,41 17,20 12,23 12,05 20,70 19,45Andinos 4,26 5,48 6,51 6,43 5,61 6,15 6,00Demais Países da América Latina 3,75 3,24 2,88 4,06 3,29 5,04 5,79Leste Europeu/CEI 0,50 0,49 0,56 0,30 0,24 0,33 0,45NICS Asiáticos 0,39 0,54 0,68 0,67 0,69 0,57 0,44Emergentes Asiáticos 0,37 0,62 1,10 0,99 0,78 0,63 0,52Resto do Mundo 0,88 1,05 1,34 1,13 0,80 0,79 0,77

Fonte: Chelem.

Desconsiderando-se a Argentina, os países do bloco andino e os do Leste Europeu— nos quais o Brasil registra expressivos ganhos de mercado, particularmente nosdois primeiros, não pelo dinamismo das exportações, mas porque a quedaobservada nas exportações para esses países foi significativamente inferior àcontração das importações dessas regiões no período — os mercados em que asexportações brasileiras registram os melhores desempenhos são os emergentesasiáticos, os NICS asiáticos e os países do Nafta.

Nos dois primeiros, apesar do relativamente reduzido market-share do Brasil em1980, este praticamente triplica nos emergentes asiáticos (taxa média anual decrescimento das exportações de 35,4%) e duplica nos NICS asiáticos (taxa médiaanual de crescimento de 19,8%). Também no caso do Nafta são expressivos osganhos de mercado, tendo o market-share brasileiro se elevado no período de1,3% para 2%, valores bem superiores à média observada no comércio mundial.Entre os mercados considerados, excluindo-se os quatro para os quais as taxas decrescimento das exportações brasileiras foram negativas, o pior desempenho é oobservado nos países da Europa Ocidental, região para a qual se observa a menortaxa de crescimento das exportações, tendo o market-share do Brasil se elevado de0,4% para apenas 0,5%.

Quando analisamos a participação na pauta brasileira das exportações dos oitosetores que apresentaram as mais elevadas taxas de crescimento no comérciomundial, ou as menores quedas, observa-se que, dos 10 mercados analisados, emsete a participação das exportações dos setores dinâmicos na pauta do Brasil é

A INSERÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS: ANÁLISE SETORIAL NO PERÍODO 1980/96

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superior a 50%, sendo exceções os demais países (resto do mundo), os NICSasiáticos e os países andinos.

Considerando os cinco setores que registraram as maiores e as menores taxas decrescimento, observa-se também que em sete dos 10 mercados analisados aparticipação dos cinco que mais cresceram é superior à dos cinco queapresentaram as menores taxas de crescimento, sendo as exceções os NICSasiáticos, os demais países e o Nafta, o que demonstra que as exportaçõesbrasileiras tiveram boa inserção nos setores dinâmicos no período, na maior partedos mercados considerados (Tabela 12).

Chama a atenção, no entanto, a não-existência de relação entre ganhos de mercadoe a inserção das exportações em setores dinâmicos. Dos três mercados em que oBrasil apresentou os maiores ganhos de market-share, nos NICS asiáticos apenas35,6% da pauta das exportações estavam concentrados nos setores dinâmicos e noNafta, a participação na pauta dos cinco setores que registraram as menores taxasde crescimento era superior à dos cinco que mais cresceram. Por outro lado,embora 73% da pauta das exportações brasileiras para os países da EuropaOcidental estivessem concentrados em setores dinâmicos, verifica-se que, dentreos mercados em que as exportações brasileiras apresentaram um bomdesempenho, as menores taxas de crescimento das exportações foram registradasjustamente para os países da Europa Ocidental.

Também quando analisamos nos diferentes mercados a participação dos setoresmais e menos dinâmicos em que o Brasil obteve ganhos de mercado, observa-se,de uma maneira geral, que os ganhos de mercado se deram nos setores poucodinâmicos, sendo as exceções mais marcantes o Japão e os asiáticos emergentes,nos quais o setor siderúrgico, que apresentou um ótimo desempenho no período,está entre os cinco que apresentaram as mais elevadas taxas de crescimento dasimportações.

Por fim, considerando-se a participação na pauta dos seis setores nos quais oBrasil possui VCR, observa-se, de modo geral, uma forte concentração dasexportações brasileiras nesses setores, com exceção dos países da América Latinae dos demais países. Dos 10 mercados considerados, em oito verifica-se umanítida associação entre ganhos de market-share e VCR, sendo que no Nafta, naArgentina, nos países andinos e nos NICS asiáticos, praticamente se observamganhos de mercado apenas nos setores em que o Brasil tem VCR.

Já no período 1984/90, ao contrário do observado anteriormente, o Brasil obteveganhos em apenas um dos 10 mercados considerados, tendo o market-share nosdemais países da América Latina se elevado de 2,9% para 3,3%. Nos NICSasiáticos, o market-share do Brasil se mantém constante no início e no fim doperíodo.

Os mercados em que o Brasil registrou as maiores perdas foram os países doNafta, em que a participação das exportações brasileiras cai de 2% para 1,4%,nível muito próximo do observado no início da década, e a Argentina, onde omarket-share do Brasil cai de 17,2% para 12,1%, valor ainda significativamentesuperior ao registrado em 1980.

Tabela 12Exportações Brasileiras de Produtos Industrializados

(Em %)

Participação na Pauta dos OitoSetores (Mediana) cujasImportações da Região

Expandiram-se a Taxas maisElevadas

Participação na Pauta dosCinco Setores cujas

Importações da RegiãoExpandiram-se a Taxas mais

Elevadas

Participação na Pauta dosCinco Setores cujas

Importações da RegiãoExpandiram-se a Taxas menos

Elevadas

Participação na Pauta dosSetores em que se ObservouVCR do Brasil no Comércio

Mundial

1980/84 1984/90 1990/96 1980/84 1984/90 1990/96 1980/84 1984/90 1990/96 1980/84 1984/90 1990/96

Mundo 52,0 33,8 43,9 45,5 26,3 33,9 37,9 55,9 30,0 49,6 55,4 58,0

Nafta 51,3 40,1 37,1 35,0 33,6 23,9 44,1 54,6 34,6 52,8 51,9 55,2

Europa Ocidental 73,0 37,0 51,1 23,2 26,6 32,0 12,3 36,9 27,3 62,4 62,3 67,6

Japão 66,8 40,4 27,6 45,5 2,8 15,8 31,1 29,7 60,0 56,1 81,1 84,8

Argentina 70,4 36,7 59,6 41,4 23,2 17,7 12,4 31,3 26,4 27,7 33,5 30,3

Andinos 42,2 48,0 41,4 26,9 37,0 10,5 9,1 15,8 32,1 23,8 28,9 32,9

Demais Países da América Latina 53,9 39,3 59,0 36,0 24,5 36,2 32,9 43,3 23,4 24,2 32,9 40,0

Leste Europeu/CEI 90,9 16,4 11,5 26,6 1,5 2,9 7,1 80,5 86,2 89,2 93,9 94,2

NICS Asiáticos 35,6 75,5 34,0 18,7 12,0 25,1 46,2 16,3 12,4 60,1 76,3 77,7

Emergentes Asiáticos 63,8 7,1 73,0 60,8 2,2 61,0 22,7 86,1 19,0 55,0 71,4 75,2

Resto do Mundo 32,3 36,8 30,5 21,8 16,9 18,6 25,2 29,2 44,7 46,4 55,5 67,7

(continua)

(continuação)

Participação na Pauta dosSetores cujas Exportações

Brasileiras Lograram Expandiro Market-Share em cada

Mercado

Participação na Pauta dosSetores mais Dinâmicos, nosquais Observaram-se Ganhos

de Market-Share

Participação na Pauta dosSetores menos Dinâmicos, nosquais Observaram-se Ganhos

de Market-Share

Participação na Pauta dosSetores em que se Observaram

VCR e Ganhos de Market-Share

1980/84 1984/90 1990/96 1980/84 1984/90 1990/96 1980/84 1984/90 1990/96 1980/84 1984/90 1990/96

Mundo 71,8 20,5 67,7 41,2 20,5 42,6 30,6 0,0 25,1 49,6 20,5 33,9

Nafta 87,3 29,2 20,7 43,2 23,9 6,2 44,1 5,3 14,5 52,8 9,3 19,5

Europa Ocidental 90,6 36,2 35,2 26,6 22,0 4,9 64,0 14,1 30,3 53,0 23,2 30,3

Japão 62,9 44,7 66,3 18,2 44,7 42,2 44,6 0,0 24,1 36,4 40,9 55,4

Argentina 84,8 47,9 97,5 14,3 35,4 40,4 70,4 12,5 57,1 26,2 15,6 27,8

Andinos 81,5 70,3 52,0 41,2 35,4 42,8 40,3 34,9 9,3 23,7 18,8 23,8

Demais Países da América Latina 15,1 83,5 100,0 5,7 57,1 41,0 9,4 26,4 59,0 4,7 23,3 40,0

Leste Europeu/CEI 33,6 8,9 87,3 7,2 8,4 85,1 26,3 0,6 2,2 24,8 8,7 82,3

NICS Asiáticos 99,6 75,4 26,0 64,4 15,3 6,9 35,1 60,2 19,0 60,0 58,7 23,0

Emergentes Asiáticos 67,4 66,0 24,6 16,5 62,2 10,7 50,8 3,7 13,8 39,2 56,9 13,8

Resto do Mundo 77,4 34,1 50,2 45,7 13,1 47,8 31,7 21,0 2,4 31,0 24,6 33,5

Fonte: Chelem.

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Quando analisamos a participação na pauta das exportações brasileiras deprodutos industrializados dos oito setores que apresentaram as mais elevadas taxasde crescimento, observa-se que esta é superior a 50% apenas nos NICS asiáticos(75,5%). Nos demais mercados, é inferior a 50%, sendo que, entre esses, a melhorinserção das exportações brasileiras se dá nos países andinos (48%) e a pior, nosemergentes asiáticos (7,1%).

Considerando-se apenas os cinco setores que registraram as maiores e as menorestaxas de crescimento, observa-se que apenas nos países andinos a participação dasexportações brasileiras nos cinco que apresentaram as maiores taxas decrescimento das importações é superior à participação dos cinco que menoscresceram. Nos demais mercados, inclusive nos NICS asiáticos, a participação doscinco setores que mais cresceram é inferior à dos cinco que registraram asmenores taxas de crescimento das importações. Nesse caso, os pioresdesempenhos se dão nos países do leste europeu, nos emergentes asiáticos e noJapão, onde as participações dos cinco setores que registraram as mais elevadastaxas de crescimento das importações são, respectivamente, de 1,5%, 2,2% e2,8%.

Constata-se assim que, por qualquer dos critérios utilizados, ao contrário doobservado no período anterior, a inserção das exportações brasileiras nesseperíodo se deu em setores de baixo dinamismo, em quase todos os mercadosconsiderados.

Quando separamos, nos diferentes mercados, a participação dos setores em que oBrasil obteve ganhos de market-share em dinâmicos e não-dinâmicos, ao contráriodo observado no período anterior, não se pode identificar um padrão muito nítido.Em quatro dos 10 mercados considerados — Japão, demais países da AméricaLatina, leste europeu e NICS asiáticos —, a participação dos setores dinâmicosnos quais o país obteve ganhos de mercado é superior à dos não-dinâmicos. Poroutro lado, chama a atenção a baixa participação na pauta dos setores dinâmicosem que o Brasil obteve ganhos de mercado nos países do Nafta e da EuropaOcidental.

Por fim, quando consideramos os sete setores em que o Brasil possuía VCR noperíodo, volta-se a observar uma forte concentração da pauta das exportações deprodutos industrializados nesses setores, em sete dos 10 mercados considerados,sendo as exceções os demais países da América Latina e os do Nafta, ao contráriodo observado no período anterior, quando praticamente todos os setores em que seobtiveram ganhos de mercado no bloco eram aqueles nos quais o Brasil detinhaVCR no comércio mundial.

Já no período 1990/96, observa-se uma situação intermediária, em relação àobservada nos dois primeiros períodos: dos 10 mercados considerados, o Brasilregistra ganhos em quatro deles, e em dois o market-share se mantém inalterado.Alguns fatos merecem ser destacados. Em primeiro lugar, dos quatro mercados emque o país apresentou ganhos, três estão na América Latina, chamando a atenção asignificativa alta do market-share do Brasil na Argentina, que se eleva de 12,1%

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em 1990 para 19,5% em 1996. Por outro lado, destaca-se ainda a significativaqueda do market-share brasileiro nos países do Nafta, que desce a um nívelbastante inferior ao observado em 1980.

Quando analisamos a participação na pauta dos oito setores que apresentaram asmais elevadas taxas de crescimento, observa-se uma baixa concentração da pautadas exportações brasileiras de produtos industrializados em setores dinâmicos: dos10 mercados analisados, em apenas quatro a participação na pauta dos setoresdinâmicos era superior a 50%, sendo dois deles na América Latina. Considerando-se apenas os cinco setores que apresentaram as maiores e as menores taxas decrescimento, observa-se que em sete dos 10 mercados analisados a participaçãodas exportações concentrada nos setores que menos cresceram é mais elevada,sendo exceções a Europa Ocidental, os NICS e os emergentes asiáticos. Constata-se assim, mais uma vez, a ausência de relação entre ganhos de mercado econcentração da pauta em setores dinâmicos, pois em nenhum desses mercados oBrasil obteve ganhos.

Analisando-se a participação na pauta dos setores dinâmicos e pouco dinâmicosem que o Brasil obteve ganhos de mercado, observa-se também uma elevadaparticipação nos setores pouco dinâmicos: dos 10 mercados considerados, em seteverifica-se uma elevada participação em setores pouco dinâmicos, sendo asexceções o Japão, os países do leste europeu e os países asiáticos emergentes.

Finalmente, considerando-se a participação na pauta dos setores em que o Brasilpossui VCR, observa-se uma forte concentração da pauta nesses setores em quasetodos os mercados. Merece destaque o fato de que isso se dá exatamente nospaíses da América Latina — onde a participação na pauta de setores em que oBrasil não possui VCR é mais elevada, alcançando 69,7% na Argentina e 60% nosdemais países da América Latina —, o que sugere a existência de um padrão deintercâmbio muito diferente entre o Brasil e os países da América Latina, e entre oBrasil e o resto do mundo.

4 - CONCLUSÕES

O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho das exportações setoriaisbrasileiras nos últimos anos, tendo por referência a sua (falta de) capacidade deidentificar e orientar-se em direção a nichos de mercado do comércio mundial que,em determinados momentos e períodos, mostraram-se relativamente maisaquecidos.

Ao longo do período analisado, apesar das expressivas taxas médias decrescimento das exportações registradas, não se verificou, de maneira geral, umaumento do market-share brasileiro no mercado mundial. Em 1980, asexportações do Brasil (produtos básicos e industrializados) respondiam por 1,3%das importações mundiais (exclusive petróleo). Essa participação elevou-se para1,7% em 1984, antes de se reduzir para 1,1% em 1990 e 1% em 1996.

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Em resumo, entre 1980 e 1996, observou-se um substancial aumento daparticipação dos produtos industrializados na pauta das exportações totaisbrasileiras e, dentre estes, um efetivo processo de desconcentração, movimento,por seu turno, contrário ao verificado na evolução da estrutura setorial docomércio mundial. Observou-se ainda que ao longo dos anos aumentaram asdiscrepâncias entre a importância relativa que cada setor assumia na pauta dasexportações do Brasil e das importações totais dos nossos respectivos mercados.Constatou-se, por outro lado, que, dos 16 setores de produtos industrializadosanalisados, o Brasil apresentou VCR em cerca da metade, embora justamentenaqueles intensivos em recursos naturais e trabalho, segundo uma agregaçãoarbitrária desses setores. Em termos geográficos, observou-se, de maneira geral,uma crescente perda da capacidade de concentrar esforços e inserir-se nosmercados notadamente mais dinâmicos do comércio mundial.

O bom desempenho das nossas exportações, na primeira metade dos anos 80, deu-se a despeito de um ambiente, de maneira geral, bastante desaquecido do comérciomundial e de uma composição — tanto da pauta de produtos como dos mercados-destinos — relativamente desfavorável, isto é, concentrada nos setores e mercadosmenos dinâmicos.

No período seguinte (1984/90), verificou-se que o desempenho comercial doBrasil foi apenas parcialmente estimulado pelo surto de reaquecimento docomércio mundial, com os efeitos destino, composição da pauta e, também,competitividade contribuindo negativamente para a expansão das exportações. János anos mais recentes, as vendas externas de produtos industrializados do paíslograram acompanhar o ritmo de expansão do comércio mundial, e atédestinaram-se aos mercados relativamente mais dinâmicos, embora novamentetenham-se concentrado em produtos e setores cuja demanda expandiu-se maislentamente e tenham apresentado pouca capacidade de auferir ganhos efetivos defatia de mercado.

Observou-se ainda que o fraco desempenho das exportações, na segunda metadedos anos 80, manteve estreita relação com um forte viés antiexportador com queoperava o setor industrial no período, e que foi, de certa forma, atenuado a partirdo início da década de 90.

Analisando mais detalhadamente o desempenho das exportações brasileiras porsetor e mercado, verificamos, em primeiro lugar, que os setores mais dinâmicos docomércio mundial variam não apenas no tempo mas também entre blocos depaíses, sugerindo uma estratégia de investir na conquista de mercados específicos,nos quais os setores em que o Brasil possua vantagens comparativas e tenhamelevada participação na pauta apresentem maior dinamismo.

Não obstante, ao longo das últimas décadas, os maiores ganhos de mercadoregistrados pelo Brasil concentraram-se em setores efetivamente de baixodinamismo. Esse fenômeno pode ser explicado, em grande parte, pelo fato de osmaiores ganhos de mercado terem, realmente, se dado nos setores em que o Brasilpossui VCR e que se encontram, de uma maneira geral, entre os de mais baixo

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dinamismo do comércio mundial. Apontou-se como exceção a essa regra odesempenho das exportações brasileiras no mercado latino-americano nos anos90, sugerindo a existência de um padrão de intercâmbio diferenciado nastransações do país com a região, quando comparado com o das transações com oresto do mundo.

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