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A investigação histórica no museu: considerações sobre o acervo de fontes orais do Museu Histórico de Londrina TAIANE VANESSA DA SILVA As modificações da definição de museu podem ser entendidas como a trajetória entre a abertura de coleções particulares ao público e a criação dos museus como instituições a serviço da coletividade (JULIÃO, 2006). Desse modo, de acordo com a Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, o atual significado de museu o classifica como [...] instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento. (BRASIL, 2009) Considerando essa definição, convém discutir acerca de três campos que se complementam e são fundamentais para o bom funcionamento dos museus. O primeiro campo é a preservação, responsável por prolongar a vida útil dos bens culturais, garantindo o acesso futuro às suas informações. Já o segundo, a investigação, tem a função de aumentar a comunicação daqueles bens por meio da produção de conhecimento, que promove a visão crítica de contextos dos quais o acervo é testemunha. O último campo é a comunicação, que acontece quando o museu disponibiliza seu acervo ao público, estabelecendo a relação entre o homem e o bem cultural (CHAGAS, 1996 apud JULIÃO, 2006). Letícia Julião também reflete acerca da pesquisa voltada para o acervo, sendo fundamental aos museus “[...] a implementação de um programa de pesquisa institucional permanente, capaz de restituir-lhes o papel de espaço destinado à construção e disseminação do conhecimento na sociedade” (JULIÃO, 2006:94). Logo, tendo em vista a importância da pesquisa voltada para acervos museológicos, o presente texto tem o intuito de apresentar o caminho teórico e metodológico utilizado na elaboração do projeto de mestrado, aprovado no Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Estadual de Londrina (UEL) a pesquisa da dissertação está em andamento e ainda não apresenta resultados referentes da análise de fontes. O projeto indica, como objetivo geral da dissertação, o estabelecimento de relações entre as temáticas de Universidade Estadual de Londrina (UEL). Mestranda no Programa de pós-graduação em História Social da UEL. Agência financiadora: CAPES.

A investigação histórica no museu: considerações sobre o ... · Acerca das características do acervo que pretendemos analisar, de acordo com o último levantamento do acervo

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A investigação histórica no museu: considerações sobre o acervo de fontes orais do

Museu Histórico de Londrina

TAIANE VANESSA DA SILVA

As modificações da definição de museu podem ser entendidas como a trajetória entre a

abertura de coleções particulares ao público e a criação dos museus como instituições a serviço

da coletividade (JULIÃO, 2006). Desse modo, de acordo com a Lei nº 11.904, de 14 de janeiro

de 2009, o atual significado de museu o classifica como

[...] instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam,

interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação,

contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico,

técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da

sociedade e de seu desenvolvimento. (BRASIL, 2009)

Considerando essa definição, convém discutir acerca de três campos que se

complementam e são fundamentais para o bom funcionamento dos museus. O primeiro campo

é a preservação, responsável por prolongar a vida útil dos bens culturais, garantindo o acesso

futuro às suas informações. Já o segundo, a investigação, tem a função de aumentar a

comunicação daqueles bens por meio da produção de conhecimento, que promove a visão

crítica de contextos dos quais o acervo é testemunha. O último campo é a comunicação, que

acontece quando o museu disponibiliza seu acervo ao público, estabelecendo a relação entre o

homem e o bem cultural (CHAGAS, 1996 apud JULIÃO, 2006). Letícia Julião também reflete

acerca da pesquisa voltada para o acervo, sendo fundamental aos museus “[...] a implementação

de um programa de pesquisa institucional permanente, capaz de restituir-lhes o papel de espaço

destinado à construção e disseminação do conhecimento na sociedade” (JULIÃO, 2006:94).

Logo, tendo em vista a importância da pesquisa voltada para acervos museológicos, o

presente texto tem o intuito de apresentar o caminho teórico e metodológico utilizado na

elaboração do projeto de mestrado, aprovado no Programa de Pós-Graduação em História

Social da Universidade Estadual de Londrina (UEL) – a pesquisa da dissertação está em

andamento e ainda não apresenta resultados referentes da análise de fontes. O projeto indica,

como objetivo geral da dissertação, o estabelecimento de relações entre as temáticas de

Universidade Estadual de Londrina (UEL). Mestranda no Programa de pós-graduação em História Social da

UEL. Agência financiadora: CAPES.

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depoimentos presentes no acervo de fontes orais do Museu Histórico de Londrina (MHL),

localizado no norte do Paraná, com a historiografia produzida sobre aquela região, a fim de

perceber possíveis aproximações e/ou distanciamentos das entrevistas com as reformulações

historiográficas ocorridas ao longo do século XX.

A pesquisa também pretende compreender, por meio dos depoimentos, como o MHL

lida com a história de Londrina e do norte do Paraná e quais versões ele dissemina, uma vez

que iremos lidar com um museu denominado histórico, o qual, segundo Myrian Sepúlveda dos

Santos (2006), além de preservar, guardar, estudar e divulgar o acervo, também tem o intuito

apresentar a história. Assim, é válido observar que a produção de depoimentos pelo Museu visa,

em linhas gerais, registrar as memórias de habitantes que possam colaborar para com a história

daquela região.

O acesso aos depoimentos coletados pelo MHL ocorre no setor de imagem e som, com

o auxílio de funcionários da instituição. A comunidade londrinense pode, então, utilizá-los na

qualidade de fontes de pesquisas. Entretanto, o Museu conta, até o presente momento, com

poucas pesquisas sistematizadas, de cunho histórico, voltadas para aquelas entrevistas enquanto

acervo museal, coletado de acordo com intenções e temáticas. Desta forma, a presente pesquisa,

tem como uma de suas justificativas, colaborar com ampliação da comunicação daqueles

depoimentos, por meio da investigação histórico-crítica.

Em razão dos depoimentos comporem o acervo museológico do MHL, torna-se

necessário, primeiramente, conhecer o histórico da instituição e sua atual organização. Isto

posto, a iniciativa da construção de um museu histórico em Londrina concretizou-se na antiga

Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Londrina. Em 1970, foi inaugurado o

Museu Geográfico e Histórico do Norte do Paraná, sob a coordenação do professor de história

e padre Carlos Weiss, no porão do atual Colégio Estadual Hugo Simas. Ainda na mesma década,

em 1974, o Museu se tornou órgão suplementar da UEL e em 1978 recebeu o nome de Museu

Histórico de Londrina “Pe. Carlos Weiss”. A desativação da estação ferroviária da cidade, nos

anos de 1980, trouxe o local como favorito para a realocação do MHL, de forma que em 10 de

dezembro de 1986 a transferência foi efetivada. Por conseguinte, o projeto intitulado “Memória

Viva”, ocorrido entre 1996 e 2000, foi responsável pela revitalização do prédio utilizado pelo

Museu, com o intuito de reestruturá-lo a partir da construção de alas expositivas e da

reorganização da exposição de longa duração (HILDEBRANDO, 2010).

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Atualmente o MHL conta, de acordo com o Catálogo do Museu Histórico de Londrina

(2010), com setores que desenvolvem a preservação, investigação e comunicação do acervo

museológico. Em linhas gerais: a biblioteca é responsável pelo material bibliográfico e

documentos escritos; o setor de imagem e som trata e permite o acesso, por exemplo, do acervo

de fotografias e de fontes orais e transcritas; e o setor de museologia é responsável pelo acervo

de objetos tridimensionais. O Museu também abriga o setor da ação educativa, que estabelece

a relação entre o acervo museológico e os grupos sociais.

No que diz respeito às exposições, o Museu Histórico de Londrina possui exposições de

longa duração e temporárias. A orientação museológica das primeiras visa expor os alicerces

fundadores da cidade, por intermédio do conceito de trabalho (BRUNO, 1998 apud

HILDEBRANDO, 2010). Quanto às exposições temporárias, estas apesentam recortes

diferentes dos que fundamentaram as exposições de longa duração.

Acerca das características do acervo que pretendemos analisar, de acordo com o último

levantamento do acervo de fontes orais do MHL, feito em maio de 2015, o setor de imagem e

som daquela instituição conta com cerca de 415 depoimentos orais gravados em fitas K-7, VHS

e DVDs, inseridos em uma base de dados digital. É válido lembrar que as coletas daquelas

entrevistas ocorrem desde a década de 1970 até os dias atuais. Outra questão observada diz

respeito ao vínculo da coleta de parte dos depoimentos a projetos específicos vinculados a UEL,

Prefeitura Municipal de Londrina e Secretaria da Educação.

Em face desses dados, serão escolhidas entrevistas coletadas entre a década de 1990 e o

ano de 2015, devido a maior produção, em termos quantitativos, de depoimentos a partir dos

anos de 1990. As informações e características daqueles depoimentos encontram-se registradas

em uma base de dados digital, que traz informações sobre: o número de registro de cada

entrevista, nome do entrevistador e entrevistado, local de gravação, data da coleta e da inserção

na base de dados, qualidade e suporte da gravação, duração, sinopse do conteúdo do

depoimento, entre outras características. Portanto, todos possuem números de registro que

facilitam seu acesso. Em média, aquelas entrevistas duraram uma hora e 30 minutos e os

entrevistadores variam entre colaboradores, estagiários e funcionários do MHL.

Ao observar previamente as informações dos depoimentos na base de dados, percebe-

se que estão relacionados, em sua maioria, a projetos que visaram coletar entrevistas de

pioneiros da cidade. Logo, torna-se importante problematizar se existe aproximações destes

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depoimentos com o discurso tradicional da história de Londrina, pois, de acordo com Edson

José Holtz Leme, uma das questões exaltadas na história tradicional da cidade está vinculada à

figura do pioneiro proeminente – migrantes e imigrantes que chegaram entre 1929, data do

início da colonização, e 1939 –, consolidando o mito fundador da epopeia dos “primeiros”

habitantes da cidade, que enfrentaram “[...] as adversidades dos primeiros anos de colonização

e que triunfou, social e economicamente. [...]” (LEME, 2013:91).

No que diz respeito aos mitos fundadores, de acordo com Carlo Ginzburg, estes são usos

políticos, pois a “[...] legitimação do poder remete necessariamente a uma história exemplar, a

um princípio, a um mito fundador” (GINZBURG, 2001:83). Sob este argumento podemos

compreender a utilização política de uma versão da história da cidade de Londrina voltada para

os aspectos positivos do início da colonização. O entendimento acerca desta versão da história

também é um componente importante da pesquisa, uma vez que, perceber se há reflexos no

acervo de depoimentos do MHL, nos permite identificar as possíveis negociações daquela

instituição com as concepções historiográficas que tendem a histórias tradicionais e restritas,

ou a histórias plurais, com ênfase na diversidade sociocultural.

Para um melhor entendimento, convém apontar algumas das mudanças que os escritos

históricos sofreram ao longo do século XX:

Da perda dos grandes paradigmas unificadores à explosão dos campos, dos objetos,

dos métodos; da diversificação dos enfoques ao cruzamento entre ciências sociais;

da chegada ao primeiro plano de novas gerações de historiadores às interrogações

sobre a identidade da profissão; da renovação da interrogação metodológica às

questões epistemológicas. (TETART, 2000:151 apud ARRUDA; LARA, 2013:241)

Desse modo, entende-se que as reformulações historiográficas permitiram o

desenvolvimento de novos métodos, fontes e temáticas. Em face desses argumentos os estudos

sobre Londrina e o norte do Paraná também apresentam mudanças. Sônia Maria Sperandio

Lopes Adum, por meio de um panorama geral, caracterizou parte dos escritos históricos sobre

esta região de acordo com a temporalidade da produção, considerando

[...] perspectivas cronológicas, temáticas e teórico-metodológicas, pois, sendo a

escrita da história “filha do seu tempo”, os trabalhos analisados estão marcados pela

temporalidade da sua produção, quer dizer, a variação das temáticas bem como a

das posturas teórico metodológicas acompanham, com maior ou menor rapidez, as

diferentes perspectivas historiográficas colocadas à disposição. (ADUM, 2013:04)

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A autora analisa, inicialmente, estudos históricos que, mesmo não sendo de base

historiográfica, possuem características da historiografia consagrada, pois disseminam um

“discurso de felicidade”, entre as décadas de 1930 e 1970. Aquele discurso tinha como

particularidade a “exaltação” de Londrina ou do norte do Paraná, tratando-os enquanto paraíso

prometido, colonizado de forma pacífica e próspera. Adum também diz sobre “Novas

Histórias”, as quais emergiram nos últimos trinta anos com questões socioeconômicas e

culturais. Estas novas produções dialogam com as reformulações historiográficas,

principalmente no que diz respeito à diversificação de enfoques temáticos, gerando uma

reflexão mais crítica sobre o processo de colonização. Acerca da década de 1990, a autora fala

sobre a inserção de novos personagens na produção historiográfica, caracterizada como

“História em migalhas”, pois abandona a perspectiva globalizante e a vocação de síntese. Novos

personagens entram em cena histórica substituindo o centro pelas margens (ADUM, 2013).

Em adição, assim como a historiografia, aqueles depoimentos também serão analisados

de acordo com a temporalidade da produção, visando perceber as influências de gestões e

projetos no processo de coleta. Sob esta perspectiva, José Miguel Arias Neto sugere que na

análise de entrevistas é necessário verificar as intenções do pesquisador e “[...] da Histórias

dentro da História instituição, a própria condução da entrevista, os conflitos e as superposições

que ela registra, e os resultados obtidos com a sua realização” (ARIAS NETO, 2003 apud

ALBERTI 2008:184).

Assim, ao levar em consideração o intuito do pesquisador e da instituição museal na

coleta dos depoimentos, de acordo com Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses (2005), a ideologia

de um museu histórico pode ser trabalhada como objeto da história, desde que se observe as

condições em que as matrizes ideológicas se constituíram, a maneira como operaram, os efeitos

que refletiram e por quais rupturas ou modificações passaram até os dias atuais. Desta forma,

não se trata de incorporar ou exaltar trabalhos ideológicos anteriores, mas sim transformá-los

em documentos pertinentes ao trabalho do historiador.

Outra questão que será abordada, diz respeito às influências do movimento de

renovação dos museus no Brasil (JULIÃO, 2006). Em um breve histórico, a partir da década de

1920, emergiu no Brasil uma consciência acerca da preservação do patrimônio cultural, a qual

adotou uma noção de patrimônio e história vinculada ao culto da tradição, ao priorizar uma

nação e um passado otimista. Esta questão culminou na criação, em 1937, do Serviço do

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Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Contudo, Julião observa que a partir das

décadas de 1970 e 1980 os museus passaram por uma crise, devido às críticas e protestos em

prol da democratização das instituições culturais, educativas e políticas. Os motivos que

intensificaram as críticas estavam relacionados à luta pela afirmação dos direitos das minorias,

ligados a descolonização africana, os movimentos negros pelos direitos civis nos Estados

Unidos, entre outras questões.

No Brasil, a partir da década de 1980, de acordo com Maria Cecília Londres Fonseca

(2005), negros, indígenas e outros segmentos populares passaram a integrar o discurso e a

prática preservacionista como produtores de cultura e sujeitos históricos, rompendo com a

perspectiva folclorizante. Isto posto, diferentes grupos sociais conquistaram o direito à

memória, gerando assim a ampliação da noção de patrimônio.

Logo, práticas e teorias sobre a função social do museu foram reformuladas tendo como

intuito principal a participação do público visitante, de forma a contestar a museologia

tradicional que nomeava o acervo como um valor em si mesmo. Sob as mudanças apontadas,

os museus buscaram o compasso com as novas demandas da sociedade e passaram a

representar, por exemplo, a vida cotidiana das comunidades e grupos sociais específicos

(JULIÃO, 2006).

A criação do MHL, segundo Gilberto Hildebrando (2010), acontece no contexto da

passagem da museologia tradicional para a nova museologia. Desse modo, também podemos

problematizar se o Museu e os discursos de seu acervo de depoimentos dialogam com as

reconfigurações museológicas – as quais sofreram influencias das reconfigurações

historiográficas –, no que concerne a inserção de seguimentos populares diversos no processo

histórico da cidade. Por conseguinte, ao investigar o acervo de depoimentos do MHL, serão

problematizadas memórias selecionadas que dizem acerca da representação da história da

cidade construída por aquela instituição museal.

À vista disso, a presente pesquisa terá como base o conceito de história, de acordo com

o Jacques Le Goff (2003), vista como a forma científica da memória coletiva, pois o que

sobrevive com o passar do tempo não é o conjunto daquilo que viveu no passado, mas sim

escolhas feitas pelas forças que operam no desenvolvimento do mundo e da humanidade e pelos

historiadores. Para harmonizar a discussão, é necessário levar em consideração que “[...] o

passado depende parcialmente do presente [...] a história é bem contemporânea, na medida em

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que o passado é apreendido no presente e responde, portanto, aos seus interesses, o que não é

só inevitável, como legítimo” (LE GOFF, 2003:52). Logo, a história é objeto de disputa e

seleciona o que deve ser lembrado por uma nação ou, no caso, por uma cidade.

Aproximando a característica consciente da história em selecionar acontecimentos,

Michael Pollak discute sobre a impossibilidade de se registrar tudo, uma vez que a memória

coletiva não está relacionada apenas à vida física do indivíduo, pois ela sofre “[...] flutuações

que são função do momento em que ela é articulada, em que ela está sendo expressa. [...]”

(POLLAK, 1992:04). Portanto, a memória organizadíssima também tem como base conflitos

que estipulam os acontecimentos e as datas que devem ser rememorados por um povo.

A memória e a história são diferentes “no modo como o conhecimento do passado é

adquirido e corroborado [...] também no modo como é transmitido, preservado e alterado”

(LOWENTHAL, 1998:107). Entretanto, ambas possuem capacidade de seleção. A seletividade

da memória está na necessidade de utilizar ou reutilizar o conhecimento advindo das

lembranças, assim como esquecer e lembrar, fatores que forçam os indivíduos ou sociedades –

quando partilham a memória, tornando-a coletiva – a filtrar, distorcer ou transformar o passado,

de acordo com as lembranças do presente (LOWENTHAL, 1998).

No que diz respeito a memória coletiva, de acordo com Maurice Halbwachs (1990), ela

contribui para o sentimento de pertença a um grupo de passado comum que, consequentemente,

compartilham memórias. Entretanto, segundo Zilda Kessel, a memória é um objeto de luta pelo

poder travada entre classes, grupos e indivíduos. Logo escolher o que deve ser lembrando e

também sobre o que deve ser esquecido integra os mecanismos de controle de um grupo sobre

o outro (KESSEL, s/d). Desse modo, torna-se importante tomar conhecimento de quais

memórias estão presentes nos depoimentos do MHL para, então, perceber se há o silenciamento

de grupos e indivíduos.

Soma-se a isto os argumentos de Pierre Nora. Segundo o autor, a memória em sua

condição mais essencial é aquela vivida, atual, presente no cotidiano, espontânea, afetiva e

mágica, que não se acomoda a detalhes que a confortam, portanto, não necessita de lugares de

memória ou da história para ser perpetuada. Desta forma

Os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não há memória

espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso manter aniversários,

organizar celebrações, pronunciar elogios fúnebres, notariar atas, porque essas

operações não são naturais. (NORA, 1993:13)

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Contudo, como já foi visto, não podemos desconsiderar que os museus buscam, de

forma mais intensa desde a década de 1980, abordar as referências culturais dos diversos grupos

sociais, de forma a se tornarem mais plurais. Além disso, de acordo com Meneses (2003), no

que diz respeito ao museu de cidade, como é o caso do MHL, o imaginário dos habitantes, uma

modalidade específica das representações sociais, é de difícil obtenção histórica, mas pode ser

alcançado por meio de levantamento de campo, como é o caso da coleta de depoimentos,

gerando a produção de documentação primária. Este tipo de atitude pode auxiliar os museus a

dar conta da complexidade de memórias que existe em uma cidade, sendo o combustível que

dá sentido àquela memória vivida, defendida por Pierre Nora (1993).

No que diz respeito aos depoimentos orais enquanto fontes de pesquisa, é necessário

entender as particularidades desse tipo de documento histórico, por meio da metodologia da

História Oral. Segundo Sônia de Freitas (2002) a História Oral produz conhecimento e é um

método de pesquisa que utiliza a técnica da entrevista, e outros procedimentos articulados entre

si, no registro de narrativas da experiência humana. De acordo com Alessandro Portelli (1997),

sob a técnica da coleta de depoimentos, o conteúdo das fontes orais depende do que o

entrevistador, ao entrevistar um ou vários depoentes, põe em termos – no caso desta pesquisa,

a atuação do entrevistador está ligada às intenções que o MHL tem ao selecionar os

entrevistados e as perguntas –, enquanto o conteúdo de uma fonte escrita é independente da

hipótese do pesquisador.

Entretanto, as particularidades das fontes orais não desclassificam sua utilidade para as

pesquisas, uma vez que as atuais correntes historiográficas – sob as influências da Nova

História, constituída ao longo do século XX – ressaltam que na produção de conhecimento a

subjetividade e a seletividade são inevitáveis, de forma que nenhuma fonte histórica, incluindo

a escrita, seja neutra. Além disso, segundo Lucília de Almeida Neves (2000), a História Oral

pode proporcionar a pluralidade de visões acerca da vida coletiva.

Soma-se aos argumentos apresentados as perspectivas de Verena Alberti. De acordo

com a autora, “[...] a História Oral é uma metodologia de pesquisa e de constituição de fontes

para o estudo da história contemporânea surgida em meados do século XX após a invenção do

gravador a fita” (ALBERTI, 2008:156). Em linhas gerais, ela se constitui na realização de

entrevistas com depoentes que testemunharam ou participaram de acontecimentos vinculados

ao passado ou ao presente. No que diz respeito a técnica da coleta e ao tratamento das

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entrevistas, de acordo com a mesma autora, estes dependem de projetos de pesquisa, que

determinam a quantidade e quem serão os entrevistados, as perguntas, as condutas e o destino

do material produzido; questões que serão levadas em consideração na análise dos depoimentos

produzidos pelo MHL.

De acordo com Portelli (1997), o pesquisador, quando produz a fonte oral, pode ser o

mediador da voz do entrevistado ou, então, ter seu próprio discurso validado pelo narrador.

Deste modo, as entrevistas que serão analisadas podem dizer sobre as intenções do Museu na

produção da fonte oral, mostrando que os depoimentos são produto do narrador e do

entrevistador. Portanto, de acordo com o mesmo autor, é necessário, durante a pesquisa de

fontes orais, não omitir a voz do entrevistador, pois pode dar a “impressão que determinado

narrador dirá as mesmas coisas, não importa as circunstâncias, [...] quando a voz do pesquisador

é cortada, a voz do narrador é distorcida” (PORTELLI, 1997:35).

As fontes orais que serão selecionadas para a pesquisa, também serão abordadas

enquanto documento/monumento. Para ser mais claro, sob as ideais de Le Goff (1984), os

monumentos e documentos são materiais da memória. Os primeiros estão relacionados ao poder

e à perpetuação de lembranças para o futuro, simultaneamente, podem evocar o passado, pois

são heranças do mesmo. Já os documentos são selecionados pelos historiadores que os

caracterizam enquanto provas. Porém, Le Goff alerta sobre a inexistência de documentos

inócuos, de forma que todo documento deve ser considerado monumento, pois é produto da

sociedade, das relações de poder, de seleções e intencionalidades. Portanto, os

documentos/monumentos são resultados do empenho das sociedades históricas para deixar às

gerações futuras certa imagem de si própria.

De acordo com Letícia Julião o conceito de documento/monumento

[...] assinala alternativas particularmente produtivas para a pesquisa histórica nos

museus. Vistos como conjuntos de artefatos, os acervos museológicos constituem um

campo de excelência documental para o estudo das sociedades históricas na

perspectiva de sua cultura material. (JULIÃO, 2006:98)

Sob esta perspectiva, os depoimentos coletados pelo MHL, os quais também são acervos

museológicos, fazem parte da excelência documental abordada pela autora, pois podem dizer

acerca das sociedades históricas.

No que concerne à escolha das entrevistas, serão utilizadas amostras selecionadas de

acordo com a tipologia dos entrevistados, considerando suas profissões, gêneros, idades, a

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relação do depoente com o MHL, entre outras características, em busca de grupos hegemônicos.

Tal classificação poderá ajudar a identificar as temáticas presentes nas entrevistas, as intenções

na seleção dos entrevistados e perguntas e, por conseguinte, se os temas presentes nos

depoimentos, assim como os grupos sociais que os depoentes pertencem, se aproximam das

propostas das reformulações historiográficas e museológicas ocorridas ao longo do século XX.

Pretende-se também, após a identificação de grupos homogêneos no acervo, perceber se estes

possuem memórias representadas ou silenciadas e as razões políticas e sociais que envolvem o

direito à memória.

Outra questão que merece ser lembrada, diz respeito àquele acervo de fontes orais

dispor cerca de 415 depoimentos. Sob esta informação, a escolha dos depoimentos se pauta no

critério de saturação. Assim,

[...] a amostra pode ser selecionada de diversas formas, destacando-se a amostra

intencional, com definição do tamanho da amostra pelo critério de saturação.

Entende-se que a saturação é atingida quando a introdução de novas informações

nos produtos da análise já não produz modificações nos resultados anteriormente

atingidos. Isso, naturalmente, implica um processo de coleta e de análise paralelos.

(MORAES, 2003, p.94)

Para a análise das fontes serão utilizadas as transcrições daqueles depoimentos orais.

Entretanto, ao observar a base de dados na qual estão inseridos, percebe-se que nem todos os

depoimentos possuem transcrições. Desta forma, caso sejam selecionadas entrevistas sem sua

forma escrita, serão transcritas sob os procedimentos indicados por Sônia Maria de Freitas: “[...]

ser o mais fiel possível ao que foi gravado, dando mais importância ao conteúdo e menos à

forma, entendida como estilo.” (FREITAS, 2002:45).

A análise do conteúdo das fontes será embasada na metodologia de análise textual

discursiva, a qual

[...] pode ser compreendida como um processo auto-organizado de construção de

compreensão em que novos entendimentos emergem de uma sequência recursiva de

três componentes: desconstrução dos textos do corpus, a unitarização;

estabelecimento de relações entre os elementos unitários, a categorização; o captar

do novo emergente em que a nova compreensão é comunicada e validada. (MORAES,

2003:192)

O Roque Moraes propõe, inicialmente, a desmontagem dos textos – conjunto de

documentos –, denominada unitarização, na qual os materiais são analisados de forma detalhada

e, portanto, fragmentados com o intuito de atingir as unidades constituintes dos fenômenos

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estudados. Em um segundo momento é feito o estabelecimento de relações, intitulado de

categorização, possibilitando a construção de relações entre as unidades de base, a fim de

combiná-las e classificá-las. Resultado das etapas anteriores, o terceiro estágio permite a

emergência de uma nova compreensão do todo e a comunicação deste entendimento por meio

de um metatexto, que elabora uma combinação renovada dos elementos desenvolvidos nas

etapas precedentes. A desmontagem dos textos visa o estabelecimento de relações por meio do

processo da formação de categorias e, se necessário, subcategorias – as quais podem dar títulos

aos capítulos e subcapítulos. A análise, então, se pautará em investigar o todo em partes. De

acordo com o autor, o estabelecimento de novas relações entre os elementos unitários possibilita

a construção de uma nova ordem das fontes, representando uma nova compreensão.

A partir disso criam-se as condições para a emergência de interpretações criativas e

originais, produzidas pela capacidade do pesquisador estabelecer e identificar

relações entre as partes e o todo [...]. A desordem é condição para a formação de

novas ordens. Novas compreensões dos fenômenos investigados são possibilitadas

por uma desorganização dos materiais de análise, possibilitando ao mesmo tempo

uma impregnação intensa com os fenômenos investigados. (MORAES, 2003:196)

Segundo Moraes, todo texto possibilita uma multiplicidade de leituras que dependem

das intenções dos autores e dos referenciais teóricos dos leitores. Toda leitura é, então, uma

interpretação, de forma que não existem leituras únicas e objetivas, pois diferentes sentidos

podem ser lidos em um mesmo texto. Conforme o autor, a análise textual qualitativa caracteriza-

se a partir de um conjunto de documentos, denominado enquanto corpus, que representa as

informações da pesquisa. Deve-se levar em consideração que o corpus é formado por produções

textuais que se referem a determinado fenômeno e são originadas em determinados contextos.

É válido ressaltar que o corpus pode ter sido produzido para a pesquisa ou ser composto por

documentos já existentes. Os documentos não carregam significados que serão apenas

identificados. Desta forma, eles exigem que o pesquisador construa significados com base em

suas teorias e pontos de vista.

Em linhas gerais, com a análise das fontes orais, embasada nas discussões apresentadas,

pretende-se, além da busca por relações entre as temáticas dos depoimentos e as reformulações

historiográficas, identificar os grupos e indivíduos selecionados pelo MHL, a fim de perceber

como aquela instituição lida com a pluralidade sociocultural presente na cidade de Londrina e,

consequentemente, quais as relações de poder envolvidas. Tais questões podem ajudar a refletir

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sobre as versões da história da cidade e do norte do Paraná que o MHL visa transmitir e ampliar

a comunicação daquele acervo ao acesso futuro, justificando assim a sua preservação.

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