A Mente Vencendo o Humor Cap 6

6Onde Estão as Evidências?

'JÍTOR: Pare, olhe e escute novamente.

Numa noite de quinta-feira, Vítor e sua esposa, Júlia, estavam na cozinha discutindoplanos para o final de semana. Vítor contou à Júlia que havia feito planos de encon-trar seu amigo Oaniel na manhã de sábado em uma reunião dos Alcoólicos Anôni-mos (AA). A expressão de Júlia mudou ao ouvi-Io falar e uma expressão de angústiatomou conta de seu rosto. Vítor experimentou uma onda de raiva enquanto pensava"Ela está zangada por eu passar tempo longe dela e das crianças. Não é justo que ela nãoveja meu programa de recuperação como algo importante. Se ela se importasse comigotanto quanto com as crianças, ela estaria feliz por eu ir. Ela não se importa comigo."

Vítor explodiu com Júlia: "Se você não se importa com minha sobriedade,então eu também não me importo!" Ele deu um soco na mesa e saiu de casa, esbra-vejando. Enquanto saía, Júlia gritou para ele: "Como você pode esperar que eu meimporte quando você age assim? Qual é o seu problema?"

Enquanto dirigia e se afastava de casa, os pensamentos de Vítor fervilhavam."Ela nunca entendeu o quanto o AA é importante para mim. Ela não sabe como édifícil não beber. Pra que tentar tanto se ela nem se importa se fico sóbrio? Nãoagüento sentir tanta raiva. Um drinque vai me fazer sentir melhor."

Ao aproximar-se do bar onde costumava parar todas as noites, Vítor puxou ocarro para dentro de um estacionamento e desligou o motor. Encostou sua cabeça nadireção para recuperar o fôlego. Enquanto sua raiva começava a diminuir, lembroude seu terapeuta falando-lhe sobre quatro das palavras mais importantes da terapiacognitiva. Quando ele estivesse se sentindo zangado 01:1 ansioso ou tinha um impulsoforte de beber, seu terapeuta havia lhe dito para se perguntar: "Onde estão as evidên-cias?" Vítor começou a considerar as evidências que apoiariam seus pensamentos deque Júlia estava irritada em relação a seus planos de ir ao AA e de que ela não seimportava ou apoiava sua sobriedade.

A raiva de Vítor estava baseada na interpretação da expressão no rosto de _ aesposa como sendo de irritação pela decisão de participar de uma reunião do A-\ osábado. Ao procurar evidências que apoiavam e não apoiavam suas conclusões. 'tor colocou-se em uma posição melhor para avaliar e reagir ao que estava se passaz-do entre ele e .Iúlia. Ele também reuniu mais informações que poderiam a~~6:.- --controle de sua raiva e de seu desejo de beber.

As colunas 4 e 5, do Registro de Pensamentos, dedicam-se à ~....:-"estão as evidências?" (Figura 6.1). Essas duas colunas foram pia; ejaCG.5 ~ '"10 a reunir informações que apoiem e não apoiem os pensame - - ~_::: ;:identificou na coluna dos "Pensamentos Automáticos". As in; ~.- :~==- ~ -colunas 4 e 5 podem fornecer uma base para a avaliação C2:: '-"-'---"-

REGISTRO DE PENSAMENTOS1. Situação 2. Estados de 3. Pensamentos 4. Evidências 5. Evidências que 6. Pensamentos 7. Agora Meça os

Humor Automáticos que Apóiam Não Apóiam o Alternativos! Estados de Humor(Imagens) o Pensamento Pensamento Compensatórios

Quente QuenteQuem? a. O que você sentiu? • a. O que estava passan- a. Escreva um pensa- Meça novamenteos es-O quê? b. Meça cada estado de do por sua cabeça ins- mento alternativo ou tados de humorlistados

Quando? humor (O- 100%) tantes antes de você compensatório. na coluna2,assimcomoOnde? começar a se sentir b. Meça o quanto você qualquer estado de hu-

deste modo? Algum acredita em cada pen- mornovo(O-100%).outro pensamento? samento alternativoouImagens? compensatório

b. Circule o pensamento (0-100%).quente.

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FIGURA 6.1. O Registro de Pensamentos de Vítor.

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A MENTE VENCENDO O HUMOR / 65

Quando você começar a preencher as duas colunas de evidências, é útil consi-derar os seus pensamentos quentes como hipóteses ou suposições. Se você suspen-der temporariamente a sua convicção de que seus pensamentos quentes são verda-deiros, será mais fácil para você procurar tanto evidências que apoiam quanto evi-dências que enfraquecem a sua conclusão.

Enquanto estava sentado em seu carro no estacionamento próximo ao bar,considerando as evidências a favor e contra suas conclusões sobre a situação comJúlia, Vítor remexeu os papéis em sua pasta em busca de um Registro de Pensamen-tos, o qual preencheu, como você pode ver na Figura 6.1.

Como você aprendeu a fazer no Capítulo 5, Vítor preencheu as três primeirascolunas do Registro de Pensamentos ao descrever a situação, identificar e medir seuhumor e escrever diversos pensamentos ligados a ele. Ao invés de escrever suas esti-mativas do quão quente cada pensamento automático era, Vítor mentalmente consi-derou quanta raiva cada pensamento fez com que sentisse e circulou o pensamentomais quente: "Ela não se importa comigo."

Nas colunas 4 e 5, Vítor se baseou em suas experiências com Júlia para listardetalhes que apoiavam ou não esse pensamento quente. Ao invés de considerar suasopiniões, Vítor considerou dados, fatos ou experiências que apoiavam e não apoia-vam seu pensamento quente.

As informações nas colunas de evidências de um Registro de Pensamentos devemconsistir, em sua maioria, de dados e fatos objetivos. Entretanto, quando você começar apreencher estas colunas, você provavelmente misturará fatos com interpretações, comofez Vítor em seu Registro de Pensamentos. Por exemplo, Vítor escreveu: "Ela está sempreme dando olhares de reprovação corno hoje à noite", o que reflete a sua interpretação deque o olhar angustiado de Júlia era um olhar de reprovação dirigido a ele. Essa afirmaçãopode ser um exagero do quanto Júlia olha para ele só com ar de reprovação.

Ao praticar o preenchimento das colunas de evidências para os seus própriospensamentos automáticos, tente ser objetivo nos dados que você escreve. Contudo,mesmo se você incluir alguns dados não objetivos na coluna 4, o Registro de Pensa-mentos será valioso se você conseguir encontrar evidências para escrever na coluna5. Esta coluna é uma das mais importantes do Registro de Pensamentos, porque pedeque você procure informações que contradizem as suas conclusões. Evidências quemostram que as suas crenças não são completamente verdadeiras podem ser difíceisde serem descobertas quando estamos experimentando um humor forte. Mesmo as-sim, olhar tanto para as evidências a favor quanto contra nossas conclusões é o segre-do para reduzir a intensidade do humor.

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- _-:...0: Pensando de novo.

Um exemplo da vida de Paulo ilustra ainda mais a importância de nos basearmos emevidências para avaliarmos nossas conclusões. Aproximadamente quatro meses apóster começado sua terapia, Paulo sentiu-se muito triste ao voltar para casa vindo deum dia de visita à sua filha e à família dela. Ao chegar em casa, Paulo decidiu escreverum Registro de Pensamentos para compreender melhor a sua tristeza e como urnatentativa de se sentir melhor.

Após ter identificado uma série de pensamentos automáticos, Paulo decidiuque todos eles eram "quentes". Entretanto, aqueles que pareciam mais ligados àsua tristeza eram as idéias de que seus filhos e netos não precisavam mais dele ede que ninguém havia dado atenção a ele naquele dia. Paulo circulou esses pen-samentos mais quentes no Registro de Pensamentos da Figura 6.2, da página 66.

Quando temos pensamentos automáticos negativos, geralmente damos impor-tância àqueles dados que confirmam as nossas conclusões. Antes de preencher set;Registro de Pensamentos, os pensamentos de Paulo estavam concentrados nos evetos da coluna 4, que apoiavam sua crença de que "meus filhos e meus ne os ã

precisam mais de mim". Pensar apenas a respeito dos modos pelos quais sua fam -não precisava mais dele levou-o a se sentir muito triste.

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Quando? humor (O-100%) tantes antes de você compensatório. na coluna 2, assim comoOnde? começar a se sentir b. Meça o quanto você qualquer estado de hu-

deste modo? Algum acredita em cada pen- mar novo (0-100%).outro pensamento? samentoalternativoouImagens? compensatório


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A coluna 5, do Registro de Pensamentos, exigiu que Paulo buscasse ativamenteem sua memória experiências que contradissessem as suas conclusões. Quando Pau-lo recordou eventos que indicavam que ainda precisavam dele e que sua famíliaainda o amava, seu humor abrandou. Embora seus filhos estivessem crescidos e seusnetos estivessem fazendo mais coisas por si próprios, Paulo foi capaz de lembrar deeventos que sugeriam que ele ainda era uma pessoa importante em suas vidas.

O reconhecimento de sua importância para sua família não estava disponível paraPaulo enquanto ele concentrava-se apenas em evidências de que seus pensamentos ne-gativos eram verdadeiros. A coluna 5 encorajou Paulo a efetivamente lembrar e examinarinformações contrárias a seus pensamentos automáticos negativos originais.

Assim como Paulo, você provavelmente experimentará uma mudança no hu-mor se você conseguir encontrar evidências para escrever na coluna 5. Todavia, sevocê está experimentando um estado de humor muito forte ou mantendo uma crençaque lhe parece absolutamente verdadeira, pode ser difícil ver as evidências que nãoapoiam as suas crenças. 'As perguntas do Quadro de Dicas abaixo farão você lembrarde examinar a situação de muitas perspectivas diferentes, ajudando-o a encontrarevidências contraditórias.

PERGUNTAS QUE AJUDAM A ENCONTRAR EVIDÊNCIAS QUEAPOIAM E NÃO APÓIAM O SEU PENSAMENTO QUENTE

• Eu tive alguma experiência que mostra que este pensamento não é com-pletamente verdadeiro o tempo todo?

• Se meu melhor amigo ou alguém que amo tivesse este pensamento, oque eu diria para ele ou ela?

• Se meu melhor amigo ou alguém que me ama soubesse que estou tendoeste pensamento, o que eles diriam para mim? Quais evidências eles memostrariam que sugeririam que meus pensamentos não são 100% ver-dadeiros?

• Quando não estou me sentindo deste modo, penso sobre, este tipo desituação de forma diferente? Como?

• Quando me senti deste modo no passado, sobre o que pensei que meajudou a me sentir melhor?

• Eu já estive neste tipo de situação antes? O que aconteceu? Há algumadiferença entre esta situação e as situações anteriores? O que aprendide experiências prévias que poderia me ajudar agora?

• Existem pequenas coisas que contradizem meus pensamentos que eupossa estar descartando como não sendo importantes?

• Daqui a cinco anos, se olhar para trás em relação a esta situação, euolharei para ela de forma diferente? Concentrarei minha atenção em qual-quer outra parte de minha experiência? .

• Existe algum ponto positivo ou forte em mim, ou na situação, que estouignorando? I

• Estou tirando conclusões precipitadas nas colunas 3 e 4, que não sãototalmente justificadas pelas evidências?

• Estou me culpando por algo sobre o qual não tenho controle total?

A Mente Vencendo o Humor, de Dennis Greenberger e Christine A. Padesky. © 1995 The GuilfordPress.

No começo de sua terapia, Marisa encontrou algumas dificuldades para responder àpergunta "Onde estão as evidências?" Marisa trouxe o Registro de Pensamentosparcialmente completo da Figura 6.3 (página 68) a uma de suas primeiras sessões.Sozinha, Marisa foi incapaz de descobrir quaisquer evidências de que seu pensamen-to quente não era 100% verdadeiro. A seguinte troca com seu terapeuta ajudou-a aacessar algumas informações importantes para o preenchimento da coluna 5. Obser-


Humor Automáticos que Apóiam Não Apóiam o Alternativosl Estados de Humor(Imagens) o Pensamento Pensamento Compensatório

.' Quente QuenteQuem? a. O que você sentiu? a. O que estava passan- a. Escreva um pensa- Meça novamente os es-Oquê? b. Meça cada estado de do por suacabeça ins- mento alternativo ou tados de humor listados

Quando? humor (O-100%) tantes antes de você compensatório. na coluna 2, assim comoOnde? começar a se sentir b. Meça o quanto você qualquer estado de hu-

deste modo? Algum acredita em cada pen- mor novo (0-100%).outro pensamento? samentoalternativoouImagens? compensatório ~


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ve que as perguntas feitas pelo terapeuta de Marisa são semelhantes àquelas do Qua-dro de Dicas da página 67.

A Rgura 6.4 reflete as informações reunidas por Marisa com a ajuda de 5e'~:era. -=:

Terapeuta:

Marisa:Terapeuta:

Marisa:Terapeuta:

Marisa:

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Marisa:Terapeuta:

Marisa:

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Marisa:Terapeuta:

Se entendi bem o seu Registro de Pensamentos, seu pensamento quentefoi "O sofrimento é tão grande que tenho que me matar." Você conseguiuencontrar evidências para apoiar esse pensamento, mas não conseguiuencontrar nenhuma evidência que não apoiasse esse pensamento.Isso mesmo.Você alguma vez já sentiu no passado que o seu sofrimento era tão gran-de que você tinha que acabar com sua vida?Dezenas de vezes.No passado, quando você se sentiu desse modo, o que você fez ou pen-sou que ajudou você a se sentir melhor?É engraçado, mas algumas vezes falar sobre met.f'sofrimento me ajuda ame sentir melhor.Então falar a respeito ajuda. No passado, você já pensou sobre algumacoisa que ajudou você a se sentir melhor?Quando estou me sentindo pior, tento lembrar que já me senti dessemodo antes e que superei a situação todas as vezes.Bem, esta é uma informação importante. Existe alguma coisa sobre a suasituação agora que sugira que o suicídio não é a única opção?O que você quer dizer?Estou me perguntando se você tem alguma esperança ou não de quealgo que não o suicídio diminuirá o seu sofrimento.Bem, acho que estou aprendendo a pensar de um jeitõ diferente, masnão tenho tanta certeza de que isso vá ajudar.Parte de você está em dúvida de se a terapia cognitiva vai lhe ajudar eparte de você tem esperança de que ajude.Estou muito mais em dúvida do que com esperanças.Em termos percentuais, quanto de você está em dúvida e quanto erresperança de que as habilidades que você está aprendendo ajudarãvocê a diminuir o seu sofrimento?Estou 90 a 95% em dúvida e 5 a 10% com esperanças.Ficaremos atentos ao quanto os seus níveis de dúvida e esperança flu -am com o progresso da terapia. Se você dissesse à sua melhor amigaKaren, que "O sofrimento é tão grande que tenho que me matar" o q eela diria para você?Eu nunca diria isso a ela, mas se eu dissesse ela provavelmente me .-que muitas coisas estão acontecendo em minha vida, que muitas coisasestão para acontecer e que tenho rimito a contribuir para o mundo, -não acreditaria nela, de qualquer forma.Ela diria a você alguma outra coisa na qual você poderia acreditar. mes-mo em parte?Ela provavelmente chamaria minha atenção para o fato de que existemsas na vida que me dão algum prazer, que existem momentos quase tod - -dias durante os quais me sinto melhor e sofrendo menos. Ela me lem rerique acho algumas coisas engraçadas e que, às vezes, rio.Se a Karen dissesse a você que ela estava experimentando sofrimenemocional severo e pensasse que o suicídio era a única solução, o _-2

você diria a ela?Eu diria a ela para continuar tentando outras soluções. Teria que ~asolução para ela. Mas eu não vejo muita esperança para mim.Nós consideraremos quanta esperança faz sentido em alguns rni __Primeiro, vamos escrever no Registro de Pensamentos as coisasque acabamos de conversar que podem ir na coluna 5.

Marisa:Terapeuta:

Marisa:

Terapeuta:

Marisa:

Terapeuta:

Marisa:

Terapeuta:



Quente QuenteQuem? a. O que você sentiu? ;' a. O que estava passan- a. Escreva um pensa- Meça novamente os es-Oquê? b. Meça cada estado de do porsua cabeça ins- mento alternativo ou tados de humor listados

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deste modo? Algum acredita em cada pen- mor novo (0-100%).outro pensamento? samentoalternativoouImagens? compensatório


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FIGURA 6.4. O Registro de Pensamentos de Marisa com as evidências completas.

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É importante escrever as evidências que você descobriu enquanto respondia asperguntas do Quadro de Dicas da página 67. Marisa permaneceu bastante desespe-rançosa enquanto discutia sobre estas evidências com seu terapeuta. Mas quando elaescreveu em seu Registro de Pensamentos, descobriu que ver tudo junto de uma sóvez realmente fazia ela se sentir um pouco mais esperançosa e menos deprimida. De .forma semelhante, você tirará maior proveito escrevendo as evidências em relação àsua própria vida, ao invés de simplesmente pensar a respeito delas.

LEMBRETE

J6r-----------------------------~I • Para completar a coluna 5 de um Registro de Pensamentos, faça-se as II perguntas do Quadro de Dicas da página 67. II II · Escreva todas as evidências que mostram que o seu pensamento quente II não é totalmente verdadeiro ao invés de simplesmente pensar a respeito. I~-----------------------------~

__ . lnverdades ou conseqüências.

Com a progressão de sua terapia, Laura tornou-se mais hábil em se fazer as pergun-tas que permitiam a ela completar a coluna 5 do Registro de Pensamentos. Essahabilidade tornou-se um componente importante da capacidade geral de Laura deimpedir que seus sintomas de ansiedade intensificassem chegando a um ataque depânico. A Figura 6.5 demonstra como Laura começou a recuperar o controle ao listar,na coluna 4 do Registro de Pensamentos, as evidências que apoiavam o seu pensa-mento mais quente, enquanto esperava que o avião em que estava decolasse.

Então Laura começou a reunir evidências que não apoiavam o seu pensamen-to quente. Sentada no avião, pensou no que sua melhor amiga lhe diria se estivessesentada a seu lado. Ela sabia que sua amiga diria que seu batimento cardíaco acele-rado era provavelmente conseqüência de seu nervosismo e ansiedade e que nãosignificava necessariamente que ela estava tendo um ataque cardíaco. Além disso,Laura lembrou-se de que seu médico havia lhe dito que seu coração era um músculoe que fazer ele bater mais rápido não era perigoso. Ele tranqüilizou-a de que umbatimento cardíaco acelerado não é perigoso tampouco um sinal definitivo de ataquecardíaco.

Laura também perguntou a si mesma se havia tido alguma experiência quedemonstrasse que seu pensamento quente não era verdadeiro. Ela se deu conta de

I que, de fato, seu batimento cardíaco havia acelerado muitas vezes anteriormente emaviões, aeroportos e quando pensava em voar. Mesmo tendo acreditado que estavatendo um ataque cardíaco naquelas situações, ela compreendia agora que estavatendo um ataque de pânico, não um infarto. . .

Finalmente, Laura perguntou a si mesma o que havia feito ou pensado no!. passado que a havia ajudado a sentir-se melhor. Ela lembrou de que, no passado,

concentrar-se na leitura de uma revista, respirar fundo, preencher Registros de Pensa-mentos e pensar de modo não catastrófico haviam sido de grande ajuda. Ao fazer asi mesma as perguntas do Quadro de Dicas da página 67, Laura escreveu suas res-postas na coluna 5 da Figura 6.6.

As perguntas e as respostas permitiram a Laura perceber informações impor-tantes que contradiziam a sua conclusão inicial, de que estava tendo um ataque car-díaco. Se Laura levasse em consideração essas informações, sua ansiedade diminuía.


Humor Automáticos que Apóiam Não Apóiam o Alternativosl Estados de Humor(Imagens) o Pensamento Pensamento Compensatórios

Quente QuenteQuem? a. O que você sentiu? a. O que estava passan- a. Escreva um pensa- Meça novamente os es-O quê? b. Meça cada estado de do por suacabeça ins- mento alternativo ou tados de humor listados

Quando? humor (O - 100%) tantes antes de você compensatório. na coluna 2, assim comoOnde? começar a se sentir b. Meça o quanto você qualquer estado de hu-

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FIGURA 6.5. O Registro de Pensamentos parcialmente completo de Laura.

1. Situação 2. Estados de 3. Pensamentos 4. Evidências 5. Evidências que 6. Pensamentos 7. Agora Meça osHumor Automáticos que Apóiam Não Apóiam o Alternativos! Estados de Humor

(Imagens) o Pensamento Pensamento CompensatóriosQuente Quente

Quem? a. O que você sentiu? a. O que estavapassan- a. Escreva um pensa- Meça novamente os es-Oquê? b. Meça cada estado de " c', do porsuacabeçains- mento alternativo ou tados de humor listados

Quando? humor (O- 100%) tantes antes de você compensatório, nacoluna2, assimcomoOnde? começar a se sentir b. Meça o quanto você qualquer estado de hu-

deste modo? Algum, acreditaem cada pen- mar novo (0-100%).outro pensamento? samentoaltemativoouImagens? compensatório

b,~ircule o pensamento (0-100%).uente.

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FIGURA 6.6. O Registro de Pensamentos de Laura com todas as evidências.

74 / GREENBERGER & PADESKY

EXERCíCIO: Identificando Evidências que Apóiam e Contradizem os PensamentosQuentes

Assim como Laura fez-se as perguntas do Quadro da página 67 para ajudá-Ia areunir evidências que não apoiavam os seus pensamentos quentes, também vocêpode usar as mesmas perguntas para testar os pensamentos quentes que vocêidentificou em seu Registro de Pensamentos ao final do Capítulo 5. Volte a essesRegistros de Pensamentos agora. Escolha dois ou três deles para continuar a com-pletá-Ios. Outra possibilidade, se você não deseja continuar os Registros de Pensa-mentos que você iniciou no Capítulo 5, é identificar duas ou três situações nas quaisvocê teve recentemente sentimentos fortes e completar a Folha de Exercícios 6.1para esses sentimentos.

Em cada Registro de Pensamentos, circule o pensamento quente que você testa-rá na Folha de Exercícios 6.1. Nas colunas 4 e 5 do Registro de Pensamentos, líste asinformações que apoiam e contradizem o pensamento quente circulado.

Tente listar na coluna 4 somente evidências concretas que apoiam o pensa-mento quente, não interpretações de fatos nem leitura de pensamentos. Por exem-plo, "O Peter me encarou" é um exemplo de evidêncía fatua!. A afirmação "OPeter me encarou e pensou que eu estava louco" não seria tatual a menos quePeter houvesse de fato dito em alto e bom som "Eu acho que você está louco".Se Peter estivesse estado olhando fixamente em silêncio, sua pressuposição deque você sabia o que ele estava pensando é leitura de pensamentos.

Uma vez tendo completado a coluna 4, faça-se as perguntas do Quadroda página 67 para procurar evidências que não apoiam o seu pensamento quen-te. Escreva, na coluna 5, cada uma das evidências que você descobrir. O preen-chimento das duas colunas de Evidências do Registro de Pensamentos permiteque você avalie o seu pensamento quente à luz de diversas perspectivas.

o Capítulo 7 lhe ensinará o que é preciso saber para completar as duas últimascolunas do Registro de Pensamentos. Antes de prosseguir para o próximo capítulo.complete as cinco primeiras colunas de cinco ou seis Registros de Pensamentos. Vocêpode iniciar pelos Registros de Pensamentos parcialmente completos do Capítulo 5(Folha de Exercícios 5.3) e/ou começar Registros de Pensamentos para situações maisrecentes (Folha de Exercícios6.1). Quanto mais você praticar a procura de evidências afavor e contra pensamentos quentes, mais rapidamente você desenvolverá o tipo depensamento flexívelassociado ao "se sentir melhor".

- -- ------ -

REGISTRO DE PENSAMENTOS1. Situação 2. Estados de

Humor3. Pensamentos

Automáticos(Imagens)

..•...•... ~'

4. Evidênciasque Apóiam

o PensamentoQuente

5. Evidências queNão Apóiam oPensamento

Quente

6. PensamentosAlternativosl

Compensatórios

7. Agora Meça osEstados de Humor

Com quem vocêestava?O que você estavafazendo?Ouandofoi?Onde você estava?

Descreva, com uma pala-vra, cada estado de hu-mor.Avalie a intensidade dohumor(0-100%).

Responda algumas outodas as seguintes per-guntas:O que estava passandoem minha mente instantesantes de eu começar a mesentir deste modo?O que isso diz a meu res-peito?O que isso significa em re-lação a mim, à minha vidae a meu futuro?O que temo que possaacontecer?O que de pior pode acon-tecer se isso for verdade?O que isso significa emtermos do modo comoa(s) outra(s) pessoa(s)sente(m)/pensa(m) a meurespeito?O que isso significa em re-lação à(s) outra(s)pessoa(s) ou às pessoasem geral?Ouais imagens ou lem-branças tenho nesta situa-ção?

Circule o pensamentoquente da coluna anteriorpara o qual você está pro-curando evidências.

Escrevaevidênciasfatuaispara apoiar esta conclu-são.

(Tente evitar a leitura depensamentos e interpreta-ções de fatos.)

Faça-se as perguntas doOuadro de Dicas (pág. 67)para ajudar a descobrirevidências que nãoapoiam o seu pensamen-to quente.

A Mente Vencendo o Humor, de Dennis Greenberger e Christine A. Padesky. © 1995 The Guilford Press.

I FOLHA DE EXERCíCIOS 6.1: Onde estão as Evidências?


Humor , Automáticos que Apóiam Não Apóiam o Alternativos! Estados de Humor" (Imagens) o Pensamento Pensamento Compensatórios

Quente Quente a. Escreva um pensa- Meça novamente os es-mento alternativo ou tados de humor listadoscompensatório. na coluna 2, assim como

b. Meça o quanto você qualquer estado de hu-acredita em cada pen- mor novo (0-100%).samentoalternativooucompensatório(0-100%).

Responda algumas outodas as seguintes per-guntas:O que estava passandoem minha mente instantes ..'antes de eu começar a mesentir deste modo?O que isso diz a meu res-peito?O que isso significa em re-lação a mim, à minha vidae a meu futuro?O que temo que possaacontecer?O que de pior pode acon-tecer se isso for verdade?O que isso significa em Circule o pensamentotermos do modo como quente da coluna anterior ~a(s) outra(s) pessoa(s) para o qual você está pro-sente(m)/pensa(m) a meu curando evidências.respeito?O que isso significa em re- Escrevaevidências fatuais

Com quem você Descreva, com uma pala- lação à(s) outra(s) para apoiar esta conclu- Faça-se as perguntas doestava? vra, cada estado de hu- pessoa(s) ou às pessoas são. Quadro de Dicas (pág. 67)O que você estava mor. em geral? para ajudar a descobrirfazendo? Avalie a intensidade do Quais imagens ou lem- (Tente evitar a leitura de evidências que nãoQuando foi? humor branças tenho nesta situa- pensamentos e interpreta- apoiam o seu pensamen-Onde você estava? (0-100%). ção? ções de fatos.) to quente.: ~

. A Mente Vencendo o Humor, de Dennis Greenber er e Christine A. Padesky. © 1995 The Guilford Press.

AM1. Situação 2. Estados de 3. Pensamentos 4. Evidências 5. Evidências que 6. Pensamentos 7. Agora Meça os


Quente Quente a. Escreva um pensa- Meça novamente os es-,- mento alternativo ou tados de humor listados......•.•.

na coluna 2, assim comocompensatório.b. Meça o quanto você qualquer estado de hu-

acredita em cada pen- mor novo (0-100%).samentoalternativooucompensatório(0-100%).

-,Responda algumas outodas as seguintes per-guntas:O que estava passandoem minha mente instantesantes de eu começar a mesentir deste modo?O que isso diz a meu res-peito?O que isso significa em re-lação a mim, à minha vida (

e a meu futuro?O que temo que possaacontecer?O que de pior pode acon- U -tecer se isso for verdade?O que isso significa em Circule o pensamento .termos do modo como quente da coluna anterior "a(s) outra(s) pessoa(s) para o qual você está pro-sente(m)/pensa(m) a meu curando evidências.respeito? -

O que isso significa em re- EscrevaevidênciasfatuaisCom quem você Descreva, com uma pala- lação à(s) outra(s) para apoiar esta conctu- Faça-se as perguntas doestava? vra, cada estado de hu- pessoa(s) ou às pessoas são. Quadro de Dicas (pág. 67)O que você estava moro em geral? para ajudar a descobrirfazendo? Avalie a intensidade do Quais imagens ou lem- (Tente evitar a leitura de evidências que nãoQuando foi? humor branças tenho nesta situa- pensamentos e interpreta- apoiam o seu pensamen-Onde você estava? (0-100%). ção? ções de fatos.) to quente.

A Mente Vencendo o Humor, de Dennis Greenberger e Christine A. Padesky. © 1995 The Guilford Press.

I FOLHA DE EXERCíCIOS 6.1: Onde estão as Evidências?


Humor Automáticos que Apóiam Não Apóiam o Alternativos! Estados de Humor.' (Imagens) o Pensamento Pensamento Compensatórios

Quente Quente a. Escreva um pensa- Meça novamente os es-mento alternativo ou tados de humor listadoscompensatório. na coluna 2, assim como

b. Meça o quanto você qualquer estado de hu-acredita em cada pen- mor novo (0-100%).samentoalternativooucompensatório(0-100%).

Responda algumas outodas as seguintes per-guntas:O que estava passandoem minha mente instantesantes de eu começar a mesentir deste modo?O que isso diz a meu res-peito?O que isso significa em re-lação a mim, à minha vidae a meu futuro?O que temo que possaacontecer?O que de pior pode acon-tecer se isso for verdade?O que isso significa em Circule o pensamentotermos do modo como quente da coluna anteriora(s) outra(s) pessoa(s) para o qual você está pro-sente(m)/pensa(m) a meu curando evidências.respeito?O que isso significa em re- Escrevaevidências fatuais

Com quem você Descreva, com uma pala- lação à(s) outra(s) para apoiar esta conclu- Faça-se as perguntas doestava? vra, cada estado de hu- pessoa(s) ou às pessoas são. Quadro de Dicas (pág. 67)O que você estava moro em geral? para ajudar a descobrirfazendo? Avalie a intensidade do Quais imagens ou lem- (Tente evitar a leitura de evidências que nãoQuando foi? humor branças tenho nesta situa- pensamentos e interpreta- apoiam o seu pensamen-Onde você estava? (0-100%). ção? ções de fatos.) to quente.

A M nto Vonc neto o Humor. ria Dannis Greenberqer e Christine A. Padesky. © 1995 The Guilford Press.

A MENTE VENCENDO O HUMOR I 79

RESUMO DO CAPíTULO 6

• Quando temos pensamentos automáticos negativos, geralmente da-mos importância a dados que confirmam nossas conclusões.

• É útil considerar os seus pensamentos quentes como hipóteses ou-suposições.

• Reunir evidências que apoiam e não apoiam seus pensamentosquentes pode ajudá-Io a esclarecer o seu pensamento e reduzir aintensidade de estados de humor angustiantes.

• Evidências consistem em dados, informações e fatos, não interpre-tações. .

• A coluna 5, do Registro de Pensamentos, pede que você busqueativamente informações que contradigam seus pensamentos quen-tes.

• Você pode se fazer as perguntas específicas do Quadro de Dicasda página 67 para ajudá-Io a completar a coluna 5, do Registro dePensamentos.

• É importante escrever todas as evidências que possam demonstrarque o seu pensamento quente não é 100% verdadeiro.

• Considerar informações que contradizem o seu pensamento quen-te pode ajudá-Io a se sentir melhor.

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A Mente Vencendo o Humor Cap 6