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A mise-en-scène do processo artístico: teatralidade, espetáculo e linguagem do documentário no filme César deve morrer Tânia C. Kaminski Alves Assini (UTP) Resumo: Este texto tem como objetivo refletir sobre o filme César deve morrer (2012), vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 2012, dirigido por Paolo Taviani e Vittorio Taviani, a partir da peça de teatro Júlio César de William Shakespeare, interpretado por detentos da prisão de segurança máxima de Rebibbia, em Roma. Interessa, neste recorte, analisar aspectos da heterogeneidade do processo criativo, com destaque para a justaposição e zonas de contato entre cinema e documentário, a intersecção destas linguagens ou gêneros, o encontro e o enfrentamento de suas forças, a troca de movimentos e os desdobramentos de uma na outra. Os filmes produzidos pelos Irmãos Taviani tem em comum uma estética mais própria ao cinema arte, por aportar grande liberdade artística, mesclar linguagens de outros campos expressivos e desafiar os critérios mercadológicos da indústria cultural. No filme César deve morrer a realidade da prisão irrompe na ficção do teatro e do cinema. Há a interferência entre o real e a fábula. É preciso aceitar, por princípio, que toda verdade é relativa e que é suficiente enunciar claramente os pontos de vista, o testemunho como prova de verdade? A verdadeira questão talvez esteja além, pois é precisamente neste ato de desvio, de apropriação, de distanciamento, que se produz o fenômeno artístico. Palavras chave: César deve morrer; heterogeneidade; processo criativo; cinema e documentário. Introdução Este texto tem como objetivo refletir sobre o filme César deve morrer (2012), dirigido por Paolo Taviani e Vittorio Taviani, a partir da peça de teatro Júlio César de William Shakespeare, interpretado por detentos da prisão de segurança máxima de Rebibbia, em Roma. Interessa, neste recorte, analisar aspectos da heterogeneidade do processo criativo, com destaque para a justaposição e zonas de contato entre cinema e documentário, a intersecção destas linguagens ou gêneros, o encontro e o enfrentamento de suas forças, a troca de movimentos e os desdobramentos de uma na outra. O referencial teórico que fundamenta a análise do filme converge em diferentes esferas para formar um novo patamar. A partir de Bakhtin (1993), a polifonia observada no conjunto de vozes em tensão dialética dentro do texto faz aflorar o dialogismo. Para a análise da heterogeneidade e hibridização entre linguagens no filme, é fundamental

A mise-en-scène do processo artístico: teatralidade, espetáculo e ... · Tanto no teatro, e na literatura, como no cinema, é grande o número de escritores e diretores que utilizaram

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A mise-en-scène do processo artístico: teatralidade, espetáculo e linguagem do

documentário no filme César deve morrer

Tânia C. Kaminski Alves Assini (UTP)

Resumo: Este texto tem como objetivo refletir sobre o filme César deve

morrer (2012), vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 2012, dirigido por

Paolo Taviani e Vittorio Taviani, a partir da peça de teatro Júlio César de William

Shakespeare, interpretado por detentos da prisão de segurança máxima de Rebibbia, em

Roma. Interessa, neste recorte, analisar aspectos da heterogeneidade do processo

criativo, com destaque para a justaposição e zonas de contato entre cinema e

documentário, a intersecção destas linguagens ou gêneros, o encontro e o enfrentamento

de suas forças, a troca de movimentos e os desdobramentos de uma na outra. Os filmes

produzidos pelos Irmãos Taviani tem em comum uma estética mais própria ao cinema

arte, por aportar grande liberdade artística, mesclar linguagens de outros campos

expressivos e desafiar os critérios mercadológicos da indústria cultural. No filme César

deve morrer a realidade da prisão irrompe na ficção do teatro e do cinema. Há a

interferência entre o real e a fábula. É preciso aceitar, por princípio, que toda verdade é

relativa e que é suficiente enunciar claramente os pontos de vista, o testemunho como

prova de verdade? A verdadeira questão talvez esteja além, pois é precisamente neste

ato de desvio, de apropriação, de distanciamento, que se produz o fenômeno artístico.

Palavras chave: César deve morrer; heterogeneidade; processo criativo; cinema e

documentário.

Introdução

Este texto tem como objetivo refletir sobre o filme César deve

morrer (2012), dirigido por Paolo Taviani e Vittorio Taviani, a partir da peça de

teatro Júlio César de William Shakespeare, interpretado por detentos da prisão de

segurança máxima de Rebibbia, em Roma. Interessa, neste recorte, analisar aspectos da

heterogeneidade do processo criativo, com destaque para a justaposição e zonas de

contato entre cinema e documentário, a intersecção destas linguagens ou gêneros, o

encontro e o enfrentamento de suas forças, a troca de movimentos e os desdobramentos

de uma na outra.

O referencial teórico que fundamenta a análise do filme converge em diferentes

esferas para formar um novo patamar. A partir de Bakhtin (1993), a polifonia observada

no conjunto de vozes em tensão dialética dentro do texto faz aflorar o dialogismo. Para

a análise da heterogeneidade e hibridização entre linguagens no filme, é fundamental

pensar as noções de rizoma e de platô, a partir de Deleuze e Guattari (2000). Entende-se

a partir de Deleuze, platô não como estrutura fixa, mas como estruturação, camadas que

se interconectam, relacionam-se umas com as outras, complementando-se sem perder

suas singularidades.

1 Mise-en-scène: teatralidade, espetáculo e linguagem do documentário

A produção do filme César deve morrer denota um trabalho contestador da

linguagem cinematográfica inserida no mercado de cultura, sendo um filme que provoca

o público a ser intelectualmente ativo ao propor uma mise-en-scène baseada na

teatralidade, no espetáculo e na linguagem do documentário, sendo a linguagem do

documentário o elemento a separar o significante do não significante e a estratégia que

alinha ângulos diferentes de uma mesma cena, colocando em causa diferentes pontos de

vista. Neste sentido, vale lembrar que:

Todo o filme é documental porque remete para pontos de vista, para

modos de pensar, para modos de ver o mundo. [...]. Documentário e

ficção são dois modos de documentar, de comentar o mundo. Retirar a

componente documental dos filmes de ficção é retirar-lhes uma

componente essencial mas, também, podemos dizer que retirar ao

documentário a sua parte ficcional é retirar-lhe uma componente

essencial (PENAFRIA, 2005, p. 04).

Esta reflexão remete a princípios da estética neorrealista italiana, engajada com o

social, com a “verdade”, com a “naturalidade” das histórias produzidas, em sua maioria,

fora dos estúdios e com a presença de não atores, aparato técnico minimalista e o meio

social transformado em mundo ficcional.

César deve morrer contempla em sua produção muitos aspectos da estética

neorrealista, mas também da estética do cinema de autor1, considerando que o filme

traz claramente o estilo dos Irmãos Taviani demarcado em suas obras, a exemplo da

diluição entre as fronteiras do ficcional e do “real” vivido.

1 O texto Camera Caneta – Nascimento de uma nova vanguarda, do crítico francês Alexandre Astruc,

publicado em 1948 forneceu a base para a elaboração da noção de autor tal como é conhecida até hoje.

“[...] Todo filme, autoral ou não, é uma rede de relações e contatos com outros filmes. Alguns, os ditos de

autor, evidenciam mais a colaboração de um artista-autor. Separar o que é referência cultural e artística de

sua apropriação e transmutação pelo indivíduo é uma tarefa complexa, trabalhosa e às vezes obscura”

(PINHEIRO, 2012, p.71).

Ainda, segundo Penafria (2005, p 04), “[...] Não havendo uma fronteira nítida,

colocamo-nos nessa zona de fronteira para dizer que da nossa parte o que nos interessa é

a verdade cinematográfica. E esta é a nossa alternativa ao conceito de ‘indexação’”. De

acordo com as reflexões da autora, “a pertença a um determinado gênero não é

relevante” (2005, p. 05), interessando verificar aspectos que unem documentário e

ficção.

Lado a lado: documentário e ficção. Se toda a imagem é falsa, o

mesmo princípio aplica-se a ambos, se toda a imagem é verdadeira, o

mesmo princípio aplica-se a ambos. Se toda a imagem é ao mesmo

tempo falsa e verdadeira, o mesmo princípio aplica-se a ambos. Não

entendemos haver razão nenhuma que confira uma maior legitimidade

ao filme documentário (PENAFRIA, 2005, p 04).

A autora destaca a aplicação do mesmo princípio de “imagem - verdade” e

“imagem – falsa” tanto ao documentário quanto à produção ficcional, propondo,

inclusive um olhar para os simulacros das imagens em ambos os gêneros.

A pesquisadora Danielle Merahi soma-se a esta discussão ao refletir, a partir da

obra de Derek Paget (1990) sobre o “factual” e o “ficcional”, citando diversos gêneros

na Inglaterra do pós-guerra que assimilaram a forma documental, seja para os meios

comunicacionais, seja para a adaptação de clássicos.

Derek Paget, em seu livro True Stories, faz uma análise muito

abrangente e pertinente quanto à onipresença de fatos reais na

mitologia do século XX. Ele desenvolve a existência de uma fronteira

instável e flutuante entre ‘factual’ e ‘ficcional’ e religa as formas

dramáticas, fílmicas ou televisuais à história verdadeira em um

contexto ideológico. Colocando em evidencia o mito do

‘real=verdade’, ele o liga à problemática do realismo e do naturalismo,

distinguindo duas tradições do documentário, os de ‘reporting’

[narração] e os de ‘gravação’. A primeira contextualiza o evento, a

segunda visa a narrativa objetiva. Paget também se interessa pelo

papel do teatro radical nas sociedades conservadoras e pela

recuperação por parte da indústria do entretenimento, que tenderia a se

infiltrar e assimilar a forma documental. Assim, ele estabelece o papel

da ideologia política, de seus meios e de seu poder. Na Inglaterra, na

abundância do pós-guerra, pode-se citar gêneros bem diversos:

reapresentações ou adaptações de clássicos, peças ‘bem feitas’ (well-

made plays), peças socialistas (socialist plays), peças históricas, teatro

documentário, teatro verbatim, performances, musicais, shows de um

homem só, stand-ups, teatro físico, teatro-dança (MERAHI, 2013, p.

3).

Tanto no teatro, e na literatura, como no cinema, é grande o número de escritores e

diretores que utilizaram a vida “real” como material de base e, é importante observar,

que muitas vezes, a autenticidade da obra está nesses diálogos. Shakespeare costumava

inserir nos diálogos de seus personagens falas de pessoas do povo e excertos de

discursos oficiais, o que conferia ao seu teatro dialogicidade e polifonia, a partir do

conjunto de vozes de diferentes camadas sociais colocadas em confronto ou por meio do

cômico ou na estrutura do trágico.

No filme César deve morrer a realidade da prisão irrompe na ficção do teatro e do

cinema. Há a interferência entre o real e a fábula. É preciso aceitar, por princípio, que

toda verdade é relativa e que é suficiente enunciar claramente os pontos de vista, o

testemunho como prova de verdade? A verdadeira questão talvez esteja além, pois é

precisamente neste ato de desvio, de apropriação, de distanciamento, que se produz o

fenômeno artístico.

Figura 1 - Cena do filme César deve morrer. 2

As duas imagens mostram alternadamente, o espaço cênico e o espaço físico do

pátio onde os detentos saem para tomar sol. Enquanto a tomada 1 (figura 1) mostra o

quadro da saudação a César, o grande imperador romano, metáfora do poder, a tomada

2 (figura 2) - mostra os presos em seu silenciamento saindo para tomar sol enquanto

esperam a liberdade. As duas tomadas de cena são justapostas, no sentido da intersecção

de significados, para evidenciar as cenas que se conflituam, se chocam, imprimindo na

2 Todas as figuras que ilustram a presente reflexão foram extraídas do filme César deve morrer, objeto

deste estudo.

tela, uma linguagem que traduz diretamente o pensamento em estímulos sensíveis,

escavando a história, ao modo da montagem segundo a estética eisensteiniana.

Figura 2 - Cena do filme César deve morrer.

As imagens são mostradas de cima, aparentemente por uma câmera fixa,

simulando registrar o cotidiano dos internos, elementos facilmente identificáveis no

contexto de um documentário. Contudo, a produção destas imagens contém o embrião

da direção ou mise-en-scène, fazem parte de um aparato de construção de uma

realidade, em que se cruzam dialogicamente elementos do “real” e do ficcional,

elementos do ensaio da peça e da vida como representação, (figuras 3 e 4). Espaços que

constituem territorializações e desterritorializações e, sobretudo, intra agenciamentos,

como se pode depreender das imagens que seguem:

Figura 3.

Figura 4.

Toda força de verdade captada na vida vem principalmente do fato de

corresponder ao olhar de um personagem de ficção, concebido num roteiro como um

presidiário atormentado com a idéia de liberdade e que acaba de “cavar um túnel” por

onde olha a rua, talvez apenas para que possamos vê-la com seus olhos. Resguardando-

se o tom romanesco sobre a arte, a câmera dos Irmãos Taviani penetra nos corredores e

nas celas de Rebibbia em Roma, como um antropólogo, para surpreender os

mecanismos do poder no cotidiano de seus habitantes.

Figura 4 – Fotografia dos diretores. Figura 5.

A fotografia que mostra os diretores Paolo Taviani e Vittorio Taviani no local

das filmagens de César deve morrer foi divulgada no jornal online Globo G13. As duas

imagens remetem à idéia de Bazin (1995), um cinema que deveria ser antes de tudo uma

janela aberta para o mundo; um meio de decifrá-lo ou de fazê-lo revelar sua verdade nas

próprias aparências.

Walter Benjamin4 (1994) trata sobre a experiência como expressão da reflexão

sobre o vivido. A experiência cotidiana é vista de uma “certa distância” e também sob

“um ângulo de observação”. Essa é a experiência comunicável e, para Benjamin, a sua

forma de expressão é a narrativa. Benjamin indaga se a relação entre o narrador e a sua

matéria - a vida humana - não seria ela própria uma relação artesanal. Não seria sua

tarefa trabalhar a matéria-prima da experiência - a sua e a de outros - transformando-a

num produto único?

Acredita-se que não seja paradoxal para os Irmãos Taviani que bebem na fonte

do neorrealismo italiano, mas também no cinema de autor, articularem dialeticamente a

proposta da “realidade objetiva” (Bazin) e a potencialidade da justaposição (Eisenstein),

3 ESTREIA: 'CÉSAR DEVE MORRER' É CRÔNICA SHAKESPEARIANA FEITA POR DUPLA

ITALIANA. Disponível em: http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2013/02/estreia-cesar-deve-

morrer-e-cronica-shakespeariana-feita-por-dupla-italiana.html. Acesso em 10 de fevereiro de 2014.

4 Walter Benjamin ao pensar a distração e a contemplação no cinema, observa que a primeira é um modo

de percepção provocado por um efeito de choque que se potencializa pela montagem singular das

imagens. A recepção por distração integra, segundo Benjamin, uma “reestruturação do sistema

perceptivo” que passaria a ser predominantemente tátil e não mais apenas ótico; um intuito que os

dadaístas já procurariam e que o cinema conseguiria realizar (BENJAMIN, 1994, p. 194), sobretudo, a

partir da montagem de Eisenstein.

interessados, pois no processo em que fundem a pesquisa no espaço cênico, o

documentário e o cinema. Propõem, assim um “produto diverso”, ou ao modo da

estética da hipervenção, a possibilidade de “criar uma rede interativa de conexões que

desafiam sistemas arbóreos e encorajam trajetos rizomáticos”(ARAUJO 2007, p. 23). A

imbricação deste olhar plural e complexo permite criar os elementos expressivos para

romper com toda identificação, com a denominada “quarta parede”. No filme César

deve morrer opera-se a coexistência de duas ou mais estéticas que se fundem e se

complementam tal como propõe a estética da hipervenção.

A montagem de César deve morrer propõe uma leitura para além da

intertextualidade, indicando o caminho de uma hipertextualidade expressa mais em

conteúdo do que em forma, já que interessa, aos diretores, utilizar da peça de teatro

Júlio César, o conteúdo e não o gênero teatral. A estrutura do gênero tragédia é diluída

para criar um outro texto em um novo formato. Toda vez que ocorre a ruptura com o

gênero vem à tona novos conteúdos. O hipertexto indica uma leitura não linear. Um

texto com diferentes caminhos de interpretação, possibilitando aos leitores fazerem

escolhas no processo de construção de significados. Neste sentido, se entende a

hipertextualidade como uma série de vestígios de textos conectados por caminhos

significantes. A leitura hipertextual torna possível produzir textos não lineares

interconectados com outros textos a partir de palavras, imagens ou outros objetos, o que

se traduz em termos de hibridização e conduz para a questão da criação de um texto-

hiper, chegando ao que Araujo (2007) denominou de estética da hipervenção.

A intervenção em César deve morrer atua em dois níveis por trabalhar com

idéias associadas, mas diversas. Uma destas idéias é a intervenção real do diretor de

teatro, Fábio Cavalli, que acompanha os ensaios e dos detentos que atuam no filme,

deixando aflorar relatos e memórias pessoais que se cruzam com o texto de Shakespeare

e gerando, em um segundo nível, a intervenção dos ensaios no cenário preto e branco

(interior do presídio), que supostamente deveria resultar em um filme sobre a peça Júlio

César. Os diretores, além de proporem uma versão contemporânea que transcria o texto

base, questionam os limites entre o filme e o documentário.

Desta forma, a estética da hipervenção funciona dentro do filme a partir da

intervenção da estética do documentário na trama neorrealista. A intersecção de

significados aparece por meio da linguagem híbrida e heterogênea do filme, tornando

visível o invisível.

Parte das cenas que aparecem no filme são registradas por câmeras documentais

dentro do presídio de Rebibbia, a exemplo de imagens dos presos nos corredores do

presídio, que ora é o espaço da representação, ora é espaço da vivência “real” dentro da

prisão, ora é o espaço da rememoração das próprias vivências dos detentos, sendo

possível, reconhecer, aí, um dos princípios do docudrama5, forma que teria nascido do

encontro entre o documentário e o melodrama.

A forma híbrida do docudrama envolve aspectos de uma narrativa documental que

intenta a justaposição entre "real" e "ficção”, uma espécie de dramatização do real.

Constitui-se em material que exerce grande influência sobre a recepção por aproximar-

se da realidade da vida, contudo, rejeita a alegação de autenticidade do documentário.

El docudrama requiere de una historia muy bien representada, con

muy buenos actores. Un drama que se ajusta a una determinada

realidad. Juega con la especulación no realista. [...] hay algunas

reconstrucciones que poseen un lenguaje encaminado expresamente a

crear un elevado estado de identificación imaginativa de los

espectadores con el tema (FUENZALIDA, 2008, p.152).

5 “O termo docudrama foi utilizado pela primeira vez na década de 30, portanto numa era pré-televisão,

através dos estúdios de Hollywood que produziam representações de fatos históricos tornando-se

um importante veículo de difusão e ensinamento da história. Essa era ficou conhecida como biopic ou

biographical picture. Eram recriações baseadas em fatos reais e remetiam fatos dos primórdios do

cinema como the execution of Mary queen of scots (1895) e the private life of Helen of Troy (1927). Um

dos antecedentes do gênero Docudrama, tal como conhecemos hoje, é representado, segundo John,

British Corner (1999), pelos dramatized documentaries, uma espécie de documentário produzido

exclusivamente para a televisão britânica, através da BBC, nos anos 50. As temáticas eram as mais

diversas passando por histórias de vandalismos, drogas, problemas da juventude, casamentos na

terceira idade e prostituição, entre outros. Do início dos anos 60 até meados dos 70, a BBC

produziu dramatized documentaries que retratavam os problemas políticos e sociais da época. Na década

de 70, o gênero se desenvolveu com bastante espaço na televisão norte-americana que produziu

docudramas reconstituindo eventos factuais e contemporâneos como a guerra do Vietnã, movimentos

pelos direitos civis, questões de justiça militar, entre outros, demostrando o lado humano ou

emocional dos jornalistas, enquanto a televisão britânica continuava a enfatizar recriações históricas e

biográficas. Em 1977, a rede ABC apresenta docudramas em formato made for TV com significativo

sucesso de audiência. Buonanno (1993) nos chama a atenção para a existência de uma reality syndrome

ou de uma TV Truth – Televisão verdade -na televisão dos Estados Unidos na década de 70 em que havia

uma tendência a abordar escândalos sensacionalistas e reconstituições de históricos de vida, enquanto

na Inglaterra da década de 60, conforme já observamos, buscava-se reconstituir investigações

históricas,políticas e sociais.[...] Como um neologismo, o termo docudrama é muitas vezes confundida

com docufiction. No entanto, ao contrário docufiction é, essencialmente, um documentário filmado em

tempo real, incorporando alguns elementos de ficção. Docudrama é filmado em um momento posterior

aos eventos que retrata” (SANTOS, 2009, p. 05).

Um docudrama pode ainda ser conhecido como teatro documental6. Nos

elementos centrais da sua história, um docudrama se esforça para aderir a fatos

históricos conhecidos, permitindo um maior ou menor grau de licença dramática em

detalhes periféricos, e onde existem lacunas no registro histórico. O diálogo pode incluir

discursos reais do cotidiano das pessoas, ou registros de documentos históricos.

Produtores de docudrama, por vezes, optam por filmar seus eventos reconstruídos nos

locais reais em que os acontecimentos históricos ocorreram. O docudrama é um

documentário que é permeado pelo drama, sendo assim, “o docudrama, na qualidade de

discurso que enuncia pela forma da narrativa clássica, deve trabalhar a história a

fim de transformá-la em trama. A história em si não basta para o docudrama.

O produtor chileno Valério Fuenzalida explica que a denominação mais

convencional do docudrama é a "hibridização entre o gênero informacional (que

documenta um núcleo ocorrido apoiado em fatos sobre temáticas com desventuras

cotidianas) e uma representação ficcional feita por atores” (FUENZALIDA, 2008,

p.160). A intersecção por meio da justaposição destes elementos aponta para o

simulacro da representação.

As personagens ficcionais representadas por não-atores profissionais significam

corporalmente o caráter não ficcional da narração e marcam o caráter híbrido do

gênero. Estes elementos encontram-se no filme dos irmãos Taviani, contudo, ao olhar

para o filme como um todo significante não se considera que a presença de não-atores

profissionais seja suficiente para classificar o filme como docudrama.

As falas das personagens se misturam com relatos, nos quais cada um

caracteriza-se pela dominância da voz de um dos detentos. Os relatos, por sua vez,

encontram-se intercalados com comentários do diretor e de outros personagens. Os

sujeitos da representação são ao mesmo tempo personagens de ficção e sujeitos sociais a

6 “Singularizando-se a maior tendência dos anos 2000, o teatro documental, pode-se nomeá-lo de formas

diferentes e misturá-lo: documentário drama, drama-documentário, docudrama, dramadoc, documentário

dramatizado ou ficção. Essa riqueza lexical reflete uma certa confusão. Além disso, devemos considerar a

reticência de alguns autores em afirmar a sua filiação a um tipo de teatro. Por exemplo: a peça inglesa

Stuff Happens é apresentada na França no programa do Théâtre des Aman-diers [teatro das amendoeiras],

de Nanterre, como o ‘tecido de declarações públicas e de cenas íntimas ... [onde o] verbatim e a ficção se

imbricam’. David Hare, o autor, escreve: ‘Esta é, definitivamente, uma peça, não um documentário’.

Entretanto, seja teatro histórico, político,documental, verbatim ou ficção inspirada em fatos reais, há

atualmente uma tendência notável quanto a se referir a histórias reais. No entanto esses teatros tomam

emprestados modos de expressão e códigos muito diversos. Assim, é melhor falar de Teatros do

real’’.(MERAHI, 2013, p. 3).

revelarem, a partir do texto dramatúrgico, seus próprios dramas pessoais e, por

extensão, o drama social. Visualiza-se na proposta desta dialogia interna, nos elementos

polifônicos e intertextuais, a “intervenção” da estética do documentário na trama

neorrealista.

Figura 6. Figura 7.

Figura 8. Figura 9.

Figura 10. Figura 11.

Juan Dario Bonetti, Cosimo Rega, Salvatore Striano, Giovanni Arcuri, Antonio

Frasca, Vincenzo Gallo, Juan Dario Bonetti são pessoas reais. Contudo, esta não é a

questão: as imagens (também reais) que supostamente “veem” como projeções de sua

imaginação, no ensaio da peça de teatro, constituem um recurso puramente ficcional

(Figuras 6 a 11).

Figura 12. Figura 13.

A pergunta é estendida ao modo de um olhar para a história futura, mas só pode

ser feita conhecendo-se o passado e este é presentificado a cada nova leitura, a cada

nova montagem da peça.

Figura 14. Figura 15.

Figura 16. Figura 17.

Observa-se a explosão do espaço cênico (figuras 12 a 17), visualizado nas

rupturas e cortes de cena em que atores representam personagens de Shakespeare e em

uma passagem abrupta passam a representar seus próprios papéis cotidianos, no interior

da prisão. Estas rupturas são marcadas pelo som e pelo contraste das cores. Outro

elemento expressivo que colabora com a quebra da “quarta parede” é a presença de

frases que irrompem na cena, provocando o distanciamento crítico.

Figura 17. Figura 18.

Figura 19. Figura 20.

Figura 21. Figura 22.

Figura 23. Figura 24.

A presença de recursos cênicos, a exemplo da utilização de cartazes, títulos,

projeções de textos que comentam de forma narrativa, as ações remetem

intertextualmente à representação épica (figuras de 17 a 24).

O ator da representação épica, para trabalhar o efeito de distanciamento, dirige-

se não só aos que estão no palco, mas também diretamente ao público. Anatol

Rosenfeld (1968, p. 259) explica que o ator “deve ‘narrar’ o seu papel, com o ‘gestus’

de quem mostra um personagem, mantendo certa distância dele”. Nenhuma concessão

deve ser feita à ilusão.

A partir daí, entende-se o pressuposto básico da realização dos

distanciamentos: se o ator não desaparece atrás do personagem é

porque, além de mostrar-se como ator, ele mostra também o

personagem, e o espectador vê o ator que mostra e se mostra, e o

personagem que é mostrado. Tudo dependerá então das técnicas que

constroem esse ato de mostração, da elaboração do gesto que o ato de

mostrar exige. Tudo vai se concentrar no cultivo das distâncias –

distância entre o ator e o personagem, distancia entre o espectador e o

personagem. [...] (BORNHEIM, 1992, p. 259).

Registre-se que os atores do filme são internos do presídio atuando como eles

mesmos, representando os personagens da peça de Shakespeare. É importante refletir

que Shakespeare7 criava maneiras diversas de representar a mudança no ser humano,

fundindo elementos da comedia na tragédia e que Brecht atravessa a tradição para

construir as bases do seu teatro épico, inclusive assimilando aspectos do teatro

7 “Shakespeare faz questão de causar estranhamento com relação ao personagem de Tito; Brecht não teria

feito melhor, e seu célebre “efeito alienante” é plagiado de Shakespeare. A peça mal tem início e Tito

ordena o sacrifício do primogênito de Tamora, em memória dos filhos dele, Tito, vinte e um dos quais (de

um total de vinte e cinco) pereceram, bravamente no campo de batalha. [...] Shakespeare faz o possível

para que nos antipatizemos com Tito, quase tão monstruoso como Tamora e Arão [...]” (BLOOM,1998

p. 115-116).

elisabetano, a exemplo da inclusão de personagens e relatos de ações que promoviam a

não identificação com público. Marlene Soares reflete que:

[...] Talvez a personagem-narradora mais famosa da obra dramática de

Shakespeare seja o espírito do pai de Hamlet. [...] entre as

incalculáveis leituras de Hamlet, já foi dito mais de uma vez que é

uma peça de teatro sobre o teatro devido à sua teatralidade ostensiva –

a presença dos atores itinerantes, a peça-dentro-da-peça, os conselhos

de Hamlet aos atores, as referências às companhias das crianças, e a

própria figura do príncipe como ator amador, representando o papel de

louco (SANTOS, 2009b, 114-115).

Destaca-se a importância da dramaturgia shakespeariana na transformação dos

gêneros literários e na inovação estética do teatro e do cinema, na medida em que

aspectos de uma estética heterogênea e híbrida já estavam postos nas produções de

Shakespeare.

Na montagem de César deve morrer, a atuação de atores que não são atores, as

dificuldades dos diretores, a inclusão dos dialetos regionais no texto clássico, a música,

o cenário, e o interior do presídio contribuem para a quebra da chamada “quarta

parede”.

Verdadeiro, falso, falso erigido como verdade, verdade escondida na ficção. A

história vivida no interior do presídio passa pelo filtro da teatralização e pela

experiência da cena que também envolve o olhar do espectador. A imagem da câmera,

(figura 25) no quadro abaixo remete para se pensar na linguagem cinematográfica,

como a linguagem (o cinema) sendo uma arte que faz ver ao invés de explicar.

Figura 25.

Produzir e dirigir um roteiro que contemple o cotidiano, as artes e os

deslocamentos estéticos significa assumir uma postura crítica não só em relação ao seu

trabalho como também significa um engajamento diante de um meio cultural. A

produção dos Irmãos Taviani parece questionar a cada instante a maneira como o

expectador está predisposto a olhar para o filme. Há uma preocupação com a quebra de

expectativas. O filme alcança, assim, uma justaposição de registro documental e

construção poética, constituindo-se em produção que alcança o potencial artístico,

justamente por não se fixar em nenhum gênero.

Não é somente o autor que determina as vozes dos personagens, o autor dá

liberdade (metafórica) aos personagens para que apareçam suas próprias vozes. Um

exemplo é a cena da traição e morte de César que ganha teatralidade no pátio de sol da

prisão, fazendo ecoar a célebre frase: - “Até tu Brutus, meu filho!”. A câmera mostra em

visão de conjunto os presos assistindo a cena. Close up para o rosto de Cássio (Cosimo

Rega) que fala: - “Por quantos séculos, no futuro será representada por atores esta nossa

grandiosa cena ... em reinos ainda inexistentes ... e em linguagens ainda não

inventadas?”. Brutus (Salvatore Striano), olha para a câmera e continua: “E quantas

vezes César sangrará em palcos teatrais, como acontece aqui, hoje, neste nosso cárcere,

estendido sobre pedra, nada mais do que pó?”. Ocorre um corte abrupto, um travelling

para frente e a câmera mostra o corredor vazio. A música acompanha a passagem do

tempo e a câmera mostra em visão de conjunto os detentos neste solilóquio. Outro

exemplo que se recorta aqui para ilustrar a polifonia presente no filme aparece na cena

em que o detento Giovanni Arcuri (César) está lendo dentro da biblioteca da prisão.

A câmera mostra em plano detalhe o livro que Giovanni Arcuri está lendo. No

écran aparece a inscrição “A Guerra Gálica e a Guerra Civil”. A câmera mostra um

recorte do cotidiano na prisão, em close up para o detento que lembra que na escola

achava chato e que agora reconhecia: - “Nosso Júlio César é grande! É grande nosso

Júlio César”. Em plano de conjunto, a câmera mostra o diretor de teatro, Fábio Cavalli,

que ao ouvir Giovanni Arcuri diz: - ”Um gênio, segundo Shakespeare também”. A

câmera mostra em visão de conjunto a biblioteca e os detentos. É tudo muito

significativo, se observarmos aqui, o espaço simbólico da biblioteca, o signo icônico, o

livro de História romana, os ensaios da peça no interior da prisão e o público da Roma

contemporânea que entrará no teatro da prisão de Rebibia para ver mais uma vez a

história grandiosa de Roma.

A dialogia aponta para o caráter intertextual do filme, ou seja, vários textos

dentro de uma obra, a exemplo da peça Júlio César de Shakespeare e a produção fílmica

César deve morrer dos Irmãos Taviani. Contudo, observa-se que, na intertextualidade,

tal como assevera Kristeva (1947), as partes de textos que se incorporam em outro texto

não são repetíveis, a unidade repetida retorna diferente, já outra. O encontro não linear

entre os textos (Júlio César e o novo texto César deve morrer) rompe com a estrutura

arbórea, permitindo que se observe ao modo do rizoma, o jogo das ambivalências; o

contexto do império romano antigo e o contexto romano contemporâneo, o espaço da

cela e o espaço do teatro.

O espaço do teatro é o platô – não tem quebras, mas é desdobrável, permite

conexões. Quando os detentos saem de suas celas (da condição de sujeito privado de

liberdade) e vão para o ensaio deslocam-se para um não espaço ao acionarem relatos e

memórias pessoais, produzindo a fricção entre o vivido e o representado (encenado);

textos da peça se esfacelam no encontro com as memórias, os relatos, as emoções, os

perceptos como um rizoma e aí se observam linhas de fuga.

Neste sentido, a estética da hipervenção, formulação conceitual desenvolvida por

Denize Correa Araujo (2007) é profícua para a compreensão sobre a potencialidade da

intervenção, pois este fenômeno cria um terceiro nível que não é só uma outra produção

(o filme), mas outra esfera que não é nem teatro, nem filme. “A hipervenção cria um

texto hiperposto ao de base, sendo que este novo enfoque, relendo seu texto-base,

dialoga com seus elementos e o recontextualiza em novo cenário, em escala gradual”

(ARAUJO, 2007, 70). César deve morrer recorre ao texto base Júlio César para

dialogar com as temáticas essências do texto clássico, com os personagens da peça

shakespeariana e, por meio da recontextualização em nova temporalidade histórica e em

cenário totalmente distinto da tragédia de Shakespeare, cria um texto hiperposto. A

hipervenção articula o encontro das estéticas diferentes, as vozes dissonantes e plurais, o

jogo polifônico, o encontro de textos no interior do filme e cria uma nova realidade, um

novo patamar, realizando a justaposição de registro documental e construção poética.

O rizoma, segundo Deleuze e Guattari é uma multiplicidade, cada ponto se

conecta com qualquer outro, não há um centro, nem uma unidade presumida, (2000,

p.44) por isso, se poderia pensar em um não lugar no filme, tanto em termos do teatro

que não é o teatro, da prisão que se transforma em espaço de ensaio e também de

encenação, quanto do filme que desliza para não ser capturado em um lugar de

indexação.

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Filmografia

CÉSAR DEVE MORRER. Direção e roteiro: Paolo Taviani, Vittorio Taviani.

Produção: Itália/2012. Produtores: Europa Filmes. Filmado em maio-agosto 2012.

Duração: 76 min.

Site consultado:

ESTREIA: 'CÉSAR DEVE MORRER' É CRÔNICA SHAKESPEARIANA FEITA

POR DUPLA ITALIANA. Disponível em: http://g1.globo.com/pop-

arte/cinema/noticia/2013/02/estreia-cesar-deve-morrer-e-cronica-shakespeariana-feita-

por-dupla-italiana.html. Acesso em 10 de fevereiro de 2014.