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     A Lei Maria da Penha e as Convenções de Direitos Humanos

    Joao Ricardo Papotto Rosa

    Publicado em 01/2015. Elaborado em 01/2015.

     FILOSOFIA DO DIREITO   DIREITOS HUMANOS

    Este artigo mostra a ligação da lei Maria da Penha com as convenções de direitos

    humanos

    1. Introdução

     A violência doméstica contra a mulher é um grave problema social, mas também se

    apresenta como um desrespeito aos direitos humanos, mas apesar da magnitude do tema, durante

    muito tempo pouca ou nenhuma importância se deu à discussão, pois o Estado defendia se tratar de

    um problema privado.

      Ademais, as próprias vítimas da violência doméstica não denunciavam os abusos sofridos,

    principalmente porque o agressor, em sua grande maioria, é o marido, companheiro ou namorado; e

    as mulheres, criadas para serem submissas a eles, permanecia inerte diante dos crimes que ocorriam

    em seus lares.

      Somente depois de muita luta de grupos feministas na busca por igualdade e um lugar na

    sociedade, ou seja, na vida pública, foi que esse tema começou a ser debatido pelas autoridades e,

    atualmente, está entre os muitos problemas sociais em destaque.

      Foi exatamente essa pressão popular que contribuiu para o advento daLei Maria da Penha - Lei nº

    11.340, de 07 de agosto de 2006, que "cria mecanismos para a violência doméstica e familiar contra a

    mulher" (BRASIL, 2006), atendendo, assim, ao que preconiza o art. 226, § 8º, da Constituição daRepública de 1988, a “Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as

    Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a

    Mulher”.

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      É nesse contexto que se situa o presente estudo, que busca abordar a problemática da violência

    contra a mulher e o advento da Lei Maria da Penha, com fulcro nos instrumentos de Direito

    Internacional dos quais o Brasil é signatário, de modo a demonstrar a importância do tema no

    ordenamento jurídico brasileiro.

    2. Desenvolvimento

      Os crimes praticados no âmbito doméstico é um dos grandes problemas a ser enfrentadopelo Poder Público, pois a violência doméstica contra a mulher é uma celeuma arraigada à questão de

    gênero, além de se tratar de um problema cultural, em uma sociedade machista e historicamente

    patriarcal, na qual a mulher teve seus direitos mitigados.

      Embora seja um fenômeno antigo, durante longo tempo foi negligenciado pelo Poder Público e pela

    sociedade como um todo, somente se revelando há pouco mais de três décadas, quando a sociedade

    passou a discutir, de forma mais aberta, a violência no âmbito doméstico e as suas consequências.

     A esse cenário some-se o advento da Constituição da República de 1988, que consagrou como um

    dos fundamentos da República o princípio da dignidade da pessoa humana, bem como o princípio daigualdade entre homens e mulheres, não se justificando, por conseguinte, qualquer omissão do Estado

    quanto a práticas de violência perpetradas no âmbito familiar, já que a família também foi reconhecida

    pelo constituinte como base da sociedade (BRASIL, 1988).

      Não é demais salientar que a violência no âmbito familiar, como disserta Andrade (2003, p. 114),

    remete ao modelo patriarcal de família, à submissão da mulher e ao seu papel na esfera privada,

    marcado pela função reprodutora, pelo dever de cuidar. E embora não se seja restrita à violência

    contra a mulher, já que alcança a violência contra a criança e o adolescente, contra o idoso, dentre

    outras formas, é a modalidade em comento a que ganha maior destaque.

      Factualmente, a saída da mulher para o mercado de trabalho contribuiu para tornar público os

    problemas vivenciados no âmbito doméstico, motivo pelo qual os estudiosos afirmam que embora a

    violência contra a mulher seja uma realidade desde os primórdios da humanidade, passou a ser 

    discutida na década de 70, através do movimento feminista, período que coincidiu com os clamores da

    mulher por maior espaço no mercado de trabalho, na esfera pública, na política, e na família como um

    todo. Basta lembrar que até a década de 60 a mulher casada era relativamente incapaz.

      Assim, passou-se a denunciar para a sociedade que as mulheres eram o alvo principal das

    agressões praticadas pelos homens, e a demonstrar que a violência, na maioria das vezes ocorrida no

    lar, era perpetrada pelo companheiro, marido ou namorado, embora raramente fosse o agressor denunciado, o que acabava por comprometer a punição.

      A preocupação com a violência perpetrada contra as mulheres no âmbito doméstico não ficou

    restrita aos discursos feministas, pois a Organização das Nações Unidas, no ano de 1993, quando da

    Resolução da Assembleia Geral, expediu a “Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as

    Mulheres”, na qual conceituou a violência contra as mulheres como toda forma de “manifestação de

    relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que conduziram à dominação e

    à discriminação contra as mulheres pelos homens e impedem o pleno avanço das mulheres” (ONU,

    1993).

     Anote-se, ainda, que a Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada na cidade de Viena,

    reconheceu a violência de gênero como violação dos direitos humanos, e a consequente

    responsabilidade do Estado de garantir a segurança pública, tendo também o dever de garantir a

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    igualdade e a segurança das pessoas, independentemente da cor, do sexo, do gênero, do credo e da

    nacionalidade.

     A convenção emanada da Conferência acima citada, em seu art. 7º, alínea “b”, determina aos

    Estados signatários o dever de agir com o devido zelo para prevenir, investigar e punir a violência

    contra a mulher, além de afirmar ser a violência contra a mulher ofensa à dignidade humana e uma

    manifestação de relações de poder desiguais, historicamente construídas entre homens e mulheres, e

    conclui que a adoção de uma convenção para prevenir, punir e erradicar toda forma de violênciacontra a mulher, no âmbito da Organização dos Estados Americanos, constitui uma contribuição

    positiva para proteger os direitos da mulher e eliminar as situações de violência que possam afetá-las.

      Importa registrar, ainda, que no ano de 1994 a “Convenção Sobre a Eliminação de Todas as

    Formas de Discriminação Contra a Mulher” foi ratificada pelo Brasil, aprovada pelo Congresso Nacional

    por meio do Decreto Legislativo nº 26/1994, e promulgada pelo Presidente da República como Decreto

    nº 4.377/2002.

     A Convenção em comento, segundo Dias (2007, p. 28), foi o primeiro instrumento de Direito

    Internacional “que dispôs amplamente sobre os direitos humanos da mulher tem dois propósitos:

    promover os direitos da mulher na busca da igualdade de gênero e reprimir quaisquer discriminaçõescontra a mulher”.

    Não se pode deixar de ressaltar que a Organização dos Estados Americanos--OEA, na Convenção

    Interamericana para prevenir, sancionar e erradicar a Violência contra a Mulher, denominada

    “Convenção de Belém do Pará”, aprovada no Brasil em novembro de 1995, reafirma que a violência

    contra a mulher constitui-se em violação dos direitos humanos das mulheres, ressaltando o já definido

    em Viena, no ano de 1993.

      Ainda no mesmo ano, a Organização das Nações Unidas, por meio do seu programa “Mulher,

    Saúde e Desenvolvimento” reconheceu este tipo específico de violência como tema prioritário no seuplano de ação, instando os governos a priorizar a violência de gênero, a fim de prevenir as

    consequências fatais e os agravos relacionados à violência.

     Apesar de todos os instrumentos de Direito Internacional, e de ter o Brasil reconhecido, de forma

    expressa, a importância de se estabelecer instrumentos para assegurar a prevenção da violência

    doméstica contra a mulher, apenas no ano de 2006 é que foi editado diploma legal específico, após a

    Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos acatar as

    denúncias de Maria da Penha Maia Fernandes, e recomendar a adoção de medidas especiais por 

    considerar o Brasil omisso e negligente em relação à violência doméstica contra a mulher, sugerindo

    ainda a revisão das políticas públicas vigentes no âmbito da violência contra a mulher (ALVES, 2006).

      Não se pode ignorar, porém, que entre o ano de 2001, quando a Comissão Interamericana de

    Direitos Humanos da OEA emitiu o Relatório supracitado, e a edição da Lei nº 11.340/2006, o

    legislador implementou medidas inócuas no Código Penal e também na Lei dos Juizados Especiais

    Criminais - Lei nº 9.099/1995, no afã de tornar efetiva a punição do infrator, sem, contudo, lograr êxito,

    pois a legislação não respondia satisfatoriamente, não proporcionando ao agressor a efetiva punição, e

    muito menos a proteção às mulheres vitimadas.

      O principal problema enfrentado pelas vítimas era o medo de denunciar o agressor, principalmente

    porque eram os delitos processados nos Juizados Especiais Criminais, como crimes de menor potencial ofensivo, imperando a sensação de impunidade, pois o agressor retornava ao lar após a

    audiência, se comprometendo ao pagamento de “cestas básicas”, o que não se coaduna com a

    gravidade do fato e a importância do bem jurídico lesado.

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      Em que pese a evolução legislativa, pois a Lei Maria da Penha trouxe em seu bojo medidas

    protetivas de urgência, de modo a assegurar à vítima meios para denunciar o seu agressor e, assim,

    afastá-lo do lar, vendo resguardada a sua dignidade e integridade física e psíquica, dada a amplitude

    do conceito de violência consagrado no bojo da Lei nº 11.340/2006, muito ainda há de ser feito para os

    direitos sejam efetivados.

      Destarte, compete ao Poder Público observar as diretrizes traçadas na Lei nº 11.340/2006, fazendo

    valer o escopo nela impregnado de assistência e proteção integral e irrestrita à mulher agredida, sendode suma importância que todos os sujeitos envolvidos nesse processo, a exemplo da autoridade

    policial, dos membros do Ministério Público, magistrados, assistentes sociais, dentre outros, busquem

    dar à vítima condições de fazer valer os seus direitos.

      De igual forma, para que se possam alcançar as mudanças sociais necessárias ao respeito integral

    e irrestrito a toda e qualquer mulher, também é imprescindível que se estabeleça uma tolerância zero

    quanto à violência no âmbito doméstico, já que não mais há no ordenamento jurídico a possibilidade de

    se aplicar penas alternativas. E a mulher deve se conscientizar que a violência é uma crescente, e uma

    afronta aos direitos humanos, e ao primeiro indício deve o agressor ser denunciado.

      Por derradeiro, cumpre salientar que desde a promulgação da Lei nº 11.340/2006 o Brasil está

    dando um grande passo para o cumprimento dos compromissos assumidos nas Convenções

    Internacionais de Proteção à Mulher, embora muito ainda precise feito para que os resultados sejam

    efetivos, pois apesar do aumento no número de denúncias, os noticiários ainda dão mostra de que os

    crimes contra a mulher persistem, e a violência no âmbito doméstico é uma realidade; e, não raras

    vezes, a reincidência também é uma realidade, pois o Estado ainda é falho quanto à proteção daquela

    que denunciou seu agressor, sendo necessário reestruturar o sistema para que a conscientização da

    vítima não esbarre no medo da ineficácia estatal de efetivamente protegê-la na hipótese de o agressor 

    descumprir as medidas protetivas.

    3. Conclusão

      Desde o advento da Lei Maria da Penha a violência doméstica vem sendo amplamente

    discutida, e a maior visibilidade trouxe ao mesmo tempo maior informação acerca do problema, da

    necessidade de se denunciar o agressor, mas também da ineficácia do Estado quanto à efetiva

    proteção daquela que denuncia, ou seja, o despreparo do Poder Público para tornar eficaz a medida

    protetiva.

      Fato é que até o advento da Lei nº 11.340/2006 a mulher não contava com um diploma legalespecífico, que objetivasse a proteção contra a violência praticada no âmbito doméstico, até mesmo

    porque a sociedade e o Estado, por longos anos, silenciaram-se diante desse grave problema, por 

    acreditar que o ambiente familiar era sagrado, e os problemas ocorridos no interior dos lares não

    diziam respeito a outros senão aos integrantes da família, ainda que se tratasse de crimes.

      Não bastasse isso, a violência doméstica é questão cultural, o que dificulta o seu enfrentamento, já

    que o modelo patriarcal de família, que até bem poucos anos imperou no Brasil, ressalta a submissão

    da mulher ao homem.

      E no ordenamento jurídico brasileiro a inércia do Estado em regulamentar à problemática da

    violência doméstica e familiar contra a mulher imperou até que por pressão internacional se viu

    obrigado a regulamentar o tema, pois o Brasil, apesar de signatário de Convenções Internacionais,

    permitia que os agressores respondessem pelos crimes perante os Juizados Especiais Criminais,

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    reconhecendo tais delitos como de menor potencial ofensivo.

      Por fim, não se pode ignorar que apesar de elogiável em muitos pontos, a Lei nº 11.340/2006, que

    contribuiu para o aumento de denúncias, e permitiu a maior visibilidade da discussão acerca da

    violência doméstica, em outros aspectos clama por efetividade, sendo necessárias políticas públicas

    para assegurar à mulher a efetiva proteção, ao mesmo tempo em que os agressores sejam

    efetivamente punidos, sem se esquecer das medidas de prevenção, como preconiza a Convenção de

    Belém do Pará. Só assim os direitos humanos da mulher estarão sendo resguardados, e os fins dodiploma legal em comento alcançados.

    4. Referências

     ALVES, Fabrício da Mota. Lei Maria da Penha: das discussões à aprovação de uma proposta

    concreta de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. Jus Navegandi, 2006. Disponível

    em: . Acesso em: 22 jan 2015.

     ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Sistema penal máximo xcidadania mínima: códigos da

    violência na era da globalização. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.

    BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:

    . Acesso em: 22 jan 2015.

    BRASIL. Lei nº. 11.340/2006, de 7 de agosto de 2006: Cria mecanismos para coibir a violência

    doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal.

    Disponível em: . Acesso em: 22 jan. 2015.

    DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na justiça: efetividade da Lei 11.340/2006 decombate à violência doméstica e familiar contra a mulher. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

    ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as

    Mulheres. 1993. Disponível em: . Acesso em: 22 jan 2015.

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