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A moeda da colônia ao império

A moeda da colônia ao império - digiedit.files.wordpress.com · Casa da Moeda do Rio de Janeiro e unifi-cou-se o padrão ouro, criando-se a moeda de 10.000 réis, com a efígie

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A moeda de 1808 ao império Em 1808, em conseqüência da inva-

são de Portugal pelas tropas napo-leônicas, a Família Real portuguesa

transfere-se para o Brasil, trazendo em seu séqüito cerca de 15.000 pessoas da nobreza lusitana, com seus haveres e pecúnia. Como não houve a unificação dos sistemas monetários, o afluxo do

novo numerário concorreu ainda mais para a desordem do meio circulante da Colônia.

D. João, como Regente, para atender aos elevados gastos de instalação da Corte portuguesa, mandou que as moedas es-panholas de 8 reales que aqui circulavam, adquiridas por 750 e 800 réis, recebessem

um carimbo, aumentando-lhes o valor para 960 réis. No próprio ano de sua che-gada, criou o Banco do Brasil, que mais tarde daria início à emissão de bilhetes, precursores do papel-moeda.

Em 1809, criou nova moeda de prata no valor de 960 réis, popularmente chamada de patacão por equivaler a três patacas de 320 réis. Outra medida monetária desse mesmo ano foi a aplicação de carimbo com o escudo português sobre as moedas de prata da série J coroado e nas de cobre de módulo grande, anteriores a 1799, para aumentar-lhes o valor.

Houve no período regencial de D. João várias cunhagens de moedas de cobre: em 1811, no valor de 80 réis para fazer face à escassez de numerário miúdo e, entre 1813 e 1815, pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro, nos valores de 80, 40 e 20 réis, para circularem em Moçambique, São Tomé e Príncipe, colônias portuguesas na África. As moedas conhecidas por macutas foram também aqui cunhadas 960 réis, d. João, Príncipe regente, prata, 1813, rio de Janeiro

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nos valores de 2, 1, ½ e ¼ de réis para correrem em Angola.

Com a derrocada de Napoleão em 1815, D. João, inspirado pelo Congresso de Viena, eleva o Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves, e em comemoração manda cunhar uma série especial de moedas, sendo as de ouro nos valores de 6.400 e 4.00 réis, as de prata no de 960 réis e as de cobre nos de 40 e 20 réis.

Com o falecimento de D. Maria I em 1816 e a coroação do Regente em 1818, com o título de D. João VI, tem início a cunhagem de moedas de ouro com a nova insígnia de “Rei de Portugal, Brasil e Algarves” e as armas do Reino Unido. O sistema monetário permaneceu porém inalterado, com a cunhagem de moedas nacionais e provinciais.

Em 1818, sempre para atender às despe-sas do governo, o Banco do Brasil passou a emitir sem lastro, inclusive, valores inferiores a 30.000 réis, o que contrariava suas disposições estatutárias.

Entre 1818 e 1822, as Casas da Moeda do Rio de Janeiro e da Bahia põem e circu-lação moedas de prata de um novo tipo, tendo no anverso a coroa real encimando o valor, a data e a letra monetária (R para

Rio de Janeiro e B para Bahia), ladeados por dois ramos de carvalho, unidos abai-xo por um laço.

Houve cunhagens de moedas de cobre feitas especialmente para as províncias. Em 1820, a Casa da Moeda do Rio de Janeiro lavrou peças de 80 e 40 réis des-tinadas a Mato Grosso e Goiás. De 1818 a 1821, as casas do Rio e de Minas Gerais cunharam moedas de 75 e 37 ½ réis para circulação exclusiva nessa futura provín-cia, em substituição aos antigos bilhetes de permuta do ouro em pó, que andavam

muito falsificados à época. Na província de Cuiabá os pesos hispano-americanos em circulação receberam a contramarca de 960 réis. As moedas de cobre perma-neceram até 1823.

Com o retorno D. João VI a Portugal, em 1821, pois aconteceu a queda do im-pério napoleônico, ele volta para asumir

“Em 1818, sempre para atender às despesas do governo, o Banco

do Brasil passou a emitir sem lastro, inclusive, valores inferio-

res a 30.000 réis”

seu trono, seu filho D. Pedro assume o governo do Reino na condição de Príncipe Regente. Sonhava D. João que, com sua morte, pudesse D. Pedro herdar o trono de Portugal e manter a união dos dois rei-nos. No entanto, as tentativas do governo constitucional de Lisboa de fazer o Reino reverter à condição de colônia aceleram o processo, levando o próprio Regente a proclamar a independência em 1822 e a ser aclamado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, com o título de D. Pedro I.

O sistema monetário não foi alterado de imediato com a Independência. A cunhagem de moedas do novo Império continuara a ser feita pelas Casa da Moeda do Rio de Janeiro e da Bahia, nos valores de 6.400 e 4.000 réis para as de ouro, que traziam a efígie do imperador com a legenda PETRUS I D. G.CONST.IMP.ET.PERP.BRAS.DEF. (Pedro I, por graça de Deus Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil), com as armas do Império no reverso, enquanto as de prata mantiveram o mesmo sistema do período colonial, permanecendo em vigor os valores da série das patacas.

D. Pedro I encontrou os cofres públicos

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vazios. D. João VI, ao retornar a Portugal, levou consigo as reservas metálicas do Banco do Brasil. Além disso, para obter o reconhecimento da Independência, o novo Imperador teve de negociar o fim da escravidão, conceder privilégios co-merciais a ingleses e franceses e assumir a dívida externa de Portugal junto aos bancos ingleses. Como as moedas de ouro eram freqüentemente enviadas ao exterior para pagamento dos déficits da balança comercial ou entesouradas pela população, a moeda de cobre passou a predominar no meio circulante e, à seme-lhança da moeda de prata, adotou os al-garismos arábicos para expressar o valor. Entre 1823 e 1831, casas de fundição em Cuiabá, Goiás, Minas Gerais e São Paulo lavraram moedas de cobre com suas respectivas marcas, destinadas a circular restritamente nessas províncias.

A emissão descontrolada de moedas de cobre gerou o aparecimento de grande quantidade de peças falsificadas, fabri-cadas aqui e no exterior. Assim, sendo o porto de Salvador o grande centro de entrada e distribuição dessas moedas, o governo, em 1827, determinou o seu reco-lhimento na província da Bahia, fazendo

a troca por cédulas, resgatáveis em 8 ou até 24 meses. Essas cédulas, hoje muito raras, foram as primeiras emissões do Tesouro Nacional.

Com a morte de D. João VI em 1826, o Imperador do Brasil aceita a Coroa portu-guesa, mas logo abdica em favor da filha, D. Maria da Glória.

Para tanto, abdica à Coroa brasileira em favor do filho, o Príncipe D. Pedro de Alcântara, que nessa altura contava apenas 5 anos. O governo é exercido por uma Regência que se estendeu até 1840, quando é antecipada a maioridade de D. Pedro II para 15 anos, idade com que

de fato assume o poder. Durante todo o período regencial, o Império sofre grave perigo de desintegração territorial, com rebeliões que surgiram em vários pontos do país, mas no reinado que vai se esten-der por 48 anos o Brasil passa a desfrutar de paz interna, sob pulso forte do poder moderador exercido por D. Pedro II e a alternância dos partidos Liberal e Con-servador no ministério.

A imagem de D. Pedro II, dada sua longa gestão, foi a mais representada na numismática brasileira, com gravações que o retratam desde a infância à idade adulta. Durante seu longo reinado, o

960 réis, d. João, Príncipe regente, prata, 1813, rio de Janeiro

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Brasil teve três sistemas monetários. O primeiro (1831-1833), ainda na Regência, mantinha a forma adotada desde o perí-odo colonial: moeda nacional e moeda provincial, ou seja, uma destinada a todo o país e outra com circulação restrita a determinada região.

As moedas de ouro continuaram a ser cunhadas nos valores de 6.400 e 4.000 réis e traziam a efígie de D. Pedro II menino,

esquerda para direita:1 - 10000 réis, d. Pedro ii, menino, ouro, 1832;2 - 10000 réis, d. Pedro ii, almirante, ouro, 1848;3 - 20000 réis, d. Pedro ii, Papo de tucano, ouro, 1849;4 - 20000 réis, d. Pedro ii, com barba, ouro, 1851

feita pelo gravador Carlos Custódio de Azevedo. O mesmo padrão dos períodos anteriores foi conservado nas moedas de prata. Além da cunhagem de moedas de cobre nas casas da moeda do Rio de Janeiro e nas casas de fundição de São Paulo, Goiás e Cuiabá, para uso local, impunha-se um controle sobre as peças desse meio circu-lante, dada a continuidade do processo de falsificação. As medidas de recolhimento

iniciadas na Bahia durante o Primeiro Rei-nado se estenderam a todo o país em 1833, sendo as moedas trocadas nas Tesourarias Provinciais por cédulas emitidas pelo Tesouro Nacional. Também procedeu-se à contramarcagem dessas moedas, redu-zindo-se seus valores e restringindo suas áreas de circulação regionais.

Mais tarde, em 1835, determinou-se a aplicação de um carimbo geral visando

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à unificação das moedas em circulação, tornando desnecessárias todas as contra-marcas regionais. Esse carimbo reduzia as moedas de cobre nacionais à metade de seu valor, e as provinciais à quarta parte.

Além da carimbagem oficial, as revoltas que convulsionaram o país durante a Re-gência propiciaram a criação de carimbos locais, representativos desses levantes, como o de Icó (Ceará, 1829-1832), da Ca-banagem (Pará, 1835-1840) e da República de Piratini, alusivo à revolução Farroupi-lha (Rio Grande do Sul, 1835-1845).

O segundo sistema (1833-1848) dis-

tingue-se dos de-mais por ter sido o primeiro genuina-mente brasileiro e não a simples con-tinuação do colo-nial. Aboliram-se os sistemas fraco (provincial) e forte (nacional), centralizou-se a cunhagem na Casa da Moeda do Rio de Janeiro e unifi-cou-se o padrão ouro, criando-se a moeda de 10.000 réis, com a efígie de D. Pedro II menino. Declarando-se a maioridade do

Imperador em 1840, tais moedas pas-saram a ostentar o busto de D. Pedro II adolescente, fardado de almirante.

No que respeita às moedas de prata, a reforma trouxe

modificações radicais, com a antiga série das patacas substituída pela dos cruza-dos, nos valores de 1.200, 800, 400, 200 e 100 réis.

Com o crescente aumento da popula-ção e o rareamento do metal precioso, as emissões em papel vão se impondo para atender à expansão dos negócios que exigiam recursos distribuídos nas mais diversas regiões.

O terceiro sistema monetário (1848-1889), além de prosseguir na cunhagem das moe-das de ouro de 10.000 réis, introduziu a de 20.000, série que se tornou conhecida com o nome de papo de tucano, por ostentar o Imperador o manto com que foi coroado, adornado com penas dessa ave. Em 1851, nova efígie do Imperador aparece nas moedas de ouro, na qual é representado de barbas. Em 1854 foi cunhado em ouro o novo

“Com o crescente aumento da população e o rareamento do

metal precioso, as emissões em papel vão se impondo para aten-der à expansão dos negócios que

exigiam recursos distribuídos nas mais diversas regiões”

eNsaiO em bronze de 960 réis - 1809

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valor de 5.000 réis. Também nas moedas de prata houve alterações. Entre 1848 e 1852, foram cunhadas as de 2.000, 1.000 e 500 réis e, entre 1853 e 1867, o novo valor de 200 réis. No entanto, em 1870, esta última cunhagem foi suspensa e o antigo padrão voltou à circulação.

O uso das cédulas generaliza-se no Segundo Impé-rio e a produção de moedas de cobre fica restrita a pequenos valores destinados a troco. Dá-se ainda a substituição gradativa do cobre por ligas mais resistentes ao manuseio, como o bronze, em 1868, e o cuproníquel, em 1871, fabricadas em Bruxelas. A Casa da Moeda do Rio de Janeiro passou a fabricar moedas de bronze em 1870 e de cuproníquel em 1874.

A sempre existente falta de dinheiro miú-do durante o Segundo Império e o início da República incentivou particulares a emitir moedas e vales e a marcar moedas de cobre já fora de circulação com datas, iniciais, nomes e figuras que representavam fazendeiros, enge-nhos, negociantes ou firmas comerciais.

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Bibliografia

Fonte: http://www44.bb.com.br/appbb/portal/hs/moeda/MoedaImperio.jsp

Grupo

Angela Siqueira

Pamela ferreira

Rogério Camara

Bertino Salgado