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À LA CARTE Vera Ribeiro de Carvalho (você poderá ver a explicação desse título clicando aqui) ESCLARECIMENTO TENHO RECEBIDO VÁRIAS RECLAMAÇÕES DE PESSOAS QUE NÃO CONSEGUEM VER ONDE POSTAR OS COMENTÁRIOS PARA ESTA COLUNA. SE QUISER COMENTAR, OBSERVE, LOGO QUE CLICA PARA ABRIR A COLUNA, QUE ABAIXO ESTÁ ESCRITO: "POSTE COMENTÁRIOS ABAIXO QUANDO QUISER. " ESSE “ABAIXO” FICA NA PÁGINA ANTERIOR A ESTA. ÀS VEZES O ESPAÇO APARECE LOGO ABAIXO MESMO; ÀS VEZES, LÁ “EMBAIXÃO”, AO PÉ DO SITE. VEJA: AS LIÇÕES DA ÁGUIA... E DO GUSTAVO IOSCHPE! Hummm! Mas o que será que tem a ver uma coisa com a outra, hein?? Já explico... Mas, primeiro, preciso que leia a primeira lição: A LIÇÃO DA ÁGUIA

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À LA CARTE

Vera Ribeiro de Carvalho

(você poderá ver a explicação desse título clicando aqui)

ESCLARECIMENTO

TENHO RECEBIDO VÁRIAS RECLAMAÇÕES DE PESSOAS QUE NÃO CONSEGUEM

VER ONDE POSTAR OS COMENTÁRIOS PARA ESTA COLUNA.

SE QUISER COMENTAR, OBSERVE, LOGO QUE CLICA PARA ABRIR A COLUNA,

QUE ABAIXO ESTÁ ESCRITO: "POSTE COMENTÁRIOS ABAIXO QUANDO QUISER. "

ESSE “ABAIXO” FICA NA PÁGINA ANTERIOR A ESTA. ÀS VEZES O ESPAÇO

APARECE LOGO ABAIXO MESMO; ÀS VEZES, LÁ “EMBAIXÃO”, AO PÉ DO SITE. VEJA:

AS LIÇÕES DA ÁGUIA... E DO GUSTAVO IOSCHPE!

Hummm! Mas o que será que tem a ver uma coisa com a outra, hein??

Já explico... Mas, primeiro, preciso que leia a primeira lição:

A LIÇÃO DA ÁGUIA

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A águia é uma ave que chega a viver até 70 anos mas, para chegar a essa idade, ela tem de

tomar uma séria e difícil decisão por volta dos 40 anos. Nessa idade, ela estará com as unhas compridas

e flexíveis, não conseguindo mais caçar suas presas para se alimentar; seu bico alongado e pontiagudo já

está curvo, suas asas estão apontando contra o peito, uma tarefa difícil!

Então a águia só tem duas alternativas: morrer... ou enfrentar um dolorido processo de

renovação que irá durar 150 dias.

Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e recolher-se em um ninho

próximo a um paredão, onde ela não necessite voar. Após encontrar esse lugar, a águia começa a bater

com o bico contra a rocha até conseguir arrancá-lo. Depois espera nascer um novo bico, com o qual vai

arrancar as suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas.

Somente depois de 5 meses ele sai para o seu famoso voo da renovação. Poderá então, viver mais 30

anos.

Em nossa vida, muitas vezes, temos de nos resguardar por algum tempo e começar um processo

de renovação. Para que continuemos a voar um voo de vitória, devemos nos desprender de lembranças,

costumes e outras tradições que nos causaram dor. Somente quando nos livrarmos do peso do passado é

que podemos aproveitar o resultado valioso que uma autorrenovação sempre traz.

Autor Desconhecido

***

O QUE HÁ DE ERRADO CONOSCO?

E agora, vamos à lição do Ioschipe...

Na Página Aberta, sessão da Veja, de 31 de agosto, ele publica um artigo com o título acima,

no qual fala sobre o impeachment.

Diz que pouquíssimos países tiveram presidentes depostos por esse motivo, e que nenhum teve

dois...

Que receia que, nesse contexto “polarizado e raivoso da nossa política, o impeachment tenha

gerado uma sensação inebriante de vitória que nos cegue” para o fato do parágrafo acima. E aí, coloca

a pergunta: “Por que somos o único país em que representantes da República são impedidos, por

corrupção, não apenas uma vez, mas duas??” E complementa: “Precisamos fazer essa introspecção.

Crises são dolorosas demais para que passemos por elas desperdiçando a oportunidade de entender o

que deu errado”.Aí ele fala “um monte”, sobre várias coisas... e lança a pergunta final: “A pergunta

que se coloca urgentemente, antes que passemos por mais um impeachment, Lava-Jato ou mensalão, é o

que devemos fazer para mudar.”

A resposta tem a ver com minha comparação acima... Agora é que vocês irão ligar os pontos...

Ele acha que a resposta mais óbvia – a de que é necessário que os pais deem melhores

ensinamentos para seus filhos – é inexequível, porque não podemos nos meter na maneira como eles, os

pais, se comportam em casa. Que, então, sobram duas instituições-chave para serem acionadas: a escola

e o judiciário.

Sobre o judiciário, acha que a justiça está atrasada, que “até o mensalão, a sensação de

impunidade, de um Judiciário leniente com os poderosos e draconismo com ladrões de galinha, eram

compartilhadas por todos.” Que mudamos o paradigma... que os valores são outros, a ponto de

acreditarmos que a exceção vire regra... “São amplos recursos, embargos e medidas protelatórias que

fazem com que os casos menos célebres morram na vala comum da prescrição”. (...) “A mera

expectativa de um processo infinito e custoso faz com que contratos valham pouco mais do que papel de

embrulhar pão e se transformem no adubo que nutre os picaretas.”

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Apesar de achar que “sem dúvida nosso problema mais importante está na Justiça”... sobre a

escola... só transcrevendo, mesmo!

“Apesar de todo o blá-blá-blá sobre formar cidadãos conscientes, nossas escolas ajudam na

formação de patifes. Porque são, elas mesmas, instituições profundamente antiéticas. Alunos colam em

quase todas as provas e os professores fazem vista grossa. Também, pudera: a maioria dos mestres

também é aética. Falta às aulas, chega atrasada, não cumpre com suas obrigações profissionais.

O professor médio brasileiro não está em condições morais de cobrar comportamento virtuoso

de seus pupilos.

A própria incompetência da nossa escola conspira contra a honestidade: o livro de Almeida

mostra que, quanto mais instruída a pessoa, mais séria ela tende a ser.”

E então... vamos “ligar os pontos” de vez?

A bagagem com que ele afirma tão contundentemente esses fatos sobre as escolas foi

acumulada ao longo de mais de 15 anos de pesquisas. “Eu não escrevo para mostrar minha opinião.

Escrevo como pesquisador, apoiado em literatura empírica.”

Muitos hão de estar lembrados de várias passagens dele em uma blitz da educação do JN,

mostrando inúmeros problemas em várias instituições escolares. Concordo com ele em muitas coisas...

quem vai negar que grande parte dos professores fazem vista grossa para as colas? Que muitos deles

faltam às aulas? Que outro “montão” chega atrasado? E agora, o que estou dizendo é fruto também de

minha própria observação. Fui diretora, lembram? E hoje ainda pesquiso com meus alunos esse tipo de

situação, e me parece que não mudou nadinha...

A parte do “não cumprir com suas obrigações profissionais” é a que mais serve de ponto de

ligação.

E aqui voltamos à lição da águia...

Principalmente ao seu final: “Em nossa vida, muitas vezes, temos de nos resguardar por algum

tempo e começar um processo de renovação. Para que continuemos a voar um voo de vitória, devemos

nos desprender de lembranças, costumes e outras tradições que nos causaram dor. Somente quando nos

livrarmos do peso do passado é que podemos aproveitar o resultado valioso que uma autorrenovação

sempre traz.”

Adaptando, eu mudaria para “temos que nos desprender de velhos costumes como o de copiar

de uma ano para o outro os planejamentos... o de dar as “velhas aulas” de sempre... atentar-nos para a

riqueza que a tecnologia pode oferecer... largar o ranço de aulas ultrapassadas e tentar pegar de novo o

trem da história, que foi perdido lá atrás.”

O mundo avançou... os alunos, hoje, entendem demais de internet, tecnologias modernas... não

há mais como suportarem aquelas aulas à base de “cuspe e giz”!

A tecnologia, hoje, não funciona porque há vários professores que não sabem lidar com ela. Sei

de alguns que sequer sabem ligar direito o computador. Ela não resolveria os problemas do mundo

educacional mas, bem aproveitada, seria sem dúvida um progresso. Mas... mesmo sem ela, daria para

pelo menos atualizar conteúdos... engendrar outras técnicas mais dinâmicas.

Quantas vezes já abordei isto aqui, em minhas colunas?

É isso o que a águia nos ensina: a renovar-nos sempre. Buscar novos caminhos. Desapegar-nos

do nosso conforto e comodismo. Das antigas estratégias do passado!

E, por favor... antes de alguns começarem a querer argumentar sobre falta de interesse dos

alunos... dos pais... da família em geral... da violência... do salário dos professores...das salas de aula

lotadas... e de tantas outras coisas mais, já vou dizendo... Isso tudo é um grande problema, sim... mas há

aí muito mito também. E há diversas formas de tentar ludibriar isso – principalmente se houver boa

vontade...

Mas isso já é um outro assunto, ao qual posso voltar outro dia, até apontando outras ideias que

esse senhor defende. Se alguém quiser pode ir “adiantando o expediente” lendo o livro de autoria dele,

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O Que o Brasil Quer Ser Quando Crescer?, da Editora Objetiva. “Os textos falam do que ninguém quer

ouvir e fazem questionamentos que enriqueceriam o debate sobre o que fazer para melhorar a qualidade

da educação.”

Por ora, prefiro terminar estas lições da mesma maneira que o citado autor terminou seu artigo:

“Precisamos fortalecer e agilizar nosso Judiciário, melhorar e endireitar nossas escolas. Não

vamos a lugar nenhum enquanto a vida pública for habitat de salafrários e, na vida privada, ser ético for

sinônimo de otário”.

http://veja.abril.com.br/educacao/gustavo-ioschpe-derruba-12-mitos-da-educacao-brasileira/

PAINEL

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Enquanto aguardo as dezenas de amigos aos quais mandei as perguntas da entrevista e me

prometeram responder... enquanto aguardo as respostas dos nossos dois candidatos a Prefeito (cujas

assessorias responderam afirmativamente ao convite)... vou, mais uma vez, publicando entrevista com

pessoas que admirei e admiro até hoje. É o caso de...

Renato Russo, nome artístico de Renato Manfredini Júnior, que nasceu no Rio de Janeiro, em

27 de março de 1960. Era filho de Renato Manfredini (economista ) e de Maria do Carmo Manfredini

(professora de inglês). Descendente de italianos provenientes da comuna de Sesto ed Uniti, Cremona;

e nordestinos. Tem uma irmã, Carmem Tereza Manfredini.

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Até os seis anos de idade, Renato viveu no Rio de Janeiro junto com sua família. Começou a

estudar cedo no Colégio Olavo Bilac, na Ilha do Governador, zona norte da cidade. Em 1967, mudou-

se com sua família para Nova York, pois seu pai, funcionário do Banco do Brasil, fora transferido

para agência do banco em Nova York, mais especificamente para Forest Hills, no distrito do Queens.

Foi quando Renato foi introduzido à língua e a cultura norte-americana. Em 1969, a família volta

para o Brasil, indo Renato morar na casa de seu tio Sávio na Ilha do Governador, Rio de Janeiro.

Em 1973, a família trocou o Rio de Janeiro por Brasília, passando a morar na Asa Sul.

Em 1975, aos quinze anos, Renato começou a atravessar uma das fases mais difíceis e curiosas de sua

vida quando fora diagnosticado como portador da epifisiólise, uma doença óssea. Ao saber do

resultado, os médicos submeteram-no a uma cirurgia para implantação de três pinos de platina na

bacia. Renato sofreu duramente a enfermidade, tendo que ficar seis meses na cama, quase sem

movimentos, e permanecendo ao todo cerca de um ano e meio em recuperação. Durante o período de

tratamento, Renato teria se dedicado quase que integralmente a ouvir música, iniciando sua extensa

coleção de discos dos mais variados estilos. Simultaneamente à cura da epifisiólise, passou no

vestibular para jornalismo no Centro de Ensino Universitário de Brasília (Ceub), após fracassar no

vestibular da Universidade de Brasília(UnB).

Aos 18 anos, Renato revelou a sua mãe ser homossexual.

O único filho que Renato deixou, dizia ser fruto do relacionamento que o cantor teve com uma

fã (Raphaela Bueno), porém, depois da morte de Renato Russo especulou-se que a criança teria sido

adotada por Renato e criada pela avó materna Maria do Carmo, mas essa história nunca foi

confirmada.

Renato Russo faleceu no dia 11 de outubro de 1996, às 01h15 da madrugada, em consequência

de complicações causadas pela AIDS (era soropositivo desde 1989). Deixou o filho, o produtor cultural

Giuliano Manfredini, na época com apenas 7 anos de idade. O corpo de Russo foi cremado e suas

cinzas foram lançadas no Parque Burle Marx.

A entrevista a seguir foi tirada do blog de Thiago Castilho, feita em data não esclarecida.

(http://obviousmag.org/arcano_do_aleph/2015/entrevista-postuma-com-renato-russo-na-ilha-de-lost--

-parte-ii.html )

1. Thiago Castilho: Em primeiro lugar eu gostaria de dizer muito obrigado pela sua obra

excepcional, profunda, versátil e medicinal. (...). Sua música foi minha terapia psicanalítica alternativa ao

lado da poesia de Drummond e Pessoa. Vocês três formam minha santíssima trindade poética pessoal. Bem,

vamos lá. Renato Russo por Renato Russo?

Renato Russo: Eu sou o Renato Russo. Eu escrevo as letras, eu canto. Nasci no dia 27 de março, eu

tenho 26 anos. Sou Áries e ascendente em Peixes. Eu trabalhava com jornalismo, rádio, era professor de

Inglês também e... comecei a trabalhar com 17 anos e tudo, mas só que de repente tocar rock era uma coisa

que eu gostava mais de fazer. E como deu certo eu continuo fazendo isso até hoje. (declaração feita em

outro site)

2. Thiago Castilho: O jornalista Arthur Dapieve disse que tanto ao falar de política quanto ao falar

de amor, uma única linha norteava sua poética: a busca da ética perdida. Como você visualiza essa ética

perdida hoje em dia?

Renato Russo: Eu acho que existe um grande confronto entre a ética e a estética. A ética, em algum

momento, foi substituída pela estética. Isto é mais uma forma de controle. Eu me baseio numa ética

normativa, que diz o que é certo ou errado fazer. É bom deixar claro que isso passa por uma avaliação

interior, e não por uma imposição. (...) Acho que o básico, para essa avaliação, é a Declaração dos Direitos

Humanos. E isso teria que partir do núcleo da sociedade, que é a família. É uma questão de educação!

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Porque não adianta ficar xingando o Sarney [ex-presidente José Sarney]. Na verdade, os culpados pela

situação do país somos nós! Por exemplo: como a nova geração vai ter respeito pela mais velha, se essa a

ataca e está cheia de preconceitos?

3. Thiago Castilho: Sua primeira banda de rock possuía um nome insólito, “Aborto Elétrico”, que

foi a semente da Legião Urbana. Você pode nos revelar, por favor, qual é a origem desse nome exuberante?

Renato Russo: O nome Aborto Elétrico é justamente porque eles inventaram, em 68, os cassetetes

elétricos que davam choque. Numa dessas batidas, uma menina que estava grávida, nada a ver com a

história, levou uma tal daquelas cacetadas e perdeu a criança! Coisa de mau gosto! Então, Aborto Elétrico

era o que representava a música da gente.

4. Thiago Castilho: Para mim com a Legião Urbana você reinventou o rock nacional, introduzindo

poesia pensante e crítica político-social em seu corpo. No entanto você tinha uma postura pessoal I Don't

Care (Eu não ligo), certo?

Renato Russo: Eu tinha uma postura tão contra tudo e contra todos que, se você me falasse "Não

come isso que é veneno", eu chegava e comia mesmo. Eu sou ariano, eu aprendo dando cabeçadas. A minha

serenidade, e até a minha própria insegurança, são um dom, porque eu sofri tanto! A questão é que eu não

tinha que tomar droga coisa nenhuma, tinha que tomar na cabeça. "Sai desse canto, Renato, pára com

tadinho de mim". Tadinho de mim? Foda-se! A vida é difícil mesmo. "Ah, eu sou poeta, artista..." Foda-se!

Não vou ficar incomodando os meus amigos. Eu tinha uma postura rebelde, completamente idiota. Eu

achava assim: "Ah, eu estou destruindo meu próprio corpo e ninguém tem nada com isso".

5. Thiago Castilho: Você nunca ocultou de ninguém sua relação problemática com as drogas. Como

é o cotidiano de um depende químico?

Renato Russo: A doença [dependência química] te domina de tal maneira que você pensa que é

daquele jeito, mas, na verdade, não é. É como uma depressão. Você não consegue sair daquilo, vai usando

isso, aquilo, e de repente o mundo vai se fechando. Você fica agressivo sem perceber. Tudo é cinza. Você

não consegue ver nada de positivo. E a vida não é nem boa, nem ruim: a vida é o que a gente faz da vida.

Mas, é claro, se você vive entupindo seu corpo com toxinas... No começo, é até interessante. É o que a gente

chama de lua de mel. Depois, é fatal. Quem é dependente químico, se não parar, morre. E, se não morrer de

overdose, suicídio ou câncer no fígado, morre em acidente de carro ou coisa assim. Quem não tem esse

problema acha que é frescura. Quem tem é geralmente gente muito sensível, é tudo uma gente maravilhosa

que entra no buraco e não sai. Todos os poetas e escritores são alcoólatras, eles têm uma coisa a mais. Mas a

verdade é que a droga não traz nada de bom para ninguém, eu é que achava que precisava de droga.

6. Thiago Castilho: (...) A beleza é um ponto de vista e há quem valorize mais o conteúdo do que a

forma. Você teve problemas com a sua aparência?

Renato Russo: Eu sempre tive trauma de ser feio. Eu achava que tinha direito a ter um ponto de

vista, e as pessoas riam da minha cara. E agora é: "Viu, Renato, você estava certo". Eu não sou nenhum

Paulo Ricardo, nenhum James Taylor, mas eu dou lá minhas reboladinhas, e as meninas gritam "Lindo!

Lindo!". Eu era magrelo, branquinho, com espinhas, e, de repente, consegui ter uma banda de rock. Por que

não? O pessoal me via: "Mas ele é que é o Renato Russo?". "É, mas as letras dele são bacanas".

7. Thiago Castilho: Segundo Sartre, "O inferno são os outros.". Sabemos que onde existem dois

seres humanos coabitando existe conflito. Como é a convivência na Legião Urbana?

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Renato Russo: Conviver com uma banda é superlegal. Para mim, é uma das coisas mais importantes

da vida. Acho que trabalho é uma coisa muito importante. Eu tive sorte de encontrar não só o Dado e o

Bonfá, mas uma equipe que acredita no que a gente faz. Eu acho o Bonfá o mais inteligente da banda, mas

ele é mais caseiro. Então, fica parecendo que eu sou o mais inteligente, o mais culto. O Dado é o mais

sensível. No fim das contas, cada um de nós é uma pessoa, mas, pelo fato de a gente ter trabalhado tanto

tempo juntos, cada um de nós é uma parte da Legião Urbana. Nós temos muitas coisas em comum. E isso é

impressionante, porque somos três pessoas completamente diferentes. Como eles são mais jovens do que eu

— isso não é uma coisa que parte de mim —, às vezes eu sinto que eles se ressentem de ser essa coisa de

Renato Russo, Renato Russo, Renato Russo. O vocalista aparece mais, mas, às vezes, as pessoas têm a

impressão de que eu faço tudo. E eu não faço tudo, não. Têm músicas inteiras que o Dado me entrega a fita

pronta, eu só coloco a letra. E as pessoas não veem isso. Eles também não gostam muito de fazer entrevista.

8. Thiago Castilho: Imagino que tenha sido psicologicamente excruciante ou superpunk para você

descobrir que era soropositivo naquela época. Você poderia, por favor, descrever como foi essa experiência?

Renato Russo: A Aids coloca toda e qualquer ação humana sob outro prisma. A Aids acabou com a

segurança. As angústias voltaram a ser básicas. E pessoais. Pratico sexo seguro desde 1986. E acho que a

doença está mais ligada a um tipo de vida desregrada. Já perdi amigos. É uma coisa brutal, terrível. Mas

espero que agora, passados dez anos, a situação melhore. Esta garotada que está aí é bem mais informada.

9. Thiago Castilho: Defina o que foram os anos 90.

Renato Russo: Não queremos ser diferentes, e, sim, que todo mundo tenha o direito de ser como é.

Eu não preciso me sentir mal porque não sou igual ao garoto que está no anúncio do iogurte. É você ser

sexy, charmoso, com uma certa plasticidade corpórea. Cria-se uma geração de clones. Estes são os anos 90.

10. Thiago Castilho: Segundo Camões que conheci durante minha última viagem no tempo, somos

destinados a amar. Você ainda acredita no 'L'amour?

Renato Russo: Depois que eu me apaixonei de verdade, e não deu muito certo, então eu não consigo

mais... Eu fico esperando, putz, eu quero sentir aquilo de novo, mas aí, se começa, se o coração bate mais

rápido: "Ah, eu não sei se quero isso, não". Eu acreditei durante muito tempo em amor romântico. Hoje em

dia, eu não acredito em amor romântico, não. Eu acredito em respeito e amizade. De repente, sexo é tudo.

Ou, então, expressão física. Mas é assim: respeito e amizade. Porque paixão, essa coisa de amor romântico

mesmo, acho que traz muito sofrimento e sempre acaba. Você sofre, você fica pensando na pessoa, você não

funciona direito. Ao mesmo tempo em que você descobre muitas coisas boas em você — não sei, pelo

menos comigo acontece isso —, eu descubro sempre as invejas, certos ciúmes, uma certa possessividade, no

meu caso, muito machista. E isso incomoda. Eu sou ciumento, possessivo, italianão. Eu acho que o amor

verdadeiro não passa por isso, não.

11. Thiago Castilho: Você já tentou mulheres, por assim dizer. Afinal você tem um filho, Giuliano

Manfredini?

Renato Russo: Então, o Giuliano foi por encomenda. (risos) Na verdade, minhas melhores amigas de

hoje vêm de uma época em que eu estava tentando namorar garotas, para ver se deixava meus pais felizes, a

sociedade feliz. Namorei mulheres belas e interessantes. Uma delas foi a Denise Bandeira — posso dizer,

porque sei que ela não se importa —, aquele mulherão. Tentei, mas não deu certo comigo. Entendi que podia

namorar a mulher mais bonita do mundo, mas, quando passasse um bofe atraente, com o corpo cabeludo,

hummmm. Não deu, não dá.

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12. Thiago Castilho: Recentemente você conseguiu se libertar do vício do álcool e agora você só

toma milk shake, certo? Parabéns. Mas por que você acha que mergulhou nesse abismo ziguezagueante do

alcoolismo ou essa é uma pergunta cretina?

Renato Russo: Não. Aquela história: bebia, porque sofria; depois, sofria, porque bebia. E bebia

muito para ser aceito, para que gostassem de mim. Sentia insegurança, tomava umas doses, ficava

espirituoso, virava o rei das pistas de dança.

13. Thiago Castilho: (...)Você nasceu com o dom artístico-musical, a inteligência criativa e o

vozeirão inigualável. Eu imagino que seja surreal senão transcendental ouvir 50.000 pessoas num estádio

gritando seu nome. Mas sempre tem a galerinha medíocre do contra, os inimigos inglórios. Enfim, qual é a

sua crítica da crítica?

Renato Russo: Se a crítica valesse alguma coisa, a gente não teria vendido o Que País é Este em São

Paulo. Saiu bem grande num jornal lá: "Legião Urbana lança disco esquálido e primitivo". Eu nunca vou me

esquecer. No entanto, o crítico que escreveu isso teve que ouvir a música por mais de um ano, tocando sem

parar, em todas as rádios. Eu acho que, aqui no Brasil, tem muito ranço, muita picuinha. (...) Porque você

pode até fazer uma crítica apontando as falhas, mas, ao mesmo tempo, encorajando as pessoas. O que

geralmente eles fazem é jogar seu ressentimento em cima das falhas das pessoas. Para mim, isto é inveja.

Deve ser porque eu sou gay, maravilhoso, e não preciso ficar indo a festinhas para me promover, não sento

mais no chão com os amigos fumando baseado e ouvindo Ramones. Eu fico em casa ouvindo Mozart. Foda-

se a imprensa! Sou formado em Jornalismo e sei como funciona essa corja. O Caetano tem toda razão: essas

bichas são danadinhas. Eu não me importo com o que a imprensa fale de mim, desde que meu disco venda.

Como diz Mick Jagger: "Tanto faz o que dizem na página 93 da revista, desde que eu esteja na capa". No

Brasil, este tipo de coisa é mais cruel, na medida em que as pessoas são mais ignorantes.

14. Thiago Castilho: Eu sei que é desagradável desenterrar essa ferida cicatrizada, mas eu gostaria

que você falasse um pouco sobre o tumulto ocorrido durante o show no estádio Mané Garrincha que resultou

em uma morte e 385 atendimentos médicos.

Renato Russo: Eu sempre quis falar isso: não vou pedir desculpas nem perdão, mas eu gostaria de

explicar que, se eu pudesse voltar no tempo, eu não faria certas coisas que fiz. No caso de Brasília, eu faria

tudo de novo. Da próxima vez, ainda levava uma metralhadora giratória e matava um monte de gente... Claro

que não. É brincadeira. No caso de Brasília, não faríamos o show.

15. Thiago Castilho: Certa vez o nosso querido Rauzito (Raul Seixas) disse que a solução era alugar

o Brasil. E para os jovens, qual é a solução, se existe?

Renato Russo: Quem não tem uma rede embaixo não vai tentar um triplo mortal. O movimento das

esquerdas nos anos 60 não deu em nada. Agora, tem que tentar um novo caminho, sem ter nenhuma saída: o

povo está sem educação, sem alimentação, e a estrutura política está totalmente sem base ética. Então, fica

muito difícil. Não tem modelo, não tem referencial, nem mentores que indiquem o caminho. Porque as

gerações anteriores, além de estarem totalmente desiludidas, jogam toda essa desilusão nos próprios jovens.

Um cara como o Ferreira Gullar dizer que a geração de roqueiros é uma geração sem caráter é de perder a

confiança. O Baden Powell também falou isso. E eram pessoas que eu respeitava. Então, em quem é possível

confiar? Em Caetano Veloso, mas ele está fora disso. O máximo que você pode fazer é tentar se interiorizar,

buscar algo de sobrevivência mesmo, tanto a nível psicoemocional como intelectual, informativo, social,

político, sexual, tudo.

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16. Thiago Castilho: O que posso dizer? Muito obrigado por essa entrevista extraordinária, querido.

Nós amamos muito você. Você é único e insubstituível. Obrigado por ter nascido e nos legado sua obra

espetacular. Só mais uma pergunta, como é o lado de lá?

Renato Russo: Você sabe, o maior mistério é não haver mistério algum.

"Eu poderia ser a pessoa mais agradável do mundo, mas optei por ser eu mesmo." Renato Russo

Fique agora com o...

Álbum de recordações

Renato

O pai, Renato Manfredini (in memorian)

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A mãe, Carminha

A irmã, Carmen Tereza

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A família

O filho Giuliano Manfredini

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Sua estátua, inaugurada na Estrada do Galeão - 2012

Do fundo do baú...

Aos 2 anos, no colo da mãe

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O menino Renato

Outra

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Renato Russo segurando a placa

Com a irmã

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Renato e a irmã Tereza em frente a casa da Ilha do Governador, no Carnaval de 1969 – 9 anos

Aos 15

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Aos 17, com a irmã

A primeira banda

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Sua performance mais conhecida

Legião Urbana - Renato Rocha, Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá

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Com Cazuza

Com o filho

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Em sentido horário, a partir da foto da esquerda, acima: Renato Russo ao lado da irmã, Carmem;

junto com os pais e a irmã; em um acampamanto (deitado no chão) e ao lado da amiga Leo Coimbra, a

Mônica, que virou canção (Foto: Carmem Teresa Manfredini/Acervo pessoal e Mila Petrillo/Divulgação)

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Renato_Russo

Floricultura Quatro Estações

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“Pedacinho” às vezes exótico, ou pitoresco... interessante do Brasil, que eu vi por aí...

Uma coisa que me fascina é conhecer lugares que, antes, só conhecia em letras de música... (♪”No Abaeté

tem uma lagoa escura...”♫) – Lagoas do Abaeté, Salvador, BA, em 25/07/2014

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QUESTÃO

Do lugar onde _______, ______um belo panorama, em que o céu ________com a terra.

a) se encontrava – se divisava – ligava-se

b) se encontravam – se divisava – ligava-se

c) se encontravam – divisava-se – se ligava

d) encontravam-se – divisava-se – se ligava

http://sitenotadez.net/portugues-gramatica/

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