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neuza-teixeira
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poema
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A JOVEM MÃE
Vistes a jovem mãe junto
do berço
Do filho adormecido?
Que lhe importava o resto do
universo?
Tudo o que a mão de Deus nele há
disperso
Via ali resumido.
A guerra vai acesa, o sangue corre
Pelas nações da Terra;
Mas todo esse rumor no berço
morre:
A aumentar o silêncio até concorreQue o gineceu encerra.
Um dia, ao pôr do Sol, ela embalava
O berço do inocente.E, com os olhos nele, se entregavaA sonhos de ventura e olvidava
No porvir o presente.
Por um momento a olhou ele e sorria:
Mas que sorriso aquele!
A mãe, que todos os gestos lhe
entendia,
Estranhou-lhe o sorrir, que de
alegria
Ai, não, não era ele.
O seio a palpitar-lhe, e
mansamente
Nos lábios o beijava.
Mas no amoroso ósculo,
somente
Recebeu o espírito inocente,
Que a Terra abandonava,
Tendes já visto o mar tranquilo e unido
Nas praias deslizando,E depois levantar-se embravecido
Qual o leão, do caçador
ferido,
As crinas eriçando?
Tendes já visto o vento pela
serra
Gemendo brandamente,
Para depois, em tumultuosa
guerra,
Descer aos vales, devastar a
terra
Assolador, fremente?
Assim a pobre mãe se ergueu,
os ares
Enchendo com os seus gritos!
Como a fera a rugir entre os
palmares,
Corre a pobre sem tino, os
seus olhares
Volvendo ao Céu aflitos.
Ao vê-la, di-la-eis impelidaPor sobre-humana força.
Nem mais veloz, no bosque
foragida.
Através das devesas
perseguida,
Corre a tímida corça.
De repente parou, como
escutando
Uma vaga harmonia.
E um estranho fulgor de vez
em quando
Vinha animar-lhe as faces,
revelando
Insólita alegria.
Volta ao berço do filho
inanimado.
Pára, olha-o, medita.
Depois cingindo-o ao seio
angustiado,
Corre à praia do mar, que o
vento iradoEntão revolve e agita.