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A Inspe~ao do Trabalho no marco da moderniza~ao da … · aivorecer da revoluçao industrial, passando pelos principais rnarcos históricos desta instituição na Europa e na America,

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ORGANIZA~AoINTERNACIONALDO TRABALHO

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A Inspe~ao do Trabalhono marco da moderniza~ao da

Administra~ao do Trabalho

Vera Jatob6

ESCRITORIO REGIONAL PARA AMERICA LATINA E CARIBEPROJETOCIMT - OIT

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ORGANIzAcAO INTERNATIONAL DO TRABALHO

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A lnspeção do Trabaihono marco da modernização da

Administraçao do Trabaiho

Vera Jatobá

Projeto financiado pelo Departamento do Trabaiho dos Estados Unidos segundo 0

Acordo de Cooperacao N° E-9-K-1 -0002.

ESCRITORIO REGIONAL PARA AMERICA LATINA E CARIBE

PROJETO CIMT-OIT

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Copyright © Organização Internacional do Trabalho 2002a edição 2002

As publicaçoes da Organizaçao Internacional do Trabalho gozam da proteçao dos direitos autorais sob oProtocolo 2 da ConvençAo Universal do Direito do Autor. Breves extratos dessas publicaçoes podem, entretanto.ser reproduzidas sem autorização, desde que mencionada a fonte. Para obter os direitos de reproduçao ou detraduçäo, as solicitaçöes devem ser dirigidas ao Serviço de Publicaçoes (Direitos do autor e Licenças),International Labour Office, CH-121 I Geneva 22, Switzerland. Os pedidos serão bem-vindos,

OTTA Inspeção do Trabalho no marco da modernizaçao da Administraçao do TrabaiheLima, Organizaçao Internacional do mk.1h 2002

ISBN 92-2-813197-7ISSN 1020-3974

Também disponIvel em espanhol (Inspección del Trabajo en el marco de Ia modern ización de la Administracióndel Trabajo) (ISBN 92-2-313197-9) e inglês (Labour Inspection within a modernized Labour Administration)(ISBN 92-2-113197-1) e nos trés idiomas na página web: www.oit.org.pe

As designaçöes empregadas nas publicaçOes da OTT, segundo a praxe adotada pelas Naçoes Unidas, e aapresentacao de matéria nelas incluIdas não significam, da pane da Organizaçao Internacional do Trabaiho,qualquer julzo corn referêneia a situação juridica de qualquer pals ou território citado ou de suas autoridades, oua delimitacao de suas fronteiras.

A responsabilidade por opiniöes expressas em artigos assinados, estudos e outras contribuiçOes recaiexclusivamente sobre seus autores, e sua publicaçao nao significa endosso da OIT as opiniöes au constantes.

Referéncias a firmas e produtos comerciais e a processos nao implicam qualquer aprovaçäo pela OrganizaçãoInternacional do Trabaiho, e o fato de nao se mencionar uma firma em particular, produto comercial ou processonao significa qualquer desaprovação.

As publicaçoes do Escritorio Regional para America Latina e Caribe podem ser obtidas no seguinte endereço:Calle Las Flores 275, San Isidro, Lirna 27 — Perd. ou solicitando ao Apartado Postal 14-124, Lima, Perd.

Impresso no Chile

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PROLOGO

Este documento de trabaiho faz parte de urna série de publicaçoes resultantes das

atividades desenvolvidas pelo Projeto PrincIpios e Direitos Fundarnentais no Trabaiho no

contexto da XI Conferencia Interamericana de Ministros do Trabaiho da OEA “. Tal Projeto

foi patrocinado pelo Departamento de Trabaiho dos Estados Unidos e executado pela

Oficina Regional da OIT em estreita colaboraçao corn o Programa Infocus da Declaraçao,

da sede da OJT em Genebra. 0 senhor Luis Miguel DIaz, junta corn uma equipe de

colaboradores, foi o responsdvei pelo Projeto que se desenvoiveu no continente arnericano.

Neste documento a experimentada especialista Vera Jatobá se refere ao terna da

Inspeçao do Trabaiho a partir da irnportância determinante que tern o cumprimento dos

direitos trabaihistas bdsicos como garantla da paz social e que levou a considerar o

Convênio N° 8] corno urn dos instrumentos rnais ratificados da OIT.

Urna ttil retrospectiva poe em evidência a racionalidade inicial deste instituto no

aivorecer da revoluçao industrial, passando pelos principais rnarcos históricos desta

instituição na Europa e na America, desde seus primeros embriOes ate a época atual.

Se apresentarn os principais tratados e instrurnentos jurIdicos internacionais que na

região americana dão coma da transcendência que se concede ao born desempenho da

instituiçao como fator chave para garantir que a lei trabaihista se cunipra e se evite a

competição desleal, particularmente sobre a base do não cuniprirnento de direitos

trabaihistas fundamentais.

Corn efeito, numerosos tratados consagram o curnprirnento da própria legislaçao

nacional em matéria trabaihista coma fundamental para estabelecer bases adequadas nos

atuais processos de integração e liberalizaçao comercial.

DaI que, a relevância ética do cumprirnento da legislaçao trabaihista fundamental, se

agregue o crescente interesse por abordar aspectos cldssicos deste instituto no mesmo teor

do Con vênio N° 8! e da interessante experiência que sobre a matéria se pode encontrar no

próprio continente. A/em das reflexoes provenientes de outras latitudes e as aspectos

destacados do Convênio N° ]SO sobre a Administraçao do Trabaiho.

Muito importante resulta a experiência anotada sobre como abordar a supervigilância

de dois temas fundamentais: traba/ho forcado e traba/ho infantil, desenvolvidos pela

Inspeçao do Trabaiho no Brasil, corn enormes desafios a enfrentar e em função do qual, a

partir do reconhecimento de realidades impactantes, se colocou em prdtica programas de

interesse que podem servir a outros palses, guardando as distâncias culturais, históricas e de

desenvolvimento.

A pauta geral da abordagem, consistente na aplicaçao da lei trabalhista de forma

preventiva, pedagógica e de busca de harmonia nos centros de trabaiho, cede passo a outra

corn urn claro enfase pun itivo quando se trata de atividades ilIcitas, como as que se

descrevern no texto. Constata-se que o poder do Estado, coma guardiao de direitos

fundarnentais como a liberdade, ou como articulador e animador de coordenaçOes

interagenciais, aparece como insubstituivel.

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A OIT tern destacado estas experiências sobre trabalho forcado e trabalho infantil noBrasil em diversas publicaçöes, e mesmo que não tenha produzido todo o impacto que sepoderia esperar delas, aprendemos liçöes sobre os mecanisrnos desenvolvidos, muitas vezescorn uma cota de heroismo de atores anônirnos, como os inspetores do trabalho que devemenfrentar estas duras realidades,

Esta Conferênciafoi apresentada e discutida na Reunião do Grupo de Trabalho II da XIConferencia de Ministros de Trabaiho realizada em São José da Costa Rica nos dias 5 e 6 deabril de 2001.

0 Projeto contou corn a assistência de Cecilia Huneeus e, no processo de publicaçao,tivemos a colaboração de Maria Inés Opazo. A compilação e edição dos trabaihos foirealizada pelos consultores Mario Velasquez e Pablo Lazo.

AgustIn MuñozDiretor Regional da OlTpara as Americas

Lima, junho de 2002

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INDICE

Página

Resumo Executivo

Introducão 3

Parte IANTECEDENTES 6

A. Antecedentes históricos 6

B. E’oluçao normativa da UT 6

C. A Regiao Americana 7

D. A Conferencia Interamericana de Ministros do Trabaiho 8

E. Processo de ctpulas. A Deciaraçao e Piano deAacao de Québec (2001) 9

F. Processos de integração e a Inspecao do Trabaiho. Experiência do MERCUSUL 9

G. U Acordo de Cooperacao Laboral da America do None 11

Parte IIA INsPEcA0 DO TRABALHO. CONTEUDO BASICO 14

A. Administraçao e Inspecao do Trabaiho 14

B. Funcöes da Inspeção do Trabalho 15

C. Organização, funcionamento, composição efaculdades dos Servicos de Inspecao 20

D. Profissionaiicacao. Carreira funcional 22

Parte IIIA M0DERNIzAcA0 DA INSPEcAO DO TRABALHO 23

A. Elementos de diagnóstico 23

B. Principais eiementos a considerar nas polIticas de modernizacao 26

C. Experiências de modernizacao dos Servicos de Inspecao do Trabaiho 27

Parte IVSOBRE FISCALIZAçAO DO TRABALHO FORADO 41

Parte VSOBRE FISCALIZAcAO DO TRABALHO INFANTIL 44

Conclusöes 48

Bibliogralia 53

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A INspEcAo DO TRABALHO NO MARCO DA M0DERNIzAcA0DA ADMINIsTRAcAO DO TRABALHO

Vera Jatobá*

Resumo Executivo

Na Introduçao delineia-se urn marco geraldas transformacoes do final de século.marcadas pela globalizacao econômica ernudancas tecnológicas ocorridas nosdiferentes paIses da regiäo, tornando-seinevitável a modernizaçäo da Adrninistraçaodo Estado em matéria sócio-laboral, incluIdoal, o controle do cumprirnento da legislaçãotrabaihista, através de seu instrumentoprivilegiado: A Inspecao do Trabalho.

Os processos de modernização daInspecao do Trabaiho se desenvolvem nomarco da rnodernizaçao do Estado e daAdministracäo do trabaiho. A atividade daInspecAo do Trabalho objetiva garantir maioreficácia ao firn perseguido: major e meihorcumprirnento da legislacao laboral, o que searticula corn os objetivos gerais dosMinistérios do Trabaiho e corn o atual papeldo Estado, destinados a promover urndesenvolvimento econômico e social dospaIses corn equidade social.

Na Parte I ha antecedentes que permitemurna meihor cornpreensão da Inspecao doTrabaiho, comecando corn urn breve resumohistórico sobre a evoluçao desta instituicaodesde o alvorecer da revolucao industrial,seguida dos avanços que sobre este servicoforam aprovadas na Organizacao Internacionaldo Trabalho, a partir dos primeiros intentosregulatórios, em 1919, especialmente corn oTratado de Versalles, dando conta dediferentes convencoes, recomendacoes e urnprotocolo, entre os quais destaca-se, por suaimportância, a Convenção sobre a Inspeçäo doTrabaiho (N° 81), adotada em 1947.

Tambérn se descreve a evolucãonormativa na America, onde ainstitucionalizacao se inicia em princIpios doSéculo XX, corn a criação de Oficinas,

Departamentos ou Secretarias de Trabaiho empaIses como Argentina, Chile e Uruguai em1907, onde a funcao controladora da legislaçaoassurniu urn papel importante desde seu inhcio.Essa evolucao continuou corn urna ampliacaode funçöes e a transforrnação dos primeiros“embriöes” em organizacöes corn statusministerial no perIodo entre 1930 e 1960.Posteriorrnente. entre os anos de 1960 a1990 Os ministérios alcançaram seudesenvolvirnento máxirno, mesrno quandovários paIses tiveram seus quadrosinstitucionais diminuIdos, nos regimesmilitares. Finalmente, a partir dos anos 90 ateos nossos dias, os ministérios, e em especial,seus organismos de Jnspecao do Trabaihovivenciam urna etapa de rnodernizacaoinserida no marco, inicialmente referido, degiobalizaçao e mudancas tecnológicas.

Dentro dos processos de integracão etratados de livre comércio firmados por algunspaIses da regiäo, aparece reiteradamente aintencao de garantir o cumprimento da prdprialegislacao trabaihista. Por essa razão, eatendida a crescente importância desse terna. aConferência Interamericana de Ministros doTrabalho, instituto especializado daOrganizacao dos Estados Americanos (OEA),o terna se encontra de forma expressa cornparagrafos próprios na Declaracao de Viña delMar, de outubro de 1998, enfatizando, entre asmatérias de convergência prioritária, aInspecao do Trabalho e, do mesmo rnodo, noPiano de Ação Anexo a Declaraçao, dispondosobre a intensificaçao e exercIcio dasfaculdades de Inspecao tanto em rnatérialaboral corno de seguridade social,considerando as formas apropriadas asrealidades de cada pals.

No marco do Proceso de Curnbresiniciado em Miami, sucessivamente emSantiago e em Québec, Canada — III Cumbre -

*Advogada. Inspetora do Trabatho, especializada em planificação estratégica (BID-INDES, Instituto Altadir. UniversidadeAutOnoma de Madrid). Pesquisadora do Banco Mundial — BIRD. Ex- Secretária Nacional de Fiscalizacao do Ministerio doTrabaiho do Brasil.

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os Chefes de Estado e de Governo dasAmericas ressaltararn novamente aimportância desse instituto ao declarar:“Prornoveremos o cumprirnento das normasfundarnentais do trabaiho reconhecidasinternacionalmente e incorporadas naDeclaraçao da Organizacão Internacional doTrabalho (OfT’) relativa aos PrincIpios eDireitos Fundamentais no Trabaiho e seuseguimento adotado em 1998”.

Diversos instrumentos juridicosinternacionais foram subscritos a nIvelsubregional, dentro dos quais se destacam asexperiências do MERCOSUL e do Tratado deLivre Comércio da America do Norte, quantoao desenvolvimento e importância da lnspeçãodo Trabalho para o cumprimento das norrnaslaborais subscritas entre os paIses de cadabloco.

Na Parte II, abordam-se os conteCdosbásicos da instituicao, comecando corn arelacao Administracao-Inspecao do Trabaiho euma breve referência a Convencao nümero150 da OTT sobre a Administracao do trabalho,funcOes e organizacäo, de 1978, salientando-sea idéia da participacao dos atores sociais, acomplementariedade entre desenvolvirnentoeconômico e social e o imperativo de contarcorn organismos e funcionários que respondama urn novo papel do Estado em matéria social.

Encaminha-se urna reflexão do queconstitui a missão e funcoes da Inspecão doTrabalho, examinando-se estas, tanto a luz daConvençao nürnero 81 da OIT, como dediferentes legislacoes do continente, seguidade análise acerca do mister sancionador epedagógico da Inspecao do Trabaiho, ealgumas respostas sobre o tema na regiãoamericana.

Adiante se descrevern a organizacao, ofuncionamento e a composição dos Servicosde Inspeçao, seguidos de uma rapida análisedas faculdades dos Inspetores do Trabaiho, osque seguem as diretrizes gerais da Convençaonémero 81, os que experimentam variaçöes ernodalidades nacionais, mencionando-se, emespecial, os temas de profissionalizacao ecarreira funcional, princIpios estes praticadosem muitos paIses mesmo entre aqueles quenão tenham ratificado a Convencão némero 81daOIT.

Na Parte III, abordam-se as acöesmodernizadoras, comecando por mencionar osatuais cornponentes da modernizacao da

gestão social, o requerimento de planejarnentoestrategico, corn a inclusão de algurnasprioridades defrnidas em alguns paIses,ilustradas ao largo do texto e, em alguns casos,corn mais detalhes e experiências concretas daregião. As experiências diferem segundo oponto de partida de cada uma, porém estãomarcadas por urn indiscutIvel desenvolvimentodos recursos humanos e da infra-estrutura,apreciando-se a ap1icaco dos princIpios quefundamentam o planejamento estratégico.

Na Pane IV e V mencionam-se, de formaespecial, experiências de fiscalizaçao emtrabalho forcado e trabaiho infantil, através dasquais torna-se possIvel indicar como se podeutilizar o conjunto de ferramentas disponiveisna instituicao para atender situacoes extremasque necessitam de urn procedimento de altaeficácia.

0 trabaiho culmina corn reflexöes que atItulo de conclusão pode ser oferecida aConferência Interarnericana de Ministros doTrabaiho e assim se resume:- Existe consenso na vigência e atualidadeda Inspecao do Trabaiho como órgão e comofuncao que garantern o curnprirnento da ordernpCblica em matéria laboral. Destarte osrnodelos de inspecão variern entre todos ospalses, adaptados a sua história, geografia edesenvolvirnento sócio-econômico.- E necessário urn permanente ajuste emodernizacao desse instituto, segundo os tiposde desenvolvirnento e rnodos de producao quealcancem os palses.- Sugere-se a conveniência de desenvolver,ou incorporar, conforme o caso, mecanismosde consulta e participacão dos atores sociaisnos processos de desenho, execucão eavaliaçao das normas e dos pianos defiscalizacao e, especialrnente, nos pianos desua modernizacao.- Aparece corn irnportância cada vez maiora atividade preventiva em lugar de atividadesreativas. A difusäo das normas trabalhistas ede seguridade social, que hoje em diaestão faciiitadas corn os avancos emtelecomunicacoes (internet e outros) pode seruma peca destacada para esse fim.- Dever-se-ia intentar o justo equilibrioentre as faculdades sancionadoras e atividadespedagogicas dos Inspetores, conforme asdistintas realidades nacionais ou regionais.Para esse proposito procedirnentos e manuaisde inspecão deveriam ser atualizados.

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- 0 processo de modernizacao supoemétodos de planejarnento estrategico, baseadona adrninistracao por objetivos. Isto supöe umaadequada identificacao da rnissão e funcöespróprias da instituicao, dos objetivos e metasespecfficos, e de urna avaliaçao sistemáticados resultados alcançados, em perfodosrazoáveis de referência, A vinculação deincentivos de natureza remuneratória cornobjetivos estrategicos, poderia ser instrumentode apoio para planejar e priorizar,adequadamente, as areas de major importânciaa fiscalizar.- Sugere-se o desenvolvimento de umanova e mais eficiente articuiacao institucionalcorn as demais instituiçoes péblicas e privadasrelacionadas corn a Inspecão do Trabaiho.- A informática e a nova tecnologiadeveriam incorporar-se aos processos demodernizacão da Administraçäo do trabaiho.Corn efeito, os pianos de informatizacaoacompanharn as definicoes de piano geraiadotado por cada da instituicão.- Resulta de fundamental importância paraos processos de modernizacao da lispeçäo doTrabaiho o desenvolvimento de seus recursoshumanos, corn particular ênfase aos critérios emecanismos de seleçao de seus integrantes,adequado treinarnento inicial e formacaopermanente, garantia de carreira funcional cornestabilidade no cargo, remuneracöes queincorporern incentivos de produtividade eoutras poifticas que garantam urn quadropermanente e eficiente.

Introducao

As mudancas poilticas e econômicas queafetaram o mundo do trabalho nas tiltimasdécadas do Século XX, irnplicando muitasvezes em agudos reflexos no mundo daproducao e na area da protecao ao trabaiho,tern pressionado as suas adrninistracoes paraagilizarern as respostas frente as demandasinternas de sua popuiacao. Desses efeitos seoriginarn as crescentes e pennanentesnecessidades de mudanças nas poilticas dosministérios do trabaiho, requerendo uma formadiferente de planejar e administrar programas eprojetos de atencao a populacao, considerandoas necessidades do conjunto da sociedade,

especialmente os segmentos mais vulneráveise a observância dos direitos trabalhistasfundamentais.

Essas transforrnaçoes, e os efeitos delasdecorrentes, na cornpreensao de Tokman eMartinez,’ se baseiarn em trés grandes eixos.Em primeiro lugar, encontra-se a globalizacão,que envolve o contexto de urna econorniamuito mais integrada, requerendo dosmercados urn avanco significativo no sentidode meihorar sua capacidade de competirinternacionalmente. 0 segundo considera aliberalizacao dos mercados de bens e servicos,o que traz consigo urn processo dedesregulacao e, portanto, conseqüências para oEstado, redefinindo seu papel. 0 terceiro eixoestá constituIdo pela dernocratizacao dosregimes politicos que conduzema revitalizaçao das liberdades, econseqüenternente, a pressão da participacäosocial.

Considerando a necessidade de novosconteüdos para Adrninistracao do Trabalho,Tokman e Martinez incluern corno aspectosrelevantes a fiscalizacao e o controle daaplicacao das normas laborais e sugerem queseja aberta a discussão sobre “a eficácia daatual metodologia da fiscalizacão laboral, queatua como ‘polIcia iaboral’, para detectar esancionar descurnprimentos” 2

Corn efeito, em vários palses da RegiAo seregistram situacöes em que os trabaihadoresficam expostos a riscos de diversas naturezas enão contam corn aiternativas de representaçöessindicais adequadas, restando-lhes tao somenteo Estado para garantir sua protecao. Da mesmaforma, ha casos extremos corno o trabaihoforçado, em que os abusos a que sãosubrnetidos alguns “trabalhadores”, carecem deuma acão fiscalizadora preparada para usartodas as prerrogativas coercitivas conferidaspela Lei, sern as quais a ação do Estadopoderia ser ineficaz. Em setores atrasados daeconomia, particularmente nas pequenasempresas, se verificarn importantes indices deinobservância das normas básicas decondicoes de trabaiho, o que se reflete nassancoes aplicadas peios Servicos de Inspecão.Paradoxalmente, no setor da denorninada“nova economia”, calcada fundarnentalmenteem telecornunicacoes, servicos de cornputacãoe de alta tecnologia, muitas vezes de nIveismais eievados de remuneracöes, observarn-se

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tambdm, preocupantes nIveis de inobservânciade normas básicas sobre seguranca e sadde notrabaiho, excessivas jornadas e informalidade.

São inegáveis as possibilidades geradaspelas novas tecnologias em vários campos daciência e das comunicacoes. na denorninada‘era das redes”. Como instrumentos daglobalizacao na econornia mundial. taisavancos poderiam acelerar o crescimentoeconômico e incrernentar a producão e aprodutividade dos sistemas econômicos, cornnovas oportunidades de empregos e meihoresremuneracóes. Entretanto, essa capacidadetransformadora traz conseqüências diretas aomundo do trabaiho, e o processo de rnutacaoem curso, através de suas duas vertentesprincipais, mudanca tecnológica eglobalizacao, não favorece nem afetaigualmente os diferentes indivfduos, paIses,empresas ou atividades.

A referência ao mundo do trabaiho induza uma reflexão mais detida sobre algunsfatores, causas ou efeitos, que impactarndiretamente nas relacoes de trabalho e,conseqüenternente, na atuacao da Inspecao, asaber: a estabilidade econômica, os avançostecnológicos, a globalizacão da economia, aagudizacão das condicoes de desigualdade epobreza de algurnas regiöes e a incapacidadedo Estado, para, isoladarnente darsustentabilidade as poifticas sociais queimpactem no crescimento econômico.A partirda consideracäo desses fatores gerais, pode-sedetectar a intrincada complexidade do sistemade relacoes de trabaiho corn avancos eretrocessos e, nesse contexto aparecem anecessidade e a justificativa das intervencoesde fiscalizacão ex-ante e/ou ex-post.

Pelo exposto se deduz a necessidade deredefinirern-se, adequadarnente, os objetivosda atividade fiscalizadora. Os cenários atuaistrazem consigo uma dinâmica que leva anecessidade de que a Inspecao do Trabaihoconte corn diferentes mecanismos quegarantam resultados sustentáveis dos serviçosprestados. Torna-se então, vital para abspecao do Trabaiho, contar corn umaestrutura e corn uma gestão que quantifiqueme qualifiquern suas açöes dentro de urn padrãode eficiência, eficácia e efetividade requeridaspelas novas relacoes entre o Estado e asociedade e dentro desta, o mundo do trabaiho.Observa-se uma evidente necessidade dernodernizar os ministérios do trabaiho,

especialmente seus Serviços de Inspecao, parapromover as poifticas de crescirnentoeconómico corn major equidade. Talrnodernização compreende urn processo querequer normas, cornportarnentos einstrurnentos coerentes e complernentares.Faz-se necessário elevar a rnassa crItica deseus administradores (“gerentes sociais’) equadros dirigentes, através de uma capacitacaodirigida a compreensao dos novos cenários,novos modelos de gestão e acöes ajustadas asnovas realidades, estimulando a criatividade, aresponsabilidade da planificaçao e sobretudo,seu compromisso corn resultados mais eficazese sustentáveis.

Von Richthofen3assinala que, em fins doSéculo XX, as instituicöes que desenvolvernpolIticas sociolaborais, como a Inspecao doTrabaiho, e se preocupam corn a atividadepreventiva, estão na trajetória de conhecer urnrápido e profundo câmbio em todo o mundo, oque, em sua concepcao, resultará de umacornbinacao de fatores e evolucoes internase externas identificadas por ele na inovacãotecnologica, rápida e complexa, nafragmentaçao e volume crescente dedisposicoes legais e outras norrnas trabaihistas,na segmentação do mercado de trabaiho e nacada vez major vulnerabilidade da mão-deobra. A estes fatores os Inspetores devemagregar outros desafios em suas rotinas,constituIdos pela mentalidade e expectativasdos “clientes”, as rnudancas no elenco deatribuicoes das organizaçoes de empregadorese sindicatos, uma nova perspectiva do papeldo Estado na Administraçao do trabaiho,especialrnente em rnatéria de Inspecão doTrabaiho, entre outros. Conclui assinalandoque “de fato os Inspetores do Trabaihoconhecern bern as situacães de empregoe conseqüentemente, se encontram numaposição ideal e estão extremamentequalificados para descrever as situacöes reais ea propor as regras mais adequadas para oestabelecimento de relaçoes de trabaihoharmonicas. Enfirn, a aplicacao de leis enormas é urn fator que contribui para relacoesde emprego estáveis. Nesse aspecto, aInspeçao do Trabaiho é tambérn urn ator igualaos outros no conjunto dos demais atorespüblicos”.

0 propósito desse trabalho é proporcionarurna visão dos serviços ou sisternas deInspecao, a partir de sua história, contexto

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polItico, sócioeconômico, Os diferentesaspectos que implicarn na sua estruturaorgânica e procedimentos e, sob esse aspecto,algumas experiências concretas demodernizacao ocorridas nos ültimos anos.Dc forma especial, se apresentam duasexperiências sobre ternas especIficosdesenvolvidas no Brasil, relativas a trabaihoforcado e trabaiho infantil. que correspondema direitos humanos fundarnentais e que nos

parece merecerem urna atencao particular.Ternos presente que o texto não pode abarcaras experiências de todos e cada urn dos paIsesda região, por isso tentamos, nurn grandeesforço de sIntese, considerar as informacoesdisponIveis salientando o que entendemos demajor irnportância, dessa forma, esperandocontribuir corn urn instrumental de reflexão eanálise. especialmente para Os quedesenvolvern atividades nessa area.

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Parte I

ANTECEDENTES

A. Antecedentes históricos

Observase urn forte vinculo entre acriação e o desenvolvirnento dos serviços ousisternas de Inspecao do Trabaiho e osprocessos de desenvolvimento politico, social,tecnológico e econômico dos povos.

A criação dos Serviços de hispeçaoregistra algurnas etapas que revelarn suaestreita relacao corn o processo de revolucãoindustrial e corn os acontecimentos históricosdo Século XX. Dito processo trouxe consigoevidentes conseqUências para as forrnas econdicOes de trabaiho reinantes na época,tornando patente a necessidade de definirregras para humanizar o trabaiho, regulandojornadas, prevenindo acidentes de trabaiho eestabelecendo condiçoes mInirnas de trabalho4.

A Grã-Bretanha, onde corneçou aRevolucao Industrial, caracterizada pelo motora vapor e a eletricidade, foi o primeiro pals aditar normas trabalhistas5 e tarnbérnconsiderou a clara necessidade de criarmecanismos para seu controle. Inicialmente,por meio de comissöes benévolas integradaspor personalidades locais, eclesiásticos,magistrados e industriais aposentados;posteriormente, em 1833, reservou o trabaiho apersonalidades em nIvel de localidade, cornfaculdades próprias de lnspecao (quatro para opals). A partir de 1844, os Inspetores passararna ser funcionários da Administracao doEstado.6

Juntarnente corn a industrializaçao, ospalses da Europa, assim como osEstados Unidos foram, progress ivamente,desenvolvendo, tanto legislacoes protetorasdos direitos dos trabaihadores, como servicosde controle ou Inspecao do Trabaiho. 0processo registra situacoes muito limitadascorn respeito a legislaçao substantiva dotrabaiho e as entidades administrativas oumecanismos de controle.

Em geral, esses rnecanismos respondiama preocupacão corn as condicoes de trabaihodos operários de estabelecimentos industriais,excluindo-se dal. as pequenas empresas, ou decaráter familiar ou estabelecirnentos em quenão se utilizava forca motriz. Inicialmente os

Inspetores controlavam fundamentalmente ascondiçoes de higiene e segurança. Quanto aossisternas, encerravarn grandes diferencas,desde as funcoes atribuldas as comissöesmunicipais, como na Noruega, ou cornissöeslocais para verificar seguranca e higiene, naInglaterra, ou, ainda. Inspetores quedependiam de chefia de divisão em nlvelregional e rnantinham escritórios em seusdomicflios, na Franca.

0 fim da Primeira Guerra Mundial deuorigem a profundas reflexöes sobre os temassociais, fundando-se a Sociedade das Nacoes ejunto corn ela a Organização Internacional doTrabalho, em 1919, concebida inicialmente naParte XIII do Tratado de Versalhes, que,posteriormente, converteu-se na Constituicaoda OTT. Esta também se incorporava a opiniaodos signatários na medida em que estespassavarn a adotar Os pnncipios e métodos(contidos nos pnnclpios sociais) e ‘se mantémintactos, na pratica gracas a urn corpoadequado de Inspetores que trarão benefIciosperrnanentes para os assalariados de todo ornundo’7.Dentro dos novos princIpios gerais,inspiradores do Tratado de Versaihes, incluiuse explicitarnente a Inspecão do Trabaiho:‘Todos os Estados teräo de organizar urnServico de Tnspecao do Trabaiho paraassegurar a aplicacao das leis e regularnentosrelativos a protecão dos trabaihadores; este seestenderá as mulheres”.8

B. Evolucio normativa da OIT

Nesse devir histórico é importantereferenciar corno urna primeira conquistanormativa internacional, a Recornendacaosobre a Inspecäo do Trabalho (servicos dehigiene), 1919, N° 5, na qual a Conferência daOTT rnanifestou votos para que os EstadosMernbros contassem, corn a rnaior brevidade,corn sisternas que garantissern urna inspecao

eficaz das fábricas e dos escritórios, bern cornoresguardassem a saüde dos trabaihadores. Em1923, adota-se a Recornendacäo sobre aInspecäo do Trabalho (nürnero 20), corn osprincipios gerais da organizacao e

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funcionamento desses servicos, definindo-seseu objeto, descrevendo-se as funcoes,faculdades, normas de organizacão (depessoal, qualificacoes, métodos, cooperacao deempregadores e trabaihadores), assim comorelatdrios a ser elaborados. 0 Artigo primeiroda Recomendacao oferecia as bases que logodariam lugar a instrumentos futuros: 0Serviço de Inspecão deve organizar-se deacordo CO os princIpios mencionados noparágrafo nove do Artigo 427 do Tratado deVersaihes e deve ter por objeto especial,assegurar a aplicacao das leis e regulamentosrelativos as condicoes de trabaiho e a protecãodos trabaihadores, no exercIcio de suasprofissoes (duracão da jornada de trabaiho edescansos; trabaiho noturno e proibicao dautilizaçao de certos grupos de pessoas emtrabaihos perigosos, insalubres ou superiores asuas forcas; higiene e segurança; etc.).9

A concepcao de uma Convençao sobreInspecão do Trabalho criando obrigacoesformais para os Estados Membros foi sedesenvolvendo progressivamente e deveria serdiscutida em 1940, mas a deflagracao daSegunda Guerra Mundial impediu oacontecimento, sendo, finalmente submetida aconsideracao da Conferência em 1947, dataem que se adotou a Convencao sobre aInspeção do Trabaiho (N° 81), aplicável naindüstria e no comércio, bern como aRecomendacao N° 81 que a acompanha. Namesma Conferência adotou-se outraConvencao sobre a Inspecao do Trabaiho(areas näo metropolitanas) (N° 85), também aRecomendacao N° 82 sobre a Jnspecão doTrabaiho nas empresas mineradoras e detransportes. Vale salientar que em 1969 nasceoutra Convençao, N° 129, sobre a Inspeção doTrabaiho na agricultura e a RecomendacaoN° 133, sobre o mesmo tema.

Recordarnos ainda o Protocolo de 1995,relativo a Convençao sobre Inspecão doTrabalho, 1947, estendendo as disposicoes daConvencäo N° 81 as atividades do setor deservicos não comerciais assim como a adocaoda Convencão N° 178, sobre a Inspeçao doTrabaiho (trabaihadores marItimos), 1996.

Finalmente. devemos apontar outraConvencão de importância, N° 150, sobre aAdrninistracao do trabaiho, 1978, junto corn aRecornendacao N° 158. que resguarda, cornoantecedentes, as Convençoes N° 81 e N° 85, ese orienta no sentido de uma major

participaçao dos atores sociais na consulta,cooperação e negociacão corn as autoridadespüblicas na formulacao, administracao,coordenação, controle e revisão da politicalaboral nacional. Ainda que suas normas naomencionem expressarnente a Inspecão doTrabaiho. estAo nelas contidos os elementos eos novos enfoques que se aplicamperfeitamente nesse campo e permitemapreciar, como veremos mais adiante, algumasrnudanças de perspectivas ocorridas entre1947 e 1978.

C. A Região Americana

No continente americano os temas sociaisso alguns anos rnais tarde se traduziramem legislacOes e em desenvolvimentoinstitucional da Administracao do trabalho.Excepcionalmente, as normas constitucionaisda America em matéria social, precederam asda Europa. Foi o caso da Constituição doMexico, de 5 de setembro de 1917, que definiuem seu Artigo 123 as bases jurIdicas doDireito Social, antes da Europa, quando osconstituintes alemães promulgaram aConstituicão Imperial de Weimar, 11 deagosto de 1919.10

Seguindo Emflio Morgado” e DanielMartInez, distinguiremos quatro etapas ouperIodos.’2 No primeiro, de 1900 a 1930,foram criados Escritórios, Departamentos ouSecretarias de Trabaiho, podendo-semencionar entre as primeiras, as do Canada(1900), Argentina (1907), Chile (1907),Uruguai (1907), Mexico (1911), EstadosUnidos (1913) e Brasil (1918). Os restantespaIses criariarn instituicöes similares nos anosseguintes. São reveladoras as dávidas iniciaisacerca da estrutura ministerial da qualdeveriam depender estes escritOrios ouoficinas, geralmente vinculados ao Ministériodo Interior, porém, também da Indüstria,Fomento e Obras Püblicas ou ate de RelacoesExteriores. Emergem vinculados a esforcospara construir relacoes comerciaisinternacionais duradouras, controlar aconflitividade e atender a questao socialmediante regulacöes, gestao administrativa(fundamentalmente Inspecao do Trabaiho) ejurisdicional. Em paIses como Argentina,’3Brasil, Colombia, Costa Rica, Guatemala ePanama constavam como matéria especffica daintervencao do Estado.

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No segundo perIodo, de 1930 a 1960, osembriöes iniciais de Administracao do

trabaiho ampliam suas funçoes e se convertern,progressivamente, em ministérios ousecretarias de trabaiho, assumindo, de formaespecial, o papel de Inspeçao do Trabaiho,

através de unidades especializadas e, as vezes,

descentralizadas.Durante o terceiro perlodo, de 1960 a

1990, os ministérios alcançam seu máxirnodesenvolvimento, registrando-se na atividadeministerial muitas norrnas sobre o tema, bern

como leis orgânicas, relativas a administracao.Contudo, nesse mesmo perfodo, vários palses

restringem sensivelmente suas estruturas deInspecao do Trabaiho, reduzindo de maneira

ostensiva o nilmero de seus Inspetores(particularmente visIveis os casos daArgentina e Chile).

Finalmente, a partir de 1990, seinicia urn perIodo de reestruturaçao,

orgânica e funcional, que intenta responder asprofundas transformacoes produzidas pelainternacionalização da economia, pelasmudancas poifticas corn a democratizacao epelo câmbio tecnologico e seus

desdobramentos econôrnicos, politicos esociais.

D. A Conferência Interamericanade Ministros do Trabaiho

0 Continente Americano vem

desenvolvendo urn processo no sentido daintegraçäo, em meio ao qual surgiramcomunidades sub-regionais, iniciando-se corna Comunidade Andina de Nacoes (antesdenorninado Pacto Andino de Nacoes), oMercado Comum do Sul (MERCOSUL), aComunidade e Mercado Comurn do Caribe, o

Sisterna da lntegracao Centroamericana etambérn o Tratado de Livre Comércio daAmerica do Norte, processos estes quecomecaram a desenvolver mecanismosorganico-institucionais que respondam adenominada dimensäo social da globalizacao eda integracão.

A Organizacao de Estados Americanos,para atender as suas finalidades, conta cornconferências especializadas, urna das quais é aConferência Interamericana de Ministros do

Trabalho, que integra todos Os paIses mernbrosativos da Organizacao e presta consultas, naqualidade de assessoria especial, ao ConseihoSindical de assessorarnento Técnico

(COSATE) e a Comissão Ernpresarial deAssessoramento Técnico em AssuntosLaborais (CEATAL).’4

A Conferência realizou onze reuniöesordinárias ate a presente data. A primeira foi

na Colombia, em maio de 1963. A penéltimareunião realizou-se na Argentina, em outubro

de 1995 e a ültima, no Chile, Vifia del Mar, em1998. Essa ültirna Conferência, a XI, contoutambérn corn uma Reunião de Seguimento, anlvel ministerial, na sede da OEA, emWashington, em fevereiro de 2000.

A XI Conferência Interamericana, em suaDeclaraçao e Piano de Açäo de Vifla del Mar,

considerou a irnportância da Inspecao do

Trabaiho nos seguintes terrnos:“Que, tendo presente entre outros

antecedentes, as análises e Recornendacoes dasPrimeira e Segunda Cépula de Chefes deEstado e de Governo das Americas, assimcomo da X Conferência Interamericana deMinistros do Trabaiho, os avanços verificados

desde então, as experiências nacionais naregião, e a sugestäo dos quatro grupos detrabalho constituIdos pela X Conferência e aDeclaracão da mesma, apresentada aosMinistros de Cornércio em Belo Horizonte, emrnaio de 1997, identificamos as seguintesmatérias como objeto de convergência

prioritária das poifticas de governo e dosMinistérios do Trabaiho: 0 papel dosMinistérios do Trabalho; emprego e mercadode trabaiho; formacão profissional; relacoes detrabaiho e direitos básicos dos trabaihadores;seguridade social; seguranca e higiene;inspecão das leis do trabaiho nacionais;administraçao da justiça do trabaiho e diálogosocial”.

Por seu lado, o Piano de Acão de Viña delMar assim dispOs: “A intensificaçao eexercIcio de suas funcoes de inspecao, tanto nocampo iaboral, quanto da seguridade social,considerando as modalidades apropriadas asrealidades institucionais de cada pals. Nocontexto da integracao internacional eregional, o cumprimento da própria iegislacaoconstitui urna garantia básica que osMinistérios devem assegurar em colaboracao

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corn outras agências de Governo, corn ossindicatos e ernpregadores”.

E. Processo de cüpulas.A Declaração e Piano de Acao

de Québec (2001)

A Conferência teve urn respaido especialda Cüpuia de Chefes de Estado e Govemorealizada em Quebec, Canada, que culminouem 22 de abril do ano de 2001, ern cujaDeclaraçao e Piano de Acao reforcou apreocupação para que se respeitem e façamcumprir os direitos trabaihistas na região,enfatizando a importância dos mecanismosque a Administracao do trabaiho possadesenvolver para estes resuitados,particularmente quando se trata dos direitosfundamentais no trabaiho.

A Declaracao formulada pelos Chefes deEstado e Governo, em 22 de abril de 2001,reitera: nosso compromisso corn a integraçãohemisférica e a responsabilidade nacional ecoletiva corn o firn de rnelhorar o bern estareconômico e a seguranca de nossos povos eem criar major prosperidade e incrementar asoportunidades econômicas, e ao rnesmotempo, fomentar a justica social e desenvolvero potencial hurnano”. E mais adiante:“Promoverernos o cumprirnento das normasfundamentais do trabaiho reconhecidasinternacionalmente e incorporadas naDeclaracao da Organizacão Internacional doTrabalho (Off), adotada em 1998.Consideraremos a ratificacao ou adesão asconvencöes fundarnentais, segundo o caso”.Culmina a Deciaracão, nessa parte, afirrnando:‘A firn de avancar no nosso cornprornisso decriar rnaiores oportunidades de emprego,incrernentar as capacidades dos trabaihadorese rneihorar as condiçoes de trabalho em todo oHemisfério, reconhecernos a necessidade deconsiderar, em foros hemisféricos einternacionais pertinentes, as questoes daglobalização relacionadas corn o emprego e otrabaiho. Instrulmos a ConferênciaInterarnericana de Ministros do Trabaiho quecontinue considerando os temas relacionadoscorn a globalizacao que afetam o emprego e otrabaiho”.

Por seu lado, o Piano de Acão prossegue,em seu parágrafo 11, titulado “Trabalho eEmprego’, corn várias referências quanto ao

comprornisso dos Primeiros Mandatários sobrea protecão e respeito efetivo aos direitosbásicos dos trabaihadores, valorizandoespecialrnente a Conferéncia. acoihendo ‘cornbeneplácito seus avancos e ordenando a seusMinistros fazer novos progressos no sentido daDeclaracäo de Viña del Mar”.

F. Processos de integracão e aInspecão do Trabaiho.

Experiência do MERCOSUL

Corn o Tratado de Assuncao, de 26 dernarco de 1971, que criou o Mercado Comurndo Sul — MERCOSUL, iniciou-se oficialmenteurn processo de integraçãO regional de baseeconômica, que tern corno Estados membros aArgentina, Brasii, Paraguai e Uruguai. Damesma forma que outras experiênciassimiiares, o MERCOSUL traz cOnseqüênciasque afetam também as reiacoes de trabaiho.Vale destacar que em todos os palses rnernbrosdo MERCOSUL a Convencao N° 81 foiratificada e existem mecanismos de Inspecäodo Trabaiho em funcionamento, apesar deassurnirem formas diferentes.’5

Na trajetoria do MERCOSIJL, desde asua criacao em 1971, as rnudancas forarnsendo incorporadas a medida em que osinteresses e demandas pressionavam nessesentido. Assim é que, em 1991 ditou-se aResolucao MERCOSUL / GMC I RES N°11/91, que criou o Subgrupo de Trabaiho N°11- “Assuntos Laborais” - Essa Resolucão foimodificada em 1992, passando a denominar-se“Relacoes Laborais, Emprego e SeguridadeSocial”. Esse Subgrupo de Trabaiho contavainicialrnente corn as seguintes oito CornissöesTernáticas: Comissão de Relacoes Individuaisde Trabaiho; Comissão de Relaçoes Coietivasde Trabaiho; Comissäo de Ernprego eMigracoes Laborais; Comissão de FormacãoProfissional; Comissão de Higiene eSegurança no Trabaiho; Comissão deSeguridade Social; Comissão de Principios, eComissão de Setores EspecIficos (nenhumadelas inclufa o terna Inspecao do Trabaiho deforrna explIcita).

Corn as rnodificacöes de 1996, oSubgrupo N° 11, transforrnado em N° 10 e sobo tItulo de “Assuntos Laborais, Ernprego eSeguridade Social”, se concentrou em trêsComissöes Temiticas: Relaçoes de Trabaiho;

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Emprego, MigraçOes, Qualificacao eForrnacão Profissional, Saüde e Seguranca noTrabaiho, Inspecão do Trabalho e SeguridadeSocial corn o que conternplou pela prirneiravez o terna de Jnspecao do Trabaiho deixandoo radicado na Comissão Ternática III.

o passo seguinte foi a discussão, para suairnplementacao, de urna pauta negociadoraprioritária do Subgrupo N° 10. A ComissãoTernática III, Saiide e Seguranca no Trabalho,Inspecao do Trabaiho e Seguridade Social,definiu as atividades para a area de Jnspecãodo Trabalho, orientadas para o intercârnbio deexperiências e inforrnacöes para rnelhorar osrnecanisrnos de curnprirnento das normaslaborais dos palses membros.

As atividades previstas forarn:- Estabelecirnento de rnecanisrnospermanentes de intercâmbio de inforrnacoes ede cooperacao na area de Inspeçao doTrabaiho entre os paises do MERCOSUL, cornvistas a assegurar o curnprirnento daslegislacoes trabaihistas nacionais.- Propostas de sisternas de inspecaoeficientes para enfrentar ternas de interessecornurn, tais corno enfrentar fraudestrabaihistas, otimizar a utilizacao dos recursoshurnanos e rnateriais, procurar a rnanutençaode postos de trabaiho, fomentando apriorizacão do trabaiho preventivo e educativoda lnspecão do Trabaiho.- Proposicao de coordenacao dernecanisrnos de controle, no ârnbito dasInspecöes de Trabaiho, capazes de rnelhorar ocurnprirnento das normas trabaihistas.

Para tratar dos rnecanisrnos de inforrnaçãoe de cooperacão, forarn realizados SernináriosTécnicos Tripartites sobre Inspeção doTrabaiho, sediados no Brasil e no Paraguai,dos quais participararn funcionários dosserviços de ambos os palses que nessaoportunidade intercambiararn inforrnacoesnacionais ern detaihes.

0 passo seguinte revestiu-se de urncaráter mais experirnental, corn finalidade ernetodologia distintas das práticas habituais,sendo sua natureza fundarnentairnentedidática. Forarn prograrnadas visitas conjuntasde Inspecão do Trabaiho nos quatro palses. Aprirneira operacao foi no Uruguai, no setor daconstrução. A escoiha da atividade econôrnicaa ser inspecionada foi feita pelos membros daCornissão Tripartite e as ernpresas

inspecionadas se oferecerarn voluntariarnentepara a experiência.

Essa vivência foi importante para ointercârnbio de conhecirnentos e pela riquezaque a realidade adiciona a cornpreensão e aoaprendizado dos Inspetores. Por outro lado,esses eventos que reunirarn Inspetores dosquatro palses, tambérn forarn oportunos para asensibilizacão e informacao de alguns ternasligados aos direitos fundarnentais quernerecern urn tratamento especial. No caso,abordou-se de forrna prioritaria o terna dotrabaiho infantil.

As experiências avancararn para urnacordo entre Brasil e Argentina, dirigido ainspecionar o setor de transporte de carga naregiao fronteirica, onde as condicoes sãoespecialrnente preocupantes.

Cada pals pôde dar maior relevância aternas especIficos, não obstante, os paises doMERCOSIJL tenharn dernonstrado ern seuconjunto, preocupacão corn os direitosfundarnentais e a rnelhoria dos sisternas deinspecão.

A irnportancia da experiência conjuntadas Inspeçöes do Trabaiho no ârnbito doSubgrupo N° 10 do MERCOSUL, tarnbérncurnpre urna finalidade integradora earticuladora, corn potencialidades futurasainda não determinadas.

Cabe agregar que na data de 10 dedezernbro de 1998, os Presidentes dos quatropaIses do MERCOSUL subscreverarn, no Riode Janeiro, a denorninada “DeclaracaoSociolaboral do MERCOSUL”. Esseirnportante instrurnento rnantérn a constânciados direitos individuais e coletivos no trabaihodevendo-se destacar que o Artigo 18, do titulo“Inspecao do Trabaiho”, estabelece: “1) Todotrabaihador tern direito a urna protecaoadequada no que se refere as condicoes e aoarnbiente de trabaiho, e 2) Os Estados Parte secornprornetern a instituir e a rnanter Servicosde Inspecão do Trabaiho, corn a funçao decontrolar em todo seu território o curnprirnentodas disposicoes normativas que se referern aprotecão dos trabaihadores e as condicoes deseguranca e sadde no trabaiho”.

Para efetivar sua aplicacao eacompanharnento, no Artigo 20 da Declaracao,os Estados Parte se cornprornetern a respeitaros direitos fundarnentais inscritos naDeclaracao e a prornover sua aplicacão de

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conformidade corn a legislaçao e as praticasnacionais e as convencoes e acordos coletivos.Para esse firn, recomendam instituir comoparte integrante da Declaraçao uma ComissAoSociolaboral, de caráter tripartite, auxiliar doGrupo Mercado Comum (GMC), de caráterpromocional e não sancionador, dotado deinstâncias nacionais e regionais, corn oobjetivo de fornentar e acompanhar a aplicacao

do instrumento, através de mernóriaspreparadas pelos Estados Parte. 0 GMC crioua Comissão Sociolaboral do MERCOSUL pormeio da Resoluçao N° 15/99 de 9 de marco de1999 e nessa mesma data foram aprovados oseu Regulamento Interno, o das CornissöesNacionais, as propostas metodológicas e deprocedimentos sobre a elaboracao dememórias e os formulários das memórias.Ficou previsto para o ano de 2001 o exame dostemas referentes a trabaiho infantil e demenores, promocão de igualdade entremulheres e homens, diálogo social, fomento deemprego e formaçao profissional.

G. 0 Acordo de CooperacãoLaboral da America do Norte

0 Tratado de Livre Comércio da Americado Norte, também conhecido pelas siglas“TLCAN” ou “NAFTA”, foi negociado em1992 e finalmente aprovado corn mais doisacordos firmados em paralelo, urn sobrecooperacão ambiental e outro sobrecooperacão laboral. 0 Acordo de Cooperacao

Laboral foi subscrito em 14 de setembro de1993. Os três acordos entrararn em vigor emprirneiro de janeiro de 1994.

A reocupacão subjacente dos EstadosUnidos’ e também do Canada se centrava emque os baixos niveis normativos e defiscalizaçao do cumprimento das leistrabaihistas, em palses de menordesenvolvimento, poderiam impulsionar fortesincentivos para mudança do investimento paraesses paIses, corn menores salários, sindicatosmais frageis e corn menor regulação. Asnegociaçöes finais foram tensas corn oMexico. especialmente em torno das questoestrabaihistas, onde discussöes e negociacöes sedesdobraram no referido Acordo Paralelo.’7

A partir do Preâmbulo do Acordo, osGovernos dos três palses ressaltarn adeterminaçao de “proteger, ampliar e tornarefetivos os direitos básicos dos trabaihadores”,afirmarn “seu respeito permanente pelaConstituicao e a legislacao de cada Parte”,reconhecem “que a proteçao dos direitosbásicos dos trabaihadores propiciará aadocao de estrategias competitivas de altaprodutividade nas empresas”, e se declararn“Decididos a promover, no marco das suaspróprias leis, o desenvolvimento econômicocorn base nos altos nIveis de capacitaçao eprodutividade da America do Norte, mediante:

(...) o estImulo aos patröes e aos trabaihadoresem cada pals, a cumprir a legislaçao trabaihistae a trabalhar conjuntamente para manter urnambiente de trabaiho progressista, justo,seguro e saudável.”

O texto, propriamente dito, do Acordo,dentro dos objetivos definidos no Artigo 10,

letra f, assim declara: “promover a observânciae a aplicacao efetiva da legislacao laboral decada uma das Partes;”e, na letra g, “promovera transparencia na administracao da legislaçaolaboral.”

O Artigo 30 estabeleceu compromissosconcretos que as partes deverão adotar nesseAcordo sobre “Medidas governamentais para a

aplicacao efetiva da legislaçao laboral”.Menciona este Artigo: “1. Cada uma dasPartes promoverá a observância de sualegislacao laboral e a aplicará efetivamenteatravés de medidas governarnentais adequadas,tais corno: a) nomear e capacitar Inspetores;b) vigiar o cumprimento das leis e investigarpossIveis violacoes, inclusive mediante visitas‘in loco’; c) buscar obter compromisso decumprirnento voluntário; d) requisitar registrose relatórios; e) estimular o estabelecimento decomissöes obreiro-patronais para tratar daregularnentacão laboral no local de trabalho;f’) prover e estimular o uso de serviços demediacao, conciliacao e arbitragem, ou;g) iniciar de maneira oportuna procedimentospara procurar sancoes ou solucoes adequadaspor violaçoes a sua legislacao laboral.2. Cada uma das partes garantirá quesuas autoridades competentes outorguem adevida consideracao, de acordo corn sualegislacao, a qualquer solicitacäo dospatroes, dos trabalhadores ou de seus

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representantes, assim como de outrosinteressados para que se investigue qualquerpossIvel violação a legislacao laboral daParte”.

Adicionaimente, em seus Artigos 40, 50 e6°, o Acordo consagra algumas garantiasbásicas como o acesso das panes aosprocedimentos administrativos, judiciais ouextrajudiciais, garantias processuais de dadoprocesso e amplas medidas de publicidade,sobre atos administrativos ou legislacao tantosobre aspectos trabaihistas como deprocedimentos.

Para os efeitos da implementaçao doacordo ficou estabelecida uma Cornissão paraa Cooperacão Laboral integrada por urnConseiho Ministerial e urn Secretariado.Complementarmente foram criadas OficinasAdministrativas Nacionais em cada uma dasPartes para colaborar corn a Cornissão. Dentrodas funcoes do Conselho, o Artigo 10°menciona: “h) promover a recompilacao e apublicacAo de informacao comparativa sobre aaplicacão das leis, as normas do trabaiho e osindicadores do mercado laboral”.

Desse modo se revela que a linha centraladotada pelo acordo estabelece o compromissodas panes em cumprir corn sua próprialegislacao e normas trabaihistas, e ocompromisso das adrninistracoes de velar pelorespeito de tais normas, implementandomecanismos eficientes para esse objetivo.Ainda que não mencione explicitamente ainspecao do trabalho, nao ha düvida de que areferência básica é a essa funcao e aoorganismo que a mantém.

Cabe acrescentar que o Acordo contemplaurn Anexo sobre “PrincIpios Laborais” quetrata de onze linhas que as partes secomprometem a promover de acordo corn ascondicoes estabelecidas em sua legislacaointerna, referentes a: Liberdade de associaçaoe protecäo do direito de organizar-se; Direito anegociacäo coletiva; Direito de greve;Proibicao do trabaiho forcado; Restricao sobreO trabaiho de menores; Condicöes rnInimas detrabaiho; Eliminacao da discriminacao noemprego; Salário igual para homens emuiheres; Prevencao de lesöes e enfermidadesocupacionais; Indenizaçao nos casos de lesöesde trabaiho ou enferrnidades ocupacionais, e;Protecao dos trabaihadores rnigratórios.

A quarta pane do Acordo estabelecediferentes formas de iniciar a interpretacao eaplicacao do mesmo, considerando emprimeiro lugar as consultas que podem referirse a legislaçao laboral e a administraçao,implicando que a OAN, quando consultada,deverá responder sem dernora (Artigo 21). Poroutro lado o Artigo 22, refere-se as consultasministeriais que podem versar sobre “qualquerassunto no âmbito deste acordo”.

Quando urn caso não é solucionado apósas consultas rninisteriais e, se este caso estárelacionado corn o comércio e se encontraamparado por leis trabaihistas mutuarnentereconhecidas, pode-se convocar urn ComitéAvaliador de Peritos, a quem se encornendaurn relatório que será submetido ao Conseiho.

0 Acordo rnenciona na quinta pane, sob otItulo de “Solucao de controvérsias”, urnmecanismo de consultas escritas acerca dereiteradas omissöes da outra Pane na aplicacaoefetiva de normas relacionadas corn o temageral tratado no relatdrio do Comitê Avaliadorde Peritos. Esse rnecanismo so é válido nocaso de se tratar da aplicacão das normastécnicas trabaihistas de urna Pane em matériade: seguranca e higiene no trabaiho, trabaihode menores ou salários mInirnos (Artigo 27ponto 1). Caso esse processo de consultas naosolucione o caso, abre-se o mecanismo dedenüncias mencionado no Artigo 28, que podedar origem a formaçao de urn paine]arbitral. Se, depois de todos os trâmitesrnencionados no acordo, ficar comprovadoter havido, efetivamente, urn padraopersistente de descurnprimento sobre asmatérias mencionadas, o Paine! ordenará que orelatOrio se cumpra e que a Pane dernandadapague urna contribuiçao rnonetária em favor deurn fundo estabelecido em norne da Cornissãopelo Conseiho, o que se utilizará “parameihorar ou fortalecer a aplicacao dalegislacao laboral da Parte demandada, emconformidade corn o seu direito” (Anexo N°39 “contribuicoes rnonetárias”, N° 3).Fina!mente, de acordo corn o Artigo 41, se areferida contribuicão monetária não for pagadentro dos prazos respectivos, as Panesreclamantes poderão suspender, da Panedemandada, os benefIcios decorrentes do TLC,num montante nunca superior ao necessáriopara cobrar a contribuiçao monetária (Artigo41).

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Do exposto se observa a crescenteimportância que adquirern os mecanismosdestinados a verificacão do cumprimento dalegislação laboral, nos quais a inspecão dotrabaiho ocupa urn papel central e por issomesmo flea submetida a urn atento e, as vezes,mu ito crItico exarne internacional.18

Por ditirno, cabe lernbrar que existe urnAcordo similar subscrito entre Canada e Chile,firmado em 6 de fevereiro de 1997, emOttawa, Canada, no qual os sisternas deinspecão do trabaiho forarn tratados cornênfase especial nos programas de cooperaçãoefetuados entre os dois palses.

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Parte II

A INsPEcAo DO TRABALHO. CONTEUDO BASICO

A. Administracao e Inspecãodo Trabaiho

A Convenção N° 150 sobre aAdrninistração do trabaiho, encargos, funcoese organizacão de 1978, da OrganizacaoInternacional do Trabaiho, OIT, assim como aRecomendacao N° 158, são instrumentosinternacionais que estabelecem urn marcoinstitucional para a Administracão do trabaiho.Oferecem as bases orientadoras para aelaboracão, aplicaçao, coordenacao, controle eavaliacao da poiftica nacional do trabaiho.Constituem suas principais esferas deatividades: normas trabaihistas, emprego,investigacão laboral e relacoes de trabaiho.

De acordo corn o Artigo 1° da ConvencaoN° 150, “a expressão ‘Administracão detrabaiho’ compreende todos os órgãos daadministracão püblica — sejam departamentosdos ministérios ou organismos püblicos,inclusive os organismos paraestatais eregionais ou locais, ou qualquer outra forma deadministracao descentralizada — responsáveisou encarregados da Administracão do trabalho,assim como toda estrutura institucional para acoordenacão das atividades desses órgãos epara a consulta e participacao dosempregadores e dos trabaihadores e de suasorganizacöes”. Desse modo, urn dos camposde acão da Administracão do trabaiho econstitufdo pela inspecão do trabaiho, cujoobjeto, por estar tratado na Convencao N° 81não conta corn referência expressa naConvencãoN° 150.

Desse modo distinguem-se claramente osobjetos das diferentes funcoes daadministracao, ao mesrno tempo em que sepercebe o seu caráter complernentar,caracteristica que tern conquistado urn espacocada vez major na nova concepcão do trabaihoem rede e corn os sisternas de planejarnentoestrategico.

Se é certo que, em seu inIcio, as normassobre Administracão do trabaiho se centravamno âmbito do cumprimento da Lei, cada vezmais se constata urn novo enfoque, em que aAdministracão do trabaiho, corno urn

conj unto, enfrenta os desafios do crescimentoeconômico e do desenvolvimento social, cornoelementos indissociáveis. A Convençao N150 reflete essas novas prcocupacoes, quetendem a outorgar novas responsabilidades aosMinistérios do Trabaiho. E possivel queresulte dessa idéia o fato de vários Ministériosdo Trabaiho terem se tornado titulares dosproblemas de emprego, temas que antesficavam, gerairnente, a cargo exciusivamentede rninistérios da area econômica. Tambérnvale assinalar o aparecimento de Ministériosde Desenvolvimento de Recursos Humanos,como é o caso do Canada, que envolve umafilosofia e urna abordagern claramentediferenciadas do tradicional papel limitado aoconflito laboral que prevalecia inicialmente.

Os fatores que impulsionarn essa novaadministração laboral, são as profundasmudancas que a atividade hurnana estáexperirnentando, corn relacão ao modelorevisto das antigas funcoes do Estadoplanejador e regulador.

Urn recente estudo da OTT, dirigido porNorrnand Lecuyer’9 destaca corno urn doselernentos dessa realidade em rnutacão, opapel repensado do Estado, corn umaparadoxal ampliacão do seu papel nos nIveisde protecão do cidadão em carnpos tais como:a protecão do consumidor, do rneio ambiente ede direitos trabaihistas, tendo comocontrapartida urn gradativo aumento dosgastos püblicos. Agrega-se ainda, a crescenteexigência de avaliação de resultados(planejamento por objetivos) e de urnaorientacão aos usuários dos diferentessisternas. 0 autor faz tarnbém referências asmudancas por que passarn os atores sociais,corn novas categorias de trabaihadores e novasformas de ernprego, novo tipo de ernpresas,importância crescente dos niveis de educacao ede inforrnação, ou seja, tudo que leva anecessidade de se contar corn novosfuncionários da Administração do trabalho,capazes de enfrentar estes novos desafios:serem protagonistas do desenvolvimentonacional e enfrentarem os problernas quepodem frear ou paralisar o desenvolvirnento.

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B Funcoes da Inspecão do Trabaiho

No âmbito normativo especIfico daInspecão do Trabaiho, a Convencao N° 81descreve quais suas funçOes, configurando suamissão:- Velar pelo cumprimento das disposicoeslegais relativas as condicoes de trabaiho eprotecão dos trabaihadores no exercicio de suaprofissão, tais como as disposicoes sobre ashoras de trabaiho, salários, seguranca, higienee bem-estar, emprego de menores e dernaisdisposicöes afins.- Facilitar inforrnacao técnica e orientar osempregadores e trabaihadores sobre a maneiramais efetiva de cumprir as disposicoes legais.- Levar ao conhecimento da autoridadecompetente as deficiências ou os abusos quenao estejam especificamente cobertos pelasdisposicöes legais existentes.

Portanto, observa-se que não ficararnincluldas as normas cujo conteddo considere otrabaihador fora de seu local ou jornada detrabaiho ou que regule questoes que nao sejamoriginadas pelo trabaiho e seu regime deprotecão.

Cabe também mencionar que o Artigo 27da Convençao esclarece que a expressão“disposicoes legais” inclui, além da legislacao,os laudos arbitrais e os contratos coletivos, aosquais se confere forca de lei e por cujo

cumprimento cuidam os Inspetores doTrabalho.

A amplitude dessa missäo varia entre ospafses, segundo a natureza da legislacao dotrabalho de cada um, segundo a extensão dacompetência que tenharn os Inspetores e ocampo de aplicacao do sistema.

Conforme urn estudo de Benadon2° hapalses corno o Canada ou o Chile queoutorgarn a inspecao do trabaiho uma amplaprerrogativa como agente para a promocão dapaz nas relacoes industriais, corn o encargo defarniliarizar ernpregadores e trabaihadores corna legislacao do trabaiho, explicar seusdispositivos e prevenir conflitos, intervindocorno mediadores e, corn isso assurnindo urnaautoridade de protecao dos representantes daspartes.

No caso da Argentina, urna legislacãoeditada em junho de 199621 que introduziu osisterna integrado de inspeção do trabaiho eseguridade social, cornposta de instituicöesfederais e provinciais, dispöe que a inspecão

do trabaiho deve velar pelo respeito dasnormas internacionais do trabalho. 0 Uruguaitambérn contempla, entre suas funcöes, aaplicaçao dessas Convencoes.

No caso do Mexico, existe apenas umaLei Federal do Trabalho, ditada peloCongresso da União, que se aplica em todo opals em trinta e três jurisdicoes, de maneiracornpartilhada entre os trinta e urn Estados urnDistrito Federal (situado na Cidade doMexico) e a Federacao ou Governo Federal,cabendo a este, por exceção, a jurisdicao sobreas atividades industriais, servicos de relevânciade caráter nacional assirn corno certas matériasfederais como capacitacao e urna aplicacão,compartilhada corn os Estados, em matéria dehigiene e seguranca ocupacional.2Urn recenteRegulamento Geral para a lnspecão eAplicaçao de SancOes por Violacoes aLegislacao Laboral, de 6 de julho de 1998,regula os procedirnentos e sancOes de maneirauniforme para todo o pals, evitando adispersäo normativa existente ate aquela data.Adicionalmente e de forrna a atender aautonomia das Entidades Federativas, oGoverno Federal Mexicano subscreveu, corntodos e cada urn de seus Estados federados,convênios de coordenacao sobre a inspecaodo trabalho no intuito de uniformizarprocedirnentos e estratégias de inspecão sobreseguranca e higiene, capacitacão eadestrarnento e trabaiho de menores, cornotambém para a obtencao de inforrnacoesrelativas a cobranca de multas em caso dedescurnprirnento.

Charna tambérn atenção, no caso daArgentina, o nürnero de acordos firmadosentre os atores sociais corn disposicoesrelativas a prevencao. Para esse firn foi criadourn prograrna no âmbito provincial, cornobjetivos, métodos e parcerias para alcancarrnetas preventivas, utilizando-se a negociacaocoletiva corno procedirnento habitual, paraadaptar as condicoes de trabaiho e emprego asrnudancas introduzidas no sistema deproducao.

No caso do Chile, foi introduzido urnprocedimento administrativo de conciliacaopara conflitos individuais de trabalho, quetern urna grande aceitacao por parte dasociedade. Igual procedirnento tambérn seobserva no Peru,

No Canada, as atividades de inspecao sedividem em quatro categorias: A super

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vigilância das disposicoes legais; ainformaçao, orientaçoes e comunicaçöes; autilização de todos os meios possfveis paraevitar conflitos e. finalmente, a participacaoem comissOes tripartites para a prevencao C

soiucao de conflito em três niveis, empresa,ramo ou setor de atividade e nacional.

Os Inspetores podern também receberinstrucoes da autoridade central para atuar cornplenas faculdades em qualquer lugar doterritório do pals. mediante atosadministrativos pertinentes, em caso dedeslocamento para lugares distintos dos quenormalmente cobrem (Brasil, Chile eUruguai). Em outros palses se definemcompetencias compartilhadas de âmbitosfederal, provincial ou estadual, casos em queas faculdades atribuIdas aos Inspetores denIvel federal ficam restritas as matérias e tipode empresas que fazem parte da competênciafederal (Argentina, Canada, Mexico) em queas Provincias ou Estados detêm as restantes.

Especificamente no caso do Canada, estãosujeitos a jurisdiçao federal os trabaihos, asobras e as empresas que excedam oslimites de uma provincia, passando para urnnfvel interprovincial ou internacional. Dessemodo, se reconhecem como empregadores dejurisdicao federal, aqueles das empresasferroviárias, transporte rodoviário, gasodutos eoleodutos, canais, barragens, tüneis epontes, telefonia, telegrafia e sistemas decabos, embarque e navegacäo, radio etelevisão, transporte aéreo, aeroportos eaeródromos e servicos e bancos. Considera-se,adicionalmente, sujeitos a essa jurisdicao,mesmo quando estejam situados emprovIncias, os empregadores dedicados aextracão e enriquecimento de urânio,elevadores de grãos, moinhos de sementes ealimentos e determinadas estradas de ferro,comunidades indIgenas e corporaçöes daCorona, a Corporacao de Portos do Canada e oMuseu de Belas Artes do Canada.

Outro caso de pals corn estrutura federal éo da Argentina, onde sucessivas e recentesreformas buscararn uma major uniformidadede critérios através de urn Pacto Federal doTrabaiho destinado a assegurar a unidade e aseguranca jurIdica da Nacao em matérialaboral e unificar formas de sançöes dasinfracoes, entre outras disposicoes e de urnSistema Integrado de Inspecao do Trabalho e

da Seguridade Social, criados pelas leisN° 25.212 de 1999eN°25.250de2000.

Ao longo da história dessa instituicãoverificaram-se, corn relacäo as suas funcoes,dois estilos bipolares de inspecao: urn decaráter mais sancjonador das violacOes alegislacao trabaihista e outro de caráterpedagógico, em que o hspetor prestaorientacoes, propondo atitudes positivas,concedendo inclusive assessoria, orientadapara a conciliacão, em ocasiöes francamentehostis as sançöes.23

Urn terceiro enfoque dentre Os estilos jámencionados, sugere o equillbrio e o manejoadequado dos instrumentos de intervencãopedagdgica e um.a atitude sancionadora. Aproposito, Galin, nos aponta que, segundo aconcepcão cia Comissão de Peritos emAplicacao de Convencoes e Recomendacoesda Organizaçao Jnternacional do Trabaiho,existe complementaridade recIproca entre asfunçaes de assessoramento e punitiva, nosseguintes termos: “a funcão de assessoramentonão podera substituir a funcAo de controlealérn do limite que ponha em risco a perda detoda a forca de conviccao. Do estabelecimentode urn equilfbrio entre ambas funcOes,dependerá em grande medida o êxito da acãodos Servicos de Jnspecao. E importante, pois,que os agentes da inspecão näo privilegiemexageradamente sua função consultiva emdetrimento de sua funcao de controle. Suatarefa se facilitara quando o sistema desancöes adotado encontre-se eficazmenteestruturado ,,24

A funcao de controle resume o papelessencial de urn Inspetor. Alguns a encararncomo uma funcAo fundamentalmenterepressiva e policialesca. Scm düvida. se ternentendido que esta função não constitui umameta em Si mesma, e sim, urn meio para ocumprimento de urn objetivo major: Velar pelocumprimento da legislacao. Considera-seassim, que o controle ou uma atividaderepressiva tern mais o sentido de instrumentopara obter uma determinada conduta orientadapara a prevençäo, (rnediante a observacaodiscussão e promoção das disposicoesprotetoras cia legislacao). Nas diversassituaçöes o Inspetor poderá recorrer asinstruçöes formais ou sancoes adequadas agravidade do caso concreto, que, em ültimocaso, também tern uma funçao pedagogicatanto para os envolvidos como para terceiros.

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No caso do Canada, o Ministério deDesenvolvirnento dos Recursos Humanos ternse esforcado por garantir que o cumprirnentodas normas seja voluntário e o Mexico adotafundamentalmente, urn critério pedagógico.Não obstante, os mais diversos paIses mantémurn sisterna de atendimento oriundo dedenüncias e reclamacOes que Ihes sãoapresentadas e adotarn pianos programados ouvisitas de ofIcios. No caso do - Brasil. aSecretaria de Jnspeçao do Trabaiho2Dmencionaque: “0 objetivo central é encontraralternativas para a regularizacão. Isso não querdizer que, necessariamente, devamos dirigirtoda a solucão para a negociacão. Como jádisse, é apenas urna alternativa se assimentende a fiscaiizacao(...) Temos que atuarcorn vigor enquanto guardiöes dos direitos dotrabaiho, bern como corn habilidade,serenidade, em busca da regularizacao”.

Muito se tern insistido que deveria serenfatizado o caráter preventivo da inspecão,26em contraposicão a sua funçao de velar pelaaplicacao da Lei. Jean Courdouan27 reflexiona,

todavia, que não existe contraposicao entreessas duas formas já que a Lei foi escrita paraque não existam riscos ou conseqüênciasnefastas no trabaiho, o que, por definicao, étambém, o objetivo da prevencão.

A distincao parece estar na ênfase postaentre atividades preventivas e reativas, de ondeefetivamente a prevencao ocupa a rnaiorimportância no afa de evitar danos ou perigos.Esse enfoque de antecipacão deveria ser cadavez mais importante na medida em que ocâmbio tecnológico e a modernizacao dosprocessos produtivos introduzem novos riscos,tornando indispensável desencadear processosde rnaior aproveitarnento na capacitacão dostrabaihadores e na prevencAo de riscostrabaihistas.

Na perspectiva acima indicada, torna-seimportante uma visão estratégica de inspecão,já que uma politica de prevençao exige maisde que urn simples trabaiho rotineiro ou uma

simples programacão de visitas.28 Requermobilizar os atores sociais e prover urna majorinformacão, urna tarefa de convencirnentosobre a razão de ser das disposicoes iegajs,particuiarrnente aqueias disposicoes queregulamentam saüde e seguranca do trabaiho epropostas adaptadas a cada realidade cornomodo de acao, o que certamente resulta num

dificil empreendimento, particularmentequando se conta corn rneios lirnitados.

As visitas aos estabelecirnentos sãoessenciais para o controle. 0 Inspetor terncomo centro de suas atividades aquele onde serealiza o trabaiho: As ernpresas, canteiros deobras ou tarefas e escritórios. Por isso éimportante manter urn padrao de nérnero devisitas. do ternpo destinado a elas, dadistribuicao dessas visitas POT categoria deernpresas, dos pianos de visitas, doacornpanharnento, dos relatórios e das sancöescorrespondentes. A frequencia das inspecöesde acordo corn a Convencao N° 81 será “corntanta frequencia e atencao quanto sejanecessário”, o que certamente dependerá emcada caso das possibilidades humanas ematerials para realizá-las.

Nessas visitas é possfvel, através dasinformacoes documentais, comparar as versöesdos empregadores corn a dos trabaihadores eseus respectivos representantes. Urn Inspetorpode, desde logo, atuar em conj unto cornoutros agentes ou organizacOes, especialmentede caráter técnico, de maneira a assegurar urnservico de controle de major eficiência. Aslegislacoes em gerai contemplarn essasfunçoes dando faculdade aos Inspetores paraatuar de ofIcio ou mediante denéncias oureclarnacoes. A redacão dessas facuidadesapresenta formulas similares, é o caso da CostaRica em recente “Regulamento daOrganizacao e Servicos da Jnspecão doTrabaiho”, Decreto N° 28578-MTSS de2 1/03/2000, em seu CapItulo X, acerca das“Funcoes, competencias, atribuicoes eproibicoes dos Inspetores do Trabalho”, Artigo24 que estabelece: “Visitar os centros detrabalho, de qualquer natureza, em horasdiurnas ou noturnas, segundo se requeira paraverificar o curnprimento das normas relativasas condicaes salariais, de trabaiho e seguridadesocial. Em particular, velarão para que seacatern as disposiçoes legais e regulamentaressobre sadde ocupacional e prevencão de riscosde trabalho”.

0 controie está estreitamente vinculado asatividades de informacão e assessoramentoque normalmente ocorrern durante as visitas,cujo objetivo especifico é “indicar a rnaneiramais efetiva de cumprir as disposicoes legais”,conforme a Convencao N° 81, Artigo 10. Scmembargo, deve-se complernentar essa idéia

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corn aquela contida no Artigo 17, N° 2: “OsInspetores do Trabaiho terão a faculdadediscricionária de advertir e de aconselhar,antes de iniciar ou recomendar urnprocedimento”.

Relatdrios da OTT29 demonstrarn que osmodelos de inspecão apresentam muitasdiferenças. Distinguindo três, o prirneirocaracterizado por urn modelo generalista queabarcaria funçoes de segurança e sadde dostrabaihadores, condiçoes de trabaiho (corninclusão de trabaiho de menores e muiheres),duracao de trabaiho e remuneraçöes. Cornfrequencia também se exerce controle nasrelacoes individuais e coletivas de trabaiho,emprego e forrnaçao profissional e seguridadesocial, Esse tipo de inspecäo, centrada noconhecimento de leis e regularmentos, valorizamais a aplicacao das decisöes administrativasque a assessoria ou a orientacao aos atores. 0modo de organização geográfica tern cornobase urna instituicão central da administracaodo trabaiho.

Urn segundo tipo de sisterna, caracterizase pela presenca de várias inspecoesespecializadas. Os servicos de seguranca esaüde algumas vezes intervérn ern ternasrelacionados corn a duracao de trabaiho. OsInspetores são especialistas e ern geralprivilegiarn o assessoramento e a informaçãoern detrimento das decisöes administrativas.Menciona-se a Argentina dentro dessacategoria.

Urn terceiro sistema é descrito comoaquele organizado corn equipesrnultidisciplinares, que tern por base promovera seguranca e a saüde no trabaiho que, via deregra, se transforrna ern sua missão quaseexciusiva. A competéncia sobre condicoes detrabaiho fica limitada a aspectos muitoespecIficos (trabaiho de rnenores, protecão amaternidade, aprendizagern e discriminacao).Esse rnodelo prirna pela concertação e oassessorarnento técnico, as decisöes jurIdicasaparecern sornente em caso de resistênciamanifesta. 0 modelo repousa naresponsabilidade dos atores sociais e contamuitas vezes, corn urna autoridade central decaráter tripartite.

0 Artigo 3.1.a) da Convencao N° 81 daOTT permite de alguma forma o debate e ainterpretacão sobre as funcoes da inspecão aocitar as areas temáticas nAo taxativasacrescentando “na rnedida em que os

Inspetores do Trabaiho estejam encarregadosde velar pelo cumprimento de referidasdisposicoes”, o que tern levado a controvérsiasno sentido de que toda a legislaçaosociolaboral deveria ou poderia ser controladapela inspeçao do trabaiho (interpretaçaoarnpla). Por outro lado. a interpretacão restritareduz o campo de atuacao do que estáestabelecido no Artigo 3.1.a) ja citado. Assimsendo, observa-se que existem paises em queos Inspetores tern cornpetência geral e abarcamtodas as condicoes e rneio-ambiente detrabaiho (Uruguai e Brasil), e outros que sopermitem certos aspectos de seguranca ehigiene aos seus Inspetores do Trabalho,conferindo faculdades a outros serviços einspecOes (Chile).

Cabe destacar, em todo caso, que haInspetores que dedicarn a maior parte de seutempo a trabaihos de natureza educativa, dedifusão corn empregadores e organizaçoes detrabaihadores e obtêrn os melhores resultadosno sentido de garantir a seguranca ao explicaras exigências legais, corno ocorre nos

Estados Unidos, especialmente na atividademineradora.3°

A inforrnação e a assessoria podemocorrer seja durante as visitas a empresas,corno nos escritOrios da inspecão ou em outroslugares ou eventos. 0 hispetor do trabalho seye, na pratica, obrigado a explicar as razöestécnicas da legislaçao, a conveniência deadotar medidas de seguranca, corn opiniöes eexemplos, o que pode ocorrer quando oInspetor se desloca ao estabelecirnento, comotambérn em seu próprio local de trabalho, quedeve ser acessivel a todos que tenharn dOvidasou reclarnacoes devendo sempre ser indicada arnelhor maneira de se fazer cumprir as normaslegais. E, certarnente, cornpatIvel corn essafuncão, a instalação de centros de atencao aopüblico (Estados Unidos). Tsso resulta maisadequado para a otirnizacão e a racionalizacãodo tempo de trabalho do Inspetor, que pode,dessa forma, realizar uma adequadaprogramacão do seu trabaiho. Palestras,exposicöes, cursos, oficinas, são, certamente,atividades que podem reforçar essa iniciativade inforrnaçao e assessoramento. A essatendência de utilizar formas pedagogicas, seatribui o condão de construir uma inteligenciasobre as leis e regularnentos do trabalho.

A disseminacao das normas trabalhistas,especialmente sua utilidade, pode revelar-se

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muito importante para atender o frequentedesconhecirnento da legislaçao social,particularmente quando esta é muito detaihadaou densa, deficiência apontada em recenterelatório do Banco Mundial, que destaca a

cumprirnento de mirnicias regulatórias para adifusão de informaçao massiva na busca denovas bases de auto-regulaçao.3’

A informacao prestada pela Inspecao doTrabaiho não exclui, certamente, apossibilidade que os próprios atores sociaispara desenvolver outros mecanismos corn essefirn, seja ern conjunto ou em atividadesseparadas ou corn entidades especializadas.

Cabe tarnbérn enfatizar que os ministériospodern desenvolver prograrnas de majorintensidade ou importância, de acordo cornparâmetros de gravidade dos direitosenvolvidos, como no caso dos direitostrabaihistas fundarnentais. Ou ainda, em ternasdefinidos como prioritários em determinadoscontextos, para atender necessidades nacionaisincluldas em urn planejamento de majorenvergadura. Que podern ser potencializadosse acompanhados corn atividades de difusão.

Algurnas administraçóes assurnern essatarefa de difusão da norma trabaihista comorneio de prevençäo de conflitos. Muitos paIsescorneçararn a desenvolver essas atividadesatravés de páginas da web, atendirnentostelefônicos corn oferta de servicos, de normaslegais, de decisöcs adrninistrativas e outrasinfonnacoes. Proporcionarn esses serviços,paIses corno Argentina, Brasil, Canada, Chile,Colombia, Estados Unidos, Mexico, Peru eUruguai, corn inforrnacao diana para opdblico.32

A Costa Rica oferece, igualmente, umaarnpla garna de servicos de divulgacão dalegislacão trabalbista. De acordo corn a LeiOrganica do Ministério do Trabalho eSeguridade Social, N° 1860 de 21/04/1955,alterada pelas leis Ns° 3095 de 18/02/1963,N° 4076 de 06/02/1968 e N° 4179 de22/08/1968, o trabaiho de promover a difusãode obrigacoes trabaihistas a populacão éiniciativa do ministério, coordenada corn seus

departamentos, secOcs c oficinas, funcao quese encontra cornpletamente distribulda deacordo corn a cornpetência de cadaurn desses setores. Os objetivos e asmedidas especIficas de divulgacao SO Os

seguintes: Prevenir conflitos entretrabaihadores e empregadores rnedianteorientacao, assessoramento e capacitação dosempregadores e trabaihadores, bern corno assuas respectivas organizaçOes no que se referea seus direitos e obrigacaes (Direcao Nacionalde Inspecão); assessorar e aconseiharempregadores e trabaihadores sobre a naturezaefeitos e vantagens dos diversos regimessalariais (Depto. Salários); inforrnativos(Secretaria Major); dirigir e manter urnarevista de publicacao periódica sobreinforrnacao social denominada “RevistaJurisprudência Laboral”; carnpanhas dedivulgacao e orientacao de prevençäo deacidentes do trabaiho através dos rneios decomunicação (Conseiho de Saüde Ocupacionalarticulado corn a Caixa de Seguro, o InstitutoNacional de Seguros e o Ministério da Saüde),e, finalrnente; atividade do Conseiho Superiordo Trabaiho que emite inforrnacoes deacordos, entre os quais destaca Acordo 40 querefere-se a “Liberdade Sindical” estabelecendopara as panes (Trabaihadores, Empregadores eGovernos) a realização de urn processo dedivulgacao da legislacao trabaihista nacional.

Dentro das funcöes da inspecão, podernosdestacar aquelas desernpenhadas pelosInspetores do Canada (nIvel federal) sobreinspecOes relativas a seguranca, especialmentena prevencao de incêndios, que obviarnenteem paIses desenvolvidos podern terconsequências imprevisIveis, sobretudo emambientes corn produtos qufmicos, florestas,ou outros estabelecimentos ou locaissemeihantes.

Mesmo nao sendo proibido aos Inspetoresrealizar outras funcoes, as Convencoes N° 81(Art. 3.2) e N° 129 (Art. 6.3) coincidern emestabelecer que “nenhurna outra funcäo que seexija aos Inspetores do Trabalho(...) deveráentorpecer o cumprirnento efetivo de suasfuncoes principais ou prejudicar (ou reduzir dealguma maneira) a autoridade e imparcialidadeque Os Inspetores necessitarn em suas reacöescorn os ernpregadores e os trabalhadores.”

Essa restricao é bastante óbvia. Caso osInspetores recebam outros tipos de encargosque não sejarn aqueles previarnente indicados,

Americamercadoregulado,sugerindoassegurarSegundodeveriam

Latina corno uma região onde ode trabalho, ainda quc forternentefaiha na protecao dos trabaihadores,a simplificação da legislacao paraseu cumprimento corn realisrno.o citado banco, os ministériossair das buscas irrealistas de

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será difIcil que possam cumpri-los junto corn acarga de trabaiho normal. Entretanto, comoveremos de forma cada vez mais crescente,aparecem funçöes a ser desempenhadas pelosInspetores, e estas se definem emplanejamento estrategico e em pianos de acãoque nao considerarn os meios de otimizar suaatividade.

C. Organizaçao, funcionamento,composicão e faculdades dos

Serviços de Inspecão

Dentro dos aspectos estratégicos cabemencionar a organizacão do sistema, o quedeve ser compatIvel corn as funçóes primáriasda inspecão, de forma a atender ao majornümero possIvel de trabaihadores e setores daeconomia. A organização dos Serviços deInspecão deve ficar sob a depcndência daautoridade central e cooperar corn outrosservicos püblicos ou privados, assirn comoempregadores e trabaihadores e suasorganizacöes.

0 quadro de pessoal deve ser compostopor funcionários püblicos que tenharn garantiade estabilidade em seus respectivos estatutosorgânicos e assegurada a sua independênciapara atuar em caso de mudancas de governo ediante de qualquer outra interferência extema.A seleçao desse pessoal deve ser feita dentrode critérios técnicos. Quando selecionados,devern receber informacão técnica adequada egarantir a eficiência através da colaboracao deperitos e técnicos qualificados. Deve aindacontar corn urn némero suficiente deInspetores, especialmente de campo outerreno, deve contar corn meios materiaisadequados para a função de inspecão, assimcomo corn facilidades de transporte,garantindo-se os gastos necessários para ocumprirnento de suas rnissöes.

Numerosos pafses da Regiao contam cornpessoal de fiscalizacao estável, porém haoutros que tai estabilidade inexiste. Isso, anosso ver constitui urn problerna básico tantopara o born funcionamento da instituicaoquanto para a sua modernizacao, urna vez queos Inspetores ficarn passIveis de ser rernovidosa qualquer mornento ou podem ter afetada suaindependência e critério, o que dificultatambém o desenvolvirnento de poilticas deforrnacao e capacitacão destinadas a pessoal de

caráter transitório. Acrescente-se, quepoderiam ser estudadas formas de incentivospara que os Inspetores e funcionáriosqualificados não migrem para outros setores.

Vale lembrar que as faculdadesconcebidas pela Convençao N° 81 sãogeralmente acoihidas pelas diversaslegislacoes, mesmo em palses que nAo hajamratificado a Convenção (casos de Chile eMexico).33 No caso. as legislacoes incluem opoder de livre acesso, de dia ou de noite, nosestabelecimentos submetidos a inspecao, poderpara entrar em qualquer lugar quando tenharnurn motivo razoável para supor que estásujeito a inspeção; realizar exarnes, inspecoesou pesquisas, interrogar empregadoressozinhos ou corn presenca de testernunhas;solicitar da empresa, livros, registros oudocumentos que a lei ordena confeccionar eapreender arnostras de matérias ou substânciasutilizadas. Tambérn ihes é dada a faculdade detomar medidas que garantarn a salvaguarda dasadde e da seguranca dos trabaihadores,ordenar para que, em prazo determinado,sejam feitas as correcöes necessá.rias einclusive tomar medidas em casos de perigoirninente.

Numerosas legislacoes conferern aosInspetores faculdades de interditar e inclusiveernbargar obras ou servicos, especialrnente emcaso de perigo para a vida ou seguranca daspessoas. E o caso da Argentina34 e do Chile,35entre outros.

No caso do Canada, devemos assinalarque o próprio trabaihador tern o direito de serecusar a trabaihar caso tenha motivosrazoáveis para pensar que está exposto (otrabalhador e/ou outra pessoa) a perigos.Entretanto, fica irnpedido de exercer essedireito quando essa prática ponha em perigo asaüde ou a seguranca de outra pessoa, ouquando as condicoes de execucão de sua tarefasão normais para o tipo de trabalho queexecuta. Quando o trabalhador decide exerceresse direito, deve comunicar a seu superiorirnediato ou a seu ernpregador e justificar asrazöes da recusa, porérn, deve permanecerdisponIvel no local de trabaiho para executaroutras tarefas. 0 ernpregador deve, então,convocar representantes da comissão deprevencão, ou, na sua falta, urn representantesindical, ou, ainda, urn trabaihador designadopor quem alega ser o trabalho perigoso, paraexaminar a situacao e discutir as correcoes do

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caso. Não se chegando a urn acordo sobre aexistência do perigo ou sobre as retificacoesnecessárias, qualquer uma das panes podesolicitar a intervençao de urn Inspetor. o quetambém pode ocorrer se o trabaihador nãoficar satisfeito corn a solução a que chegaramseu representante e o empregador, Nesse casoo Inspetor deve definir o quanto antes se existeperigo. Sua decisão deve ser cumprida aindaque as partes nao estejam de acordo. Estadecisão poderá sofrer impugnação apresentadaas instâncias de Direcao. Nenhuma sancãopode ser imposta a urn trabaihador no caso emque este exerça o direito de recusa ao trabaiho,salvo no caso de atuacao abusiva, quando oonus da prova recai sobre o empregador.

A Convençao N° 81 também estabelece aobrigacao tern os empregadores de informar ainspecao do trabaiho os acidentes no trabaiho edoenças profissionais.

Como contrapartida de suas faculdades, oInspetor não deve ter interesse algum nasempresas sujeitas ao seu controle. Deveresguardar o sigilo diante das empresas no quese refere a procedimentos de fabricacao e decornércio. Igualmente está obrigado ao sigiloquanto a origem das denüncias, queixas ou

reclamacoes dos trabalhadores.Quanto ao poder de decisão do Inspetor, a

Convencao ihe outorga liberdade de decisão

no leque de possibilidades que se abre desde

advertir ou aconseihar ate recomendar o inIcio

de açOes judiciais. Existem diversos tipos desistemas atualmente em funcionamento. Entre

eles, os que permitem ao Inspetor prestarinstruçoes, aplicar multas, denunciar a outras

instâncias, informar aos tribunais ou informar

as autoridades superiores para que considerem

a aplicaçao de multas administrativas.Conforme a Convencão N° 81, também se

devem estabelecer sancoes para o caso deviolação das disposicoes legais vigentes e, emespecial, no caso de obstruçAo da acAo fiscal.

Os Inspetores devem apresentar relatórios

periOdicos a autoridade central que, por suavez, deverá publicar urn documento anualsobre esses temas corn as estatIsticas definidasna Convencao.

A RecomendacAo N° 81 sugere tambémevitar que os Inspetores tenham a funçao deconciliadores ou árbitros em conflitos laborais.

Quanto aos procedimentos, em muitosserviços, a atuacao de inspecao se faz, via deregra, mediante denncias (Canada e Uruguai),e outros o fazem de forma programada, emsetores pré-selecionados (Brasil, Chile,Estados Unidos). Os niveis de liberdade ouautonomia que detCm os Inspetores sãotarnbém diferentes. Vão desde aqueles nosquais Os Inspetores somente visitam Os lugares

que lhes são indicados como o caso doMexico, ate outros em que os Inspetores ternautonomia e competência geral sobredeterminadas areas geograficas ou setoriais(Brasil, Chile). Da mesma forma. denotam-sediferencas sobre o procedimento durante avisita. No caso do Uruguai o Inspetor autua e,se necessário, emite notificaçao pararegularizacao ou apresentacão de justificativa,no prazo que, em geral, é de trés dias üteis.Caso não se cumpra a notificacao e não seapresentern justificativas, emite-se despachocorn a sanção respectiva. Caso sejaapresentada a documentacao, o Inspetorencarregado e, posteriormente, a DivisãoJurIdica, qualificam o caso e a decisão queprocede, que passa a ser referendada peloInspetor Geral do Trabalho. A notificada podeinterpor recursos administrativos no prazo dedez dias.

0 procedimento anterior é similar aoutros existentes na Regiao. No caso do Chile,admite-se urn recurso judicial contra a decisãoque impOe uma multa. 0 recurso poderá serapresentado ao juiz do trabaiho que tambérnadota urn procedimento especial denominadoRecurso de Protecão, apresentado a urntribunal de hierarquia superior (Cone deApelacoes) quando se presume que existamviolacoes das garantias constitucionais.

Quanto aos procedimentos especiais.merece citar o caso de denüncias sobreviolacão de liberdade sindical no Uruguai, quese iniciam corn a respectiva denéncia da qualse dá vista (traslado) a empresa e, de suacontestacäo, se dá vista aos trabalhadores.Posteriormente, abre-se prazo paraapresentacao de prova testernunhal oudocumental, após o que, se toma uma decisão.Caso se conclua que houve violacao aliberdade sindical, se impOem multas. Essadecisão pode ser recorrida na esfera

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administrativa e, em sucessivo, na esferajudiciaL Outro procedimento similar é adotadonos casos de denüncia de assédio sexual.

D. Profassionalizacao.Carreira funcional

Urn dos elementos básicos de urn sistemade inspecao do trabaiho é garantir acompetência e eficiência de seus recursoshumanos. Por isso torna-se indispensávelestabelecer sistemas adequados de selecao depessoal, incorporando profissionais outécnicos muhidisciplinares de bons niveis, cornestudos compatIveis para desempenho dafisca1izacao em locais de trabalho, em quetodos os funcionários sejam admitidos atravésde concurso péblico, processo sobre o qualfaremos referências de vários pafses daRegião, como Canada. Chile, Brasil, Uruguaie, mais recentemente, Argentina e RepdblicaDominicana. No caso do Brasil, seusInspetores tern competencia federal,autoridade central e fazem parte do nücleoestratégico da Administracao Püblica Federal,sendo mantido urn grupo especifico demedicos e engenheiros para atender a area deseguranca e saüde do trabaiho. Este é tarnbérno caso do Uruguai, que conta corn pessoalespecializado em seguranca no trabaiho.

Essa concepcão tern que estarcomplementada corn adequados sistemas deformacao, capacitacão, atualizacao etreinamento sisternático para o desempenho desuas tarefas. No caso do Brasil, cabernencionar-se urn interesse na transforrnacaodo perfil da fiscalizacäo do trabalho,implementado através de urn projeto dirigido aestirnular o Inspetor para arnpliaçao de suaspráticas na busca de soluçoes para as infracoesda legislacao do trabalho, corn eficácia ecriatividade. 0 programa, realizadoconjuntarnente corn a Escola de AdministraçaoFazendária, conta corn urn conj unto de acöesque incluem capacitação, treinarnento,pesquisa, consultorias em procedimentos,formaçäo de equipes e desenvolvirnentogerencial destinado a dirigentes responsáveispelas atividades de inspecão, enfirn tudo o queevidencia uma estratégia voltada para enfatizaros aspectos da negociaçäo na atividadefiscalizadora objetivando a regularizacao desituaçöes irregulares.36

0 desenho das polIticas de capacitacãodos Inspetores deve ter corno objetivo habilitarpara garantir maior eficácia ao trabalho defiscalização e proporcionar ao Inspetorconhecirnentos e habilidades, formaçaosistemática e capacidade de adaptacao aocontexto.

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Parte III

A MODERNIZAcAO DA INSPEcAO DO TRABALHO

A. Elementos de diagnóstico

0 Diretor Geral da 01T37. descreve

sinteticamente. a conjuntura em que se

encontra a inspecão do trabaiho. “A rápida

evoluçao e as contfnuas inovacães que se

produzem no entorno laboral seguem

apresentando graves problemas em todas as

partes para as inspecöes do trabaiho. Ao

mesmo tempo, as inspecoes de trabaiho tern

sido submetidas as mesmas pressöes que

recaem sobre a administracao püblica em

geral. As limitacoes que sofrem se referem as

reducoes do gasto püblico, a tendência a uma

administracão püblica ajustada, aos apelos em

favor de uma major responsabilidade e

transparência e a descentralizaçäo das

responsabilidades. Em resposta a tudo isso, as

inspecöes do trabaiho tern sido obrigadas a

inovar e a buscar novas articulaçoes. 0

elemento chave para as respostas dadas pelas

inspecöes do trabalho, em muitos paIses, tern

sido o incremento de suas atividades de

prevencäo, em lugar do seu papel tradicional

de reacao aos acontecirnentos e de adotar

medidas após ocorridos os acidentes e as

infracöes a legislacao.Uma importante Reunião Tripartite

Latino-americana, sobre os Sisternas de

Inspecao de Trabaiho, celebrada no Panama

em novembro de 1998, a cargo da OIT,

oportunizou aos principais responsáveis

governamentais dos Servicos de Inspecao

assim como a uma importante representacao

de empregadores e de organizacöes sindicais,

fazer um amplo diagnostico desses servicos.Sobre a referida reunião, em seu relatório,

Daza sistematizou os principais fatores que

tern influldo na formacao e evolucao dos

sistemas de inspecão do trabaiho, identificando

os cinco mais importantes, a saber:

- A organizaçao e estrutura da

Adrninistracao do Estado: federal ou unitário;

Administraçao do trabaiho em urn ou vários

ministérios ou entidades administrativas;

órgãos ou agências.

- As normas laborais e suas fontes:

legislacao estatal e normas convencionais;

importância relativa da lei e das convencöes.0 sistema de relacoes do trabaiho:

organizacOes de empregadores e detrabaihadores de representação ampla oureduzida; sindicalizacao por empresa ou por

setores; nIveis da negociacão coletiva;

conteüdo da negociacão coletiva.- 0 sistema de solucao de conflitos:

procedimentos judiciais e extrajudiciais;

procedimentos admini strativos, procedimentos

tripartites e procedimentos bipartites.

- 0 sistema sancionador das infracoes as

normas do trabaiho: Tipificacao de infraçães e

sancöes; sancöes administrativas e sancöes

penais; iniciativa e poder sancionador.A partir das exposicöes dos representantes

governamentais se pôde perfilar a situacao da

inspecäo do trabaiho, nos seguintes termos:

- Quanto ao âmbito setorial e territorial:

Todos os paises dispaem de sistemas de

inspecAo que se ocupam de todos os setores

produtivos e aos quais se aplicam as normas

trabaihistas, excetuando os servicos não

comerciais da administracao pdblica. Por sua

vez, o setor agrIcola é considerado de difIcil

inspecão em quase todos os paIses,

identificando-se urna insuficiente cobertura

territorial e uma escassez de Inspetores. 0

setor marItimo não conta corn

acompanhamento habitual, salvo raras

exceçöes.- Quanto ao conteüdo, âmbito de pessoal de

aplicacão das normas e funcoes exercidas

pelos Inspetores: A missao e encargos da

inspecäo do trabaiho se encontram geralmente

previstos em normas legais, que definern a

competência para atuar em toda empresa onde

existam relacoes de trabalho, não se

estendendo essa competência ao trabalho

autônomo ou por conta própria nem ao

trabaiho familiar, salvo excecöes.- Quanto a estrutura organico-funcional e aeficácia do sisterna: A autoridade central da

inspeção é definida de formas muito diferentes

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sendo esta. por vezes, apenas uma declaraçäode supervisão ou de subordinacao. o querepercute na gestAo e no estabelecimento deobjetivos do sistema. Apenas dois palsesadmitiram dispor de recursos apropriados,porérn, em geral, a opinião mais corrente deuconta da falta e da necessidade de meioseconômicos, de instalacoes e mIrnero deInspetores adequado a quantidade deestabelecimentos a ser visitados. Tern sidoprogressiva a incorporacao, nos dltirnos anos,dos Inspetores ao regime jurIdico da funçãopéblica, porém em alguns paIses não existe agarantia de estabilidade. 0 planejamento deatividades em funcao de objetivos se estendede forma desigual, percebendo-se que nospalses corn baixos contingentes e meios aatividade de inspecAo se limita a dar respostasas denéncias e a prornover algumas campanhasou prograrnas por setores ou localidadesdeterminadas. Apenas existe consulta diretaaos atores sociais, mesmo que em algunspalses a legislacao preveja a existência deórgaos consultivos. Em alguns paIses osInspetores do Trabaiho so podem entrar nasempresas quando estão munidos de uma ordemde servico.- Quanto a intervencao da inspecão dotrabaiho nas empresas no contexto de umarealidade em evoluçao: a tendênciageneralizada ressalta o caráter preventivo dainspecão do trabaiho sobre o punitivo. Osprocedimentos tern sido orientados, em muitoscasos, no sentido de advertir antes desancionar. Não obstante a importância dacapacidade informativa para fins de prevençãoesta não alcanca toda a incidência desejada porfalta de capacitacäo em alguns casos ou porfalta de meios ou métodos em outros. Nãoexiste estrategia especialmente destinada apequena empresa nern tao pouco ao setor nãoestruturado ou informal. Somente em algunscasos, ainda assim, em parte, se incumbe ainspecão do trabaiho, da protecao dos direitosde sindicalizaçao e negociacão coletiva.

Cornplementarmente e em meio a outrasconsideracoes importantes, os representantesgovernamentais posicionaram-se na ocasiãosobre: a importância do tripartismo para odiálogo social, como meio de prevencão e paraformular programas e normas; maior ênfase naatividade informativa e formativa da inspecãodo trabaiho, scm prejuIzo da acaosancionadora, quando for necessária; a

necessidade de dotar as inspecöes de maioresrecursos humanos, econômicos e matenaispara o desenvolvimento da instituicäo e odesenvolvimento de cooperacão horizontalcomo instrumento dril para a meihoriainstitucional.

Urn aspecto especialmente destacadopelos representantes governamentais foi aconveniCncia de se incrementarem asatividades de inspecao de forma planejada,para tanto se devendo considerar, entre outros,os seguintes insumos: EstatIsticas; dadoslevantados em registros péblicos; inforrnaçaooriunda da colaboração institucional;prioridades manifestadas pelos interlocutoressociais, através de pesquisas e consultasrealizadas corn os cidadãos. Também devemconsiderar-se os recursos humanos,econômicos e materiais disponIveis e aspeculiaridades dos distintos setores produtivose matérias a inspecionar. 0 objetivoidentificado nessa proposta é elevar o nIvel decumprimento da legislacao para o qual aatividade fiscalizadora constitui urn meio. Paraconhecer o grau de satisfacao dos usuários dosistema foram sugeridas pesquisas e auditoriasexternas e para meihorar seu atendimento, umaorganização terntorial adequada, que aproximea adrninistracao do cidadäo. Através depesquisas, implantacão de sisternas deatendirnento de queixas de usuários, visitasrealizadas por dois ou mais Inspetores,auditagem aleatOria de atividades, controle deatividades pelo responsável do sistema e porurna controladoria externa ao sistema sepretende conhecer a qualidade do trabaiho econtrolar os desvios da atividade de inspecAo.Finairnente, acrescentou-se que devern serfornentadas aquelas atividades inspecionadorasque fortalecam a acao preventiva do sisterna.

A tftulo de conclusöes o setor deempregadores mencionou: Que a forrna maisconveniente de organizar o serviço é atravésde urn Orgäo ünico, que atue em todos ossetores e ârnbitos territoriais, corn Inspetoresde perfil e especializacao adequados, assistidospor assessores técnicos em areas deficitáriasou especIficas; a necessidade da participacaodos interlocutores sociais na formulaçao denormas; que, em particular as organizacöes deempregadores deveriam colaborar naformulacao de normas, na elaboracao depoifticas de inspecão, nas tarefas deinforrnação, difusão e conscientizacão de seus

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membros e trabaihar no assessoramento econscientizacäo dos Inspetores: que, em geral.

as organizacoes de empregadores nao sãoconsultadas. nern formal nem informalmente

pelos órgãos de direcao dos Servicos deInspeçao, sendo limitadas suas participacOes,

e que nao ihes são informados devidamente osresultados da atuacao da inspecao. do desenho

de polIticas e avaliacao da atuacao do serviço:

que, em alguns casos, deveria ser convenienteatribuir (a tItulo auxiliar) füncoes de inspecaoa outros setores governamentais, sempre queestes nAo cumpram ou respondam por funcoes

poilticas; que as funçoes dos Inspetores doTrabaiho nao deverão ir além daquelasprevistas na Convencao N° 81 da OIT; que a

inspeção do trabaiho deveria intervir cada vezmenos naqueles temas de relacoes de trabaiho

que podem ser objeto de negociacão, deixando

major autonomia para as partes e limitando-se

a urna funçao preventiva, assessora,informativa e garantidora do cumprimento dasnormas e que em nenhurn caso sejarecomendável que os Inspetores tenhamfaculdades interpretativas das normas laborais,próprias do órgão judicial; que em matéria deconflitos coletivos de trabaiho, a autoridadelaboral so deve intervir quando esgotado odiálogo e nao se tenha conseguido acordo,sendo recomendável urn procedimento préjudicial de conciliacão sem intervençao dainspecão e realizado por mediadoresprofissionais; que existam conflitos entres ascornpetências administrativas e judiciais,mesmo que, de modo geral, elas estejamdevidarnente delimitadas; que deveráinstitucionalizar-se o tripartismo na matéria — eespecialmente análises periódicas tripartitespor ramo de atividade, setores ou regiöes

geográficas, em matéria de acidentes dotrabaiho e doenças profissionais, corn oobjetivo de criar uma cultura de prevencão deriscos, requerendo-se uma maior informaçao

quanto as estatisticas e Indices de acidentes;que deve evitar-se a pluralidade de inspecöes

de organismos diferentes, sobre urn mesmo

objeto; que deverá existir urna atitude proativa

da administracao e dos interlocutores sociais

para facilitar o conhecimento das normas, cornênfase na pequena e media empresa; que otrabaiho informativo e pedagOgico não tern

sido eficaz e que na maioria dos casos éinexistente e a inspeçao atua de forrna

meramente sancionadora e punitiva e não

preventiva e educadora, o que nao resulta emefeitos positivos: que se faz necessárioInspetores capacitados e bern remunerados afim de evitar corrupcão. resultando muitoinconveniente que urn Inspetor determine eaplique a sancão e mais ainda que sejabeneficiado corn participacão na multa, e queos Inspetores devam possuir conhecirnentosjurIdicos e técnicos para garantir a eficácia desuas atuacoes e também capacidade paradiscernir corn born critério.

Por outro lado, os representantes dostrabaihadores mencionaram a importãncia deque cada pals mantenha legislacoes laboraisvigentes e a irnportância que tern Os sistemasde inspecao do trabalho para que issoocorra corn eficiência, agilidade e honradez;

que é importante assegurar a participacaode representante dos trabalhadores eempregadores para que o tripartismo opere nosnlveis de controle e de acornpanhamento deresultados; que o âmbito de aplicacão dossisternas deve ser nacional, sem exceçöes,mesmo quando se particularize por rarnos deatividade ou ciclos produtivos (agricultura);

que o corpo de Inspetores requer capacitacaopermanente; que se requer urn orcarnentomaior e otimizado, que permita, entre outrascoisas, urn major nümero de inspetores e que

estes sejam rnelhor rernunerados; que assancöes mais enérgicas, que não possam serburladas, e que tenham adequada sustentaçãolegal; que é importante que as organizaçoes detrabaihadores disserninern o funcionamento dainspecão; que em alguns palses existeduplicidade de funçöes, o que constitui urndesperdlcio de esforcos e recursos e que seriaconveniente estandardizar os sistemas; queexiste um fenômeno de “regulamentites” pornormas legais conflitantes o que favorece oseu descurnprirnento, violando-se inclusive

direitos hurnanos fundamentais; que naagricultura deveria-se realizar urn esforcomajor e que as organizacöes sindicais devammanter uma vigilancia permanente documprirnento da legislação trabalhista; que nomarco da economia globalizada farão uso dosinstrumentos normativos nacionais einternacionais; que a corrupção administrativae dos Inspetores do Trabaiho estimulam ospatröes ao descumprimento da lei; que ainspecão do trabaiho nos termos perrnitidospor cada legislaçao, realize rnaiores esforçospara o acesso ao ernprego e sua estabilidade,

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valor dos salários e poder aquisitivo, jornadade trabaiho, segurança e higiene, atencao asaiIde, habitacao, participacAo em utilidades,assistência para o trabaihador e sua familia;que deverão ser executadas acoes de difusãopermanente e massiva, pelos meios decornunicacao, e que se deverá garantir umamajor eficácia nos resultados do servico.cvi tando procedirnentos burocráticos.

Os elementos de diagnósticos, antesassinalados, permitern estabelecer subsidiosimportantes para a forrnulacão das respostasque a rnodernizacao dos serviços podernimplernentar a partir das distintas realidades decada pals.

B. Principais elementos aconsiderar nas poilticas de modernizacao

No âmbito mais geral da rnodernizacaodas instituicoes sociais, Bernardo Kliksperglevanta alguns pontos a partir de urndiagnostico sornbrio das adrninistracoessociais e propöe as seguintes linhas de acão:desenvolvirnento de redes de caráterhorizontal, fundadas na sinergia e evitandohierarquias (ou gerência intergovernarnental);articulacão das poilticas econômica e social,abordando o desenho das poilticas püblicas e acompartimentalizacão das rnesrnas, ateo uso de sisternas de medição diversos;hierarquizacão organizacional do setor social,corn tecnologia modernizada, próxima aosnIveis de decisão governarnental e cornprojecão de irnagem de peso, aberta e flexIvel;descentralizacao através de urna gerênciaadaptativa; irnpulso a participacão social;concertação ativa corn a sociedade civil;profissionalizaçao da gerência social; que areforma do setor social deva reconhecer aslutas de poder e preparar a instituicão paraenfrentá-la; cooperacão regional e inter-regional para reforma, corn intercârnbio deexperiências, detectando progressosassociados.38 Agrega ainda que, o sentido daequidade como essência e ferramenta detrabaiho, em especial naquele de naturezapüblica, é indispensável para odesenvolvirnento.

Nessa linha de idéias, Vilma Farias,39 cornrnuita propriedade nos convida a reflexionarsobre “(...) corno os avanços na equidade e najustica social são importantes para odesenvolvimento, sobretudo em urna econornia

em que o capital humano e o capital social setornam elernentos essenciais”. Nesse campoas normas sociais tern urn grande peso nosprocessos econômicos, o que aumenta aresponsabilidade do Estado para prornoveressa tendência integradora.

Sobre as bases sociais genéricasanteriorrnente descritas e os novos cenários emque deve atuar a inspecao do trabaiho, surge anecessidade de desenvolver rnecanisrnos deadaptaçao. Para tanto dever-se-iam proporestratégias de acão em arnbientes dediversidade e incertezas, para cujos resultadoso planejamento estratégico outorga urninstrurnental extrernamente irnportante. Caberáa inspecão executar-se nos mais diferentesnIveis, a partir da identificacão dos seguintescornponentes:- Identificacao do rnétodo de planejarnentopara irnplernentacão e avaiiacão de cada ação,seja nos nlveis centrais, regionais, estaduais,provinciais ou locals, segundo a realidade decada Estado.- Identificacão dos elernentos queimpulsionam a tomada de decisão nosdiferentes cenários (cadeia logica rnaiseficiente).

Deterrninacao das rnodalidades deoperação diante da complexidade ediversidade das relacoes trabaihistas atuais.- Identificacão de medidas sirnples a tornarnos diferentes nlveis, que traduzam resultadospositivos de eficácia imediata, scm induzirgrandes alteracoes nas estruturas funcionais.- Identificacao de medidas rnais complexasnecessárias a urna rnaior efetividade de acãoque resuitem em urna rnaior credibilidade doservico e para o conjunto das poilticas püblicasdiante da popuiacao.

Dependendo dos recursos de cada pals éposslvel introduzir-se apoio tecnoiógicoespecialrnente de inforrnática. Ademais, éimportante ter presente que os pianos deinformatizaçao se constroern a partir deprocessos de planejamento estratégicospreviarnente desenhados. Da rnesrna forrnacabe acrescentar que uma adequada polItica dedesenvolvimento dos recursos hurnanos deveincluir mecanismos de capacitação e formacaosistemática ern todos os nIveis, especialmentedos Inspetores do Trabalho.

Corn Inspetores adequadamenteremunerados, al se inciuem incentivos pordesernpenho baseados em sua rnaior

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produtividade, propiciam-se mai ores garantiasde probidade no sistema, tanto para ostrabaihadores quanto para os empregadores ede mais profissionalismo em sua forma deatuar.

Os sistemas de informacao permanente,dotados de adequados sisternas de estatIsticas,dados levantados em outros órgãos do Estado,informacAo proporcionada por entidadesprivadas, prioridades requeridas pelos atoressociais, pesquisas, consultas aos cidadãos,podem contribuir para urna major eficiência daatividade institucional. atendendo necessidadesobjetivas e subjetivas da sociedade.

Sern reduzir o amplo espectro decompetencias atribuIdas a inspecão dotrabaiho. incluldas aT as atividades de rotina. asformulas de conducao de acöes que se reflitamem medidas planificadas que racionalizem eotimizem os esforcos da administraçãodeverão ser privilegiadas.

O objetivo dessa racionalizacão destina-sede maneira focalizada ou universal, aestabelecer metas possiveis dentro das opçöesestratégicas. Ressalte-se que, os objetivosestrategicos devem sempre incorporar osvalores justica e equidade aos requisitos deeficiência, eficácia e sustentabilidade. Dentrodesse sistema, quando se trata de atividadesfocalizadas em ternas mais complexos, a regraé que estes sejam distinguidos por gerênciaprópria e se apresentem como projetosespeciais.

Dentro das priorizacoes definidas pelossistemas de inspecão se verificarn diferencasentre os paises: A Argentina prioriza acöes decombate ao trabaiho clandestino e de combatea evasão provisional; o Brasil, além deassegurar, genericarnente, o cumprimento dalegislaçao de protecao ao trabaiho,desenvolveu prograrnas especiais sobre otrabaiho forçado e o trabaiho infantil,formalização do vinculo empregatIcio, orecoihimento do Fundo de Garantia por Tempode Serviço (uma modalidade alternativa daperda da estabilidade); Canada: A rnaioria dasqueixas estão relacionadas corn pagamentos desalários e demissöes injustas; Chile: Jornadade trabalho e Estados Unidos: Jnddstria debaixos salários corn ênfase em trabalhoinfantil, e alguns setores como agricultura,confecçao, sadde, vigilancia, restaurantes,hotéis e rnotéis.

Outra fOrmula alternativa se constitui naseleção temática ou focalizada. em situaçöesde grande impacto na sociedade e nasgarantias de direitos especialmente os direitosfundarnentais no trabalho. Como casos deprojetos especiais, corn essas caracteristicaspode-se mencionar a experiência do Brasilcorn relacao ao trabaiho forçado e aotrabaiho infantil.

C. Experiências de modernizacãodos Servicos de Inspecao do Trabaiho

Existem diversos processos e experiênciasde rnodernizacao dos servoços ou sisternas deinspecão do trabaiho no continente, o quereflete urna preocupacão generalizada de comornodernizar os sisternas. Apresentaremos, nacontinuacão, algurnas experiências concretasque respondem aos diferentes problemas quetern enfrentado os palses e que vêrn sereproduzindo nos Oltimos anos. Como rnedidade precaucAo geral, devernos ter claro que cadauma delas responde a pontos de partida,estados de desenvolvimento econOmico esocial, histOrias e contextos absolutarnentedistintos e, por isso, o valor de cadaexperiência está relacionado ao avançoalcançado sobre sua prOpria performance, maisque em termos comparativos.

Argentina. Recentes reformas legislativasse traduziram na criação do Sistema Integradode Inspecão do Trabalho e da SeguridadeSocial, tendentes a meihorar a coordenacao euniformidade de critérios para tratar os temastrabalhistas, apesar das competências que sãooutorgadas pela Constituicao ao âmbito federale as provIncias. Dentro dos objetivos doreferido sistema está o de vigiar ocumprimento das normas trabaihistas e daseguridade social, garantir os direitos dostrabaihadores, previstos constitucionalmente enas Convençoes Internacionais ratificadas pelaArgentina, eliminar o emprego scm registro edemais distorcoes que o descumpnmento danorma trabaihista e da seguridade socialprovocam nos mercados.

Brasil. A partir do momento em que seaprovou a Constituicao de 1988, instalou-seurn novo processo de vigilancia social eparticipacao da sociedade civil, corn mencãoexpressa no texto constitucional a Jrspecão do

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Trabaiho e a competência federal dainstituicao.

Nesse contexto foi produzido o sisterna,que foi concebido e operacionalizado pelaSecretaria de Relacoes do Trabaiho, cornassessoria técnica da Universidade Federal deSanta Catarina, através da Fundaçao de Apoioa Investigação e Extensão Universitária(FAPEU). 0 objetivo principal era “produzirinformacoes da situaçao das condicoes deprotecao do trabalho em cada atividadeeconômica do pals”.

As informaçöes cadastrais previstas cramas fontes nas quais o sistema estava assentado.A base de dado seria o registro de empresas, oregistro de fiscalizaçöes ou o de empresasinfratoras. A alimentacão e a retroalimentacaodos principais processos contariam cornsuporte computacional centralizado naFAPEU.

Naquela época o sistema foi consideradourn avanco, por se tratar de uma tentativa dedotar as acöes de fiscalizacão de componentesde maior planejarnento corn base em urndiagnóstico prévio e por produzir uma novabase de dados a partir da alimentacão dosistema através dos Inspetores do Trabaiho.

Entretanto, alguns fatores relacionados aessas idéias e instrumentos quebraram a cadeialógica que poderia ter levado ao objetivo de“produzir informacoes sobre a situacão deprotecao dos trabaihadores”. As dificuldadesdo sistema em grande parte demonstrararn aineficiência na obtencäo dos dados cadastrais,assim como a insuficiência ou inadequacaodos elementos neles contido. Outro pontocrltico residia na base computacional restrita ena baixa capacidade institucional de equipar-see trabaihar corn novas tecnologias e gerarinformaçoes mais dinârnicas. Finalmente, suaconcepco avançada para os padröes da épocalimitou-se unicamente a uma funcionalidademecânica, scm considerar a realidade emmovirnento como princIpio de planejamento.Entretanto, urn dado que deve ser destacadoquanto ao sistema é que este, rnesmo corn asfaihas ja descritas introduziu algunscomponentes que passararn a ser reconhecidoscomo insumos para 0 planejamento e a geStão.

0 ano de 1995 constituiu outro momentosignificativo da rnodernizacao do SistemaFederal de Tnspecao do Trabalho (SFIT),agregando qualidade e agilidade a suasestatlsticas. Corn o inicio da operacionalizacao

em 1996, corneçou-se a construir a sériehistórica dos resultados da Inspecao doTrabaiho. 0 objetivo do sistema consistia emnormalizar o sistema de comparacão dosresultados para fins de planejamento;estabelecer critérios uniformes para acornpatibilizacao da produçao individual dosservidores que integrarn o SFIT; propiciar aotimizacao de resultados e cornponentes decontrole.

0 sistema produz urn registro parasimplificar o processo de planejamento geraldas chefias na eleicao das empresas a serfiscalizadas, de acordo corn a atividadeeconômica corn nürnero de trabalhadores pormunicIpio. ou por codigo postal.

Desse modo, escolhida uma empresa pelachefia, o Inspetor do trabaiho recebe umaordem de serviço para executar sua atividade,podendo utilizar-se dos dados cadastraispostos a sua disposicao em forrna anaiftica esintética para extrair informacoes acerca defiscalizacoes anteriores, corn a finalidade deelaborar seu planejamento individual.

A produçao individual do Inspetor estávinculada a urna gratificacao de produtividadee desernpenho que, somada a produtividadeglobal da Delegacia Regional do Trabaiho,alcanca o total de 100%. Isto significa que,caso näo se logre a meta global definida pelaSecretaria de Inspecao do Trabaiho, osInspetores so receberão urna gratificacãoproporcional a meta alcancada.

As chefias tern acesso a duas formas decontrole de produtividade e de producão dafiscalizacão através de documentos gerenciaise estatlsticos. 0 primeiro inforrna a producaoindividual do Inspetor e o segundo informa odesempenho global da delegacia, a partir dosatributos escolhidos e de urn perIododeterminado.

Convém ressaltar que mediante esseinstrurnento, a fiscalizacao pode ser dirigida deacordo corn as metas previamenteestabelecidas, tanto pelo nIvel central, cornodas delegacias, uma vez que os relatórios deinspeçäo contêm critérios de pontuacão deacordo corn a prioridade institucional ou corn agravidade da infracao.

As atividades contempladas no sistema esuscetIveis de pontuacao estäo previstas demodo a assirnilar urn grande elenco ou menude situacoes em que participarn os auditoresfiscais do trabalho: Fiscalizacao dirigida,

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fiscalizacäo indireta. fiscalizacao imediata,

fiscalizacao por denüncia, atividade especial,

monitoramento e treinamento, exercIcio de

cargo em cornissão e mediaçao em negociacão

coletiva. Atualmente, a fiscalizacao eseá

orientada para a formalizaçao de contratos de

trabaiho e recoihimento do Fundo de Garantia

por Tempo de Servico.4° Portanto, a ênfase de

produtividade se relaciona corn estas linhas de

inspecão.Adicionalmente se tem desenvolvido

uma atividade denominada “Mesa de

Entendimento”, oferecida como urn novo

instrumento para a inspecao do trabaiho dentro

da proposta do Programa de Transformacao

adotado pelo Ministério, para tratar de

negociacöes de caráter individual. Consiste em

uma ferramenta de negociacao exclusiva da

fiscalizacao, que se dirige a “regularizacão da

situacão de empresas em desacordo corn a

legislaçäo trabaihista”. Cabe ressaltar que a

decisão de abertura de negociacao é, neste

caso. de iniciativa do Inspetor, sendo, todavia,

adotado em casos especiais e, quando se faca

necessário, contará corn a presenca do

sindicato respectivo. Finalmente, fracassada a

negociação o Inspetor deverá aplicar os

instrurnentos sancionatórios de sua

competência.4Outra alternativa de negociacão, e o caso

marItimo-portuário, atividade para a qual se

organizou. dentro da estrutura fiscalizadora, o

denorninado “grupo especial de fiscalizacAo

móvel de trabaiho portuário”, para organizar

inspecOes em trabaihos portuários, aqua

marItimo, fluvial, de pesca, de mergulho e em

plataformas marftimas.A existência desse grupo especial se

justifica pelas caracterfsticas ternporárias do

trabalho portuário com mültiplos

empregadores e em razão da importância

econômica da atividade. As base orientadoras

da Lei de Modernização dos Portos42

consagram o princIpio negociador e argüem

aspectos inerentes ao trabalho porturio

transitório, delegando as partes implicadas —

empregador e trabalhador — a negociacao

para o estabelecimento das condicoes de

trabalho adequadas a localidade em que

serão executados os trabalhos, através

de convençöes coletivas de trabaiho

(resguardados Os lirnites do interesse püblico,

o princIpio de equidade, o princlpio da multi

funcionalidade e agregando o princIpio da

modernizacao). Portanto. a ênfase outorgada

aos Servicos de Inspecao nesse caso se dirige aprornocão da negociacäo entre as panes e ao

acordo autônomo. Em grande medida, os

Inspetores participam como mediadores,

procurando dar apoio e sustento aos acordos e

prestando orientacao em rnatérias de

legislaçao.canada. Neste pals. a legislacao e

Administracao do trabaiho detêm

competencias compartilhadas entre o governo

federal e o de suas dez provIncias e três

territórios, cujas relaçoes estão profundamente

ancoradas na história de seu desenvolvimento

econômico-social. Relatórios oficiais

apresentados a OIT4 dernonstram que a

inspecão das condicoes de trabalho se

fundamenta na Lei Relativa as Norrnas de

Trabalho, que estabelece as condicoes

mmnimas para os setores da atividade

econômica. A Cornissão de Norrnas de

Trabaiho é o órgao encarregado desupervisionar a aplicacao das referidas normas

e tern como funçoes informar ao püblico sobre

as regulacoes, receber queixas dos

trabaihadores para que sejam indenizados de

acordo corn a lei e tratar de conquistar acordos

entre trabaihadores e empregadores (Artigo50), Depois de receber uma queixa, a Comissão

realiza urn cuidadoso estudo (Artigo 105) o

que também pode ser feito por iniciativa

própria (Artigo 106).No caso de violacao da lei, a ofensa será

objeto de sançöes (multas) entre 600 e 1.200

dólares americanos e, em caso de reincidência

entre 1.200 e 6.000 dólares americanos

(Artigo 140).A Lei sobre a segurança e saüde no

trabaiho tern por objetivo a elirninacao das

causas dos perigos para a saüde, segurança e

integridade fIsica de todos os trabalhadores

(Artigo 2°), estabelecendo-se sancöes que vão

de 500 a 1.000 dólares americanos, no caso de

pessoas fIsicas e de 5.000 a 20.000 no caso de

corporaçöes, podendo aurnentar no caso de

reincidência ate o máxirno de 50.000 no caso

de uma corporacão (Artigo 237).Paralelamente, no Canada. existe o Centro

Canadense de Higiene e Seguranca no

Trabaiho, criado em 1978 como instituto

nacional para prornover a saüde e a seguranca

nos locais de trabaiho. corn a administraçao a

cargo de trabalhadores, empregadores e

governos provinciais, territoriais e federal,

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promovendo a investigacao, mecanismos deconsulta e proporcionando informacaesmediante forte dernanda pdblica. 0 Centro eseu Conselho prestarn conta aos respectivosministros.

No âmbito provincial podemos mencionarem Québec, a Comissão de Saüde e Segurancano Trabaiho (Coinission de la Sante et de laSecurité du Travail — cSST, que, tambémcorn estrutura tripartite. gerencia o regime desadde e segurança provincial. Enfatizando aprevencao, funciona de acordo corn princIpiosde ação e modelo de gestão adaptados aevolucao das necessidades dos usuários. Asatividades de inspecão estão orientadasestrategicamente para a prevenção na empresa,buscando apoiá-la no sentido de que assurnaesse procedimento, exigindo a correcão desituaçöes perigosas e garantindo o respeito alei e regulamentos. Seu enfoque está dirigido aconvencer, apoiar e exigir, proporcionando urnservico de confianca para os empresários,existindo uma forte preocupacão corn urnservico de qualidade traduzido em urnarnudanca que passa, desde o intercâmbio deinformacoes por carta ou formulários ate acornunicação telefônica ou visitas; desde odepósito de docurnentos ate a consideracão deurn co-partIcipe privilegiado; desde muitosinterlocutores corn quem o cliente apresentaconflitos ate uma atuacao em colaboracao cornoutros organismos e desde urn tratamento decasos ate urna verdadeira “relacao denegócios” corn o cliente ernpregador. 0Inspetor intervem quando se formula urnareclamaçao ou quando ocorre urn acidentegrave. Pode tarnbérn se dirigir a empresa paraaconseihar o empregador ou os trabaihadores,para ernitir urna decisão quando o trabaihadorse recusa a trabalhar alegando urn perigo; paraefetuar uma verificacao geral da situacao desaCde e de segurança ou para avaliar oprograrna de prevencão no local de trabalho.No caso de disputa, o Inspetor podedesempenhar o papel de conciliador se aspartes desejarem. Os meios que pode utilizar oInspetor vao desde a notificacao para correçãoate a suspensao dos trabaihos ou o fechamentodo local de trabaiho, aplicando-se rnultas nocaso de contravencão a lei ou de nãoacatarnento as decisöes ou ordens expressas deacordo corn a lei.4

No caso de outra provincia, Manitoba, ainspecão do trabaiho se exerce através daDivisão de Normas de Emprego (EmploymentStandards Branch), direcionadas aocumprimento de salários mInirnos, horários detrabalho, descanso e outros beneflciostrabalhistas. 0 procedirnento adrnite quequalquer trabaihador possa prestar uma queixaante seu empregador e, não sendo resolvida, aprestara ante a Divisäo de Norrnas e Emprego,onde urn oficial charnará o empregador portelefone, por escrito ou através de uma visitasolicitando urna resposta a reclamacao. Nestescasos o empregador deve cuidar em manter oscornprovantes de pagarnentos do trabalhadorpara o caso de uma inspeçäO e em prestar suacooperacão ao funcionário. 0 funcionário poderequerer os comprovantes e examinar todos oslivros, registros de pagarnento e outroscomprovantes que de algurna forrna serelacionern corn salários, horários de trabalhoou condicöes de ernprego dos trabaihadores.Quando nao se consegue resolver o conflito,urna Ordern de Pagamento de remuneracöespode ser emitida ao empregador ou aos seusdiretores. Estes podem apelar por escrito aOficina de Trabalho de Manitoba,fundarnentados em detaihes.

Chile. As funcoes estão sob aresponsabilidade de urna instituicäodenorninada Direcäo do Trabaiho, criadaconforme DFL N° 02 de 1967. Desde o inIciodo governo dernocrático, em 1990,se tern verificado urn forte impulso arnodernizacao desse servico, aurnentando-sesubstancialmente o ntimero de Inspetores doTrabaiho, escritórios instalados em todo pals,velculos e infraestrutura, redefiniçoes demanuais e procedirnentos, precisao dasfaculdades, especialmente em rnatérias denorrnas de seguranca e higiene. Desenvolveuse urn importante processo de capacitacao eformaçao de todos os funcionários. Estes sãoestáveis e permanentes e urna lei definiu urnnovo quadro de pessoal. Adicionairnente setern irnplernentado sisternas de qualificacaodos funcionários ligados a sistemas deincentivos rernuneratórios de acordo corn asmetas alcancadas. 0 suporte informático estábern desenvolvido. 0 servico conta corncontroladoria interna para assegurar aprobidade funcional e, além disso, se conta

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corn urn importante Departamento de Estudos

que realiza interessantes publicacoes

permanentes, entre as quais urn dos produtos

de interesse se constitui numa “pesquisa de

qualidade das relaçOes de laborais” (ENCLA),

Atualmente, o serviço deve implantar

uma execução orcarnentária que obriga a

explicar diante das autoridades financeiras

(Direcao de Orcamento do Ministério da

Fazenda) e diante do Congresso Nacional os

fundamentos dos gastos corn projetos para o

orcamento de ano seguinte. Este exerclcio

obriga a urn esforço de planejamento

estratégico que se soma a rnemórias anuais que

o servico disponibiliza e são visualizados

corno parte do exerclcio dernocrático da

Administracao. Dentro dos resultados

positivos, por exernplo, ern 1999 alcançou-se

urn aumento de recuperacão das dfvidas aos

trabaihadores de 25.35% em relacao a 1998.

A instituicao tern corno rnissão

“contribuir para modernizar e fazer mais

equitativas as relacoes laborais, velando pelo

cumprimento normativo, promovendo a

capacidade das próprias panes para regulá-las,

corn base na autonomia coletiva e

desenvolvimento de relacoes de equillbrio

entre os atores, favorecendo desse modo o

desenvolvimento do pals”.46O serviço atua por iniciativa própria ou

mediante denüncias que forrnularn geralmente,

os trabaihadores ou organizacöes sindicais.

Realiza atividades programadas e atua tambérn

reativamente diante de queixas que se

apresentem. Os trabaihadores cujos contratos

terminaram podem apresentar reclamacoes

caso não Ihes tenham sido pagas todas as

somas a que tern direito.Sua estrutura está composta pelos

departamentos juridico, de fiscalizacao, de

Relacóes Laborais, de projetos, de Informática,

de estudos, Administrativo e de Recursos

Hurnanos. Adicionalmente, conta corn a

Oficina de Comunicacão e Difusão, o Boletirn

Oficial e a Oficina de Controladoria Interna.

Existem 13 Direcoes Regionais e 70 Inspecoes

(oficinas) de Trabaiho em todo o pals.O serviço realiza suas funcoes de acordo

corn urn detaihado prograrna estratégico que

na area de inspecao se baseia na fiscalizacão

programada cujo objetivo é rnelhorar o nlvel

de cumprirnento da legislacao trabalhista, de

seguridade social e de seguranca e higiene

industrial naqueles setores econôrnicos,

localidades e postos de trabaiho em que pordiversas razöes esta se cumpre em menor grau

e cujas irregularidades são menos denunciadas.Urna avaliaçao anual dessa linha de trabaihopermite extrair liçoes de rnelhoria de seuresultado.

Costa Rica. Corn a colaboracão do projetoMATAC-OIT tern sido conduzido urnprocesso de fortalecimento e modernizaçãodos sisternas nacionais de inspeção dotrabaiho. corn a finalidade de dotá-los de urnmarco normativo, cornpetencias, estrutura,

funcoes e meios que permitam urna atuaçaomais eficaz. Uma iniciativa regulatdriaconstitui-se no Decreto N° 28578- MTSS de03.02.2000 que emite o Regulamento deOrganizacao e de Servicos da Inspecao doTrabalho. 0 seu objetivo consiste emmodernizar a estrutura e o funcionamento daInspecão do Trabaiho, a firn de alcancar umasuficiente regionalizacão e desconcentração de

sua estrutura para que, dessa forma, nasdiferentes circunscriçöes territoriais, osassuntos encomendados sejam recebidos eresolvidos nas Oficinas Regionais respectivas.De sua parte, o Decreto N° 29477-MTSS de18.04.2001 rnodifica o Artigo prirneiro, aallnea b do Artigo 36 do Regulamento deOrganizacao e de Serviços da lnspeção doTrabaiho estabelecendo, como requisito paraexercer o cargo de inspetor do trabalho, aqualidade de Bacharel em Direito, emSeguridade Social ou em Administraçao doTrabalho ou qualquer outra carreira afim. SeuArtigo 2° modifica o Artigo trimsitório referido

no Regulamento, estabelecendo a aprovacão

por pane da Direçao Geral do Servico Civil doManual Institucional de Classe da Inspecão doTrabaiho, para efeito de introduzir as classes

referidas no mencionado Regulamento.Finalmente, o Artigo 3° agrega urn Artigotransitório — oitavo - ao rnencionado corponorrnativo, no sentido de autorizar a criacão deurna classe de nlvel técnico e profissional,

unicamente para os funcionários que nomornento que entrar em vigência esse direito eque estej am nomeados como Inspetores, naotenham os requisitos que forarn estabelecidosno Manual Institucional para as categoriasprofissionais que ocuparão os cargos deInspetores do Trabalho.Dentro dessa linha

modernizadora inclui-se também, o “Manual

de Procedirnentos” da Inspecão Geral, Diretriz

Ministerial N° 1677 de 03.01.2001, cujo

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objetivo é adaptar-se ao novo contextoeconômico e laboral a fim de atuar corn majoragilidade e efetividade na tarefa de velar pelocumprimento da legislaçäo do trabaiho, cornnovos conteddos e formas de rnodemizacaornais eficientes, Outra legislaçAo que dá contadesses enfoques de rnodernizaçao é a previstapelo “Regularnento de OrganizacAo e Servicosda Inspecäo do Trabaiho”, contidas no DecretoN° 28578 do MTSS de 21.03.2000cujo CapItulo X, corn titulo “Funcoes.cornpetencias, atribuicoes e proibicoes dosInspetores do Trabaiho. Estabelece, no Artigo24, que os inspetores coiaborarão corn a chefiaou respectiva coordenaçao na eiaboracao,execucão e avaliacao dos Pianos Anuais de suaOficina” (Lei Organica do MTSS, titulo 50

Inspecao Geral do Trabaiho).Estados Unidos. Nesse pals os Serviços

de Inspecao estão radicados na Adrninistracãode Norrnas de Emprego (EmploymentStandards Administration — ESA), a agênciamais numerosa do Departamento de Trabaiho(USDOL), que conta corn mais de 4000funcionários em todo pals e cujas funcoesprincipais consistern em fazer cumprir eadministrar a legislacäo relativa aremuneracöes e condicoes de trabaiho,incluindo trabaiho infantil, salários mInirnos ehoras extraordinárias e igualdade deoportunidades em ernpresas que mantêmcontratos ou subcontratos corn o GovernoFederal. Formada em 1971, sob o nome deAdministracao de Normas em Centrosde Trabalho (Workplace StandardsAdministration) uma de suas divisöesprincipais, a Divisão de Salários e Jornadas(Wage and Hour Division) já tinha sua origern

47em 1938.Urn episddio interessante de mencionar é

que a Iei que criou o Departamento deTrabaiho dos Estados Unidos foi prornulgadano dia 4 de marco de 1913, pelo PresidenteWilliam Howard Taft, tao somente horas antesde o novo Presidente, Woodrow Wilsonassurnir o cargo, criacão que atendeu a umagrande campanha das organizacoes sindicaispara ter “Uma Voz no Gabinete”, comosImbolo visIvel de uma série de reivindicacoese conquistas trabalhistas da época. Corn efeito,o primeiro Secretário do Trabaiho, William B.Wilson enunciou urna filosofia que teve ecopor longo tempo na história da instituiçAo,conferindo o sentido de que, o Departarnento

criado no interesse dos assalariados, devia seradministrado corn equidade, em relaçao corntrabaihadores, empresários e pdblico em geral.

Complementarmente, exi ste a agdnciaespecializada de Seguranca e SaddeOcupacional (OSHA), cujos critériosirnplernentados nos dltirnos anos tern sido nosentido de adotar rnecanismos menos punitivosem decisöes e sançöes e impulsionar umaTnspecao programada e concentrada em locaisde trabaiho corn baixos meios de seguranca esaüde no trabalho e promover o cumprimentovoluntário por parte dos empregadores.

Segundo se faz constar de informacaooficial do Departamento de Trabaiho, desde omandato do Secretário Brock, ate 1985 sedesenvolverarn grupos de trabalho paramelhorar a eficiência do Departamento e osserviços ao pdblico, que derarn lugar a umasérie de recomendacoes apontando para umsistema de gerência com urn piano para ofuturo imediato, porém, na irninência dagrande transformacao tecnológica eeconôrnica, em curso, no mundo, previu-seque o Departamento deveria levantar asnecessidades de urn horizonte major de tempoa fim de promover urn adequado planejamentode atividades. A Lei sobre Rendimento eResultados do Governo (GovernmentPeiformance and Results Act — GPRA)motivou que o Departamento de Trabaiho esuas agências corneçassem a implementar oplanejamento estratégico de uma nova forma ea ter mais de uma visão dentro da perspectivado pdblico arnericano e os trabaihadores que aAgência ESA atende.

0 PIano Estrategico para os anos fiscais1999 a 2004 da ESA,48 resulta do maiorinteresse para aferir o desenvolvimento de urnplanejamento estratégico elaborado comopoiltica de Estado, corn objetivos de curto emédio prazo, rnetas para os diferentes anos e aforrna corno estas se encadeiam corn aquelasdo Departamento de Trabaiho e aAdrninistracao em geral. Nos dltimos anos aESA vem implernentado e ajustando seu planoestratégico para os anos de 1997 a 2002 eapoiando as metas da Secretaria de Trabaiho,corn as quais estão diretamente relacionadas.0 PIano foi ajustado de maneira a cobrir osanos fiscais de 1999 a 2004, considerando oscomentários feitos por membros doDepartamento de Trabaiho e revisoresextemos tais como a Oficina de Administracao

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e Orçamento (Office of Management andBudget 0MB), Oficina de ContabilidadeGeral (General Accounting Office — GAO) e oCongresso. 0 progresso nas metas iniciaissubsidiou o planejamento na concepcao demetas para o ano de 2004.

A ESA administra programas deimplementacão de, aproxirnadamente, cern leisque protegem direitos básicos dostrabaihadores, incluindo salários mInirnos,trabaiho infantil, regulaçöes sobre horasextraordinárias, igualdade de oportunidadespara empregados de contratantes esubcontratantes do Governo Federal, benefIciode compensacao para trabaihadores em caso deacidente de trabaiho ou doencas profissionais,assim como direitos dos trabaihadoresenquanto membros de sindicatos. A missão daESA está definida como “meihorar o bernestar e proteger os direitos dos trabaihadoresamericanos” e desenvolver sua atividadeatravés de quatro programas:- Divisão de salários e jomadas (Wage andHour Division — WHD), que supervisionadiversas leis, sobre temas como saláriommnimo (nivel federal), pagarnento de horaextra, trabaiho infantil, licencas médicas efamiliares, protecão de trabaihadoresmigrantes temporários da agricultura, protecaode trabaihadores expostos a polfgrafo,segurança e saüde ocupacional.- Oficina de Cumprimento de Programa deContratos Federais (Office of Federal Contractcompliance Programs — OFCCP), que velapelo cumprimento das normas sobre igualdadede oportunidades para muiheres, veteranos doVietnã, deficientes e da lei de imigração enacionalidade por parte de contratantes esubcontratantes do Govemo Federal (mais de200.000 contratantes).- Oficina de Programas de CompensacAode Trabaihadores (Office of Worker’sCompensation Program — OWCP), queameniza os problemas financeiros dostrabaihadores e seus dependentes oufamiliares, resultantes de acidente de trabaiho,suprindo seus salários, proporcionandotratamento medico e reabilitacão.- Oficina de Normas Sobre RelaçoesLaborais (Labor-Management Standards —

OLMS), que promove a democracia sindicalinterna e a integridade financeira e protegecertos direitos dos membros de sindicatoatravés da administracao e cumprimento da

legislacao pertinente. Essa oficina decide sobrequeixas relativas a eleiçoes de dirigentessindicais, administracao fiduciária dossindicatos e outras matérias para salvaguardara democracia sindical.

Com base no que foi apreciado, a “visão”da ESA está concebida no sentido de “alcancarpraticas justas de aplicaçao universal noscentros de trabaiho americanos”. A ESAassume, em sua definicao pdblica, ocompromisso de trabaihar para proteger osdireitos dos trabalhadores e alcancar ocumprimento da legislacao que administra, oque se desenvolverá em colaboracao cornilderes empresariais, industriais, sindicais, dacidade, estado ou governo local, pdblico eoutras agências federais para meihorar aefetividade de seus esforços, promovendo ocumprimento voluntário e assegurandoequidade e justica nos locais de trabaiho.

Para a implernentaçao dos programas daESA, são realizadas metas anuais em cadaoficina, avaliadas corn regularidade em relacaoaos programas e as meihorias devem se basearnos resultados alcançados. Periodicamente sediscute a efetividade das estrategias seguidaspara alcancar as metas e avaliar as correçöesou intervençoes que sejarn necessárias. Paraenfatizar a importância de atingir essas metasestratégicas e da performance de bonsresultados de todos os gerentes, são incluIdoselementos de rnediçao que representam acontribuicao de cada urn no logro das metasestratégicas e anuais.

Para formular o planejamento estrategicoda Oficina de EstatIsticas Laborais (Bureau ofLabor Statistics — BLS) foi realizada umaanálise da profunda transformaçao que estáocorrendo no mundo do trabalho, aumentandoo nümero das atuais minorias de origemafricana, hispanofônico, asiáticos, assirn cornomuiheres, na forca de trabalho, projetados paraatingir 65% da forca de trabaiho em 2006.Outro antecedente é que em torno de vinte eseis rnilhöes de trabaihadores são empregadospor contratantes e subcontratantes de nIvelfederal. A natureza do trabaiho também estámudando corn esse aumento, por exemplo, otrabaiho a dornicflio. A tecnologia igualmenteproduz urn impacto de proporcöesconsideráveis.

Corn esses antecedentes, a ESA vemdando ênfase aos itens sal.rios-minimos epagamentos de horas extraordinárias, trabaiho

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infantil doméstico, trabaihadores de baixossalários, imigracAo, benefIcios decompensaçAo dos trabalhadores. discriminaçAono trabaiho, igualdade de rernuneracão eintegridade sindical. A ESA equilibraprogramas educativos e de extensAo corn osesforcos de fazer cumprir a legislaçao atravésde variadas técnicas, priorizando indtistrias debaixos saiários, dando ênfase particular aotrabaiho infantil e a correcão das infracoes.Detectou-se uma major dificuldade naagricultura, confecçao, saüde, vigilância econservacão, restaurantes, hotéis e rnotéisonde existem muitos trabaihadoresvulneráveis, incluindo imigrantes, tanto legaiscomo ilegais que, como se sabe, sãocomumente explorados e dificilmente podemreclamar. No sentido do cumprirnento daigualdade de oportunidades, forampromovidos programas de assistência técnicarelacionada corn os pianos de acão afirmativaque garantem tal igualdade, corn atençãoespecial a brecha salarial, todos associadosa Resolucão Alternativa de Disputas,para promover soluçoes mais flexIveis,conciliadoras e ágeis.

E importante observar que as metas daESA se definem a partir daqueias rnaisgenéricas do Departamento de Trabalho,dentro das quais, figura, corno metaestratégica, “promover a seguranca econômicados trabalhadores e suas famflias”, através demetas especIficas para aurnentar ocumprimento da legisiacão protetora dostrabaihadores e proteger os benefIcios dessestrabaihadores. A segunda meta estratégicaconsiste em incrementar a qualidade dosambientes de trabaiho tornando-os seguros,saudáveis e justos, na tentativa de conseguir“reduzir os acidentes, enfermidades e óbitosno trabalho, fomentar a iguaidade deoportunidades nos locais de trabaiho, aumentara disponibilidade e a efetividade de prograrnasque proporcionem urn major equilibrio entretrabaiho e famflia, reduzir a exploraçao dotrabaiho infantil e dar acompanhamento asnorrnas trabaihistas fundamentais”. Atendido oque foi definido anteriormente pelodepartamento de trabalho e dentro da prernissade que a mudança no local de trabalho érealizada corn uma assistência que induz aocumprimento, colaboraçao, educacao ereconhecimento das atividades de Inspecão, o

resultado dltimo consiste em criar melhoreslocais de trabalho, o que a ESA definiu comosua prirneira meta estratégica. Para apoiar asoficinas de Prograrnas, a firn de que estasalcancern suas metas, o planejamento de ESAestabelece urn marco gerencial que articulasuas operacoes de programa, administracao egerência. Ou seja, através de uma gerênciaefetiva e uma prestaçao de serviços que integraseus variados prograrnas, a ESA pretendeapresentar urn impacto positivo no bern-estar edireito dos trabalhadores o que assegurará aconfiança pdblica (na instituicão), que é asegunda meta estratégica da Agência.

As duas metas estratégicas antesrnencionadas foram definidas para urn perIodode aproxirnadamente seis anos, e desenvolvernurn piano detalhado que conternpla osresultados esperados, geralmente indicadossob a formula de percentuais de rnaiorcumprimento de normas nos estabelecimentosinspecionados pela ESA. A estratégia a seraplicada consiste, basicamente, em fiscalizaraquelas empresas onde existern baixos saláriose onde a informacao computacional e osantecedentes registrarn as infraçoes maisgraves e em major quantidade. Corn basenessas inforrnacoes deterrninar-se-ao as açöesa ser seguidas, especiairnente no caso deinfraçoes reiteradas, as que contempiamprevisöes derivadas do procurador do trabaiho(Solicitor of Labor) para que instruam acöescivis ou criminais, conforme o caso, inclusivepara a Forca de Trabalho e Expioracão deTrabaihadores (Worker Exploitation TaskForce). Esses programas se cornbinam cornoutros de corte educativo, dirigidos aostrabaihadores, advogados trabalbistas,organizacöes comunitárias, ernpregadores eassociaçöes de empregadores para difundir asdisposicoes legais especialrnente as aplicadaspeio Programa de Saiários e Jornadas.

0 planejamento estratégico da ESAevidencia o estreito relacionamento naimplementacao de sisternas e procedimentosque permitarn uma alianca corn a “cornunidadefinanceira” (fiscal) e outras oficinas doDepartarnento de Trabaiho, Tudo o que revelaa necessidade de processar qualquer debilidadeidentificada. Particular ênfase tern sido dadaaos programas de capacitacão, especialrnentecorn técnicas cornputadorizadas para cujoresultado são realizados serninários anuais,

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contando corn as meihores práticas e

avançadas tácnicas, no desenvolvimento de

materiais de computacão.Vale destacar. também, que essa

planificacao estrategica tern contemplada e

definida a possibilidade de que fatores chaves

de origem externa possam afetar a

performance da Agéncia, considerando a

complexidade da economia dos Estados

Unidos, sobre a qual se prevéern algumas

possIveis rnudanças. Dentre outros, a ESA

identifica os seguintes fatores: Economia

cambiante que se traduz na dificuldade de

conseguir emprego corn boas remuneracöes ou

as desigualdades entre trabaihadores, o que

supoe estrategias para incrementar a

assistência, as atividades de extensão,

educaçao e formacao corn uma major

focalizacao nos contratantes e subcontratantes

do nivel federal; mudanças na legislacão e

regulaçoes; mudancas na atitude püblica corn

relacão a ternas corno raca, gênero e

defjciente; cooperacão corn o setor privado,

grupos de interesse e outros; informacao

acumulada; rnudancas demográficas.

Para atingir urn meihor cumprimento das

metas se realiza urn programa de consuitas

corn outros atores, incluindo trabaihadores,

empregadores e suas organizacoes, outras

agências federais ou estaduais, organizacöes

profissionais, grupos de interesse pdbiico e o

Congresso. As atividades corn esses

representantes, contemplam programas de

educacao para empregadores, quando as

infracoes possarn ter como causa a ignorância

das disposicoes legais; seminários e palestras

para os mais diferentes grupos; página da web

na Internet que inclui regulacoes, comunicados

da imprensa e outras informacoes de interesse

e urn servico de assistência em legislacao

trabaihista, interativo (e-laws) desenhado para

que empregadores e trabaihadores se

inforrnem mais detaihadarnente de algurnas

Iegislaçoes importantes. Quanto a avaliação,

esta se expressa de acordo corn a legislação

dos Estados Unidos que manda avaliar o

desempenho em termos de resultados de

programas e custos associados, confrontando

se as metas estratégicas e as metas do piano

anual e o efeito por elas produzidas sobre os

resultados. Estas avaliacoes são realizadas

interna e externamente. No caso de a ESA

reconhecer em seu relatório, que não possui

qualificação tédnica para conduzir avaliacoes

formais de impacto, internas. ern seu lugar são

feitos reiatórios periódicos que apresentarn

antecedentes de cumprimento comparados

corn o piano anual de desenvolvimento e

diagnostico anuais feitos por dirigentes acerca

do rendirnento do programa, a fim de

identificar o realizado e o que não pôde ser

alcancado. Dessa forma, se faz uma avaliacao

da quaiidade dos sistemas gerenciais e da

consistência dos prograrnas para alcançar as

metas. A avaliaçao externa é realizada peia

Oficina de Contabilidade Geral corn diversas

auditorias, assim corno peio Departarnento de

Trabaiho da Oficina do Inspetor Geral, cujos

relatdrios tern servido de rnaneira importante

para a formulacão do piano estratégico da

ESA.Conclui o piano estratégico assinalando

que sobre o seu desempenho a ESA deverá

prestar contas tanto ao Departamento de

Trabaiho, como ao Congresso e ao Pdblico.

reconhecendo, todavia, que o processo de

pianejamento estratégico continua evoluindo e

que subsistern desafios adicionais para que

possa implementar completamente a legislacão

e também para transformar a agência em uma

organizacao baseada na qualidade.Mexico. Em relatório oficial49 constatarn

se três grandes vertentes sobre novas práticas

em matéria de inspecao: Modemizacao do

marco regulatório, normalizacão para a

regulacao de segurança e higiene e

compromissos voiuntários para o cumprimento

das normas de trabaiho.Como questão geral, a polItica pdblica

mexicana está orientada, quanto a essa

rnatéria, para a meihoria da qualidade dos

servicos no sentido de garantir os direitos dos

trabaihadores, rnelhorar suas condicoes de

trabalho e, por sua vez, aumentar a

produtividade e competitividade das empresas,

rnediante orientacão e assessoria relativas ao

eficaz curnprimento das normas trabalhistas.

Diante da constatacao do impacto dos avancos

tecnológicos sobre os processos produtivos, se

evidencia a necessidade de contar corn pessoal

mais capacitado e consciente do servico que

presta, especialmente em matéria de seguranca

e higiene.Os objetivos especificos das medidas

regulatórias adotadas a partir de 1995 se

concentraram em aurnentar os nIveis de

qualidade e cobertura da atividade de

inspecão, através da atuaiizacao do marco

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regulatorio. do desenvolvimento de novosprocedimentos para sistematizar as acöes deinspeçAo, conferir plena seguranca jurfdica aosparticulares, evitar a discricionalidade noexercicio de vigilancia e aplicacao de normas,orientando a atividade de inspecao. em grandemedida, para a assessoria nos locais detrabaiho e a implantacao de programas deapoio que contribuam para a geraçao e difusãode uma cultura de cumprimento voluntário dasnormas e a prevenção de risco no trabaiho.

Em 21 de janeiro de 1997 publicou-sematéria em Diário Oficial da Federaçao eRegulamento Federal de Segurança, Higiene eMeio Ambiente de Trabaiho, que unifica,simplifica, moderniza e facilita o cumprimentode disposicoes de seguranca e bigiene e meioambiente de trabaiho, fundindo regulamentosdispersos que datavam dos anos que vão de1934 a 1978. Merece destaque o esforço dereduzir de 1.353 preceitos anteriores para os168 Artigos do novo regulamento. Noconteüdo do Regulamento de 1997 incluem-sedisposicöes para proteger a saüde das muiherestrabaihadoras em estado de gestacao ouperIodo de lactaçao, estabelecendo preceitospara cuidar da vida, sailde e desenvolvimentofIsico e mental dos menores trabalhadores. 0Regularnento ratifica as faculdade daSecretaria do Trabaiho e Previdência Socialpara expedir, conforme o caso, modificar aspróprias normas oficiais mexicanas em matériade segurança e higiene, corn o objetivo deotirnizar as disposicoes preventivas dos riscosno trabaiho.

Na linha da modernizacao do marcoregulatório, em 6 de juiho de 1998 foipublicada também em Diário Oficial oRegulamento Geral para a Inspecão doTrabaiho e Aplicacao de Sancoes paraViolaçoes a Legislação Laboral, corn vigênciaa partir de 5 de agosto do mesmo ano. 0relatório destaca que esse Regulamento foiobjeto de amplo consenso, considerando ospontos de vista dos trabaihadores, ernpresários,instituicöes acadêmicas e outras autoridades.

Dentro dos principais elementos da novalegislaçao, se destaca a sirnplificacao dasregulacoes, procedimentos e imposicão desancoes que são realizadas pelas autoridadesfederais e locais em seus respectivos âmbitosde competência. Privilegia-se a funcão deassessoria e informacao aos particulares e seeliminam margens de discricionalidade nas

visitas, para as quais se estabelece ummecanismo de selecao dos Inspetores quedevem fazer as visitas de acordocorn urn sistema aleatdrio computadorizado,excetuando os casos que requeiramespecializaçao como é ø caso de diligenciassobre participacao na empresa, investigaçao deacidentes de trabaiho e recipientes sujeitos apressao, geradores de vapor ou caldeiras, entreoutros. Esse sistema se aplica também aselecao dos locals de trabalho a serinspecionados, determinados por turnos, sendotudo verificado por órgãos de controle interno(Controladoria Interna da STPS) e,eventualmente, as autoridades de trabalho,também fazem visitas aleatórias.

Nessa experiência de modernizaçãoinstitucionalizou-se o mecanismo das“Unidades de Verificacão” privadas, comoorganismos auxiliares de fiscalizacão,passando a ter a faculdade para emitir ditarnessobre o cumprimento das Normas OficiaisMexicanas em matéria de segurança e higiene,sem prejuIzo das faculdades da Inspecao doTrabaiho. Estabelece ainda um mecanismoahemativo que consiste no uso de formulários,exames ou requerimentos que as autoridadesenviam aos locais de trabaiho, contendoinformacoes que podem ser comprovadasmediante inspecão.

São também disciplinadas as visitasordinárias. Nesses casos, cabe aos Inspetoresentregar notificaçao no local de trabaihodentro de urn prazo mmnimo de 24 horasanteriores a visita, que deve constar de dadosespecfficos do patrao, de que inspecão se trata,corn urna lista de documentos que devern serexibidos, os aspectos a serern revistos edisposicoes legais gerais e extraordinárias.Essas visitas se realizarn quando asautoridades tomam conhecimento, porqualquer meio, de possIveis irregularidadesnos locals de trabaiho, 0 Inspetor deveapresentar, no início da visita, ao empregadorou a outra pessoa que atenda a diligência, alémde uma ordem escrita, uma guia que contenhaOs principais direitos e obrigacoes doinspecionado, corn o objetivo de dar segurançae certeza jurIdica aos particulares eproporcionar major transparência na atividadede inspecão.

A segunda vertente para rnelhorar aeficiência da Inspecao do Trabaiho se refere aosisterna de normalizacão para a regulacao da

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seguranca e higiene no trabaiho. Esse sistemaresponde tanto a necessidade de contar cornurn conj unto de normas de conteiido técnico,periodicarnente atualizáveis, como a tendênciamundial de compor urn sistema internacionalde normalizacao mais homogeneo corno é ocaso das Normas Iso 9000 relativas aqualidade total, seguranca e higiene industrial.Esse sistema se consolidou no Mexico corn aLei Federal sobre Metrologia e Normalizacao,ern vigor desde o dia 10 de juiho de 1992 quetambérn faculta as instâncias federaiscompetência para emitir e, se for o caso,modificar suas próprias normas oficiais, quesão objeto de amplas consultas previas parasua aprovacão e publicacão, corn revisão acada 5 anos.

Por ültimo, a terceira vertentedesenvolvida pela Inspecão do Trabaiho doMexico se refere a comprornissos voluntáriospara o adequado cumprimento das normastrabaihistas. A STPS, conduzida pela DirecãoGeral de Seguranca e Higiene no Trabaiho,corn o auxilio da Inspecão Federal doTrabalho, implernentou uma campanha corn otema “Patröes e Trabaihadores Responsáveisem Seguranca e Higiene no Trabalho”, cornempresas que contarn corn 50 ou maistrabaihadores. Essa campanha supöe arealizaçao de orientacao e assessoramento parao cumprirnento das normas na matéria,buscando a subscricão de comprornissosvoluntários da parte das empresas,determinando prazos para corrigir as infraçoesque se detectem. A proposta repousa nafilosofia explicitada de “romper corn oarraigado conceito de perseguicao oufiscalizacao estrita da autoridade e desenvolverem troca uma cultura de cumprimentovoluntário das obrigacoes em matéria detrabaiho que propicie o respeito dos direitosdos trabalhadores, salvaguarde sua vida esaüde, evite perdas de horas homem porincapacidades ou ausências e elevea produtividade e competitividade dasempresas”.

Por ditimo merece ressaltar que asatividades da Direçao Geral de InspecaoFederal do Trabaiho estão delineadas no PianoNacional de Desenvolvimento e, para suaexecucao, a Secretaria de Trabaiho ePrevidência Social5° implementou urnPrograma Setorial de Emprego, Capacitacao eDefesa dos Direitos Laborais, de cinco anos,

que se destina, explicitarnente, a facilitar ocrescimento econôrnico e o desempenho dostrabaihadores e das empresas, assim como aodesenvolvirnento de urn meihor arnbiente detrabaiho que permita evitar acidentes eenfermidades de trabaiho, mediante ofortalecimento dos procedimentos de inspcçao.

Repüblica Dominicana. Seu principalartifice, Rafael Albuquerque,1 nos relata oobscuro diagndstico anterior do Ministdrio doTrabaiho: Orcarnento reduzido, instalacoesfisicas irnpróprias, funcionários rnalremunerados e sem major preparacão, atuacaolirnitada ao âmbito urbano e circunscrita asimples vigilância da lei e ao controle econtencao do movimento sindical. Ao que foidito anteriormente, deve-se acrescentar que aLei sobre Servico Civil e CarreiraAdministrativa, de 1992, tinha uma aplicacaogradual e ainda não alcancava a Secretaria deTrabaiho, cujos funcionários e empregadospodiam ser designados e removidosiivremente. Entre as causas desse cenáriomenciona a incipiente industrializacão de urnpals predorninantemente rural, em que asreiacoes de trabaiho tinham pouco peso sociale a uma legisiacao laboral antiquada dos anos50 que reduziu a Administracao do trabaiho auma funçao de controle, ressentida porempregadores e sindicatos.

Para enfrentar essa realidade chegou-se aconviccão de que, para a modernizacao daadrninistracao do trabalho, era necessário,antes de tudo, urn quadro de pessoal bernpreparado e bern remunerado. Diante daescassez de recursos dirigiu-se toda a atençãoa Inspecao do Trabaiho. Por urn lado, um novoCodigo de Trabalho aprovado em 1992 exigiaa qualidade de advogado para desempenhar afuncão de Tnspetor do Trabaiho, por outrolado, aplicou-se o Artigo 70 da ConvencãoN° 81 da OTT que dispöe que a contratacão dosInspetores deve considerar unicamente aaptidão do candidato. Corn esses elernentos namao se pôde convencer a Presidência daRepüblica da necessidade de multiplicar por3.5 o vencimento de Tnspetores, dado que, emcaso contrário, seria imposslvel que advogadosingressassem no Servico de Inspecão.Paraielarnente, dispôs que o ingresso noservico estaria sujeito a concurso de mérito,avaliando a capacidade juridica através de umaentidade acadêrnica conceituada, a AssociaçãoDorninicana de Direito do Trabaiho e

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Segurithde Social e submetendo, tambérn, oscandidatos a exarnes psicotecnicos depersonalidade, feitos por analistas e psicólogosda Oficina Nacional de Administracao dePessoal.

Cornplementando as medidas anteriores ede acordo corn a Lei 14-91 de 1991. deServiço Civil e Carreira Administrativa,expediu-se o Decreto N° 75-99 de 24 defevereiro de 1999, incorporando a Secretariade Estado de Trabaiho na CarreiraAdministrativa e permitindo aqueles queocupavarn cargos perrnanentes, seu ingresso deacordo corn seus méritos, estabelecendopreferências segundo a antiguidade. Urnarigorosa instrucão contida na Resoiucao N° 5de 1999 determinou os requisitos para oingresso. E relevante mencionar que o ato deposse dos primeiros 169 servidores pübiicosque ingressaram na carreira oficialmentecontara corn a presenca do Presidente daRepüblica, sintorna da importância atribufda a

5,este processo.Forarn as seguintes as acöes que se

seguiram:

- A criacao de urn “Livro de Visitas” quecada ernpresa deve manter, no qual osInspetores fazem constar sua atuacao ernforrnuiário irnpresso, corn suas foihas prénumeradas e corn questöes a ser respondidas,corn cópia para 1nspecão.- Urn piano anual de visitas ordinárias ereguiares, programadas por rarno de atividade,O que permitiu fiscalizar setores nunca antesvisitados.- Estabelecimento de sistema deadrninistracao por objetivos, permitindorecompensar, semanairnente, corn urn modestoprêmio, o Inspetor que aicance os objetivos dopIano de acão.- Impiantacao de sisterna de turnos detrabaiho nas localidades de rnaiorconcentraçao de Inspetores, limitando a urn diana sernana a assistência de urn grupo deInspetores a sede da Secretaria do trabaiho.Nesse dia atende-se o pübiico e, ao final, serecebe o piano de visitas do resto da semana.

Alérn das rnedidas acirna citadas, corn oaumento do nürnero de inspetores rneihorou asupervisao e, dada a major capacidade e tratoafável dernonstrado pelo corpo de inspecao,rneihorararn também as relacôes daadministraçao corn os ernpregadores, desde

que a ênfase fosse em não perseguir ousancionar e sim em corrigir posteriorrnente asirregularidades detectadas. Dada a renovacãodos Inspetores tornou-se possivel destinar aalguns. tarefas de mediaçao de conflitosevitando ruIdos de embates trabaihistas,registrando-se muito poucas greves em 1991-1996. A Tnspeçao do Trabaiho prestou urnservico especial de vigilancia e rnediacao,tanto de prevencao de conflitos, corno dehannonizacao das relacoes de trabaiho noâmbito das ernpresas de zonas francas(maquiladoras), corn urna comissão ad-doctripartite, para exarne de queixas e solucoes.

Ao rnesrno ternpo, mudou o arnbienteexistente em marco de 1991, que taodetalhadarnente descreve Albuquerque, “corncadeiras e escrivaninhas quebradas, gavetas demóveis desaparecidas, arquivos de metalinserviveis, paredes e pisos sujos, vendedoresambulantes de comida em corredores e salas,urna mesa enorme de mogno onde sedigladiavarn os Inspetores e, nesse meio,atendiam a centenas de pessoas falando ouprotestando em voz alta e ao mesmo tempo,agitando seus papéis, carência decondicionador de ar em urn pals de elevadatemperatura, carência de autornóveis(...)”.

Corn a Secretaria de Obras PüblicasconquistOu-se a remodelacao da planta fIsica eO meihoramento das condicoes do ambiente detrabaiho, corn recursos da própria Secretaria,colaboração técnica da Off e de algunsMinistérios de governos estrangeiros. Dada aescassez de recursos obteve-se autorizaçaopara repassar da coletoria de Rendas Internaspara a Secretaria do Trabaiho a distribuicao evenda dos diversos forrnulários trabaihistaspara empresas, reduzidos a urn so, o queaumentou seu valor de US$ 0.03 aUS$ 2 — ao ano. Além do que, agregou-se urnanorma regulamentadora através da qual ficavaO trabaihador eximido do onus da prova detodos os fatos que deveriam ser documentadospelo empregador, o que estirnulou as ernpresasa adquirir os irnpressos. Mesrno não sendograndes, esses recursos, permitiram certosganhos adicionais para rnudanças minirnasindispensáveis a melhoria do ambiente detrabalho. Três anos depois todas asdependências da sede central e representaçäolocal de Santiago contavam corn arcondicionado, cada Inspetor recebe, em seuescritório, empregador e/ou trabaihador, salöes

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e escritórios remodelados. móveis novos,equ i pamentos computacionais incorporados e

a capital da Repüblica unida em rede com

Santiago. Como consequência, foram

agilizados os trabalhos. os serviços sãomeihores e mais eficientes, ha urn controle

efetivo da documentaçao e as certidöes

solicitadas são expedidas corn rapidez.

Menciona tarnbém Albuquerque, de forma

especial que “Se despertou na maioria dosempregados sua vocacão para o servico e oorguiho de exercer suas atribuicoes corn

eficiência”.Convém também citar, corn relação a essa

experiência, o que se denornina como “urnpoderoso obstáculo constituido por umaburocracia acostumada a uma intervençãocontinua e ate irritante no contexto da relacao

do trabaiho, que repetia, inconscientemente,

urn rnesmo ritual de longos anos no servicooferecido a ernpregadores e trabaihadores”.

Para atingir esses resultados forarn elirninados

alguns trâmites sindicais como enviar urn

Inspetor a toda assembléia sindical e rnuitoespecialrnente a constitutiva e, também, asancão de nulidade no caso de sua ornissão

aplicando-se, para esse fim, o principio daliberdade sindical reconhecido pela Convencão

N° 87 da OTT, corn a que forarn ganhas rnuitas

horas e dias üteis, dos inspetores, para outras

tarefas. Igual procedirnento foi adotado corn osregulamentos internos e convençöes coletivas

de trabaiho que agora, sirnplesrnente, seregistram como rnera formalidade depublicidade, deixando-se o controle de sualegalidade para os Tribunais do Trabaiho.

Outra modificacão nas funçöes foi intentada

corn a elirninacao da intervençao da Inspecão

no caso de suspensão de reiacöes trabaihistas.

Entretanto, Albuquerque reconhece que essamedida falhou porque os trabaihadores

resistem em assinar a suspensão e porque, noscasos excepcionais ocorridos, forarncornprovados abusos e tentativas de fraude.

Dentro das medidas adotadas, aparece comomuito importante a que torna sem efeito ocaráter obrigatório que era dado a conciliacao

administrativa para poder apresentar demandasdiante dos tribunais do trabalho, o que sedestaca corno ponto de resistência do setorempresarial, por aumentar a litigiosidade epelo encarecirnento dos custos, que implicarnos procedirnentos judiciais. Finalmente foi

tornada urna série de medidas administrativas

para rninimizar trârnites burocráticos repetidos

durante longo tempo, tais corno cópiasdesnecessárias, papel continuo para muitosforrnulários legais (para facilitar as empresas

seu uso por computadores); serviçopermanente de informacao telefônica nas horas

de trabalho, condensaçao de urna variedade dedocurnentos utilizados pelas ernpresas em urn

so: prazo máxirno de trinta dias para despachar

e resolver qualquer solicitacao e agilizacaogeral dos trâmites criando urna rnIstica de darrespostas aos problernas corn rapidez.

Venezuela. Nesse caso foram introduzidosprincIpios de planejamento estratégico a partir

da definiçao de uma missão ministerial. Noque diz respeito a Inspecão do Trabaiho seconsiderou o objetivo de reformular o servicono sentido de direcioná-lo para a orientacäo,assessoramento e prevencäo. Essas estratégias

foram conduzidas a criação de urn Servicotmnico de Inspecao, selecão de pessoal deformacão multidisciplinar, mediante concurso

de provas, programas de capacitacao etreinarnento de pessoal, planejarnento dainspecão em cirna de prioridades.

Tais objetivos e estrategias forarn

ademais, traçados no rnarco de umarnodernizacao maior, de desconcentraçãorninisterial, definindo urn nivel centralnormativo, responsavel pela elaboracao depoliticas, planejamento e controle apoiado por

urn executor em nivel regional, encarregado

entre outras, da funcão de inspecão.No ârnbito do processo de modernizacao

dos Serviços de lnspecao se destaca aprofissionalizacao das atividades de inspecão,através de acesso por concurso. 0 citadoconcurso partiu da definição do perfil doscandidatos, elaboracao de urn regulamento deingresso publicado na Gazeta Oficial, seguidode urn concurso de oposicao propriamente

dito, corn edital publicado na imprensa, préselecao corn base nos certificados. selecão dos

rnelhores qualificados no curso de formaçãobásica em seguridade social, direito dotrabaiho e higiene e seguranca industrial(Universidade de Carabobo e Instituto

Tecnologico do Trabaiho e Seguranca

Industrial — IUTSI — de cinco sernanas deduracão). A selecäo prosseguiu a cargo doschefes de unidades do Serviço Onico deTnspecão, devendo se acrescentar que o junqualificador esteve cornposto por

representantes da Universidade de Carabobo,

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da JUTSI e do Ministdrio do Trabaiho (urn porinstituicao). 0 processo foi acornpanhado deprogramas de treinamento e formacao, cornurn curso básico de cinco semanas, ministradoem centros universitários e cursos de higiene esegurança de seis semanas, teónco e prático,ministrado por especialistas do Instituto deHigiene e Seguranca Industrial da Espanha.Além disso. foi meihorada a estrutura ffsica eo mobiliário. bern como equipamentosessenciais de trabaiho, especialrnente em zonas

criticas como a Zona Ocidental eMetropolitana. Ao mesmo tempo forammeihorados os sistemas estatisticosconsiderados como ferramentas de trabaiho deespecial importância para a tomada dedecisöes e se implantou urn programacomputacional para melborar as definiçoes deatuacao coerentes corn as exigências nacionais.Aldm disso o servico é cornplementado cornsistemas telefônicos gratuitos de consulta(linha 800).

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Parte IV

SOBRE FIscALIzAcAo DO TRABALHO FORADO

A OTT coletou em transcendentaldocurnento denominado “Declaraçao dePrincIpios e Direitos Fundamentais noTrabalho e seu Segmento” de 1998, urn elencode convencöes fundamentais a seremrespeitadas pela comunidade de nacöes. Essedocumento foi aprovado por unanimidade pelaConferência da OTT e recebeu urn importanterespaldo corn a reiteracao dos seus princIpiosem irnImeros documentos. protocolos edeclaracoes subscritas no âmbito do continenteamericano.

0 conj unto de convençöes que aDeclaracão da OTT de 1998 consagra cornofundarnentais são as seguintes: Convencãosobre a liberdade sindical e a protecão dodireito de associacão, 1948 (N° 87);Convencão sobre direito de sindicalizacão enegociacao coletiva, 1947 (N° 98); Convençãosobre o trabaiho forcado, 1930 (N° 29);Convencao sobre a abolicão do trabaihoforcado 1957 (N° 105); Convencao sobre aidade mInima para trabaihar, 1973 (N° 138);Convencao sobre as piores formas de trabaihoinfantil, 1999 (N° 182); Convencao sobreigualdade de remuneracão, 1951 (N° 100) eConvencao sobre a discrirninação (emprego eocupacão), 1958 (N° 111).

Mesmo considerando que muitos aspectosdessas convencöes são abordados através deprocedimentos da fiscalizacao, persisterndificuldades para tipificar as condutassancionadoras, as que, muitas vezes, são decornpetencias judiciais, ou de organismosquase judiciais, ou de competênciascompartilhadas onde, corn frequencia, o poderde atuacao da Inspecão do Trabaiho, comoinstituicão, parece limitado, como é o caso dedendncias sobre direitos coletivos laboraisviolados. Corn relacao as dendncias sobrediscriminaçao, estas resultarn tambérn rnuitodifIceis de se configurar e acreditar.

Corn efeito, existern experiênciasinteressantes sobre fiscalizacao de trabaihoforcado e de trabaiho infantil, entre as quais sedestacam, em numerosos relatórios da OTT. asque forarn implernentadas no Brasil econtinuarn em curso.

Quanto ao trabalho forcado no Brasil, em1972, o bispo de São Felix do Araguaia, D.Pedro Casaldáliga, pronunciou-se em CartaPastoral, sobre a existCncia de trabaihadores dasua Diocese submetidos a trabaihos forcados,corn a qua] essa realidade adquiriu umacertificacao moral inconteste.3

Transcorridas quase duas décadas, novasdendncias alcancararn importante divulgacaopela imprensa. Tais dendncias eram veiculadaspor diversas entidades como representacoes detrabaihadores, Ordem dos Advogados doBrasil e organisrnos internacionais corno a OTTe a própria ONU, fato que abriu espacosuficiente para que as próprias vItirnas tambémdenunciassern, por si mesrnas ou através deseus familiares, sobre a situacão que Ihesafligia.

Obviamente, trata-se de urn tema queaparece completarnente apartado dasrealidades e práticas normais e cotidianas deurn pals que, em outros ârnbitos, está marcadopela rnodernidade, as novas tecnologias e odesenvolvirnento. Isso tern alij ado a discussãodessas matérias da agenda de preocupacoes dasociedade, salvo episódios esporádicos queaparecem destacados na imprensa.

Desse modo, o debate sobre a questão dotrabaiho forcado se concentra dentro dogoverno federal, de algumas representacoes detrabaihadores, de algurnas alas derepresentacoes parlamentares e da IgrejaCatólica. A sociedade apenas revela seuconstrangimento quando estes episódiosalcançarn certa relevância na imprensa. Emparte, esse distanciamento pode ser explicadopor ser o trabalho forcado pouco comum,normalmente concentrado nas areas rurais daRegião Amazônica. Essa Região, que inclui aRegião Norte e parte da Região Centro-Oestedo Brasil caracteriza-se por sua grandeextensão territorial, menor populaçao e peladificuldade de acesso a suas areas rurais,devido as precárias estradas. Fatores comoestes facilitam a submissão dos trabaihadorespara lá deslocados, onde são mantidos isoladose sob vigilância armada.

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Condicoes corno o aprisionarnento pordIvida, prornessas enganosas quanto ascondiçoes de trabaiho e salários e outrasviolências, já constavarn das prirneirasdenüncias e passaram a caracterizar urna “novaforma de escravidAo”.54

Ainda nos dias de hoje, a “contratação”desses trabaihadores é intermediada poragenciadores conhecidos como “gatos” (asvezes dependentes dos fazendeiros), que seencarregarn de fazer os contatos e providenciarO transporte55

Atendidos os crescentes apelos nacionaise internacionais para urna intervencao doEstado, tal dernanda se centrou no Ministériodo Trabaiho corn a incumbência dedesenvolver açöes governamentais ágeis eeficazes para atender as dendncias. Desde logoficou evidente que não se poderia dispensar ornesrno tratarnento dado as infracoes de rotina,considerando tambérn a necessidade deacurnular experiências e preparar a Jnstituicaopara atuar frente as denuncias de trabaihoforcado. Por outro lado, tornou-se cornurn ouso da denorninacao “trabaiho forcado” paraqualificar outras situaçöes de condicoes detrabaiho que, mesmo irregular, não podiarn sertipificadas como trabaiho forçado, o queacarretou urna certa confusão na interpretacäocorreta da realidade encontrada. Nessa fase, oMinistério do Trabaiho editou urna instrucãocorn o objetivo de atualizar os procedirnentosde fiscalizacao ern trabaiho rural e orientarquanto ao trabalho forçado.56

Nessa trajetória, seguirarn-se,gradativamente, outras medidas de controle eenvolvirnento de outros Ministérios eentidades na repressao ao trabaiho forcado,sern prejuizo de que a responsabilidade daoperacionalizacao se mantivesse a cargo daSecretaria de Fiscalização do Ministério doTrabalho.57

Sempre dentro das acöes governamentais,ern 1995, foi criado o Grupo Executivo deRepressão ao Trabaiho Forcado, GERTRAF,para implementar açöes articuladas entre asdiversas areas de governo, urna vez que, alérndo cunho eminenternente trabaihista, a questaodo trabaiho escravo, infantil e degradanteenvolve aspectos sociais, econôrnicos,criminais e arnbientais, entre outros.58 “Essegrupo ficou subordinado a Cârnara de PolIticaSocial de Conselho de Governo e coordenadopelo Ministério do Trabaiho, corn

representantes dos Ministérios da Justiça,Meio-Ambiente, Recursos Hidricos e daArnazônia Legal, de Agricultura eAbastecirnento e de lndüstria, Cornércio eTurismo”,

Em 1995, foi instituido o Grupo Especialde Fiscalizacão Móvel,59 coordenado pelaSecretaria de Fiscalizacao e dotado demecanismos mais apropriados para agregarrnaior agilidade e controle. 0 instrumentoconsidera a necessidade de “centraiizar ocornando para diagnosticar e dirnensionar oproblema; garantir a padronizacao dosprocedirnentos e a supervisAo direta dos casosinspecionados; assegurar o sigilo absoluto naapuracAo das dendncias e deixar a fiscalizacãolocal livre de pressOes e arneacas”.6°A formade gestão se traduziu em urn progresso nosresultados da atuaçao da fiscalizaçao, quepassou a seguir urna lógica rnais estratégica deação, rnuito mais agil e segura, cuja concepcãonão é de estrutura permanente. Contaapenas corn quatro coordenadores para asdiversas regiöes, norneados por DecretoMinisterial, sern que signifique a criacão decargos na estrutura do Ministério, Todos oscornponentes do Grupo Móvel são AuditoresFiscais do Trabaiho (AFT), lotados nasDelegacias Regionais, onde permanecem adisposicao para entrar em acão a qualquermornento em que haja denéncia de trabaihoforcado ou degradante. Cumprern atividadesde planejarnento e execucão das açöesfiscalizadoras sob o controle direto daSecretaria de Inspecão do Trabalho (SIT) econtarn corn o apoio da Policia Federal que osacornpanharn nas fiscalizacoes.

A formacão das equipes, para cada acãode campo, fica a cargo dos coordenadores queprocuram considerar fatores de eficiência,como aptidão e disponibilidade das pessoaspara esse tipo de atividade que oferece maisriscos. Normalmente, os AFT’s recebernordem de serviço expedida diretamente pelaSIT, prerrogativa prevista no Regularnento daInspecão do Trabaiho (RIT), para participar daoperacão, por se tratar de localidades distintasdaquelas em que residem ou tern sua lotacaofuncionai.

0 Grupo Móvel está orientado paraplanejar e executar as operacöes dentro de urnpadrao de procedirnentos capazes de reduzir osriscos próprios a que se expoern os Inspetores

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e trabaihadores e, também, criar alternativaspara situacöes novas ou não previstas.

As etapas da operacão contemplam:- Denüncia. Nessa fase cabe aocoordenador regional apurar. o maisprecisamente possIvel, informacoes relativas aatuaiidade, origem, ‘eracidade e, finalmente,as condicoes de viabilidade para o atendimentodo caso.- Planejamento. A partir da anáiise dadenüncia, compete ao Coordenador Regionalformular urn piano de acão a ser submetido aconsideracao da Coordenacao NacionaL 0piano deve incluir a definicao da operacão e oestabelecimento de contato corn a PoilciaFederal para acompanhar os Inspetores doTrabaiho; solicitacao. as Delegacias Regionaispara que disponibilizem transporte emcondiçoes adequadas para o tipo de acão;facilidades de passagens e diárias para opessoal envolvido; solicitação de perrnissaopara que os fiscais possam conduzir veIculoquando necessário for; solicitacao de recursospara despesas corn combustfvel, materiais eservicos de terceiros; solicitação de materialde expediente, rnáquinas fotográficas efilmadoras, mapas, materiais de primeirossocorros, ferrarnentas e motosserras; escoihada cidade que sirva de p610 para acão,definicao de data e local de encontro de todosOs participantes.

Fica a cargo da Secretaria de Inspecão,depois de aprovar o plano encarninhado pelaCoordenaçäo Regional, adotar providências nosentido de liberar agentes da Jnspecão lotadosnas Delegacias Regionais, estabelecer contatocorn a Poilcia Federal e providenciar osrecursos financeiros e materials para realizar aação.

Grande parte do êxito da acão consiste napostura a ser adotada por cada urn doscomponentes da equipe, razão pela qual caberáao Coordenador tracar urn piano operacionaldepois da equipe reunida. 0 item de segurancafica a cargo dos membros da Polfcia Federal eas questoes ligadas a forrnas de deslocarnento,abordagem de campo e disciplinas sãodiscutidas e acordadas pela a equipe.

A fiscalizacão é orientada no sentido defazer relatórios bern circunstanciados,enriquecidos corn fotos, fumes, gravacOes derelatos, depoimentos e tudo que forconsiderado relevante como meio de provapara procedimentos em outras instâncias.Nessa fase da acão o mais importante é aidentificaçao dos trabaihadores que desejamsair do local e retornar aos seus municipios ouiugar de origern. Em caso de haver omissão desocorro, flagrante de violência contratrabaihadores ou porte ilegal de armaspor parte dos denominados “gatos”(intermediadores), gerentes ou fazendeiros,estes serão conduzidos a Delegacia dePolIcia local.

Como resultados, pode-se mencionar que,entre os anos de 1995 e 2000, o nürneroalcancado pela acao do Grupo Móvel foi daordern de 157.693 trabaihadores, tendo sido1.999 trabaihadores libertados por efeitodessas operacöes. As atividades econômicasonde ha registros de major incidência detrabalho forcado são as carvoarias, osdesmatamentos para pastagem de gado efazendas de cana pertencentes as grandesdestilarias de álcool da região.

A acão repressiva tern sido a rnarca quedistingue o trabalho do Grupo Móvel. Semdévida, em casos como o de trabaiho forcado,a fiscalização perderia o seu significado casonão estivesse rnobilizada para utilizar toda asatribuicoes de polIcia administrativa, que sefazem necessárias.

0 Grupo Móvel tarnbérn se distingue pelacapacidade de gerar resultados sem alterar aestrutura fIsica da instituicão. Os cuidadoscorn a análise das dendncias e dopianejarnento, agilidade e sigilo estãodiretamente ligados a eficiência da acão. Astáticas definidas para a operacão são decisivaspara a constatacão das condicoes e libertacaodos trabalhadores, quando for o caso.Finalmente, a partir do relatório ou doflagrante, a atividade fiscalizadora poderesultar em punição para os infratores,caracterizando-se, dessa forma, como umaação eficaz.

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Parte V

SOBRE FIscALIzAçAo DO TRABALHO INFANTIL

Como antecipamos, o Brasil vemdesenvolvendo experiências de combate aotrabalho infantil que tern se projetado emrelatórios da OIT. Corn efeito, a partir deavaliaçaes a OTT estimava que cerca de16.09% do universo infantil e adolescenteexerciam algum tipo de atividade. Afirmava-seser este urn dos maiores indices da AmericaLatina e o major dos pafses do MERCOSUL.61Em razão da magnitude do problema, o Brasilfoi o primeiro pals da America Latina a serescoihido para a implantacao, em 1992, doPrograma Internacional de Eliminacao doTrabaiho Infantil — IPEC, desenvolvidopela OTT.

O trabaiho infantil no Brasil,principalmente em suas areas rurais, passou aintegrar o debate da sociedade civil, a partirdas dendncias dessa prática em carvoarias,indüstrias de calcados em plantacoes de canade-acücar e sisal. Pouco tempo depois, eatravés de mapeamentos ad-hoc realizadosatravés da fiscalizacao ministerialidentificaram-se também, outros focos deexploraçao de crianças e adolescentes.

O texto constitucional de 1988 fixou aidade mInima para o trabaiho em 14 anoslimite que elevou-se para 16 anos a partir doano 2000, o que agregou, para efeitos decobertura legal, urn grande contingente dejovens com faixa etária entre 15 e 16 anos.Esse contingente foi novamente alterado em2001 quando foi ratificada a ConvencaoN° 182 da OTT, sobre a proibicao daspiores formas de trabalbo infantil e,consequentemente, ampliando o universo deatividades proibidas para menores de 18 anos.Atualmente, Resoluçao Ministerial indica 82tipos de atividades que, em razão da suanatureza ou modo de execucäo, implicam emconseqüências prejudiciais a sadde, segurancae moral de criancas e adolescentes e que,portanto, ficam proibidas para menoresde 18 anos.

O problema do trabaiho infantil no Brasilpassou claramente a incorporar-se a agendainstitucional na década de 90. embora játivesse sido alvo de profundas discussöes,desde os momentos que antecederam a

Constituicao de 1988 e quando o conceito decidadania estava na ordem do dia e os direitosdas criancas passaram a ganhar urn peso sernprecedentes. Ao mesmo tempo, já havia urngrande espaco de debate no âmbito dasorganizaçöes internacionais ou organizacöesnão govemamentais (ONG) dedicadas aotema.

São muitos os fatores apontados comocausas do trabaiho infantil no Brasil. Semembargo, ha urn consenso de que a pobreza é acausa de maior incidência. Contudo, existernimportantes estudos que, mesmo admitindo sera pobreza a principal causa, afirmam não seresta a dnica determinante, e que tambéminfluenciam as denominadas causas subjetivas-culturais.62 E importante ressaltar que diantedesse cenário faz-se necessário avaliar oprejulzo que o trabaiho precoce traz a saCdeflsica, pslquica e social dessas crianças eadolescentes, condicionando-os a urn ciclo depobreza ue se transfere para as geracöesseguintes.

A gravidade e a proporcão das dendnciasimpulsionaram o Governo a tomar medidasefetivas de combate ao trabaiho infantil e demobilizaçao da sociedade e, uma vezentendida sua grande complexidade emilitiplas causas, as acöes governamentaistinham que orientar poilticas corn estratégia eacóes que envolvessem as diferentescompetencias de governo em parceria cornoutras entidades.

A questao passou a ser tratada dentro doâmbito dos direitos humanos e os ministériosdas areas sociais passaram a incorporar açöesque contribulssem para o combate ao trabalhoinfantil nos seus planos de acão. Porém amaior responsabilidade, corn as acoes maisefetivas, caberia ao Ministério do Trabaiho e,posteriormente, em conj unto corn o Ministérioda Previdência e Assistência Social.

0 Ministério do Trabalho do Brasilexecutou estratégias do governo sustentadasem dois eixos: Poifticas gerais dedesenvolvimento econôrnico e social que ternimpacto sobre o bern estar das criancas epoilticas especIficas de combate ao trabaihoinfanti1.

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A preocupacao do governo residia emdesenvolver açöes e prograrnas na esfera socialintegrados e sistêmicos, incluindo as areas detrabaiho, educacao, sadde, cultura, direitoshumanos e assistência social.

Nessas diferentes areas, se destacarn urnscm ndrneros de iniciativas, transforrnadas empianos e prograrnas governamentais. Na areado trabalho, produziu—se urn diagnosticopreliminar dos focos do trabaiho infantil e deadolescente no Brasil, planejado e operadopela fiscalizacao do trabalho. 0 maisinteressante do conjunto das iniciativas residena abordagern do tema a partir de umaperspectiva rnulticausal que busca atacar oproblema dentro dessa perspectiva.

Foi assim corn a area da educacao onde seencontram os programas do livro didático, dotransporte escolar, da saüde escolar, daaceleracao da aprendizagem, da alfabetizaçaode jovens e adultos, “todas as criancas nocolegio”, educacão profissional básica e opiano de vaiorização do livro didático, todosos quais apontando o desenvolvimento corno ofator pedagógico para que a criança ou oadolescente não abandone seus estudos ou osrecupere e assirn Os termine.

Na area do trabalho, são destacadostambém os programas de geracão de empregoe renda e o de qualificacão profissional(Ministério do Trabaiho e Emprego) e dofortalecimento da agricuitura familiar (a cargodo Ministério da Agricultura).

Em outras areas podem ser mencionadosos seguintes programas: area de saüde — oprograma de prevencão dos riscos causadospelo trabaiho da crianca e do adolescente; naarea de assistência social, os Programa BrasilCrianca Cidadã e o Programa de Erradicacãodo Trabalho Infantil (PETI) e na area dajustica, o Programa Nacional de DireitosHumanos.

E interessante compreender que, além dasiniciativas do Governo, se agregaram algunsprogramas não governamentais como os daEmpresa Amiga da Crianca da AssociacãoBrasileira de Fabricantes de Brinquedos(ABRINQ), o Instituto Pró-Crianca criado porempresarios das industrias de calcados com aparticipacão do Sindicato de Sapateiros (emSão Paulo) e Associação BrasileiraMultiprofissional de Protecão a Infância e aAdolescência.

Por ditimo, esse conjunto de programasestá tarnbém apoiado por uma fortecooperacao internacional entre os quaisdestacamos o Prograrna Internacional para aErradicacao do Trabalho Infantil (vinculado aOTT, que possui urn Comitê dirigente, cornrepresentacao de govemo, ernpregadores eONG), plano de ação adotado pela DeciaracaoSobre a Sobrevivência, Protecao eDesenvolvimento da Criança. A maioria dosprograrnas conta corn o apoio do UNICEF,OTT e UNESCO.

A dimensão social do trabaiho infantillevou o problerna a ser considerado comoprioridade de Governo. Corn essa concepcão,foi incluldo corno uma das acöes especfficasdo Piano Piurianual 2000/2003 do Programa“Avança Brasil”, da Presidência da Repéblica,no ârnbito do Programa de Erradicacão doTrabalho Irifantil, cujas acöes sãodesenvolvidas pelo Ministério do Trabaiho eEmprego corn o Ministério da Previdência eAssistência Social. As açöes do MTEproduzem os insumos necessários para atenderaos dernais programas, em especial aos deassistência a crianca e promocão social dasfamflias; fiscalizacão; mapas de foco dotrabaiho infantil por rnunicIpio; estudos epesquisas sobre o trabaiho infantii e seusimpactos; edicão e distribuicão de publicacoesinstitucionais sobre o trabaiho infantil;promocão de eventos para sensibilizacão dasociedade e campanha nacional que enfoque aimportância do cornbate ao trabaiho infantil.Vale ressaltar que as acöes no âmbito daprevidência social estão orientadas adistribuicão de bolsa ou subsIdios para asfamflias que retirarem suas crianças dotrabaiho e as mantiverem na escola em tempointegral.

Como acães da Tnspecão do Trabaiho, naprevencao e combate ao trabaiho infantil,observamos que a partir de 1995,foram criados os Nécleos Estaduais deCombate ao Trabaiho Tnfantil, posteriormentetransformados em Grupos Especiais deCombate ao Trabalho Infantil e de Protecao aoTrabalhador Adolescente (GECTIPA). Essasestruturas forarn criadas para atuarem noârnbito das Deiegacias Regionais do Trabälho.

0 Ministério do Trabaiho, através dosreferidos Grupos Especiais, envolvidos maisdiretamente corn o tema, busca planejar suas

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acOes corn elementos de urna estrategia globalentendendo-se corno tal a articulacão depolIticas, programas e acöes governamentaisnos três niveis de governo: Federal, Estaduale Municipal. agregadas a importanteparticipação social.

Estes grupos foram dirigidos para aelaboraçao de urn Diagnóstico Prelirninar dosFocos de Trabaiho da Crianca e doAdolescente, cujo objetivo principal era aidentificacao dos focos existentes para orientare reforcar as acöes de combate ao trabalhoinfantil. Trabaihararn nesse diagnóstico asequipes de fiscalizacao de todas as DelegaciasRegionais do Trabalho.

Em 1997, os nücleos estaduais ligados aSecretaria de Fiscalizacao do Trabaiho(SEFIT) concentravam suas atividades naatualização do diagnostico publicado em 1996,na fiscalizacão daquelas atividades onde forarnconstatadas as formas mais intoleráveis deutilizacao de mão-de-obra infantil eparticipacão ativa nas atividades de formaçãoda rede (nacional ou estadual) de protecão acrianca, ao adolescente e as suas familias.

Em 1996, as Secretarias de Fiscalizacao ede Assistência Social iniciaram operacoesconjuntas nas carvoarias do Mato Grosso doSul, nos canaviais de Pernambuco e na Regiãosisaleira da Bahia.

Nos Estados, no ano de 1997, houve urnavanco considerável no trabaiho conduzidopelos ndcleos, tomando-os referência noprocesso de mobilizacao e desenvolvimento deparcerias e formação de rede para a prevencãoe erradicacao do trabalho infantil.

Ainda corn resultados distantes doobjetivo de erradicacao do trabaiho infantil.deverlarnos destacar que o prograrna PETI,através de suas comissöes estaduais emunicipais, destinou bolsas necessárias paraafastar as criancas do trabalho e mantê-los naescola. So no ano 2000 foram concedidascerca de 400 mil bolsas em diversas cidades dopals, em alguns casos rnudando a realidade equalidade de vida das crianças e familiasbeneficiadas.65

Corno meio de controle e inforrnacãoirnplementou—se outro sistema especial deApoio no Combate ao Trabalho Infantil(ACTI), corn o objetivo de administrarinformacoes dos GECTIPA’ s sobre as acöesrelativas ao trabaiho infantil.

Trata-se de urn programa de apoiocomputacional, desenvolvido por urna equipede auditores fiscais da Secretaria de Inspecaodo Trabalho e destinado a constituir-se emuma ferramenta de planejamento, avaliaçãoretro-alimentadora e especialmente detransparência dos processos e resultados deaçöes exclusivas da Inspeção do Trabalho edaquelas realizadas em concurso corn outrosagentes püblico ou da sociedade civil. De fácilaplicaçao e simples instalacão, está divididoem três módulos. cada urn em diferentes niveisde gerência das acães dos GECTIPA’s. 0prograrna se baseia em urn banco de dados,acessIvel via rede e alirnentado pelos prdpriosGrupos a rnedida em que desenvolvem maisacöes e investigacoes que podem ser realizadasutilizando os critérios das investigacOesnacionais por arnostra de dados ou porcritérios do Ministério do Trabaiho eEmprego.

São mais de 40 tabelas de investigação,proporcionando análises de diferentesperspectivas e uma grande variedade deanálises graficas, tanto sintéticas cornoanallticas tomando-os elernento fundamentalpara os Auditores Fiscais e os GECTIPA’s.

No primeiro módulo, o programa ACTI éapresentado corno urna ferramenta de análisesde dados pertinente ao trabalho infantil, sendoutilizado corno urna fonte de informaçao aosCoordenadores e Subcoordenadores dosGECTIPA’s, na elaboracão do planejarnentodas acöes fiscais. Permite a investigação dainformalidade em qualquer faixa etária, alémde verificar a eficácia das acöes, através de suaevolucão histórica. 0 auditor pode valer-se deinformacoes corn a divisão por faixa etária,sexo e critérios de ocupacão e por perfil, cornofrequencia escolar, rernuneração einformalidade, entre outras caracterlsticas.

No segundo módulo procura-se reduzir aburocracia dos Grupos Especiais, além de darvisibilidade as acöes fiscais realizadas emsetores onde os SFIT (sisterna de informacaogeral) não registram. Esse módulo tambémbusca prornover uma meihor interacão entre oMTE e seus parceiros governarnentais e nãogovernarnentais, através de mecanisrnos deenvio e recepcão de informacoes.

0 prograrna ACTI também registra asacoes de fiscalização no setor informal e dingeos casos que ultrapassam a competência doMTE para outras instâncias competentes.

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Dentro de suas funcöes, destacarn-se as deincluir, alterar ou excluir as acöes fiscaiseducativas c propiciar senhas de acesso para osusuários do sistema. Nas açöes fiscais sãoincluldos os dados genéricos da acão, taiscomo lugar, data e empregador e dadosespecIficos dos trabaihadores, que depois sãoenviados a outros organismos ou instituiçoesque tenharn competência cornpartilhada ourelacionada em funcao de suas faculdades oude projetos especiais de ação nesse âmbito.Uma acão fiscal é inclulda no ACTI quandoela não pode ser registrada no SFIT, dada ainexistência de empregador definido e quando,apesar de estar no sisterna convencional(SFIT), contérn dados de crianças eadolescentes que nao tiveram seus casostotalmente resolvidos e demandam aconcorrência de outras organizacoes, cornfinalidade de prover urna solucao mais integralpara a crianca ou adolescente identificadospela fiscalizacao.

Ao finalizar a acão de fiscalizaçao, devese indicar a que outras unidades o caso deveráser encaminhado. Os relatórios corn todos osdados dos trabaihadores indicados podem ser

dirigidos aos órgãos relacionados e, quandonão forem efetivamente encaminhados, estesficarão registrados como em suspenso noGECTIPA e registrado negativamente para aestatIstica institucional.

Urn resumo de atividades executadas peloGrupo no mês respectivo pode ser facilmentegerenciado através deste programa, indicandoos recursos aplicados, as acöes organizadas, aquantidade de denüncias e a quantidade dereumöes técnicas realizadas.

No terceiro módulo, os auditoresaprenderão a utilizar o sistema ACTI comouma ferramenta geral que permite oacompanharnento quantitativo e qualitativo dasacöes do combate ao trabaiho infantil, desde onivel local ate o nivel nacional.

Finalmente, esse sisterna auxilia osGECTIPA’s acompanhando os resultadosquantitativos e qualitativos da fiscalizacäo,avaliando o nIvel das articulacoes eredirecionando, corrigindo ou reforçando asestrategias já tracadas. Esse acompanhamentopode ser feito por meio de tabelas e gráficos,

verificando-se o ndmero de açöes alcançadas eseus indicadores.

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CONCLUSOES

A tItulo de reflexöes finais, observa-seque a Inspeção do Trabaiho, inserida dentro dosistema da Administracao do trabaiho. naoperdeu a sua vigência e atualidade e, pelocontrário, continua constituindo urn fatoressencial de humanizacao das relacoes detrabaiho, de busca do “trabaiho digno”. Cornefeito, deve a Inspecao modernizar seusmétodos de trabaiho a partir de urn reenfoquede sua missäo, adequando-se a bipolaridade deurn mundo cada vez mais tecnologizado de urnlado, e a uma “antiga economia” que subsiste,nos palses da Região, particularmente nosmenos desenvolvidos.

Nessa perspectiva, deveria certamentecontinuar o desenvolvimento das novasexperiências de modernizacao, considerandoas realidades dos diferentes palses, partindo debases como as da Convencao N° 81 que, semddvida, se mantém em vigor corn estatutosapropriados, sobre carreira funcional, némeroadequado de Inspetores, normas ciaras sobre aatuação nas visitas de campo (terreno) eprocedimentos transparentes, porém dandoconta de uma realidade em processo demudanca, corn realidades ancoradas emprocessos tradicionais de producão e corn umaemergente transformacao derivada datecnologia e abertura de mercados.

Quanto a missão de controle da InspecAodo Trabaiho, certamente continuará o debateentre seus aspectos pedagogicos e punitivos,sobre o qual nAo podemos senão concordarque a repressao não tern significado por simesrna, e sim como instrumento para aobtencao de urn fim que, em nosso campo, setraduz no cumprimento da legislacaotrabaihista. Consequentemente, contribui pararealizar valores como equidade e paz social.Por essa premissa, deveriam continuaraprofundando-se todos os mecanismos deaplicaçao da legislacao laboral e outras normasque a complementem. Porém, deverá caber,também ao Estado manter dispositivos paraacöes enérgicas, especialmente em casos degraves vioiacoes a direitos trabaihistasfundamentais, tais corno trabaiho forcado, oudispositivos baseados na coordenaçao de

equipes ou redes rninisteriais, em caso detrabaiho infantil. especialmente em suaspiores formas.

A lnspecão do Trabaiho deveria adaptarse a estrategias de acão em ambientes dediversidade e incertezas. para cujos resultadoso planejamento estrategico outorga urninstrumental extremarnente importante. Tudoisso deve-se operar nos mais diferentes nIveis,a partir da identificacao dos seguintescomponentes: Como se planeja, irnplementa eavalia cada acão; quais os elementos queimpuisionam as tomadas de decisão nosdiferentes cenários (cadeia logica maiseficiente); modalidades de operacão diante dacompiexidade e diversidade das atuais reiacoestrabaihistas; medidas simples a tomar queprovoquem resultados positivos corn eficáciaem acöes imediatas, sem grandes alteracoesnas estruturas funcionais e; medidas maiscomplexas necessá.rias que resuitem naefetividade da acão e gerem credibilidade dosistema ou servico para o conjunto daspoilticas ptlbiicas diante da sociedade.

Dependendo dos recursos de cada pals, épossIvel investir em apoio tecnologico,especialmente de informática. Contudo, éimportante ter-se presente que os pianosinformáticos se constroem a partir de urnplanejamento estratégico mais arnplo,previamente desenhado, dentro do quai ainforrnatizacao é um instrumento dtil paraagregar eficiência e transparência. 0 mesmoargumento se aplica aos procedimentos etécnicas de informacao no âmbito do Servicede Jnspecao.

0 pessoal de Jispecão do Trabaiho,recursos humanos indispensáveis para odesempenho desses servicos ou sistemas,deverA ser contratado em bases permanentes,mediante concursos ptlblicos, de modo a nãosofrer a interferência em sua atividade quandodas mudancas poilticas que afetarneventualmente os dirigentes. Uma adequadapoiltica de desenvolvimento dos recursoshumanos dentro das instituicoes naturalmentedeverá incluir urn processo de capacitaçao eformacao permanente em todos os nlveis,especialmente para Os Inspetores.

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Inspetores rernunerados en formaadecuada, corn incentivos por desernpenhobaseado ern sua rnaior produtividade, podemdar maiores garantias de probidade ao sistema,tanto aos trabaihadores e empregadores, e demajor valorização profissional na sua atuacAo.

Sisterna de informacao permanente, cornbons sistemas de estatIsticas, dados levantadose cruzados corn outros Servicos doEstado, tambérn corn outras informacöesproporcionadas por entidades privadas edemandas e consuitas dos cidadãos poderncontribuir para urna major eficiência etransparencia da atividade institucional.

Por ditimo, resulta muito importantetrabaihar ern cirna de urna concepção queinclua o desenvolvirnento de redes sinérgicas,rnudando o conceito tradicional dashierarquias, articulando as polIticaseconômicas corn as sociais e abordando cornrealisrno o desenho das polIticas püblicas, suairnplernentacao e avancos, corn quadrosprofissionalizados, incoiporando ativarnente aescuta e participacäo da sociedade civil, corn aqual deve interagir. Todos esses conceitosexigern particular esforço do Serviço deInspecao do Trabaiho que se comunica demaneira privilegiada corn trabaihadores,empresários e suas organizacoes, e corn arealidade das fábricas, estabelecirnentoscomerciais, assirn corno corn a “novaeconomia”, dessa forrna, contribuindo,efetivarnente, corn o objetivo de urndesenvolvirnento econômico sustentado nocumprirnento de norrnas básicas do trabaiho.

Ern sIntese, podem ser formuladas asseguintes conclusöes e sugestöes aconsideracao da Conferência Interarnericanade Ministros do Trabaiho.- Existe consenso quanto a vigência eatualidade da linspecao do Trabalho comoórgao e como funcao enquanto instituiçãodestinada a garantir a ordern pdblica dotrabaiho. Näo obstante, os rnodelos deJnspeçao e seus graus de desenvoivirnentovariarn em todos os palses, adaptados a suahistória, geografia e nIvel de desenvolvimentosocioeconôrnico.- E necessário urn perrnanente ajuste emodernizaçao desse instituto, segundo os tiposde desenvolvirnento econôrnico e rnodos deproduçao que atinjam os paIses.- Sugere-se a conveniência de estabelecer eou meihorar os mecanismos de consulta e

participacao dos atores sociais nos processosde desenho, irnpiernentacao e avaliaçaoda iegisiacao e pianos de fiscalizaçaoespecialmente nos rumos de suamodernizacao,

Aparece cada vez corn major irnportânciaa atividade de prevencao em iugar deatividades reativas. A difusão da legislacaolaboral e de seguridade social que hoje erndia é facilitada corn os avanços dastelecomunicacôes (Internet e outros), podemcontribuir para este resuitado.- Deve-se buscar o justo equilfbrio entre asfaculdades punitivas ou sancionadoras e asatividades pedagógicas ou educativas dosInspetores, de acordo corn as distintasrealidades nacionais ou regionais. Para essefirn, deverão atuaiizar-se procedirnentos ernanuais da Inspecao.- Os processos de modernizacao supoemmétodos de planejarnento estratégico na baseda adrninistracäo por objetivos. Isto supoe urnaadequada identificaçao da rnissao, visão efuncoes próprias da instituicäo, dos objetivos emetas especificos, e de uma avaliacaopermanente dos resultados alcancados emperlodos razoáveis de referência. Vincularincentivos, inclusive os rernuneratórios, cornobjetivos estratégicos, poderá ser urninstrumento adequado para planej ar e priorizaradequadarnente, as areas de major importanciaa ser fiscalizadas.— Sugere-se o desenvoivirnento de urnanova e mais eficiente articulaçAo institucionalcom as demais instituiçoes péblicas eprogramas que se relacionam corn afiscalizacao do trabaiho.- A informática e a nova tecnologiadeverão incorporar-se aos processos demodernizacao da Adrninistraçao do trabaiho.Dessa forrna, os pianos informáticos repousarnsobre a base das definicoes do piano gerai queadote a instituiçAo.- Resulta de fundamental importância paraos processos de modernizaçao da Inspecao doTrabalho o desenvoivimento dos seus recursoshumanos. Deve-se dar particular ênfase aosmecanisrnos de selecao de seus integrantes,adequado treinarnento inicial e formacaopermanente, garantia de carreira funcional corna estabilidade no cargo, rernuneracôes queincorporern incentivos de produtividade eoutras politicas que garantam urn quadropermanente e eficiente.

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Notas

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Von Richthofen. Wolfgang. “Nouvellesstrategies de prevention pour l’inspection diitravail”.Documento N° 56 OTT. Genebra 1998.

Oficina Internacional do Trabaiho. “LaTnspección del Trabajo”. 1986, BureauInternacional do Trabaiho “L’inspection dutravail”. 1999.

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Wallin, Michel. “Origenes y perspectivas de laAdministracidn del trabajo”. OTT, Genebra, RevistaInternacional Do Trabaiho. Vol. 80 N° 1.Julho de 1969.8 Valticós, Nicolás. “Derecho Internacional delTrabajo”, Madri, 1977.

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63 E interessante a evoluçao cultural do conceito Paiva. Paulo. Discurso como Ministro deu-abalho como algo scm nobreza ou inferior na Trabaiho do Brasil. Conferência de Oslo sobreColônia. como contraposiçao ao perfodo de finais trabaiho infantil. 1997.do Século XIX e na busca de proteger o menor.porém scm questionar o trabaiho infantil, na 65 MTB. Rclatórios ministeriais: SINAIT.primeira metade do Século XX. Op. Citada. N° 33. 2001.

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