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A dor de uma ferida fria dentro de fatos quentes A milésima segunda noite na avenida paulista - Joel Silveira Joel Silveira. Sergipano. Nascido em 1938. Jornalista. Sinônimo de boa reportagem no Brasil. Dono de um sagaz texto ácido e irônico. Teve na época Vargas, o auge da sua carreira. Trabalhou para o Diretrizes de Samuel Wainer. Ficou conhecido quando publicou sua visão sarcástica sobre a grã-finagem paulistana, com o texto “1973 – Eram assim os grãs-finos em São Paulo”. Em uma entrevista com Monteiro Lobato, teve a Diretrizes fechada pela censura. Cujo problema foi à reportagem chamada “As muitas guerras de Monteiro Lobato”, que criticava o governo Getúlio e dizia numa frase de efeito: “o poder deveria vir do povo assim como a fumaça vem do fogo.” Encantou o dono do jornal Diários dos Associados: Assis Chateaubriand, o grande imperador da comunicação na época. Pelo seu brilhante, saboroso e provocativo modo de escrever. Chatô após ler sua matéria sobre a grã-finagem paulistana, disse querer aquela “víbora” para trabalhar para ele, e assim o teve. "A milésima segunda noite da avenida paulista", que foi o título escolhido para dar nome ao livro. Esta, que é sem dúvidas uma das maiores e mais famosas reportagens feita por Silveira nos Diários. O texto que explora as melhores qualidades de Joel usando do seu estilo ousado e detalhista para descrever o casamento da filha do magnata paulista Francisco Matarazzo Junior. No livro, Joel traz uma vasta coletânea de reportagens, mostrando seu ponto de vista sobre o Brasil na década de 40 e o Estado Novo. Ele sempre trazia nas mangas, textos que escrevia sobre os lugares, e as pessoas com quem havia estado, e dizia sempre detalhadamente tudo que havia presenciado. Assim tornou-se um dos pioneiros no jornalismo literário no Brasil. Ele não deixava passar em branco nenhuma característica, como por exemplo, a maneira como a pessoa em questão se comporta, isso que para o jornalismo convencional seria por completo irrelevantes.

A Milesima Segunda Noite Na Avenida Paulista

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A milsima segunda noite na avenida paulista - Joel Silveira

A dor de uma ferida fria dentro de fatos quentes

A milsima segunda noite na avenida paulista - Joel Silveira

Joel Silveira. Sergipano. Nascido em 1938. Jornalista. Sinnimo de boa reportagem no Brasil. Dono de um sagaz texto cido e irnico. Teve na poca Vargas, o auge da sua carreira. Trabalhou para o Diretrizes de Samuel Wainer. Ficou conhecido quando publicou sua viso sarcstica sobre a gr-finagem paulistana, com o texto 1973 Eram assim os grs-finos em So Paulo. Em uma entrevista com Monteiro Lobato, teve a Diretrizes fechada pela censura. Cujo problema foi reportagem chamada As muitas guerras de Monteiro Lobato, que criticava o governo Getlio e dizia numa frase de efeito: o poder deveria vir do povo assim como a fumaa vem do fogo.Encantou o dono do jornal Dirios dos Associados: Assis Chateaubriand, o grande imperador da comunicao na poca. Pelo seu brilhante, saboroso e provocativo modo de escrever. Chat aps ler sua matria sobre a gr-finagem paulistana, disse querer aquela vbora para trabalhar para ele, e assim o teve.

"A milsima segunda noite da avenida paulista", que foi o ttulo escolhido para dar nome ao livro. Esta, que sem dvidas uma das maiores e mais famosas reportagens feita por Silveira nos Dirios. O texto que explora as melhores qualidades de Joel usando do seu estilo ousado e detalhista para descrever o casamento da filha do magnata paulista Francisco Matarazzo Junior. No livro, Joel traz uma vasta coletnea de reportagens, mostrando seu ponto de vista sobre o Brasil na dcada de 40 e o Estado Novo. Ele sempre trazia nas mangas, textos que escrevia sobre os lugares, e as pessoas com quem havia estado, e dizia sempre detalhadamente tudo que havia presenciado. Assim tornou-se um dos pioneiros no jornalismo literrio no Brasil. Ele no deixava passar em branco nenhuma caracterstica, como por exemplo, a maneira como a pessoa em questo se comporta, isso que para o jornalismo convencional seria por completo irrelevantes. interessante citar os nomes conhecidos que se vem ao decorrer do livro, trata-se de nobres envolventes da literatura, da poltica, e das artes brasileiras, entre eles: Carlos Lacerda, Rachel de Queiroz, Ceclia Meireles, Jorge Amado, Rubem Braga, Monteiro Lobato, Graciliano Ramos, Jos Lins do Rego, Murilo Miranda entre outros.Joel Silveira teve a chance de entrevistar dezenas de personalidades interessantes e de estar em lugares certos na hora certa. No deixando de observar que as maiorias das suas reportagens so escritas em primeira pessoa. Talvez, seja esse seu grande e diferencial trunfo, onde, ele escreve atravs da sua prpria percepo sobre as coisas, detalhando tudo que seus sentidos presenciaram, diferente de tirar as idias de livros e fontes. Com certeza, um revolucionrio do jornalismo no Brasil. Dono de uma narrativa inteligente, cida, porm, detalhista que usava muitos elementos das narrativas de fico. No livro, "A milsima noite da Avenida Paulista" esse estilo fica muito claro. Silveira abusa dos adjetivos e das metforas para descrever a sociedade paulistana.

Sem dvidas, um livro que alm de trazer diverso, envolve nomes de grandes personalidades importantes no Brasil, mostrando um lado mais real e humano daqueles que eram vistos apenas por intelectuais. Tornando-se possvel entender melhor o que acontecia com o jornalismo censurado, e com a gr-finagem exagerada dentro dos bastidores na ditadura militar.

A "vbora", como diria Chat, sabia, alm de contar os fatos, dar tempero a eles, tornando a leitura das reportagens mais agradvel. Ele usa uma tcnica de montagem de fatos que aponta para as cenas, abusa dos dilogos e d muitos detalhes. A estrutura das reportagens de Joel Silveira pensada para se tornarem lgicas e fceis de entender, falando no somente da histria, mas dos muitos personagens que fazem parte dela. Assim ele conseguiu escapar daquela velha estrutura cronolgica e linear das reportagens do jornalismo convencional.Essa coletnea foi publicada pela Companhia das Letras numa srie de livros de Jornalismo literrio da editora, j que Joel Silveira considerado o abre-alas do jornalismo moderno brasileiro, usando recursos de narrativa de fico em seus textos.Paula Aline Rodrigues Romano - 05008092 - 5 semestre do curso de Jornalismo.