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8/6/2019 A migrao dos Mdia tradicionais para a Web - As especificidades da imprensa - ngela Mendes
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Instituto Politcnico de Portalegre
Escola Superior de Educao de Portalegre
Mestrado em Jornalismo, Comunicao e Cultura
Maio de 2011
ngela Mendes
A migrao dos Mdia tradicionais para a Web: As especificidades da
imprensa
Os mdia, tal como os concebemos durante o sculo XX, esto em convulso. AInternet veio alterar as regras do jogo e mudar irremediavelmente a forma como
comunicamos.
Apesar de todo este processo nos parecer novo e desconhecido, se avaliarmos a
histria recente, podemos encontrar paralelismos com outras fases de transformao e
perceber que vivemos uma fase natural, provocada pela evoluo tecnolgica.
Vivemos o mesmo frenesim que se sentiu com o aparecimento da rdio ou o
posterior boom da televiso. Tambm nessas pocas, se achou que a imprensa iriadesaparecer ou que as pessoas deixariam de ouvir rdio. O tempo, porm, mostrou que,
ao invs de desaparecerem, estes mdia conseguiram adaptar-se e sobreviver.
Segundo Fidler, isto acontece porque existe uma espcie de metamorfose ou
Mediamorphosis, como o autor lhe chama. O novo mdia adopta a linguagem do mdia
pr-existente, e instala-se no nosso quotidiano. Sempre que este processo acontece, os
mdia existentes so dados como mortos, no entanto, estes tm-se mostrado mais
resilientes e adaptveis do que seria de esperar. Assim sendo, para Fidler, os mdia tm
de obrigatoriamente se adaptar perante o surgimento de um novo mdia, a sua nica
opo, para alm desta, desaparecer.
At aos dias de hoje, tm sido capazes de o fazer. A imprensa foi capaz de resistir ao
aparecimento da rdio, e os dois resistiram ao aparecimento da Televiso.
Apesar da leitura que podemos fazer da histria, a imprensa parece estar a ter uma
maior dificuldade em ultrapassar o desafio que a Internet representa.
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Mais do que uma ameaa ao formato tradicional da imprensa ou sua linguagem
enquanto meio de comunicao, a Internet coloca em causa a sua subsistncia enquanto
modelo de negcio.
Para alm da procura de uma linguagem prpria que se adapte ao novo ambiente
digital, a imprensa debate-se com uma questo fundamental: quem pagar e como sero
pagos os contedos que produz?
Mais que uma metamorfose, a imprensa enfrenta uma reinveno das suas bases, dos
seus modelos produtivos e de sustentabilidade. Mas este um desafio partilhado
tambm pelos seus leitores, no mundo da Internet, da interactividade, do hipertexto e da
comunicao multilateral. Os mdia deixaram de evoluir sozinhos. A aceitao dos
consumidores de um novo modelo de negcio para a imprensa online ser uma pea
essencial na migrao definitiva da imprensa para a era digital.
Internet e Imprensa: Remediao e Mediamorphosis
Para David Bolter e Richard Grusin, no existe a ruptura entre os mdia j
estabelecidos e aqueles que os sucedem. Existe sim uma espcie de Remediao - os
mdia emergentes adoptam as formas e linguagens dos mdia j existentes como formade justificarem a sua existncia.
A fotografia veio remediar a pintura, assim como a rdio remediou a imprensa e a
televiso remediou o cinema e a rdio.
O novo mdia apropria-se de linguagens j existentes e, com o tempo, torna-a sua.
De uma forma mais ou menos constante, este tem sido um modelo de evoluo dos
mdia durante o sculo XX.
J Fidler, defende aquilo a que chama Mediamorphosis, conceito segundo o qual osnovos mdia no emergem de forma espontnea e independente. Antes, evoluem atravs
de uma metamorfose dos mdia j existentes. So, no fundo, uma evoluo,
principalmente no campo tecnolgico.
Este processo de metamorfose descrito por Fidler, ter seis fases: a co-existncia e
co-evoluo, a metamorfose, a propagao, a sobrevivncia, a necessidade e por fim a
adopo.
Numa primeira fase de co-existncia e co-evoluo, o novo mdia e os velhos mdia
caminham juntos, influenciando-se e adaptando-se at ao processo de metamorfose.
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Segue-se a propagao, fase onde os traos dos novos mdia se espalham e se
transformam em linguagem. Aps esta fase, a sobrevivncia de todos os mdia depende
da sua capacidade de se adaptar a um panorama meditico que tem novos actores.
Segue-se a necessidade e a adopo, fases finais deste processo e essenciais. Para
que um novo mdia vingue necessrio que se conjuguem uma srie de vontades,
politicas, sociais e econmicas. Fidler afirma que The transformation of
communication media, usually brought about by complex interplay of perceived needs,
competitive and political pressures, and social and technological innovations . (22:
1997). Se a sociedade no reconhecer validade ou mais-valia dificilmente o novo mdia
passa para a ltima fase, a da adopo plena.
Tambm a Internet passou por estas fases ao longo das ltimas duas dcadas, estando
a entrar neste momento na fase de adopo total por parte da sociedade que lhe
reconhece amplamente a mais-valia. Fidler, fala mesmo, na sua obra Mediamorphosis,
no ciclo de implementao de novas tecnologias invocando a regra dos 30 anos - uma
gerao at que a sociedade acolha totalmente essa nova tecnologia. Na sua obra
demonstra, atravs de exemplos, que na maior parte das vezes esta regra se aplica, e cita
Saffo para explicar a regra: First decade: lots of excitement, lots of puzzlement, not a
lots penetration. Second decade: lots of flux, penetration of the product into society is
beginning. Third decade: Oh, so what? Just a standard technology and everybody has
it. (9:1997)
Passada que est a primeira fase de deslumbramento tecnolgico, comeamos agora
a olhar para a Internet como sendo o futuro. O futuro da forma como nos relacionamos,
trabalhamos e comunicamos.
Mais que remediar os meios existentes, a Internet veio abrir um mundo de
oportunidades que nem todos esto preparados para abraar.
Apesar de regra dos 30 anos, parece-nos que tudo est a acontecer demasiadodepressa. E os mdia tradicionais so um dos sectores que mais tem sofrido com as
alteraes.
Ao tentar acompanhar e adaptar-se ao novo mdia, a imprensa, por exemplo, tem
sido exposta a mudanas radicais dos seus modos de estar no mercado, de produzir
contedos e principalmente de sobreviver.
Em primeiro lugar, a tecnologia e o ambiente digital alteraram substancialmente aspossibilidades de armazenamento, tratamento, transmisso e consumo de informao: o volume
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da informao recolhida, conservada e disponibilizada muito maior, as fontes de emisso e os
meios de transmisso mais diversificados, e o processo de comunicao torna-se muito menos
dependente das restries de tempo e de espao. (Silva, A.S, 55:2009)
Se a Internet apareceu como uma mais-valia para a imprensa, por lhe permitir maior
rapidez, maior facilidade de actualizao de contedos, e portanto, uma forma mais
eficaz de cumprir a sua misso, tambm lhe trouxe ameaas que s agora estamos a
compreender.
Os jornais (e revistas) detinham o papel; a rdio, a voz e a difuso no ter; e o
mesmo se pode dizer da televiso relativamente imagem. Com a chegada da Internet
tudo se confundiu um pouco, especialmente porque a TV tomou tambm conta da
palavra escrita (como no caso da BBC News Online), a rdio experimentou
activamente a escrita nas suas pginas online, e a imprensa escrita viu-se desprovida
do monoplio da escrita. (Cardoso, 44:2009)
Aps dcadas de bom desempenho empresarial, as empresas detentoras dos mdia,
como os jornais, vm-se hoje confrontadas com a realidade de que o seu modelo de
negcio no pode ser simplesmente transposto para a Internet. Segundo GustavoCardoso OJornal enquanto empresa, local de trabalho e modelo jornalstico baseado
apenas na escrita e na fotografia terminou, ou melhor, no terminou ainda, mas
encontra-se num processo de mutao, que nos far olhar para este momento actual
como o inicio de uma ruptura. (45:2009) O mercado publicitrio mudou, e os leitores
esto tambm eles a migrar lentamente para o mundo digital, onde tudo por princpio
grtis.
Estamos no meio daquilo que Fidler chama de caos During periods of great change,
such as we are now experiencing, everyting around us may appear to be in a state of
chaos and, to a large extent, it is. Chaos is an essential component of change .
(27:1997)
Mais que um problema de linguagem, de adaptao de contedos ou de ajustamentos
laborais, a Imprensa enfrenta a reabilitao do seu modelo de negcio para conseguir
adaptar-se nova era digital. Voltar a tornar a imprensa numa indstria rentvel, ou pelo
menos sustentvel, o ponto fulcral para que a regra se mantenha, e em vez de seextinguir, a imprensa consiga se adaptar ao mdia que a sucede.
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Imprensa e Internet: Os desafios da rede
Entrmos j na segunda dcada do sculo XXI e a comunicao globalizada j uma
realidade cimentada e indesmentvel.Estamos interligados atravs dos nossos computadores ou at mesmo dos nossos
pequenos telemveis. Acedemos aos mdia em qualquer lugar facilmente, se
desejarmos, estamos sempre conectados e a receber informao do outro lado do
mundo. Os mdia tiveram tambm de se adaptar a esta nova realidade.
Os jornais no foram excepo, e esto na sua maioria na Internet. Mas como
constata Castells, () muita gente os l nesse formato. Mas, de qualquer modo, no
esto dispostos a pagar por eles. (234:2001)
Na Internet dos primeiros anos tudo foi tendencialmente gratuito e inverter essa
tendncia um grande desafio. Enquanto a imprensa tradicional podia financiar a
manuteno das verses online, esta era uma questo que no se colocava, no entanto,
ao longo dos ltimos anos, o sector tem sido abalado pela perda de vendas em banca e
pela crise do sector da publicidade. Chegou o momento de olhar para a Internet como
uma verdadeira alternativa. Mas tornar um produto que foi at agora grtis em um
contedo pago no tem sido bem visto pelos consumidores e, salvo raras excepes, um
verdadeiro fracasso para as empresas. Castells menciona um dos poucos exemplos de
sucesso, O nico jornal com um servio de assinaturas rentvel o Wall Street
Journal, que entra na categoria do que as pessoas necessitam para o seu trabalho e
para administrarem o seu dinheiro. (234:2001)
Olhar para o exemplo do Wall Street Journal talvez nos indique um caminho. Os
consumidores esto dispostos a pagar por aquilo que representa uma mais-valia na sua
vida, por contedos que no consegue encontrar noutros locais ou seja, pela informao
exclusiva e especializada.
Estas so caractersticas que no associamos maior parte dos contedos que
encontramos na Internet. Apesar de o panorama estar a mudar, at agora os espaos
online dos jornais mais no eram que um repositrio da edio impressa, alimentados na
maior parte das vezes por notcias de agncia e sem aproveitar as potencialidades da
nova ferramenta que a Internet. .Digital plat forms have been treated too often by
traditional news organizations as just another opportunity to publish existing content.
Many sites are filled with shovelwarecontent that amounts to little more than
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electronic editions of words and pictures from traditional platforms(Grueskin, B.,
Seave. A., e Graves, L. 133:2011)
No h diferenciao nos contedos e a informao que encontramos num jornal
praticamente igual que podemos encontrar nos seus concorrentes.
A conscincia deste facto, por parte dos consumidores, um dos obstculos criao
de valor para os contedos noticiosos na Internet.
Para alm da uniformizao dos contedos entre rgos de informao, a Internet
trouxe ainda um novo fenmeno que a alterao do papel do consumidor no processo
de comunicao. Os consumidores passaram tambm a fazer parte do processo de
produo de contedos e da cadeia de transmisso de informao.
Atravs dos seus blogues, das redes sociais ou simplesmente nas caixas de
comentrios dos jornais online, o consumidor passou a ser o Prosumer, e o jornalismo
do cidado um conceito que veio abalar um pouco as fundaes da ordem estabelecida
no mundo da Imprensa.
A evoluo tecnolgica colocou cmaras fotogrficas e maquinas de filmar dentro do
bolso de todos ns, incorporadas num simples telemvel transformam-nos em
potenciais reprteres.
Os blogues permitiram-nos ser autnticos opinion makers a partir do nosso sof. So
espaos de gesto fcil onde se pode escrever de tudo, artigos de opinio, ensaiar
reportagens ou falar de cozinha. O certo que, vieram ocupar um lugar no espao
meditico e disputar a ateno dos consumidores.
Surgem ainda as redes sociais, e todos os contedos passaram a ser virais, passados
de boca em boca atravs de murais. Atravs delas, as notcias viajam a grande
velocidade, e muitos so os consumidores que j no procuram a fonte original, os
mdia tradicionais, e acedem a informao que precisam atravs do Twitter ou do
Facebook.Resumindo, a imprensa, na sua caminhada para um mundo virtual, est a ser atacada
por todos os lados. Por um lado a linguagem escrita, que era uma propriedade sua, foi
expropriada neste novo ambiente. Todos os outros mdia a usam, assim como a
imprensa se v obrigada a apreender e a lidar com imagens em movimento e sons, que
lhe eram alheios. Encontrar uma linguagem prpria, e com ela criar uma identidade na
Internet o primeiro desafio.
Depois perceber como criar valor, contedos nicos que meream o apreo dosconsumidores. Reportagens, ou opinio ou notcias que no estejam na pgina seguinte
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ou que o blogue do momento no tenha ainda reproduzido. Adaptar-se, nova
linguagem que tem de encontrar, e us-la para criar dividendos.
A imprensa tem tambm de descobrir qual o modelo de negcio se adequa a si.
Depois de criar uma linguagem e de com ela criar contedos vendveis, precisa de
perceber como os vai vender e como os seus consumidores os vo pagar.
Por fim, a imprensa enfrenta o desafio de interagir e lidar com os seus consumidores.
Saber estar nas redes sociais e tirar partido da capacidade de difuso que estas tm. Para
alm disso, saber tambm aproveitar as capacidades dos seus consumidores que so
agora Prosumers e que tm algo para oferecer, e principalmente que querem participar
activamente.
Modelos de Negcio para a imprensa online: Freemium e
Micropagamentos
No ltimo relatrio sobre o Ciberjornalismo, lanado pela Columbia Journalism
School, os autores sublinharam que: () as we have seen, publishers can build economic
success by creating high-value, less-commoditized content designed for digital media.
(Grueskin, B., Seave. A., e Graves, L. 133:2011).Parece ser ponto assente. S a qualidade e a diversidade dos contedos pode
convencer o pblico a pag-los. Dentro desta concepo ensaiam-se ento modelos de
pagamento, ou modos de apresentar os contedos aos consumidores que esto dispostos
a pagar por eles.
O modelo Freemium tem sido apresentado como uma das alternativas. H uma franja
muito lata de contedos pelos quais ningum quer pagar, pela simples razo de que
esto disponveis de forma gratuita em todo o lado. No mdia seguinte, nos motores de
busca ou partilhada atravs das redes sociais. No entanto, a imprensa no se pode dar ao
luxo de eliminar esses contedos, so eles que atraem visitantes ao site, que fazem
crescer os nmeros do trfego das pginas, e consequentemente so os nmeros que os
investidores da publicidade gostam de ver. So tambm esses os contedos que
aparecem nos motores de busca e que mais facilmente so partilhados nas redes sociais.
Fechar esses contedos com paywalls traria mais prejuzos que benefcios.
O modelo Freemium assenta noutra hiptese. A de que para alm desses contedos
abertos, os jornais possam criar contedos Primium. Contedos exclusivos, trabalhos
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mais elaborados, que usem todas as potencialidades de que a Internet dispe. Contedos
que possam ser vistos como uma mais-valia para os consumidores, um pouco
semelhana do efeito que o Wall Street Journal tem nos seus assinantes.
Para l de uma paywall estariam ento esses contedos, a que s acedia quem
possusse uma assinatura ou estivesse disposto a pagar pela pea especfica que
desejasse ler.
Neste ponto essencial entraria o sistema de micropagamentos. Um sistema simples e
fcil que permitisse o pagamento de pequenas quantias, muitas vezes quase simblicas,
pelo contedo em questo. Porque nem sempre a assinatura a opo, a paywall que
separaria os contedos gratuitos dos contedos Primium deixaria de ser intransponvel e
o acesso seria facilitado.
No modelo Freemium coexiste o trabalho j realizado hoje pelos jornais, os
contedos gratuitos, e um abraar da totalidade das potencialidades da Internet, dando
oportunidades s redaces para comearem a produzir contedos exclusivos para a
Internet e, principalmente, oportunidade de explorarem a multimedialidade que a
Internet acarreta e que ainda uma vantagem pouco aproveitada.
As redaces teriam de se ajustar e os mdia de se definir, e especializar, de forma a
tornarem os seus contedos diferentes dos seus concorrentes. Usar as referncias e a
credibilidade que muitas destas instituies j detm e aplic-las a uma ou vrias reas
editoriais da sua preferncia, talvez seja um caminho.
Apesar do seu carcter generalista nos contedos gratuitos, os jornais teriam depois
de fazer o melhor com os recursos humanos sua disposio, escolher uma rea de
conforto, tomar uma posio no mercado e cativar de forma continuada o seu leitor.
Esta uma tarefa que no parece fcil, ainda mais quando uma tarefa que parece
no ter grande acolhimento por parte dos consumidores.
Nos ltimos tempos muitos tm sido os estudos que apontam para uma no-aceitao, por parte do pblico, de contedos pagos na Internet. O consumidor no
compreende porque necessria a mudana de estratgia ou porque devem pagar por
algo que est acessvel gratuitamente.
Mas enquanto tudo for gratuito ningum vai querer pagar. Este uma caminho que
os mdia, e no s a imprensa, tero de fazer em conjunto com os seus consumidores.
Nenhum de ns imagina a nossa vida sem os mdia. Construmos as nossas
percepes do mundo atravs daquilo que vemos, que lemos e ouvimos atravs deles.No estamos por isso dispostos a passar sem eles. O grande pblico s no conseguiu
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ainda compreender a mudana de paradigma, ou o caos como diria Fidler, que vivemos
neste momento.
Estivemos at agora dispostos a pagar pelo jornal que compramos no quiosque. Mas
somos relutantes a pagar pelo mesmo jornal se o virmos online. Porque no lhe
atribumos materialidade, porque no fim do dia no teremos com que forrar as gavetas e
as imagens num ecr so efmeras.
Mas o certo que a evoluo tecnolgica nos leva para esse ponto onde tudo ser
cada vez mais virtual. O aparecimento de novos dispositivos mveis, como os
Smartphones ou o Ipad, leva-nos a crer que as notcias esto cada vez mais ao alcance
de um toque num ecr, e ningum querer esperar pelo dia seguinte para ler no jornal
impresso no papel.
No entanto, e apesar ser difcil de compreender, a produo de contedos para a
Internet no deixou de acarretar custos. Eliminando o custo de impresso e os canais de
distribuio normais implicados no caso do jornal impresso, sobra ainda uma estrutura
de recursos humanos, altamente especializados nas diversas disciplinas do jornalismo,
do design e da informtica que necessrio manter. Alm disso, criar contedos
exclusivos implica investimento. Tudo factores que no esto a ser compensados pela
perda de investimento em publicidade sentida pelos mdia ao longo dos ltimos anos.
Apesar de ainda ser um factor importante, a publicidade na Internet, funciona de
forma muito diferente e no possvel transpor o modelo de relao que existe, entre
anunciantes e jornais, do papel para o digital.
Alm de a percepo de espao publicitrio na Internet ser diferente, a Internet
trouxe um mundo de possibilidades para os anunciantes que no passam pelos mdia. E
a publicidade que transitou para as pginas online no consegue atingir o valor que tinha
no papel.
Sem a publicidade forte que houve no papel, o consumidor ter de se assumir cadavez mais como um consumidor-pagador do que consome, como em quase todos os
sectores do consumo.
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Concluso
Quando sairmos do caos uma mudana ter ocorrido. Os mdia, assim como a
sociedade, esto em constante evoluo e tero de se adaptar realidade digital.O grande desafio escolher qual o modelo que melhor se adequa a cada realidade.
Alguns modelos esto j a ser desenhados, com maior ou menor participao do
consumidor.
O Crowdfunding, o mecenato, a paywall total, o modelo freemium, os
micropagamentos ou os modelos totalmente financiados pela publicidade coexistiro, a
nosso ver. O modelo que funcionar para o Pblico pode no ser o indicado para o
Expresso. A Internet um mundo de possibilidades ainda por descobrir, neste momentoapenas podemos supor quais sero os caminhos a seguir.
A Imprensa passar uma metamorfose complexa, talvez seja o mdia que mais se
ter de adaptar para se integrar, por completo, na realidade digital.
Mas acreditamos que seguir o curso normal da histria e que sair reforado deste
processo. Haver sempre lugar para notcias, reportagens, opinio e conhecimento, o
que mudar, com toda a certeza, o modo como acedemos a esses contedos e como
vamos garantir que eles continuem a ser feitos.
Bibliografia
Grueskin, B., Seave. A., e Graves, L., The Story So Far What We Know About theBusinessof Digital Journalism, Columbia Journalism School, Tow Center for Digital Journalism, NewYork, 2011
Fidler, R., Mediamorphosis Understanding New Media, Pine Forge Press, Thousand Oaks,
California pp. 1-51:1997
Castells, M., A Galxia Internet, Relexes sobre Internet, Negcios e Sociedade, Fundao
Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007
Cardoso, G.;Cdima, F.; Cardoso, L., Media, Redes e Comunicao, Futuros, Presentes,
Quimera, Lisboa pp. 15-71:2009