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A INSERÇÃO DAS MÍDIAS AUDIOVISUAIS NO CONTEXTO ESCOLAR Dostoievski Mariatt de Oliveira Champangnatte* Lina Cardoso Nunes** RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar como as mídias audiovisuais estão sendo uti- lizadas em salas de aula pelos professores de escolas públicas. Os participantes foram professores de três escolas municipais do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados por meio de questionários, observações e entrevistas semiestruturadas, e submetidos à análi- se de conteúdo, modalidade temática. Os temas surgidos foram analisados a partir da literatura sobre mediações, mídia-educação e mídias. Os resultados apontam que a maio- ria dos professores considera importante o uso de mídias em sala de aula, mas que as usam apenas como recurso ilustrativo ou apoio em suas atividades. Palavras-chave: Mídia-Educação. Mediações. Mídias. THE ENTRANCE OF AUDIOVISUAL MEDIAS IN THE SCHOOL CONTEXT ABSTRACT: The objective of this research is to appraise how audiovisual media is being used in classrooms by public schools teachers. Subjects are teachers of three municipal schools in Rio de Janeiro. Data were collected through questionnaires, observations and semi-structured interviews, and were analysed through content analysis, thematic mode. Based upon literature concerning to mediations, media and education, and media, the- mes which came out during our research were analysed. Results indicates that most tea- chers consider as important the act to use media during classes, but they use it only as support to their activities or as an illustration of classes' subject. Keywords: Media-Education. Mediations. Media. 15 Educação em Revista | Belo Horizonte | v.27 | n.03 | p.15-38 | dez. 2011 * Mestre em Educação pela Universidade Estácio de Sá (UNESA-RJ) e Professor do curso de Comunicação Social da Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO). E-mail: [email protected] ** Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ) e Professora Titular da Universidade Estácio de Sá (UNESA-RJ). E-mail: [email protected]

A INSERÇÃO DAS MÍDIAS AUDIOVISUAIS NO CONTEXTO ESCOLAR

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Page 1: A INSERÇÃO DAS MÍDIAS AUDIOVISUAIS NO CONTEXTO ESCOLAR

A INSERÇÃO DAS MÍDIAS AUDIOVISUAIS NO CONTEXTO ESCOLAR

Dostoievski Mariatt de Oliveira Champangnatte*Lina Cardoso Nunes**

RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar como as mídias audiovisuais estão sendo uti-lizadas em salas de aula pelos professores de escolas públicas. Os participantes foramprofessores de três escolas municipais do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados pormeio de questionários, observações e entrevistas semiestruturadas, e submetidos à análi-se de conteúdo, modalidade temática. Os temas surgidos foram analisados a partir daliteratura sobre mediações, mídia-educação e mídias. Os resultados apontam que a maio-ria dos professores considera importante o uso de mídias em sala de aula, mas que asusam apenas como recurso ilustrativo ou apoio em suas atividades.Palavras-chave: Mídia-Educação. Mediações. Mídias.

THE ENTRANCE OF AUDIOVISUAL MEDIAS IN THE SCHOOL CONTEXTABSTRACT: The objective of this research is to appraise how audiovisual media is beingused in classrooms by public schools teachers. Subjects are teachers of three municipalschools in Rio de Janeiro. Data were collected through questionnaires, observations andsemi-structured interviews, and were analysed through content analysis, thematic mode.Based upon literature concerning to mediations, media and education, and media, the-mes which came out during our research were analysed. Results indicates that most tea-chers consider as important the act to use media during classes, but they use it only assupport to their activities or as an illustration of classes' subject.Keywords: Media-Education. Mediations. Media.

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Educação em Revista | Belo Horizonte | v.27 | n.03 | p.15-38 | dez. 2011

* Mestre em Educação pela Universidade Estácio de Sá (UNESA-RJ) e Professor do curso de Comunicação Social daUniversidade do Grande Rio (UNIGRANRIO). E-mail: [email protected]** Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ) e Professora Titular da Universidade Estácio deSá (UNESA-RJ). E-mail: [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

A presença das mídias audiovisuais1 em sala de aula tem sidoassunto de pesquisas e debates de diversos autores (MORAN, 2007;VALENTE, 2002; FANTIN, 2006; BELLONI, 2005). O interesse poresse tema aparece desde antes da implantação das políticas públicas paramodernização das escolas, em estudos relacionados às mediações2, àmídia, à educação e à comunicação. Enfoca-se também a discussão depolíticas públicas até estudos mais recentes que analisam a forma comoessas políticas estão sendo aplicadas nas escolas e que tipos de resultadosgeraram.

Os estudos sobre as relações entre mídia e sociedade tiveramrepresentatividade significativa na América Latina com as teorias latino-americanas de comunicação e cultura, principalmente com a teoria latino-americana das mediações de Martín-Barbero e com estudos do enfoqueintegral da audiência de Guillermo Orozco. Essas teorias partem de umponto principal em que as mídias devem ser analisadas a partir de seuscontextos sociais e históricos; e que cultura e sociedade devem ser pensa-das como uma teia. A partir disso, analisar uma mídia audiovisual emdeterminado contexto, em sala de aula, em família ou em comunidade,implica perceber as mediações que ocorrem entre essa mídia e as pessoasque a cercam (MARTÍN-BARBERO, 2003; OROZCO, 1991).

Atentar para a realidade que cerca a escola é um dos primeirospassos para ficar em sintonia com a realidade e com os próprios alunos,que sofrem a todo momento interferências do mundo fora da escola.Trazer para a escola o que está em seu entorno pode ser uma das manei-ras de aproximar essas duas realidades díspares, a de fora da escola e a daprópria escola. Um exemplo disso é a incorporação das mídias no contex-to escolar, o que tem sido observado tanto no uso da própria mídia emsala de aula como recurso pedagógico quanto por meio de discussõessobre as mídias e suas influências na sociedade. A mídia-educação estudaessas e outras relações referentes às mídias e à escola.

A mídia-educação possui diversas facetas, como aponta Fantin(2006), e a partir delas cria-se o que se pode chamar de uma educação comas mídias e de uma educação para as mídias. Equiparando-se com as face-tas apresentadas por Belloni (2005), em que uma educação com as mídiasrefere-se ao uso da mídia como suporte para a didática em sala de aula,

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uma educação para as mídias seria a busca de se trabalhar na educaçãouma abordagem de leitura crítica e reflexiva das mídias, não só da mídiapresente na escola, mas na sociedade como um todo.

Com relação a uma educação com as mídias, que se refere aosseus usos didáticos em salas de aula, tem-se observado nos espaços edu-cacionais, em nossa vivência, em alguns casos, uma preocupação com aapropriação crítica das tecnologias pelos professores e alunos. Moran(2007) aponta que é interessante que o professor, a partir do trabalho commídias, encontre meios de provocação para os alunos. Ao utilizar as tec-nologias, seja para iniciar seja sintetizar um trabalho, o professor deveestar atento para incitar discussões em sala de aula, estimulando o interes-se pelo tema abordado e gerando também a vontade de pesquisa nos alu-nos. É importante que o professor assuma a função de mediador, e nãoapenas de transmissor de um conhecimento.

Napolitano (2003), em trabalho sobre o uso de cinema em salade aula, também aponta para a utilização crítica das mídias audiovisuais.O autor coloca que o cinema pode ser usado de diversas formas pelosprofessores, como fonte ou texto-gerador. A partir desses usos é interes-sante que o professor promova discussões e questionamentos sobre osconteúdos trazidos pelos filmes, comparando aos conteúdos de sala deaula, assim como com as realidades de seus alunos.

Trazer a mídia para dentro da escola, tanto para discussãoquanto para seu uso pedagógico, é uma maneira de aproximar os alunosde suas realidades, o que permite maior facilidade na ocorrência dasmediações escolares, tanto mediações alunos-professores quanto alunos-tecnologias-professores. (BELLONI, 2005; FANTIN, 2006). Mediaçõesessas que, portanto, podem facilitar cada vez mais o ingresso e um tra-balho crítico das tecnologias da informação e comunicação nos proces-sos educacionais.

Os meios de comunicação promovem a descentralização na cir-culação dos saberes e a socialização a partir disso, colocando num mesmoespaço diversas culturas, padrões e visões de mundo (MARTÍN-BARBERO,2003). Assim a escola tem de estar atenta a essas transformações para par-ticipar desse processo,

(...) interagir com as mudanças no campo/mercado profissional, ou seja, comas novas figuras e modalidades que o ambiente informacional possibilita, comos discursos e relatos que os meios de comunicação de massa mobilizam e

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com as novas formas de participação cidadã que eles abrem, especialmente navida local (MARTÍN-BARBERO, 2003, p. 67).

Atentar para a realidade que a cerca é um dos primeiros passospara a escola ficar em sintonia com a realidade e com os próprios alunos,que sofrem a todo momento interferências do mundo fora da escola.Trazer para a escola o que está em seu entorno pode ser uma das manei-ras de aproximar essas duas realidades díspares, a de fora da escola e a daprópria escola. Um exemplo disso é por meio da incorporação das mídiasno contexto escolar, tanto no uso da própria mídia em sala de aula comorecurso pedagógico quanto por meio de discussões sobre as mídias e suasinfluências na sociedade, tendo em vista que a mídia-educação estudaessas e outras relações referentes às mídias e a escola.

A teoria das mediações influenciou diversos estudos sobremídia-educação, principalmente na maneira de se perceber as relações dia-léticas entre o meio e a sociedade que o cerca, no caso, o contexto esco-lar. Ainda remetendo a Martín-Barbero (2003, p. 67), “a escola deve inte-ragir com os campos de experiência onde se processam hoje as mudan-ças”. Isso inclui desde as relações da ciência com a arte, das literaturasescritas e audiovisuais, até mesmo em questões de pesquisa e experimen-tações estéticas. Assim, é importante que a escola esteja atenta às media-ções ocorridas entre a família e o mundo que a cerca, pois o aluno fazparte do contexto familiar. De acordo com Martín-Barbero e Rey (apudOROFINO, 2005), a família é um ambiente de grandes tensões e, aomesmo tempo, é onde o indivíduo encontra ambiente de expressão e/oude repressão. É a unidade básica no meio do qual formam suas primeirasimpressões. Assim como a escola, a família também está sujeita às media-ções das mídias, reforçando a concepção de uma análise da realidadecomo uma teia. Dessa forma, perceber as mídias inseridas no contextoescolar é perceber qual realidade cerca essa própria mídia dentro da esco-la, de que maneira é administrada e de que forma a presença dela altera ocotidiano escolar.

Como já dito, a mídia-educação ocupa-se das análises das rela-ções entre a mídia e a escola e, em seus estudos, aborda aspectos sobreeducação e comunicação. As discussões em torno da mídia-educaçãoenvolvem também a própria definição desse termo e seus campos de estu-do. Belloni (2005) faz um estudo sobre os aspectos conceituais e históri-

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cos da mídia-educação e aponta duas facetas que ela possui: a de ser umaferramenta pedagógica e também a de ser um objeto de estudo complexoe multifacetado, que permeia a realidade, ou seja, a primeira faceta refere-seà mídia utilizada dentro da sala de aula (como recurso pedagógico) e asegunda, à mídia fora da sala de aula (TV, rádio, cinema, internet). Porém,em ambos os casos, apesar de terem duas facetas diferentes, se interligamem diversas análises, podendo formar também um objeto único de estudo.

A presença das mídias nas escolas públicas brasileiras é influen-ciada por diversas políticas governamentais. O governo federal criou, nadécada de 1990, três iniciativas principais: a TV Escola, o DVD Escola eo ProInfo. O projeto TV Escola consistiu na criação de um canal de tele-visão em que seriam exibidos programas educativos. Foram comprados eenviados para as escolas aparelhos e fitas de videocassete, televisões eantenas parabólicas. Algumas escolas não receberam o kit da TV Escolae, mais recentemente, integraram o projeto DVD Escola. Este projetoconsiste no envio de aparelhos de DVD e de uma caixa contendo DVDscom os principais programas da TV Escola, abrangendo diversos conteú-dos e disciplinas (BRASIL, 2009).

Em 1997, foi criado o ProInfo, que consistiu na construção delaboratórios de informática em diversas escolas públicas do país. As esco-las deveriam ser equipadas com computadores com acesso à internet.Paralelo à criação do ProInfo foi criado o NTE (Núcleo de TecnologiaEducacional), em que são reunidos educadores e especialistas em infor-mática para dar suporte funcional e educativo às escolas.

Com relação às iniciativas municipais, a Secretaria Municipal deEducação do Rio de Janeiro realiza o projeto Sala de Leitura, o ProgramaInformática Educativa e a Multirio. O projeto Sala de Leitura prevê que,nas escolas municipais, haja uma sala onde existam livros, vídeos educati-vos, filmes, televisão, aparelho de DVD e vídeo, jornais e revistas. OPrograma Informática Educativa prevê a instalação de laboratórios deinformática com acesso à internet nas escolas onde ainda não houve obenefício do ProInfo. Há também a Multirio, que é uma empresa vincu-lada à SME-RJ e que exibe, produz e distribui conteúdos educativos paraas escolas da rede municipal (SME-RJ, 2009; MULTIRIO, 2009).

Diante desse quadro de modernização das escolas públicas bra-sileiras e a partir de estudos referentes à mídia-educação e mediações éque se propõe este artigo, voltado para a análise de como as mídias audio-

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visuais implantadas em escolas municipais do Rio de Janeiro estão sendousadas em termos didático-pedagógicos, tendo em vista a perspectiva dasmediações.

Esta pesquisa teve por objetivo geral investigar como as mídiasaudiovisuais implantadas pelo governo em escolas públicas estão sendoutilizadas em sala de aula. Nesta pesquisa, as mídias audiovisuais focaliza-das foram o computador/internet e os vídeos/DVDs utilizados em salade aula.

De acordo com os aspectos apresentados, os procedimentosmetodológicos que orientaram a presente pesquisa foram os da aborda-gem qualitativa (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 2000;BOGDAN; BIKLEN, 1994). A pesquisa baseou-se no acompanhamentodireto e prolongado, por parte do pesquisador, da realidade pesquisada,obtendo descrições detalhadas dos fatos, dos sujeitos e suas atitudes,assim como de trechos de documentos, relatórios e materiais escritos per-tencentes ao campo estudado.

Os sujeitos da presente pesquisa foram professores de três esco-las da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, pertencentes à 2ªCoordenadoria Regional de Educação (CRE), denominadas neste estudocomo Escolas A, B e C. A escolha dessas escolas se deu por questões defacilidades de acesso ao campo de pesquisa. A primeira etapa da pesquisaconsistiu numa fase exploratória, de visitas às escolas para a apresentaçãoda pesquisa aos coordenadores, diretores e professores, e também para oconhecimento preliminar do espaço escolar. Ao final desse período, foifeita a caracterização dos participantes da pesquisa por meio da aplicaçãode um questionário a 20 professores. Após a aplicação do questionário ea consulta aos participantes sobre a possibilidade de suas aulas seremobservadas, foram definidos dez professores para o início das observa-ções. Durante esse período, foi elaborado um diário de campo e, ao finaldo período de observação, foram realizadas entrevistas semiestruturadascom os professores observados.

Para este artigo foram destacados os resultados das entrevistassemiestruturadas, sendo que a análise dos dados relativa às falas dos par-ticipantes privilegiou a análise de conteúdo, na modalidade temática(BARDIN, 2003). A partir dessa técnica, realizou-se leitura exaustiva dasentrevistas e foi feita a contagem de vários itens de significados, chegan-do-se a uma unidade de significação de determinado bloco analisado. As

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fases da análise de conteúdo organizaram-se segundo três aspectos: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados. No item3 são apresentados os resultados relativos à análise.

2. O CAMPO DE PESQUISA

2.1. Breve descrição do campo

A caracterização das escolas foi feita a partir de observações e deinformações pesquisadas junto aos funcionários e visou a apresentar arealidade estrutural das mesmas, principalmente no que se relaciona à pre-sença das mídias nessas escolas.

As três escolas possuem laboratório de informática com dezcomputadores, sendo que nem todos funcionavam satisfatoriamentedurante a realização da pesquisa. As escolas B e C possuíam as salas de lei-tura em funcionamento, ao contrário da escola A, em que a sala de leitu-ra estava em reforma. Todas as escolas possuíam sala de vídeo. As esco-las B e C possuíam sistema de tabela de agendamento de uso da sala devídeo e da informática, enquanto que na escola C o agendamento era feitoapenas de forma oral com a coordenação.

2.2. Características dos professores

As características dos professores foram traçadas a partir da apli-cação de um questionário fechado, que se compunha de uma parte sobretempo de trabalho, carga horária e formação profissional e outra parteque esclarecia questões sobre a utilização das mídias. Foram escolhidosaleatoriamente 20 professores de cada escola, que responderam às per-guntas sem a interferência do pesquisador.

3. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

A partir da análise dos dados coletados relacionados às falas dosparticipantes foi elaborado um quadro de temas e subtemas emergentesdas entrevistas semiestruturadas aos dez professores que se dispuseram a

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participar do estudo e dos diários de campo. Os principais temas e subte-mas surgidos serão apresentados a seguir, juntamente com depoimentosdos professores e referências aos autores escolhidos para fundamentar ainvestigação.

Os professores foram questionados sobre a importância queveem no uso de mídias em sala de aula e apresentaram diversos pontos devista referentes às mídias no contexto escolar. Esses pontos foram agru-pados em dois blocos, que se referem à mídia como aproximação da rea-lidade do aluno e à mídia como uma nova linguagem e suas implicaçõesno processo ensino-aprendizagem.

3.1.1 A mídia como aproximação da realidade do alunoDiante do questionamento sobre a importância do uso de mídias

em sala de aula alguns professores levantaram a questão de que as mídiasna escola aproximam os alunos da realidade. A seguir, algumas falas deprofessores sobre esse ponto

P.B.9 – a mídia, ela é importante primeiro porque está dentro da realidade deles, no dia adia eles já usam televisão, internet, DVD, vídeo. Então é aproximar a escola, aproximaro ensino da realidade deles. E dar a possibilidade de novidades, de coisas mais interessantes.

P.C.5 – Inicialmente eu acho que os alunos vivem de forma multimídia, estão cercados demídia e a escola tem que acompanhar... por isso que a escola precisa usar as mídias, se não

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TEMAS

3.1 A IMPORTÂNCIA DO USO DEMÍDIAS EM SALA DE AULA

3.2 UTILIZAÇÃO DE VÍDEOSE INTERNET EM SALA DE AULA

3.3 DIFICULDADES DO USODE VÍDEO E INTERNET NAS ESCOLAS

3.4 MÍDIAS E POSSIBILIDADESDE MEDIAÇÕES

SUBTEMAS

3.1.1 A mídia como aproximação da realidade do aluno3.1.2 A mídia como uma nova linguagem e o processo

ensino-aprendizagem3.2.1 Utilização de vídeos em sala de aula3.2.2 Utilização da internet em sala de aula

3.2.3 A sala de Leitura3.3.1 Infraestrutura das escolas e seus usos3.3.2 Características e comportamentos dos

professores perante as mídias3.3.3 O professor de laboratório de informática

3.4.1 Mediações e o trabalho aprofundado com mídias3.4.2 Mediações e o trabalho com mídias

como ilustrativo

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ela estará deslocada da vida do aluno... hoje em dia, professor que vive só de giz, quadro elivro não consegue acompanhar o ritmo do aluno!

P.A.10 – Eu acho que é importante pelo pé que a gente tem com a realidade. A gentepode aproveitar as mídias e as coisas que eles vivem para trabalhar questões ligadas àsrealidades deles! Esses meninos vivem em lan houses o tempo todo! Se não tão na lanhouse, estão vendo televisão, vendo DVD, que está tão barato nas ruas!... Eu procurofazer essa ponte, trabalhar com as mídias para aproximar o trabalho aqui na escola como que eles vivem lá fora.

Os professores apontam que os alunos fora da escola vivem cer-cados das mídias e as utilizam e que, por isso, a escola deve também utili-zá-las, tanto para aproximar-se da realidade de seus alunos quanto paranão ficar para trás no que diz respeito aos avanços tecnológicos. ApontaMartín-Barbero (2004) que a escola precisa se ambientar com a realidadee com os avanços dos meios de comunicação, e deve procurar se relacio-nar com a realidade que a cerca, que é permeada por tecnologias que serenovam contínua e rapidamente. Caso isso não ocorra, a escola podeficar para trás em termos tecnológicos, e isso se refletirá também nas suasrelações com seus alunos, que já estarão acostumados a novos modos derelacionamentos, advindos das tecnologias, e que poderão achar obsoletasas formas como a escola conduz suas relações com os alunos.

3.1.2. A mídia como uma nova linguagem e o processo ensino-aprendizagemUm segundo ponto que os professores abordaram com relação

à importância do uso de mídias está relacionado ao fato de eles percebe-rem a mídia como uma nova linguagem em sala de aula, e que isso é muitoimportante e pode, positivamente, ser aproveitado pelos professores, oque possibilita mudanças no processo ensino-aprendizagem. Entre algunsdepoimentos estão

P.B.4 – As mídias são novas linguagens, a gente vive num mundo de novas linguagens equanto mais linguagens você trabalhar para que alguém encontre um caminho para enten-der uma coisa é fundamental... Eu procuro trabalhar o mesmo assunto das mais diferentesmaneiras para que cada aluno encontre a sua maneira de aprendizagem. E o vídeo e ainternet são mais outras linguagens para os alunos aprenderem. Se não entendeu com o gize o livro, talvez possa entender de outra maneira!

P.A.5 – Olha, eu acho que traz muitos benefícios para os alunos em termos de conteúdo,em termos de outra linguagem que possibilita melhor aprendizado. Às vezes um aluno não

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consegue entender o conteúdo com a explicação do professor e daí com o vídeo ou em um jogona internet ele aprende mais fácil.

Partindo para uma análise desses depoimentos, remete-se aOrozco (2002), que aponta que as novas tecnologias devem servir à edu-cação como uma nova linguagem e para o aproveitamento de diversas lin-guagens e formatos. Como as mídias são formatos diferentes de um livroou de um quadro-negro com giz, ou seja, da linguagem escrita e oumesmo falada, como a fala do professor, elas também devem ser encara-das como uma nova linguagem em sala de aula, ou seja, devem ser anali-sadas não só pelos parâmetros da linguagem escrita. Um texto de vídeo(cinematográfico) possui uma linguagem diferente de um texto escrito emesmo até de seu roteiro escrito. Há diversas informações que precisamser observadas, como o cenário, a iluminação, o figurino, a interpretaçãodos atores, a direção, fatores que, juntos, formam a linguagem do vídeo eque assim permitem seu entendimento. Uma análise que contemple ape-nas as falas ou a narrativa de um vídeo ficará muito aquém das possibili-dades oferecidas pela própria linguagem peculiar do vídeo.

3.2. UTILIZAÇÃO DE VÍDEOS E INTERNET EM SALA DE AULA

Quanto à utilização dessas mídias, surgiram dois subtemas queestão apresentados a seguir.

3.2.1. Utilização de vídeos em sala de aula

P.B.3 – Eu geralmente uso o vídeo na introdução de um novo conteúdo, de um novo assun-to. Daí, no decorrer do processo, posso também usar novamente o vídeo para melhorar anoção, exemplificar melhor a teoria, ilustrar.

P.A.3 – Eu, quando passo vídeo para meus alunos, sempre passo vendo o vídeo e parando.Vamos vendo o vídeo e vamos discutindo, eu vou explicando pra eles o que está acontecen-do e eles também vão me perguntando. Se eu passo o vídeo de uma vez, eles não vão pres-tar atenção, não vão entender. E, quando acabar o vídeo, vão ter esquecido o começo da his-tória! Vendo e parando dá pra ter mais controle de que o vídeo realmente está sendo útil..Porque depois, nas outras aulas, eu acabo me referindo ao vídeo.

P.B.7 – Eu fiz lançamento de noção com o filme, eu apresentei mais conteúdos com os tex-tos, as gravuras e a pesquisa na internet após o filme, eu dei a eles base pra eles poderem

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criar suas historinhas. E como todas tinham que ter a ver com a família real... o que elesfizeram? Prestaram atenção ao conteúdo dado, aprenderam a matéria pra contar a histó-ria! Isso foi muito bom!

O primeiro depoimento refere-se ao uso do vídeo em sala deaula como ilustrativo, o que remete ao trabalho de Pretto (1996), Moran(2000) e Napolitano (2003). Todos esses autores classificam o tipo de usoilustrativo como uma espécie de subaproveitamento das potencialidadesdo uso do vídeo em sala de aula. A partir da análise das observações etambém de outros depoimentos, nota-se que o uso do vídeo como ilus-trativo predominou entre a maioria dos professores das escolas observa-das. O segundo depoimento se assemelha ao uso do vídeo como sensibi-lização, uma das sugestões de uso de vídeo em sala de aula apontadas porMoran (2000). A sensibilização consiste em usar o vídeo para iniciar deter-minado conteúdo, apresentando-o com a finalidade de gerar ainda maisinteresse. O terceiro depoimento refere-se ao vídeo ser exibido e, duran-te a sua exibição, professores e alunos discutirem sobre ele. Napolitano(2003) classifica esse tipo de análise como uma análise em conjunto de umvídeo como fonte ocorrendo, portanto um trabalho mais aprofundadocom o vídeo.

3.2.2. Utilização da internet em sala de aulaEsse subtema explicita a forma como os professores utilizam a

internet na prática pedagógica, conforme se evidencia nas falas a seguir:

P.A.1 – Eu vejo que a internet interessa muito a eles, eles ficaram interessados no conteú-do, perguntaram, trocaram informações com os colegas, assimilaram o conteúdo.. Acho queisso é muito importante, porque fica até mais fácil pra a gente trabalhar um conteúdo, por-que a vontade está partindo deles também. E isso se reflete aqui na sala de aula, depois dovídeo, da internet, de saberem do que se trata o assunto, eles assimilam muito melhor o queleem no livro.

P.B.7 – A Internet deixa os alunos muito à vontade. E aí eu aproveito isso para traba-lhar os conteúdos. Eles se interessam muito porque estão vendo ali diversas informações, nãosou só eu que estou falando. E aprendem bem mais. E o interessante também é que não secontentam só com uma informação de um site, vão em outro, em outro. O interesse deles éfascinante quando os levo pra internet.

P.A.6 – O material que os alunos trazem da internet serve como um complemento do queeu trabalho em sala de aula... Eles pesquisam, copiam, colam no caderno, daí fica como um

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complemento para eles mesmos... O conteúdo em si eu trabalho é em sala de aula, a partirdo livro.

Os dois primeiros depoimentos referem-se ao interesse dos alu-nos com relação à internet. Sobre esse ponto, Romero (2006) e Valente(2002) colocam que a informática e, em especial, a internet podem des-pertar o aluno para determinado conteúdo de forma mais concisa.Devido à sua questão multimídia, a internet disponibiliza imagens, textosilustrados, vídeos que podem facilitar a assimilação do aluno.

Já o terceiro depoimento mostra as maneiras de realização depesquisa pelos alunos na internet, caracterizada somente por uma visãoilustrativa do processo. Primo (2006) coloca que a internet, quando usadapara pesquisas sem um diálogo ou discussão, a partir do que está sendopesquisado, se parece bastante com as posturas assumidas diante das pes-quisas com enciclopédias. Quando os alunos copiam textos da internet,ou mesmo imprimem e colam no caderno, sem os professores discuti-losou questioná-los, é uma postura semelhante à que era realizada anterior-mente. Essa é uma postura de subaproveitamento dos recursos da inter-net, além de uma perpetuação da cultura de transmissão de conhecimen-to em vez da construção conjunta. O problema não está na consulta detextos na internet, mas na não utilização desses textos apreendidos paragerar discussões, debates e questionamentos (PRIMO, 2006; MORAN,2000).

3.3. DIFICULDADES DO USO DE VÍDEO E INTERNET NAS ESCOLAS

Esse tema mostra as dificuldades sentidas pelos entrevistadostanto em relação à infraestrutura quanto às características dos professorese à necessidade de um professor no laboratório de informática.

3.3.1. Infraestrutura das escolas e seus usos

A seguir, apresentam-se alguns trechos de depoimentos transcritos:

P.A.4 – Com relação ao vídeo, aqui na escola tem problema com sala. Por exemplo, essesdias eu estava tendo reunião de Bolsa Família na sala de vídeo no horário de aula; comtantas salas pra usar foram usar logo a de vídeo e não iam passar vídeo. Falta um pouco

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de organização nesse sentido. Tipo também na sala de informática, que funciona xérox látambém... Você está com os alunos na internet, aí entra alguém pra tirar xérox, isso des-concentra o teu trabalho.

P.C.7 – Eu acho que eu poderia até usar mais as mídias do que eu uso. E não faço issoporque é muito trabalhoso trabalhar mídia em escola pública. Toda hora você tem um pro-blema com equipamento, os equipamentos são precários! E aí você perde o controle da salaquando um equipamento estraga e você tem que parar pra arrumar, se é que você sabe arru-mar ou mesmo tem que saber arrumar aquele equipamento.

Os depoimentos mostram algumas das dificuldades encontradaspelos professores quanto à utilização das mídias nas escolas em termos deinfraestrutura. Napolitano (2003) coloca a questão dos equipamentosquebrados ou em mau estado como um empecilho à fluidez do trabalhodo professor com o vídeo na escola, pois isso pode acabar sendo fator dedesinteresse do professor em buscar a mídia, pois ele sabe que terá pro-blemas com o equipamento. Também pode ser um fator que contribuipara a dispersão dos alunos, o que pode comprometer o trabalho que oprofessor pretende desenvolver.

3.3.2. Características e comportamentos dos professores diante das mídiasAssim se pronunciaram os professores sobre esse subtema:

P.B.5 – Olha, uma das dificuldades que eu sinto, e que eu também vejo nos outros profes-sores para trabalhar mídias aqui na escola, é que a maioria dos professores não tem tempopara preparar atividades com mídias! Todo mundo dá aula em outras escolas, seja em par-ticular ou mesmo da prefeitura, com uma segunda matrícula... E também não acabamtendo tempo de fazer esses cursos de aperfeiçoamento que a Secretaria oferece! Eu mesmotinha muita vontade de fazer, de aprender a mexer mais com computador! Mas não tenhotempo, dou aula em quatro escolas!

P.C.9 – Professor que não sabe mexer com internet não mexe não! Mas também não sedeve culpar esse professor por não usar a internet! Se ele não teve formação, como exigir deleque ele saiba? Seria interessante que os professores fizessem cursos, mas acabam não tendotempo! Ou que tivessem aprendido em suas formações como utilizar essas mídias, né!

Esses dois depoimentos levantam alguns dados quanto às carac-terísticas dos professores. O primeiro dado refere-se à carga horária sema-nal. A partir dos dados da caracterização do campo, nota-se que a maio-ria dos professores possui carga horária alta. Kenski (2003) afirma quedevem ser consideradas, nos projetos pedagógicos, questões que per-

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meiam essa realidade de grandes cargas horárias dos professores, em ter-mos pedagógicos e político-econômicos, pois isso interfere no desempe-nho em sala de aula. O outro dado refere-se à formação do professor parao trabalho com mídias. Hargreaves (2004) afirma que é importante que oscursos de formação de professores busquem, dentro de suas grades,abranger disciplinas que envolvam as tecnologias. Assim, os professoresteriam uma base dentro da própria graduação sobre o trabalho com astecnologias, precisando futuramente apenas se aperfeiçoar e atualizar.

3.3.3. Professor responsável pelo laboratório de informáticaNem o ProInfo nem o Programa Informática Educativa da

SME-RJ preveem em seus projetos e programas um professor ou um fun-cionário que seja responsável somente pelo laboratório de informática,como há o professor regente de sala de leitura (MEC, PROINFO, SME,2009). Apesar disso, alguns professores citaram, nos depoimentos, comodificuldades ao uso da internet em sala de aula a falta de um professor res-ponsável pelo laboratório de informática.

P.B.10 – É impossível manter disciplina com uma sala onde tem três alunos por computa-dor. Se tivesse alguém responsável pela informática facilitaria mais. Não só nisso, mas prasugerir atividades também... Eu não me deixava abalar muito por isso não, mas vai can-sando sabe... Cada dia estou indo menos para informática por causa disso...

3.4. MÍDIAS E POSSIBILIDADES DE MEDIAÇÕES

3.4.1. Mediações e o trabalho com mídiasAlguns professores apresentaram um trabalho mais aprofunda-

do com as mídias, aproveitando diversas potencialidades, promovendodiscussões e questionamentos a partir dos conteúdos apresentados. Foiobservado que, a partir desse tipo de trabalho, as possibilidades de media-ções foram muitas.

P.A.1 – As mídias ajudam na mediação professor-aluno. Mas não adianta trabalhar asmídias com um fim em si mesmas. A ferramenta deve ser usada como meio, aí sim ela devefazer a mediação, aí sim podemos tirar coisas proveitosas daí.

P.C.8 – Eu escuto muito os alunos, eu sou mais uma mediadora, como eu acho que estetipo de trabalho tem que ser mesmo... As mídias trazem para os alunos uma possibilida-

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de que permeia o seu cotidiano e isso facilita o meu trabalho, como ele está mais interessa-do, o meu trabalho é facilitado...

De acordo com os depoimentos, nota-se a relação entre asmediações ocorridas em sala de aula e o modo do trabalho dos professo-res com as mídias, de maneira articulada. Agregando-se os relatos dos diá-rios de campo das observações desses dois professores, as diversas cate-gorias de mediações apontadas por Orozco (1991) puderam ser notadas.

3.4.2. Mediações e o trabalho com mídias como ilustrativoNo decorrer da análise dos depoimentos e das observações

sobre as mediações, foi possível constatar que muitos professores atribuí-ram papel importante à questão das mediações a partir das mídias, masque, durante seus trabalhos, conduziram atividades de certa maneira quevão de encontro ao que afirmaram. Os professores utilizaram as mídiascomo recurso ilustrativo aos conteúdos que trabalhavam, servindo apenascomo complemento às atividades, sem gerar discussões e questionamen-tos, prejudicando as possibilidades de mediações com o uso das mídias.Para iniciar essa análise, seguem alguns trechos de depoimentos

P.A.4 – Eu acho que as mediações são muitas. As mídias trazem novos assuntos, expan-dem os conhecimentos do professor também e, claro, melhoram o ritmo da aula, provocamdiscussões, questionamentos, aumentam as participações dos alunos. Até melhoram a disci-plina, sabia...

P.B.10 – Eu acho que as mídias mediam muito professor e aluno. Elas trazem novas rea-lidades, novos assuntos e acham que mediam mais que os livros, porque é mais dinâmico.Eu noto isso e os alunos também. Eles também se sentem motivados e até eles trazem novassituações para as aulas, como novos sites para trabalharmos jogos, até mesmo educativos.

Durante as observações notou-se que o professor P.A.4 traba-lhou um vídeo-documentário sobre lixo (DVD Escola) e depois levou osalunos para a internet para pesquisar sobre reciclagem de lixo. Durante eapós o trabalho com as mídias, o professor não provocou muitas discus-sões e sempre tratou o conteúdo proveniente das mídias como ilustrativodo conteúdo que estavam vendo no livro didático. Os alunos assistirampassivos ao vídeo e também foram pesquisadores passivos na internet.Durante e após o uso das mídias, foi observado que não surgiram muitasdiscussões e diálogos dos alunos com o professor sobre os conteúdos vis-

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tos, ou seja, as possibilidades de mediações com o uso das mídias foramprejudicadas. É curioso notar que o depoimento do professor P.A.4 vai deencontro ao que ele aponta sobre mediações.

O professor P.B.10 também realizou seu trabalho com as mídiasutilizando-as de forma ilustrativa, sem questionar a própria mídia com osalunos e sem provocar discussões a respeito dela. O professor passou umvídeo sobre sistema circulatório humano (documentário do DVD Escola)e, depois do vídeo, voltou-se para o livro didático com os alunos. Emalguns momentos, o professor remetia ao vídeo, mas para ilustrar o queestava falando, sem abrir muitos espaços para os alunos falarem do queviram. Dessa forma, as possibilidades de mediações com o uso das mídiastambém foram prejudicadas. Foi observado que o professor P.B.10, emseu depoimento, tem uma opinião que vai de encontro ao que foi obser-vado em seu trabalho.

Em relação a essa forma de uso apenas ilustrativo das mídias,pode-se afirmar, a partir de Martín-Barbero (2003), que as mediações nãoestariam ocorrendo de forma adequada, pois não sofrem influências detodos os participantes da teia, predominando a mediação institucionalprofessor-aluno, excluindo as mediações individuais e situacionais, ocor-rendo, nesse sentido, de maneira pobre, a mediação vídeo-tecnológica(OROZCO, 1991). Essa forma ilustrativa de tratar a mídia em sala de aulanão aproveita todas as potencialidades que as mídias podem ter no traba-lho pedagógico, portanto não se estão valorizando as possibilidades demediações que podem ocorrer em sua utilização.

Napolitano (2003) e Moran (2007) colocam que é importanteque o professor procure mediar relações de conteúdo/linguagem de umfilme com o conteúdo escolar, procurando também estimular os alunos aidentificar os assuntos dos filmes com suas realidades. Dessa forma, oprofessor pode ser realmente um mediador em sala de aula, deixando deser um transmissor de conteúdo, mesmo que esse conteúdo esteja sendopassado através de um vídeo. Se esse vídeo for visto apenas como ilustra-tivo e não suscitar discussões pelo professor, este continua a ser somenteum transmissor de conhecimento. Nesse sentido, além de não mediar asrelações aluno-vídeo/internet, também não contribui para a formação deum aluno-espectador crítico.

Diante disso, vale colocar que Fantin (2006) afirma que é impor-tante que o professor não seja passivo perante as mídias, para que então

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as possa trabalhar de forma ativa com seus alunos (despertando neles acrítica e a discussão sobre as mídias também). Ao fazer a mediação entreas mídias e os alunos e ao agir de forma crítica sobre a mediação dasmídias, o professor pode estar realmente aproveitando as potencialidadesque elas oferecem. Possibilidades que vão além de simples ilustração e quepodem mediar discussões, críticas e questionamentos ricos para o traba-lho da “mídia para educação” em sala de aula.

No decorrer da análise dos depoimentos e das observaçõessobre as mediações, foi possível verificar que a maioria dos professoresatribuiu papel importante à questão das mediações a partir das mídias,mas, durante seus trabalhos, conduziram atividades de maneira contráriaao que afirmaram. Os professores utilizaram as mídias como recurso ilus-trativo aos conteúdos que trabalhavam, servindo apenas como comple-mento às atividades, sem gerar discussões e questionamentos, prejudican-do as possibilidades de mediações com o uso das mídias.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As políticas governamentais de modernização das escolas públi-cas, tanto em proporções nacionais quanto municipais, levam às escolasdiversas mídias audiovisuais, seja com a construção de laboratórios deinformática com internet, com o envio de acervo educativo em vídeo(com equipamentos para reprodução) ou com a criação de canais de tele-visão voltados para a educação. As escolas, portanto, em sua maioria, jápossuem equipamentos para trabalhar com diversos formatos de mídia.Afirma Napolitano (2003) que a maioria das escolas tem, no mínimo, umaparelho de televisão e um videocassete.

Além de modernizar as escolas públicas, essas políticas, em seusprojetos, incluem também a formação e a capacitação dos professorespara o trabalho com as mídias por meio de cursos e formação em servi-ço oferecidos tanto pelas Secretarias de Educação quanto pelo Ministérioda Educação.

A partir dessa conjuntura, o presente artigo teve como objetivogeral analisar como os professores estão utilizando as mídias audiovisuaisem sala de aula. A partir desse objetivo geral foram traçadas duas ques-tões: (a) como os professores utilizam as mídias audiovisuais em sala de

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aula? Em que situação? Com que finalidade? e (b) de que maneira asmediações ocorrem a partir do uso de mídias em sala de aula.

O referencial teórico abordou questões relacionadas a dois pon-tos principais. O primeiro refere-se às relações entre mediações, mídias emídia-educação e o segundo ponto trata das mídias e seus usos em salasde aula.

A análise dos dados coletados foi feita através da análise temáti-ca de Bardin (2003). A partir dela emergiram diversos temas e subtemasabordados pelos professores em suas respostas. Esses temas e subtemasforam analisados à luz dos referenciais teóricos apresentados e tambémcruzados com os dados da caracterização do campo e dos professores. Apartir dessas análises foram constatados pontos interessantes que clarifi-cam o objetivo geral e as questões apresentadas neste trabalho, que tam-bém vão além deles.

Em relação à primeira questão verificou-se que os professoresutilizam as mídias de formas diversas, envolvendo diferentes situações efinalidades. Por meio dos dados do questionário, evidenciou-se que amaioria dos professores considera importante o uso da mídia em sala deaula. Entre os que consideram importante o uso das mídias, e que respon-deram à entrevista, a maioria atribui a importância da mídia tanto ao fatode ela aproximar o aluno da realidade quanto de servir como nova lingua-gem para o trabalho em sala de aula.

O uso da mídia em sala de aula que mais predominou foi a utili-zação como ilustração, tanto na utilização do vídeo quanto da internet.Nesse tipo de abordagem, a mídia é usada para exemplificar determinadospontos de um conteúdo trabalhado.

No caso específico do vídeo, nos dados apresentados foi obser-vado que vários professores utilizavam-se dele também apenas como ilus-tração, sem trazer novas discussões e posicionamentos para a sala de aula.Enquanto poucos professores, apesar de usarem o vídeo só como recur-so ilustrativo, aproveitaram-se do conteúdo trazido por ele para estimulardiscussões e críticas com seus alunos, vendo o conteúdo ilustrado novídeo como um estímulo a abordagens de diferentes pontos de um con-teúdo.

No caso específico da internet, usada conforme citado anterior-mente, alguns professores levavam os alunos para o laboratório de infor-mática para realizar pesquisas nos sites sem discutir os conteúdos que

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estavam pesquisando e, ainda, os colocavam para copiar os textos dossites. Em sala de aula, pouco se remetiam ao pesquisado. Porém, outrospoucos professores trabalharam a internet como ilustrativa, mas levaramos conteúdos pesquisados para as salas de aula e daí estabeleceram discus-sões interessantes com os alunos.

É válido citar que as mídias (Internet/vídeo) também foram usa-das como sensibilização, partindo-se do apresentado na mídia para a dis-cussão em sala de aula e permeando a temática da mídia por todo o pro-cesso de trabalho de um conteúdo. Também em alguns casos foi observa-da a utilização da mídia como texto-gerador e motivador de análise deconjunto de um conteúdo, com a presença da temática da mídia por todoo processo, e também analisando o processo de construção da própriamídia, além do uso como construção cooperativa, principalmente relativaà internet, por meio da qual o professor só dizia o tema e os alunos cons-truíram juntos conceitos, a partir de pesquisas na internet. Porém essesusos foram poucos se comparados com a forma de uso ilustrativo damídia.

Em relação às situações e finalidades em que os professores uti-lizaram-se das mídias, os dados também apresentaram informações hete-rogêneas. Alguns professores utilizavam as mídias no início de um con-teúdo, outros, durante a aplicação do mesmo e, outros, ao final de umconteúdo. É interessante notar que tanto os professores que trabalharama mídia somente de forma ilustrativa (sem utilizar todas as suas potencia-lidades) quanto que exploraram as diversas possibilidades das mídias uti-lizaram-nas nos mais diversos momentos. Ficou evidenciado, no decorrerdas observações, então, que não é a ordem que interfere no desempenhode um trabalho com uma mídia, mas sim o modo como esse trabalho éfeito e de que maneira o professor estimula seus alunos e estes são sensi-bilizados pela mídia utilizada em sala de aula.

Assim, de modo geral, foi observado que um número significa-tivo dos professores lida com a mídia a partir de uma perspectiva ilustra-tiva. Não a veem e nem a utilizam de forma mais articulada com os con-teúdos, mas, sim, como complemento do trabalho, fazendo de certaforma o subaproveitamento das potencialidades das mídias.

A segunda questão proposta refere-se às possibilidades demediações com os trabalhos com mídias em sala de aula. A análise dosdados obtidos teve como referencial os tipos de mediações escolares

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apontadas por Orozco (1991): mediação institucional, individual, situacio-nal e vídeo-tecnológica.

A partir dos dados obtidos pode ser observado que a maioriados professores considera que a presença das mídias em sala de aula pro-move mediações nas relações professor-aluno e aluno-conteúdo, e que,portanto, enriquece o diálogo em sala de aula. Porém, na análise dos diá-rios de campo, nota-se que o trabalho de muitos professores não corres-ponde à opinião que possuem sobre as mediações a partir das mídias. Tendo em vista a confluência de dados, concluiu-se que, no trabalho damaioria dos professores, prevalece apenas a mediação institucional (rela-ção professor-alunos) e um pouco da mediação vídeo-tecnológica(mídias-alunos), ou seja, em seus trabalhos com as mídias não houve abusca de diálogo com seus alunos (mediação individual, aluno com suaopinião) e nem o estímulo à mediação situacional (discussões entre os alu-nos em sala e fora dela). Foi observado que os professores que realizaramesse trabalho foram os mesmos que utilizaram a mídia como ilustrativa,não buscando discussões e questionamentos a partir delas. Já os professo-res que fizeram uso mais aprofundado da mídia apresentaram todos osquatro tipos de mediações escolares, pois promoveram discussões, ouvin-do a opinião dos alunos (mediação individual), e estimularam discussõesentre eles (mediação situacional), além das mediações de caráter institu-cional e vídeo-tecnológica, ao utilizarem-se da mídia como ponto de par-tida para guiar os conteúdos a serem trabalhados.

Portanto, conclui-se que as possibilidades de mediações a partir dasmídias são muitas, mas dependem de como o professor lida com elas em salade aula. Se tratá-las sem explorar suas diversas potencialidades e sem usá-lascomo objetos de discussão não estarão conduzindo as mediações em umateia, como aponta Martín-Barbero (2003), e, assim, não estarão aproveitan-do as diversas possibilidades de mediações com o do uso das mídias.

Outros pontos surgiram a partir dos dados coletados nas esco-las, que estão diretamente ligados às formas de uso da mídia em sala deaula, são referentes às dificuldades encontradas pelos professores na utili-zação dessas mídias. Essas dificuldades abrangem desde questões de infra-estrutura até questões de características e formação dos professoresperante as mídias.

Com relação à infraestrutura, pode-se concluir que todas asescolas estão equipadas, mas que a manutenção dos equipamentos não

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está sendo feita periodicamente. Também a quantidade de equipamentosé pequena para atender grande quantidade de alunos por sala, tanto nolaboratório de informática (somente dez computadores) quanto na sala devídeo (televisão pequena). Também os sistemas de agendamentos dosequipamentos, principalmente dos laboratórios de informática, não seefetiva com controle rigoroso. Esses pontos foram levantados pelos pro-fessores como desmotivadores do uso das mídias.

Referente ao laboratório de informática, os professores levanta-ram a necessidade de se ter um professor de laboratório de informática,similar ao professor regente de sala de leitura. Segundo os professores,esse profissional poderia auxiliar na realização de atividades na informática,na proposição de novos trabalhos e no controle do uso do laboratório.

No que diz respeito às características dos professores, especifi-camente à carga horária de trabalho, conclui-se que a maioria dos profes-sores possui carga horária semanal elevada e que esta também é uma jus-tificativa dos mesmos com relação a uma não periodicidade de trabalhoscom mídias, pois, segundo um número expressivo de participantes, não hátempo suficiente para preparar as atividades com as tecnologias. A cargahorária também é uma das justificativas pela maioria não ter feito ou nãose interessar em fazer os cursos de capacitação oferecidos para o trabalhocom mídias em sala de aula pela SME-RJ e NTE.

Diante das falas dos professores, observa-se que o uso dasmídias nas escolas investigadas ainda é precário em relação às diversaspossibilidades que as inovações tecnológicas oferecem para o trabalho emsala de aula. Chama-se de “ainda precário” porque as iniciativas de moder-nização das escolas e capacitação dos professores existem já há algumtempo, o que confirma a afirmação de Martín-Barbero (2003) de que astecnologias da informação presentes na escola deixam ainda mais visíveisas brechas entre a cultura a partir da qual os professores ensinam e aque-la em que os alunos aprendem.

Porém, conclui-se também que esse “ainda precário” é um pro-blema de múltiplas dimensões, que permeia o conteúdo das políticaspúblicas e suas formas de implantação e a própria estruturação do coti-diano escolar, ou seja, o problema não está só na política e nem só nosprofessores.

As considerações finais obtidas nesta pesquisa apontam paraalgumas possíveis saídas que podem ser pensadas para contribuir para o

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melhor aproveitamento das mídias pelas escolas, saídas apontadas nospróprios depoimentos dos professores, entre as quais a possibilidade decriação do professor de laboratório de informática, similar ao professorregente de sala de leitura, além da questão do excesso de carga horária queatrapalha os professores na preparação de atividades e nas capacitaçõespara o trabalho com mídia.

Por fim, cabe afirmar que as possibilidades de uso e mediaçõesdas mídias em salas de aula são muitas, mas apontam para formas de usoque não privilegiam todas as potencialidades que as mídias têm a oferecer,o que advém de diversos fatores tais como a infraestrutura das escolas, aformação dos professores e as próprias políticas públicas referentes àmodernização.

Finaliza-se este artigo apontando a importância de se aprofundaros estudos referentes às possibilidades de uso e mediações das mídias den-tro das escolas, no contexto de uma análise que perpasse questões peda-gógicas e políticas, a fim de contribuir para o melhor aproveitamento edu-cacional dos recursos investidos em mídias nas escolas.

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NOTAS

1Nesta pesquisa, que é resultante de uma dissertação de mestrado, o termo novas mídiasaudiovisuais, tanto quanto somente mídias audiovisuais, mídias, novas tecnologias, tec-nologias e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), abrangem o que se refereà internet, à televisão, ao vídeo/dvd. Referenciando-se na definição de Belloni (2005, p.21), “as TIC são o resultado da fusão de três grandes vertentes técnicas: a informática,as telecomunicações e as mídias eletrônicas”.2 A mediação trata da relação e intervenção humana em processos de produção e circu-lação de formas simbólicas. Constitui a relação entre mídias e seres humanos, de formadialética (OROFINO, 2005)

Recebimento: 05/08/2009Aprovação: 31/05/2011

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Universidade Estácio de SáVice Reitoria de Pós Graduação em Pesquisa e Educação

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