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Qual é o diâmetro da lua?
O diâmetro aparente médio da Lua é de 31' 5" (0,518°), de onde se deduz que o diâmetro da Lua é de 3476 km (D=384 000 km × sen 0,518); a massa da Lua é de 1/81 da massa da Terra.
A lua está a quantos quilómetros da Terra?
A distância Terra-Lua foi medida por
radar e por laser, como na figura
abaixo em que um laser é disparado até
um dos espelhos (prismas retro-
refletores, que refletem a luz na mesma
direção da luz incidente) colocados
pelos astronautas na Lua (missões
Apolo 11, 14 e 15) e o tempo de ida e
vinda do laser é medido. Seu valor
médio é de 384 000 km e varia de 356 800 km a 406 400 km.
A excentricidade da órbita da Lua é de 0,0549. Cada prisma tem 3,8 cm, e os espelhos
deixados pela Apolo 11 e 14 têm 10 prismas cada, enquanto o deixado pela Apolo 15
tem 300. Outro refletor francês também foi instalado pela missão russa não tripulada
Lunakhod 2. Ao chegar na superfície da Lua, o feixe tem aproximadamente 6,5 km. O
sinal de retorno é muito fraco para ser visto a olho nu, mas em boas condições chega a 1
fotões por segundo.
De quanto é a variação da temperatura da lua?
A Lua possui uma variação diária de temperatura que pode ir os -180 ºC aos +120ºC.
Esta variação de temperatura pode ocasionar a fracturação das rochas, tal como
acontece a um copo que sai do forno e é colocado numa superfície fria.
Quantos anos tem a lua?
A origem da Lua é incerta, mas as similaridades no
teor dos elementos encontrados tanto na Lua
quanto na Terra indicam que ambos os corpos
podem ter tido uma origem comum. Nesse aspecto,
alguns astrónomos e geólogos alegam que a Lua
teria se desprendido de uma massa incandescente
de
rocha liquefeita primordial, recém-formada,
através da força centrífuga.
Outra hipótese, atualmente a mais aceite, é
a de que um planeta desaparecido e
denominado Theia, aproximadamente do
tamanho de Marte, ainda no princípio da
formação da Terra, teria se chocado com nosso planeta.
Tamanha colisão teria desintegrado totalmente o planeta Theia
e forçado a expulsão de pedaços de rocha líquida. Esses
pequenos corpos foram condensados em um mesmo corpo, o
qual teria sido aprisionado pelo campo gravitacional da Terra.
Esta teoria recebeu o nome de Hipótese do grande impacto(Big
Spl ash).
Há ainda um grupo de teóricos que acreditam que, seja qual for
a forma como surgiram, haveria dois satélites naturais
orbitando a Terra: o maior seria a Lua, e o menor teria voltado
a se chocar com a Terra, formando as massas continentais.
De acordo com estudo recente publicado na revista científica Science, uma equipa de
investigadores britânicos e alemães assegura que a Lua se formou há pelo menos 4.527
milhões de anos, um número redondo que, apesar de tudo, apresenta uma margem de
erro de 10 milhões de anos.
De acordo com as últimas medições e análises científicas, os peritos das Universidades
de Muenster e Colónia, na Alemanha, e da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha,
chegaram à conclusão de que o único satélite natural da Terra é um pouco mais 'jovem'
que os planetas do nosso sistema solar. A Lua ter-se-á pois formado durante os
primeiros 100 milhões de anos após o nascimento do sistema solar.
Como a Lua possui a mesma origem que o seu planeta principal e formou-se
sensivelmente ao mesmo tempo, segundo o mesmo ritmo de acontecimentos. A tabela a
seguir esquematiza a sequência dos acontecimentos que tiveram na origem e evolução
da Lua:
Génese da Lua 4500 M.a – ocorreu, aproximadamente, ao
mesmo tempo que a génese da Terra
Fase de grande aquecimento 4500 a 4300 M.a – a elevação da
temperatura provocou a fusão dos
materiais até uma profundidade de 300 a
400 km
Formação da crosta primitiva 4300 a 3800 M.a – o arrefecimento e a
solidificação dos materiais originaram a
crosta primitiva
Grande bombardeamento meteorítico 3800 M.a - a superfície lunar foi atingida
por enormes meteoritos, que originaram
crateras de impacto. Estes impactos
podem ter provocado a fusão dos
materiais, formando magmas. Neste
período, a Terra e a Lua estavam mais
próximas que actualmente. O
bombardeamento foi mais intenso no
hemisfério voltado para a Terra
Formação dos mares 3800 a 3000 M.a - as crateras de impacto
foram preenchidas por lavas basálticas. O
magma originou-se a grande
profundidade, no interior da Lua
De 3000 M.a até à actualidade – não se
verificou qualquer actividade geológica
importante
A Lua, tal como a Terra, possui dois tipos de formações geomorfológicas, os mares e os
continentes. O nome destas duas formações lunares deve-se à sua similitude com as da
Terra.
Continentes lunares Possuem uma cor mais clara (reflectem
18% da luz incidente proveniente do Sol)
e um relevo escarpado, tal como se
verifica nos continentes terrestres. As
rochas dos continentes lunares são
anortositos. Estas regiões apresentam
maior número de crateras de impacto e
ocupam maior extensão da superfície
lunar
Mares lunares Os mares lunares devem o seu nome, não
há presença de água líquida, mas ao seu
tom escuro e relevo plano, lembrando o
seu aspecto calmo e escuro dos oceanos
terrestres. São constituídos por basalto,
que só reflecte 7% da luz solar incidente.
Os mares lunares são mais frequentes na
face visível da Lua do que na face oculta.
O número de crateras de impacto é menos
frequente neste tipo de formação. Os
mares lunares resultam do preenchimento,
por lavas basálticas, das depressões
resultantes de impactos de meteoritos.
Quanto tempo demora a lua a dar a uma volta à
terra?
O movimento orbital da Lua ao redor da Terra, a revolução lunar, analisado em relação
às estrelas, ocorre com um período aproximado de 27,3 dias. Em outras palavras,
tomando-se como referencial as estrelas, são necessários 27,3 dias para que a Lua dê
uma volta completa ao redor da Terra. Esse intervalo de tempo é denominado mês
sideral ou período sideral da Lua (do latim siderális, relativo às estrelas).
Transcorridos 27,3 dias, a Terra estará em uma nova posição e m sua órbita, devido à
translação que realiza ao redor do Sol. Assim, a Lua, apesar de ter dado uma volta
completa ao redor da Terra, não será observada exatamente com o mesmo aspecto. Para
que ela seja vista na mesma fase em que estava inicialmente, deverão se completar 29,5
dias.
O esquema ilustra essa discussão. Na situação A, a posição da Lua é que tal está na fase
nova. Após 27,3 dias da Lua está em B. O satélite completou uma volta ao redor da
Terra (em relação às estrelas), mas ainda não voltou à fase nova. Ao chegar em C – o
que ocorre 29,5 dias após a situação A – a Lua deu um pouco mais que uma volta ao
redor da Terra e, agora, é novamente observada como Lua nova.
Em tempo: a expressão mês lunar designa o arredondamento da lunação para um
número inteiro de dias. De fato, para contornar a questão da parte fracionária, alguns
povos antigos instituíram meses alternados de 29 e 30 dias.
Fase da Lua hoje como é vista por um observador voltado para o sul,
tendo o leste à sua esquerda e o oeste à sua direita.
À medida que a Lua viaja ao
redor da Terra ao longo do mês,
ela passa por um ciclo de fases,
durante o qual sua forma parece
variar gradualmente. O ciclo
completo dura aproximadamente
29,5 dias. Esse fenómeno é bem
compreendido desde a
Antiguidade. Acredita-se que o
grego Anaxágoras (± 430 a.C.),
já conhecia sua causa, e
Aristóteles (384 - 322 a.C.)
registou a explicação correta do
fenómeno: as fases da Lua
resultam do fato de que ela não é um corpo luminoso, e sim um corpo iluminado pela
luz do Sol.
A face iluminada da Lua é aquela que
está voltada para o Sol. A fase da lua
representa o quanto dessa face
iluminada pelo Sol está voltada
também para a Terra. Durante metade
do ciclo essa porção está aumentando
(lua crescente) e durante a outra metade
ela está diminuindo (lua minguante).
Tradicionalmente apenas as quatro fases
mais características do ciclo - Lua Nova, Quarto-Crescente, Lua Cheia e Quarto-
Minguante - recebem nomes, mas a porção que vemos iluminada da Lua, que é a sua
fase, varia de dia para dia. Por essa razão os astrónomos definem a fase da Lua em
termos de número de dias decorridos desde a Lua Nova (de 0 a 29,5) e em termos de
fração iluminada da face visível (0% a 100%). Recapitulando, fase da lua representa o
quanto da face iluminada pelo Sol está na direção da Terra.
A figura acima mostra o sistema Sol-Terra-Lua como seria visto por um observador
externo olhando diretamente para o pólo sul da Terra. O círculo externo mostra a Lua
em diferentes posições relativas em relação à linha Sol-Terra, assumidas à medida que
ela orbita a Terra de oeste para leste (sentido horário para um observador olhando para o
pólo sul). O círculo interno mostra as formas aparentes da Lua, em cada situação,
para um observador no hemisfério sul da Terra.
As quatro fases principais do ciclo são:
Lua Nova:
Lua e Sol, vistos da Terra, estão na mesma direção
A Lua nasce 6h e se põe 18h.
A Lua Nova acontece quando a face visível da Lua não recebe luz do Sol, pois os dois
astros estão na mesma direção. Nessa fase, a Lua está no céu durante o dia, nascendo e
se pondo aproximadamente junto com o Sol. Durante os dias subsequentes, a Lua vai
ficando cada vez mais a leste do Sol e, portanto, a face visível vai ficando
crescentemente mais iluminada a partir da borda que aponta para o oeste, até que
aproximadamente 1 semana depois temos o Quarto-Crescente, com 50% da face
iluminada.
Lua Quarto-Crescente:
Lua e Sol, vistos da Terra, estão separadas de 90°.
A Lua está a leste do Sol e, portanto, sua parte iluminada tem a convexidade
para o oeste.
A Lua nasce meio-dia e se põe meia-noite
A Lua tem a forma de um semi-círculo com a parte convexa voltada para o oeste. Lua e
Sol, vistos da Terra, estão separadas de aproximadamente 90°. A Lua nasce
aproximadamente ao meio-dia e se põe aproximadamente à meia-noite. Após esse dia, a
fração iluminada da face visível continua a crescer pelo lado voltado para o oeste, até
que atinge a fase Cheia.
Lua Cheia
Lua e Sol, vistos da Terra, estão em direções opostas, separados de 180°, ou 12h.
A Lua nasce 18h e se põe 6h do dia seguinte.
Na fase cheia 100% da face visível está iluminada. A Lua está no céu durante toda a
noite, nasce quando o Sol se põe e se põe no nascer do Sol. Lua e Sol, vistos da Terra,
estão em direções opostas, separados de aproximadamente 180°, ou 12h. Nos dias
subsequentes a porção da face iluminada passa a ficar cada vez menor à medida que a
Lua fica cada vez mais a oeste do Sol; o disco lunar vai dia a dia perdendo um pedaço
maior da sua borda voltada para o oeste. Aproximadamente 7 dias depois, a fração
iluminada já se reduziu a 50%, e temos o Quarto-Minguante.
Lua Quarto-Minguante
A Lua está a oeste do Sol, que ilumina seu lado voltado para o leste
A Lua nasce meia-noite e se põe meio-dia
A Lua está aproximadamente 90° a oeste do Sol, e tem a forma de um semi-círculo com
a convexidade apontando para o leste. A Lua nasce aproximadamente à meia-noite e se
põe aproximadamente ao meio-dia. Nos dias subsequentes a Lua continua a minguar,
até atingir o dia 0 do novo ciclo.
O intervalo de tempo médio entre duas fases iguais consecutivas é de 29d 12h 44m 2.9s
( 29,5 dias). Esse período é chamado mês sinódico, ou lunação, ou período sinódico
da Lua.
Apresentamos o céu à meia-noite, de 25 de Março de 2007 a 8 de Abril de 2007. Nas
figuras, o zénite está no meio da figura.
O período sideral da Lua, ou mês sideral é o tempo necessário para a Lua completar
uma volta em torno da Terra, em relação a uma estrela. Sua duração média é de 27d 7h
43m 11s , sendo portanto 2,25 dias mais curto do que o mês sinódico.
O período sinódico da Lua,
com duração de
aproximadamente 29,5 dias
(variando entre 29,26 6 e 29,80
dias), é, em média, 2,25 dias
maior do que o período sideral
da Lua porque nos 27,32 dias
em que a Lua faz uma volta
completa em relação às estrelas
(o período sideral da Lua), o
Sol de desloca [360°/(365,25
dias)] aproximadamente
27°=(27 dias × 1°/dia) para
leste e, portanto, é necessário mais 2 dias [27°/(360°/27,32 dias)] para a Lua se deslocar
estes 27° e estar na mesma posição em relação ao Sol, que define a fase.
Dia Lunar: Tendo em
vista que o período sideral
da Lua é de 27,32166
dias, isto é, que ela se
move 360° em relação às
estrelas para leste a cada
27,32 dias, deduz-se que
ela se desloca para leste
13° por dia (360°/27,32),
em relação às estrelas. Levando-se em conta que a Terra gira 360° em 24 horas, e que o
Sol de desloca 1° para leste por dia, deduzimos que a Lua se atrasa 48 minutos por dia
[(12°/360°)×(24h×60m)], isto é, a Lua nasce cerca de 48 minutos mais tarde a cada
dia.
Recapitulando, a Lua se move cerca de 13° para leste, por dia, em relação às estrelas.
Esse movimento é um reflexo da translação da Lua em torno da Terra, completada em
27,32 dias (mês sideral). O Sol também se move cerca de 1° por dia para leste,
refletindo a translação da Terra em torno do Sol, completada em 365,2564 dias (ano
sideral). Portanto, a Lua se move cerca de 12° por dia em relação ao Sol, e a cada dia a
Lua cruza o meridiano local aproximadamente 48 minutos mais tarde do que no dia
anterior. O dia lunar, portanto, tem 24h48m.
Quantos dias dura o mês lunar?
Rotação da Lua:
À medida que a Lua orbita em torno da Terra, completando seu ciclo de fases, ela
mantém sempre a mesma face voltada para a Terra. Isso indica que o seu período de
translação é igual ao período de rotação em torno de seu próprio eixo. Portanto. a Lua
tem rotação sincronizada com a translação.
É muito improvável que essa sincronização seja casual. Acredita-se que ela tenha
acontecido como resultado das grandes forças de maré exercidas pela Terra na Lua no
tempo em que a Lua era jovem e mais elástica. As deformações tipo bojos causadas na
superfície da Lua pelas marés teriam freiado a sua rotação até ela ficar com o bojo
sempre voltado para a Terra e, portanto, com período de rotação igual ao de translação.
Essa perda de rotação teria em consequência provocado o afastamento maior entre Lua
e Terra (para conservar o momentum angular). Atualmente a Lua continua afastando-se
da Terra, a uma taxa de 4 cm/ano.
Note que como a Lua mantém a mesma face voltada para a Terra, um astronauta na Lua
não vê a Terra nascer ou se pôr. Se ele está na face voltada para a Terra, a Terra estará
sempre visível. Se ele estiver na face oculta da Lua, nunca verá a Terra.
Como o sistema Terra-Lua sofre influência gravitacional do Sol e dos planetas, a Terra
e a Lua não são esféricas e as marés provocam fricção dentro da Terra e da Lua, a órbita
não é regular, precisando de mais de cem termos para ser calculada com precisão. O
período sideral varia até 7 horas. O período sinódico tem variação ainda maior, de até
12 horas (Lang,2001).
A órbita da Lua em
torno da Terra está
inclinada 5° em
relação à orbita da
Terra em torno do
Sol.
A órbita da Lua em torno da
Terra é uma elipse, exagerada
nesta figura, e a Lua está 10%
mais próxima no perigeu do que
no apogeu, o que faz com que
seu tamanho aparente mude de
um ciclo para outro.
O aspecto da Lua, observada da Terra, modifica-se a cada dia. Os diferentes aspectos, as
fases da Lua repetem-se ciclicamente. Quatro desses aspectos têm nomes bem
conhecidos: nova, crescente, cheia e minguante. Entre as duas fases lunares iguais e
consecutivas – por exemplo, entre duas Luas novas –, o tempo transcorrido é de
aproximadamente 29,5 dias. A palavra lunação é usada para designar tanto esse
intervalo de tempo quanto a sucessão das fases que ocorre ao longe dele. O intervalo de
tempo da lunação também é chamado de mês sinódico ou período sinódico da Lua (do
grego sunodikós, conjunção de astros, palavra derivada de spun, juntamente, e hodós,
caminho, via).
A que velocidade a lua orbita a terra?
"A lua leva 27,321661 dias para dar uma volta completa ao redor da terra e sua
velocidade de translação ao redor da terra é igual a velocidade de sua rotação, por este
motivo vemos sempre a mesma face da lua a partir da terra.
A circunferência da lua é de 10.906 Km. Levando em conta sua circunferência e o
período que ela leva para dar uma volta sobre si mesma, podemos afirmar que 10.906
Km / 27,321661 dias = 399,17046 Km/dia / 24 h = 16,6321 Km/h".
Isso se considerasse que a Terra estivesse "parada" no espaço. Como a Terra gira em
torno do Sol que por sua vez faz um movimento de translação ao redor de outros astros
e assim por diante (o Universo é dinâmico) há outros componentes para serem
considerados. Mas para nosso ponto de vista (no qual somos a referência e estamos
parados) acho que a resposta acima é válida.
Imagem do lado oculto (esquerda) e iluminado (direita) da Lua, fotografada pela espaçonave Clementine, da NASA.
(Devido à rotação sincronizada da Lua, a face da Lua que não podemos ver chama-se face oculta, que só pode ser fotografada pelos astronautas ou naves em órbita da Lua.)
Em que fenómenos a lua tem influencia directa?
A ciência garante que a Lua não passa de uma esfera poeirenta e
esburacada. Apesar de tudo, ela continua sendo vista como uma entidade
mágica, que tem poderes sobre os destinos da humanidade.
Por quê? É difícil dizer. Parte da resposta pode estar na História.
Misteriosa como a loucura, trazia fartura ou miséria. "A Lua acompanha a
imaginação do homem desde as primeiras civilizações", diz Niomar de
Souza Pereira, diretora do Museu de Folclore de São Paulo. "Por não
entender os fenômenos naturais, o homem buscava explicações nos astros,
principalmente na Lua e no Sol. Daí surgiram os primeiros deuses e
mitos."A lista é longa. A começar pelos gregos que, não contentes com uma
única deusa lunar, criaram três: Ártemis, para o Quarto Crescente, Selene,
para a Lua Cheia, e Hécate, para as luas Nova e Minguante. Os romanos
foram mais modestos: chamavam a Lua de Diana, protetora da caça e da
noite. Entre os povos da Mesopotâmia, ela era a deusa Sin, que mais tarde
foi substituída por Ishtar, na Babilônia.Para os chineses, era Kwan-Yin e,
para os índios brasileiros, Cairê ou Jaci. Para os antigos, o próprio astro
parecia nascer, crescer, atingir a plenitude e desaparecer, como a barriga
de uma gestante.
Por isso, ela foi associada à fertilidade da terra, dos animais e das
mulheres. Era a senhora absoluta dos ritmos de vida e morte. Essa marca
aparece na cultura de muitos povos, mesmo naquelas em que a Lua não
adquiriu uma personalidade divina. No Corão dos árabes, ela é Qatar,
símbolo do poder transformador de Alá. Entre os judeus, seu aspecto
mutante transformou-a na representação do judeu nômade.
Na Idade Média, os alquimistas a usavam para simbolizar o mercúrio,
elemento fundamental do corpo humano. Até a Igreja Católica mantinha
então um pé nos cultos lunares: aconselhava os fiéis a esperar a benéfica
Lua Crescente para se casar ou mudar de casa.
Além do misticismo, o homem tirou da Lua também instrumentos para o
lado prático da vida: devido a seu rápido e pontual ciclo de 28 dias, a Lua
foi a primeira referência para a medição do tempo. Até hoje, as agendas
trazem a marca dos primitivos calendários lunares: o "sábado" e o "sabá"
dos judeus tiveram origem nos cultos lunares.
Essa herança lunar é universal - está presente em todas as culturas, com
diferentes interpretações. Na astrologia, tudo o que tem forma e é mutável
é regido pela Lua. Segundo Oscar Quiroga , "a Lua é apenas a maior
analogia que o homem encontrou no Cosmo para as mudanças vividas na
Terra."
Assim, o fascínio da Lua resiste, ao longo dos séculos. Ainda hoje, dizem
que ela influi na germinação e no desenvolvimento dos vegetais, no
crescimento do cabelo, no humor das pessoas, na gestação e no parto,
entre outras coisas. A ciência não consegue eliminar de vez esse encanto
lunar." (texto adaptado - fonte)
Mas até hoje, o único efeito comprovado da influência lunar é as marés...
As forças gravitacionais entre a Terra e a Lua causam efeitos interessantes. O mais
óbvio é as marés. A atracção gravitacional da Lua é mais forte no lado da Terra mais
próximo da Lua e mais fraco no oposto. Dado que a Terra, e particularmente os
oceanos, não são perfeitamente rijos, esticam-se ao longo da linha directa para a Lua.
Da nossa perspectiva, na superfície da Terra, vemos duas pequenas protuberâncias, uma
na direcção da Lua e outra na direcção oposta. O efeito é muito maior na água do que na
crosta sólida, por isso as protuberâncias na água são maiores. E porque a Terra gira
muito mais rapidamente que a Lua na sua órbita, estas protuberâncias movem-se pela
Terra uma vez por dia dando duas marés diárias (este é um modelo extremamente
simplificado; na realidade, as marés, especialmente perto da costa, são muito mais
complicadas).
A Maré
A maré tem como causa a atracção gravitacional do Sol e da Lua. A influência da Lua é
bastante superior, pois embora a sua massa seja muito menor que o do Sol, esse facto é
compensado pela menor distância à Terra. Matematicamente a maré é uma soma de
sinusóides (ondas constituintes) cuja periodicidade é conhecida e depende
exclusivamente de factores astronómicos.
Distância do Sol à Terra Distância da Lua à Terra
149 758 000 km 384 853 km
De um modo geral, podemos dizer que a maré sobe quando das passagens meridianas
superior e inferior da Lua. Isto é, temos preia-mar (maré cheia) quando a Lua passa por
cima de nós e quando a Lua passa por baixo de nós, ou seja, por cima dos nossos
antípodas.
As preia-mares sucedem-se assim, regularmente, com um intervalo médio de meio-dia
lunar (aprox. 12h 25m) o que corresponde matematicamente à constituinte lunar semi-
diurna (M2); tal facto é expresso pelo povo que refere que “a maré, no dia seguinte, é
uma hora mais tarde” (na realidade aprox. 50m mais tarde). Por sua vez, o intervalo de
tempo entre uma preia-mar e a baixa-mar seguinte é, em média, 6 h 13 m. No entanto, o
mar não reage instantaneamente à passagem da Lua, havendo, para cada local, um atraso
maior ou menor das preia-mares e baixa-mares.
O intervalo de tempo entre a passagem meridiana da Lua e a preia-mar seguinte é o
chamado "lunitidal interval" (em rigor, "high water lunitidal interval"). Actualmente, já
estão a ser comercializados relógios em que esse valor é pedido, para que eles possam
fornecer uma previsão grosseira da maré. Embora esse valor seja variável ao longo do
tempo, em termos médios esse atraso é cerca de 2 horas em Portugal Continental e
inferior a 30 minutos na Madeira e nos Açores.
Outro aspecto importante a ter em conta é o fenómeno quinzenal da alternância entre
marés vivas e marés mortas; este fenómeno, matematicamente explicado pela
constituinte S2 (solar semi-diurna), decorre do efeito do sol como elemento
"perturbador". Com efeito, quando o Sol e a Lua estão em oposição (Lua cheia) ou
conjunção (Lua nova), a influência do Sol reforça a da Lua e ocorrem as marés vivas
(matematicamente as constituintes somam-se). Por outro lado, quando o Sol e a Lua
estão em quadratura (Quarto crescente e Quarto minguante), a influência do Sol
contraria a da Lua e ocorrem as marés mortas (matematicamente as constituintes
subtraem-se).
A figura que se segue apresenta a evolução da maré em Aveiro ao longo de doze dias,
mostrando claramente a diferença de amplitudes entre marés vivas e marés mortas.
A seguir à Lua Cheia e ao Quarto Minguante ocorrem, respectivamente, águas vivas e
águas mortas.
Regra geral, as amplitudes de marés vivas em Portugal Continental são cerca de 1,5 m.
Isto é, o mar sobe e desce 1,5m em relação ao nível médio. Em marés mortas, a
amplitude da maré é da ordem dos 70 cm. Na Madeira temos uma amplitude de 1 metro
em marés vivas e 50 cm em marés mortas; nos Açores temos 70 cm em marés vivas e 30
cm em marés mortas. Estes valores ilustram um facto conhecido: a amplitude da maré
diminui quando nos afastamos da costa. Com efeito, sabe-se que a maré se torna
praticamente nula nas zonas centrais das grandes bacias oceânicas.
A amplitude das marés vivas é ainda maior por ocasião dos equinócios (marés vivas
equinociais). Tal facto é matematicamente explicado pela introdução de uma terceira
constituinte (K2) que, perto dos equinócios, reforça o efeito do Sol.
Tal como já foi referido, os oceanos não reagem instantaneamente às influências
astronómicas havendo aqui também, para cada local, um atraso de resposta. Neste caso,
esse atraso chama-se, em termos médios, idade da Maré. De modo muito grosseiro, pode
dizer-se que a maré viva ocorre no dia seguinte à Lua Nova ou Lua Cheia.
Até agora falou-se de apenas três constituintes. Na realidade a maré tem ainda muitas
outras constituintes que representam matematicamente outras irregularidades
astronómicas associadas com os dois astros. O programa de previsão de marés utilizado
no IH permite o uso de 62 constituintes.
Convém por último referir que o nível da água do mar depende ainda de outros factores
que não a maré astronómica, tais como a pressão atmosférica, ventos e a agitação
marítima. A pressão atmosférica é o mais importante dos factores não astronómicos que
influenciam a subida e descida do nível do mar; com efeito, as baixas pressões produzem
um aumento do nível das águas e, inversamente, as altas pressões estão associadas a uma
descida do nível do mar.