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FACULDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INTRODUÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
NO
CONTEXTO ESCOLAR
Por: Gina Carla Nery Carletti Vilela Santos
Orientador: Professora Vera Lúcia Vaz Agarez Co-orientadora: Professor Leonardo Silva da Costa
Vitória, 2009
FACULDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INTRODUÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
NO
CONTEXTO ESCOLAR
Trabalho Monográfico apresentado ao Curso de
Pós-Graduação em Educação Ambiental –
Faculdade Candido Mendes como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista em
Educação Ambiental.
Por: Gina Carla Nery Carletti Vilela Santos
DEDICATÓRIA
Aos meus familiares e amigos que contribuíram para que minha caminhada em busca do crescimento pessoal fosse a menos árdua possível.
AGRADECIMENTOS
Em especial a Professora orientadora – Fernanda Sanção Ramos – pela ajuda, compreensão e principalmente pela paciência no desenvolvimento do meu trabalho.
RESUMO
A influência do cotidiano escolar na formação dos sujeitos engajados em
ações de defesa do meio ambiente é o objetivo central desta investigação. O
trabalho visa mostrar que as atividades de Educação Ambiental desenvolvidas no
ambiente escolar podem formar adultos conscientes. Elegendo a complexidade
como fio condutor, o trabalho procura mostrar os elementos daquela realidade e
quais as formas de melhor adequar a Educação Ambiental ao cotidiano dos alunos,
tendo como ponto de partida a interdisciplinaridade. Assim, entendendo a escola
como sistema de sistemas, tenta-se identificar aspectos da política e da legislação
educacional vigentes, da formação de professores e do próprio funcionamento
sistemático da unidade de ensino que influenciam a produção do engajamento dos
sujeitos na necessária luta para salvar a herança biológica e social deste nosso
pequeno planeta.
METODOLOGIA
Este estudo consiste em uma pesquisa teórica e de campo com estudo de
caso. Procura formular um quadro de referência e estudar teorias a respeito do
assunto em foco. Para a realização deste trabalho foi feita pesquisa bibliográficas
em livros, com o objetivo de recolher, selecionar, analisar e interpretar as
contribuições teóricas já existentes de forma a possibilitar maior conhecimento por
meio de tal consulta.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................5
CAPITULO I – A EDUCAÇÃO AMBIENTAL................................................................9
CAPITULO II - A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.............................16
CAPITULO III - O QUE E COMO TRABALHAR PARA O DESENVOLVIMETO DA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO COTIDIANO DOS ALUNOS......................................21
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................37
ANEXOS.....................................................................................................................41
INTRODUÇÃO
No decorrer da história, a humanidade, como um todo, não tem cuidado bem
do planeta, nem dos seres que nele vivem. Desde o aparecimento dos primeiros
seres humanos que problemas vêm surgindo, e as pessoas tendo que passar por
inúmeras dificuldades e desafios, pois "a natureza era mais poderosa que os
homens", e os afetava mais do que era afetada por eles.
Era preciso ter certo conhecimento ambiental, pois as dificuldades eram
muitas, dificuldade em conseguir alimentos, água durante os períodos de seca, se
proteger de animais selvagens, dentre tantas mais. Esse saber também se fazia
necessário para a proteção contra os “ataques” da natureza e aproveitamento de
suas riquezas.
Aos poucos o conhecimento vem sendo adquirido e repassado de geração
em geração, muitas vezes acrescido de novas descobertas, e fazendo com que a
interação entre os homens e o ambiente ultrapassasse a questão da simples
sobrevivência.
Com a urbanização e evolução da civilização, o ambiente passa a ser
encarado de outra forma, a natureza passou a ser entendida como "algo separado e
inferior à sociedade humana", ocupando uma posição de subserviência. Com o
advento da Revolução Industrial a natureza passou a ser administrada como um
"supermercado gratuito, com reposição infinita de estoque", gerando, entre outros, o
esgotamento de recursos naturais, a destruição de ecossistemas e a perda da
biodiversidade. Afetando assim os mecanismos que sustentam a vida na Terra e
evidenciando o modelo de desenvolvimento "insustentável" por trás desta realidade.
Chega-se aos dias de hoje, e a sociedade contemporânea se encontra numa
fase de transição, isto é, num momento em que o ser humano percebe as
conseqüências dos problemas sociais e ambientais no seu dia-a-dia e já se
preocupa com eles, sem, no entanto agir com eficácia para resolvê-los.
A participação da sociedade como um todo na tomada de posições e
realização de ações em favor do meio ambiente é fundamental, pois atualmente o
debate sobre o assunto é conflituoso e demanda um embate político e ecológico.
Dessa forma, a elaboração de estudos que resultem em projetos na área são
desafios na busca da construção de uma nova realidade social e ambiental que
proporcione uma melhor qualidade de vida ao ser humano.
Assim, a educação surge como uma alternativa possível para a modificação
deste desafiante quadro, desde que o indivíduo:
...adote posturas pessoais e comportamentais sociais que lhe
permita viver numa relação construtiva consigo mesmo e como
meio em que vive, colaborando para que a sociedade seja
ambientalmente sustentável e socialmente justa. (Brasil, 1997ª,
p. 53)
Com efeito, a educação é um instrumento de formação do indivíduo, desde
que colabore com o desenvolvimento de um cidadão responsável pela construção
de um mundo melhor. Contudo, para que esta realidade se estabeleça, providências
e mudanças precisam ser viabilizadas, tanto no âmbito educacional quanto no
político, social e científico.
A educação Ambiental está fundamentada na necessidade de se resgatar
uma reeducação dos sentidos, pois, são os desequilíbrios humanos fontes dos
principais desajustes no ambiente. Assim a EA deve dirigir-se num sentido formativo,
isto é, de valores e, assim, se fundamentar na ética, para que o aluno cumpra seu
papel como cidadão e atue de forma mais adequada.
Para chegar a tais objetivos é importante compreender o processo educativo
sob um ponto de vista abrangente, iserindo-o num contexto social mais amplo, onde
influências externas e condições internas limitam a prática pedagógica e nele
interferem. Porém, deve-se ressaltar que a educação esmo condicionada a essas
influências, é indubitavelmente um caminho que oferece espaço para mudanças,
principalmente quando estas se processam de forma crítica, politizada, democrática
e realista.
Quando se propõe a desenvolver a EA, é necessário que esteja
fundamentada em vivências significativas, ricas em conhecimentos e práticas que
ofereçam oportunidades para atividades participativas, socializadas, que permitam o
desenvolvimento de valores éticos e morais no homem.
Portanto, ações na área englobam uma variedade de questões e valores que
devem desenvolver-se no contexto pedagógico. Acredita-se, porém, que as
atividades que aproximam as crianças da natureza podem proporcionar vivências
fundamentais para o desenvolvimento de valores e atitudes nos alunos,
principalmente quando aliadas a práticas que promovam a convivência social,
proporcionando um ensino engajado, motivador e ativo, fatores estes
imprescindíveis no desenvolvimento da consciência ambiental.
Nesse contexto, a escola emerge como lugar propício para que aconteça a
prática de atividades pedagógicas que promovam o desenvolvimento da EA de
forma transformadora. Assim pretende-se, nesta pesquisa, busca formas que
direcionem a educação nesse sentido.
1. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1.1 PENSANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Com o desenvolvimento da agricultura, o meio ambiente sofreu muitos
impactos, devido principalmente a derrubadas das florestas. Desde então, o homem
ouviu falar em extinção de espécimes da fauna e flora, poluição do ar pelas
queimadas, poluição do solo, excesso de matéria orgânica e erosão. (MUCELIN,
2004).
E esses problemas ambientais só foram se agravando com o passar do
tempo, mostrando a irracionalidade do modelo econômico vigente. Mas, mesmo com
todos os sinais de que algo deveria ser feito o mais rápido possível, até a década de
60 ainda não se falava em Educação Ambiental. Essa questão começou a se tornar
mundialmente importante, a proporção que a sociedade percebeu a rapidez e a
intensidade com que estavam se processando as mudanças ocorridas no planeta.
Relativamente a questão ambiental, há uma percepção, cada vez maior, de
que não haverá transformação no plano global sem uma nova base de valores.
Porém, somente em março de 1965, na Conferência de Educação da Universidade
de Keele, na Inglaterra, colocou-se pela primeira vez a expressão Educação
Ambiental, com a recomendação de que ela deveria se tornar uma parte essencial
de educação de todos os cidadãos. De acordo com Dias (1991), foi no ano de 1972
que ocorreu os eventos mais decisivos para a evolução da abordagem ambiental no
mundo.
Assim, quanto mais se aprofundaram discussões nesta área, mais se tornava
evidente a urgência das ações a serem realizadas, na tentativa de criar um
arcabouço de idéias e fundamentos, que viessem a dar suporte a ações que
desenvolvessem a Educação Ambiental.
Em 1972, foi realizado pela primeira vez, na cidade de Estocolmo, a
Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre o Ambiente Humano, (ou Conferência
de Estocolmo), como ficou consagrada. Considerada um marco histórico-político
internacional, foi a primeira vez, que foram reconhecidas idéias importantes na área
ambiental, integradas a fatos sociais, econômicos e ecológicos. Nesse encontro se
reconheceu, através da “Recomendação 19”, a importância da educação em
questões ambientais, foi onde a Educação Ambiental passou a ser considerada
como campo de ação pedagógica, adquirindo relevância e vigência internacionais,
sem, contudo, ter estabelecido, nessa ocasião, diretrizes e propostas concretas para
área.
No ano de 1975, a UNESCO promoveu em Belgrado, Iugoslávia, o Encontro
Internacional sobre Educação Ambiental, unindo especialistas de 65 países. No
encontro, foram formulados princípios e orientações para um Programa Internacional
de Educação Ambiental, segundo os quais esta deveria ser contínua,
multidisciplinar, integrada ás diferenças regionais e voltada para os interesses
nacionais. A reunião deu origem ao documento conhecido como, “A Carta de
Belgrado”, na qual se expressava a necessidade do exercício de uma nova ética
global, que proporcionasse a erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da
poluição e da dominação e exploração humana.
Em 1977, celebrou-se em Tbilisi, URSS1, a Conferência Intergovernamental
sobre Educação Ambiental, que constitui até hoje o ponto culminante do Programa
Internacional de Educação Ambiental. Nessa conferência foram definidos os
objetivos e as estratégias pertinentes, em nível nacional e internacional. Postulou-se
que a Educação Ambiental é um elemento essencial para uma educação global,
orientada para a resolução dos problemas, em favor do bem estar da comunidade
humana.
Esse evento foi o ponto de partida para implantação de programas de
Educação Ambiental nacional e internacional, partindo do pressuposto que a mesma
deve ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais,
desenvolvendo o senso crítico e as habilidades necessárias para resolver
problemas, utilizando diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos
para a aquisição de conhecimentos, sem esquecer-se da necessidade de realização
de atividades práticas e de experiências pessoais, reconhecendo o valor do saber
prévio dos estudantes.
No Brasil, a Constituição contemplou a Educação Ambiental em todos os
níveis de ensino, no artigo 225, capítulo VI, parágrafo 1º, inciso VI 2.
Foi realizada, na década de 90 a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), que se transformou num momento especial
também para a evolução da Educação Ambiental. Além dos debates oficiais, dois,
entre os incontáveis eventos paralelos, foram marcantes, a "1ª Jornada Internacional
de Educação Ambiental", um dos encontros do Fórum Global que atraiu cerca de 1 URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. 2 Inciso VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; (BRASIL, Constituição Brasileira, 1995, p. 106
600 educadores do mundo todo; e o "Workshop sobre Educação Ambiental"
organizado pelo MEC.
Destes eventos, nasceram três documentos que hoje estão entre as principais
referências para quem quer praticar Educação Ambiental:
• Agenda 21: subscrita pelos governantes de mais de 170 países que
participaram da Conferência oficial, dedicou todo o Capítulo 36 a "Promoção do
Ensino, da Conscientização e do Treinamento". Este capítulo contém um conjunto
de propostas que ratificaram, mais uma vez, as recomendações de Tbilisi,
reforçando ainda a urgência em envolver todos os setores da sociedade através da
educação formal e não-formal. Além disso, a conscientização e o treinamento são
mencionados em outros capítulos, já que estas são necessidades que permeiam
todas as áreas.
• A Carta Brasileira para a Educação Ambiental: produzida no Workshop
coordenado pelo MEC, destacou, entre outros, que deve haver um compromisso real
do poder público federal, estadual e municipal, para se cumprir a legislação
brasileira visando à introdução da Educação Ambiental em todos os níveis de
ensino. Também propôs o estímulo a participação das comunidades direta ou
indiretamente envolvidas e das instituições de ensino superior.
• O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global: resultante da Jornada de Educação Ambiental,
elaborado pelo fórum das ONGs, explicita-se o compromisso da sociedade civil para
a construção de um modelo mais humano e harmônico de desenvolvimento, onde se
reconhecem os direitos humanos da terceira geração, a perspectiva de gênero, o
direito e a importância das diferenças e o direito à vida, baseados em uma ética
biocêntrica e do amor.
1.2 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1.2.1 Pressupostos
Os pressupostos da Educação Ambiental, estabelecidos pela Conferência de
Tbilisi (1972) e pela Agenda XXI (1992), orientam para um processo educativo
necessariamente continuo e permanente e para práticas pedagógicas que devem
ser participativas, interdisciplinares, holísticas e globalizadas, diretamente
relacionada á evolução do conceito de meio ambiente e ao modo como este era
percebido.
Nessa perspectiva, o ensino e a aprendizagem da EA3, devem ter como meio
fundamental para o seu desenvolvimento o cotidiano da realidade escolar
1.2.2 Definições
• Educação Ambiental é a preparação de pessoas para a sua vida enquanto
membros da biosfera;
• Educação Ambiental é o aprendizado para compreender, apreciar, saber lidar e
manter os sistemas ambientais na sua totalidade;
3 EA – Educação Ambiental
• Educação Ambiental significa aprender a ver o quadro global que cerca um
problema específico - sua história, seus valores, percepções, fatores econômicos e
tecnológicos, e os processos naturais ou artificiais que o causam e que sugerem
ações para saná-lo;
• Educação Ambiental é a aprendizagem de como gerenciar e melhorar as relações
entre a sociedade humana e o ambiente, de modo integrado e sustentável;
• Educação Ambiental significa aprender a empregar novas tecnologias, aumentar a
produtividade, evitar desastres ambientais, minorar os danos existentes, conhecer e
utilizar novas oportunidades e tomar decisões
acertadas.
1.2.3 Finalidades
• Ajudar a fazer e compreender claramente, a existência da interdependência
econômica, social, política e ecológica, nas zonas urbanas e rurais;
• Proporcionar, a todas as pessoas, a possibilidade de adquirir os conhecimentos, o
sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo a as atitudes, necessárias para
proteger e melhorar o meio ambiente;
• Induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na sociedade
em seu conjunto, a respeito do meio ambiente.
1.2.4 Princípios Gerais
• Sensibilização: processo de alerta, é o primeiro passo para alcançar o
pensamento sistêmico;
• Compreensão: conhecimento dos componentes e dos mecanismos que regem os
sistemas naturais;
• Responsabilidade: reconhecimento do ser humano como principal protagonista;
• Competência: capacidade de avaliar e agir efetivamente no sistema;
• Cidadania: participar ativamente e resgatar direitos e promover uma nova ética
capaz de conciliar o ambiente e a sociedade.
1.2.5 Princípios Básicos
• considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais
e criados pelo homem, tecnológicos, sociais, econômico, político, técnico, histórico-
cultural, moral e estético;
• construir um processo contínuo e permanente, começando pelo pré-escolar, e
continuando através de todas as fases do ensino formal e não-formal;
• aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada
disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada;
• examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista do local, regional,
nacional e internacional, de modo que o educando se identifiquem com as condições
ambientais de outras regiões geográficas;
• concentrar-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta também a
perspectiva histórica;
• insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional
para prevenir e resolver problemas ambientais;
• considerar de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de
desenvolvimento e de crescimento;
• ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais;
• destacar a complexidade dos problemas ambientais (sócio ambientais) e, em
conseqüência, a necessidade de desenvolver o senso crítico e as
habilidades necessárias para resolver problemas;
• utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para
comunicar e adquirir conhecimento sobre o meio ambiente, acentuando
devidamente as atividades práticas e as experiências pessoais.
2. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Os problemas sociais e ambientais indicam que há uma inversão de valores
na sociedade, o que torna inadiável uma tomada de posição e de atitude a esse
respeito. Princípios éticos que são fundamentais para estabelecer o equilíbrio e a
convivência saudável entre os homens estão sendo negligenciados, dando lugar a
atitudes e valores que repercutem de forma questionável no ambiente.
Por certo a existência de valores e princípios que orientem a convivência
social e as normas da conduta humana tornam-se fundamentais para a vida do ser
humano, principalmente em uma sociedade marcada por problemas, como
desigualdades sociais, desequilíbrio ambiental, entre outros.
Assim sendo, vem crescendo na sociedade a consciência da importância de
adotar novos valores éticos, ampliando, assim as expectativas referentes à
educação, com vistas à formação de um cidadão consciente da realidade em que
vive e apto a contribuir na resolução dos problemas que a afligem o ser humano.
Nesse contexto, as estratégias de enfrentamento da problemática ambiental,
para surtirem o efeito desejável na construção de sociedades sustentáveis,
envolvem uma articulação coordenada entre todos os tipos de intervenção ambiental
direta, incluindo tais ações em educação ambiental. Dessa forma, assim como as
medidas políticas, jurídicas, institucionais e econômicas voltadas à proteção,
recuperação e melhoria sócio ambiental, despontam também as atividades no
âmbito educativo. (ProNea)
Assim Prigogine (1991), citado por Grun (1994), comenta que são
necessárias rupturas com os conceitos preestabelecidos (livros, métodos, etc),
assim como o estabelecimento de uma nova visão do mundo que signifique o
desenvolvimento de um novo sujeito. Este novo homem deve agir diferente do atual,
permitindo-se integrar no meio ambiente como parte dele, interagindo com ele e
respeitando-o. Portanto,
...mais que conservar o meio ambiente, ele quer o
redimensionamento do lugar do homem na natureza e isto
implica uma nova visão do mundo (Prigogine, 1991, apud Grun,
p. 189)
Para tanto, os sistemas sociais devem atuar na promoção da mudança
ambiental, onde a educação assume posição de destaque para construir os
fundamentos da sociedade sustentável, apresentando uma dupla função a essa
transição societária: propiciar os processos de mudanças culturais em direção a
instauração de uma ética ecológica e de mudanças sociais em direção ao
empoderamento dos indivíduos, grupos e sociedades que se encontram em
condições de vulnerabilidade face aos desafios da contemporaneidade. ( PRONEA)
Esse modo de agir requer mudanças que vai ao encontro de uma série de
conceitos já estabelecidos, questionando-os em sua validade. Assim, na educação,
os livros-texto que reforçam a idéia de antropocentrismo e do utilitarismo em relação
ao meio ambiente, e também as práticas pedagógicas tradicionais e pouco
participativas, que dificultam o redimensionamento de valores na educação, devem
ser avaliadas e descartadas, para não se correr o risco de promover uma
aprendizagem indesejada e pouco realista.
2.1 Educação ambiental e escola
Considerando toda essa importância da temática ambiental e a visão
integrada do mundo, no tempo e no espaço, sobressaem-se as escolas, como
espaços privilegiados na implementação de atividades que propiciem essa reflexão.
Percebe-se que na prática pedagógica, esse caminho é importante, visto que, por
ele, podem-se criar oportunidades de momentos riquíssimos para o desenvolvimento
de valores na educação. Ressaltado que as gerações que forem assim formadas
crescerão dentro de um novo modelo de educação criando novas visões do que é o
planeta Terra.
As escolas devem abordas com perspectivas locais e globais, onde a
moralidade deve se processar em relação ao meio ambiente, de forma
interplanetária, isto é, extrapolando fronteiras. Essa atitude proporciona que o
estudante perceba a realidade, possibilitando uma compreensão maior das
situações.
Conforme orienta os PCNs (97/98), a ética sobre o ponto de vista ambiental,
refere-se a vida e a todas as formas de preservá-la, e para se alcançar tais objetivos
se faz necessário atividades de sala de aula e atividades de campo, com ações
orientadas em projetos e em processos de participação que levem à autoconfiança,
a atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteção ambiental
implementados de modo interdisciplinar (DIAS, 1992).
Entretanto, não raramente a escola atua como mantenedora e reprodutora de
uma cultura que é predatória ao ambiente, ou se limita a ser somente uma
repassadora de informações. Nesse caso, as reflexões que dão início a
implementação da Educação Ambiental devem contemplar aspectos que não
apenas possam gerar alternativas para a superação desse quadro, mas que o
invertam, de modo a produzir conseqüências benéficas (ANDRADE, 2000),
favorecendo a paulatina compreensão global da fundamental importância de todas
as formas de vida coexistentes em nosso planeta, do meio em que estão inseridas, e
o desenvolvimento do respeito mútuo entre todos os diferentes membros de nossa
espécie (CURRIE, 1998).
Dentro da escola deveremos encontrar meios efetivos para que cada aluno
compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas e sua conseqüência para
consigo, para sua própria espécie, para os outros seres vivos e o ambiente. É
fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e adote posturas
pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a construção de
uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudável.
A escola dentro da Educação Ambiental deve sensibilizar o aluno a buscar
valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais
espécies que habitam o planeta, auxiliando-o a analisar criticamente os princípios
que tem levado à destruição inconseqüente dos recursos naturais e de várias
espécies. Tendo a clareza que a natureza não é fonte inesgotável de recursos, suas
reservas são finitas e devem ser utilizadas de maneira racional, evitando o
desperdício e considerando a reciclagem como processo vital. Que as demais
espécies que existem no planeta merecem nosso respeito. Além disso, a
manutenção da biodiversidade é fundamental para a nossa sobrevivência. E,
principalmente, que é necessário planejar o uso e ocupação do solo nas áreas
urbanas e rurais, considerando que é necessário ter condições dignas de moradia,
trabalho, transporte e lazer, áreas destinadas à produção de alimentos e proteção
dos recursos naturais.
Com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do currículo e
contextualizados com a realidade da comunidade, a escola ajudará o aluno a
perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão integral do mundo em que vive.
Para isso a Educação Ambiental deve ser abordada de forma sistemática e
transversal, em todos os níveis de ensino, assegurando a presença da dimensão
ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das
atividades escolares.
A escola é o espaço social e o local onde o aluno será sensibilizado para as
ações ambientais e fora do âmbito escolar ele será capaz de dar seqüência ao seu
processo de socialização. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser
aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de
cidadãos responsáveis.
3. O QUE E COMO TRABALHAR PARA O DESENVOLVIMETO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NO COTIDIANO DOS ALUNOS
3.1 Conteúdos
Os conteúdos de EA devem ser estabelecidos por meio de critérios realistas,
fáceis de absorção e que ofereçam condições ao desenvolvimento dos valores de
cidadania. Segundo os PCNs (1997), tais conteúdos têm como base três assuntos
principais: os ciclos da natureza, a sociedade e o meio ambiente e o manejo e a
conservação ambiental.
Os conteúdos relativos aos ciclos da natureza devem fundamentar-se na
dinâmica interacionista dos processos naturais, por meio do estudo de processos de
troca de energia, cadeias e teias alimentares, ciclos da água e da matéria orgânica e
reciclagem de alimentos, entre outros.
Quanto ao conteúdo específico sobre a sociedade e meio ambiente, as
discussões devem pautar-se nas características dos grupos humanos e suas
relações com o meio ambiente, incluindo a diversidade cultural e ambiental, as
características específicas de cada ambiente, a diferença entre ambientes
preservados e degradados (estabelecendo causas e conseqüências) e a
interdependência entre ambientes urbanos e rurais.
Por último, têm-se os conteúdos relativos ao manejo e conservação do meio
ambiente, que incluem assuntos bem específicos, como: tratamento da água,
manuseio e tratamento com resíduos urbanos (lixo) e humanos (esgoto), poluição do
ar, manejo do solo, etc.
Dessa forma, os professores devem sempre procurar se atualizar e orientar-
se no sentido de desenvolver os conteúdos de forma analítica (por partes) e
sistêmica (integralizando-os entre si e com outras áreas), preocupando-se sempre
com a visão do “todo”. É importante identificar oportunidades para introduzir esses
assuntos de forma transversalizada e perceber os momentos propícios para a
construção dos aspectos valorativos na aprendizagem.
3.2 A atividade extraclasse
A atividade extraclasse são recursos didáticos fundamentais na construção do
conhecimento, favorecendo o desenvolvimento de uma educação critica, formadora
de valores éticos, comunitária, incentivadora e sensibilizadora de relações
integrativas entre o indivíduo e o meio ambiente.
De acordo com Cascino (1999), a atividade extraclasse, mesmo muito
valorizadas no desenvolvimento da EA, em geral, acontece de forma “paralela”, isto
é, por meio de atividades ou projetos desconectados da prática pedagógica do dia-a-
dia (com exceções).
O trabalho descontínuo das atividades dificulta o entendimento globalizado do
conhecimento que, quando trabalhado numa abordagem interdisciplinar, busca,
conforme complementa Guimarães (1995), uma compreensão realista do meio
ambiente, assim como uma interação do ser humano com seu meio social e
ambiental.
Nesse cenário, as referidas atividades não devem cumprir um objetivo vinda,
isto é, circular, por meio de vivências significativas e planejadas e de uma ação
flexível e contínua no âmbito pedagógico.
Os PCNs orientam que as saídas em campo, cuja finalidade é a busca de
recursos naturais, culturais e sociais, são fontes enriquecedoras de aprendizagem,
além de contribuir para que a prática pedagógica se processe de forma vivenciada,
participativa e realista.
Nessa perspectiva, Cascino comenda que os educadores não devem limitar
as atividades extraclasses a conhecimentos restritos ao meio ambiente, isto é,
levando em conta apenas o enfoque físico, mas também, preocupar-se em
desenvolver uma nova ética, que sustente relações socioambientais
transformadoras. Para que isso aconteça, as abordagens devem ser amplas,
interdisciplinares e globalizadoras, tão necessárias para o indivíduo se situar nas
circunstâncias atuais.
Assim, é importante conhecer a natureza, suas características, as inter-
relações entre seus diversos elementos e os impactos causados pela ação do
homem.
A ética ambiental, conforme se refere os PCNs (1997/1998) diz respeito a
vida, a todas as formas de preservá-la e à possibilidade de um relacionamento
equilibrado dos homens entre si e com a natureza, da qual dependem e tiram o seu
sustento. Nesse contexto, é importante uma educação que viabilize a formação de
um cidadão mais consciente dos problemas socioambientais e que trabalhe na
perspectiva de criar alternativas e soluções que viabilizem relações mais
equilibradas do indivíduo em relação ao seu meio social e ambiental,
contribuindo,assim, para a formação de um homem digno, que valorize e respeite
seu semelhante e o meio em que vive.
Quando o aluno participa de um estudo vivenciado no meio ambiente, as
estabelecendo relações mais coerentes, pois o participante entende que o contato
direto com a natureza estabelece uma comunicação autêntica com tudo que nos
rodeia, o que significa que colocamos em cena, além da capacidade intelectual, os
nossos sentimentos. Ao lidarmos com experiências diretas (vividas na prática), o
aprendizado é mais eficaz, pois é conhecido que aprendemos através dos nossos
sentidos. Sendo assim, o ensino vivenciado permite uma aprendizagem mais efetiva.
Daí percebe-se que a ação pedagógica que se proponha a sair do âmbito da
sala de aula (extraclasse), valorizando práticas socializadoras, participativas e
vivenciadas, é importante no desenvolvimento da EA.
O professor pode lançar mão de múltiplas atividades extraclasse, porém,
devem-se valorizar em especial as práticas que proporcionam o contato mais direto
do aluno com a natureza, pois são fontes de significativas experiências
educacionais, contribuem para a compreensão, sensibilização e amor ao mundo
natural e podem despertar a vontade do indivíduo de engajar-se em ações de
respeito pelo meio ambiente, inclusive, motivando-o para a prática da cidadania.
As atividades vivenciadas no meio ambiente pressupõem constantes
“descobertas”, que constituem o início do processo de ensino e da aprendizagem, e
não a etapa final, como aconteça na ação pedagógica de diversas escolas (ainda
bastante tradicionais) a aula prática geralmente é colocada após a apresentação dos
conteúdos, levando o aluno a pensar que a prática foi o fim da ação pedagógica,
perdendo-se desta forma, oportunidades ricas e pertinentes, para que a
aprendizagem se efetue de forma adequada.
Se faz necessário, que a escola também procure acabar com o
distanciamento que existe em relação à comunidade, é preciso aumentar a
responsabilidade da comunidade nas decisões educacionais, da mesmo forma que a
educação deve buscar melhor atender aos anseios e demandas da sociedade. Os
programas educacionais, ainda muito tradicionais, são pouco articulados com a vida
exterior da escola, pelo fato de se apresentarem de forma pouco dialogada e
participativa e estarem limitados ao contexto, muitas vezes restrito, da sala de aula
(com exceções).
Entretanto, a prática de projetos relacionados aos temas sociais da educação,
quando trabalhados de maneira participativa e socializada, podem resultar em
engajamentos políticos de toda a sociedade, onde os benefícios poderão ser vistos
repercutindo de forma positiva na vida das pessoas.
Segundo Pedrini (1998), na educação atual, dificilmente existe urn
envolvimento enriquecedor entre a comunidade e a escola, pois os contatos são
esporádicos e não se constituem numa realidade presente e sistemática. Esse
pensamento e complementado por Cascino (1999), quando aponta que a escola
deve se aproximar da comunidade e as atividades extraclasse são um meio próprio
para que ISSO se torne realidade, por meio de ações individuais e coletivas
atuantes nesse sentido, envolvendo alunos, professores, pais e membros da
comunidade.
Segundo os PCNs, os educadores devem lançar mão dos recursos
provenientes da comunidade para enriquecer o trabalho pedagógico, procurando
atrair colabores que exerçam as mais variadas atividades profissionais na
comunidade e que podem trazer suas vivências para enriquecer a educação. Então,
cabe ao professor acompanhar esse processo, fazendo associações do conteúdo
que deve ser transmitido com as experiências práticas dos profissionais, inclusive
aproveitando-se dessas situações para construir parcerias (aluno, professor e
comunidade), que só trarão benefícios para todos os envolvidos.
Algumas atividades se destacam nessa prática, tais como: campanhas de
doação, comemoração de eventos, realização de trabalhos didáticos, feiras e
exposições culturais organizadas na escola, assim como concursos e gincanas.
O objetivo principal deste estudo é procurar entender o que está acontecendo
e associar a importância desse envolvimento com a necessidade de se criar
maneiras de diversificar a prática pedagógica. Assim, alertar quanto a relevância de
ações que promovam maior parceria e participação entre estes dois segmentos da
sociedade, que,por sinal, nunca deveriam ficar isolados,é pertinente, principalmente
numa proposta pedagógica que se disponha a desenvolver a Educação Ambiental.
Para que isso ocorra, é preciso que a escola “abra suas portas” para a
comunidade, através de um ensino mais participativo, vivenciado e aberto para a
vida, isto é, que incentive o aluno a se aproximar da comunidade e vice-versa,
estabelecendo um diálogo profícuo, através do envolvimento pessoal e de uma ação
participativa e cidadã. Existe um imenso saber adquirido que os membros da
sociedade podem transmitir pelo exemplo, pelo ensino e pelas experiências, da
mesma forma que a escola pode contribuir para melhorar a qualidade de vida da
comunidade.
Portanto, acredita-se que um processo pedagógico mais dinâmico e integrado
em suas diversas etapas e práticas e articulado com as necessidades sociais e
vivências do aluno, assim como, motivado por práticas variadas e adequadas ao
desenvolvimento da EA, precisa ser viabilizado.
3.3 O Processo Pedagógico
A educação está em constante movimento, num processo contínuo que
determina uma integração de ações, em que a atividade anterior orienta a posterior,
possibilitando o conhecimento multiplicar-se em novas aprendizagens (que se
ampliam quando se coloca em prática o que se aprende).
Para desenvolver a EA, a ação pedagógica deve extrapolar as práticas,
muitas vezes limitadas, da sala de aula e, assim, estabelecer relações mais ricas e
complexas com o meio social e ambiental. Os conteúdos devem articular-se entre si
numa ação interdisciplinar, o que proporciona abertura e “alargamento de
horizontes” e favorece uma maior compreensão da realidade.
Nesse sentido, a opinião de Guimarães (1995, p. 48) se torna pertinente:
Um dos pressupostos da crise ambiental das sociedades
modernas é a fragmentação do saber, ou seja, o conhecimento
isolado das especificidades das partes perdendo-se a noção de
totalidade. Essa noção de totalidade é fundamental para a
compreensão e para aça equilibrada no ambiente, que é inteiro e
não fragmentado.
Faz-se necessário a associação de um conhecimento realista (global) do meio
ambiente, para que o indivíduo possa engajar-se em ações equilibradas em favor do
mesmo.
Atividades desarticuladas entre si, um escasso diálogo entre os agentes
educacionais e a departamentalização de áreas, são problemas que interferem para
realização de uma educação crítica, global e realista, essencial nos dias de hoje.
Nesse contexto, o planejamento passa a ser uma atividade fundamental na
prática pedagógica, na medida em que direcionam finalidades, objetivos, conteúdos,
ações e estabelece funções, e, além disso, define atividades e prevê desempenho
que permitem mais eficiência interna e externa ao processo educacional.
Fazer planejamento voltado para EA requer uma nova abordagem de ensino,
que proporcione mudanças na metodologia tradicional, ainda presente nas escolas,
visando a estabelecer práticas pedagógicas mais realistas e coerentes com as
necessidades do mundo atual.
No entanto, a EA precisa ser introduzida gradativamente no contexto
pedagógico e seu planejamento não deve se processar de forma estática e acabada,
mas sim, dinâmica e flexível, isto é, aberto a modificações e redimensionamentos,
para não acarretar a perda de experiências ricas e significativas que venham a
ocorrer durante o processo de aprendizagem. É importante que esteja associado a
práticas educacionais vivenciadas no meio ambiente, pois, como já foram
explicitadas anteriormente, as práticas que aproximam o aluno da natureza
favorecem o desenvolvimento da EA.
Um dos procedimentos mais difíceis de realizar na atividade pedagógica é a
integração entre os diversos elementos e etapas do processo ensino-aprendizagem.
Essa integração pode ser discutida sob variados aspectos, como: a associação entre
os diferentes conteúdos, metodologias e materiais, o envolvimento da atividade
pedagógica com a realidade social, a ligação entre as atividades práticas e as
teóricas, a seqüência otimizada das práticas pedagógicas entre outros.
Em geral, esse é um trabalho que pode ter inicio com atividades práticas no
meio ambiente e deve prosseguir ou estar associado a trabalhos pedagógicos
complementares na sala de aula e em todo âmbito escolar, num processo contínuo
de aprendizagem.
Portanto, o ensino deve buscar a unidade, descartar o saber setorizado ou
fragmentado, sedimentando-se numa aprendizagem mais critica e realista, que
proporcione um conhecimento mais significativo, global e pleno, possibilitando ao
aluno resolver seus próprios problemas e os da comunidade onde vive, visando
inclusive, a melhorar sua qualidade de vida.
O conteúdo programático deve manter um vínculo dinâmico e continuo
durante o trabalho pedagógico, isto é, um reelaborar constante, em que os meios
para se alcançar os fins se relacionem, não se tornando processos desconectados
no fazer pedagógico. O objetivo de uma atividade não deve se restringir apenas ao
conhecimento em si do que o assunto permite, mas implicam em um
desenvolvimento de habilidades, hábitos, atitudes e ações.
Assim, o professor deve ter clareza dos objetivos que quer alcançar e
compreender a importância de articular o trabalho pedagógico de modo a não
apresentar conceitos prontos, verdades unívocas e, pelo contrário, tornar o
conhecimento prático, realista e humano, aproximando-o da vida do aluno.
Contudo, não interessa ter uma variedade de atividades, se não são
realizadas com freqüência e eficiência, como seria desejado. Observa-se que as
atividades em geral, que ocorrem durante o processo pedagógico, são realizadas
em um grande número de escolas, de forma a não contemplar o verdadeiro sentido
da EA, que consiste em relacionar o ambiente natural com o social, e, desta forma,
desencadear a construção de valores fundamentais ao desenvolvimento da EA.
Para que a EA seja realizada, não basta praticar atividades no meio ambiente
ou na escola e rotular: “Faz-se atividades para desenvolver a EA”. Nesse contexto,
percebe-se que as atividades na área não devem apoiar-se apenas no enfoque
ecológico, mas serem repensadas no sentido de desenvolver a capacidade de crítica
do aluno, para que ele possa refletir e associar as relações do indivíduo numa
perspectiva ambiental, social e política.
As atividades escolares resumem-se a trabalhos de grupo, exibição de
material audiovisual, leituras, apresentação de dados coletados pelos alunos,
confecção de cartazes, painéis, etc. Essas são atividades importantes e relevantes
no contexto educacional e sempre contribuem enriquecendo a prática pedagógica,
porém, em muitas situações, as atividades não são exploradas em toda sua
plenitude, de modo a desenvolver de forma adequada a EA.
É preciso desenvolver a educação numa perspectiva crítica, valorativa e
globalizada, viabilizando a resolução de problemas e estimulando o envolvimento do
educando numa “ação concreta” em relação ao ambiente. Caso contrário, o aluno,
muitas vezes, fica com um conhecimento restrito da realidade, pois não tem
oportunidade de ampliar conhecimentos, associar a prática, a teoria, desenvolver
valores, refletir atitudes, envolver-se com atividades participativas no meio em que
vive.
O professor deve saber que as situações vividas na escola poderão contribuir
para a solução dos problemas que acontecem fora da escola, tanto no meio social
quanto ambiental. É comum alguns profissionais perceberem a importância desse
relacionamento aprendizagem/vida/sociedade e o significado de promover práticas
pedagógicas fundamentadas em enfoques significativos, críticos e realistas,
estabelecendo, portanto ações integradas entre si, buscando maior efetividade
durante a realização de todo processo de ensino-aprendizagem, pois o sucesso de
uma etapa depende do bom funcionamento da outra, numa seqüência de atividades
otimizadas.
Porém, muitos educadores agem de forma inadequada, isto é, “quebrando” o
ritmo da aprendizagem, por não articularem as atividades numa seqüência lógica,
cujo processo mais natural seria realizar uma fase de preparação – planejamento –
e uma etapa de atividades práticas – em geral vivenciadas no meio ambiente,
devendo a partir daí, proceder as reflexões teóricas. Essa forma de ação apresenta
uma seqüência encadeada de práticas que, se agilizadas, podem refletir de modo
positivo no processo de ensino aprendizagem (não excluindo, porém, outras formas
de ação).
Portanto, vários podem ser os caminhos e meios que direcionam as
atividades pedagógicas na área ambiental, tendo uma atenção aos aspectos
metodológicos e recursos didáticos utilizados pelos professores, que podem
contribuir para viabilizar o trabalho de EA nas escolas.
3.4 Metodologia a ser utilizada
O universo da prática é sempre mais difícil de trilhar do que o da teoria, pois a
prática é um processo concreto, real e deve ser consciente. A teoria, por outro lado
não é apenas o guia da prática (...). É importante assinalar que a prática, em última
análise, tem por imperativo validar ou não os resultados da teoria proposta. Assim
sendo, as práticas requerem fundamentação conceitual e, nesse sentido, quanto
mais amplos e profundos os conceitos, mais eficazes as práticas.
Deve-se ressaltar que não se deve pretender uma metodologia única e válida
para qualquer situação, mesmo que os métodos para o desenvolvimento dos temas
transversais tenham traços singulares, como globalização, conteúdo social e moral e
a conexão da escola com a vida.
Em EA, o desenvolvimento da prática pedagógica caracteriza-se por uma
ação interdisciplinar, pois pressupõe a existência de campos disciplinares
estruturados, mas que não são restritos, pois vão mais além, isto é, abrem
horizontes e espaços na busca de uma maior compreensão da totalidade e realidade
social e ambiental.
Nesse contexto, os métodos pedagógicos devem desenvolver-se numa
perspectiva que abrange aspectos políticos e sociais, contribuindo para que as
atividades pedagógicas se aproximem da vida do aluno e que a educação se
estabeleça de forma crítica, participativa e dialógica.
Nessa abordagem, ainda se inclui o material didático, contribuindo em
conjunto com os métodos pedagógicos, para o alcance dos objetivos propostos. No
entanto, um criterioso exame dos recursos didáticos, observando-se a forma
adequada de tratá-los, é importante e pode contribuir ou não para uma
aprendizagem crítica, em que os elementos do “currículo oculto” sejam explicitados,
questionados e assim se tornem mobilizadores de atitudes éticas e cidadãs, tão
importantes no contexto socioambiental.
Mas é difícil o caminho da transformação e, nesse sentido, a Educação
Ambiental encontrará, uma estrutura escolar, métodos pedagógicos, costumes,
tradições e conceitos políticos sociais preestabelecidos, que dificultam sua
implantação.
A atual proposta educacional da ênfase a processos vivenciados,
cooperativos e realistas da aprendizagem, que orientam o educador para uma
atitude de busca, descoberta, investigação, construção e interiorização do
conhecimento. Assim sendo, analisar essas situações no contexto pedagógico e
associá-las a novas alternativas de ação,procurando detectar dificuldades e verificar
práticas relevantes, torna-se necessário e pertinentes.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade vem atravessando uma fase difícil, com problemas sociais,
econômicos e ambientais complexos. Dessa forma, providências políticas,
administrativas e sociais são necessárias para promover mudanças.
A educação, sem qualquer dúvida, é um dos mais importantes instrumentos
para modificar essa situação. Mesmo que a realidade educacional presente coloque
em dúvida a eficácia do empreendimento educacional, conforme é relatado no
presente trabalho, ainda assim a educação é elemento indispensável para
superação do quadro atual.
Com efeito, para que a educação exerça um papel decisivo e de vanguarda
em um processo de mudança, é necessário que se torne mais eficiente, contribua
para a formação integral do indivíduo e forme um cidadão capa de viver no ambiente
de forma construtiva e ética.
No entanto, nos dias de hoje, observa-se que o referido objetivo não é fácil de
ser alcançado, pois a escola está inserida num contexto social, político e econômico
abrangente e contraditório que interfere de forma decisiva na educação.
Os valores que são transmitidos no contexto escolar se baseiam em uma
sociedade desenvolvimentista, que acabam por tornar o ensino excludente. E o que
influi na transmissão desses valores são as políticas públicas, sobretudo as
relacionadas com o ensino, pois os direcionamentos não se realizam de forma
satisfatória, por falta de condições propicias e medidas objetivas que implicariam
resultados práticos e positivos, muitas vezes, constituindo-se numa frustração e
desperdício de recursos.
O país precisa desenvolver-se, proporcionar melhor qualidade de vida a seu
povo, mas relega para segundo plano os investimentos numa área tão fundamental
neste processo de mudanças sociais.
Os desacertos políticos e institucionais se mostram presentes no interior das
próprias escolas, que, num quadro geral, se apresentam com professores
insatisfeitos, desestimulados por baixos salários, pelo excesso de trabalho, com
orientação pedagógica eficiente, pouca possibilidade de aperfeiçoamento em serviço
e ainda uma série de outros aspectos não promissores. Esses fatores limitam a
liberdade de ação do professor, pois, apesar de muitos serem conscientes de que
precisam mudar, não têm estímulo, nem instrumentos de apoio para implementar
mudanças.
Diante disso, deve-se pensar como trabalhar ações que possam contribuir
para que as mudanças necessárias sejam realizadas e, assim, viabilizar uma
educação que possibilite a formação de um indivíduo capaz de viver com mais
equilíbrio e qualidade de vida no mundo atual.
Para que a EA se torne uma realidade presente no cotidiano escolar, também
é preciso investimentos na capacitação dos profissionais da educação, melhoria das
condições física e material das escolas e a questões metodológicas devem esta
voltada para formar alunos motivados, envolvidos com a comunidade, preparados
para a vida.
Todavia, para acelerar o desenvolvimento de ações dirigidas para área, são
necessárias modificações em vários âmbitos, inclusive adaptação no currículo,
mudanças estas que permitam o engajamento e a prática de uma metodologia
educacional em que métodos tradicionais cedam lugar ação interdisciplinar,
integrada à capacidade de agir, criar, experimentar, dialogar, inovar e de
comprometimento dos agentes educacionais envolvidos. Mas, o importante é que
essas ações não fiquem apenas no discurso, é necessário que ocorram na prática.
Nesse contexto, identificam-se as diretrizes previstas nos PCNs, como uma
das possibilidades de incentivo e orientação para o desenvolvimento da EA nas
escolas. Contudo, apesar de grande investimento aplicado na concepção e
distribuição da referida proposta de ensino, ela corre o risco de não ser bem
sucedida, pois chegaram as escolas sem que estas tivessem as devidas condições
(físicas, estruturais e humanas) para viabilizar eficientemente o projeto.
Além das condições já comentadas, um dos impasses para aplicação dessa
proposta educacional está em como adequá-la ao projeto político pedagógico
existente na escola, se tornando um desafio e um trabalho difícil de ser executado,
já que o apoio e as orientações pedagógicas são deficientes e pouco efetivas nesse
sentido.
É conveniente afirmar que é preciso um aprimoramento urgente e especial,
que não condiz com treinamentos rápidos, apenas informativos e pouco
participativos, mas se encaixa em uma concepção de busca de conhecimento, por
meio de parceria e troca de experiências. É preciso permitir ao professor reconstruir
uma forma própria de trabalho, num processo criativo e multiplicador.
Possivelmente, aprendendo a trabalhar de forma mais coerente, os discentes
terão mais chances de conviver em outras situações e ambientes, pois, com
referência à EA, mesmo sendo importante o conhecimento global das situações, as
pequenas ações diárias podem repercutir como estímulo e inicio de um processo de
mudança.
Portanto, a valorização do ambiente próximo (sala, escola,lar), organizado,
limpo e preservado, associado à construção de um relacionamento afetuoso, justo e
respeitoso entre os agentes educacionais envolvidos, cria um ambiente propicio e
rico para a prática de princípios éticos e valores morais e, conseqüentemente, da
EA.
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ANEXOS
1.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO ATUAL
A EA é totalmente amparada por leis, nos mais diversos fatores, aqui somente a
citaremos alguns fragmentos legais que estão relacionadas a Educação Ambiental
Formal e Não Formal , cujo tema é base desta pesquisa.
Lei nos 9.795 de abril de 1999
Art. 1.º Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de
uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2.º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da
educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis
e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal.
Art. 3.º Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação
ambiental, incumbindo:
II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada
aos programas educacionais que desenvolvem;
VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores,
atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a
prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.
Art. 4.º São princípios básicos da educação ambiental:
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi
e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
Art. 5.º São objetivos fundamentais da educação ambiental:
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas
múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos,
legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática
ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na
preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade
ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade
como fundamentos para o futuro da humanidade.
§ 3.º As ações de estudos, pesquisas e experimentações irão se voltar para:
I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à incorporação da
dimensão ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades
de ensino;
II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão
ambiental;
III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à participação dos
interessados na formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática
ambiental;
IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área
ambiental;
V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de
material educativo;
VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às ações
enumeradas nos incisos I a V.
Seção II
Da Educação Ambiental no Ensino Formal
Art. 9.º Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no
âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando:
I - educação básica:
a) educação infantil;
b) ensino fundamental
c) ensino médio;
II - educação superior;
III - educação especial;
IV - educação profissional;
V - educação de jovens e adultos.
Art. 10.º A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa
integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino
formal.
§ 1.º A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no
currículo de ensino.
§ 2.º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto
metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a
criação de disciplina específica
§ 3.º Nos cursos de formação e especialização técnico profissional, em todos os
níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades
profissionais a serem desenvolvidas.
Art. 11.º A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de
professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas.
Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação
complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender
adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de
Educação Ambiental.
Art. 12.º A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de
seus cursos, nas redes pública e privada, observarão o cumprimento do disposto
nos arts. 10 e 11 desta Lei.
Seção III
Da Educação Ambiental Não-Formal
Art. 13.º Entende-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas
educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e
à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.
Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal,
incentivará:
I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços
nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas
relacionados ao meio ambiente;
II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não
governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à
educação ambiental não formal;
III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de
programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as
organizações não governamentais;
IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;
V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de
conservação;
VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;
VII - o ecoturismo.
Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA
Sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em 27 de abril de
1999, a Lei No 9795 “Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional
de Educação Ambiental e dá outras providências.” O Projeto de Lei, proposto pelo
deputado federal Fábio Feldmann, reconhece, enfim, a educação ambiental como
um componente urgente, essencial e permanente em todo processo educativo,
formal e/ou não-formal, como orientam os Artigos 205 e 225 da Constituição
Federal.
A Política Nacional de Educação Ambiental é uma proposta programática de
promoção da educação ambiental em todos os setores da sociedade. Diferente de
outras Leis, não estabelece regras ou sanções, mas estabelece responsabilidades e
obrigações.
Ao definir responsabilidades e inserir na pauta dos diversos setores da
sociedade, a Política Nacional de Educação Ambiental institucionaliza a educação
ambiental, legaliza seus princípios, a transforma em objeto de políticas públicas,
além de fornecer à sociedade um instrumento de cobrança para a promoção da
educação ambiental.
Finalmente, a Política de Educação Ambiental legaliza a obrigatoriedade de
trabalhar o tema ambiental de forma transversal, conforme foi proposto pelos
Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais. Durante um ano a Câmara Técnica
de Educação Ambiental do CONAMA, na época, presidida pela COEA/MEC discutiu
propostas para regulamentação da Lei. Em 25 de junho de 2002 foi assinado pelo
Presidente da República a Regulamentação da Lei nº 9795 pelo Decreto 4.281.