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A meu sobrinho Manolo, - Editora Ave-Maria · tequese. É o tema preferido dos pastoralistas. Preocupam-nos sempre: o conteúdo, a dinâmica, ... a formação do catequista. O auxílio

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A meu sobrinho Manolo, grande catequista e ainda

melhor sacerdote.

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Apresentação

Evangelizar, como o papa João Paulo II gos-tava de repetir, é tarefa urgente e necessária no atual momento da Igreja. Nessa grande tarefa, a catequese tem a missão concreta de ser introdução progressiva e sistemática às insondáveis riquezas do mistério de Cristo. Trata-se de aproximar os homens de tudo quanto a Igreja crê, celebra, vive e ora, tal como nos recorda o Catecismo da Igreja Católica, autêntico tesouro da fé que apresenta a novidade do Concílio Vaticano II, situando-a, ao mesmo tempo, em toda a Tradição.

Para isso, contudo, é preciso a inestimável colaboração dos catequistas. Não existe cate-quese sem catequistas, pois, “no fundo, há outra forma de comunicar o Evangelho que não seja transmitindo a outro a experiência da fé?” A mensagem da fé se faz luz e vida dos homens por meio da mente, do coração, da palavra e da vida de fé dos catequistas que o Espírito Santo suscita na Igreja.

Por tudo isso, nada é mais importante, se quisermos que a nova evangelização se torne

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realidade, que dar atenção à formação dos cate-quistas. Nessa linha, encontra-se o livro de d. José Minguet Micó que tenho a alegria e a honra de apresentar. Escrito com forte alento apostólico, próprio de um audaz e inteligente pregador da fé e com um sentido do concreto, próprio de quem vive a nobre e sagrada tarefa de ajudar os outros a caminhar na fé, este livro trata do tema mais profundo da formação: a atenção ao “ser catequista”, isto é, à sua condição de “testemunha da fé”.

Daí sua proposta: mostrar os traços da es-piritualidade do catequista. Na primeira parte, apresenta-nos seus fundamentos, os pilares sobre os quais se edifica a personalidade do catequista. São estes a fé, a esperança e a caridade que o Es-pírito Santo derrama nos corações. Na segunda parte, introduz-nos, à luz da experiência de fé dos grandes personagens bíblicos, naquelas atitudes que devem guiar o catequista em sua tarefa de comunicar a mensagem evangélica.

Quem ler este livro, sobretudo se for cate-quista, reconhecer-se-á de imediato, como quem se olha num espelho. Mas isso não é tudo. Este li-vro é um convite a ir mais além, a avivar a relação com Jesus Cristo presente na Igreja, fundamento e conteúdo da missão do catequista.

Como bispo e também como antigo coorde-nador diocesano da catequese, agradeço a d. José Minguet Micó este simples e animador livro que

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tantos motivos e argumentos oferece aos cate-quistas no desempenho de sua missão. Queira o Espírito Santo, por intercessão da Virgem, mãe e modelo dos cristãos, fazer frutificar iniciativas como esta, tão necessárias para incentivar uma catequese à altura do momento atual da Igreja e da sociedade.

Javier Salinas ViñalsBispo de Ibiza

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Prólogo

Muito e bem já se escreveu sobre a ca-tequese. É o tema preferido dos pastoralistas. Preocupam-nos sempre: o conteúdo, a dinâmica, os materiais, a idade do catecúmeno, bem como a formação do catequista.

O auxílio que prestaram tanto à pedagogia como à psicologia, foi muito valioso, e com ele chegou-se a resultados muito positivos.

As comissões episcopais de doutrina e cate-quese trabalharam, a partir de suas respectivas missões, com resultado evidente nessa ação eclesial, destacando-a por sua importância no processo global da nova evangelização.

Por isso, desejo entrar nesse campo, no qual me encontro como soldado cauteloso, sem ânimo de fazer outra coisa senão transmitir expe-riência, fruto de quase quarenta anos. Ofereço-a àquelas pessoas que estão a serviço da Igreja em suas respectivas paróquias ou comunidades, po-dendo ajudá-las a descobrir sua espiritualidade e assim serem melhores catequistas.

Motiva-me, dentro da obediência, a comprova-ção de que muito pouco se escreveu sobre a espi-

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ritualidade do agente de pastoral mais universal e importante que temos na Igreja.

Poder contar com paroquianos que serão encarregados da catequese em diversos níveis preocupa quem se encontra em nova etapa. Cada vez mais, torna-se urgente sua preparação e, por vezes, não há tempo, nem eles têm disponibilidade para isso. O resultado é sempre o mesmo: faz-se o que se pode, utilizando o que se tem à mão, com objetivos, a longo prazo, sempre como projeto e agradecendo, com todo o merecimento, aos que quiseram dispor daquilo que têm e são.

Precisamente a eles, jovens e adultos, homens e mulheres, dirige-se este pequeno trabalho. Me-recem todo o esforço que supõe, para um pároco, pôr-se a delinear, durante horas e horas, o que deveria ser a espiritualidade do catequista, do agente de pastoral mais valorizado e querido pelos que trabalham na evangelização.

Recordo-lhes que não sou um teórico, senão mais um homem prático, a quem agrada a clareza e a simplicidade nas exposições, ainda que, às vezes, atrapalhe-me um pouco, sobretudo quando falo.

Que o Senhor Jesus acrescente o que falta, para que a espiritualidade do catequista seja vivida como fundamento de todo o trabalho de-senvolvido neste campo tão importante no atual momento da Igreja.

Se alguém tem de levar ao povo, à base, aos jovens e às crianças o conteúdo e a formulação do

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catecismo da Igreja universal, este deve ser o ca-tequista. Mas, hoje, mais do que nunca, é preciso viver sua fé e alimentá-la a cada dia com o que se configura sua peculiar espiritualidade, porque só assim será eficaz e completa a sua missão.

Estamos num momento muito importante e todo o esforço empenhado será pouco em com-paração com o fruto para o futuro da Igreja.

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priMEirA pArtE

A EspirituAlidAdE do CAtEquistA

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O eterno problema do sere do fazer

Gosto de citar frases que transmitam a sabedoria acumulada, muitas vezes durante séculos, e que definam verdades com precisão. Uma delas é: “ninguém dá o que não tem”. Aplica-se normalmente às coisas materiais, mas, em nosso caso, creio que é válida como ponto de partida, inclusive quando se trata do carisma de catequista.

Dentro e fora da Igreja existe maior preocu-pação com o resultado e o fruto, e inclusive com o número, do que com o ser da atividade, da ação ou do trabalho realizado.

Somente quando os resultados são aberta-mente negativos chamam a atenção e começa-se a análise do que pode ter acontecido. Preocupa-nos mais o fazer do que o ser, quando todos sabemos que se não se é, consequentemente não é possível fazer, porque ninguém dá o que não tem.

Quando se trata de encontrar a identidade do catequista, ocupam mais tempo páginas e teorias sobre o fazer do que sobre o ser. Às vezes, parte-se de falsas suposições. Pressupõem-se coisas demais na hora de delinear esse ministério ou

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serviço catequético. Supomos uma maturidade de fé, que não existe, entre outras coisas, porque não foram dados elementos necessários e apro-priados para poder crescer ainda que tenhamos tentado. Na verdade, existe mais vontade que maturidade. Pressupomos uma experiência na problemática da união entre fé e vida que tam-pouco está à altura do que se deve ter para ser um educador. Pressupomos também, ainda que em menor grau, uma firmeza básica nas próprias convicções, para poder transmiti-las, já que não dispomos de tempo para conhecer a fundo as pessoas em seu contexto social, no trabalho, na família e nos fiamos na boa vontade que elas apresentam.

Isso vem-se repetindo há muito tempo. Avançou-se um pouco, nasceram projetos de catecumenatos sérios, como escola de formação e educação na fé, mas não são para todos, saem com vocação minoritária e com espírito de grupo.

Como dado, é positivo, mas não é do que necessitamos para que, das comunidades paro-quiais saiam catequistas maduros, nos quais se possa pressupor tudo do que um educador da fé precisa no mundo de hoje.

Ninguém dá o que não tem. O catequista deverá descobrir, no seu carisma, se possui o que é preciso para sua missão. Se não, deverá ir atrás para adquiri-lo e transmiti-lo mais tarde aos catecúmenos.

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Somente partindo do ser, pode-se progra-mar com segurança o que se pode fazer, em consequência do que se é. Por isso, é importante descobrir tudo aquilo que define o ser catequista como carisma, para que se procure ser antes de fazer.

É verdade que essa tarefa requer tempo. Mas vale a pena.

Só quem é conhecedor do mistério salvífico de Cristo pode iniciar a outros nesse conhecimen-to. Somente aquele que vive o Evangelho pode oferecer um modo de entender a vida segundo o Senhor Jesus; ensinar a orar a partir de sua própria experiência; celebrar a palavra e os sacramentos a partir de sua vivência comunitária.

Já sei que pode achar complicado e chegar a pensar que isso não é para você, porque não tem tempo ou não dispõe de meios. Mas não se preocupe, estamos falando do ser e não do fazer. O ser é você mesmo e o que deseja ser, unidos em sua própria realidade, fortalecidos pelo chamado a esse carisma. Se quer ser catequista, poderá consegui-lo se tiver sido chamado para isso, mas terá de descobrir o que é preciso para sê-lo e começar já, seriamente, a tentar consegui-lo.

Somente aquele que tem pode dar, somente quem é pode agir em consequência do que é.

O momento atual da Igreja apresenta a grande ocasião, a oportunidade desejada por muitos para empreender a tarefa conjunta, na

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comunidade cristã, de conscientizar o catequista diante da importância de seu “ser”, para que ele descubra sua espiritualidade e possa agir em consequência. Se for necessário interromper a atividade ou dedicar um pouco mais de tempo, creio que vale a pena. A evangelização nova, o catecismo, nosso catecismo exigem tal dedicação.

Esta é nossa proposta e esperamos encontrar muita gente disposta a isso. Você pode ser um dos que concordam que ninguém dá o que não tem; dos que querem dar nada sem nada pressupor, partindo de dentro para fora, tornando-se cada dia mais cheios de Deus para poder comunicá-lo aos demais, sobretudo aos que chegam, e cada vez em maior número, para que alguém lhes indique o caminho da verdade e da vida.

Abandonemos os falsos pressupostos e mer-gulhemos na realidade, agindo em consequência.