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A linguagem é um apartamento alugado Michel Zózimo da Rocha PPGAV/UFRGS Não, não compreendi – respondeu Alice – Essa história é uma confusão danada! Lewis Carroll O presente artigo investiga o uso da linguagem como artifício e argumento de diferentes poéticas, nas quais o desentendimento daquilo que é comunicado pode ser a potência que desvia da lógica normativa. Neste sentido, tomo emprestada uma expressão usada por Michel de Certeau (1994, p. 49) para intitular este artigo, o qual se propõe a pensar a linguagem como um apartamento alugado, no qual: “A fina película do escrito se torna um remover de camadas, um jogo de espaços. Um mundo diferente (o do leitor) se introduz no lugar do autor. Esta mutação torna o texto habitável, à maneira de um apartamento alugado”. Vale ressaltar que a linguagem não é pensada aqui somente pelas suas vias escritas, mas também como [pre]texto que vai além de suas origens gráficas, atravessando os sentidos de fala, enunciado e discurso. Assim, a linguagem não pertencerá somente aquele que fala, gesticula ou escreve. Do mesmo modo, a linguagem não concernirá exclusivamente aquele que a escuta, observa ou lê. Para tal artifício não haverá uso capião. A linguagem deverá ser do mundo, no qual proprietário e locatário intercambiam suas posições. Deveremos dividir os seus espaços internos, independente de suas estaturas. Conforme observou Ludwig Wittgenstein, a linguagem será a “totalidade das proposições” ou “o mundo”. Abrindo um precedente a partir de minha poética, que nos permita abordar o uso da linguagem como circunstância de desentendimento, gostaria de aferir o trabalho Leituras Obliquas, dimensionando-o através de outras produções artísticas, sejam elas do campo das artes visuais ou da literatura.

A linguagem é um apartamento alugado - PPGARTES/ UERJ · ... o prazo de espera em cem noites? Porque o ... Qual é a dimensão que esta única noite representa frente às outras

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A linguagem é um apartamento alugado

Michel Zózimo da RochaPPGAV/UFRGS

Não, não compreendi – respondeu Alice – Essa história é uma confusão danada! Lewis Carroll

O presente artigo investiga o uso da linguagem como artifício e argumento de diferentes poéticas, nas quais o desentendimento daquilo que é comunicado pode ser a potência que desvia da lógica normativa. Neste sentido, tomo emprestada uma expressão usada por Michel de Certeau (1994, p. 49) para intitular este artigo, o qual se propõe a pensar a linguagem como um apartamento alugado, no qual: “A fina película do escrito se torna um remover de camadas, um jogo de espaços. Um mundo diferente (o do leitor) se introduz no lugar do autor. Esta mutação torna o texto habitável, à maneira de um apartamento alugado”. Vale ressaltar que a linguagem não é pensada aqui somente pelas suas vias escritas, mas também como [pre]texto que vai além de suas origens gráficas, atravessando os sentidos de fala, enunciado e discurso.

Assim, a linguagem não pertencerá somente aquele que fala, gesticula ou escreve. Do mesmo modo, a linguagem não concernirá exclusivamente aquele que a escuta, observa ou lê. Para tal artifício não haverá uso capião. A linguagem deverá ser do mundo, no qual proprietário e locatário intercambiam suas posições. Deveremos dividir os seus espaços internos, independente de suas estaturas. Conforme observou Ludwig Wittgenstein, a linguagem será a “totalidade das proposições” ou “o mundo”.

Abrindo um precedente a partir de minha poética, que nos permita abordar o uso da linguagem como circunstância de desentendimento, gostaria de aferir o trabalho Leituras Obliquas, dimensionando-o através de outras produções artísticas, sejam elas do campo das artes visuais ou da literatura.

Michel Zózimo Leituras Oblíquas 2007

Leituras Oblíquas, de 2007, é uma série de vídeos no qual pessoas são convidadas a lerem trechos de livros que lhes despertam interesse. Abarcando a fatura dos vídeos, a única exigência praticada foi de que a leitura deveria ser executada de boca fechada e em voz alta, produzindo sons onde as palavras não são compreendidas. O tempo de duração dos vídeos equivale aos trechos lidos, não excedendo 30 segundos cada.

Em relação ao procedimento de escolha dos livros, pode-se dividir a série Leituras Oblíquas em dois intervalos. No primeiro, os leitores não escolheram os livros, a indicação partiu de mim, como no vídeo que registra Cristiano Lenhardt lendo um trecho da publicação O significado da arte, de Herbert Read, de 1960. Pontualmente, a passagem lida por Cristiano disserta sobre o que é arte, sobre o que significa a palavra arte e sobre o que é visível.

Lembremos que este livro aborda preponderantemente a pintura e a escultura, a partir dos princípios fundamentais da estética, em uma linha cronológica, indo da Arte Primitiva até as primeiras décadas do século XX. Diante de tal panorama, poderíamos dizer que a leitura traçada por Cristiano, de boca fechada e em voz alta, embaralha o conteúdo de tal livro. Não obstante, a retórica e o discurso datado de Herbert Read, através da leitura feita por Cristiano, podem se articular como indícios de uma linguagem incompreensível.

A partir de tal perspectiva decorrem as seguintes questões: Abarcando a arte contemporânea e as produções que se inserem em tal campo, como o livro O significado da arte poderia ser abordado? Qual seria a função de um livro deste tipo? Necessitaríamos compreender o que lemos?

Respondendo uma destas questões, podemos encontrar em Deleuze e Guattari (2001, p.9) uma postura diferenciada frente à leitura de um livro, segundo os quais afirmam: “Não se deverá perguntar nunca o que um livro quer dizer, significado ou significante; tampouco deverá tratar-se de compreender nada em um livro. Unicamente

vale perguntar como ele funciona; em conexão com o que ele faz ou não passar intensidades (...)” 1.

O segundo vídeo da série Leituras Obliquas registra Aline Myllus lendo um trecho do livro Fragmentos de um discurso amoroso, de Roland Barthes, publicado originalmente em 1977. Na ocasião em que este vídeo foi realizado, Aline carregava o livro de Barthes na sua bolsa, com a intenção de apresentá-lo para mim. Pedi, então, que Aline escolhesse uma passagem do livro e expliquei como a leitura desta deveria ser realizada. Após a escolha do trecho, foram feitas sete tentativas de leitura, interrompidas por crises de risos. Talvez os risos fossem procedentes da situação constrangedora na qual Aline foi submetida – não conseguir dar a ênfase certa ao ler um fragmento que retrata uma situação desastrosa. O fragmento em questão intitula-se O Mandarim e a Cortesã, sendo aqui transcrito:

Um mandarim estava enamorado de uma cortesã. “Serei tua, diz ela, quando passares cem noites me esperando sentado num tamborete, em meu jardim, sob minha janela”. Mas, na nonagésima nona noite o mandarim se levantou, pôs seu tamborete debaixo do braço e partiu. (BARTHES: 2003, p.167)

O solilóquio amoroso de Barthes, lido por Aline, disserta sobre a espera, sobre o tempo da espera e como os sujeitos envolvidos definem os seus limites. Entretanto, foi escolhido por Aline pelo desentendimento que a sua leitura sempre lhe despertou: Porque a cortesã estipula, para o mandarim, o prazo de espera em cem noites? Porque o mandarim espera noventa e nove noites e vai embora? Porque não esperar mais uma noite? Qual é a dimensão que esta única noite representa frente às outras noventa e nove noites? A cortesã é perversa? O mandarim é fraco? O que aconteceria se o prazo estipulado fosse menor? E se o mandarim esperasse mais uma noite?

Estas questões parecem atravessar o fragmento O Mandarim e a Cortesã, sendo as mesmas articuladoras do desentendimento de Aline. Todavia, é esta impressão que torna o estilhaço de texto incompleto, obtuso ou enigmático. A impossibilidade de respostas que possam preenchê-lo, ao invés de torná-lo um obstáculo, potencializa as suas intensidades.

Diante de tais circunstâncias, trago a esta reflexão sobre a linguagem, a personagem Alice, criada por Lewis Carroll em 1865, e suas inquietações frente às coisas do mundo invertido do espelho. Não se trata aqui propriamente de analisar as características desta personagem, mas de observar como Alice se relaciona com aquilo que lhe é incompreensível. Em Alice no país do espelho, publicado originalmente em1871, ao conversar com um grande ovo, a menina pergunta os significados de algumas palavras estranhas, as quais foram encontradas em um poema – “sacalaxurgos”, “miserágeis”, “esfregachugos” e “elasticojento”. Sobre esta última palavra, a personagem-ovo, chamada Humpty Dumpty, declara:

Bem, ‘elasticojento’ é uma mistura de elástico com nojento. Elástico é o mesmo que ativo. Você entende, essa é uma palavra braquilógica, como se fosse uma maleta em que você guarda ao mesmo tempo os artigos de toalete e uma muda de roupa íntima. Há dois significados empacotados em uma palavra só. (CARROLL: 2008, p.120)

Tais expressões não são palavras formadas por aglutinações ou justaposições, como “planalto”, ou “couve-flor”. As palavras do poema, como explica Humpty Dumpty, são palavras-valise, espécies de caixas que podem guardar significados absurdos, indo além da lógica lexical ou semântica.

1 Livre tradução de: “No se deberá preguntar nunca lo que un libro quiere decir, significado o significante; tampoco deberá tratarse de comprender nada en un libro. Unicamente vale preguntar con qué funciona; en conéxion de qué hace pasar o no intesidades (...)”.

A expressão palavra-valise ou portmanteau (do francês: porte/carregar + manteau/casaco) normalmente é empregada para designar um aglomerado de palavras que se aglutinam em torno de significados diversos. Entretanto, as interrogações de Alice parecem não ser bem respondidas pela criatura Humpty Dumpty, o qual, em uma outra passagem do livro, explica: “(...) algumas palavras têm muito mau gênio, percebe? Em particular os verbos; são eles os mais orgulhosos. Você pode fazer o que quiser com os adjetivos, mas com os verbos... Todavia, eu consigo governar toda a tropa!” (CARROL: 2008, p.118).

Lembremos aqui que o autor Lewis Carroll construiu, em 1871, uma insólita narrativa, na qual a menina adentra no mundo invertido do espelho, procurando sentido nas imagens e palavras que encontra pelo seu caminho. O principal argumento que faz a trama ser desenvolvida está ancorado nos diálogos que Alice tece com as personagens impossíveis de Carroll.

Há em Alice uma perversidade infantil, comum às crianças de sua idade, configurando a capacidade de formular perguntas desconcertantes que não estão embasadas em uma lógica clara. Processualmente, são as perguntas de Alice que iniciam os diálogos com as personagens. As dúvidas de Alice, geralmente, são simples, aparentando uma superficialidade, a qual não as exime de desconcertar os seus interlocutores. Entretanto, a menina não é ingênua o suficiente para se dar por satisfeita com as respostas que obtém.

Alice parece possuir aquilo que Maurice Blanchot define como um tipo particular de ignorância desenvolta – uma potência obscura que move uma busca sem objeto. A busca de Alice, talvez, não se dê pelas suas estranhas visões, mas pela palavra. Nesta perspectiva, Maurice Blanchot (2001, p. 67) afirma: “A palavra é, para o olhar, guerra e loucura. A terrível palavra ultrapassa todo limite e, até, o ilimitado do todo – ela toma a coisa por onde não se a toma, por onde não é vista, nem nunca será vista; ela transgride as leis, liberta-se da orientação, ela desorienta”. Assim, nos perguntamos: a ignorância obscura de Alice seria a potência dos diálogos travados com as criaturas do mundo

Jhon TennielIlustração de livro Alice através do espelho1871

invertido de Carroll? Ou ainda: a linguagem poderia ser um modo de Alice ver as coisas? De certo modo, Maurice Blanchot (2001, p. 68) responde esta questão, ao declarar que: “Com a linguagem é como se pudéssemos ver a coisa por todos os lados”.

Em uma passagem da trama que antecede o encontro com a personagem Humpty Dumpty, Alice – estando sozinha em um jardim – dirige-se a um lírio-tigrino, dizendo: “Eu queria tanto que você soubesse falar!” (CARROLL: 2008, p. 39). Neste momento, a flor responde: “Mas eu falo (...) Todas as flores podem falar, desde que haja alguma pessoa com quem valha a pena conversar” (CARROLL: 2008, p. 39). A partir deste fragmento, Carroll nos conduz a um pensamento – É obvio! Todas as coisas no mundo podem falar: os objetos, as roupas, as plantas e os animais. Então, porque não falam conosco? A condição humana invalida uma conversa com os outros seres do mundo?

Por meio destas inquietações, podemos remeter ao artista alemão Joseph Beuys, abordando a performance Como explicar imagens a uma lebre morta, de 1965.

Nesta ação, realizada na galeria Schmela em Düsseldorf, Beuys transitou durante três horas pelos espaços internos da galeria, carregando nos braços uma lebre morta, a quem apresentou seus trabalhos expostos nas paredes. Logo após percorrer lentamente o trajeto, Beuys sentou-se em uma cadeira, onde balançava em seus braços a lebre morta e explicava os significados dos trabalhos expostos. A linguagem utilizada por Beuys para estabelecer a comunicação com a lebre era incompreensível, configurada por uma espécie de sussurro, descrita por Alain Borer (2001, p.20) como uma língua: “(...) que pessoas muito intelectualizadas não são mais ou ainda não são capazes de compreender”.

Ao dizer que “uma lebre sabe melhor quais são as direções que são importantes”, Joseph Beuys constrói uma caricatura irônica em torno do que seria uma reflexão sobre arte. Diferente do coelho branco, personagem de Alice no país das maravilhas, o qual aparenta estar sempre muito atrasado para algum acontecimento, a lebre de Beuys possui a serenidade dos mortos.

Poderíamos afirmar que há em Joseph Beuys uma consciência ecológica capaz de conectar arte e vida, racionalidade e animosidade. Os materiais instaurados pela poética de Beuys, assim como a relação do artista com os animais, conferem um sentido

ritualístico ao conjunto de sua obra. Sobre o bestiário beuysiano, Alain Borer (2001, p. 21) afirma:

Como os minerais e vegetais, os animais detêm forças elementares vitais. Beuys está não apenas empenhado em aprender com estes sobreviventes da civilização, adquirindo aquilo que as pessoas estão destituídas – um instinto certeiro, um senso de orientação – mas ao expor a sua animalidade (roupa de pele, roupa de feltro, chapéu de feltro), ele desenvolve os seus projetos junto com eles, na sua presença (a lebre morta, o cavalo branco) (...).

Abarcando uma outra poética que aborda, de um modo particular, a presença de uma consciência ecológica e a comunicação entre os seres do mundo, trago para esta reflexão o trabalho Problemas da linguagem e pontuação, de Helio Fervenza. O vídeo Problemas da linguagem e pontuação, de 2006, registra o artista brasileiro entrevistando Link, um cão vira-lata de porte médio e pelagem bege. A conversa entre o homem e o cachorro, é mediada pelo próprio artista, o qual traduz os ferozes latidos de Link.

Helio Fervenza Problemas da linguagem e pontuação 2006

De um modo tranqüilo, Fervenza interpreta as respostas do cão, conduzindo a entrevista, como no trecho2 aqui transcrito:

- (...)- Ah, ele diz preferir que alguém fale por ele.- É que ele já trabalhou com um ventríloquo.- É um problema de linguagem, é claro, é claro...- Ahan, ahan, sim, a linguagem tem que manter a divisão do trabalho... O inefável pode ser bem cotado no mercado.- O que ele diz agora?- Diz que prefere se relacionar com o mundo através das imagens, entendo...- O mundo-mundo é outra coisa... É imundo...- Como? Ah, sim, e que no limite da linguagem, a solução pode ser o espetacular. - Isso amplia o mundo? Isso limita o mundo?- (...)

2 Trecho transcrito do vídeo Problemas da linguagem e pontuação, disponibilizado pelo artista Helio Fervenza, em 17 de novembro de 2008. Problemas da linguagem e pontuação, Helio Fervenza, 2006. Edição: Francisco Pablo Medeiros Paniagua.

Por meio destas duas últimas interrogações propostas por Helio Fervenza, podemos remeter a assertiva de Wittgenstein (2007, p.112), o qual afirma: “(...) os limites da linguagem (daquela linguagem que somente eu entendo) significam os limites do meu mundo”3.

Assim, podemos concluir que não há resposta apropriada que complete as questões aferidas por Fervenza, pois, talvez, o limite da linguagem de Link seja o limite do seu mundo. Nesta perspectiva, a grade de ferro azul, a qual separa os dois interlocutores [provavelmente o portão da casa de Link] demarca, não só a fronteira entre o cão e o homem, mas também o contorno dos seus diferentes mundos. Não se trata aqui de tentar entender a linguagem, ou de interpretá-la conforme os nossos limites, mas sim de observar como nos relacionamos com o mundo através da linguagem. Link é apenas um cachorro vira-lata ranzinza, que prefere se relacionar com o mundo por meio das imagens, conforme a declaração dada na sua entrevista. Talvez, a cólera do cão tenha sido potencializada pelas perguntas inconvenientes de Fervenza, pois Link aparenta certo desconforto frente as suas interrogações. Ou ainda, quem sabe, os limites do mundo configurem um problema da linguagem, como o título do vídeo sugere e no qual possam existir infinitos apartamentos alugados.

As relações que foram estabelecidas por este artigo, entre linguagem e entendimento, podem ser reiteradas pelo pensamento de Jacques Derrida (2005, p. 7): “Um texto só é um texto se ele oculta ao primeiro olhar, ao primeiro encontro, a lei de sua composição e a regra de seu jogo”. Derrida, ao propor tal inflexão, sugere que um texto deve ser incompleto. Portanto, as prováveis lacunas deste artigo o deixam em suspenso. Circunstancialmente, a sua escrita pode nos levar a buscar as palavras que nos faltam. Como última proposição, fica a possibilidade de tal artigo ser lido com a boca fechada e em voz alta.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BARTHES, Roland. Fragmentos de um discurso amoroso. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

BLANCHOT, Maurice. A conversa Infinita. São Paulo: Escuta, 2001.

BORER, Alain. Joseph Beuys. São Paulo: Cosac & Naify, 2001.

CARROLL, Lewis: Alice no país do espelho. Porto Alegre: L&PM Editores, 2008.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

DELEUZE, Guilles e GUATARI, Félix. Rizoma: introducción. Cidade do México: Ediciones Coyoacán, 2001.

DERRIDA, Jacques. A farmácia de Platão. São Paulo: Iluminuras, 2005.

WITTNGENSTEIN, Ludwig. Tratactus logico-philosophicus. Madrid: Alianza Editorial, 2007.

3 Livre tradução de “(...) los límites del lenguaje (del lenguaje que solo yo entiendo) significan los límites de mi mundo”.