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VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos Fronteiriços TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração” Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016 UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande) ISBN: 978-85-99540-21-3 A INTERDISCIPLINARIDADE E A INDISSOCIÁVEL RELAÇÃO TEORIA- PRÁTICA: A MATERIALIZAÇÃO DE TRABALHO DE CAMPO NA FORMAÇÃO DOCENTE E NO ENSINO DE GEOGRAFIA Ana Paula Camilo Pereira 1 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) Patrícia Alves Carvalho 2 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) Vera Lúcia Freitas Marinho 3 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) RESUMO: Este trabalho surgiu da inquietação para a realização de ações interdisciplinares, buscando possibilitar momentos de diálogo, reflexão e integração entre as disciplinas de Didática, Biogeografia e Geografia Regional, para que as mesmas possibilitassem um sentido de integralidade e compreensão da práxis para os acadêmicos. O objetivo do trabalho foi buscar promover a compreensão, análise crítica e elaboração de planejamento de aula de campo, com vistas ao reconhecimento do espaço regional por meio de exposições e explicações teórico-práticas das relações socioculturais e físico-naturais, temas trabalhados em sala de aula e experienciados na prática a partir da aula de campo proposta. Assim, essa ação foi realizada no Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Jardim/MS e culminou com uma aula de campo na cidade de Campo Grande/MS. Em síntese, a intenção da proposta atendeu ao objetivo de contemplar uma ação interdisciplinar, materializando o trabalho de campo como um procedimento metodológico essencial para a formação docente no ensino de Geografia, tendo como pressuposto a relação indissociável da teoria e prática. Palavras-Chave: 1. Interdisciplinaridade; 2. Teoria-prática; 3. Metodologia de ensino; 4. Trabalho de campo 1 Doutora em Geografia Humana. Docente do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Jardim/MS. Correio Eletrônico: [email protected] 2 Doutora em Pedagogia. Docente do curso de Licenciatura em Geografia e Licenciatura em Letras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Jardim/MS. Correio Eletrônico: [email protected] 3 Doutora em Geografia. Docente do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Jardim/MS. Correio Eletrônico: [email protected]

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Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016

UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande)

ISBN: 978-85-99540-21-3

A INTERDISCIPLINARIDADE E A INDISSOCIÁVEL RELAÇÃO TEORIA-

PRÁTICA: A MATERIALIZAÇÃO DE TRABALHO DE CAMPO NA

FORMAÇÃO DOCENTE E NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Ana Paula Camilo Pereira1

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)

Patrícia Alves Carvalho2

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)

Vera Lúcia Freitas Marinho3

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)

RESUMO: Este trabalho surgiu da inquietação para a realização de ações

interdisciplinares, buscando possibilitar momentos de diálogo, reflexão e integração

entre as disciplinas de Didática, Biogeografia e Geografia Regional, para que as mesmas

possibilitassem um sentido de integralidade e compreensão da práxis para os

acadêmicos. O objetivo do trabalho foi buscar promover a compreensão, análise crítica

e elaboração de planejamento de aula de campo, com vistas ao reconhecimento do

espaço regional por meio de exposições e explicações teórico-práticas das relações

socioculturais e físico-naturais, temas trabalhados em sala de aula e experienciados na

prática a partir da aula de campo proposta. Assim, essa ação foi realizada no Curso de

Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS),

Unidade Universitária de Jardim/MS e culminou com uma aula de campo na cidade de

Campo Grande/MS. Em síntese, a intenção da proposta atendeu ao objetivo de

contemplar uma ação interdisciplinar, materializando o trabalho de campo como um

procedimento metodológico essencial para a formação docente no ensino de Geografia,

tendo como pressuposto a relação indissociável da teoria e prática.

Palavras-Chave: 1. Interdisciplinaridade; 2. Teoria-prática; 3. Metodologia de ensino;

4. Trabalho de campo

1 Doutora em Geografia Humana. Docente do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade

Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Jardim/MS. Correio Eletrônico:

[email protected] 2 Doutora em Pedagogia. Docente do curso de Licenciatura em Geografia e Licenciatura em Letras da

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Jardim/MS. Correio

Eletrônico: [email protected] 3 Doutora em Geografia. Docente do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual de

Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Jardim/MS. Correio Eletrônico:

[email protected]

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ISBN: 978-85-99540-21-3

INTERDISCIPLINARITY AND THE INSEPARABLE RELATION BETWEEN

THEORY AND PRACTICE: THE MATERIALIZATION OF THE FIELDWORK IN

GEOGRAPHY TEACHER EDUCATION.

ABSTRACT: This study arose from inquietude to conduct interdisciplinary actions,

seeking to allow moments for dialogue, reflection and integration between courses of

Didactics, Biogeography and Regional Geography, so that they could enable a sense of

completeness and understanding of praxis for undergraduate students. The objective

was to promote understanding, critical analysis and planning a fieldwork, with a view to

the recognition of the regional dimension through experiences and explanations

theoretical and practical of socio-cultural and physical-natural relations, themes

discussed in class and experienced from the proposed fieldwork. Thus, this action was

taken in Geography Undergraduate course of the State University of Mato Grosso do

Sul from the city of Jardim – Brazil and the fieldwork was conducted in the city of

Campo Grande/MS. Finally, the intention of the proposal reached the goal of

contemplating an interdisciplinary action, materializing a fieldwork as an essential

methodological procedure for the formation of Geography teachers, based on the

inseparable relationship of theory and practice.

Keywords: 1. Interdisciplinarity; 2. Theory and practice; 3. Teaching Methodology; 4.

Fieldwork

Introdução

Ao nos referirmos à formação acadêmica, nos deparamos com uma matriz curricular

que contempla o todo necessário a essa formação, no entanto, o que temos observado

muitas vezes, é a realização de um trabalho árduo docente, mas isolado, fragmentado

em disciplinas que nem sempre dialogam entre si, ausentes da relação necessária da

práxis e da noção de interface entre as mesmas para a compreensão do educando, sobre

o seu curso na totalidade a partir do currículo proposto.

Sacristán (1998. p.14), nos auxilia na compreensão sobre o currículo quando afirma

que o mesmo não é e não pode ser “um conceito abstrato que tenha algum tipo de

existência fora e previamente à experiência humana. O currículo “é, antes, um modo de

organizar uma série de práticas educativas”.

Diante da precisa articulação entre a teoria e a prática no ensino de Geografia, surgiu

a realização de uma parceria entre docentes da Universidade Estadual de Mato Grosso

do Sul, Unidade Universitária de Jardim/MS, a necessidade de um trabalho conjunto e

integrado, buscando trazer à compreensão dos acadêmicos a relação entre as disciplinas

e as vivências práticas a partir dos estudos e reflexões teórico-práticos, compreendendo

que a relação interdisciplinar é uma necessidade para a formação acadêmica,

promovendo atitudes de diálogo, entre ajuda e reconhecimento da fragilidade de

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trabalhos isolados, buscando a parceria para o processo de ensinar e aprender numa

postura e atitude de coletividade.

Pergunta-se, pois, atitude de quê? Ao responder, faz uma síntese de

suas reflexões acerca das possibilidades de construção de uma

interdisciplinaridade em ação na qual reafirma categorias

fundamentais para o trabalho educativo interdisciplinar: Atitude de

busca de alternativas para conhecer mais e melhor; atitude de espera

perante atos não-consumados; atitude de reciprocidade que impele à

troca, ao diálogo com pares idênticos, com pares anônimos ou consigo

mesmo; atitude de humildade diante da limitação do próprio saber;

atitude de perplexidade ante a possibilidade de desvendar novos

saberes; atitude de desafio diante do novo, desafio de redimensionar o

velho; atitude de envolvimento e comprometimento com os projetos e

as pessoas neles implicadas; atitude, pois, de compromisso de

construir sempre da melhor forma possível; atitude de

responsabilidade, mas, sobretudo de alegria, revelação, de encontro,

enfim, de vida (FAZENDA, 1991, p. 14).

Atitude que possibilita ao educador, "substituir uma concepção fragmentada para a

unitária do ser humano" (FAZENDA, 1979, p. 8), em seu processo de educar, (re)

pensar e (re) construir sua prática cotidiana.

De modo geral, essa ação foi pensada mediante três aspectos essenciais à

compreensão da Geografia e da formação docente; primeiro: a oportuna precisão de

transpor a separação entre Geografia Humana e Geografia Física, entendendo-as a partir

de uma relação de totalidade; segundo: a compreensão da interdisciplinaridade que se

confirma na multiplicidade dos saberes integrados e; terceiro: a necessidade de

promover a relação teoria e prática, num contexto geográfico que se materializa para

além da sala de aula.

Os estudos geográficos que acirram suas especializações a partir de subáreas

individualizadas da Geografia caminham de forma muito ambígua, pois muitos

geógrafos consagram um ramo dessa ciência, renegando o outro. Ao analisar ou

trabalhar

[...] somente os fenômenos sociais esquecendo-se do espaço físico

sobre ao qual eles se desenvolvem é tão incompleto do ponto de vista

geográfico, quanto analisar ou trabalhar o quadro físico de um lugar

sem considerar as ações e relações humanas em seu contexto

(MENDONÇA, 1998, p. 67).

Ao refletir sobre a dicotomia entre a Geografia Física e a Geografia Humana, Silva

(2007) afirma que, de modo geral, as práticas acadêmicas individualizadas limitam a

visão global do objeto de investigação. Nesse sentido, salienta-se que a busca por

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realizar diferentes metodologias de ensino geográfico apresenta-se como formas que

favorecem a superação de tal compartimentação. Além disso, o autor questiona:

Será que a dicotomia existente entre a Geografia Física e Geografia

Humana não é agravada pelos professores na própria universidade?

Como esperar do futuro geógrafo uma visão global da realidade se na

própria universidade essa visão não lhe é permitida? (SILVA, 2007, p.

43)

Dadas estas premissas, destacamos a importância da realização de trabalhos de

natureza interdisciplinar, buscando, na medida do possível, envolver e integrar os

conhecimentos dos profissionais que atuam no ensino de Geografia para que os reflexos

de suas ações possam contribuir para preparação de futuros licenciados em Geografia,

como também para aqueles que atuarão em qualquer área de trabalho.

Este estudo apresenta resultados dessa ação interdisciplinar, sendo apresentado na

primeira seção o desenvolvimento dessa ação discutindo como foram realizadas

metodologicamente as análises teóricas dessa articulação. Em uma segunda seção,

evidenciamos os resultados, destacando a abordagem prática que envolveu as diferentes

disciplinas, e por fim, enfatizamos como essa ação interdisciplinar contribuiu com o

ensino de Geografia, no sentido de ampliar uma abordagem que busca desfragmentar a

dicotomia entre a teoria e a prática e a Geografia Física e Humana, a partir de uma

correlação entre diferentes enfoques disciplinares que se articularam teórica e

empiricamente mediante reconhecimento de campo.

Metodologia: caminhos percorridos, diálogos concretizados

Compreendendo a necessidade de ações interdisciplinares, essa proposta resultou do

trabalho entre as disciplinas de Didática, Biogeografia e Geografia Regional, com

estudos teóricos, apresentações de seminários e trabalhos dissertativos, culminando com

uma aula de campo planejada conjuntamente com os acadêmicos, para que pudessem

compreender a partir de sua formação em licenciatura, a estrutura de um planejamento

de aula, recursos, objetivos, autorizações, estudos, de maneira crítica, reflexiva e

participativa para o reconhecimento do espaço regional, bem como das inúmeras

relações socioculturais e físico-naturais existentes que se materializam enquanto

elementos constituintes do espaço regional sul-mato-grossense.

Nessa perspectiva, essa ação foi desenvolvida metodologicamente a partir da

definição teórico-conceitual das diferentes disciplinas já mencionadas, considerando as

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especificidades de cada uma no que tange, principalmente, aos aspectos conceituais.

Esta etapa foi realizada mediante a interlocução entre os docentes envolvidos, no

sentido de correlacionar as análises desencadeadas nas aulas teóricas e promovidas

pelos acadêmicos em suas discussões e organizações de exposições orais e escritas

sobre as temáticas trabalhadas.

Posteriormente, a correlação entre as análises foi corporificada em campo, ou seja,

por meio de um trabalho empírico, em que docentes e acadêmicos puderam materializar

suas e compreensões vivenciando suas abordagens, o que definitivamente configurou

uma relação recíproca tanto entre as disciplinas quanto entre a efetivação da articulação

teoria-prática.

Participaram das atividades, quarenta e dois (42) acadêmicos (2º e 3º anos) do Curso

de Licenciatura em Geografia da UEMS/Jardim, três (3) professoras das disciplinas

citadas, dois (2) professores convidados e um (1) profissional técnico administrativo.

A culminância de todo o trabalho, resultou na aula de campo à cidade de Campo

Grande/MS, com visita ao Museu das Culturas Dom Bosco, Parque das Nações

Indígenas e Feira Central, com o intuito de relacionar teoria e prática, no sentido da

compreensão de alguns dos conceitos trabalhados em sala de aula.

As docentes buscaram realizar durante o ano, um trabalho interdisciplinar que

culminou nessa ação de coletividade entre universidades, docentes e acadêmicos,

acreditando que a formação profissional perpassa a relação entre teoria e prática e a

postura de entre ajuda e parceria. Também é importante ressaltar que o desenvolvimento

de tais atividades práticas atendem as exigências previstas no Projeto Político

Pedagógico do Curso citado, cujo perfil profissional deverá possuir sólidos

conhecimentos da área pedagógica, integrada com sua área específica e que entenda o

processo de aprendizagem na sua totalidade.

Discussões e resultados: a efetivação da interdisciplinaridade e da relação teoria-

prática

As discussões entre as diferentes disciplinas foram permeadas por intensos diálogos

entre as docentes envolvidas, na busca diária pela efetivação do processo de ensino

aprendizagem que intenta constantemente suprimir a dicotomia entre a Geografia Física

e a Geografia Humana, bem como promover a intrínseca conexão entre o que é

apreendido enquanto teoria e o que é efetivado enquanto prática.

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Para isso, foram necessárias algumas abordagens conceituais que expressam algumas

tendências da discussão e certos encaminhamentos analíticos no âmbito geográfico que

enfatizam os estudos da natureza e da sociedade.

Nesse sentido, buscamos enfatizar a necessária reflexão sobre a didática que se

promove em sala de aula, sobre seus diferentes recursos, discursos, suas teorias e

analogias possíveis, ao mesmo tempo, em que se objetivou compreender elementos

particulares do espaço regional vivenciado, considerando suas relações identitárias, no

sentido de correlacionar aspectos observados no espaço regional de Jardim, assim como

no espaço regional de Campo Grande. Para isso, não apenas foram considerados os

fenômenos das relações socioculturais, mas também as relações físico-naturais.

Na disciplina de Didática, os discentes tiveram aulas teóricas, no sentido de

organizar os procedimentos de planejamento pensando espaço-recursos-autorizações e

outros aspectos necessários para realização de uma aula de campo, permitindo a

autonomia e comprometimento com o processo educativo enquanto futuros licenciados,

pois, “sem compreender o que se faz, a prática pedagógica é uma reprodução de hábitos

e pressupostos dados, ou respostas que os professores dão a demandas ou ordens

externas” (SACRISTÁN; GÓMEZ, 1998), o que engessa o trabalho docente, impedindo

ou dificultando o senso crítico, reflexões e diálogos que promovam emancipação e

autonomia, uma vez que, segundo Sacristán (1998. p.48), “para que o currículo

contribua para o interesse emancipatório, deve ser entendido como uma práxis”.

Para Grundy (1987, p. 114), a práxis deve se apoiar nos seguintes princípios:

a) Deve ser uma prática sustentada pela reflexão enquanto práxis,

mais do que ser entendida como um plano que é preciso cumprir, pois

se constrói através de uma interação entre o refletir e o atuar, dentro

de um processo circular que compreende o planejamento, a ação e a

avaliação, tudo integrado por uma espiral de pesquisa‐ação. b) Uma

vez que a práxis tem lugar num mundo real e não em outro, hipotético,

o processo de construção do currículo não deveria se separar do

processo de realização nas condições concretas dentro das quais a

desenvolve. c) A práxis opera num mundo de interações, que é o

mundo social e cultural, significando, com isso, que não pode se

referir de forma exclusiva a problemas de aprendizagem, já que se

trata de um ato social, o que leva a ver o ambiente de aprendizagem

como algo social, entendendo a interação entre o ensino e a

aprendizagem dentro de determinadas condições. d) O mundo da

práxis é um mundo construído, não natural. Assim, o conteúdo do

currículo é uma construção social. Através da aprendizagem do

currículo, os alunos se convertem em ativos participantes da

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elaboração de seu próprio saber, o que deve obrigá‐los a refletir sobre

o conhecimento, inclusive o do professor. e) Do princípio anterior se

deduz que a práxis assume o processo de criação de significado como

construção social, não carente de conflitos, pois se descobre que esse

significado acaba sendo imposto pelo que se tem mais poder para

controlar o currículo”.

A partir dessa perspectiva, a disciplina de Geografia Regional buscou trabalhar

juntos aos acadêmicos, a análise crítica e comparativa de reconhecimento do espaço

regional, no sentido de compreendê-lo em suas especificidades regionais e na relação

com o conteúdo ministrado. Com a aula de campo foi possível verificar na prática a

configuração espacial de conceitos trabalhados na disciplina. Desse modo, após a

realização da leitura de textos relacionados à temática e que retratavam o contexto

sociocultural dos locais visitados, os acadêmicos organizaram um relatório técnico

consolidado em que destacaram os conceitos discutidos na disciplina de Geografia

Regional, tais como: região, regionalização, regionalismo, regionalidade, planejamento,

política, poder, identidade dentre outros correlacionando com ilustrações de registros

fotográficos, atentando-se para uma análise geográfica na perspectiva humana, sobre as

relações sociais, culturais, identitárias e regionais do espaço visitado, ao mesmo tempo,

em que buscou-se aliar a essa compreensão aspectos da Geografia Física, em que se

trabalhou uma leitura sobre o espaço nas suas múltiplas relações físico-naturais.

A disciplina de Biogeografia destacou a importância dos parques urbanos4 enquanto

espaços públicos, capazes de (re) configurar as paisagens da cidade, pois permitem a

socialização e a contemplação/fruição de fragmentos da natureza, importantes para

romper com o universo do cotidiano no sentido de permitirem estabelecer relações

sociais.

Além disso, esta disciplina buscou contemplar as relações físico-naturais e

socioambientais5, uma vez que no local da visita técnica, encontram-se agrupados os

4 Em relação aos aspectos legais e as normas, os parques encontram-se nas categorias incluídos nas Áreas

protegidas. Definidos como territórios delimitados e geridos com o objetivo de conservar o seu

património natural, que inclui elementos ecológicos, históricos, geológicos e culturais. Com relação à

legislação ambiental que trata sobre áreas verdes e parques, podem citadas: Constituição Federal de 1988

– título III, capítulo II e artigos 23, 24 e 225; o novo Código Florestal e o Sistema Nacional de Unidades

de Conservação da Natureza (SNUC) – LEI 9.985/20004 que classifica o conjunto de normas e

procedimentos oficiais que possibilitam criarem as unidades de conservação nas esferas

governamentais federal, estadual e municipal. 5 Dentro dessa abordagem, foram convidados docentes de outras instituições de ensino e de demais

unidades universitárias da UEMS, que destacaram os fatores da degradação ambiental relacionados ao

Córrego Prosa, que possui uma extensão de suas águas localizadas no Parque das Nações Indígenas.

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parques municipais: Parque das Nações Indígenas, Parque dos Poderes e o Parque

Estadual do Prosa6, uma área de fundo de vale, com peculiaridades e características de

áreas de preservação.

O Parque é considerado um dos maiores parques dentro de um perímetro urbano do

mundo. O córrego Prosa é o principal curso d’água do Parque das Nações Indígenas, e

tem sua nascente no Parque dos Poderes, tendo como afluentes no interior do parque, o

córrego Reveilleau e a jusante o córrego Soter. Apresentando um fluxo de água

permanente, mesmo na estiagem, os vales dos córregos existentes, especialmente o do

córrego Prosa, sendo a bacia de contribuição de córrego Prosa considerada como de

pequeno porte (MAYMONE, 2009). Além disso, o Parque abriga espécies nativas, por

exemplo, o jenipapo, amangueira e a aroeira, entre outras espécies de vegetação de

cerrado e cerradão, o que permitiu a compreensão e correlação dos aspectos teóricos

explicados com a realidade observada em campo.

Associado a isso, insere-se o processo de urbanização da Capital, gerando

transformações na dinâmica de usos e ocupação da terra e, consequentemente,

interferência sobre os ecossistemas e os recursos hídricos7. Atualmente, sinalizam-se

profundas mudanças nas relações socioambientais em escalas local e regional, gerando

problemas relacionados a precariedades nos serviços públicos de água e esgoto,

crescente índice de poluição dos cursos fluviais, ocupações em área sujeitas a

inundações8. Além desses, há uma precária infraestrutura nos sistemas de tratamento e

destinação do lixo domiciliar urbano – na capital os resíduos sólidos urbanos são

destinados a um lixão – onde apresenta condições obsoletas e inadequadas de deposição

final dos resíduos sólidos, exigindo crescente investimento de recursos financeiros. Tais

6 O Parque Estadual do Prosa possui uma área de 1.352.573,00 m

2 no local fica a nascente do Córrego

Prosa. Dispõe de trilhas para prática de esportes radicais. Ali também se situa o CRAS (Centro de

Reabilitação de Animais Silvestres), além de espaços para exposições e vendas de artesanatos regionais. 7 Os recursos hídricos – incluem as águas superficiais e subterrâneas. Tais dados são relevantes, pois a

captação de água para o abastecimento da população de Campo Grande é realizada de forma mista fonte

superficial e subterrânea através de poços artesianos. As captações superficiais são: Guariroba e Lageado.

Elas são responsáveis por 55% do abastecimento, sendo a captação Guariroba a principal delas (39%). As

captações subterrâneas (poços) são responsáveis por 45% do total da água que abastece o município,

atualmente existem 150 poços em operação. Mais informações buscar na prestadora de serviços a

empresa de iniciativa privada: Águas Guariroba S.A. Disponível em:

<http://www.aguasguariroba.com.br/> 8 Em 2013, nos seguintes municípios foi decretada situação de emergência, devido a inundações:

Caracol/MT, Anastácio/MS, Aquidauana/MS, Bela Vista/MS, Campo Grande/MS, Jardim/ MS,

Nioaque/MS e Porto Murtinho/MS (alagamento) (BRASIL, 2013).

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situações, como as anteriormente exemplificadas, são conteúdos explorados tanto em

sala de sala quanto nas abordagens dessa visita técnica.

As duas últimas disciplinas em interface com o conteúdo da primeira, buscaram

trazer a compreensão da composição do currículo na formação dos licenciados, numa

dimensão de totalidade e de que, as disciplinas compõem a formação integral, trazendo

suas especificidades, seu grau de importância, mas que só têm sentido de ser, se

compreendem o papel de cada uma na construção do todo na formação do Geógrafo. De

acordo com Lencioni:

De maneira geral, podemos dizer que no desenvolvimento do

pensamento geográfico há dois grandes marcos de interpretação

acerca do objeto da geografia. O primeiro entende que a geografia

estuda a relação do homem com o meio e o segundo a concebe como

um campo de conhecimento particular voltado para o estudo das

diferenciações das áreas. Essas duas orientações gerais implicam

concepções diferentes de região. Na primeira perspectiva, referida,

muitas vezes, como ambientalista, a região existe em si mesma, ou

seja, ela é auto-evidente e cabe ao pesquisador reconhecê-la por meio

de análises. A região, portanto, se coloca como objeto de estudo a

priori. No segundo caso, a região não existe por si mesma, ela não é

objeto de estudo no sentido restrito do termo, pois ela se conforma no

final do processo de investigação, processo esse que constrói o recorte

espacial por meio de elaboração de critérios definidos no processo de

investigação (LENCIONI, 2005, p.200).

Destarte, foi possível por meio dessa ação, dialogar a relação da Licenciatura da

Geografia Humana e Geografia Física a partir dos temas trabalhados, em uma proposta

interdisciplinar para a formação do licenciado em Geografia, buscando trazer a

compreensão sobre a necessidade de interlocução entre as disciplinas propostas no

currículo, e as competências para atuar em cada área com uma atitude de visão do todo.

Nesse contexto que se destaca a importância do trabalho de campo nas pesquisas

geográficas e nos cursos de Licenciatura em Geografia, uma vez que conforme enfatiza

Suertegaray (2002, s/p): “a pesquisa de campo é o conhecimento feito através da

vivência em transformação”. As imagens a seguir registram figurativamente o

desenvolvimento da aula de campo:

Coletânea de registros fotográficos 01: Trabalho de campo em Campo Grande (2016)

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VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos

Fronteiriços

TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração”

Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016

UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande)

ISBN: 978-85-99540-21-3

Fonte: Trabalho de campo em Campo Grande/MS (24/09/2016). Os registros fotográficos referem-se aos locais visitados: Museu das Culturas Dom Bosco onde os acadêmicos foram

recebidos por um funcionário da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) que fez uma apresentação sobre as

exposições constantes no local, tais como: Exposição de Etnologia “Povos do Mato Grosso do Sul”, além do acervo

da Coleção de Mineralogia, Arqueologia e Paleontologia. No Parque das Nações Indígenas, uma docente da

UEMS/Campo Grande ministrou uma aula sobre o Córrego Prosa contemplando as relações físico-naturais e

socioambientais, destacando suas peculiaridades e características de áreas de preservação. Por fim, na Feira Central

de Campo Grande os acadêmicos realizaram uma visita documental em que entrevistaram/dialogaram os

comerciantes do recinto, no intuito de compreender e refletir sobre o espaço regional e suas identidades regionais.

Ao nos atermos a pesquisa de campo, é imprescindível ressaltar que o compromisso

de promover a interdisciplinaridade, a relação teoria e prática se colocam como

essenciais na superação da fragmentação entre a Geografia Humana e a Geografia

Física, uma vez que a Geografia se constitui enquanto uma ciência que tem como objeto

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ISBN: 978-85-99540-21-3

de análise as relações espaciais, considerando nesse espaço tanto a perspectiva social e

como natural, compreende-se que:

[...] embora haja dificuldade, parece necessário manter o princípio da

geografia global, ao mesmo tempo física e humana, encarregada de

dar conta da complexidade das interações na superfície do globo entre

os fenômenos que dependem das ciências da matéria, da vida e da

sociedade. Bem entendido, este princípio de uma Geografia global não

exclui absolutamente que, alguns geógrafos se especializem nos

estudos dos aspectos espaciais dos fenômenos humanos, e outros, na

análise das combinações espaciais dos fenômenos físicos. É

indispensável, porém, que uns e outros guardem contatos suficientes

entre si, tenham preocupações epistemológicas comuns e que aqueles

que são engajados na ação ocupem-se do emaranhado nesta ou

naquela porção do espaço dos diversos fenômenos humanos. Isto não

é somente dos interesses deles, dos geógrafos; é definitivamente do

interesse de todos os cidadãos (LACOSTE, 1985, p. 65).

Dada esta proposição, compreende-se que a pesquisa de campo contribui para

possibilitar aos acadêmicos uma visão global, ou seja, de amplificação da realidade

vivenciada, no sentido de promover a inter-relação dos fenômenos e, ao mesmo tempo,

permite ao acadêmico visualizar a teoria na prática e vice-versa, em outras palavras,

possibilita experiencializar a teoria em sua materialização enquanto objeto de análise e

um instrumento de aprendizagem.

Nesse sentido, Suertegaray (2002) corrobora que:

A pesquisa de campo constitui para o geógrafo um ato de observação

da realidade do outro, interpretada pela lente do sujeito na relação com

o outro sujeito. Esta interpretação resulta de seu engajamento no

próprio objeto de investigação. Sua construção geográfica resulta de

suas práticas sociais. Neste caso, o conhecimento não é produzido

para subsidiar outros processos. Ele alimenta o processo, na medida

em que desvenda as contradições, na medida em que as revela e,

portanto, cria nova consciência do mundo.

Em síntese, a efetivação da ação interdisciplinar que motivou o trabalho de campo

das disciplinas supracitadas teve essa perspectiva, de promover a produção do

conhecimento geográfico a partir da construção de uma nova consciência de mundo,

que não se exclui, mas se associa, se coaduna, no sentido literal.

Considerações Finais

Nos dizeres de Suertergaray (2002): “ir ao campo (mundo) é necessário [...] Assim,

vemos o campo pelo olhar do método. O método escolhido é a expressão de nossa

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concepção do mundo. Método, portanto, é uma escolha que diz respeito ao nosso ritmo

e a nossa compreensão/ética.

Promover a interdisciplinaridade associada a busca pela ruptura entre a teoria e a

prática e entre a Geografia Física e a Geografia Humana perfaz-se em diversos âmbitos,

lugares e momentos. Mas é importante ressaltar que essa busca não se fez

aleatoriamente, e menos ainda de forma fragmentada.

Essa ação coletiva coaduna com um projeto maior de promover uma formação

profissional em que licenciados em Geografia se reconheçam enquanto promotores de

um saber associativo, em que a teoria pode ser avistada em sua prática cotidiana, em seu

espaço regional. Um espaço de comparações permanentes e de modo algum hierárquico,

em que as diferenças podem ser reconhecidas por suas especificidades, sejam estas

especificidades materializadas pelas relações socioculturais e/ou físico-naturais.

Além disso, buscamos possibilitar a compreensão e consolidação de conceitos e

conteúdos teóricos inseridos no plano de ensino das diferentes disciplinas, bem como de

que o planejamento de uma aula campo não se faz apenas na prática, mas na articulação

com o que é ensinado, explicado e, sobretudo, experiencializado.

Por fim, o resultado dessa ação permitiu refletir que o ensino da Geografia deve ser

ministrado de forma refletiva teórica e empiricamente, contribuindo para o

desenvolvimento de um pensamento consciente e crítico. Associado a isso, a realização

de trabalhos dessa natureza possibilita a obtenção de dados, informações e registros

sobre o espaço local e/ou regional, em que os conhecimentos técnico-científicos se

interagem aos socioambientais, socioculturais, políticos e econômicos.

Portanto, tais práticas podem refletir-se para além do ensino formal, pois apresentam

contribuições que servem de referências tanto para o desenvolvimento de trabalhos

posteriores quanto para a elaboração de projetos conjuntos, em muitos casos,

possibilitando o envolvimento direto dos profissionais docentes, técnicos e acadêmicos.

Tais parcerias são perfeitamente viáveis por contribuir com a melhor qualificação

profissional dos acadêmicos enquanto futuros professores de Geografia.

Referências Bibliográficas:

BRASIL. Agencia Nacional das Águas (ANA). Conjuntura dos recursos hídricos no

Brasil: 2013. Brasília: ANA, 2013. 432.p.

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geográfico. In: Novos caminhos da Geografia. CARLOS, A. F. A (org.). Editora

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Indígenas de Campo Grande/MS. Campo Grande, MS: UFMS, 2009. Dissertação

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