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Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande M e s t r a d o e m L e t r a s • U E M S / C a m p o G r a n d e
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A LEI MARIA DA PENHA E O DEMONSTRATIVO DA
CRIMINALIDADE DOMÉSTICA NA CIDADE DE PARANAÍBA
NO PERÍODO DE 2010 A 2012
Renata Leal Rodrigues – PG-UEMS (Direito/Paranaíba)
RESUMO: O presente trabalho objetivou identificar e demonstrar alguns obstáculos e desafios que a Lei
nº 11.340/2006 encontrou bem como a implantação da Delegacia de Atendimento a Mulher no município
de Paranaíba/MS. A pesquisa visa demonstrar dados referentes à complexidade do tema dos anos de 2010
a 2012 apurados na DAM de Paranaíba, analisando a eficácia das medidas de proteção à mulher em
situação de violência doméstica e familiar. Este trabalho foi realizado com base em pesquisas
bibliográficas de autores nacionais e estrangeiros, bem como revistas especializadas nessa área, acesso à
rede mundial de computadores e outros, sendo uma pesquisa dedutiva, que parte do pressuposto da norma
posta para análise da norma prática. A relevância do tema para a sociedade, acompanhada de considerada
jovialidade do dito diploma jurídico justificam a importância desta pesquisa. Insta salientar que para a
efetiva implantação da Lei, não basta sua positivação, é necessária que venha acompanhada de políticas
públicas de educação, enfrentamento, prevenção e apoio aos necessitados, bem como controle dos
resultados obtidos.
PALAVRAS–CHAVE: Lei nº 11.340/2006. Violência Doméstica. Mulher.
ABSTRACT : This study aimed to identify and demonstrate some obstacles and challenges that Law
11.340/2006 found as well as the deployment of the Police Service of Women in the municipality of
Paranaíba/MS . The research aims to demonstrate the complexity of the data subject the years 2010-2012
calculated in the DAM Paranaíba , analyzing the effectiveness of measures to protect women in situations
of domestic violence. This work was conducted based on bibliographic research of national and
international authors, as well as specialized journals in this area, access to the worldwide network of
computers and others, being a deductive research, which assumes the standard set for analysis of standard
practice . The relevance to society, accompanied by considered playfulness of said legal act justifying the
importance of this research. Calls to point out that the effective implementation of the Act, not just their
positivization is necessary that accompanies public policy education, coping, prevention and support to
the needy, as well as control of the results.
KEYWORDS : Law 11.340/2006 . Domestic Violence. Woman.
Introdução
Mesmo diante de tanto progresso no conhecimento científico e tecnológico
que impulsionaram o progresso da humanidade, fenômenos como a Revolução
Industrial, globalização que modificaram relações sociais, princípios tais como “pacta
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sun servanda”, ou mesmo a soberania dos Estados foram modificados ao longo do
tempo, mas algo que ainda apresenta muita resistência a modificações são as questões
de gênero.
A relação entre homem e mulher desde as sociedades primitivas tem sido
conflituosa, uma constante disputa de poder, ações de repressão que subjugaram as
mulheres durante séculos baseadas em conceitos sem fundamento lógico e humanista,
deixaram marcas profundas não só nas mulheres de todos os tempos, mas em toda a
sociedade.
A violência doméstica não afeta apenas a vítima, afeta toda a sua família e
reflete diretamente na sociedade como um todo, o sujeito envolvido neste contexto tem
seu aprendizado baseados na realidade que conhece, respondendo a violência com
violência.
A história da própria humanidade é marcada por violentas lutas em prol do
poder entre homens e mulheres, levando ao longo do tempo a uma subjugação da
mulher e sua completa submissão ao homem.
1. Evolução Histórica Quanto à Mulher
Em Breve Introdução Histórica de Rose Marie Muraro que precede a clássica
obra Malleus Maleficarum (2005) compreendemos a evolução da humanidade em
relação ao feminino. Nos tempos mais remotos em que a humanidade vivia de pequenas
caças e coleta de frutos, a mulher possuía um lugar central na organização social.
Embora ainda desconhecessem a participação masculina no processo de
procriação, o que permitia o endeusamento das mulheres, diante do “[...] privilégio dado
pelos deuses de reproduzir a espécie [...]” (MURARO apud KRAMER E SPRENGER,
2005, p. 5), a inveja do útero corroia os homens. “Os homens se sentiam marginalizados
nesse processo e invejavam as mulheres” (MURARO apud KRAMER E SPRENGER,
2005, p. 5).
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Ao contrário da mulher, que possuía o “poder biológico”, o homem foi
desenvolvendo o “poder cultural” à medida que a tecnologia foi avançando.
Enquanto as sociedades eram de coleta, as mulheres mantinham uma espécie
de poder, mas diferente das culturas patriarcais. Essas culturas primitivas
tinha de ser cooperativas, para poder sobreviver em condições hostis, e
portanto não havia coerção ou centralização, mas rodízio de lideranças, e as
relações entre homens e mulheres eram mais fluidas do que viriam a ser nas
futuras sociedades patriarcais (MURARO apud KRAMER E SPRENGER,
2005, p. 6).
Esse cooperativismo livre de coerção e centralização do poder, não incluía
transmissão de cargos ou mesmo heranças. Havia maior liberdade sexual entre os
indivíduos. E o número de guerras também era menor, afinal não se visava o acúmulo
de capital e isso não excitava uma conquista territorial desenfreado, como podemos
observar em anos mais recentes da história da humanidade.
“É só nas regiões em que a coleta é escassa, ou onde vão se esgotando os
recursos naturais vegetais e os pequenos animais, que se inicia a caça
sistemática aos grandes animais. E aí começam a se instalar a supremacia
masculina e a competitividade entre os grupos na busca de novos territórios.
[...] As guerras se tornam constantes e passam a ser mitificadas. Os homens
mais valorizados são os heróis guerreiros. Começa a se romper a harmonia
que ligava a espécie humana à natureza. (MURARO apud KRAMER E
SPRENGER, 2005, p. 6)”.
Por volta do século XIV até meados do século XVIII, aconteceu o que
MURARO (2005) chama de fenômeno generalizado em toda a Europa de repressão
sistemática do feminino. É o período da Inquisição em que milhares de execuções de
mulheres sob a acusação de serem bruxas.
Como o sistema patriarcal se desenvolvia sob a égide do poder e do controle, o
conhecimento desde os tempos mais antigos já representava esse poder e este controle,
assim as mulheres representavam uma ameaça por serem detentoras de saberes
essenciais, principalmente a saúde.
“Desde a mais remota antiguidade, as mulheres eram as curadoras
populares, as parteiras, enfim, detinham saber próprio, que lhes era
transmitido de geração em geração. Em muitas tribos primitivas eram elas
xamãs. Na Idade Média, seu saber se intensifica e aprofunda. As mulheres
camponesas pobres não tinham como cuidar da saúde a não ser com outras
mulheres tão camponesas e tão pobres quanto elas. Elas (as curadoras) eram
as cultivadoras ancestrais das ervas que devolviam a saúde, e eram também
as melhores anatomistas do seu tempo. Eram as parteiras que viajavam de
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casa em casa, de aldeia em aldeia, e as médicas populares para todas as
doenças. (MURARO apud KRAMER E SPRENGER, 2005, p. 11)”.
A Igreja Católica foi a principal responsável pela centralização do poder, a ela
se deve o movimento da Inquisição que não representa apenas uma ideologia, uma
matança por um ideal, mas sim, um movimento friamente calculado que visava dominar
as massas camponesas, ou melhor, domar, domesticar a massa para que se submetessem
aos abusos cometidos pelos senhores feudais pautados na ambição e desprovidos de
valores humanitários.
“Era essencial para o sistema capitalista que estava sendo forjado no seio
mesmo do feudalismo um controle estrito sobre o corpo e a sexualidade,
conforme constata a obra de Michel Foucault, História da Sexualidade.
Começa a se construir ali o corpo dócil do futuro trabalhador que vai ser
alienado do seu trabalho e não se rebelará. A partir do século XVIII, os
controles atingem profundidade e obsessividade tais que os menores, os
mínimos detalhes e gestos são normatizados. Todos, homens e mulheres,
passam a ser, então, os próprios controladores de si mesmos a partir do mais
íntimo de suas mentes. É assim que se instala o puritanismo, do qual se
origina, segundo Tawnwy e Max Weber, o capitalismo avançado anglo-
saxão. Mas até chegar a esse ponto foi preciso usar muita violência.
(MURARO apud KRAMER E SPRENGER, 2005, p. 15)”.
Depois de tanta violência, ninguém mais se ousava não ser parte desta massa
tão bem disciplinada, quando cessou os absurdos da Inquisição, a mulher já tinha se
tornado frígida, restringida ao âmbito doméstico, havia perdido sua sabedoria popular,
não tinha acesso aos estudos, não passava de um reflexo do homem, sendo uma
transmissora de valores positivamente patriarcais, já enraizados em toda a sociedade.
2. O desenvolvimento de uma lei de proteção à mulher
A Revolução Francesa foi um dos movimentos mais importantes em prol da
liberdade, no entanto, a característica da universalidade dos Direitos Humanos foi
desconsiderada. A igualdade entre os sexos foi desconsiderada. “A Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão referia-se de fato ao homem, ou seja, à pessoa do
sexo masculino. As mulheres não tiveram seus direitos reconhecidos” (TELES, 2006,
p.19). Fato comprovado pelo ocorrido com Olympe de Gouges que:
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Decidiu por fazer a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. Por
isso, foi condenada à morte na guilhotina. A sentença que proferiu sua
condenação dizia que ela se imiscuiu nos assuntos da República,
esquecendo-se das virtudes de seu sexo [...] (TELES, 2006, p.19).
Um projeto constitucional de 1795, escrito por Boissy d’Anglas, afirmava:
[...] a igualdade absoluta é uma quimera; para que pudesse existir, seria
preciso que existisse igualdade total no espírito, na virtude, na força física,
na educação e na fortuna de todos os homens. Um país governado pelos
proprietários é de ordem social; aquele onde os não proprietários governam
está em estado de natureza (TELES, 2006, p. 20).
Somente em 1919 com a Constituição da primeira República Alemã de
Weimar, influenciada pela Constituição Mexicana, é que se reconheceu a igualdade de
direitos entre homens e mulheres “na sociedade conjugal”, entre os filhos legítimos e
ilegítimos, e garantiu o voto feminino. E mesmo tendo tido pouca vigência ela é
referencia em direitos humanos (TELES, 2006).
Em 1993, a Conferência Mundial de Direitos Humanos, ocorrida em Viena,
afirmou a universalidade dos Direitos Humanos, bem como reconheceu os Direitos
Humanos das mulheres.
“Nessa Conferência foram finalmente reconhecidos os direitos humanos das
mulheres. Praticamente 200 anos depois da condenação e execução de
Olympe de Gouges. Os crimes sexuais, mesmo que ocorram em casa e por
agentes não estatais, passaram a ser reconhecidos como violação dos direitos
humanos. O argumento jurídico é que o Estado é responsável pela violência
de gênero praticada por agente familiar quando, sistematicamente, não
promove nem efetiva os direitos das mulheres à vida, à liberdade e à
segurança, por não tomar a iniciativa de implementar e realizar ações de
políticas públicas de prevenção e violação dos direitos humanos das
mulheres. (TELES, 2006, p.34)”.
A luta pela efetivação dos direitos humanos e dos direitos das mulheres é
constante e marcada por brutalidades, como o caso brasileiro que originou o diploma
jurídico que protege as mulheres. As dificuldades vão além das concretas de ordem
social e econômica, encontra-se também no âmbito abstrato da psique feminina, que
conforme visto, sofreu uma violenta castração da sua própria essência, da sua própria
feminilidade.
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3. A Lei Maria da Penha e seus Mecanismos de Proteção
As leis são imperativos de conduta, que visam à proteção dos bens e da vida.
Assim conforme evolui a sociedade, juntamente evolui seu ordenamento jurídico. A
fonte do direito são os fatos sociais, assim quando fatos de expressividade ocorrem na
sociedade, eles irão refletir diretamente no direito de alguma forma, seja com a criação
de leis, seja com jurisprudências (DURKHEIM, 2003).
A Lei Maria da Penha é um ótimo exemplo de como um fato social influência
o direito, e como a lei protege os bens e a vida, bem como um princípio deve ser
expandido de forma a atingir toda uma sociedade.
O processo histórico da construção da Lei Maria da Penha, disposto no
OBSERVE, se envolve diretamente com o fato social, ocorrido com Maria da Penha
Maia Fernandes, biofarmacêutica, cearense, que foi casada com o professor
universitário Marco Antonio Herredia Viveros.
Em meados de 1983, Marco Antonio, aproveitou-se da oportunidade, e
enquanto Maria da Penha dormia, atirou em suas costas, e para tentar se esquivar da
culpa foi para a cozinha da casa e gritou por socorro, dizendo que foram vítimas de um
assalto. A violência contra Maria da Penha não parou por aí, se aproveitando do estado
físico de paraplegia, resultado do tiro, Marco Antonio, empurra a cadeira de Maria da
Penha para debaixo do chuveiro e tenta eletrocutá-la.
Após duas tentativas de homicídio, ambas ocorridas no ano de 1983, teve
início em junho à investigação dos fatos, e a denúncia foi apresentada pelo Ministério
Público Estadual, apenas 15 meses depois. Maria da Penha teve que esperar mais oito
anos para ocorrer o primeiro julgamento, que pôde ser anulado de acordo com recurso
pleiteado pelos advogados de Marco Antonio.
Seis anos se passaram até a data de um novo julgamento, onde Marco Antonio
novamente foi condenado, desta vez a dez anos de reclusão, e seus advogados
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novamente recorreram da sentença. Em 2002, finalmente, Marco Antonio foi preso e
passou apenas dois anos na cadeia.
Com a ajuda de algumas ONGs, Maria da Penha conseguiu contato com a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), e apresentou seu caso e a
demora da solução. Por fazer parte de Tratados Internacionais de Proteção aos Direitos
Humanos, o Brasil foi condenado por negligência e omissão em relação à violência
doméstica. E este foi o fato social que influenciou a criação da Lei nº 11.340 publicada
em 07 de agosto de 2006.
A Lei Maria da Penha trouxe importantes benefícios à sociedade. Através dela,
foi delimitado o que seriam as formas de agressão e violência doméstica, bem como foi
criado mecanismos para coibir e prevenir esse tipo de violência, e é claro assistência a
vítima. Conforme podemos observar na introdução da Lei nº 11.340/2006:
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos do § 8º da Constituição Federal, da Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o
Código Penal e a Lei de Execução Penal e dá outras providências.
A influência que esta lei proporciona no âmbito da sociedade vai além da
coibição e prevenção da violência doméstica. Esta lei proporciona um incentivo aos
brasileiros de desenvolverem uma consciência cidadã em que possam ser críticos e lutar
por seus direitos, sem medo, sem sentir-se oprimido ou desamparado. Mesmo essa
consciência ser ainda pequenina, ela começa a se desenvolver e a lei oferece essa
ambientalização.
Formar essa consciência é apenas o estágio inicial, o processo educativo para
que a sociedade possa lutar por seus direitos, é um processo contínuo, de maneira que se
forme uma cultura de direitos fundamentais, que estejam sempre em renovação e em
sintonia com a sociedade. É através da educação que será possível afirmar os direitos e
preparar os cidadãos de forma consciente de seu papel na sociedade e na luta contra as
desigualdades e injustiças. Trabalhar estas questões relacionadas ao processo de
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conscientização e a construção do saber nesta área, são atividades a serem
desenvolvidas, inclusive pelo assistente social, pois nenhum outro profissional mergulha
tão fundo na vida dos cidadãos mais necessitados.
4. Delegacia de Atendimento à Mulher de Paranaíba – MS
Segundo Izumino (2009) a violência contra a mulher está presente na
sociedade desde as primeiras organizações dos indivíduos. O fato é que a violência é
uma resposta inesperada e pode ocorrer nos mais diversos lugares, de qualquer forma, e
mesmo contra qualquer um, e ainda, partir até mesmo de quem não se espera.
“Especificamente nos casos de violência contra a mulher, no período que vai
dos anos 70 até meados dos anos 80, todas as iniciativas de combate e
denúncia da violência partiam da sociedade civil, principalmente de
coletivos feministas. Nesse contexto, inicialmente surgiram as delegacias de
polícia de defesa da mulher. Posteriormente, foram criados órgãos de apoio
jurídico e de proteção (como casas de abrigo) e finalmente, já nos anos 90,
observa-se a ação dos grupos feministas se refletir sobre as decisões
jurídicas a respeito de casos envolvendo abusos físicos contra mulheres,
podendo-se destacar os crimes passionais que pouco a pouco foram
perdendo o estatuto de crime de legítima defesa da honra. (IZUMINO, 2004,
p. 15)”.
Seguindo esse avanço que foram criadas as Delegacias Especializadas de
Atendimento as Mulheres. Somente no ano seguinte da abertura da DAM de Paranaíba
é que foi implantado um programa de automação que proporcionou maior agilidade na
compilação de informações a respeito das ocorrências registradas em todo o Estado. A
seguir, dois gráficos demonstrarão as principais ocorrências do município de Paranaíba
– MS.
Gráfico 01 – Principais Ocorrências da DAM de Paranaíba no período de 2010 a 2012.
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2010
2011
2012
Fonte: Polícia Civil/MS – SIGO.
Os Boletins de Ocorrência são de suma importância, pois são através deles que
se estabelece o primeiro contato da vítima com a autoridade estatal, eles apresentam
uma série de dados, tais como os nomes dos agentes, das vítimas, testemunhas,
vestígios, instrumentos e produtos do crime. Trata-se de um documento oficial e por
esta razão deve seguir princípios, tais como legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, eficiência.
Devido sua condição de documento oficial, deve ser o mais completo possível,
inclusive com detalhamento do fato e dados, visando à facilitação da elucidação do
crime. Insta salientar, que a elaboração correta da ocorrência é decisiva para
comprovação da veracidade do fato e uma eficaz qualidade probatória do procedimento
policial, possibilitando a intervenção do Estado de forma positiva para garantir o
cumprimento da lei.
Mesmo assim, considerando os dados levantados, podemos observar no
Gráfico 01 que as principais ocorrências são de ameaça, perturbação da tranqüilidade e
lesão corporal, segundo o Código Penal Brasileiro, o crime de lesão corporal é “ofender
a integridade corporal ou saúde de outrem” com pena de três meses a um ano, apesar
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que é visível que os registros de estupro aumentaram significativamente. Há uma nítida
desproporção de força entre homens e mulheres. Então porque os homens agridem as
mulheres com tanta freqüência? Segundo Teles, a explicação é o machismo:
“Houve um período da história que foi patriarcal, mas nem sempre em todas
as sociedades o patriarcado se expressou e se exerceu da mesma maneira.
Outra coisa é o machismo, forma de organização social e de exercício de
poder de dominação masculina, mas onde as mulheres existem como
sujeitos com alguns direitos e na qual têm alguns espaços de autonomia, mas
também muita vulnerabilidade. (1999, 14)”.
O homem considerando-se superior a mulher precisa constantemente afirmar
sua posição hierárquica, sua posição de macho forte, senhor da mulher, assim Saffioti
diz que, “Dada sua formação de macho, o homem julga-se no direito de espancar sua
mulher. Esta, educada que foi para submeter-se aos desejos masculinos, toma este
destino como natural. (1987, p. 70).
O Gráfico 02 demonstra o quantitativo de procedimentos da DAM no período
de 2010 a 2012 no município de Paranaíba - MS.
Gráfico 02 – Quantitativo de procedimentos da DAM Paranaíba no período de 2010 a
2012.
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37
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300
350
400
450
BO's IP
's
TCO's
AAINF's
2010
2011
2012
Fonte: Polícia Civil/MS –SIGO.
O Inquérito Policial é a peça investigatória que reúne os elementos que
comprovam a infração penal praticada e sua autoria, é o princípio para a instauração da
respectiva ação penal pública, sendo de responsabilidade da Polícia Judiciária (art. 4º
CPP). A Polícia Judiciária é composta pela Policia Civil e Polícia Federal.
Para que o Juiz receba a denúncia ou a queixa, e submeta o réu ou querelado
aos transtornos que a ação penal lhe causa, deve haver justa causa, ou seja, é preciso que
se tenham fatos demonstrando a existência do crime e da autoria.
“É necessário o fumus boni juris que sustente a denúncia ou a queixa.
Inexistindo, a ação penal resultará em insucesso, ou, até mesmo, no seu
trancamento.” (Norma técnica de padronização DEAMS, 2006 p. 28).
Por fim, o encerramento do Inquérito Policial deverá ser de competência da
Autoridade Policial, concluídas as investigações, produzindo um minucioso relatório do
que tiver sido apurado no IP (CPP, art. 10, parágrafo 2º).
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A Delegacia de Atendimento à Mulher de Paranaíba faz parte da estrutura
operacional da Policial Civil de Mato Grosso do Sul e foi criada pelo Decreto nº 11.485,
de 26 de novembro de 2003 durante o Governo de José Orcírio Miranda dos Santos –
Zeca do PT.
Todas as Delegacias de Atendimento à Mulher estão vinculadas ao
Departamento de Polícia do Interior, atualmente existem 11 (onze) DAMs distribuídas
nas cidades de Aquidauana, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim,
Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas, sem contar com duas
DEAMs de Campo Grande.
Conforme o art. 3º do Decreto nº 11.485/2003, cada Delegacia de Atendimento
à Mulher atua na circunscrição de seus respectivos municípios, tendo como atribuições:
Art. 3º. [...]
I – atender, investigar e apurar as ocorrências policiais, nos delitos referentes
à integridade física e moral da mulher, incluindo os crimes sexuais contra a
mulher, ainda que a vítima seja menor;
II – participar e executar ações de orientação, prevenção e apoio às mulheres
vítimas da violência doméstica ou de abuso sexual;
III – interagir com organismos municipais, estaduais e federais, como
Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Mulher, Conselho
Estadual dos Direitos da Mulher e outros de funções similares;
IV – registrar e apurar crimes de assédio sexual contra a mulher;
V – encaminhar relatórios diários e mensais exigidos pelo Departamento ou
pela Diretoria-Geral.
Os procedimentos adotados pelas DAMs devem primar sempre pela qualidade
de serviços prestados às mulheres vítimas de violência e podem ser divididos por fases,
começando pelo atendimento à mulher, orientação e diversas informações como a rede
de atendimentos no município, sobre o direito ao pedido de medidas protetivas de
urgência, explicar de maneira clara e simples as fases dos procedimentos criminais, se
necessário encaminhar a vítima para os serviços disponíveis na rede de atendimento, em
Paranaíba, existe o CRAS, CREAS, IML, Serviços de Saúde e Acesso a Justiça
Gratuita.
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Um dos objetivos da Lei nº 11.340/2006 é “criar mecanismos para coibir e
prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher”, com o advento da lei, uma
nova realidade jurídica se estabeleceu para o enfrentamento da violência contra as
mulheres no Brasil. A sua aprovação representa um marco no árduo processo histórico
de reconhecimento da violência contra as mulheres como um problema social no Brasil,
o fortalecimento do movimento feminista a partir dos anos 1970 contribuiu para esta
luta contra as diferenças de gênero (TELES, 2009).
As políticas de enfrentamento a violência contra a mulher são essenciais na
concretização e implementação da Lei Maria da Penha, uma vez que mudar as práticas
institucionais e valores morais em relação à violência contra a mulher é muito difícil
devido ser um problema cultural que se estende há séculos.
Conclusão
Durante aproximadamente três séculos o extermínio de mulheres de forma brutal e
absurda dizimou muitas mulheres, não é possível calcular ao certo a quantidade de
mulheres mortas, por serem consideradas bruxas. O resultado deste nefasto movimento
aprisionou as mulheres de vez ao âmbito particular e firmou sua total submissão ao
homem, pois quem ousaria contrariar os padrões da sociedade vigente “patriarcal”.
Nos casos de violência contra a mulher, no período que vai dos anos 1970 até meados
dos anos 1980, observou-se várias iniciativas de combate e denúncia contra violência,
tais denuncias partiram sempre da sociedade civil, principalmente de grupos feministas.
Mas somente em 2006 é que um diploma específico foi aprovado, com intuito de criar
mecanismos para coibir a violência doméstica contra as mulheres.
A Lei dispõe também sobre a criação de Juizados Especiais, medidas de assistência e
proteção das vítimas. Mas para que sua eficácia realmente seja alcançada os
procedimentos adotados pelas DEAMs devem primar sempre pela qualidade de serviços
prestados às mulheres vítimas de violência do atendimento à mulher, orientar sobre o
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direito ao pedido de medidas protetivas de urgência, explicar de maneira clara e simples
as fases dos procedimentos criminais, se necessário encaminhar a vítima para os
serviços disponíveis na rede de atendimento, em Paranaíba, existe o CRAS, CREAS,
IML, Serviços de Saúde e Acesso a Justiça Gratuita.
Essa rede de atendimento é fundamental no enfrentamento da violência
doméstica, pois é composta por profissionais multidisciplinares que dentro de suas
capacidades profissionais colaboram com as necessidades da vítima, seja atendimento
médico, psicológico, orientação sobre os seus direitos. Em Paranaíba não temos uma
Casa de Abrigo, e esta é uma das disposições da Lei que é de fundamental importância.
Muitas mulheres permanecem na situação de violência por dependência patrimonial, por
não terem para onde ir, por não encontrarem apoio para recomeçar uma vida longe do
agressor.
Por fim cabe ressaltar a Constitucionalidade da Lei nº 11.340/2006. Dizer que
tal lei fere os princípios Constitucionais é uma falácia, antes de falarmos de Direito,
falemos de seres humanos, a violência contra as mulheres é uma situação que perdura
por séculos, e que viola os princípios naturais inerentes ao próprio ser humano, fere sua
dignidade. Antes do advento da Lei nº 11.340/2006, o que a violência contra as
mulheres feria a Declaração Universal dos Direitos Humanos e os Tratados que a
seguiram à Constituição Federal de 1988. No entanto, nenhum destes trazia em si
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Recebido Para Publicação em 30 de setembro de 2013.
Aprovado Para Publicação em 23 de novembro de 2013.