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A Interatividade como estratégia para fidelização de público: um estudo de caso na Rádio Independente 950 AM de Lajeado/RS 1 Rafael de Jesus Gomes 2 Réulliner Rodrigues 3 Resumo: O uso do Facebook e do Twitter pelas empresas de comunicação é, atualmente, uma prática que visa atender ao público imerso nas redes sociais e, ao mesmo tempo oferece uma via de mão-dupla para empresa e público por ampliar o relacionamento. No entanto, isto só pode acontecer desde que a empresa utilize o potencial oferecido pela ferramenta, do contrário este relação pode não existir. Neste trabalho, buscamos analisar de que forma, a interatividade disponibilizada nos sites pode indicar a fidelização à empresa. O objeto de pesquisa utilizado para este artigo é o site da Rádio Independente 950 AM de Lajeado/RS. Dessa forma, pretende-se aqui, conhecer de que maneira a Interatividade através destas redes sociais é utilizada como estratégia de fidelização pela emissora. A metodologia utilizada para a pesquisa baseou-se na revisão de literatura acerca das temáticas, convergência, rádio e tecnologia, da entrevista com o diretor /web da emissora, além de uma observação das redes sociais da emissora durante os dias 28 e 29 de outubro de 2013. Palavras-chave: Rádio, Convergência, Interatividade, 950AM. INTRODUÇÃO Cada vez mais, diversas empresas se apropriam dos espaços digitais. Por isso, as estratégias de comunicação convergem para as redes sociais na Internet. Sites como o Facebook, Twitter, Pinterest, Instagram, entre outros estão a cada dia com novos participantes e empresas de diversos segmentos, dentre elas, destacamos as empresas de comunicação e em especial, do rádio nosso objeto de estudo neste trabalho. O rádio, como tradicional meio de comunicação e com grande potencial de interatividade em face à mídia televisiva e impressa, também vem marcando presenças nas redes sociais e se reinventando através da convergência tecnológica (JENKINS, 2008) e 1 Artigo enviado na modalidade: Comunicação Oral - Usos e Apropriações no Ciberjornalismo 2 Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe, (UFS) mestrando em comunicação midiática pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), professor interino de jornalismo da UNEMAT. E-mail: [email protected] 3 Graduado em Jornalismo pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), professor interino de jornalismo da UNEMAT. E-mail: [email protected] 1

A Interatividade como estratégia para fidelização de ... · São as novidades tecnológicas que agora estão abrindo um novo caminho para o ... formas de consumo, produção e

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A Interatividade como estratégia para fidelização de público: um estudo de caso na Rádio Independente 950 AM de Lajeado/RS1

Rafael de Jesus Gomes2

Réulliner Rodrigues3

Resumo: O uso do Facebook e do Twitter pelas empresas de comunicação é, atualmente, uma prática que visa atender ao público imerso nas redes sociais e, ao mesmo tempo oferece uma via de mão-dupla para empresa e público por ampliar o relacionamento. No entanto, isto só pode acontecer desde que a empresa utilize o potencial oferecido pela ferramenta, do contrário este relação pode não existir. Neste trabalho, buscamos analisar de que forma, a interatividade disponibilizada nos sites pode indicar a fidelização à empresa. O objeto de pesquisa utilizado para este artigo é o site da Rádio Independente 950 AM de Lajeado/RS. Dessa forma, pretende-se aqui, conhecer de que maneira a Interatividade através destas redes sociais é utilizada como estratégia de fidelização pela emissora. A metodologia utilizada para a pesquisa baseou-se na revisão de literatura acerca das temáticas, convergência, rádio e tecnologia, da entrevista com o diretor /web da emissora, além de uma observação das redes sociais da emissora durante os dias 28 e 29 de outubro de 2013.

Palavras-chave: Rádio, Convergência, Interatividade, 950AM.

INTRODUÇÃO

Cada vez mais, diversas empresas se apropriam dos espaços digitais. Por isso, as

estratégias de comunicação convergem para as redes sociais na Internet. Sites como o

Facebook, Twitter, Pinterest, Instagram, entre outros estão a cada dia com novos

participantes e empresas de diversos segmentos, dentre elas, destacamos as empresas de

comunicação e em especial, do rádio nosso objeto de estudo neste trabalho.

O rádio, como tradicional meio de comunicação e com grande potencial de

interatividade em face à mídia televisiva e impressa, também vem marcando presenças nas

redes sociais e se reinventando através da convergência tecnológica (JENKINS, 2008) e

1 Artigo enviado na modalidade: Comunicação Oral - Usos e Apropriações no Ciberjornalismo2 Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe, (UFS) mestrando em comunicação midiática pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), professor interino de jornalismo da UNEMAT. E-mail: [email protected] Graduado em Jornalismo pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), professor interino de jornalismo da UNEMAT. E-mail: [email protected]

1

também, da interatividade promovida tanto por estas redes como por outros dispositivos,

como os smartphones, tablets, entre outros.

A interatividade no rádio ganhou um novo cenário com as redes na Internet.

Conforme Barbeiro e Lima (2003) afirmam que é preciso o “diálogo com o público-alvo”.

Dessa forma, criando um novo canal que promove não só, interação com os ouvintes, mas

também a possibilidade de sugestão de pautas e colaboração na produção de conteúdo para

as emissoras de rádio.

Neste caso destaca-se como realidade, a Rádio Independente 950AM de Lajeado/RS.

A emissora que conta com mais de 60 anos de história, faz uso constante de redes sociais

como o Facebook e o Twitter, além de, possibilitar a conversar com os internautas através

de suas postagens.

Nosso objetivo com o trabalho é entender de que forma a interatividade está sendo

utilizada como estratégia de fidelização do público. Neste caso, utilizamos a rádio

Independente de Lajeado. Nosso período de observação foi durante os dias 28 e 29 de

outubro de 2013. Como metodologia para a realização deste trabalho, realizamos uma

entrevista com o diretor do Núcleo Web da emissora, além de uma observação das redes

sociais em que a emissora trabalha. Dessa forma, pudemos perceber a partir das declarações

do entrevistado se estas estratégias estão surtindo o efeito desejado.

CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA: TRANSFORMAÇÕES NO JORNALISMO

Quando se fala em convergência, fala-se das alterações propiciadas pela inserção das

tecnologias no cotidiano. Há 20 anos, quando a Internet não era tão acessível ou, quando

não era possível realizar ligações através dos celulares, a relação com o conteúdo era outra,

a postura em relação ao que a mídia transmitia também era outra. Porém, tudo mudou com a

evolução tecnológica e essa mudança transformou as relações entre as empresas, o público e

os dispositivos.

Jenkins (2008) define convergência como:

Um fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, a cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam (JENKINS, 2008, p. 27)

2

Atenta-se aqui para os jogos, e para os sistemas de entretenimento existentes. Hoje,

um videogame não é somente uma plataforma de jogos, oferece uma gama de serviços

distintos. Desde acesso à conta bancária do usuário, passando por jogos online através da

Internet entre os participantes, um sistema multicanal, além de servir como player para

filmes e músicas. Todos estes serviços reunidos num único aparelho é um reflexo da

convergência.

Não se deve restringir a convergência somente no serviço oferecido por ele. É

preciso enxergá-la sob o ponto de vista da transformação cultural ao qual estamos sendo

bombardeados constantemente. De acordo com Kochhann (2012)

Trata-se não apenas do desenvolvimento de opções e ferramentas tecnológicas e sim, de uma reformulação nas formas de pensar e de agir. Dizer que o mundo encontra-se hoje em processo de convergência significa apontar as transformações no dia-a-dia, das formas de trabalhar, de interagir, enfim, refere-se a uma readequação geral das relações entre os seres e as tecnologias que lhes são apresentadas (KOCHHANN, 2012, p. 17)

Esta readequação vem, sobretudo, mudando as formas como as empresas de

comunicação estão lidando com a produção de conteúdo. O aprimoramento tecnológico

criou demandas que outrora não eram satisfeitas, seja pela indisponibilidade de ferramentas

capazes de trabalhar em um sistema multiplataforma, seja para atender o consumidor que

hoje em dia não é um mero expectador dos fatos.

Na verdade, as empresas de comunicação, em especial as de jornalismo, sentiram o

impacto da convergência em diversos momentos, mas principalmente quando elas passaram

a fazer parte do cotidiano das rotinas de produção de informação. Salaverría (2003) divide a

convergência em 04 níveis – empresarial4, de conteúdo5, profissional6 e tecnológica7.

Mas quando se trata de negócio em comunicação, percebemos como a convergência

se traduzem num investimento que deve ser adotado pela empresa a fim de conquistar mais

público pela presença nas mais diversas plataformas. Salaverría & Avilés (2008) a analisam

do ponto de vista do mercado e dessa forma:

4Diz respeito à gestão de pessoas e aos aspectos mais burocráticos (administrativos) da empresa jornalística (SALAVERRÍA, 2003)5Quando uma notícia é publicada em vários meios pelo mesmo grupo. (SALAVERRÍA, 2003)6Diz respeito à rotina profissional do jornalista, acúmulo de funções, a “polivalência”. (SALAVERRÍA, 2003)7Consiste nas alterações promovidas pela inclusão das tecnologias e seus efeitos nas rotinas produtivas. (SALAVERRÍA, 2003)

3

A convergência digital possibilita uma maior transmissão dos conteúdos informativos nos meios, assim como reforça e inova sua imagem de marca, com a utilização de plataformas que permitem chegar a uma audiência mais ampla (SALAVERRÍA & AVILÉS, 2008, p. 37)

Hoje, o palco principal para que isso ocorra são as redes sociais. Recuero (2011)

explica que graças ao advento da Internet, houve uma mudança significativa na forma como

as pessoas interagem-se entre si e também as empresas, pois a palavra de ordem no

momento é a sociabilização dentro dos espaços digitais. Seja para qual fim, as redes sociais

digitais são recursos utilizados ostensivamente por diversas empresas nos mais variados

setores, buscando relacionar-se com o seu público que também está lá presente,

promovendo uma interação através das potencialidades que plataforma oferece.

A INTERATIVIDADE NA INTERNET E NO RÁDIO

A grande rede é atualmente o principal espaço de interação entre as pessoas e as

empresas no ambiente digital em âmbito mundial. A influência do ciberespaço na vida do

Brasileiro fez com que o número de internautas ultrapassasse a marca de 100 milhões de

pessoas8. Com um alcance de mais de 50% da população do país. A Internet é utilizada de

diferentes formas, para diversos serviços e finalidades.

Não importam quais sejam as finalidades, elas perpassam pela interatividade

promovida através do computador Segundo Primo (2010), o termo interatividade precisa ser

revisto, pois ele foi definido de forma imprecisa. Quando falamos do que é interativo e

interatividade, estamos falando de infinitas possibilidades que o termo oferece.

Outros autores como Kozlakoswki (2006) entende a interatividade de forma mais

distinta:

A interatividade é a proposta que efetiva o processo de comunicação na web. A adoção de princípios de interatividade mediada por computadores entre os pólos da comunicação exigiu também a evolução da linguagem para tal finalidade. Enquanto resultado dessa evolução, a maior proposta dos ambientes digitais reside nas propostas hipermidiáticas, especialmente na forma como são representados os conteúdos e, principalmente quando comparada aos outros meios não interativos, pelo seu exclusivo permitir-se invadir multilinearmente em sua estrutura. (KOSLAKOWSKI, 2006, p.04)

8 Mais informações em: <http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/07/10/numero-de-internautas-no-brasil-ultrapassa-100-milhoes-segundo-ibope.htm> acessado em 15/09/2013.

4

Na visão do autor, essa proposta é potencializada pelas possibilidades que a

plataforma (Internet) oferece como o cruzamento de informações através do áudio, vídeo,

texto, etc. Característica que hoje, diversas empresas no meio da comunicação, sejam elas

impresso, televisão e rádio encontram-se imersas nesse cenário Em outras palavras, estamos

também falando sobre convergência tecnológica.

No rádio, quando se fala em interatividade, deve-se lembrar que a história deste

meio de comunicação nasceu interativa. Mesquita (2009) é enfático:

(...) foi o rádio que 'inventou' a interatividade em meios de comunicação. Afinal, até recentemente, a única forma prática de interatividade era o telefone e o rádio sempre explorou, e bem, o uso da telefonia fixa para obter informação e interagir com o ouvinte. É importante saber utilizar as novidades tecnológicas para beneficiar a audiência.9

São as novidades tecnológicas que agora estão abrindo um novo caminho para o rádio.

Antes, comunicar-se com o rádio era preciso o telefone ou a carta para a promoção de

interação entre as partes. Hoje, além destes recursos, o surgimento da Internet e o seu uso em

diversos dispositivos, o ouvinte é proativo. Se antes se levava dias para as cartas chegarem até

os estúdios, hoje em questão de segundos é possível discutir e sugerir propostas e até sugerir

pautas em diversos programas de rádio.

Com a Internet, o rádio ganhou de diversas formas. Em primeiro lugar, porque é no

espaço digital que atualmente as novidades proliferam. Todo momento são descobertas novas

formas de consumo, produção e distribuição de informação através da rede e a presença do

rádio na rede gera também, a possibilidade de um alcance maior de público.

Todavia, também há um problema, com o surgimento da Internet e das tecnologias

digitais de transmissão, hoje as rádios podem ser somente na antena, de presença na antena e

na Internet e também só na Internet o que provoca diversos contratempos. De acordo com

Pinheiro (2010)

O rádio vem sofrendo para inserir a tecnologia digital em suas transmissões. Talvez, por tal morosidade no processo de digitalização, as emissoras do rádio dial têm enfrentado mais fortemente a concorrência das emissoras onlines. Outro fator importante a ser destacado é que as rádios na internet, para o pleno funcionamento, não precisam enfrentar as burocracias governamentais em busca de concessões oficiais. Além disso, os baixos

9Entrevista ao Portal da Imprensa em: <http://portalimprensa.com.br/portal/ultimas_noticias/2009/10/27/imprensa31704.shtml> acessado em 20/10/2013.

5

custos de manutenção, execução e veiculação de conteúdos de rádio pela internet têm concentrado cada vez mais uma fatia considerável de público tanto na produção como na propagação de mensagens por essa nova mídia (PINHEIRO, 2010, p. 05)

Por conta disso, as emissoras estão em sua grande maioria, buscando permanecer na

antena e na web. O desafio que se apresenta é a construção de novas narrativas no espaço

digital, aproveitando todos os recursos que a rede oferece, muito embora percebamos que o

que ocorre ainda hoje, é a sobreposição do conteúdo da antena na rede, com a abertura de

espaço para a interação entre o ouvinte-internauta (LOPEZ, 2009) e a emissora.

Destacamos neste trabalho, o papel da interatividade entre a emissora Rádio

Independente 950AM de Lajeado/RS e seus ouvintes. Com forte presença nos principais sites

de redes sociais como o Facebook e o Twitter.

A INDEPENDENTE 950AM E O PAPEL DA INTERATIVIDADE

A rádio Independente 950AM, é uma emissora com mais de 60 anos de história.

Localizada na cidade de Lajeado, no Vale do Taquari/RS. Apresenta uma programação

variada, com diversos programas de cunho jornalístico, além de variedades e também com

programação musical é uma das emissoras que integra o Grupo Independente de

Comunicação (da qual fazem parte a rádios Tropical FM e a AM 820KHZ, em Estrela/RS).

Sua relação com a comunidade é bem intensa. Schierholt (2011) explica que pela

região em que a cidade se encontra e a presença dos descendentes de imigrantes alemães na

localidade, deu a emissora um tom bem regional, com alguns programas cujo locutor por

vezes utiliza de palavras em alemão para se comunicar com o ouvinte.

Além disso, na programação da emissora, é possível acompanhar programas e

informes de outros municípios da região dos Vales. Programas como: Arroio do Meio em

destaque (vai ao ar de segunda à sexta das 12h50min às 13h02min e aos sábados, das

11h25min às 11h29min); Cruzeiro do Sul em Notícias (de segunda à sexta, das 13h03min às

13h14min); Travesseiro (aos sábados, das 11h15min às 11h24min). Ao abrir espaço para

outras cidades da região, a emissora passou também a ampliar o canal com os ouvintes que

não estavam apenas na cidade de Lajeado.

Com o desenvolvimento tecnológico, novas formas de contato direto com os ouvintes

foram se aprimorando. Hoje, os computadores, o celular, através da Internet atuam para que

os potenciais de interação entre os ouvintes e as emissoras cresçam a cada dia. Recuero (2011,

6

p. 36) afirma que a interação, mediada pelo computador tem a capacidade de se espalhar em

qualquer plataforma de comunicação, criando e gerando relações mais complexas além de

fortalecer laços sociais entre os interagentes através dos sites, blogs e das redes sociais

digitais.

Aliás, segundo a autora, é preciso tomar cuidado com os termos redes social e sites de

redes sociais por que:

A grande diferença entre sites de redes sociais e outras formas de comunicação mediada pelo computador é o modo como permitem a visibilidade e a articulação das redes sociais, a manutenção dos laços sociais estabelecidos no espaço off-line. Assim, nessa categoria estariam os fotologs (como o Flickr e o Fotolog, por exemplo); os weblogs (...); as ferramentas de micromessaging atuais (como o Twitter e o Plurk), além de sistemas como o Orkut e o Facebook, mais comumente destacados na categoria. (RECUERO, 2011, p. 101-102)

Dessa forma, trabalha-se neste trabalho com a definição de sites de redes sociais e que,

atualmente, contam com a presença de milhões de pessoas e de empresas. Entre elas, a Rádio

Independente 950AM. Seguindo o comportamento de diversas empresas no setor, a rádio

utiliza estes sites como canal de comunicação entre o seu público para a distribuição de

matérias e também como canal de interação entre os internautas.

Em entrevista realizada em setembro de 2013, Eduardo Costa da Silva, responsável

pelo núcleo web da Independente, afirma que a primeira iniciativa da utilização dos sites de

redes sociais pela emissora começou em julho de 2011 pelo twitter.

7

Figura 1 Perfil da página da Independente 950AM no Twitter

Com mais de 1.600 seguidores10, o perfil da Independente no twitter é atualizado

constantemente. É possível acessar ao banco de imagens e de vídeos postados pelo perfil

sobre as matérias. Outra característica importante é que o perfil no twitter redireciona as

informações para a página da emissora no Facebook e também para o plug in de áudio, no site

da rádio.

Figura 2 Tweets produzidos pelo perfil

Outra característica bem interessante no twitter da Independente é o uso das hashtags,

para indicar as editorias dos programas e de matérias dos jornalistas da rádio. “Assim o

10 Dados extraídos no dia 28/10/2013 às 22:41min.

8

público identifica o programa e também pode saber quem foi que fez determinada notícia”,

explica Silva.

Silva também explicou o que motivou o ingresso da emissora no twitter e nas outras

redes: “Para desenvolver novas pautas e também aproximar o ouvinte de nossas atividades e

conteúdos”. Entretanto, percebemos que a utilização do twitter como forma de interação pela

emissora e/ ou pela participação dos seguidores não se mostrou tão efetiva. Durante dois dias

de observação, contabilizamos 45 postagens (dia 28/10) e 42 postagens (dia 29/10) em

nenhuma delas, houve participação através de um Retweet ou um questionamento de algum

seguidor pela rede.

A 950AM está presente no Twitter, no Facebook e no Orkut. No site da emissora é

possível acessar cada uma delas através de um hotlink que as redireciona. Sobre o Orkut,

Eduardo diz que apesar do desuso na rede “continuamos com representatividade nesta mídia”.

Embora para ele, o maior foco atualmente seja o Facebook.

Figura 3 Página do Facebook da Emissora

Chama a atenção, o número de pessoas que curtem a página 11. Quase três vezes mais

que o total de seguidores no Twitter. A página na rede apresenta muitos recursos. É possível

acessar o e-mail da emissora através das abas, há também o acesso o twitter pela rede e

também aplicativos. Um deles, inclusive exibe um ranking de seguidores que mais curtem e

compartilham as postagens da emissora:

11 Dados extraídos no dia 28/10/2013 às 22h15min.

9

Figura 4 Ranking de "fãs" na página do Facebook

É importante destacar que o aplicativo caracteriza uma estratégia de fidelização,

visto que ao fazer o ranking, a emissora demonstra destaque entre os seus fãs. Na página,

também é possível acessar ao banco de imagens da emissora e de suas matérias. Outro ponto

importante é que a participação dos fãs ocorre em várias postagens. Geralmente curtindo a

publicação e, outras vezes comentando. Embora este comportamento não seja tão comum.

Durante dois dias de observação, contabilizamos 15 postagens (dia 28/10) e 14

postagens (dia 29/10). Todavia, a participação do público no Facebook é mais ativa do que

no Twitter. Em opções de curtir nas postagens, foram 135 curtis (dia 28/10) e 36 curtis (dia

29/10) além de 33 compartilhamentos (dia 28/10) e 04 compartilhamentos (dia 29/10).

Segundo Silva (2013) a interação do público pelas redes da emissora é fundamental:

Há um relacionamento diário com o público nas redes sociais, especialmente nas FanPages do Grupo. O monitoramento está na otimização do uso das redes e nos resultados da promoção de conteúdo, que desenvolvemos com diferentes padrões dependendo da emissora. Damos feedback a todas as interações promovidas pelo público (SILVA, 2013)

Todavia, durante os dois dias de observação, percebemos que a emissora não

motivou nenhum tipo de interação com seus fãs ou seguidores nas duas redes. Ainda que no

Facebook, em uma postagem tenha havido mais de 70 curtis, 14 compartilhamentos e 12

comentários, o perfil da rádio não se propôs a interagir com o público que estava

comentando a matéria.

10

Figura 5 Materia com maior interação no Facebook no dia 28/10

Perguntado sobre a possibilidade de surgimento de pautas oriundas das redes sociais,

Silva é taxativo:

Algumas pautas chegam pelo constante monitoramento das redes. Não buscamos as pautas lá, mas eventualmente as redes sugerem ou atualizam pautas. Os casos mais comuns de pauta vindos pela rede social são acidentes de trânsito, incêndios ou ocorrências que estão acontecendo na cidade, ou próximo à emissora, que propiciam o rápido deslocamento de unidades para cobertura (SILVA, 2013)

Percebemos por essa declaração que a empresa, apesar de não ser tão ativa no que

tange à interação com os usuários, acha importante o monitoramento do conteúdo e dos

usuários como forma de buscar pautas que não são deliberadas entre os jornalistas. Silva

continua quando fala sobre a importância das redes:

Atualmente o monitoramento é sistemático e diário, tanto no Facebook quanto no Twitter. Há uma seleção dos melhores conteúdos, por relevância, público e horário e estes são promovidos com fotos, frases e links pelas redes sociais, sendo posteriormente compartilhados e comentados pelos usuários (SILVA, 2013)

Dessa forma, a utilização das redes sociais pela Independente é estratégica quanto à

promoção de interação pelo conteúdo do usuário como também a fim de conquistar mais

público através do conteúdo replicado por ele. Essa não parece ser uma atitude isolada e

focada somente na matéria. Enquanto que no twitter, as hashtags reforçam as editorias que o

ouvinte pode ouvir na programação da emissora e também nos jornalistas que produzem as

11

matérias, no Facebook, há o espaço para que os jornalistas divulguem os seus blogs pessoais

concomitantes ao trabalho desenvolvido na emissora.

Todas essas iniciativas mostram que o diretor do núcleo Web da emissora se posiciona

no que diz respeito à participação nas redes sociais, ao rádio e ao Grupo Independente:

As redes sociais, os portais e as rádios estão totalmente interligados. Não existe mais um sem o outro. As pessoas ouvem conteúdo no rádio e vêm comentar no Facebook. Acessam o link do conteúdo, ouvem matérias em Podcast ou Streaming e mandam recados para serem lidos durante a programação, pelo locutor. Portanto, vejo a interação como plena a todo momento. Com as redes sociais, o trabalho ficou mais dinâmico, há um senso de responsabilidade ainda maior (SILVA, 2013)

Apesar de a emissora não participar mais ativamente no que diz respeito a responder

às dúvidas ou comentários dos seus fãs e seguidores, a Independente 950AM faz uso das

redes sociais na Internet e, acredita que seu trabalho influencie também os outros canais de

contato com a rádio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Falar na influência das redes sociais para as empresas e para o público é presenciar

constantemente como a nossa vida mudou por conta do intermédio das tecnologias. Os atores

sociais que fazem parte cada vez mais de uma vida mediada pelo computador obrigam a

todos, pessoas e empresas a se posicionarem de forma conciliatória e não de superioridade

entre elas. Dessa forma adquirindo o prestígio necessário ou, capital social (RECUERO,

2009) atingindo a credibilidade também no cenário digital.

Mas isso só é possível através da participação ativa. A interação direta entre as partes:

público e empresa em um contrato dialógico garantem os anseios de um e a sobrevivência do

outro, numa mudança interposta por meio da convergência que transformou culturalmente

nossa forma de ver e de relacionarmos, a questão agora é saber se a utilização destes recursos

está sendo feito do ponto de vista estratégico pelas empresas.

O objeto de estudo, trouxe o rádio e em especial, a rádio Independente 950AM de

Lajeado, percebemos por este trabalho, que a empresa utiliza os sites de redes sociais como

canais de contato entre os ouvintes e inclusive usa de alguns artifícios para a fidelização de

seu público, como por exemplo, o aplicativo com o ranking dos fãs na página do Facebook.

12

Porém precisa melhorar, sobretudo, o principal – o relacionamento direto entre o seu

público. Estar presente nas redes sociais implica necessariamente em se por a todo o momento

com seu público, o monitoramento constante não passa somente pelo conteúdo e ou seleção

de pautas, mas também pelo que seu público diz a seu respeito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA

BARBEIRO, H; LIMA, P. R. de. Manual de radiojornalismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

JENKINS, H. Cultura da Convergência, São Paulo: Aleph, 2008.

KOCHHANN, R. Rádio e Tecnologias: a produção de radiojornalismo da Guaíba, em ambiente de convergência. 2012. Dissertação de mestrado, disponível em: < http://w3.ufsm.br/poscom/wp-content/uploads/2013/05/Dissertação-Roscéli-Kochhann.pdf> acesso em 18/10/2013.

KOSLAKOWSKI, A. Interatividade persuasiva na Internet: A linguagem hipermídia e os discursos dos anúncios digitais. 2006 Em: UNIrevista – Vol.1, nº 3. Disponível em: < http://pt.scribd.com/doc/144030457/A-Linguagem-Hipermidia-e-Anuncios-Kozlakowski> acesso em 18/10/2013

LOPES, D. Radiojornalismo Hipermidiático: tendências e perspectivas do jornalismo de rádio all news brasileiro em um contexto de convergência tecnológica. 2009. Tese de Doutorado. Disponível em: <http://www.livroslabcom.ubi.pt/pdfs/20110415-debora_lopez_radiojornalismo.pdf> acesso em 20/06/2013.

PINHEIRO, E.B.B. Rádio e Internet: paradigmas para digitalização. 2010. Disponível em: <http://campus.usal.es/~comunicacion3punto0/comunicaciones/044.pdf> acesso em 17/10/2013.

PRIMO, A. Interação mediada por computador - Comunicação, cibercultura, cognição, 3ª edição, Porto Alegre, Sulinas, 2010.

RECUERO, R. Redes Sociais na Internet. 2ª edição, Porto Alegre: Sulinas, 2011.

SALAVERRÍA, R. Convergencia de los medios. Chasqui – Revista Latinoamericana de Comunicación, n. 81, p. 32-39, Quito, marzo, 2003.

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SALAVERRÍA, R.; AVILÉS, J. A. G. La convergencia tecnológica em los medios de comunicación: retos para el periodismo. Trípodos, n. 23, p. 31-47, Barcelona, 2008.

SCHIERHOLT, J. Rádio Independente: 60 anos no ar, Lajeado, 2011.

SILVA, E. C. Entrevista concedida a Rafael Gomes em 08/10/2013.

14