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8/2/2019 A Mensagem 1
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A Mensagem
Mensagem a epopeia lrica
A Mensagem, cujas poesias componentes foram escritas entre 1913 e 1934 data da sua
publicao, sem dvida a obra-prima onde pessoa lapidarmente imprimiu o seu ideal patritico,
sebastianista e regenerador. um poema nacional, uma verso moderna, espiritualista e proftica
de Os Lusadas.
A Mensagem poder ser vista com uma epopeia. Porque parte dum ncleo histrico, mas a sua
formulao sendo simblica e mtica, do relato histrico, no possuir a continuidade. Aqui, a aco
dos heris, s adquire pleno significado dentro duma referncia mitolgica. Aqui sero s eleitos,
tero s direito imortalidade, aqueles homens e feitos que manifestam em si esses mitos
significativos. Assim, sua estrutura ser dada pelo que, noutra ideias/foras desse povo: regresso
do paraso, realizao do impossvel, espera do messias razes do desenvolvimento dessa entidade
colectiva.
Os antepassados, os fundadores, que pela sua aco criaram a ptria, e ergueram a personalidade,
separada, ou plasmaram na sua altura prpria; mas Mes, as que esto na origem das suas
dinastias, cantadas como Antigo seio vigilante, ou humano ventre do imprio; os heris
navegantes, aqueles que percorreram o mar em busco do caminho da imortalidade, cumprindo um
dever individual e ptrio (realizao terrestre duma misso transcendente); e, finalmente, depoisdessa misso cumprida, dessa realizao. Na era crepuscular de fim de vida, os profetas, as vozes
que anunciam j aquele que viria regenerar essa ptria moribunda, abrindo-lhe novo ciclo de vida,
uma nova era o Encoberto.
A estrutura da obra
Assim, a estrutura da Mensagem, sendo a dum mito numa teoria cclica, a das Idades, transfigura e
repete a histria duma ptria como o mito dum nascimento, vida e morte dum mundo; morte queser seguida dum renascimento. Desenvolvendo-a como uma ideia completa, de sentido csmico, e
dando-lhe a forma simblica tripartida Braso, Mar Portugus, O Encoberto. Que se poder
traduzir como: os fundadores, ou o nascimento; a realizao, ou a vida; o fim das energias
latentes, ou a morte; essa conter j em si, como grmen, a prxima ressurreio, o novo ciclo que
se anuncia o Quinto Imprio. Assim, a terceira parte, toda ela cheia de avisos, preenche de
pressentimentos, de foras latentes prestes a virem luz: depois da Noite e Tormenta, vem a
Calma e a Antemanh: estes so os Tempos. E a sempre perpassaro, com um repetido fulgor,
sempre a mesma mas em modelaes diversas, a nota da esperana: D. Sebastio, O Desejado, OEncoberto
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dessa forma, o mtico caos, a noite, o abismo, donde surgir o novo mundo, Que jaz no abismo
sob o mar que se segue.
Mensagem
Carcter pico-lrico
A Mensagem uma obra pico-lrica, pois, como uma epopeia, parte de um ncleo histrico
(heris e acontecimentos da Histria de Portugal), mas apresenta uma dimenso subjectiva
introspectiva, de contemplao interior, caracterstica prpria do lirismo.
O mito
As figuras e os acontecimentos histricos so convertidos em smbolos, em mitos, que o poeta
exprime liricamente. O mito o nada que tudo, verso do poema Ulisses, o paradoxoque melhor define essa definio simblica da matria histrica da Mensagem.
Sebastianismo
A Mensagem apresenta um carcter proftico, visionrio, pois antev um imprio futuro, no
terreno, e ansiar por ele perseguir o sonho, a quimera, a febre de alm, a sede de Absoluto,
a nsia do impossvel, a loucura. D. Sebastio o mais importante smbolo da obra que, no
conjunto dos seus poemas, se alicera, pois, num sebastianismo messinico e proftico.
Quinto Imprio: imprio espiritual
esta a mensagem de Pessoa: a Portugal, nao construtora do Imprio no passado, cabe
construir o Imprio do futuro, o Quinto Imprio. E enquanto o Imprio Portugus, edificado
pelos heris da Fundao da nacionalidade e dos Descobrimentos termo, territorial, material,
o Quinto Imprio, anunciado na Mensagem, um espiritual. E a nossa grande raa partir em
busca de uma ndia nova, que no existe no espao, em naus que so construdas daquilo que
os sonhos so feitos A Mensagem contm, pois, um apelo futuro.
A estrutura
A Mensagem est dividida em trs partes. Esta tripartio corresponde a trs momentos do
Imprio Portugus: nascimento, realizao e morte. Mas essa morte no definitiva, pois
pressupe um renascimento que ser o novo imprio, futuro e espiritual.
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Mensagem (Resumido)
1. Nascimento 1 Parte Braso
Fundao da nacionalidade, desfile de heris lendrios ou histricos, desde Ulisses a D. Afonso
Henriques, D. Dinis ou D. Sebastiao.
2. Realizao 2 Parte Mar Portugus
Poemas inspirados na nsia do Desconhecido e no esforo herico da luta com o mar. Apogeu
da aco portuguesa dos Descobrimentos, em poemas como O Infante, O Mostrengo, Mar
Portugus.
3. Morte 3 Parte O Encoberto
Morte das energias de Portugal simbolizada no nevoeiro; afirmao do sebastianismo
representado na figura do Encoberto; apelo e nsia messinica da construo do QuintoImprio.
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Anlise do Poema "O dos Castelos"
A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe romnticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.
O cotovelo esquerdo recuado;
O direito em ngulo disposto.
Aquele diz Itlia onde pousado;Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mo sustenta, em que se apoia o rosto.
Fita, com olhar esfngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.
O rosto com que fita Portugal.
Reflexo:
Tal como neste poema da Mensagem, a estrofe de Os Lusadas indica Portugal como cabea da
Europa toda atribuindo-lhe uma misso predestinada. Mas nOs Lusadas essa misso ditada
pelo Cu que quis que Portugal vencesse na luta contra os mouros enquanto que na Mensagem
a misso de Portugal ser mais abrangente.
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Anlise do Poema "Ulisses"
O mito o nada que tudo.
O mesmo sol que abre os cus
um mito brilhante e mudo --
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por no ser existindo.Sem existir nos bastou.
Por no ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecund-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
Reflexo:
Ulisses, o heri da guerra de Tria e protagonista da obra odisseia de Hmero, um dos grandes
mitos da civilizao grega, e segundo a lenda, ter fundado Lisboa. Ao recuperar esta lenda e
elege-lo como um dos primeiros poemas da Mensagem, Fernando pessoa tem precisamente a
inteno de atribuir a Portugal uma origem mtica, que mais valiosa de que qualquer origem
histrica (os heris desta obra so localizadas sobretudo no seu lado mtico).
Tal como na Mensagem, Cames recupera nos Lusadas a lenda de que Ulisses ter fundando
Lisboa.
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A Mensagem
Anlise do Poema "D. Afonso Henriques"
Pai, foste cavaleiro.
Hoje a viglia nossa.
D-nos o exemplo inteiro
E a tua inteira fora!
D, contra a hora em que, errada,
Novos infiis venam,
A bno como espada,A espada como bno!
Reflexo:
Este poema apresenta-se como uma prece dirigida a D. Afonso Henriques, Pai de uma gerao
que lendariamente recebeu a fora e a misso de Deus. O sujeito potico, assumindo-se como voz
do colectivo portugus, pede ao Rei-Rei que d ao seu povo o exemplo, a fora e a bno, porque
Hoje a viglia nossa, somos ns que temos que ser cavaleiros contra novos infiis, fantasmasdo adormecimento colectivo.
Implicitamente, este poema recupera a lenda da Batalha de Ourique, que atribuiu uma dimenso
sagrada fundao de Portugal, tal como nos apresentando no episdio Batalha de Ourique de
Os Lusadas.
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A Mensagem
Anlise do Poema "D. Sebastio Rei de Portugal"
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a no d.
No coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal est
Ficou meu ser que houve, no o que h.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que o homemMais que a besta sadia,
Cadver adiado que procria?
Reflexo:
Comparao Os Lusadas/ Mensagem, a D. Sebastio que Cames dedica Os Lusadas e a
este Rei que o poeta dirige o apelo no sentido de continuar a tradio dos antigos heris
portugueses, para fazer ressurgir a ptria da apagada e vil tristeza do presente.
Na Mensagem, D. Sebastio (e o sebastianismo) o mito organizador de toda a obra, no sentido
de que o rei representa o sonho que ressurgir do nevoeiro em que o Portugal presente est
mergulhado, impulsionado a construo do Futuro
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Anlise do Poema "Asceno de Vasco da Gama"
Os Deuses da tormenta e os gigantes da terra
Suspendem de repente o dio da sua guerra
E pasmam. Pelo vale onde se ascende aos cus
Surge um silncio, e vai, da nvoa ondeando os vus,
Primeiro um movimento e depois um assombro.
Ladeiam-no, ao durar, os medos, ombro a ombro,
E ao longe o rastro ruge em nuvens e clares.
Em baixo, onde a terra , o pastor gela, e a flautaCai-lhe, e em xtase v, luz de mil troves,
O cu abrir o abismo alma do Argonauta.
Reflexo:
A figura de Vasco da Gama engrandecida neste poema por vrios aspectos:
1. Pela situao de elevao aos cus num plano superior ao da simples condio humana
libertando-se do corpo, torna-se alma e imortaliza-se;
2. Pelos efeitos provocados por esta situao: o pasmo dos Deuses e dos Gigantes, o silncio e
assombro da natureza e a admirao dos homens;
3. Pelo nome de Argonauta dado a Gama, identificando-o com os heris mticos da Grcia
antiga, que procuravam desvendar o desconhecimento, buscando o inacessvel e o impossvel.
de salientar que este poema se associa representao que conferida a Vasco da Gama
nOs Lusadas obra em que o heri tambm elevado no plano dos Deuses nomeadamente
no episdio Ilha dos Amores.
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A Mensagem
Anlise do Poema "O Monstrengo"
O mostrengo que est no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou trs vezes,
Voou trs vezes a chiar,
E disse: Quem que ousou entrar
Nas minhas cavernas que no desvendo,
Meus tetos negros do fim do mundo?
E o homem do leme disse, tremendo:
El-Rei D. Joo Segundo!
De quem so as velas onde me roo?
De quem as quilhas que vejo e ouo?
Disse o mostrengo, e rodou trs vezes,
Trs vezes rodou imundo e grosso.
Quem vem poder o que s eu posso,
Que moro onde nunca ningum me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?
E o homem do leme tremeu, e disse:
El-Rei D. Joo Segundo!
Trs vezes do leme as mos ergueu,
Trs vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer trs vezes:
Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. Joo Segundo!
Reflexo:O que o Gigante Adamastor para Os Lusadas para a Mensagem O mostrengo.Ambos, cardeais, axiais; ambos de tal importncia, que foram colocados, pelos seus autores,
exactamente, pensadamente, mesmo materialmente, no meio do grande poema. No caso da
Mensagem, o rigor e a exactido so matemticos: 21 poemas antes, 21 poemas depois de O
mostrengo. Estes episdios, esto no meio pois isto a meio da viagem e o ponto mais alto e
difcil para o povo portugus.
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A Mensagem
Anlise do Poema "Mar Portugus"
mar salgado, quanto do teu sal
So lgrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mes choraram,
Quantos filhos em vo rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma no pequena.Quem quer passar alm do Bojador
Tem que passar alm da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele que espelhou o cu.
Reflexo:
Este poema compara-se com o episdio despedida das naus em Belm de Os Lusadas pois aslgrimas de Portugal que tornaram salgados o mar, so as mesmas que os familiares choraram
perante a partida dos marinheiros para a aventura martima.
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Com a Mensagem, Fernando Pessoa pretende dar a conhecer aos portugueses os feitos dos seus
antepassados e a conquista do Quinto imprio.
Mensagem44 Poemas
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1. Parte Braso
I Os campos1. O dos Castelos
2. O das Quinas
II Os Castelos
1. Ulisses
2. Viriato
3. O Conde D. Henrique
4. D. Tareja
5. D. Afonso Henriques
6. D. Dinis7(I). D. Joo o Primeiro
7(II). D. Filipa deLencastre
III Quinas
1. D. Duarte, Rei dePortugal
2. D. Fernando, Inf. dePortugal
3. D. Pedro, Reg. dePortugal
4. D. Joo, Infante dePortugal
5. D. Sebastio, Rei dePortugal
IV A Coroa
Nuno lvares Pereira
V O Timbre
A Cabea do grifo: OInfante D. HenriqueUma Asa do Grifo: D.Joo o Segundo
A Outra Asa do Grifo:
2. parte Mar Portugus
I O InfanteII Horizonte
III Padro
IV O Mostrengo
V Epitafio deBartolomeu Dias
VI Os Colombos
VII OcidenteVIII Ferno deMagalhes
IX Ascenso de Vascoda Gama
X Mar Portugus
XI - A Ultima Nau
XII: Prece
3. Parte O Encoberto
I Os Smbolos1. D. Sebastio
2. O Quinto Imprio
3. O Desejado
4. As Ilhas Afortunadas
5. O Encoberto
II Os Avisos
1. O Bandarra
2. Antnio Vieira
3. 'Screvo meu livro beira-mgoa.
III Os Tempos
1. Noite
2. Tormenta
3. Calma
4. Antemanh
5. Nevoeiro
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Afonso de Albuquerque
Origem da nossanacionalidade,destacando-se figurasmticas (Ulisses ) ehistricas ( D. Dinis ,
D. Sebastio, Rei dePortugal, o sonhador, o
lutador)
Apogeu dosPortugueses conseguidopelas descobertas:
O Infante
O Mostrengo
Mar Portugus
Fim das energias,simbolizado pelo nevoeiroque envolve Portugal.
Vinca-se o mitosebastianista com afigura do Encoberto.
Esperana e impacinciado poeta na vinda doMessias, para aconstruo do QuintoImprio (Quando oRei? Quando a Hora?
Screvo meu libro beira-mgoa )
Nascimento Vida Morte
Ressurreio