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Web-Revista SOCIODIALETO www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 Volume 5 Número 13 julho 2014 Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014 48 A INTERDISCIPLINARIDADE DO SUPERMERCADO EM SALA DE ALFABETIZAÇAO E SEU ALCANCE FORMATIVO Luciana de Almeida Moreira (GEPENAF/UNEGRO) [email protected] Eliane Greice Davanço Nogueira (UEMS) [email protected] RESUMO: O presente artigo refere-se a uma pesquisa qualitativa de estudo de caso cujo objetivo foi apresentar ao professor alfabetizador uma possibilidade de se trabalhar a alfabetização/letramento ancorados na interdisciplinarmente, por meio da reprodução do supermercado no ambiente escolar, considerando-se o supermercado elemento potencializador da ação deste professor e portanto, viabilizador do ensino tanto da matemática, quanto das demais disciplinas do currículo escolar. PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa Qualitativa; Professor Alfabetizador; Alfabetização/Letramento; Matemática; Currículo Escolar. ABSTRACT: This article refers to a qualitative research case study whose objective was to present the literacy teacher a chance to work with literacy/literacies grounded in interdisciplinary, through the reproduction of the supermarket in the school environment, considering the supermarket element potentiating the action of the teacher and thus enabler of both teaching math, as the other subjects of the school curriculum. KEYWORDS: Qualitative research; Literacy teacher; Literacy/literacies; Math; School curriculum. Introdução O presente artigo refere-se a uma pesquisa qualitativa de estudo de caso cujo objetivo foi apresentar ao professor alfabetizador uma possibilidade de se trabalhar a alfabetização/letramento ancorados na interdisciplinarmente, por meio da reprodução do supermercado no ambiente escolar, considerando-se o supermercado elemento potencializador da ação deste professor e portanto, viabilizador do ensino tanto da matemática, quanto das demais disciplinas do currículo escolar. A proposta foi pensada a partir da hipótese de que a representação do supermercado em sala de aula está, na maioria das vezes, ligada ao ensino da Matemática. Sob a égide do letramento, partimos do pressuposto de que o ambiente alfabetizador deva estar contextualizado com a vida secular aos muros da escola e, por

A INTERDISCIPLINARIDADE DO SUPERMERCADO EM SALA DE … · supermercado em sala de aula está, na maioria das vezes, ligada ao ensino da Matemática. Sob a ... alfabetização no Brasil,

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A INTERDISCIPLINARIDADE DO SUPERMERCADO EM SALA

DE ALFABETIZAÇAO E SEU ALCANCE FORMATIVO

Luciana de Almeida Moreira (GEPENAF/UNEGRO)

[email protected]

Eliane Greice Davanço Nogueira (UEMS)

[email protected]

RESUMO: O presente artigo refere-se a uma pesquisa qualitativa de estudo de caso cujo objetivo foi

apresentar ao professor alfabetizador uma possibilidade de se trabalhar a alfabetização/letramento

ancorados na interdisciplinarmente, por meio da reprodução do supermercado no ambiente escolar,

considerando-se o supermercado elemento potencializador da ação deste professor e portanto,

viabilizador do ensino tanto da matemática, quanto das demais disciplinas do currículo escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa Qualitativa; Professor Alfabetizador; Alfabetização/Letramento;

Matemática; Currículo Escolar.

ABSTRACT: This article refers to a qualitative research case study whose objective was to present the

literacy teacher a chance to work with literacy/literacies grounded in interdisciplinary, through the

reproduction of the supermarket in the school environment, considering the supermarket element

potentiating the action of the teacher and thus enabler of both teaching math, as the other subjects of the

school curriculum.

KEYWORDS: Qualitative research; Literacy teacher; Literacy/literacies; Math; School curriculum.

Introdução

O presente artigo refere-se a uma pesquisa qualitativa de estudo de caso cujo

objetivo foi apresentar ao professor alfabetizador uma possibilidade de se trabalhar a

alfabetização/letramento ancorados na interdisciplinarmente, por meio da reprodução do

supermercado no ambiente escolar, considerando-se o supermercado elemento

potencializador da ação deste professor e portanto, viabilizador do ensino tanto da

matemática, quanto das demais disciplinas do currículo escolar.

A proposta foi pensada a partir da hipótese de que a representação do

supermercado em sala de aula está, na maioria das vezes, ligada ao ensino da

Matemática. Sob a égide do letramento, partimos do pressuposto de que o ambiente

alfabetizador deva estar contextualizado com a vida secular aos muros da escola e, por

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isso, vimos o supermercado como prática social de leitura e escrita, podendo, portanto,

ser trabalhada interdisciplinarmente.

O presente artigo encontra-se estruturado iniciando com a apresentação de um

breve panorama histórico dos caminhos percorridos pela educação no que tange à

alfabetização no Brasil, seguida da conceituação de interdisciplinaridade e apresentando

a estreita relação entre esta e o letramento, para que em posse destes conceitos o autor

possa melhor compreender nosso objetivo ao discorrermos sobre a experiência

vivenciada na sala de aula durante o desenvolvimento da pesquisa. Posteriormente,

analisamos os discursos dos alunos relatando suas falas e refletindo a partir delas,

visando a interdisciplinaridade comungada à proposta de letramento, contextualizando

ambientes seculares aos muros da escola, evidenciando os discursos dos participantes da

pesquisa, trabalhando a oralidade, a escrita, enredando conteúdos e problematizando

soluções.

Mas então voltemos a meados do século XX, momento em quando, segundo

Mortatti (2006), percebeu-se que a escola já não respondia aos anseios da sociedade,

que cobrava da escola seu papel de ensinar, especialmente no que se referia à

alfabetização. Assim, a após a proclamação da república, surgiram diversas discussões

procurando encontrar onde estaria a falha na educação, haja vista as recorrentes

reprovações e altos níveis de analfabetismo, de modo que, por consequentes tentativas

de acerto, um dos pontos de mudança no decorrer dos anos, foi no método de ensino a

ser aplicado para as práticas de leitura e escrita.

Ao longo de quase um século os métodos de ensino utilizados no Brasil

transitaram entre o sintético, analítico, global e o construtivismo. Segundo Mortatti

(2006), inicialmente, o método utilizado no Brasil para o ensino da leitura era o da

marcha sintética, que parte do pressuposto de que para se aprender a ler seria necessário

que se aprendesse primeiramente os fragmentos das palavras. Posteriormente o método

analítico, indo de encontro ao que propunha o método anterior, propunha que a leitura

se iniciasse pela palavra inteira ou o todo, como considerava, e não pelo seu fragmento.

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Mas este novo método também fracassou por apresentar divergências e por ser relativo

o que se considerava como “todo” (Ibid, p. 7).

Entretanto, as disputas pela hegemonia dos métodos nas salas de aula não

cessaram e houve até quem conciliasse tais métodos antagônicos entre si na intenção de

obter melhores resultados, uma vez que, considerando-se ultrapassado o método

sintético, a crítica ao método analítico era pela demora nos seus resultados. Há essa

comunhão de métodos chamou-se de método global.

Na década de 80, como teoria aplicada à compreensão do percurso vivenciado

pela criança e na tentativa de compreender como a escrita funciona, surge o

construtivismo, não mais como um método, porém como proposta apresentada por

Emília Ferreiro e Ana Teberosky no livro A psicogênese da língua escrita . Nessa obra,

as autoras e pesquisadoras instauram “um novo paradigma para a interpretação da forma

pela qual a criança aprende a ler e a escrever” (AZENHA, 1999, p. 35).

A partir de Emília Ferreiro, colaboradora de Piaget e proponente do

construtivismo, o foco da aprendizagem passa a ser o aluno, de modo que o professor,

nesse processo, adquire a função de mediador, “contrapondo-se à visão anterior que

abordava a alfabetização como uma técnica dependente dos métodos de ensino” (ibid, p.

90), onde a construção do processo de aquisição da escrita e da leitura depende da

interação social, o que significa dizer que ocorre tanto na escola como fora dela, na vida

secular do aluno, sendo que para tanto, tal processo é dividido em quatro fases, que se

dão de um nível menos complexo para o mais complexo.

Diante de diferentes formas de se explicar o desenvolvimento humano e a

aquisição da leitura e da escrita, outras indagações surgem no campo educacional,

dentre elas, a relação existente entre a alfabetização e o letramento, tendo em Magda

Soares, professora emérita da Universidade Federal de Minas Gerais e pesquisadora do

CEALE (Centro de Alfabetização e Letramento), sua maior representante e precursora,

cujas pesquisas têm contribuído em grande escala para melhorias na educação brasileira.

E então o letramento seria a proposta capaz de proporcionar ao indivíduo competência

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de manusear com propriedade as práticas de leitura e escrita na sociedade como

ferramenta de sobrevivência.

Norteando as práticas de produção textual na forma de leitura, escrita e reescrita

pela proposta de letramento, considerando que a reprodução do ambiente vivenciado

fora da escola trazido para a sala de aula viabilize tanto o ensino da Língua Portuguesa

quanto das demais disciplinas do currículo escolar das séries iniciais do Ensino

Fundamental, pensamos na utilização do supermercado como elemento de mediação,

enfatizando seu caráter social para viabilizar a leitura e a escrita, por meio da

interdisciplinaridade.

Vale lembrar que a pesquisa desenvolveu-se em uma sala de apoio

multidisciplinar, vinculada ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

(PIBID), composta por 10 alunos do 2º ano do Ensino Fundamental de uma escola da

rede Pública Estadual de Campo Grande/MS, a Escola Estadual Olinda Conceição

Teixeira Bacha.

Em um supermercado, muito antes de se saber o preço e a quantidade de

produtos a serem comprados, é preciso que se reflita sobre estes produtos, sobre sua real

necessidade compra, onde comprá-los, diferenciá-los uns dos outros, tanto por meio do

nome como das inúmeras características desses produtos, etc... Condições

indispensáveis para a realização de uma compra com êxito, sobretudo em se tratando de

formar indivíduos letrados. Por isso a interdisciplinaridade torna-se pertinente neste

contexto, onde comunga com a proposta de letramento por meio de “interrelações que

impulsionem os aprendizes” (LENOIR, 2000. p.66).

E é neste movimento, nesta dinâmica de ações onde a interdisciplinaridade se

constitui. Em um abarcamento de disciplinas, comungadas de modo a conversarem

entre si, formando uma unidade de conhecimento onde o aprendiz possa se situar em um

contexto rico em informações trazidas de todos os lados, interpretando-as

simultaneamente.

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Nesse contexto, a criança terá, por meio da interdisciplinaridade e assim por

dizer, da proposta de letramento, a oportunidade de discutir, compreender e utilizar os

símbolos quando fala de disciplinas escolares, em um constante diálogo que, segundo

Tavares (in Fazenda, 2008, p.136), deve ser reflexivo, crítico, entusiástico, que respeita

e transforma. E este discurso apresenta-se de diversas formas no interior da sala de aula,

todas elas ricas em detalhes que, aos olhos do educador, merecem atenção, pois ali,

revelam muito do que o aluno tem a apresentar em termos de aprendizado:

Relatado por um observador, o que acontece na situação discursiva na sala de

aula, no seu todo, assemelhar-se-ia a uma narração com sua introdução, seu

desenvolvimento, sua conclusão, seus episódios e suas tensões, seus

conflitos, seus problemas e suas soluções. No seu desenrolar, há lugar para

descrições, exposições, argumentações. (ALARCÃO, 2000, p.26)

Ao trabalharmos o supermercado encontramos subsídios, em sobremaneira, para

transitar, diretamente, entre educação financeira, língua portuguesa, ciências, ética,

economia, artes, geografia, cidadania e filosofia tanto quanto na matemática. Nessa

perspectiva, muito além do trabalho com os rótulos em matemática, que elucidam as

operações matemáticas, preços, trocas e classificação, além de todas as possibilidades

supracitadas sobre a viabilização do uso do supermercado em sala de aula para a

alfabetização, temos no supermercado também a possibilidade de trabalhar a Língua

Portuguesa na forma de rótulos, tabloides, fachada, propagandas, listas de compras,

recados, avisos e cartazes de propaganda.

Além disso, ao trabalharmos em equipe, afirmamos os laços de amizade e

companheirismo que harmonizam o ambiente de trabalho, considerando que o trabalho

coletivo é exigência indispensável na vida contemporânea e, portanto, indiretamente,

característica da interdisciplinaridade, tendo em vista que segundo Tavares (in Fazenda,

2008), “a interdisciplinaridade é uma exigência do mundo contemporâneo”.

A proposta de letramento trabalhada interdisciplinarmente, proporciona

dinamismo às práticas de ensino até então engessadas e esse dinamismo conduz as

ações de maneira flexível, abarcando ideias, costurando saberes e unificando o

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conhecimento, que vai se dando a todo instante à medida que se trilhe os caminhos

formados por/para esse aluno em fase de alfabetização. Assim,

querer ensinar os conhecimentos escolares segundo trabalhos disciplinares e

proceder ao estabelecimento de uma separação entre as didáticas é contestar o

funcionamento cognitivo da criança, senão de todo ser humano” (LENOIR,

2000, p. 64).

O supermercado é um universo a ser explorado em muitas disciplinas, todas

interligadas umas às outras e testifiquei tais hipóteses quando trabalhei no sentido

inverso ao planejar as aulas acerca do tema. Enquanto a práxis nos compele a trabalhar

um tema mediante planejamento prévio, com tudo preparado e pensado passo a passo,

para que somente depois se aplique em sala de aula, a dinâmica do projeto foi

exatamente o contrário, ou seja, não havia um engessamento no planejamento, pois o

tema era o supermercado, mas o conteúdo acerca do tema seria direcionado por meio

das indagações, dos questionamentos e das hipóteses levantadas pelos alunos nas

discussões surgidas durante as aulas cuja temática era o supermercado, direta ou

indiretamente.

Ressalta-se que àqueles professores que se utilizaram do supermercado para a

alfabetização em matemática, apesar de toda gama de possibilidades a serem

exploradas, valeram-se apenas das quatro operações matemáticas e do sistema

monetário. Aos que vislumbraram o potencial da prática voltada para o ensino da língua

portuguesa, o fizeram reduzido à gramática e ortografia, o que pode ser elucidado na

fala dos professores quando questionados acerca dos resultados esperados.

Ainda que consideremos o uso do supermercado voltado para o ensino da

matemática, os conteúdos trabalhados vão além das operações matemáticas, enfatizadas

a todo momentos nos discursos dos professores entrevistados, demonstrando a visão

reducionista acerca do tema, de modo que, quando interpelados sobre os resultados

obtidos, as respostas acentuaram ainda mais a hipótese de que o trabalho com o

supermercado volta-se para o ensino da matemática:

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- Muito bom. Os alunos se envolveram com interesse e com as

“compras”, puderam perceber a relação com o dinheiro, o

troco, as operações necessárias para saberem quanto iriam

gastar, se receberiam troco, se o “dinheiro” que tinham seria

suficiente, etc. – C.F

- Em sua maioria as crianças atingiram os objetivos propostos,

visto que precisaram de pouca interferência na operação de

adição e subtração das compras. – F.C

O desenvolvimento do projeto deu-se a partir e/ou pelos discursos dos alunos,

onde foram acontecendo indagações e as descobertas assim por dizer. As intervenções

aconteceram na medida em que as oportunidades foram surgindo, mediante questões

desafiadoras que instigavam os alunos a pensar, refletir sobre um de determinado

assunto para resolver problemas. Na mesma medida eu era interpelada, desafiada de

alguma maneira, surpreendida por discursos que outrora eu jamais imaginaria sair da

boca de uma criança de 7 anos de idade por considerá-los pequenos demais para

portarem tantas informações, em quantidade e qualidade.

Aos poucos foi-se formando um ambiente rico em informações e as aulas do dia

seguinte eram esperadas com entusiasmo uma vez que sucediam às questões levantadas

no dia anterior, sob promessa de que no dia seguinte a aula ministrada seria a respeito da

breve discussão do dia anterior.

Cheguei à sala de aula e em tom de dúvida e indagação, denotando a importância

e necessidade de obter a opinião da turma, disse que precisava da ajuda deles, que eu

tinha visto uma promoção muito boa de uma marca de iogurte, geralmente cara, mas

que estava muito abaixo do preço. Comprei o produto em grande quantidade pra

aproveitar a promoção e que chegando em casa percebi que o iogurte estava vencido.

Diante disso, a questão que seria abordada seria sobre minha postura enquanto, mãe,

pessoa e consumidora. Em um dia de discussão obtive material para preparar as aulas

para a semana toda a começar pela noção de classe, a consciência do valor do dinheiro

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ou a falta dele. Certamente a partir do que ouviam dos pais em casa, no seio familiar, no

cotidiano secular à vida escolar, os alunos reproduziram preocupações com o valor dos

produtos, se o dinheiro que tinham seria suficiente para comprar determinado produto,

se este era caro ou barato, discutiram sobre o “não” recebido como resposta na hora que

pediam muitas coisas no supermercado e o porquê disso.

Tivemos possibilidade de trabalhar algumas questões de Geografia, Educação

financeira e Filosofia com os conteúdos: sociedade e suas composições, profissões,

trabalho, salário, o dinheiro enquanto moeda e no que tange ao seu valor social,

respeito, economia, planejamento financeiro, a relação desejo x necessidade, etc. Mas

ainda poderíamos ter trabalhado cidadania e o respeito pelo próximo, por que os

discursos também possibilitaram essa reflexão. Numa sociedade onde as crianças estão,

a cada dia, mais envolvidas pela força do consumo fomentado pelas vias televisivas,

fica muito difícil para os pais os conterem de pedir e, eventualmente, receberem um não

por resposta, dando um verdadeiro show no supermercado.

Outro conteúdo evidenciado foi o Preconceito e o Racismo e suas interrrelações.

A partir da fala de um dos alunos, filho de pai policial, surgiu um debate incrível na sala

de aula acerca deste tema tão difundido na sociedade atual. O preconceito contra a

mulher ganhou destaque na discussão e rendeu conteúdo para mais três tópicos no

planejamento de aula. A partir do preconceito contra a mulher, e aqui devo explicar o

porquê de enfatizar que o aluno era filho de pai policial, por considerar o contexto em

que este aluno está inserido. Evidentemente, a facilidade no acesso a informações sobre

mulheres violentadas e o mundo do crime em geral, nas suas mais variadas

apresentações, deve ser assunto bem mais frequente na casa deste aluno do que na dos

demais, ainda que na casa dos demais alunos cuja profissão dos pais em nada se

relaciona com a o crime ou segurança pública o assunto também possa fazer parte das

conversas.

Como dizia, a partir do preconceito contra a mulher na forma de violência

doméstica, encontramos respaldo para trabalharmos mais três tópicos, sendo eles a

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violência contra a criança e as relações de igualdades de gênero e racial. Salienta-se que

dentro destes tópicos ainda enfocamos a questão do estereótipo tanto da mulher, quanto

dos negros e assim, inevitavelmente, estávamos falando sobre diversidade sexual:

Minha filha vai apanhar... - Cr 1

Igual um cara que espancou uma mulher e ela bateu nele – Cr 2

Família de negro é assim mesmo: quando os brancos fazem mal

os negros já vão batendo Cr 3

Os negros são muito fortes e bravos. Cr 2

No primeiro discurso temos uma criança supostamente apanhando e a questão

primordial é a violência contra a criança e esse assunto foi rico em informações. Houve

quem falasse em direitos humanos, conselho tutelar, menor infrator:

Não, liga pro conselho tutelar por que danoninho é pra criança

– Cr 5

E conselho tutelar é pra criança e adolescente - Cr 6

Quando não tem conselho tutelar passa para a casa de guarda

até os 12 anos Cr 5

E daí já dá pra ser preso por que já é adulto – Cr 6

Diante dessas narrativas, mais uma vez consideramos a condição social do aluno

para analisar esses discursos. Inevitavelmente penso na semântica das palavras, no

sentido das ações, e nas reações também. Penso que para eles o sentido de violência

difira, de alguma maneira, do que signifique violência para as demais classes sociais.

Tanto no sentido quanto no que se constitua por violência e por isso a divergência nos

índices de ocorrências.

Ora, concordemos que mesmo que existente, a ocorrência de casos – pelo menos

os divulgados midiáticamente – tem como locus os bairros periféricos, cujos moradores

indiscutivelmente, na sua grande maioria, pertencem às classes mais desfavorecidas

socialmente. Desfavorecidas culturalmente, financeiramente, e de toda má sorte de

indicativos que os conduzam a uma condição de desfavorecidos.

Dessa forma, falando de mídia, pensamos na televisão e em sua capacidade de

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persuadir os telespectadores. Falamos sobre os direitos do consumidor e os alunos mais

uma vez mostraram ter conhecimento prévio sobre os direitos dos consumidores e de

como agir em determinadas situações, inclusive tendo em mente telefones de

emergência, caso necessitassem, tanto na área de saúde, quanto da segurança assim

como em mais uma disciplinada a ser trabalhada, neste caso a Geografia, na

possibilidade de se trabalhar dados estatísticos de violência doméstica e afins:

Liga pro PROCON – Cr 7

Eu já comi um bolo azedo e fui trocar lá no mercado – Cr 4

Mas se você comeu o bolo azedo era só ligar pro SAMU, no 193

– Cr 7

Não, tem que ligar pra polícia, por que o bolo tava azedo e você

podia morrer – Cr 5

É prô, isso é crime! – Cr 8

Tem que ligar no 190, que é o telefone da polícia militar (M.N)

– Cr 1

Dessa maneira, partindo para Ciências, segundo análises a lógica da criança

sugere que se eu comer um bolo estragado e esse bolo me fizer mal eu deveria ligar pro

SAMU, mas se eu ficasse muito mal e eventualmente viesse a morrer, eu deveria ligar

pra polícia, por que isso se constituiria em um crime e crimes são de responsabilidade

policial e assim, resumiu-se que, pela lógica da criança, eu deveria diretamente ligar pra

polícia, ao invés do SAMU.

E comida estragada foi ingrediente de discussão e motivo de inúmeras doenças

segundo as crianças, de pneumonia à leishmaniose. Observemos a fala desta criança e

veja sua linha de raciocínio:

a minha mãe disse que iogurte é feito de leite azedo, então não

tem problema se já tá vencido, por que também é azedo – Cr 10

Sua lógica surpreende, por que faz todo o sentido, pois não seria óbvio mesmo

poder tomar o iogurte azedo se o leite azedo vira iogurte? Evidentemente que a razão na

data de validade é outra coisa e merece atenção especial, assim com para os processos

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de produção tanto do iogurte quanto para muitos outros produtos mencionados nas

discussões.

Como falamos de armazenamento dos alimentos, também falamos das

embalagens indicadas para cada um deles e assim passamos a falar de reciclagem. Esse

assunto rendeu muito conteúdo por conta da sua estreita relação com a natureza e então

encaminhei as aulas no sentido da relação homem x natureza, trabalhando desde a pré-

história até a contemporaneidade as formas de o homem atuar na/sobre a natureza.

Os alunos demonstraram conhecimentos variados e curiosidade em aprofundá-

los. Tinham curiosidade em muitas coisas, opinavam em tantas outras. Observavam

tudo e vinham com uma análise. Divagavam sobre muitas coisas e esse divagar me era

benvindo, por que com ele eu podia explorar mais o que eles pensavam e assim

conhecer o que eles tinham de visão de mundo.

Segundo Serres (2013, p.19-20),

[...] Essas crianças podem manipular várias informações ao mesmo tempo.

Não conhecem, não integralizam nem sintetizam da mesma forma que nós,

seus antepassados.

Não têm mais a mesma cabeça.

Por celular, têm acesso a todas as pessoas; por GPS, a todos os lugares; pela

internet, a todo o saber: circulam, então, por um espaço topológico de

aproximações, enquanto nós vivíamos em um espaço métrico, referido por

distâncias.

Não habitam mais o mesmo espaço.

Sem que nós déssemos conta, um novo ser humano nasceu, no curto espaço

de tempo que nos separa dos anos 1970.

Esse novo ser sabe de muitas coisas e sabe por que participa, de alguma maneira,

de todas essas coisas, pois acompanha os pais e é estimulado a adquirir certa autonomia

e conhecimento, desde cedo, em muitas tarefas. As crianças do mundo contemporâneo

escolhem, opinam, têm voz, consomem... Um projeto como esse como o do

supermercado em sala de aula, por estar ancorado na interdisciplinaridade corrobora,

dentre tantas outras características já supracitadas, para conscientização das crianças

para o consumo responsável, contribuindo para que esses alunos tornem-se críticos:

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Creio que a interdisciplinaridade leva o aluno a ser protagonista da própria

história, protagonizando-o e humanizando-o, numa relação de

interdependência com a sociedade, dando-lhe, sobretudo, a capacidade

crítica, no confronto da cultura dominante e por que não dizer opressora, por

meio de escolhas precisas e responsáveis para sua libertação e para a

transformação da realidade (YARED, 2000 apud FAZENDA, 2008, p. 165).

Obviamente, não se descarta a importante e indiscutível contribuição da

matemática para se transitar num ambiente como o supermercado, mas a ideia e prática

do uso desta atividade em sala de aula basicamente voltada para o ensino da

matemática, como se não fosse possível trabalhá-la interdisciplinarmente, aos olhos

desta pesquisa, torna-se cada vez mais errônea.

Concluímos que as práticas sociais relacionadas à educação, sobretudo durante a

alfabetização - momento em que a leitura e a escrita passam, definitivamente a fazer

parte da vida da criança –, se fazem presentes das mais diversas maneiras na vida da

criança, como aluno ou não, e, por isso não podem estar alheias aos muros da escola por

que uma age sobre a outra, justificando-se e complementando-se, interrelacionando-se.

Ainda, que a representação do supermercado, em sala de aula, mostrou-se uma

ferramenta eficaz para o trabalho de várias disciplinas, norteadas por atividades de

leitura e escrita, sempre enfatizando a função social das mesmas, a partir do

supermercado – o que, a princípio não nos parece novidade, pois, é sabida sua

importância social - mas, na/para a importância da leitura e da escrita neste ambiente. A

reprodução do supermercado no ambiente escolar se sustenta como prática

potencializadora da ação mediadora do professor para a alfabetização e letramento.

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Recebido Para Publicação em 30 de junho de 2014.

Aprovado Para Publicação em 23 de julho de 2014.