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A MÚSICA GOSPEL NAS IGREJAS EVANGÉLICAS NEOPENTECOSTAIS: A INDÚSTRIA CULTURAL NO CONTEXTO RELIGIOSO

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INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS GOIÂNIA

LICENCIATURA EM MÚSICA

MARCIA RODRIGUES TRIGUEIRO

A MÚSICA GOSPEL NAS IGREJAS EVANGÉLICAS

NEOPENTECOSTAIS: A INDÚSTRIA CULTURAL NO CONTEXTO

RELIGIOSO

GOIÂNIA

2016

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MARCIA RODRIGUES TRIGUEIRO

A MÚSICA GOSPEL NAS IGREJAS EVANGÉLICAS

NEOPENTECOSTAIS: A INDÚSTRIA CULTURAL NO CONTEXTO

RELIGIOSO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado àcoordenação do curso de Licenciatura em Música

do Instituto Federal de Goiás, como requisito paraa obtenção do título de Licenciada em Música.

Orientador: Prof. Ms. Eliton Pereira

GOIÂNIA

2016

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Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Karol Almeida da Silva Abreu CRB1/ 2.740Biblioteca Professor Jorge Félix de Souza,

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Goiânia.

T828m Trigueiro, Marcia Rodrigues.A música gospel nas igrejas evangélicas neopentecostais: a indústria cultural no contexto

religioso / Marcia Rodrigues Trigueiro – Goiânia: Instituto Federal de Educação, Ciência eTecnologia de Goiás, 2016.

59 f.

Orientador: Prof. Ms. Eliton Pereira.

TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) – Curso de Licenciatura em Música, Instituto Federal deEducação, Ciência e Tecnologia de Goiás.

1. Música gospel. 2. Indústria cultural - religião. 3. Pensamento adorniano. I. Pereira, Eliton(orientador). II. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás. III. Título.

CDD 782.254

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MARCIA RODRIGUES TRIGUEIRO

A MÚSICA GOSPEL NAS IGREJAS EVANGÉLICAS

NEOPENTECOSTAIS: A INDÚSTRIA CULTURAL NO CONTEXTO

RELIGIOSO

Monografia de conclusão de curso, apresentada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Goiás como pré-requisito para a obtenção do título de Licenciada em Música.

Orientador: _________________________________________________________

Prof. Ms. Eliton Pereira (IFG)

1º Examinador (a): ____________________________________________________

Profa. Dra. Nilceia Protásio Campos (UFG)

2º Examinador (a): ___________________________________________________

Prof. Ms. Cristiano Aparecido da Costa (IFG)

Monografia aprovada em: ______/______/______

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus pela oportunidade de fazer o curso de licenciatura

em música realizando na minha vida um sonho. Obrigada por me dar vida e saúde para

cumprir esse trabalho de conclusão de curso.

Agradeço a minha família, meus pais e meus irmãos, e também aos meus amigos, que

me apoiaram e compreenderam a minha necessidade de dedicação e de tempo para esse

trabalho.

Agradeço em especial ao meu querido professor e mestre Eliton Pereira, que além de

um exímio orientador, foi também um grande amigo. Obrigada pela paciência e dedicação.

Sem dúvidas, a sua contribuição foi essencial para o meu crescimento durante esse processode pesquisa e eu serei eternamente grata.

A todos, muito obrigada!

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RESUMO

Utilizada em práticas litúrgicas, e hoje, especialmente nas igrejas evangélicasneopentecostais, a música gospel que a princípio teria a sua função específicaintrínseca à religião, apresenta-se também como um seguimento de mercado.Apoiado no pensamento adorniano, esse trabalho buscou investigar a presençada indústria cultural também no contexto religioso, expondo seus aspectosimanentes, bem como, as contradições sociais decorrentes. A indústria culturalque transforma a música em produto para as massas, com fins meramentelucrativos, engendra um consumidor cultural, padronizado e preparado aapreender e a aceitar passivamente os falsos valores imprimidos nos produtosdessa indústria. O estudo realizado trata-se de uma pesquisa de abordagem

qualitativa, de alcance exploratório e descritivo. Por meio de análise deconteúdos de reportagens, entrevistas e grupo focal, a pesquisa procuroucompreender as contradições do cenário da música gospel, que apontam a

presença da indústria cultural no contexto religioso.

Palavras-Chave: Música gospel. Pensamento adorniano. Indústria cultural.Contexto religioso.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 08

1 CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................ 11 1.1 CONCEPÇÃO DE DIALÉTICA E SUAS VÁRIAS ABORDAGENS ................... 111.1.1 Dialética em Platão, Hegel e em Marx ................................................................. 121.1.2 Dialética em Adorno ............................................................................................. 131.1.3 Dialética no Campo Religioso .............................................................................. 141.2 INDÚSTRIA CULTURAL: O ESCLARECIMENTO COMO MISTIFICAÇÃO DAS

MASSAS ............................................................................................................... 151.2.1 Indústria Cultural ................................................................................................ 16

1.2.2 Fetichismo da Mercadoria ................................................................................... 161.2.3 Indústria Cultural no Brasil ................................................................................ 181.2.4 Indústria Cultural na Música Gospel .................................................................. 191.3 DIALÉTICA E INDÚSTRIA CULTURAL NO CONTEXTO RELIGIOSO .......... 201.3.1 Dialética e Indústria Cultural na Igreja Evangélica Neopentecostal ................. 201.3.2 Relevância de se Construir um Pensamento de Resistência no Contexto Cultural

Religioso ............................................................................................................... 201.4 EDUCAÇÃO MUSICAL NA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO E EMANCIPAÇÃO

.............................................................................................................................. 21

2 CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA (COLETA DE DADOS) ........................... 232.1 DEZ REPORTAGENS SOBRE MÚSICA GOSPEL QUE DENUNCIAM INVERSÃO

DE VALORES E ALIENAÇÃO NO CONTEXTO DA MÚSICA GOSPEL .......... 242.2 ENTREVISTAS COM SUJEITOS DO UNIVERSO ECLESIÁSTICO QUE

TRABALHAM COM A MÚSICA GOSPEL ......................................................... 242.3 GRUPO FOCAL COM MÚSICOS ATUANTES NA LITURGIA DE IGREJAS

EVANGÉLICAS NEOPENTECOSTAIS .............................................................. 25

3 CAPÍTULO 3 – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS..................... 27

3.1 ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS REPORTAGENS VIA CATEGORIAS:DIALÉTICA, INDÚSTRIA CULTURAL E EDUCAÇÃO MUSICAL .................. 27

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3.2 ANÁLISE DE CONTEÚDO DOS QUESTIONÁRIOS VIA CATEGORIAS:DIALÉTICA, INDÚSTRIA CULTURAL E EDUCAÇÃO MUSICAL .................. 31

3.3 ANÁLISE DE CONTEÚDO DO GRUPO FOCAL VIA CATEGORIAS: DIALÉTICA,INDÚSTRIA CULTURA E EDUCAÇÃO MUSICAL .......................................... 36

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 40

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 42

APÊNDICE A ...................................................................................................... 44

APÊNDICE B ....................................................................................................... 51

ANEXO A ............................................................................................................. 59

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INTRODUÇÃO

Esse trabalho buscou identificar a presença de elementos que testificassem a influência

da indústria cultural na música gospel, no contexto das igrejas neopentecostais, valendo-se do

método dialético a fim de compreender as contradições decorrentes tanto nessa música como

na comunidade em questão.

O percurso histórico do capitalismo aliado ao desenvolvimento das ciências

tecnológicas acarretou em mudanças, tanto nos meios de produção, ou seja, configura-se a

produção em massa, quanto no modo de vida econômico, político, social e cultural das

sociedades ocidentais. Nesse cenário, a indústria cultural produz, também em larga escala, a

arte para as massas, visando a lucratividade inerente ao mercado capitalista. Para mais, a

indústria cultural abarca dentre outras manifestações artísticas, a música.

A música sempre esteve presente na vida do homem e nas suas atividades, sejam elas

políticas, sociais, econômicas, ou qualquer outra que componha a cultura humana. Entretanto

a ascensão da música no universo religioso nas últimas décadas é imprescindivelmente

notória.

Partindo de uma determinada esfera religiosa, o protestantismo, que segundo

Martinoff (2010), dividiu-se em igrejas tradicionais ou históricas, pentecostais eneopentecostais, nessa pesquisa, apontam-se as igrejas neopentecostais, que têm se tornado

objeto de estudos em várias pesquisas acadêmicas e à música presente nessas denominações.

Várias e significativas mudanças ocorreram no meio evangélico, ao longo da história,

desencadeando o surgimento de novas práticas e movimentos de grande repercussão histórica

e geográfica. Cunha (2007) declara que um dos movimentos mais significativos da história

do cristianismo no Brasil tem por nome pentecostalismo 1.

1 “Nesse contexto sociopolítico e econômico, o campo religioso brasileiro experimenta o fenômeno docrescimento dos movimentos pentecostais. Surge um sem-número de igrejas autônomas, organizadasem torno de líderes, baseadas nas propostas de cura, de exorcismo e de prosperidade sem enfatizar anecessidade de restrições de cunho moral e cultural para se alcançar a bênção divina. Baseiam-setambém no reprocessamento de traços da religiosidade popular, da valorização da utilização desímbolos e de representações icônicas. Há também um tipo de pentecostalismo mais recente ainda que privilegia a busca de adeptos da classe média e de faixa etária jovem e a música como recurso decomunicação. É formado pelas “comunidades”, pelos “ministérios” e outras igrejas independentes.Essa presença dos novos movimentos é percebida no continente principalmente de duas formas: um

alto investimento em espaços na mídia e participação política partidária com busca de cargos no poder público”. (CUNHA, 2007, p.84)

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As igrejas neopentecostais se destacam tanto pela influência no crescimento de

evangélicos nas sociedades americanas, como também nas práticas das outras igrejas cristãs.

Ainda segundo a autora “o crescimento pentecostal passou a exercer uma influência decisiva

sobre o modo de ser das demais igrejas cristãs” (CUNHA, 2007, p. 84 e 85).

Para os evangélicos, ele provocou incômodo em relação a um aspecto quemarcou as igrejas históricas – a estagnação e o não-crescimento numéricosignificativo – e promoveu uma espécie de motivação para a concorrência e busca do aumento do número de adeptos. Para os católico-romanos,representou uma ameaça, já que os seus fiéis são alvo do proselitismo pentecostal, o que se manifestou na forma de um declínio numérico. (CUNHA, 2007, p.85)

O movimento neopentecostal é um contexto contemporâneo e tem como coautora a

música, que adquire relevância em proporções ainda maiores e a sua presença passa a ser fator

decisivo e indispensável na prática litúrgica. O movimento neopentecostal se uniu à mídia e

ao mercado que diz respeito ao mercado fonográfico, e à comercialização de produtos

caracterizados como gospel, formando a chamada cultura gospel ou mercado gospel

(CUNHA, 2007). A música evangélica está inserida nesse mercado, mas caracterizada como

gospel.

Considerando a mudança de comportamento da sociedade influenciada pelocapitalismo, apontamos nesse trabalho a música gospel que se modificou ao logo da história, e

mesmo com oficio no contexto religioso, se transforma em um segmento de mercado, e por

sua vez, lucrativo.

O culto litúrgico nas igrejas protestantes, hoje conhecidas como igrejas evangélicas,

tem a música como componente essencial. Com mensagens baseadas na fé cristã e nos

ensinamentos bíblicos, “a música utilizada no culto atua como elemento de comunhão com o

sagrado e também entre os fiéis e, ao mesmo tempo, serve para estabelecer e conservar aidentidade do grupo” (MARTINOFF, 2010, p.72). Com o tempo a música cometida nas

igrejas evangélicas passou a compor também as emissoras de rádio, ficando assim, conhecida

por música gospel (MARTINOFF, 2010).

A música de entretenimento, essencialmente produzida pela indústria cultural, tendo

em vista o capital, se objetiva em manipular também o seu ouvinte, ou seja, tanto o produto é

padronizado, quanto o seu consumidor (ADORNO & HORKHEIMER, 2002), nesse caso,

consumidor cultural.

Tendo em vista a configuração da música gospel em um segmento de mercado

(MARTINOFF, 2010; CUNHA, 2007; PAULA, 2012), esta pesquisa propõe atribuir à

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formação musical, o descerramento de possibilidades a favor da formação crítica, na qual o

sujeito alcance sua autonomia frente aos arranjos capitalistas.

Os objetivos específicos que norteiam essa pesquisa são, utilizando-se de um método

dialético como reflexão crítica, identificar elementos que testificam a presença da indústria

cultural no contexto da música gospel, e propor a formação musical como instrumento de

formação crítica e emancipatória.

Em razão de uma temática relativamente inexplorada, o presente trabalho possui

caráter exploratório e descritivo e, apresenta-se com uma abordagem qualitativa por tratar de

fenômenos sociais.

A estrutura deste trabalho se divide em três capítulos. O primeiro momento apresenta

as categorias, dialética, indústria cultural e educação musical, expostas a partir de umreferencial teórico que sirva de compreensão tanto da historicidade, quanto das relações

desses itens com a temática investigada.

Após o apoio teórico, num segundo momento, apresentam-se: a reunião de dez

reportagens sobre música gospel que denunciam inversão de valores e alienação no contexto

desta música; entrevistas (SZYMANSKI, 2004) e um grupo focal (GATTI, 2012), ambos com

sujeitos do universo eclesiástico que trabalham com a música gospel. A interpretação dos

dados coletados se deu com uma análise preliminar com base na Análise de Conteúdo deFranco (2012) e Bardin (2011).

Enfim, este trabalho de conclusão de curso pretende, através da reflexão crítica e dos

resultados obtidos na sua investigação, contribuir para que mais pesquisas nessa área

despontem e assim, com novas propostas promovam novas possibilidades a favor da

autonomia e da criatividade do sujeito.

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CAPÍTULO 1 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O referencial teórico a seguir elucida as categorias inerentes ao tema dessa pesquisa,

dialética, indústria cultural e educação musical, visando identificar sua conexão com a música

gospel, inserida no contexto das igrejas evangélicas neopentecostais.Assim, servirá de base para compreendermos as contradições sociais desse contexto e,

por fim, realizar propostas de intervenção educativa musical baseada em uma leitura mais

consistente deste campo de atuação.

1.1 CONCEPÇÕES DE DIALÉTICA E SUAS VÁRIAS ABORDAGENS

Segundo Konder (1994) dialética no sentido contemporâneo “é o modo de pensarmos

as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente

contraditória e em permanente transformação”. Desde a Grécia antiga, entretanto, até os dias

atuais, a dialética tomou outras formas complexas.

Um exemplo de pensador dialético na Grécia antiga foi o filósofo Heráclito de Éfeso,

que defendia que o ser está em constante mudança e que as realidades opostas se transformam

umas nas outras. Para ele a mudança e o movimento nascem do conflito. O filósofoParmênides, que viveu no mesmo período, pensava diferente, acreditava que a essência do ser

nunca muda e que o movimento das coisas é aparente. A linha de pensamento de Parmênides

é chamada de metafísica e sendo assim, oposta à dialética. (KONDER, 1994).

Vários filósofos defenderam a dialética, mas ela permaneceu vencida pela metafísica

desde Aristóteles, filósofo que nasceu um século depois de Heráclito, até o período da

Renascença (LAKATOS & MARCONI, 1992). Um dos motivos da metafísica perdurar é que

ela era uma linha de pensamento que correspondia aos interesses das classes dominantes, das

sociedades dividas em classes, que eram contrárias a mudanças, pois tinham pretensão na

conservação de poder e domínio. (KONDER, 1994).

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Georg Wilhelm Friedrich Hegel foi um filósofo importante do retorno ao pensamento

dialético. Já no século XVIII, baseando-se nas contradições, Hegel retoma as ideias de

Heráclito entendendo que tudo é movimento e mudança, assim, tudo depende de tudo e é

relativo ao todo. As contradições fazem parte da mesma realidade, ou seja, o ser e o não ser

pertencem à mesma coisa. São opostos, porém, se reconhecem um no outro. Assim, algo

sempre será também o seu oposto. (LAKATOS & MARCONI, 1992).

1.1.1 Dialética em Platão, Hegel e em Marx

Lakatos e Marconi (1992) afirmam que Hegel submetia a dialética ao espírito, poismesmo sendo pensador dialético, valorizava em primeiro lugar o espírito, acreditando que as

mudanças da matéria acontecem antes no espírito, ou seja, as mudanças que ocorrem no

espírito provocam mudanças no universo. Segundo os autores nessa fase do pensamento

idealista de Hegel denominou-se dialética histórica, e logo depois dele, o materialismo

histórico dialético de Carl Marx e Engels, que concordam com Hegel sobre a realidade estar

em constante mudança, porém defendiam que a matéria é quem muda as coisas do espírito e

não o contrário.Rodriguez (2014) afirma que os marxistas entendem que a realidade é objetiva e que a

matéria existe antes e independentemente da consciência humana. Diferente do pensamento

idealista, a matéria é quem produz o pensamento.

[...] os homens, ao desenvolverem sua produção material e seu intercâmbiomaterial, transformam também, com esta sua realidade, seu pensar e os produtos de seu pensar. Não é a consciência que determina a vida, mas avida que determina a consciência (Marx e Engels apud RODRIGUEZ,

2014).

Segundo Konder (1994), Marx defende que o trabalho humaniza a natureza e capacita

o homem a dominar as forças da natureza, mas que em contrapartida, há duas motivações que

justificam a transformação ou deformação do trabalho em uma atividade de sofrimento: a

divisão social do trabalho, ou propriedade privada e, a exploração do trabalho à sombra do

mercado capitalista. Com a vantagem de possuir as fontes de produção, alguns homens

passam a explorar o trabalho de outros para adquirir mais fontes e mais riquezas. E o homem

explorado se deixa influenciar pela perspectiva do explorador. Além disso, a exploração do

trabalho se agrava porque os efeitos do capitalismo vão moldando a sociedade conforme seu

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interesse. Marx e Engels desenvolveram princípios para a dialética instituindo o materialismo

histórico dialético como método de compreensão da realidade.

[...] o materialismo histórico dialético considera a cultura e a identidadeimbricadas ao trabalho. Mediante o trabalhado, o homem transforma anatureza, por consequência, as relações econômicas, produtivas e sociais propiciam a construção da identidade, bem como a criação e a recriação dacultura. (RODRIGUEZ, 2014, p.140)

A realidade é o todo, que é formado por várias partes, e estas devem ser consideradas e

analisadas em conjunto e não isoladas ou separadas do todo, correspondendo assim, a

totalidade. Rodriguez (2014) expõe que o método materialista histórico dialético julga a

realidade sendo essencialmente material e os acontecimentos do mundo e da natureza como

variações da matéria em movimento. Segundo o autor o método investiga o elo entre as partes

e suas correlações e destaca as leis responsáveis pelo movimento da matéria.

Enxergar a vida dialeticamente é compreender que nada está por acabado e que as

questões devem sempre ser postas à prova e à discussão. A dialética propõe colocar a prova

paradigmas e restaurar a busca constante de visão e compreensão do universo, da realidade

humana, que está sempre em movimento, em transformação (LAKATOS & MARCONI,

1992).

1.1.2 Dialética em Adorno

Em Adorno a dialética continua, por assim dizer, essencial para compreender a

realidade, ainda se constituindo de fundamentos contraditórios que se relacionam entre si,

porém com destaque a negatividade, ou seja, a negatividade é que movimenta a dialética.Constrói-se então, a expressão Dialética Negativa que se desprende da sua condição

afirmativa e assume a negação em caráter contínuo, confrontando a imutabilidade e o finito. A

dialética negativa é uma metodologia de reflexão e intervenção à consciência humana

deformada pela realidade social refletida do capitalismo tardio (ZUIN, PUCC & OLIVEIRA,

2008).

No sentido estrito do termo, dialética negativa designa a autoconsciência da

submissão da subjetividade à sua prisão categorial, a crítica da mutilação dosindivíduos pelo cativeiro social moldado pelo aparato de autoconservação. Ameditação, a reflexão “especulativa” preserva a negatividade ante o

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existente, limpando o terreno para um “pensamento de conteúdos”.(MUSSE, 2015).

Um dos elementos lógicos da dialética negativa é não assumir a identidade como

sendo definitiva, pois os conceitos tendem a definir o ser como imutável (PUCCI, OLIVEIRA

& ZUIN, 2008). A identidade na verdade é a largada para chegar ao novo, ao melhor, ao

superado. É preciso negar o que sou agora, não negar a minha identidade, mas assumi-la

como ponto de partida para um eu melhor. A dialética negativa não faz desaparecer a

identidade e sim a muda qualitativamente.

A degeneração da consciência (que se converte em mitologia) é produto de

sua carência de reflexão crítica sobre si mesma, a única capaz de fazer calaro onipresente princípio de identidade. A falha do pensamento tradicionalconsiste em tomar a identidade em seu objetivo absoluto. (PUCCI,OLIVEIRA & ZUIN, 2008, p.79)

Segundo os autores Zuin, Pucc e Oliveira (2008) Adorno defende que a resistência ao

processo de coisificação da consciência começa na reflexão crítica e, que é da falta desta que

descende a alienação e a degeneração da consciência. A perspectiva da dialética negativa está

voltada para o novo e na investigação da diferença entre pensamento e realidade, e é essa

dissemelhança que gera a reflexão crítica responsável pela emancipação e autonomia do

homem enquanto ser pensante.

1.1.3 Dialética no Campo Religioso

A dialética tem a função de suscitar no homem a reflexão e, por conseguinte o senso

crítico, um dos elementos responsáveis por fazê-lo superar a sua concepção de mundo e

conquistar o melhor de si continuamente. Sendo válida a toda atividade humana, a dialética

questiona a permanência e a durabilidade das coisas, da realidade, do universo (ZUIN; PUCC;

OLIVEIRA, 2008).

O conhecimento é totalizante e a atividade humana, em geral, é um processode totalização, que nunca alcança uma etapa definitiva e acabada. (...) Se nãoenxergarmos o todo, podemos atribuir um valor exagerado a uma verdade

limitada (transformando-a em mentira), prejudicando a nossa compreensãode uma verdade mais geral. (KONDER, 1994, p.36)

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Sendo as instituições religiosas uma atividade do homem, não justifica desvinculá-las

da responsabilidade de refletir em direção a novas compreensões e concepções do próprio

homem e da sua realidade.

1.2 INDÚSTRIA CULTURAL: O ESCLARECIMENTO COMO MISTIFICAÇÃO DAS

MASSAS

Na metade do século XX Adorno e Horkheimer publicaram ‘A Dialética do

Esclarecimento’ (ADORNO & HORKHEIMER, 1985; BORGES, 2011). Num período de guerrae massacre vividos na recém-terminada Segunda Guerra Mundial, os autores identificaram a

razão instrumental como agente causador de tamanha destruição. O saber científico passa a

ser supremo sobre os outros saberes e assumido como verdade absoluta, um tipo próprio de

totalitarismo.

O saber e o pensamento científico que seriam a porta de liberdade do homem sobre o

mito e instrumento de controle sobre a natureza acabou por ferramenta de dominação do

homem sobre outros homens, em troca do poder (BORGES, 2011).

Mas não se diz que o ambiente em que a técnica adquire tanto poder sobre asociedade encarna o próprio poder dos economicamente mais fortes sobre amesma sociedade. A racionalidade técnica hoje é a racionalidade do própriodomínio, é o caráter repressivo da sociedade que se auto aliena. (ADORNO& HORKHEIMER, 2002, p.6)

O progresso técnico permite que as forças produtivas sejam privilégio de poucos e

assim, aqueles que não as possuem se veem coagidos a negociar o objeto de troca quedispõem a mão de obra humana. Aqueles que detêm o saber detêm também domínio sobre a

natureza, contudo caminham numa linha estreita de opressão e dominação sobre a sua própria

espécie. O que seria esclarecimento, na verdade foi ferramenta de alienação. No lugar da

liberdade a sujeição (BORGES, 2011).

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1.2.1 Indústria Cultural

O avanço tecnológico gera mudança nas forças produtivas, resultando no processo de

Revolução Industrial, e assim, emergindo o chamado capitalismo industrial. A necessidade de

se produzir em grande escala, com prioridade soberana no lucro, gera mudanças no modo de

produção, afetando diretamente o modo de vida da sociedade.

O caráter e as leis do capitalismo refletem no homem, o influenciando e o

transformando em produto, em mercadoria (ADORNO & HORKHEIMER, 2002). Tudo se

torna produto de troca, com valores de troca, valores submissos aos interesses do mercado

capital. O trabalho do homem, inclusive, a sua mão de obra e, não obstante, até mesmo as

relações humanas refletem esse decurso. O sujeito agora é o objeto, processo denominado deconsciência reificada ou coisificação da consciência.

Por conseguinte, os reflexos do capitalismo industrial atingem também a esfera das

artes. Nesse momento nasce a discussão sobre a indústria cultural, conhecida também como

cultura de massa, que confere a todos os seguimentos de manifestação artística: música, artes

plásticas, cinema, etc.

Adorno e Horkheimer criaram o conceito “indústria cultural” para nomear a

modalidade de arte destinada ao consumo de massa. Trata-se de um produtoelaborado não mais segundo o padrão e a escala do trabalho artesanal, masconforme o esquema capitalista de produção de mercadorias, no qual o valorde uso é reduzido à condição de mero suporte do valor de troca. (MUSSE,2015, p. 215).

A produção artística passa a ser reproduzida em grandes quantidades para chegar a

toda sociedade, ou seja, a arte convertida em produto de consumo para as massas. A

concepção é popularizar a arte, suscitando assim, consumidores culturais.

1.2.2 Fetichismo da Mercadoria

Sobre esse sistema de produzir cultura para as massas, transformar a arte em

mercadoria, trata-se efetivamente de um negócio e os lucros adquiridos por essa produção

confirmam a intenção de manipular a necessidade e o gosto dos consumidores. Não obstante,

a indústria cultural se justifica por possibilitar à grande massa, o acesso à arte e à cultura(ADORNO & HORKHEIMER, 2002).

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Os setores responsáveis por essa produção apesar de privativos são correlatos entre si

e também cointeressados. Eles buscam difundir o que produzem, padronizando também os

consumidores. A indústria cultural controla o que deve ser fabricado, separa as classes e

determina qual delas deve consumir cada produto (ADORNO & HORKHEIMER, 2002).

Na realidade, o marco da indústria cultural está na alta capacidade defalsamente democratizar o acesso a bens duráveis e culturais no sentido deenfraquecer o espírito crítico, bem como de combalir a organização coletivacombativa contra o sistema. Isso, enfim, abrange o investimento em umaformação de mentalidade que ressoa no condicionamento de sujeitosadaptados e conformados. (ZANOLLA, 2013, p.103)

Surge então, nesse contexto, a propaganda que, através da televisão e do rádio, dasimagens e sons, sugerem valores, significados e primazia aos produtos de venda, conduzindo

o indivíduo a receber e a aceitar como sendo verdade e ainda, sem reflexão precedente,

consumindo assim, cada vez mais. O valor da arte agora corresponde ao valor de troca

agregado, o valor que ela recebeu. Valor este que a indústria cultural ajusta. A propaganda é o

grande colaborador dessa indústria, buscando homogeneizar a sociedade e a abolir a

diferença, fazendo desta a condição para a exclusão. (FRANÇA, 2008).

O artista e sua obra de arte são submetidos às imposições que estabelecem os limites

de criação. As condições para entrar e as condições para permanecer no mercado - tais

expressões, inclusive, são engendradas da economia capitalista, e partilhada pela Indústria

Cultural - determinam o estilo e o caráter da obra, alterando a sua originalidade. Até mesmo o

perfil do artista é pré-estabelecido.

Enfim, são exigências que interferem no verdadeiro significado do fazer artístico, na

intenção e motivação do artista em sua criação. A autonomia do artista é restrita e todo esse

processo acaba interferindo o real sentido da obra de arte e da arte em si.

Nesse contexto, a música ao ser apropriada por seus algozes, corrobora amassificação do gosto e a consequente perda da individualidade na produçãoartística, influenciando negativamente a relação entre arte e sociedade,interação que, pelo menos, deveria apontar para a emancipação e a plenitudedo belo. (FRANÇA, 2008, p.5)

Adorno (1983) fala que os produtos da Indústria Cultural subestimam a capacidade

intelectual do espectador e atrofiam a “imaginação e a espontaneidade do consumidor

cultural”, ou seja, vetam a atividade mental. São produtos que vão exigir do espectador

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exatamente o que a Indústria Cultural quer o ele apreenda. Nada mais que não o faça conceber

aquele produto como sendo fruto da sua escolha.

1.2.3 Indústria Cultural no Brasil

A arte perde o seu significado próprio e passa a servir o capitalismo e as suas fontes de

produção. Nesse sentido, a arte é entretenimento, um instrumento de gerenciamento do

capitalismo no tempo livre do trabalhador para reconduzi-lo à sua produção, descansado e

renovado da exaustão da rotina diária de trabalho. E assim, encorajando-o continuar a

produzir para o capital e, mais que isso, silenciando-o e o confinando à passividade.(ADORNO & HORKHEIMER, 2002).

O pensamento de Adorno correspondia uma realidade social ocidental vivida no meio

do século passado, porém o que não se pode negar é a compatibilidade que existe sobre vários

aspectos dos dias atuais. A música não apenas é um objeto de entretenimento, mas um meio e

um produto do capital e, aqueles que movimentam esse mercado, não escondem seus

objetivos em lucrar.

Fazendo um recorte à indústria cultural musical, o mercado fonográfico é um dossetores responsáveis pela produção e difusão da música à sombra do capitalismo e

impreterivelmente conexo a essa indústria. No Brasil existe a Associação Brasileira dos

Produtores de Discos – ABPD, criada em 1958. No site da ABPD (2016) diz que ela é afiliada

e atua como grupo nacional no Brasil, da Internacional Federation of the Phonographic

Industry - IFPI. Segundo o mesmo site o mercado brasileiro de música gravada movimentou

em 2014 quase R$600 milhões de reais somente de vendas de CD’s e DVD’s e vendas pela

internet (ABPD, 2015).Segundo Adorno (1983) a música produzida para entretenimento, e claro que, com

objetivos capitais, se veste de uma fachada de variedade e, aproveitando-se do prazer do

momento, usa de encantamento dos sentidos, vencendo e aniquilando a liberdade de decisão

do ouvinte.

Assim a Indústria cultural da música, norteia os meios de criação modificando-os

progressivamente, como também a própria música, subjugando-a a sua divulgação por meio

dos veículos de comunicação – a indústria da propaganda – condicionando-a ainda, à

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aceitação pública, que é predeterminada, e neutralizando a capacidade de escolha e apreciação

daqueles que a consomem.

1.2.4 Indústria Cultural na Música Gospel

Desde a sua Ascenção, “o mercado capitalista vive em permanente expansão, o capital

tende a ocupar todos os espaços que possam lhe proporcionar lucros” (KONDER, 1994,

p.34). Nessa perspectiva podemos destacar aqui o crescimento da indústria fonográfica

gospel, a mídia e o avanço do chamado mercado gospel.

A princípio, a música gospel se deu com cristãos negros norte-americanos no séculoXIX. As primeiras composições eram de escravos, que enxergavam na música e na religião

uma oportunidade de estarem com suas famílias e com os outros negros, todos excluídos da

sociedade branca; essas composições possuíam espontaneidade e cunho emocional.

(MARTINOOFF, 2010).

A música gospel perdurou até os dias atuais e apesar da ser apreciada essencialmente

na comunidade evangélica, sua presença tem avançado junto a toda sociedade. Ela está

presente nas escolas e nas universidades, nos conservatórios de música, seja como propostaeducativa utilizada por algum professor ou até mesmo por ser escolha em repertórios dos

corais, seja pela vivência de estudantes evangélicos que também comportam as instituições

mencionadas. Ademais, a presença da música gospel se dá também nos veículos de

comunicação como as rádios, a televisão, a internet.

Sob a ótica capitalista, há também um crescente interesse econômico de todo o

material envolvido. Delimitando-se aqui ao segmento, “estima-se que o “mercado evangélico”

no país, movimente mais de três bilhões de reais por ano e crie dois milhões de empregosdiretos e indiretos” (MARTINOFF, 2010). Para Cunha (2007) existe uma transformação

desses cristãos em um tipo de seguimento de mercado.

A indústria cultural não apenas impõe suas condições à música, mas também na

sociedade que consome sua produção e acata suas premissas sem se questionar e refletir nas

escolhas que lhes são predeterminadas por terceiros. As igrejas neopentecostais, fazendo um

uma restrição, nesse momento na pesquisa em questão, são vítimas dessa indústria de artes

para as massas, pois influenciadas por sistemas de produção musical em escala industrial, que

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passam por cima de valores da própria instituição, se sujeitam à sua “verdade” e sem

questionamento ou reflexão se tornam alvos fáceis de manipulação do mercado capitalista.

1.3 DIALÉTICA E INDÚSTRIA CULTURAL NO CONTEXTO RELIGIOSO

1.3.1 Dialética e Indústria Cultural na Igreja Evangélica Neopentecostal

A partir das ideias de Adorno (1983), reportando-nos às igrejas neopentecostais, como

sendo o contexto religioso pensado, para essa pesquisa, a música gospel tem sido moldada pela indústria cultural e ao mesmo tempo integrado as atividades dessas instituições e a vida

cotidiana dos seus fiéis.

A reflexão está na verdadeira função dessa música de entretenimento que a indústria

cultural produz com meros fins lucrativos, com mensagem e princípios que servem a indústria

e não o sentido da música em si e dos princípios próprios e originais às prá ticas litúrgicas. “O

empenho dessa indústria centra-se na capacidade de se inverter valores, significados de ideias

e conceitos, ao mesmo tempo em que objetiva a produção e o consumo desmedidos”(ZANOLLA, 2013, p.103). De modo consequente, a manipulação do gosto, das escolhas, e a

decorrente transferência de valores capitais não só à cultura religiosa, como à sociedade.

Para mais, Nogueira (2014) reflete sobre os tipos de ouvintes apontados por Adorno,

que destacava o ouvinte de entretenimento como sendo o mais numeroso, pois este sustenta e

fortalece a indústria cultural na sociedade capitalista. “o ouvinte do entretenimento é aquele

pelo qual se calibra a indústria cultural, seja porque ela o engendra ou o traz à tona.”

(ADORNO apud NOGUEIRA, 2014 p. 307).

1.3.2. Relevância de se Construir um Pensamento de Resistência no Contexto Cultural

Religioso

A perspectiva dessa pesquisa está voltada à compreensão de que suscitar o pensamento

crítico reflexivo, elemento favorável à formação do sujeito, serve como esforço e tentativa de

enriquecer a prática religiosa sobre suas próprias concepções e sobre seus próprios valores,

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impedindo ou dificultando que estes sejam interferidos ou modificados por questões, internas

ou externas, que geram engano ou alienação. Assim,

o processo formativo deve estimular a negação e até mesmo a repulsa a todatentativa de manipulação e produto cultural alienante. Alcançado esse ponto,seria possível falar com clareza em uma sociedade de emancipados, em queos indivíduos tomam para si mesmos a responsabilidade de construir os paradigmas políticos e culturais. Eis, aí, o propósito mais significativo daeducação, para o qual ela deve operar com todas as suas forças. (SILVA &SENA, 2015, p.181).

A reflexão crítica está para o pensamento de resistência que oportuniza a autonomia e

da consciência humana, do decidir com real liberdade de escolhas.

Considerando o crescimento do mercado gospel e do seu principal produto, a música

gospel, não deixando de mencionar a presença desta última na prática litúrgica, no louvor da

igreja, questiona-se o seu significado real enquanto instrumento de adoração no serviço

religioso e as mudanças ocasionadas por esse contexto.

(...) a prática educativa da comunidade certamente será instrumento eficaz para garantir coerência, qualidade e compromisso diante do atual contextocultural religioso, sem desprezar ou desqualificar as novidades, mas, sim,como diz o apóstolo Paulo, “retendo o que é bom” (CUNHA, 2007, p. 93).

A educação musical voltada para a formação e aliada aos fundamentos cristãos para as

atividades da igreja pode fazer com que essas comunidades não cedam facilmente às

imposições externas que o mercado introduz aos valores e princípios que norteiam a igreja e a

fundamentam.

1.4 EDUCAÇÃO MUSICAL NA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO E EMANCIPAÇÃO

Para Kater (2004) a educação musical pode auxiliar no processo de formação do

indivíduo e oferecer novas concepções de formação humana.

Música e educação são, como sabemos, produtos da construção humana, decuja conjugação pode resultar uma ferramenta original de formação, capazde promover tanto processos de conhecimento quanto de autoconhecimento. Nesse sentido, entre as funções da educação musical teríamos a de favorecermodalidades de compreensão e consciência de dimensões superiores de si e

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do mundo, de aspectos muitas vezes pouco acessíveis no cotidiano,estimulando uma visão mais autêntica e criativa da realidade. (KATER,2004, p.44).

Segundo Grandisk, (2009) a perspectiva do teórico Adorno é que “a formação está

como tarefa filosófica e ética para que o ser humano se emancipe e conquiste seu espaço

social, cultural, político, por meio do saber e do conhecimento”. (GRANDISK, 2010 p.105).

Faz relevante tomar como refer ência, “os fatores culturais e educacionais que podem

conferir ao homem estatuto de ser social, de modo que esse se reconheça e seja reconhecido

como humano, como um sujeito da maioridade” (ZANOLLA, 2013, p.324).

Nesse sentido, a educação musical pode ser instrumento de formação, a caminho da

emancipação do sujeito frente à alienação imposta pela indústria cultural e pelo processo

massificador do capitalismo.

O empenho educativo da música deve caminhar em favor da liberdade de consciência,

que Adorno (GRADISK, 2010) chamou de formação de consciência e da emancipação do

sujeito do arranjo capitalista em que está inserido.

Não se trata de isolar-se do que é produzido dessa indústria cultural, até mesmo

porque diz respeito a um elemento histórico e que está agregado ao contexto religioso

neopentecostal, já salientado aqui, ou seja, um elemento cultural intrínseco.

Discorre-se do refletir em busca de identificar meios que poderão ser percebidos e

aplicados na educação musical para o curso de um sujeito consciente e livre.

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CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA

Esta pesquisa se configura em uma abordagem qualitativa de pesquisa social

(PRODRIGUEZ, 2014), pois busca compreender, em uma perspectiva crítica, as contradições presentes em um determinado contexto social e cultural. Acredita-se que por meio desta

abordagem científica seja possível alcançar os objetivos compreensivos e, mediante os dados

teóricos e empíricos, elaborar propostas de intervenção educativa musical no contexto

estudado.

A base teórica da pesquisa servirá como elemento de reflexão comparativa e

explicativa sobre dados que coletamos no campo social em três contextos específicos:

1) Dez reportagens sobre música gospel;2) Entrevistas com sujeitos do universo eclesiástico que coordenam grupos musicais

em igrejas evangélicas neopentecostais;

3) Um grupo focal com músicos membros de grupos musicais, também pertencentes a

igrejas evangélicas neopentecostais.

Todos os participantes, tanto das entrevistas, quanto do grupo focal, trabalham com a

música gospel, nas atividades que desenvolvem em suas igrejas.

A opção pelos distintos dados se deu com a intenção de, através de uma reflexãoacerca dos dados apresentados e como cada um desses campos têm se relacionado com a

temática, chegar a uma melhor compreensão do campo da música no contexto gospel e

assimilar o papel da educação musical sob tais circunstâncias.

O cruzamento de dados entre a pesquisa documental e a pesquisa no campo social foi

fundamental para compreender como se configuram os desafios neste contexto de atuação do

educador musical e como se configurariam as propostas formativas nesta área.

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2.1 DEZ REPORTAGENS SOBRE MÚSICA GOSPEL

Elaboramos uma pesquisa documental em publicações retiradas de revistas e jornais

eletrônicos, reportagens que manifestam como a música gospel tem se identificado com os

procedimentos mercadológicos da indústria cultural. Foram reunidas dez reportagens em

questão. As reportagens estão no ANEXO A, identificadas por letras A1, A2, A3, A4, A4,

A6, A7, A8, A9, A10.

Esta etapa foi realizada seguida de uma análise preliminar com base na metodologia

de Análise de Conteúdo de Franco (2012) e Bardin (2011). A análise de conteúdo é uma

metodologia segura para interpretação de dados verbais e/ou simbólicos e produção de

inferências a partir dos procedimentos de tratamento de dados das mensagens, dos discursos ede qualquer processo comunicativo.

2.2 ENTREVISTAS COM SUJEITOS DO UNIVERSO ECLESIÁSTICO QUE

TRABALHAM COM A MÚSICA GOSPEL

Foram realizadas entrevistas com 6 sujeitos do universo eclesiástico que trabalhamcom a música gospel. Eles são identificados como “líderes de louvor”, pois lideram grupos

musicais responsáveis pelo momento musical na prática litúrgica das igrejas evangélicas

neopentecostais. Entre as atividades que exercem nesses grupos musicais estão a de conduzir

os ensaios do grupo de louvor e decidirem o repertório para o ensaio e consequentemente à

execução na igreja durante a celebração dos cultos.

A finalidade das entrevistas, conduzidas de acordo com as orientações metodológicas

de Szymanski (2004), foi extrair dados que revelassem nas respostas dos entrevistados ainfluência da indústria cultural gospel no trabalho desses músicos, como eles possivelmente

criam situações para a religião a partir desta influência musical e ainda, verificar como uma

proposta formativa poderia contribuir para o desenvolvimento destes músicos.

Essas entrevistas foram estruturadas com 5 questões, e aplicadas preservando em

sigilo a identidade dos participantes. Cada entrevista foi gravada e em seguida transcrita. As

perguntas elaboradas para as entrevistas foram:

1. Você estudou música ou fez algum curso para participar do grupo musical da igreja,

a equipe de louvor? Como você ingressou no trabalho de música na igreja?

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2. De onde você seleciona as músicas para usar na igreja durante o culto e qual o

critério?

3. Cite 10 músicas que você usou nos últimos anos no momento de louvor na igreja.

4. Qual o seu maior objetivo como líder de louvor?

5. Você acredita que uma formação musical traria mais contribuição para o trabalho na

igreja?

Para analisar os dados coletados nestas entrevistas também empregamos uma Análise

de Conteúdo de Franco (2012) e de Bardin (2011), de modo a interpretar as respostas dos

músicos entrevistados. O objetivo foi compreender como estas respostas se enquadram

contextualmente, no campo dialético, que tenciona: Alienação – pela via da influência da

indústria cultural gospel e possibilidade de Emancipação – pela via do desenvolvimentoformativo crítico e a criatividade em potencial.

As transcrições das entrevistas estão no APÊNDICE A, identificando os entrevistados

por letras: A1, A2, A3, A4, A5 e A6. Totalizando 6 entrevistados.

2.3 GRUPO FOCAL COM MÚSICOS MEMBROS DE GRUPOS MUSICAIS EM IGREJAS

EVANGÉLICAS NEOPENTECOSTAIS

Como terceiro dado para esta pesquisa, foi elaborado um grupo focal fundamentado

nas orientações metodológicas de Gatti (2012). Os participantes envolvidos no grupo focal

têm em comum o fato de serem músicos atuantes em igrejas evangélicas neopentecostais, e

desenvolverem como tarefa principal a de conduzir o louvor. Esses músicos são conhecidos

na comunidade em questão como “ministros de louvor”. Por vivenciarem em suas vidas

cotidianas tanto a música que é ministrada na prática da igreja, quanto o processo de escolhadesta música, entendemos que os envolvidos corresponderiam à expectativa em se

desenvolver o grupo focal para a pesquisa no campo social.

O grupo focal é procedimento muito utilizado em pesquisas de abordagem qualitativa

(GATTI, 2012). Através das respostas e das opiniões, partindo das experiências de cada

participante que trabalha com música na igreja, foi possível elaborar um caminho de

compreensão correspondente à temática envolvida.

O registro do grupo focal foi feito por meio de gravação em áudio e a identidade dos

participantes mantida em sigilo. No início da discussão, foi feita uma breve explicação sobre

como funcionaria o grupo. Cada participante antes de responder à pergunta da vez, se

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identificava com um número, para que no momento da análise dos dados fosse possível a

separação das respostas correspondentes aos indivíduos. O grupo foi estruturado com dois

momentos de perguntas. O primeiro com 5 questões fechadas, as mesmas da técnica de

entrevista, e o segundo com 2 questões referentes à formação musical na prática desses

integrantes como músicos no trabalho da igreja, e ainda uma terceira pergunta referente a

indústria cultural musical gospel.

O primeiro momento de perguntas foram as seguintes questões:

1. Você estudou música ou fez algum curso para participar do grupo musical da igreja,

a equipe de louvor? Como você ingressou no trabalho de música na igreja?

2. De onde você seleciona as músicas para usar na igreja durante o culto? Qual o

critério?3. Cite 10 músicas que você usou nos últimos anos no momento de louvor na igreja.

4. Qual o seu maior objetivo como líder de louvor?

5. Você acredita que uma formação musical traria mais contribuição para o trabalho na

igreja?

O segundo momento de perguntas foram as seguintes questões:

1. A partir da sua experiência com a música na igreja, relate qual é a visão que você

tem da presença da formação musical nos grupos musicais na igreja?2. O que sabem sobre indústria cultural musical gospel?

As transcrições das respostas do grupo focal estão no APÊNDICE B, onde os sujeitos

participantes foram identificados por letras: B1, B2, B3, B4. Totalizando 4 participantes do

grupo focal.

Os dados das reportagens, das entrevistas e do grupo focal foram submetidos a uma

análise mais detalhada realizada no capitulo 3, próximo item.

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CAPÍTULO 3 – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

3.1 ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS REPORTAGENS VIA CATEGORIAS: DIALÉTICA,

INDÚSTRIA CULTURA E EDUCAÇÃO MUSICAL Na tabela 1, a seguir, estão organizadas as reportagens reunidas, mencionadas no

CAPÍTULO 2 desta pesquisa, identificando o título, o autor e o link de cada reportagem. Para

o tratamento de dados, estão expostas na tabela algumas frases que relacionam com as

categorias definidas para a pesquisa: dialética, indústria cultural e educação musical.

TABELA 1 – Análise preliminar das reportagens

REPORTAGENS CATEGORIASTÍTULO AUTOR LINK DIALÉTICA INDÚSTRIA

CULTURALEDUCAÇÃOMUSICAL

A1 Músicagospel:trinado, fée dinheiro.

RodrigoLevino/VEJA

http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/musica-gospel-trinados-fe-e-dinheiro

(...) “o mercado gospelalia fé e louvor para produzir dinheiro”. (...)“todos os dias, asigrejas recebem novosconvertidos, que passam a consumirvorazmente os produtos evangélicos.E a música é o carro

chefe deles".

(...) "como maior produtora de cultura do país, [a Globo] não pode ficar indiferente àforça artística damúsica gospel".

A2 A rotinados popstars dafé.

JoãoLoes eRodrigoCardoso/IstoéIndependente

http://www.istoe.com. br/reportagens/209097_A+ROTINA+DOS+POPSTARS+DA+FE

Mas como vivem essas pessoas, divididas entrea pureza da mensagemdivina e a lógicaviolenta do mercado?Como administram fé,carreira artística, vidareligiosa, família,viagens, fãs, sucesso edinheiro?

Nomes como AlineBarros, Ana PaulaValadão e RegisDanese são verdadeiras potências capazes dearrastar centenas demilhares de pessoas ashows, cruzar barreirasreligiosas e vendermilhões de discos eDVDs.

A3 Mercado

evangélicofaz girarcerca deR$ 15 bi

Diego

Amorim/CorreioBraziliense

http://www

.em.com.br /app/noticia/economia/2014/01/

O segmento gospel é o

principal responsável pela sobrevida daindústria fonográfica.

Não à toa, a Sony

Music criou, em 2010,um selo específico paraa música evangélica noBrasil.

.

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por anocomvendas deCDs evestuário

30/internas _economia,493161/mercado-evangelico

-faz-girar-cerca-de-r-15-bi-por-ano-com-vendas-de-cds-e-vestuario.shtml

A4 O gospel éa próximaonda brasileira,diz

executivoque lançouMichelTeló

PedroCarvalho/ RádioUOL

http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2014/02/11/

o-gospel-e-a-proxima-onda- brasileira-diz-executivo-que-lancou-michel-telo.htm

O que eu quis dizer éque é necessário abrircom muito cuidadoessa porta. Primeiro porque você está

tratando com a fé das pessoas. Não é sómúsica, arte e dinheiro.É arte, dinheiro e fé.Você tem aoportunidade detrabalhar com umacoisa relevante paramilhares e milhões de brasileiros.

O hit do mercadogospel é muitodiferente do hit nomercado secular? Eletem alguns dos mesmos

elementos. Você precisa de uma melodiasimples que apele parauma grande massa de pessoas e a harmoniatambém costuma sersimples.Generalizando, claro. Nemtoda harmonia ésimples, nem todamelodia é poucosofisticada. Mas, comoregra geral, essas são as

grandes músicas queemplacam. Essas sãocoisas em comum entrea música evangélica e amúsica secular.

A5 Comcrescimento de 15%ao ano,MúsicaGospel brasileiraganhanovo selovoltado aoestilo

LizandraPronin/Território daMúsica

http://www.territoriodamusica.com/noticias/?c=34913

Reunindo mais de umestilo musical em tornode um conceito o decanções com temáticaevangélico-cristã ogospel passou a seruma fatia consideráveldo mercado e temchamado a atenção jáhá alguns anos.

Com vistas no poder decompra do consumidorevangélico, até a RedeGlobo investiu pesadono mercado criandouma programação deeventos voltados para o público alvo nosúltimos anos.

A6 Músicagospelabraçadiversosestilos ecriasegmentodemercadoatraente elucrativo

DanMartins/Gnotícias

http://noticias.gospelmais.com. br/musica-gospel-segmento-mercado-atraente-lucrativo-96768.html

Jerferson Baick faloutambém sobre acontrovérsia entre alógica mercadológica ea fé cristã, que émotivo para críticasdentro e fora dasigrejas evangélicas. – No meu ponto de vista,devemos encarar essarelação sem tabus.Antigamente, as pessoas olhavam a

Porém, a grandevantagem da músicagospel está noengajamento de seu público, o que refletediretamente nosnúmeros de vendas.

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nomenclatura‘mercado’ de formanegativa, mas é ummercado. Acompreensão disso

facilita muito aqualificação do artista.

A7 Mercadoda músicagospelmovimentaR$ 1,5 bilhão eatraigigantes domercadofonográfico

TiagoChagas/Gnotícias

http://noticias.gospelmais.com. br/mercado-musica-gospel-movimenta-bilhao-atrai-gigantes-78668.html

“O gospel se firmoucomo uma força nomercado fonográfico. Etem buscado arenovação para atingirum número cada vezmaior de pessoas. Osartistas mais novosaprenderam que têmque buscar outrasformas de se comunicar

com o público, alémdaquele discursotradicional”, comentaMaurício Soares,diretor artístico do selogospel da Sony Music.

O crescimentoconstante e chamativoda música gospeldespertou o interessede gigantes do mercadofonográfico, como asmultinacionaisUniversal Music eSony Music, além da brasileira Som Livre,do Grupo Globo.

A8 O gospelse abre aorap, reggaeeeletrônicaem buscade

renovação.

CarlosAlbuquer que/ OGlobo

http://oglo bo.globo.com/cultura/musica/o-gospel-se-abre-ao-rap-

reggae-eletronica-em-busca-de-renovacao-17176884

A repercussão nasredes sociais dotrabalho de artistascomo o DJ PV tem sidousada como medida para o mercadofonográfico avaliar o

alcance de suas novas“ovelhas”, comoexplica Fernando Lobo,gerente de A&R daSom Livre.

A9 Do funk aoeletrônico:artistas dãonova cara àmúsicagospel.

TiagoDias/UOL

http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2015/09/15/do-funk-ao-eletronico-artistas-dao-nova-cara-a-musica-gospel-conheca.htm

Com clipes bemdirigidos, letras deadoração menos óbviase aposta na estética jovem que faz sucessono mercado secular(termo muito utilizadonas igrejas paradeterminar o mercadofora delas), essesartistas têm chegado aum público até entãodistante da igreja.

Não é de hoje que aindústria musicalgospel está aberta anovos artistas egêneros.

A10 Globo faz5º ediçãode seufestivalgospel"particular "

RicardoFeltrin/UOL

http://tvefamosos.uol.com.br/noticias/ooops/2015/10/01/globo-faz-5-edicao-de-

No dia 7 de novembro,em São Paulo, a TVGlobo realiza mais umaedição do "FestivalPromessas", dedicado àmúsica gospel. Oumelhor, dedicado àmúsica gospel desde

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seu-festival-gospel- particular.htm

que ela seja contratadada Som Livre (GrupoGlobo) ou da SonyMusic (principal parceira da Globo na

área musical).

A primeira categoria analisada foi a dialética. O fator contraditório está presente nas

reportagens que imprimem o louvor, uma prática litúrgica da igreja neopentecostal em

questão, utilizada como elemento de impulsão de mercado. A reportagem A1, tanto o título

quanto as frases separadas para análise justificam essa assertiva: “Música gospel: trinado, fé e

dinheiro”; “o mercado gospel alia fé e louvor para produzir dinheiro” e ainda “todos os dias,

as igrejas recebem novos convertidos, que passam a consumir vorazmente os produtos

evangélicos".

Infere-se dessas frases a transformação da prática religiosa, que é uma atividade

humana histórica, relevante à cultura e aos princípios culturais de uma sociedade, se

transformando em fonte de provisão de uma economia de mercado.

Ao analisar as frases retiradas das notícias, percebe-se com notoriedade a conexão

predominante com a indústria cultural. Na tabela 1 todas as reportagens preenchem a

categoria em questão.

A produção artística produzida em grande escala, seguindo o esquema capitalista e

submetendo tanto a obra de arte, quanto o artista ao valor de troca, pode ser identificado na

reportagem A4, na frase “Você precisa de uma melodia simples que apele para uma grande

massa de pessoas e a harmonia também costuma ser simples”, ditando como deve ser a

música produzida pelo artista gospel. Refere-se, portanto, que o produto, a música gospel,

para alcançar êxito no gosto das pessoas e consequentemente atingir as vendagens almejadas,

deve se encaixar nos moldes do mercado.

Ainda sobre a fala presente na reportagem A4, que a melodia e a harmonia da músicaem questão, devem ser simples, testifica o que Adorno diz sobre o produto da Indústria

Cultural, que é feito “de modo que a sua apreensão adequada exige, por um lado, rapidez de

percepção, capacidade de observação e competência específica, e por outro é feita de modo a

vetar, de fato a atividade mental do espectador” (ADORNO & HORKHEIMER, 2002, p.173).

Nesse sentido há uma subestimação do consumidor e manipulação no seu gosto e escolha,

pré-determinados pela Indústria Cultural.

Quando Adorno (1983) fala sobre a transformação da música em mercadoria,referindo-se ao fetichismo da música, ele alega que os grandes veículos de comunicação são

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correlatos à indústria cultural servindo-a na divulgação e distribuição da sua produção às

massas. Isso se confirma na reportagem A1, (...) "como maior produtora de cultura do país, [a

Globo] não pode ficar indiferente à força artística da música gospel".

Se o produto é famoso então ele ganhou o gosto do consumidor. O objetivo, portanto,

é fazer com que essa música seja conhecida por todos. Quanto mais conhecida a música for,

mais as pessoas gostam dela. Essa afirmação está presente no noticiário A7 na frase: A

repercussão nas redes sociais do trabalho de artistas como o DJ PV tem sido usada como

medida para o mercado fonográfico avaliar o alcance de suas novas “ovelhas”. Ou seja, é

importante para a indústria cultural que a música se torne famosa, conhecida por um número

expressivo de consumidores.

As reportagens reunidas para essa pesquisa foram retiradas da internet. E as revistasresponsáveis pelas reportagens visam a disseminação do seguimento. O próprio noticiário

funciona como um instrumento de divulgação para o segmento de mercado em que a música

gospel se tornou. As chamadas das reportagens e os títulos já denunciam essa intenção:

“Música gospel abraça diversos estilos e cria segmento de mercado atraente e lucrativo”

(reportagem A6); ou “O gospel é a próxima onda brasileira, diz executivo que lançou Michel

Teló” (reportagem A1).

Assim justifica a ausência da categoria educação musical, como visto na tabela 1. Asempresas que divulgam essas reportagens demonstram interesse na indústria cultural e pouco

se dedicam à formação, à educação musical.

Não foi possível identificar uma relação com a categoria educação musical, justamente

porque o interesse desses grandes veículos de comunicação está na homogeneização e a

padronização do gosto. A educação musical remete à formação, a autonomia, a criatividade e,

por conseguinte a reflexão crítica do sujeito que possibilita a não instrumentalização.

3.2 ANÁLISE DE CONTEÚDO DOS QUESTIONÁRIOS VIA CATEGORIAS:

DIALÉTICA, INDÚSTRIA CULTURA E EDUCAÇÃO MUSICAL

As entrevistas aconteceram com pessoas que vivem em sua prática religiosa a música

gospel. Todos atuam como líderes de grupos musicais em suas respectivas igrejas. Eles

coordenam os ensaios e decidem o repertório a ser ensaiado que depois será tocado nos cultos.

A maioria dos entrevistados se dedica ao serviço religioso voluntariamente.

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Na tabela 2, logo a seguir, foram organizados os principais dados coletados das

entrevistas. Na composição da tabela estão dispostos o perfil dos entrevistados (idade e

formação escolar, o tempo de atuação no serviço religioso e a habilidade musical praticada no

trabalho da igreja) e as categorias: Dialética, Indústria Cultural e Educação Musical.

TABELA 2 – Análise preliminar das entrevistas

E N

T R E V I S T A D O PERFIL

DIALÉTICAINDÚSTRIACULTURAL

EDUCAÇÃOMUSICALIdade e

formaçãoescolar

Tempodeatuação

Instrumentosde atividadedos músicos

A1 35 anos/2° grau

17 anos Baixoeletrônico,saxofone evoz.

“Seleciono as músicasda internet” (...) “o queestá acontecendo nomomento na músicagospel”.

Formar outrasequipes

A2 50 anos./2º grau

33 anos Teclado, baixoeletrônico, evoz.

(...) “preparar as pessoas paraservirem a Deus eandar com Deusatravés da música”

“Eu tento escolhermúsicas que a letra sejaforte e verdadeira”.“Que faça parte do diaa dia da gente”.

“Procuro me inteirardaquilo que está sendoa atualidade”.

“Tudo que eu sei eque eu faço hoje,mais ou menos deautodidata”.“deixar uma

geração demúsicos”.

A3 40 anos/2º grau

18 anos Teclado evoz

“Veículos decomunicação. Primeiroimpacto, você escuta,você gosta. Além docritério de estar sendomuito tocada, muitocantada também, temesse critério”. “Por estáno mercado, como sediz, está em evidência

essa música. Essecritério”.

“Eu entrei sem fazercurso.”

A4 33 anos/superior

12 anos Violão/ voz “Meu maiorobjetivo comoministro de louvor écriar um sensocrítico nas pessoas que estãoem minha volta. Desaber escolherrepertório quefaçam as pessoasrefletirem e uma

das maiores preocupaçõesminha hoje,atualmente, é que o

“Tem umas músicasque são corinhosantigos para a igreja,mas tem umas que sãoatuais, que são essasque são gravadas maisatualmente”.

“E a músicatambém comoferramenta queutilizamos comoferramenta deevangelização comoferramenta deanunciação das‘boas novas’ elatambém precisa sermelhorada, precisa

ser qualificada; ela precisa serdescoberta de umaforma musical”.

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“eu” está muito presente nasmúsicas, e o nós foideixado a bastantetempo de lado.

A5 Superior/39 anos

20 anos Teclado eVoz

(...) “é levar aequipe a entender oque ela faz. Louvornão é só cantar”.

“São selecionadas deacordo com a temáticado culto, podendo serdirecionado pelo lídersuperior que vaiconduzir o ou não”.(...) “às vezes ouve narádio”.

“Tem que ser umconjunto. Quando agente estuda músicaa gente sempre vêfalar na excelência. Não adianta a pessoa dizer “ah,meu ministério émúsica” e não terhabilidadenenhuma, e nemquerer desenvolveressa habilidade

também. É umacrescente”.

A6 Superiorincompleto/ 32anos.

15anos Violão,teclado evoz.

“Se o pastor não pedirnenhuma, vai a que eutiver mais afinidade para tocar. O critério éa que encaixa melhorna minha voz”.

“Ela tem que buscarconhecimento prático também. Euestou sempreestudando, sempreaprendendo”.

O perfil dos entrevistados porta algumas características semelhantes como, por

exemplo, todos são músicos instrumentistas e também cantores. A respeito da formação

escolar, 2 dos entrevistados possuem ensino superior e os 4 restantes tem a formação escolar

até o segundo grau completo.

Foram retiradas das respostas dos entrevistados frases ou palavras que fizessem

conexão às categorias analisadas.

Konder (1994) afirma que pensar as contradições da nossa realidade, refletindo sobre

seu estado constante de transformação é pensar dialeticamente. Quando a fala do entrevistado

A4, que diz sobre o seu objetivo como líder de grupo musical da igreja, “Meu maior objetivo

como ministro de louvor é criar um senso crítico nas pessoas que estão em minha volta”,

remete-nos à questão Dialética. Porquanto, refletir sobre a música que é tocada na igreja,

sobre a sua função e influência, remete-nos o significado dialético dessa música no contexto

em questão, pois pode ser tanto uma ferramenta para o serviço religioso e social, quanto pode

ser instrumento de alienação e manipulação, mesmo inconsciente.

A segunda categoria exposta na tabela 2 foi a Indústria Cultural. Na fala do

entrevistado A1 quando disse “o que está acontecendo no momento na música gospel”, a

resposta do entrevistado A2, “Procuro me inteirar daquilo que está sendo a atualidade”, e a do

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entrevistado A3, “Por estar no mercado, como se diz, está em evidência, essa música”,

confirma aspectos pertinentes à categoria analisada aqui.

Os entrevistados demonstraram se importar com o que é novidade na música gospel,

no sentido de novas produções. Todavia, é justamente o que Adorno e Horkheimer (2002)

explicam sobre o “novo” implantado pela Indústria Cultural, que existe uma “necessidade de

efeitos novos”, mas que na verdade estão apensos ao “velho esquema”.

Também fica evidente outro aspecto da Indústria Cultural na fala dos entrevistados

quando dizem a respeito do critério de seleção para o repertório utilizado. Eles mencionaram

que selecionam da rádio, da internet, ou seja, conhecem as músicas através desses veículos de

comunicação, que são responsáveis por difundir a grande massa fazendo-a conhecedora do

que é produzido pela Indústria Cultural. Com isso, essas fontes de divulgação sãocolaboradores em imprimir no que divulgam os valores que lhes são interessantes e

pertinentes para o expectador, visto como um consumidor em potencial, receber e tomar como

verdade, passivamente.

Na categoria educação musical, prevalece na fala dos entrevistados, a escassez de uma

formação musical nos grupos musicais de suas igrejas. O entrevistado A4 diz que a música

que eles utilizam na igreja “precisa ser melhorada” e na fala do entrevistado A5 que diz não

ser suficiente dizer que faz o trabalho do louvor “e não ter habilidade nenhuma, e nem quererdesenvolver essa habilidade”, confirma a necessidade e importância da educação musical

nesse contexto religioso.

Nas falas do entrevistado A3 “Eu entrei sem fazer curso” e do entrevistado 2 “Tudo

que eu sei e que eu faço hoje, mais ou menos de autodidata”, demonstram que eles

desenvolvem suas habilidades musicais vendo e convivendo com outros músicos. A vivência

é a maior fonte de experiências deles com a música. Principalmente para aqueles que não

tiveram nenhum tipo de instrução ou técnica musical.Outro aspecto que pode ser identificado conexo a essa categoria está na fala do

entrevistado A1 “formar outras equipes”, mostrando interesse em formar outros músicos e; na

fala do entrevistado A2 “deixar uma geração de músicos”. O trabalho desses grupos musicais

nas igrejas evangélicas neopentecostais é um campo de possibilidades para a educação

musical, além dos músicos atuantes, também os que desejam participar e aprender música

através da prática do louvor na igreja.

A educação musical teria participação também na fala do entrevistado A4 quando se

refere à música que utilizam na igreja, como sendo uma ferramenta para anunciar seus

ensinamentos, mas que “falta ser descoberta musicalmente”. Para esse entrevistado, a

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formação musical ainda não tem prioridade nos grupos musicais da igreja, prevalecendo a

função dela na prática religiosa.

A tabela 3 a seguir mostra as músicas citadas pelos entrevistados, acompanhadas dos

seus interpretes. Essa tabela serviu para identificar a música que os entrevistados usam nos

grupos musicais e nos cultos da igreja.

TABELA 3 - Músicas citadas pelos entrevistados

Música Cantor Quantidade de citaçõesA minha família é benção do senhor Regis DaneseAbraça-me André ValadãoAclame ao Senhor Diante do TronoAmigo de Deus Ademar de Campos

Ar Thalles RobertoAtrai o meu coração Filhos do HomemBrasil João AlexandreConheci um grande amigo RebanhãoDeus da minha vida Thalles Roberto 2Deus tu és grande Gui RebustineEu creio que tudo é possível Ministério Fonte da VidaEu e minha casa serviremos a Deus André ValadãoEu te busco VineiardEu vou viver o meu milagre Renascer PraiseFaz chover Trazendo a ArcaFaz Um Milagre em Mim Regis Danese 2Fé André Valadão

Feirante João AlexandreFornalha Pedras VivasGeração apostólica Ministério Fonte da VidaGrande é o Senhor Ademar de CamposLugar Seguro Aline Barros 3Lugares altos Renascer PraiseMe ama Diante do TronoMove as águas Ministério Fonte da Vida No caminho do milagre Renascer PraiseO grito Pedras VivasOceano de amor Pedras Vivas 4Os sonhos de Deus Ludmila Ferber

Pai nosso Pedras Vivas 2Perfeita Graça Ministério Fonte da vidaReina em mim VineiardReina em mim Nívea SoaresRessuscita-me Aline Barros 2Seu sangue FernandinhoSonda-me Aline BarrosTetelestai Diante do TronoTeu amor não falha Nívea SoaresTocar em ti Pedras VivasTua memória Ministério Fonte da VidaUma nova história FernandinhoViver por fé Ministério Fonte da vida 2Volta Leonardo GonçalvesVou crer André Valadão 2Vou me aproximar de ti Pedras Vivas

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Pela tabela 3 foi possível identificar as músicas e os cantores que mais foram citados.

A música “Oceano de Amor” do grupo Pedras Vivas, seguida de “Lugar Seguro” da cantora

Aline Barros. Por meio de uma análise mais atenta desta lista de canções mais citadas, pode-

se perceber que a grande maioria delas pertence às grandes gravadoras, em contraste com uma

minoria de canções de cantores independentes.

3.3 ANÁLISE DE CONTEÚDO DO GRUPO FOCAL VIA CATEGORIAS: DIALÉTICA,

INDÚSTRIA CULTURA E EDUCAÇÃO MUSICAL

Para a terceira coleta de dados dessa pesquisa, foi elaborado um grupo focal, baseado

nas orientações metodológicas de Gatti (2012). O grupo focal foi composto por 4 integrantes

que participam de grupos musicais em igrejas evangélicas neopentecostais. São conhecidos

como ministro de louvor, pois entre outras funções, em algum momento, eles conduzem o

momento musical da prática litúrgica, chamada de louvor. Para a análise dos dados do grupo

focal, foi elaborada a tabela abaixo.

TABELA 4 – Análise preliminar do grupo focal

PERFIL DOS MEMBROS CATEGORIAS

M E M B R O S

ATUAÇÃOEMGRUPOSMUSICAIS NAIGREJA

GRAUESCOLAR

INSTRU-MENTOMUSICAL

DIALÉTICA INDÚSTRIACULTURAL

EDUCAÇÃOMUSICAL

B1 11 anos Superior

completo

Voz“Saber recebercríticas. Críticas

também podemconstruir umasituação decrescimento; mas évocê ter ahumildade de saberque sempre você precisa melhorarindependentementede onde vocêesteja”.

“(...) geralmente, nãoutilizo um critério fixo.”

“(...) as músicas que sãointeressantes pra gentecantar na igreja, e que aigreja tem umareceptividade maior agente trás pra cá. Mas éatravés do rádiomesmo”.

“Mas eu sempretive essa vontade.

Mas curso, preparação, assim,questão vocal, eununca fiz”.“não existe muitoessa questão da"formaçãomusical.”“(...) as pessoasintegrantes daequipe, elas procuram adquiriresse conhecimento por conta própria eisso acaba queaparece na

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qualidade final dotrabalho”.

B2 9 anos 2°completo

Voz eviolão

“As músicas,normalmente é ouvindorádio e quando eu vou

visitar alguma igrejadiferente eu vejo asmúsicas que eles cantamdiferentes...”. “(...) de uma maneirageral, o louvor em si, émuito intuitivo. Ele nãoé técnico. Se fosse umacoisa mais técnica seriaaté meio chato. Mas nãoé. A pessoa ouve erepete. Ouve umamúsica, pega a

sequência e repete. Aigreja é carente de umaformação técnicamusical, a equipe quecuida da parte musicalda igreja”.

“Também nuncafiz curso. Naverdade eu fiz

algumas aulas”. “E se tivesse umensino, se a igrejaensinasse, tivessecursos, palestras,sobre louvor,sobre música, achoque seria umcrescimento para aigreja. Eu achoque quem toca naigreja aprendemais por conta

própria. Atravésde vídeos, youtube”.

B3 35 anos Superiorcompleto

Voz“(...) não só pela rádio,mas também pelainternet, pelo youtube,em outros sites que agente conhece”.

“Como os demais,eu também não fizum curso, mas tivenoções de teoriamusical, sobreritmo”. “(...) semuma formação ele

começa a ficarlimitado. Ele nãoconsegue avançaraté certo ponto”.

B4 15 anos 2°completo

“Em questão de saberuma música nova, oualguma novidade, eusempre procuro pelainternet”.

“Eu também nãotive curso”.“(...)eu não estudo, nãosei tocar nada, masacredito que tenhoum ouvido muito bom, em questãode ritmo, denotas”. “Aonde euestou hoje, aequipe é bem preocupada comessa questão deaperfeiçoamento,formaçãomusical”.

Conforme realizado nas análises anteriores, das reportagens e das entrevistas, a Tabela

4 também tem na sua composição as categorias Dialética, Indústria Cultural e Educação

Musical, bem como, informações que correspondem o perfil de cada membro, comoescolaridade, tempo de atuação no trabalho eclesiástico e o instrumento musical que, o

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membro em questão, executa na igreja. Além disso, estão distribuídos trechos das falas dos

participantes que fizessem conexão às categorias, aqui analisadas.

Zuin (2008) estudando sobre a dialética negativa de Adorno, diz que “a degeneração

da consciência (que se converte em mitologia) é produto de sua carência de reflexão crítica

sobre si mesma”, ou seja, a reflexão crítica pode dificultar a alienação da consciência e

possibilitar uma superação do homem em relação a si e a sua realidade. Na fala do

participante B1, “críticas também podem construir uma situação de crescimento; mas é você

ter a humildade de saber que sempre você precisa melhorar independentemente de onde você

esteja”, remete-nos a negar o conhecimento alcançado, não no sentido de desconsiderar, mas

de não o tê-lo como acabado e buscar um avanço qualitativo.

Nas demais falas dos participantes do grupo focal, não foram identificados oselementos que fizessem conexão à categoria Dialética.

Em seguida, apontam-se nas falas dos participantes, aspectos que fazem ligação com a

categoria Indústria Cultural. Um exemplo disso é quando os participantes afirmam que

selecionam as músicas que utilizam na igreja, no momento musical, ou seja, na hora do

louvor, na maioria das vezes, da rádio ou da internet.

Mais uma vez a aparição dos veículos de comunicação como fonte de repertório

desses músicos, por ser composto por uma música “conhecida”, ou por ser “a mais tocada” ou“a atual” ou mesmo, “a novidade”, confirma a presença da Indústria Cultural, também no

contexto religioso.

Conexo à categoria Educação Musical está a necessidade de uma formação musical

tanto dos próprios participantes do grupo focal, quanto no contexto em que estão inseridos,

nos grupos musicais das suas igrejas. A começar na atividade musical predominante na qual

eles exercem, o canto. Todos os participantes alegaram não terem feito nenhum tipo de aula

ou curso para cantar participando nos grupos musicais. O participante B1 diz “mas curso, preparação, assim, questão vocal, eu nunca fiz”, assim como o participante B2 “aula de canto

eu nunca fiz, mas tenho vontade de fazer” e o participante 4B “eu também não tive curso”,

confirmam a falta de formação musical. Não obstante a fala dos participantes também testifica

a necessidade que sentem da formação musical, baseada nas experiências que vivem nos

grupos musicais: “e hoje vejo que está fazendo falta”, participante B1 e “sem uma formação

ele começa a ficar limitado” do participante B3.

O desenvolvimento de suas habilidades musicais é resultado apenas das experiências

adquiridas pela vivência musical nos grupos, no trabalho musical da igreja, e do próprio

momento musical da igreja, o louvor.

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Os participantes também revelaram no grupo focal a opinião que têm em relação ao

contexto musical vividos em seus grupos musical na igreja. Sentem a falta de oportunidades

de ensino musical para o trabalho que exercem nos grupos e a necessidade de propostas

práticas (“eu observo que a gente até poderia ter mais estudos. Não apenas estudos práticos,

mas às vezes, palestras, alguma coisa nesse sentido, workshops”) que leve aos músicos da

igreja uma formação musical assertiva e não somente a evolução hábil adquirida pela vivência

musical entre eles (“eu acho que quem toca na igreja aprende mais por conta própria”).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A indústria cultural transforma a música em produto para as massas, com fins

meramente lucrativos. Além disso, cria o consumidor cultural, que é moldado e padronizado a

fim de adquirir, apreender e aceitar passivamente os falsos valores imprimidos nos produtos

dessa indústria (ADORNO & HORKHEIMER, 2002).

A intenção dessa pesquisa foi refletir dialeticamente, através de uma abordagem

qualitativa, a presença e a possível influência da Indústria Cultural no contexto das igrejas

evangélicas neopentecostais, e também propor através da educação musical, a formação como

instrumento de resistência frente à manipulação e alienação do arranjo capitalista na

autonomia e na criatividade do sujeito. Nesse sentido, o trabalho apontou na fundamentação teórica a dialética como método

de reflexão crítica necessário à formação da consciência humana, e buscou esclarecer tanto a

historicidade, quanto as categorias que denunciam os efeitos da indústria cultural. Da mesma

maneira, ressaltar as possibilidades da educação musical nas igrejas evangélicas

neopentecostais.

O trabalho procurou através da reunião de reportagens referente ao seguimento de

mercado que a música evangélica se transformou, das entrevistas e do grupo focal, comsujeitos que vivem essa música nas igrejas evangélicas neopentecostais, notar elementos que

fizessem relação às categorias: dialética, indústria cultural e educação musical.

A categoria mais evidente em todas as análises é certamente a indústria cultural. Nas

reportagens selecionados, as informações a respeito da música gospel, confirmam a sua

vertente enquanto seguimento de mercado e denunciam a indústria cultural presença no meio

religioso: as modificações no modo de produção dessa música; a perda de autonomia do

artista; o empobrecimento da qualidade musical visando não exigir das faculdades mentais doespectador, da sua criatividade e espontaneidade, criando assim uma música simples,

superficial; o ajuste feito por gravadoras e produtoras, que nesse casso se enquadram no que

Adorno (1983) chamou de “supremos dirigentes”, monopolizando o setor, padronizando a

música que é produzida; o encargo dos grandes veículos de comunicação em difundir a

música e de contribuir em imprimir valores no que é divulgado e; a quantidade de vendagem

de CDs, os números e as estatísticas assumidas pelo mercado, atestando a rentabilidade e a

lucratividade daquilo que se trata a primo, de um negócio.

A participação de sujeitos que convivem com a música gospel nas igrejas evangélicas

neopentecostais, a opinião baseada em suas experiências e suas declarações quanto ao

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contexto que estão inseridos contribuíram a essa pesquisa identificar o campo de

possibilidades para a educação musical e à sua função para a formação.

Identificam-se nos dados coletados a partir, tanto das reportagens quanto das

entrevistas e do grupo focal, possibilidades de construção e realização de novas pesquisas

empíricas em busca da formação crítica.

Mesmo fazendo um recorte ao campo pesquisado, tanto no quesito teórico quanto no

campo prático, e tomando o cuidado em não generalizar, o estudo apontou contradições

pertinentes a essa investigação. Há indícios nas reportagens, bem como na fragilidade crítica

dos participantes demonstrada nas entrevistas e no grupo focal, que a falta de formação pode

determinar o que seja suficiente para a criatividade e autonomia baseadas em critérios

objetivos.Esta pesquisa, como já declarado, partiu de pressupostos hipotéticos, mas promissores.

Apresentou elementos que testificam a existência da indústria cultural no contexto religioso e

demonstrou também que há possibilidades de educação musical nessa área. Contudo, restam

lacunas para mais pesquisas, novos temas como, por exemplo, identificar a maneira se dá a

relação indústria cultural nesse contexto religioso ou, quais práticas educativas musicais

poderiam ser utilizadas a favor da formação do músico, considerando refletir sobre as

abordagens de formação, não apenas técnica, mas integral, crítica e reflexiva.Para tanto, ressaltamos que novos temas de pesquisa, apontando novos problemas e

novas perspectivas nessa área, sirvam de alicerce e contribua para o músico da igreja,

desenvolver uma pratica mais consciente, criativa, reflexiva e crítica no trabalho que concebe,

buscando avanço nos seus objetivos.

Ações formativas como cursos, palestras e seminários, pode ser o subterfúgio para o

educador musical atuar neste contexto, com objetivos de desenvolver a formação no sentido

da emancipação, dos indivíduos e da igreja, em relação ao sistema da indústria cultural.Certamente, percorrendo caminhos que cercam a formação musical, social e cultural mais

ampla, e aprofundada, mais criativa e humana.

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APÊNDICE A

PESQUISA DE CAMPO

TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS COM SUJEITOS DO UNIVERSOECLESIÁSTICO QUE TRABALHAM COM A MÚSICA GOSPEL

Questões:

1. Você estudou música ou fez algum curso para participar do grupo musical da igreja, a

equipe de louvor? Como você ingressou no trabalho de música na igreja?2. De onde você seleciona as músicas para usar na igreja durante o culto? Qual o critério?

3. Cite 10 músicas que você usou nos últimos anos no momento de louvor na igreja.

4. Qual o seu maior objetivo como líder de louvor?

5. Você acredita que uma formação musical traria mais contribuição para o trabalho na igreja?

Respostas:

ENTREVISTADO A1

1. Eu fiz um curso técnico de música (instrumento baixo eletrônico) no interior e em Goiânia

aprimorei um pouco em um estúdio mesmo, e fiz um seminário de teologia para participar do

louvor (conforme o que eles tinham me pedido aqui na igreja na época).

2. Muita oração, jejum, vida com Deus, intimidade com Deus. Esse é o critério mesmo.

Comunhão com Deus. Seleciono as músicas da internet; o que está rolando no momento, o

que está acontecendo no momento na música gospel.

3. Move as Águas (Ministério Fonte da Vida), Faz Um Milagre em Mim (Regis Danese),

Sonda-me (Aline Barros), Ressuscita-me (Aline Barros), Pai nosso (Pedras Vivas), Deus da

Minha Vida (Talles Roberto), Perfeita Graça (Pedras Vivas), Viver Por Fé (Ministério Fonte

da Vida), No Caminho do Milagre (Trazendo a Arca). Essas são as músicas.

4. Eu como dou aula de música, eu vejo vários resultados. Hoje aqui na minha igreja, tem

cerca de 30 músicos e 20 deles foram meus alunos, e o resultado é esse de várias equipes de

louvor.

5. Com certeza. Acredito.

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ENTREVISTADO A2

1. Assim que eu me converti eu já tocava violão fora da igreja. Aí passou um tempo, que

eu me adaptei ao meio da igreja, aí eu comecei a tocar. Nunca fiz um curso técnico ou numa

instituição autorizada. Só os cursos que a igreja patrocinava, que a igreja oferecia. Mas nada

oficial, numa instituição, tipo escola de música. Tudo que eu sei e que eu faço hoje, mais ou

menos de autodidata.

2. Eu tento escolher músicas que a letra seja forte e verdadeira. Que faça parte do dia a

dia da gente. Ou mesmo que seja uma música que seja um sonho da gente. Uma música que

tenha base bíblica. E, no sentido dos ritmos eu procuro colocar algumas músicas animadas no

início, para levantar a fé da pessoa, e no período final do louvor, músicas que possam levar

mais à meditação interior. A pessoa pensar mais, a ouvir mais aquilo que Deus está querendofalar com ele. E eu uso muito um critério, porque Deus falou pra Moisés: coloca a minha

mensagem na música tal; faça um cântico e coloca a minha mensagem nessa música – isso

está no final do livro de êxodo. Então eu escolho esse método para escolher as músicas

também. Procuro me inteirar daquilo que está sendo a atualidade. Tem músicas que se

consagraram com o tempo. Toda vez que você cantou, ela tocou uma vida, outra vida ou fez

parte da vida de alguma pessoa. Agora, tanto Deus como as pessoas gostam de uma música

nova, gosta de um cântico novo. Tanto é que o salmista diz: cantai ao senhor um cânticonovo. E Deus é um Deus que nos leva a novidade de vida, e também a novidade e as coisas

novas, são coisas que agradam a Deus. Ele diz em Isaías 40.18: não vos lembrei das coisas

passadas, estou fazendo coisas novas. Então, sempre Deus está fazendo coisas novas na vida

da gente, na vida da igreja, na vida das pessoas. E eu procuro ouvir essa música nas rádios;

aqueles cantores que estão se levantando, que estão trazendo com uma mensagem atual, uma

mensagem forte, que está sendo reconhecida pelo ministério deles, que Deus está

confirmando o ministério deles na execução dessas músicas, nos trabalhos que eles fazem.Poderia até citar vários.

3. Colocar minha fé em ti (André Valadão), Lugar Seguro (Aline barros), Os sonhos de

Deus (Ludmila Ferber); Fico feliz (Aline Barros); Faz um milagre em mim (Regis Danese); A

minha família é benção do Senhor (Regis Danese); Eu e minha casa serviremos a Deus

(André Valadão); Pai nosso (Pedras Vivas); Oceano de amor (Pedras Vivas); Vou me

aproximar de ti (Pedras Vivas).

4. Olha, o meu maior objetivo é louvar a Deus mesmo. Mas eu penso que o mundo da

música ele tem muitas coisas boas. O meu principal objetivo, é o objetivo de toda pessoa no

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reino de Deus. Primeiro é louvar a Deus, segundo é preparar um povo para Deus através

dessas musicas. Preparar o coração das pessoas para servir a Deus. Preparar as pessoas para

andar com Deus através dessas músicas. E resultados, assim, que eu tenha visto, é um

contexto todo, não tem o resultado da música em si. Mas você vê que muitas vezes você ouve

a pessoa dizer: ah, eu estava assim e cantei aquela música que a gente está cantando aquela

música que a gente está tocando agora e Deus me abençoou ou me renovou, me restaurou. E

também um dos objetivos que a gente tem que ter na música é, como Davi, de gerar, de deixar

uma geração depois da gente. E algumas pessoas eu tenho ajudado assim, tenho ensinado. E

eu vejo que algumas eu não formei completamente, mas ajudei a incentivar, e o hoje eles

estão louvando a Deus por aí. Alguns tocam guitarra, outros tocam bateria, outros violão. Já

peguei pessoas que não cantavam nada, e hoje estão no ministério de louvor. Uma vez euconversei com uma moça e ela queria muito cantar, e eu ajudei ela a cantar. Ela falou: olha,

esse final de ano você salvou o meu ano, porque você me tirou do nada e me colocou lá na

equipe de música da igreja. Então, essa pessoa – eu vou parar um certo tempo – mas essa

pessoa, ela tá jovem, nova, ela vai seguir em frente, e várias outras. Eu gosto muito de

trabalhar com crianças também. Tenho visto, lá no Vale dos Sonhos, muitas crianças

quererem louvar, querer aprender. Agora, resultado é sempre muito difícil a gente vê os

resultados bem claro. Talvez a gente vai ver daqui alguns anos, alguém falar alguma coisa quea gente ensinou, mas a gente mesmo.

5. Sem dúvidas. Porque a igreja nunca é uma parte em si. Ela é sempre um todo, e esse

todo é que protege uma igreja. E a pessoa com essa formação ela vai dar segurança para

liderança e para os liderados. Porque, a pessoa vai saber: olha, fulano está ali, além de um

músico formado, que entende de notas, de escala, que entende disso, daquilo outro, ele é um

teólogo, um perito na palavra de Deus. E ele ainda está debaixo de uma submissão de outros

lideres que estão acima dele. Então isso traz segurança, porque a pessoa passa a prestarcontas.

ENTREVISTADO A3

1. Eu entrei sem fazer curso. Depois que eu estava, que eu quis aperfeiçoar, fiz algumas

aulas de instrumento, teclado, depois fiz aula lá no Gustav Ritter de teoria por 2 anos.

2. Veículos de comunicação. As músicas mais cantadas, músicas congregacionais, a

gente ensaia. Primeiro impacto, você escuta, você gosta. Além do critério de estar sendo

muito tocada, muito cantada também, tem esse critério. Por estar no mercado, como se diz,

está em evidência essa música. Esse critério.

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3. Me ama (Diante do Trono); Oceano de amor (Pedras Vivas); Ressussita-me (Aline

Barros); Seu sangue (Fernandinho), Fé (André Valadão); Vou crer (André Valadão); Deus da

minha vida (Thales Roberto); Fornalha (Pedras Vivas) Oceano de Amor (Pedras Vivas);

Viver por fé (Ministério Fonte da Vida).

4. Sim. Vejo. Vejo a igreja entrando na Presença, adorando. O objetivo é de levar a igreja

à presença de Deus. Eu vejo a igreja entrando, assim, através das músicas. Prepara também

para a palavra, ficam com o coração quebrantado, as pessoas extravasam, choram na

Presença. É muito gratificante isso, saber que você é um instrumento para as pessoas estarem

se entregando ali através da música.

5. Sim acredito. O teológico, a palavra tem que, ela tem que ter um. Porque as pessoas

não são bobas. Então, o teológico em relação, você não vai falar heresia, qualquer coisa. E aletra da música, a teologia. Seria melhor, porque tem as concordâncias, o português. Igual eu

estava falando: com relação a concordância. Você está ali, você recebe uma direção, você vai

escrever, mas depois que você recebeu – eu nunca compus mas acredito que seja assim -

despois vem a correção, as palavras certas. Você recebeu uma melodia ali, vamos supor, você

tem o dom, vem um click ali, você escreve, e depois vem as concordâncias, a correção, a

correção verbal. Acredito sim, em relação a cultura fica mais bonito quando é uma música

elaborada, estudada, organizada, fica mais bonito sim. Eu acredito que seria melhor.

ENTREVISTADO A4

1. Não fiz nenhum curso e na verdade eu fui ingressado porque logo que tive uma certa

conversão eu fui qualificado para assumir como ministro de louvor da equipe de jovens e

adolescentes, depois passei participar também da equipe de adulto, que eram divididos em

duas. Mas não tive nenhum processo avaliativo, nenhum processo que me avaliasse como

capaz. E sim, por eles me verem atuar em algum momento musical, me viram com uma certaaptidão para isso, e me deixaram livre para participar.

2. Normalmente a gente recebe nos próprios cultos mesmo, louvores que já cantam de

corinhos antigos, e CDs que são lançados atualmente. Música que estão na moda, que estão

sendo lançados recentemente na indústria cultural e nesse âmbito de exploração que a mídia

usa. Essas músicas novas. Tem umas músicas que são corinhos antigos para a igreja, mas tem

umas que são atuais, que são essas que são gravadas mais atualmente. Bom, ela tem que falar

do evangelho, a princípio falar do evangelho, de Deus, da presença de Deus, da comunhão

com Deus, da santidade com Deus, basicamente é isso. Que fale de Deus.

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3. Conheci um grande amigo (Rebanhão); Amigo de Deus (Ademar de Campos); Grande

é o senhor e mui digno de louvor (Ademar de Campos); Feirante (João Alexandre); Brasil

(João Alexandre); Volta (Leonardo Goncalves); Eu te busco (Vineiard); Reina em Mim

(Vineiarde); Reina em mim (Nívea Soares). Aclame ao Senhor (Diante do Trono); Atrai o

meu coração (Filhos do homem).

4. Meu maior objetivo como ministro de louvor é criar um senso crítico nas pessoas

que estão em minha volta. De saber escolher repertório que façam as pessoas refletirem e uma

das maiores preocupações minha hoje, atualmente, é que o “eu” está muito presente nas

músicas, e o nós foi deixado a bastante tempo de lado. Porque antigamente o “nós”, na

terceira pessoa, era usado bastante nos cultos nos louvores e o “eu” está muito presente, ou

seja, o “eu” no centro de tudo é muito presente, então, eu acho que é uma coisa preocupante.As músicas não falam mais de “nós”, não tem esse negócio de mais comunhão. Tem adoração

individual. Cada um por si. Cada um buscando sozinho, independente. Sem precisar do outro.

Lá eu vejo resultados sim. Porque lá a gente tem uma gama de pessoas mais críticas porque

estudam teologia e estudam com pessoas de diversas denominações. A gente não é bitolada,

fechada a nossa própria denominação. A gente executa trabalho com outras denominações, de

outras visões, de presbiteriana, batista, assembleia. Então a gente não é fechado. A gente é

aberto e por isso a gente gera um senso crítico. A gente convive com pentecostais,neopentecostais, e também tradicionais.

5. Com certeza. E eu priorizei primeiramente me formar em teologia, que eu sou

formado em teologia, para depois me formar em música. Eu acho que se todos os cristãos se

formassem, estudassem a bíblia de fato, fizessem um curso teológico o mais básico que

fossem, mas que não fossem um curso teológico fechado à denominação, mas aberto, todos

teriam melhores contribuições nesse aspecto aí. Todos seriam melhores informados, melhores

capacitados. E a música também como ferramenta que utilizamos como ferramenta deevangelização como ferramenta de anunciação das boas novas ela também precisa ser também

melhorada, precisa ser qualificada, ela precisa ser descoberta de uma forma musical. Não

acredito que ritmo, como a igreja condena muito seria o grande problema da questão. Tocar

músicas lentas, músicas que fazem as pessoas chorarem isso é música de adoração, tocar

música rápida, vamos supor, um rock já seria uma aberração. Não acredito nisso não, não vejo

assim. Acho que a música ela tem seu lado bom que se pode utilizar de todas as formas, todos

os ritmos, melodias, harmonias. E tem seu lado escuro também, que as pessoas podem usar

como algo para manifestar, a promiscuidade, a indecência, a imoralidade.

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ENTREVISTADO A5

1. Bom. Eu estudo música desde criança. Tenho contato com a música. E fiz também nas

escolas seculares, cursos, não superior, mas cursos técnicos como no Basileu França, no

Centro livre de artes também no bosque dos buritis, e fiz canto particular com outros

professores. Através de teste. Fiz um teste e fui aceita. Mesmo já tendo conhecimento com

música eu passei por todos os critérios. De iniciante, aprender, de conhecer no caso da igreja

conhecer a visão da igreja. Eu acho que isso é uma base muito importante para que as pessoas

possam permanecer, porque se você não conhece o que vai fazer, você pode ter dificuldades

na frente. Fiz os cursos oferecidos pela igreja. Instituto bíblico, curso de obreiro,

aperfeiçoamento, cursos complementares.

2. Bom. As músicas, a gente faz uma seleção para ensaio. São selecionadas de acordocom a temática do culto, podendo ser direcionado pelo líder superior que vai conduzir o ou

não. Por exemplo, para a próxima semana já me pediram uma música para ensaiar essa

semana para ensinar no domingo, dentro mesmo da temática do culto que vai ser. Então aí é

uma coisa programada, mas geralmente a gente escolhe de acordo com os temas. Essas

músicas, a gente vai ouvindo, as vezes ouve na rádio. Sempre tem aquela música que com o

tempo você vai identificando “nossa, essa música aqui eu consigo ver a igreja cantando”,

então não dá outra, é em cima; outras são indicadas, as vezes pesquisa cds, novoslançamentos. “A resposta” mesmo foi uma música que nós ensinamos an tes mesmo dela ser

gravada.

3. Geração apostólica (Ministério Fonte da Vida); Teu amor não falha (Nivea Soares);

Tocar em ti (Pedras Vivas) Tetelestai (Diante do Trono); Tua memória (Pedras Vivas); Eu

vou viver o meu milagre (Renascer); Novo dia (Renascer); Lugares Altos (Renascer Praise);

Lugar Seguro (Aline Barros); Eu creio que tudo é possível (Ministério Fonte da vida)4. Meu maior objetivo no ministério de louvor, é levar a equipe a entender o que ela faz.

Louvor não é só cantar. Acima de tudo é ministrar a Deus, reconhecendo o que Ele é,

trazendo a essência dele. Levar a equipe a entender o verdadeiro sentido da adoração no

louvor, independente do ritmo da música. É um trabalho demorado, mas quando você persiste

no foco, eu consigo ver o resultado. Principalmente no trabalho que eu faço com as crianças,

que são menores. Hoje a gente já tenho colhido frutos, trabalhando dentro dessa visão, de

entender aquilo que se faz para que se faz e para quem se faz e como fazer da forma correta.

5. Com certeza. Tem que ser um conjunto. Quando a gente estuda música a gente sempre

vê falar na excelência. Então precisa ter. A gente sempre bate na tecla: precisa ter o espiritual,

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o estudo teológico, o conteúdo, a busca, mas precisa também ter o conhecimento musical.

Não adianta a pessoa dizer “ah, meu ministério é música” e não ter habilidade nenhuma, e

nem querer desenvolver essa habilidade também. É uma crescente.

ENTREVISTADO A6

1. Eu comecei a fazer um curso, mas eu não terminei. Mas como eu tinha aprendido a

tocar violão, quando eu entrei foi automático.

2. Na verdade, eu canto as músicas que eu tenho mais segurança na hora do louvor. Se o

pastor não pedir nenhuma, vai a que eu tiver mais afinidade para tocar. O critério é a que

encaixa melhor na minha voz. Eu escuto mesmo é na igreja. Então, eu escuto um ministro

cantando, ou então alguém chega e diz: Júnior, você já escutou aquela música, aquela músicaé boa? Aí eu escuto. Se eu gostar eu toco se eu não gostar eu não toco.

3. Deus tu és grande (Gui Rebustini). Ressuscita-me (Aline Barros); Lugar seguro (Aline

Barros); Abraça-me (André Valadão) Ar (Thalles Roberto); Uma Nova História (Thalles

Roberto); Faz chover (Trazendo a Arca). Oceano de amor (Pedras Vivas); O Grito (Pedras

Vivas); As músicas da igreja também são muito boas de cantar, para mim.

4. Meu objetivo é fazer a igreja entrar no louvor. Eu vejo resultados. Normalmente

funciona. Graças a Deus tem funcionado.5. Com certeza. Eu sempre falo que não adianta a pessoa só orar. Ela tem que buscar

conhecimento prático também. Eu não fiz nenhum curso de violão, nenhum curso de teclado,

mas eu estou sempre estudando, sempre aprendendo. Procuro na internet, procuro as pessoas

que sabem mais que eu. E, ler a bíblia. Eu leio a bíblia também.

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51

APÊNDICE B

PESQUISA DE CAMPO

TRANSCRIÇÃO DO GRUPO FOCAL COM MÚSICOS MEMBROS DE GRUPOS

MUSICAIS EM IGREJAS EVANGÉLICAS NEOPENTECOSTAIS

Questões – Parte 1:

1. Você estudou música ou fez algum curso para participar do grupo musical da igreja, a

equipe de louvor? Como você ingressou no trabalho de música na igreja?2. De onde você seleciona as músicas para usar na igreja durante o culto? Qual o critério?

3. Cite 10 músicas que você usou nos últimos anos no momento de louvor na igreja.

4. Qual o seu maior objetivo como líder de louvor?

5. Você acredita que uma formação musical traria mais contribuição para o trabalho na igreja?

Repostas:

Participante B1

1. Não. Não fiz nenhum curso nenhum estudo. Sempre tive vontade deixe que fiz o curso

de batismo aqui na igreja, eu via o pessoal, todo mundo reunido, e eu sempre tive essa

vontade de participar do ministério de louvor da igreja. Até alguns incentivos, pessoas da

igreja mesmo me incentivaram a participar da equipe de música, embora na época, eu era bem

recém-chegado à igreja. Mas eu sempre tive essa vontade. Mas curso, preparação, assim,

questão vocal, eu nunca fiz.2. Bom, geralmente eu não utilizo um critério fixo assim. Mas vou muito as vezes da

questão de as vezes ter uma música que não está cantando tem algum tempo. E se toda a

equipe está em sintonia pra tocar aquela música naquele dia, se a igreja tem uma boa

receptividade sobre aquela música, eu acho que é interessante cantar. Em relação a essa

questão de critério exatamente, eu não tenho, mas como aqui na igreja geralmente a gente

canta uma sequência de três músicas, duas animadas e uma lenta ou as vezes quatro, duas

animadas e duas lentas então a gente sempre vai naquelas músicas que a igreja tem uma maior

facilidade em aprender. Porque muita das vezes a gente pede pra igreja fechar os olhos, pede

pra realmente a igreja refletir. Então tem tudo isso, as vezes a pessoa vai fechar os olhos mas

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quer saber a música, e as vezes não sabe. Então eu como ministro de louvor não gosto de

cantar uma música que a igreja não esteja em sintonia. Ou ensinar a música à igreja antes de

cantar. Ou pelo menos parte da música. Mas geralmente a música que a igreja tem uma maior

aceitação, uma maior facilidade em cantar. Eu comecei a ouvir rádio desde a minha infância.

Então, meu repertório musical pra ouvir é muito grande. Tem muitas músicas que conheço de

longas datas. Então as músicas que são interessantes pra gente cantar na igreja, e que a igreja

tem uma receptividade maior a gente traz pra cá. Mas é através do rádio mesmo.

3. Cordeiro Santo (Filhos do Homem); Vitoria no deserto (Aline Barros), Pai nosso

(Pedras vivas) Seu sangue (Fernandinho), Caia fogo (Fernandinho) Marca da promessa

(Trazendo a Arca); Grato a Ti (Pedras vivas); Vou crer (André Valadão); posso todas as

coisas4. Meu objetivo, eu graças a Deus eu já tenho até alcançado. Porque ministrar louvor

você trata de várias áreas da sua vida, e eu sempre, desde escola e tudo mais, eu sempre fui

muito tímido. Então isso me ajuda bastante, nessa situação. Crescimento no ministério através

de fazer arranjos, fazer segunda voz, fazer coisas mais diferentes, e que geralmente a gente

não tem o costume de fazer. Então o meu objetivo é utilizar minha voz na expressão máxima

dela. Estou até fazendo um curso, da minha área de comunicação, de locução, e a professora

disse uma frase que eu acho que nunca vou esquecer, ela disse: enche a sala com o som da suavoz. Para dar uma expressividade maior pra voz, pra usar a voz no limite máximo, porque a

voz é um instrumento muito poderoso. Então meu objetivo como ministro de louvor, além,

claro, de levar a igreja à adoração, de chegar ao trono de Deus, de uma forma especial e tal, é

também essa questão de usar a minha voz no poder máximo que ela pode utilizar e de

acrescentar no grupo de louvor da igreja também.

5. Eu acredito que sim. Eu tenho acompanhado através a internet, vários grupos, vários

quartetos, e a gente percebe que cada um no seu espaço no seu tempo acaba que secomplementa com o outro. Acredito que a formação passa muito por isso. Passa por uma

questão de sintonia. De você fazer a sua parte, o outro fazer a parte dele, mas vocês se

complementam. Porque nem todo mundo vai fazer a mesma coisa. E não é nem bom que

assim seja. Por isso há necessidade da diversidade em qualquer área da vida da gente. Então

acredito que a formação musical ela faria sim a diferença, até porque cantar não é apenas abrir

a boca. É você saber como respirar, saber impor a sua voz, não é gritar necessariamente, então

tudo isso a gente acaba aprendendo. E muitas vezes a gente não tem essa noção. Acredito que

a formação musical amplia a visão daquela pessoa, ela capacita tecnicamente, claro que Deus

vê o coração, mas Deus te deu uma técnica, então pra você aprender a técnica você precisa

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estudar um pouquinho, ou ouvir um pouquinho mais. Saber receber críticas. Críticas também

podem construir uma situação de crescimento. Mas é você ter a humildade de saber que

sempre você precisa melhorar independentemente de onde você esteja. Sempre há

oportunidades pra você crescer. Traria crescimento maior não só para a pessoa, mas para a

equipe e para a igreja.

Participante B2

1. . Também nunca fiz curso. Na verdade eu fiz algumas aulas. Só que era domingo de

manhã e tinha que acordar cedo, e então deixei de lado e comecei estudar em casa mesmo,

através daqueles livrinhos que ensina a tocar, e nem era música evangélica, era de música

sertaneja na época. E foi assim que aprendi a tocar violão e a cantar foi Deus. Não sou muito bom, mas o que Deus me deu, acho que Ele se agrada.

2. Um critério para a escolha da música, normalmente quando estou em casa, eu entro

para o quarto e começo a tocar violão. E aquela música que eu sentir no coração que eu devo

cantar a noite no culto, aí é essa que eu canto, normalmente. Aí até tem vezes que você

escolhe uma música, quer cantar aquela música aí chega na hora o pastor pede pra cantar

outra. Eu não acho muito bom, porque eu gosto de cantar o que eu estou sentindo no meu

coração, o que eu preparei, o que eu estou sentindo o que Deus vai agir naquele momento. Aíquando o pastor manda trocar tem que obedecer ne, ele é autoridade maior, mas o critério que

eu uso é esse. As músicas, normalmente é ouvindo rádio e quando eu vou visitar alguma

igreja diferente eu vejo as músicas que eles cantam diferentes, e é assim que eu escuto as

músicas.

3. Seu sangue (Fernandinho); Pai Nosso (Pedras Vivas); Casa Favorita (Filhos do

Homem); Faz chover (Fernandinho); Dá vontade de pular, A chuva (David Quilan); Batiza-

me (Fernandinho); Uma coisa peço ao Senhor (Fernandinho); Sonda-me (Aline Barros);

Fornalha (Pedras vivas).

4. Meu objetivo é crescimento no ministério de louvor. E eu acho que o sonho de todos

que cantam e ministram na igreja é um dia ter seu ministério, cantar fora, quem sabe, gravar

um CD, ministrar. Meu objetivo é esse, um dia se Deus quiser ele vai me abençoar e eu vou

poder ministrar para pessoas que estão lá fora, e buscar almas pra Deus.

5. Acredito que sim. Eu não fiz curso. Eu comecei fazer algumas aulas e hoje vejo que

esta fazendo falta. Aula de canto eu nunca fiz, mas tenho vontade de fazer. Comecei a pegar

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aula de teclado, depois passei para o violão. Eu acredito que a formação é muito importante

pra igreja, para o ministério, porque Deus gosta de excelência. Aprender nunca é demais.

Participante B3

1. Como os demais, eu também não fiz um curso, mas tive noções de teoria musical,

sobre ritmo. Algum tipo de técnica vocal, preparação vocal, mas técnica em música mesmo,

eu não aprendi nenhum instrumento, mas somente técnica vocal. E coração em Deus.

Adoração e um coração em Deus.

2. O critério que eu escolher as músicas da ministração, envolve muito a sintonia da

igreja. Por ser canto congregacional, que todos devem participar, o critério que eu prefiro

adotar são canções mais fáceis. As canções em que as pessoas possam acompanhar e possam participar, de maneira que haja uma interação entre o ministro e a própria igreja. Gosto de

ouvir música, não só pela rádio, mas também pela internet, pelo youtube, em outros sites que

a gente conhece. Mas que eu percebo, por exemplo, o tamanho da letra, se é muito grande ou

se é muito pequena. E procuro interagir dessa maneira, de forma que a igreja ao cantar aquela

música entrem em espírito de adoração. Não com a boniteza, mas com espírito de adoração.

Não pela qualidade vocal, mas pela interação junto à igreja, junto com ministro buscando a

presença de Deus naquele momento, na adoração.3. Por onde eu for (Trazendo a Arca); Grato a ti; tua presença envolve o meu ser

(Ministério Fonte Da Vida); Fornalha (Pedras Vivas), O deserto não é meu lugar (Zona Sul);

Tudo a ti (Pedras Vivas); Batiza-me (Fernandinho); Galileu (Fernandinho); Marca da

Promessa (Trazendo a Arca); Restitui (Trazendo a Arca).

4. Meu objetivo como ministro de louvor, meu em particular, é servir. Independente do

tamanho, se pequeno, se grande, de 100 pessoas, de 500 pessoas. A minha intenção sempre

foi servir a Deus com a minha voz. Eu entendo que a adoração é para agradar a Deus. Nunca é“me” agradar ou agradar o meu coração, que me satisfaça. Sempre a minha intenção, o meu

objetivo como ministro é agradar a Deus. Porque sei quando isso acontece, com uma canção

antiga, repetida, mas com a presença de Deus, o ambiente é modificado, e o céu se abre sobre

aquele lugar e pessoas são salvas, pessoas são libertas, através do louvor, vidas são tocadas,

as pessoas entram na adoração, e percebem que o natural passou a ser envolvido pelo

sobrenatural de Deus. A minha intenção sempre foi essa. Onde eu estiver sozinho, com a

minha esposa, no carro, onde eu for, eu sou adorador. A minha única intenção é buscar a

presença de Deus e no louvor levar a igreja a entrar na presença de Deus. Uma coisa que eu

como ministro procuro ter é uma interação com a igreja. Se a igreja não está entrando no

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ritmo da canção, é preferível terminar aquela canção e começar com outra canção. A interação

leva a igreja a se comunicar. Não é só cantar. A adoração também é um momento de

comunicação. É a Deus, mas também tem um movimento com a igreja. Alcançar as pessoas

com uma coisa que seja agradável, uma coisa que seja prazerosa. Cantar pra mim é ser um

prazer.

5. Eu entendo que força de vontade nem sempre leva a grandes coisas. Às vezes a pessoa

tem muita força de vontade, quer fazer, mesmo já fazendo alguma coisa, sem uma formação

ele começa ficar limitado. Ele não consegue avançar até certo ponto. A formação musical é

muito importante e associada a várias coisas. Até para a pessoa romper os seus limites,

romper aquilo que ele acredita que seja o ideal, já está num ponto bom, mas ele pode

melhorar. Uma formação, uma reciclagem, conhecer coisas novas, conhecer instrumentosnovos, conhecer misturas novas, de repente você só canta de um jeito, só com teclado, violão

e bateria, de repente, vamos fazer aqui percussão, ou dois violões, ou usar um violão 12

cordas. Isso começa a vir com formação. Porque a formação musical leva a grandes coisas.

Qualquer formação, seja profissional, seja informal, a formação gera novos avanços, novas

fronteiras, novos conhecimentos. O conhecimento nunca é demais. Você sempre vai buscar

mais, se você tiver vontade de mais você vai alcançar mais.

Participante B4

1. Eu também não tive curso, mas sempre fui apaixonada nessa área da igreja. Louvor

pra mim é maravilhoso. O que Deus mais fala no meu coração é música. Eu não tive, e fui por

incentivo mesmo, de pessoas da igreja. E como foi falado aqui é Deus que dá graça pra gente

fazer, porque eu não estudo, não sei tocar nada, mas acredito que tenho um ouvido muito

bom, em questão de ritmo, de notas.

2. Sempre que vejo que sou escalada, eu já fico sempre pensando, em casa, orando.Sempre quando eu ministro vem aquele momento que estou passando e é o que eu tento

passar isso pra igreja. Eu para ser sincera, eu prefiro música de adoração. Não gosto muito de

músicas mais agitadas, eu prefiro mais adoração. Ouço muita música na internet. Procuro

saber de outras canções, procurando vídeos de outras denominações. Em questão de saber

uma música nova, ou alguma novidade, eu sempre procuro pela internet.

3. Ressuscita-me (Aline Barros), Vitória do deserto (Aline Baros), Amor mais forte

(Pedras Vivas); Galileu (Fernandinho); Canção do Apocalipse (Diante do Trono); Seu sangue

(Fernandinho); Galhos secos (Catedral); Alto preço (Asaph Borba); Videira (Kleber Lucas);

Marca da promessa (Trazendo a Arca).

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4. Meu objetivo como ministro de louvor sempre foi agradar a Deus. Como eu já falei, é

um ministério que eu amo. Eu tenho total reverencia, questão de ministrar, tenho respeito pelo

altar. Eu tenho muito temor com a presença do Senhor. Eu acho que todo sonho do ministro

de louvor é alcançar a igreja, é passar aquilo que a gente sente a igreja sentir também, porque

as vezes é muito difícil. Até você conseguir levar a igreja a uma adoração, a um movimento

no culto, eu também tenho um sonho de aprender a tocar um instrumento porque eu sempre

começo e vejo como uma falha da minha parte porque acho q a gente tem sempre querer dar o

melhor Senhor. Tenho que me aperfeiçoar, minha voz. Ser um ministro de louvor não precisa

de você ter uma voz maravilhosa, porque a gente conhece tanto ministro de louvor, com a

questão de voz, não tão bonita, mas na questão, a adoração, leva a igreja a um nível de

adoração enorme. O que Deus tem me chamado eu quero fazer. O Senhor me deu um dom eeu quero fazer perfeito pra ele.

5. Eu acredito que sim. Como eu falei a questão de aprender a tocar. Eu vejo que quando

o ministro de louvor sabe tocar seja um violão seja um teclado, ele tem liberdade maior na

ministração e não ficar dependendo da equipe de louvor. Porque as vezes o ministro fica

muito preso a quem está tocando violão, ou guitarra. Eu acredito que sim. A gente sabe que o

mais importante para o ministro de louvor, é uma vida de santidade, uma vida com Deus, de

obediência, mas a questão de aperfeiçoar de querer sempre fazer algo melhor para o Senhor.Acredito que sim.

Questões – Parte 2.

1. A partir da sua experiência com a música na igreja, relate qual é a visão que você tem da

presença da formação musical nos grupos musicais na igreja?

2. O que sabem sobre indústria cultural musical gospel?

Respostas:

Participante B1

1. Eu acredito que a questão da formação musical na igreja não é tão fácil. Ela é muito

rara. Mas a pessoa mesmo, ou um membro, pode adquirir conhecimento se ela assim tiver

interesse. A gente observa que quem tem interesse corre atrás. Mas falando objetivamente da

igreja eu observo que a gente até poderia ter mais estudos. Não apenas estudos práticos, mas

às vezes, palestras, alguma coisa nesse sentido, workshop, como já tivemos uma vez, até

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recente. Mas não temos com frequência. Seria até uma forma de interagir os músicos do

ministério como um todo. A gente está falando de uma igreja que é muito grande. Então de

repente seria interessante a formação de workshop, talvez uma vez por mês, ou por semestre,

alguma coisa nesse sentido. Eu observo particularmente que não existe muito essa questão da

formação musical no sentido do ministério.

2 Eu já ouvi falar sobre essa expressão embora eu não sei explicar totalmente, porque foi

no período de faculdade que eu observei isso, e todos os estudos que a gente fez sobre a teoria

da comunicação, sobre varias teorias, foi nessa época que a gente estava fazendo um estudo

sobre as teorias, a gente aprendeu um pouco sobre indústria cultural e outras teorias

relacionadas também a comunicação. Já que música e comunicação em alguns momentosandam quase que juntos, ou praticamente juntos. Mas é um termo que eu não saberia explicar

agora exatamente, definir, com clareza, com precisão o que seria, mas eu já estudei sobre isso.

Participante B2

1. Eu acho que deveria ter mais apoio as equipes de louvores das igrejas. Isso serviria até

para revelar novos talentos. Talvez tenha pessoas membros no banco, que tem vontade de

cantar, mas não tem aquela oportunidade na equipe, talvez tem vergonha de falar que sabem

tocar, de falar que saber cantar. E se tivesse um ensino, se a igreja ensinasse, tivesse cursos,

palestras, sobre louvor, sobre música, acho que seria um crescimento para a igreja. Eu acho

que quem toca na igreja aprende mais por conta própria. Através de vídeos, youtube. Porque a

igreja não oferece esse suporte. A igreja deveria dar esse suporte.

2. Eu nunca ouvi falar.

Participante B3

1. A minha experiência é a seguinte: eu já convivi com cantores profissionais, cantores

de opera, instrutores na UFG e essas pessoas possuem uma formação musical fantástica, ao

ponto assim que destoa do normal. E na igreja essas pessoas não são muitas vezes

descobertas, porque não tem um trabalho de formação musical. A pessoa pega por instinto.

Vai pegando de ouvido, pega sequência e copia, vai sem muita instrução. Se a gente observar

a igreja, de uma maneira geral, o louvor em si, é muito intuitivo. Ele não é técnico. Se fosse

uma coisa mais técnica seria até meio chato. Mas não é. A pessoa ouve e repete. Ouve uma

música, pega a sequência e repete. A igreja é carente de uma formação técnica musical, a

equipe que cuida da parte musical da igreja.

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2. Já ouvi falar a respeito, mas eu não tenho como, não tenho conhecimento necessário

para dizer o que é.

Participante B4

1. Eu vejo que na igreja tem muita gente com vontade. Olha as pessoas lá em cima e quer

participar. Como foi dito aqui, nem sempre elas são descobertas aqui. Eu vou falar de onde eu

estou hoje. Eu vejo que é realmente uma equipe que estuda, uma equipe que preocupa em ser

o melhor baterista, melhor guitarrista, melhor tecladista. O líder de louvor é professor então

assim, as vezes ele dá aula, e no culto ele coloca os alunos. Ele exige dos alunos porque quer

dar o melhor para Deus. E pra igreja ter um ambiente melhor porque você está no culto com

uma equipe totalmente sem sintonia é complicado. O guitarrista com um pensamento, o baterista com outro. Então assim, a questão da sintonia e de querer passar para a igreja que

realmente a equipe de música ela estuda, realmente preocupa com isso de questão de curso, de

aprender mesmo. Tem aulas, poucos ensaios, mas a questão maior são as aulas. A maioria da

equipe de música eu vejo que são alunos. Onde eu estou hoje, a equipe é bem preocupada com

essa questão de aperfeiçoamento, formação musical.

2. Eu nunca ouvi falar.

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ANEXO A

REUNIÃO DE DEZ REPORTAGENS SOBRE MÚSICA GOSPEL

TÍTULO LINKA1

Música gospel: trinado, fé e dinheirohttp://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/musica-

gospel-trinados-fe-e-dinheiroA2

A rotina dos popstars da fé.http://www.istoe.com.br/reportagens/209097_A+ROTINA

+DOS+POPSTARS+DA+FEA3 Mercado evangélico faz girar cerca de

R$ 15 bi por ano com vendas de CDs evestuário

http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2014/01/30/internas_economia,493161/mercado-evangelico-faz-girar-

cerca-de-r-15-bi-por-ano-com-vendas-de-cds-e-vestuario.shtml

A4 O gospel é a próxima onda brasileira,diz executivo que lançou Michel Teló http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2014/02/11/o-

gospel-e-a-proxima-onda-brasileira-diz-executivo-que-lancou-michel-telo.htm

A5 Com crescimento de 15% ao ano,Música Gospel brasileira ganha novo

selo voltado ao estilohttp://www.territoriodamusica.com/noticias/?c=34913

A6 Música gospel abraça diversos estilos ecria segmento de mercado atraente e

lucrativo http://noticias.gospelmais.com.br/musica-gospel-segmento-mercado-atraente-lucrativo-96768.html

A7 Mercado da música gospel movimentaR$ 1,5 bilhão e atrai gigantes do

mercado fonográfico

http://noticias.gospelmais.com.br/mercado-musica-gospel-movimenta-bilhao-atrai-gigantes-78668.html

A8 O gospel se abre ao rap, reggae eeletrônica em busca de renovação.

http://oglobo.globo.com/cultura/musica/o-gospel-se-abre-ao-rap-reggae-eletronica-em-busca-de-renovacao-

17176884A9 Do funk ao eletrônico: artistas dão nova

cara à música gospel.

http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2015/09/15/do-funk-ao-eletronico-artistas-dao-nova-cara-a-musica-gospel-

conheca.htmA10 Globo faz 5º edição de seu festival

gospel "particular"http://tvefamosos.uol.com.br/noticias/ooops/2015/10/01/gl

obo-faz-5-edicao-de-seu-festival-gospel-particular.htm

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Música gospel: trinados, fé e dinheiro | VEJA.com

Na contramão da indústria fonográfica em crise, o mercado de

música religiosa cresce no Brasil, atrai grandes gravadoras e o

interesse da Globo

Por: Rodrigo Levino25/11/2011 às 23:09 - Atualizado em 28/11/2011 às 16:29

A venda de discos pirateados representa de 10% a 15% do mercado gospel, um índice muito inferior

ao do mercado laico, de 52%

Desde o fim dos anos 1990, o mercado de música enfrenta uma crise sem precedentes. No Brasil,

de acordo com dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em

inglês), 45% das músicas são consumidas a partir de downloads ilegais e 52% dos discos vendidos

são piratas. Mas há no cenário pouco animador uma ilha de bonança: o mercado gospel.

Entre vendas de discos e de DVDs e a produção de grandes festivais, o segmento movimentou em

2010 cerca de 1,5 bilhão de reais, patamar que deve crescer 33% este ano, e chegar a 2 bilhões de

reais, de acordo com uma pesquisa de mercado de uma gravadora do setor. Segundo a Associação

Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), o gospel é o segundo gênero musical mais consumido

no país, atrás apenas do inquebrantável sertanejo, abocanhando uma parcela significativa dos 500

milhões de reais movimentados anualmente com a venda de CDs.

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Leia também:

O êxito despertou o interesse de grandes gravadoras como Sony e Som Livre, detentoras do passe

de onze artistas do segmento. E estimulou a criação de um canal on-line inteiramente dedicado a ele

- uma espécie de MTV gospel na internet, a LouveTV. Além da entrada da Globo no setor. A Som

Livre, braço fonográfico da emissora, tem desde 2010 no seu elenco alguns campeões de venda

como a banda Diante do Trono, e promove em parceria com o canal, no dia 10 de dezembro, o

Festival Promessas. Oito dias depois, ele será o primeiro evento do tipo a ser exibido pela Globo.

O festival, que pode reunir até 1 milhão de pessoas no Rio de Janeiro, estará entre os especiais de

fim de ano da emissora. Sua produção está a cargo da GEO Eventos, empresa responsável pela

edição brasileira do festival Lollapalooza, uma grife internacional. "A GEO está atenta a esse público,

que hoje representa 20% da população segundo o IBGE, e pretende ampliar a sua atuação no

setor", diz Leonardo Ganem, diretor-geral da GEO Eventos.

Luiz Gleiser, diretor da Globo responsável pelo Promessas, diz que "como maior produtora de

cultura do país, [a Globo] não pode ficar indiferente à força artística da música gospel". Gleiser falou

ainda sobre a entrada gradativa dos artistas gospel na programação: "A Globo já convidava artistas

gospel para os programas de linha, como Domingão do Faustão e TV Xuxa, por exemplo. O

Promessas é um passo a mais nesse sentido".

Para Maurício Soares, diretor do selo gospel criado em janeiro deste ano pela Sony Music, 2011 é

um "divisor de águas" nesse mercado em relação "à grande imprensa". A contratação pela Sony do

próprio Soares, produtor que há 22 anos trabalha com artistas evangélicos, é indício da conversão

recente do chamado mercado secular - termo usado pelos próprios crentes - ao gospel. Coube a elelevar para a major a cantora Cassiane Santana e o grupo Renascer Praise. Segundo maior nome do

gênero, ela já vendeu cerca de 5 milhões de discos desde meados dos anos 1990. "Até o fim de

2012, pretendemos contratar mais três ou quatro artistas", anuncia Soares.

Ouvintes de Cristo - Esse mercado aquecido tem uma dinâmica própria. "Todos os dias, as igrejas

recebem novos convertidos, que passam a consumir vorazmente os produtos evangélicos. E a

música é o carro-chefe deles", afirma Laudeli Leão, diretor de comunicação da MK Music, a maior

gravadora gospel do país. É na MK que está Aline Barros, a joia da coroa, cobiçada por Sony, Som

Livre e Universal.

Os números são uma boa maneira de explicar o assédio. Este ano, além de ganhar um Grammy

Latino (é o quarto da carreira), Aline vendeu 300.000 cópias do disco Extraordinário Amor de Deus.

É mais do que conseguiram nos últimos anos medalhões como Ivete Sangalo (245.000 de Ao Vivo

no Madison Square Garden, lançado em 2010) e Maria Gadú (180.000 do disco de estreia que leva

o seu nome, em 2009). Sobre o assédio de grandes gravadoras, Aline, que faz em média 15 shows

por mês e em 2012 realizará uma turnê pela Europa, desconversa e olha para o céu: "Fico

lisonjeada e acho que é um sintoma do quanto a música gospel se tornou uma força que não podeser desconsiderada. Mas Deus é quem guia as minhas decisões e estou feliz em permanecer na

MK".

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O alto patamar de vendas pode ser explicado pelas particularidades do segmento. Basicamente

formado por fiéis das classes C, D e E, esse público se beneficia dos preços mais baixos dos discos

evangélicos - 15 reais, em média. Além disso, tem menos acesso à internet e faz menos downloads

- legais ou ilegais. "Há uma questão moral. A religião proíbe burlar a lei. A venda de discos

pirateados representa de 10% a 15% do mercado gospel, um índice muito inferior que os 52% do

mercado laico, por exemplo", diz Laudeli, da MK Music.

Outro fator importante é o suporte dado por veículos evangélicos à divulgação dos discos. Ao

contrário dos artistas laicos, cujos lançamentos requerem grandes campanhas publicitárias e

inserções em rádios, os evangélicos contam com as igrejas e as rádios ligadas a elas para difundir

suas músicas. O culto, que chega a ter 70% do tempo dedicado ao chamado louvor, e a

programação de rádios religiosas se complementam, executando à exaustão músicas de cantores já

conhecidos e indicando novos artistas. Nomes como Bruna Karla, Arianne e Mariana Valadão

surgiram nos últimos cinco anos para renovar o setor, já dominado pela geração de Aline Barros,

Cassiane, Fernanda Brum, Kleber Lucas e a banda Oficina G3.

Além da publicidade, o universo evangélico oferece uma extensa rede comercial aos artistas.

"Enquanto no mercado secular as lojas de disco se extinguiram, existe uma rede de pequenas lojas

no mercado evangélico para a venda de Bíblias, livros e discos", diz Mauricio Soares, que antes de

dirigir o braço gospel da Sony Music, foi diretor da Line Records, gravadora ligada à Igreja Universal

do Reino de Deus.

É assim que, impulsionado pela crescente penetração dos evangélicos no país, por produções

musicais bem feitas, por artistas que se unem aos fãs por laços religiosos e pelo poder de consumoda nova classe média, o mercado gospel alia fé e louvor para produzir dinheiro, muito dinheiro. Além

de um interessante filão para as emissoras de TV e a salvação para gravadoras que hoje vivem o

inferno comercial.

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ISTOÉ Independente - Comportamento

A rotina dos popstars da fé

Divididos entre religião e carreira, família e viagens, missas e shows, essescampeões de vendas se desdobram para equilibrar o divino e o mundano no dia adia

João Loes e Rodrigo CardosoAssista ao vídeo e conheça as músicas dos astros da fé:

Eles detestam ser chamados de estrelas. Repetem, insistentemente, que são, na melhor das

hipóteses, um mero canal para a graça de Deus. A humildade do discurso, porém, contrasta com a

postura de celebridade desses ídolos cristãos e com os números que compõem este que já é o mais

expressivo segmento do mercado fonográfico do País. Estima-se que, só em 2011, a produção de

discos e DVDs religiosos no Brasil rendeu R$ 1,5 bilhão. Como não poderia deixar de ser, no mesmo

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ano, os discos e os DVDs mais vendidos, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos

(Abpd), foram dos astros da fé padre Marcelo Rossi e padre Fábio de Melo, respectivamente.

AMIGOS

Padre Marcelo e padre Fábio na gravação do

DVD “Ágape”, em São Paulo, no domingo 20

O domínio não é só católico. Estrelas do mundo gospel têm tido cada vez mais espaço para brilhar.

Pudera, hoje o Brasil tem pelo menos 38 milhões de evangélicos, segundo dados do Centro dePesquisas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV). Nomes como Aline Barros, Ana Paula

Valadão e Regis Danese são verdadeiras potências capazes de arrastar centenas de milhares de

pessoas a shows, cruzar barreiras religiosas e vender milhões de discos e DVDs. “E tem uma outra

coisa – para os evangélicos, pirataria é roubo e roubo é pecado”, afirma o evangélico Danese. Como

consequência, as perdas para a pirataria de gravadoras especializadas nesse mercado não passam

de 15% do faturamento, enquanto para as outras o percentual pode chegar a até 60%.

Mas como vivem essas pessoas, divididas entre a pureza da mensagem divina e a lógica violenta do

mercado? Como administram fé, carreira artística, vida religiosa, família, viagens, fãs, sucesso e

dinheiro? ISTOÉ ouviu cinco dos mais importantes representantes do gênero na atualidade, além de

gente do seu círculo social, para a seguir mostrar as alegrias, tristezas, paixões e dúvidas dos astros

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da fé.

"Gosto de roça, de bicho. Em casa tenho pouquíssimos ruídos"

Padre Fábio de Melo

Um mês atrás, padre Fábio de Melo desabafou em seu Twitter que, cansado da cidade grande,

qualquer dia venderia seu iPhone e compraria um casal de gansos. Aos 42 anos, o sacerdote que

nasceu em Formiga, interior de Minas Gerais, e atravessou fronteiras graças aos cerca de 30

produtos que lançou no mercado – entre CDs, DVDs e livros –, mora sozinho em um sítio numa

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região rural de Taubaté, interior de São Paulo. É lá, ao lado dos dois cachorros, o mastiff inglês

Nathan e o bulldog francês Lucca, que ele relaxa. “Gosto de roça, de bicho. Em casa tenho

pouquíssimos ruídos urbanos por perto”, afirma o sexto maior vendedor de CDs do Brasil no ano

passado. No momento, o sacerdote cantor que já vendeu dois milhões de CDs e 700 mil DVDs

afirma: “Estou cada vez menos urbano.”

Apesar do discurso desapegado, padre Fábio ainda não se livrou de seu smartphone. Também nãoabre mão de dirigir o próprio carro na ida ao supermercado. Até já arriscou uma volta em um modelo

stock car, como mostra a foto acima, em 2010, um desejo antigo. Mas cavalgar, cuidar

pessoalmente dos cachorros e ajudar na limpeza da casa e do jardim são seus principais

passatempos quando encontra uma folga na agenda tomada – entre celebrações e um programa de

rádio – por 100 shows anuais e pelo menos um lançamento de CD ou DVD por ano. “Com essa

rotina, ficar em casa é sempre um luxo”, diz o sacerdote. Vestindo batina, o caçula de oito filhos

explodiu como um fenômeno da música gospel no início dos anos 2000. “A vocação espiritual do

Fábio era a de um padre, mas a vocação natural era a de um artista. Sendo assim, que se tornasseum padre artista”, afirma o padre João Carlos Almeida, diretor da Faculdade Dehoniana e formador

espiritual, musical e universitário do sacerdote mineiro.

Padre Fábio aprendeu direitinho com seu mentor. A timidez e a melancolia do início da carreira

saíram de cena e o mineiro boa-pinta de olhar triste conquistou o público se valendo de uma

linguagem comum ao ambiente acadêmico – própria de quem se formou em teologia e filosofia, fez

pós-graduação e lecionou em faculdades. “Fábio não é padre que faz sermão em igreja. Em

qualquer lugar que ele vá seu discurso é estudado”, afirma padre Almeida. “Ele é um poeta doevangelho”, diz o pré-candidato a prefeito de São Paulo Gabriel Chalita, que publicou dois livros em

parceria com o amigo religioso. Um poeta que, além da articulação das palavras, zela pela

aparência. Ela, afinal, também tem o dom de cativar fãs fiéis. “Vou regularmente ao dermatologista.

Já tive câncer de pele e uma paralisia facial na juventude. E procuro controlar o peso”, afirma ele.

“Eu me cuido, sim. Estar bem-vestido faz parte do meu trabalho. É uma hipocrisia achar que o padre

precisa andar mal-arrumado e desleixado.”

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"Trocaria meu corpo por três de 18 anos"

Padre Marcelo Rossi

Padre Marcelo Rossi, 45 anos, estava pronto. Na tarde do domingo 20, de batina branca, ele rumoupara a cripta que fica embaixo do enorme palco do Santuário Theotókos Mãe de Deus, em

construção há oito anos. Ali, seu corpo repousará em sono eterno quando sua missão na terra

acabar. O momento era de oração. Todos estavam em corrente vibrando para que a gravação do

DVD “Ágape”, que começaria alguns lances de escada acima e dali a pouco mais de uma hora,

corresse bem. “Dava pra sentir a energia no ar”, diz um membro da equipe musical. E que energia!

Uma multidão de 45 mil fiéis já se aglomerava diante do palco do santuário para acompanhar a

gravação e se fazia ouvir, através do concreto da cripta, com poderosos gritos de Jesus.

Seria ingênuo pensar que padre Marcelo já se acostumou com eventos como esse. E, mesmo que

tivesse se acostumado, este certamente teria sabor diferente. O DVD “Ágape” é um desdobramento

do sucesso inédito e retumbante do religioso no mercado editorial com o livro de mesmo nome

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lançado em 2010, que já vendeu oito milhões de cópias. “Minha vida está uma loucura, uma

correria, mas uma bênção”, diz ele. Até agosto, de segunda a quarta, sua agenda está tomada por

sessões de autógrafo em 12 cidades brasileiras. Em meio a esse stresse, ele faz o que pode para

manter a rotina. Acorda sempre entre as três e quatro da manhã, faz uma breve oração, não toma

café e mergulha nos afazeres diários, que incluem uma entrada ao vivo em rádio, obrigações com a

obra no santuário e cuidados com a saúde. “Procuro fazer esteira e fisioterapia quatro vezes por

semana”, diz.

Em 2010, depois que sofreu um grave acidente na mesma esteira que usa hoje, padre Marcelo

chegou a celebrar missas em cadeira de rodas. A queda lhe rendeu um pé quebrado, tendões

rompidos e um insistente problema no joelho que ainda teimam em incomodá-lo. Para amenizar as

dores, o religioso tem alternado quatro pares de tênis do tipo esportivo, desenhado para amortecer

impactos. Membros da equipe de filmagem da Rede Vida, que transmite suas missas há anos, e

voluntários mais antigos que trabalham organizando a multidão nas celebrações em São Paulo dão

como certa a ingestão de remédios pelo padre, tanto para dor quanto para inflamação. Isso poderiaexplicar, em parte, a dificuldade que ele tem tido em se mexer com agilidade e o visível inchaço de

seu rosto. “Só com muita fé para fazer o que ele faz com as dores que deve sentir”, disse uma

pessoa próxima, que revelou ainda que o popstar católico não pisa num supermercado, restaurante

ou cinema há anos. “Não tem jeito, junta uma multidão pra ver, tocar, tirar foto e pedir bênção.”

Sobre o fervor dos fiéis, Marcelo lembra de uma história divertida. “Uma vez, uma senhora me viu

dirigindo e começou a me fechar até que eu tive que subir, literalmente, na calçada e parar o carro”,

diz ele. “Ela desceu, se ajoelhou e pediu uma bênção”, conta. Desde então ele não dirige mais econta com o fiel Chicão, motorista e faz-tudo, para ajudá-lo a se deslocar. Quando questionado

sobre o que espera do futuro, dá sinais de que o cansaço físico já começou a pesar. “Nos próximos

cinco anos me vejo com mais experiência”, diz. “Mas trocaria meu corpo por três de 18 anos.”

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"Acompanho o dever de casa do Nicolas, o levo para a

escola, alimento e dou banho na Maria Catherine"

Pastora Aline Brarros

Nicolas sobe as escadas de casa chorando. No andar de cima, sua mãe, a pastora, cantora e

escritora Aline Barros, interrompe a conversa telefônica para acalmar o primogênito de 8 anos, que

está usando aparelho nos dentes. “Deixa a mamãe ver. Onde está doendo?”, diz. Aos 35 anos, amaior expoente feminina da música gospel brasileira tem hoje os filhos mais perto de si do que os

microfones com os quais se tornou fenômeno da indústria fonográfica. Sete meses atrás, Aline deu à

luz Maria Catherine e, desde então, a maternidade sobrepujou a sua rotina artística. Foi só em

março, após seis meses dedicados exclusivamente à filha, que a cantora retomou os compromissos

no show biz. “Minhas manhãs ainda são para os meus filhos. Acompanho o dever de casa do

Nicolas, o levo para a escola, alimento e dou banho na Maria Catherine”, diz a pastora da Igreja

Comunidade Evangélica Internacional da Zona Sul, no Rio de Janeiro, frequentada por ela toda

quarta e domingo.

Desde 1995, quando lançou o primeiro de 27 álbuns, a evangélica já vendeu cerca de seis milhões

de cópias e ganhou quatro Grammys latinos (o último no ano passado). Aline foi a primeira cantora

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gospel do País a conquistar um Grammy, em 2004. A gravação do álbum premiado, “Fruto de Amor”,

foi cercada de muita tensão. Na época, um problema nas cordas vocais provocava rouquidão na

pastora e só lhe permitia gravar depois de uma longa pausa de recuperação. “Procurei uma

fonoaudióloga, que me disse que eu estava com apenas 5% da voz em perfeitas condições”, lembra.

Com a voz recuperada, a pastora iria cantar para cerca de dez mil pessoas no Maracanãzinho, no

Rio de Janeiro, no sábado 26. Onipresente em programas de tevê fora do segmento cristão eamparada por números de uma estrela, com músicas gravadas em espanhol, a carioca que cresceu

no subúrbio da Vila da Penha e hoje vive no confortável bairro da Barra da Tijuca não se veste com

o manto comum às celebridades. “Se deixar, a Aline passa o dia de jeans e tênis”, revela a sua mãe,

Sandra Barros. “Ela é despojadona.” De fato, a pastora cantora já esteve em três programas de tevê

diferentes, em uma mesma semana, calçando o mesmo sapato.

A evangélica se policia para não fazer a vida girar em torno da carreira. Seu marido, o ex-jogador de

futebol Gilmar dos Santos, com quem está há 12 anos, revela um pacto feito pelo casal. “Desde quenos casamos, acertamos que não permitiríamos que a nossa vida ficasse refém de uma agenda.”

Hoje, quando tem de viajar de avião para alguns dos 110 shows que faz por ano, ela carrega a filha

no colo e procura embarcar em voos próximos ao horário dos shows. Inspirada pela fase materna,

Aline planeja montar uma loja de roupas infantis. “Eu visto a Maria Catherine três vezes por dia, só

para ficar namorando suas roupinhas”, diz.

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"Hoje, meu foco é minha filha"

Regis Danese

A rotina de shows já foi mais puxada para Regis Danese, nascido João Geraldo Danese Silveira em

2 de abril de 1972, na cidade de Passos, interior de Minas Gerais. Até 2010, quando vivia o auge do

sucesso da música “Faz um Milagre em Mim”, que o consagrou no mercado gospel, o pacato

mineiro se desdobrava para cumprir uma agenda de shows que chegava a ter 40 apresentações em

um mês. A música, de 2008, é tida pela indústria fonográfica evangélica como a responsável por

romper importantes barreiras. Foi das primeiras a ser tocada livremente em rádios FM laicas, a ser

gravada por padres católicos e a ganhar dezenas de versões. Foram 50 mil discos vendidos no

primeiro mês de lançamento e um milhão em menos de um ano. “Graças a ela, fazíamos três shows

em uma noite só”, diz Danese, que vive em Belo Horizonte.

Hoje, o ritmo de shows diminuiu, mas ainda está longe de ser tranquilo. São cerca de oito

apresentações por mês. E, onde quer que esteja, Danese, como bom evangélico, está sempre com

sua “Bíblia” – a mesma, aliás, desde sua conversão, em 2000. Durante os voos para os locais de

show, muitas vezes em pequenos aviões particulares, ela é lida com mais fervor. O artista admite

que tem um medo saudável do aparelho. “Uma vez pegamos uma tempestade em um aviãozinho de

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duas hélices que chacoalhava tanto que nem a Bíblia eu consegui ler, então comecei a cantar”,

lembra ele.

A voz, instrumento de trabalho e de fé, é cuidada com esmero. Só não recebe mais atenção que o

cabelo, sempre espetado. São pelo menos 30 minutos de preparo, com sprays e produtos para

garantir o efeito conhecido pelos fãs. “Às vezes, quando não tem cabeleireiro, eu ajudo, mas não

fica lá essas coisas”, brinca Evander Domingues, o Vandinho, violonista da banda de Danese eamigo dos tempos em que ambos ainda eram membros do grupo de pagode Só Pra Contrariar.

É de Vandinho, da fé inabalável e da família que Regis tem tirado forças para encarar o mais recente

desafio que a vida lhe jogou: a leucemia da filha mais nova, Brenda, 3 anos. Em viagem para a

Disney, nos Estados Unidos, no mês de janeiro, a menina começou a passar mal, estava anêmica,

muito branca e cheia de manchas roxas pelo corpo. Em visita a um hospital de Orlando, foi internada

imediatamente e teve de receber uma transfusão de emergência. “Ela estava praticamente sem

sangue”, diz Kelly Danese, mulher de Regis. Hoje, o tratamento quimioterápico pelo qual a meninapassa em Belo Horizonte mudou a rotina da família.

O astro gospel já não joga mais seu futebolzinho semanal e pouco se diverte. “Todo o tempo livre

que ele tem passa em casa olhando para a Brenda e orando”, diz Kelly. Um DVD, que seria gravado

no mês que vem pelo astro, foi cancelado. Os shows, porém, continuam. Quando está fora, ele liga

mais de cinco vezes por dia para saber notícias. “Hoje, meu foco é minha filha”, diz Danese.

"Nem o sucesso da missão justifica o fracasso da família"

Ana Paula Valadão

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“Vai com Deus, porque quando você cantar o ladrão não vai mais ser ladrão.” A frase dita pelo

precoce Isaque Valadão, 6 anos, é o que move Ana Paula Valadão, mãe do garoto e vocalista da

banda Diante do Trono, um fenômeno da música gospel que existe há 15 anos e já vendeu mais de

dez milhões de discos. Quando as obrigações da carreira musical atropelam a rotina dessa mineira

de Belo Horizonte, é na frase de Isaque que ela pensa. “É a garantia que tenho de que estou no

caminho que Deus quer pra mim”, diz Ana, 36 anos, integrante, ao lado da família, da Igreja Batistada Lagoinha. “Ela encara a carreira e os sacrifícios exigidos como missão divina”, diz a irmã,

Mariana Valadão. E espera seriedade, compromisso e abdicação semelhantes de todos de sua

equipe. Atualmente, por exemplo, os 16 membros do Diante do Trono estão no que ela chama de

“jejum de delícias” em preparo para a gravação do 15o disco da banda, marcada para acontecer no

dia 9 de junho. Durante os 40 dias que antecedem a apresentação, cada um deve cortar do

cardápio três ou quatro alimentos que come por puro prazer. “O rigor é tanto que ela chega a proibir,

nos hotéis, que a equipe assista à televisão ou use a piscina antes de fazer uma apresentação”, diz

o irmão, André Valadão, outra estrela do mundo gospel.

FERVOR

Dezenas de milhares de pessoas acompanham as celebrações de padre Marcelo

Comunicar-se com familiares, porém, está liberado. Ela está sempre em contato com os dois filhos e

o marido pelo iPhone. Usando um aplicativo que permite a troca gratuita de mensagens de texto e

imagens, manda e recebe notícias constantes. Na última viagem, por exemplo, o companheiro

mandou fotos de Isaque e do irmão, Benjamin, 3 anos, depois do banho, vestidos com o uniforme da

escola e na hora de dormir, aconchegados no canto dela da cama de casal. Já ela fotografou o

quarto do hotel e a roupa que escolheu para se apresentar. “Para eles verem como a mamãe está”,

diz ela. Quando volta, ela lê e assina todos os recados mandados pelas professoras sobre seus

meninos e faz questão de levá-los ao colégio sempre que está em Belo Horizonte. “Nem o sucesso

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da missão justifica o fracasso da família”, afirma.

Paciente com os fãs, Ana Paula encara a rotina de autógrafos, fotos e conversas como parte de sua

missão. “Gosto da troca com eles”, afirma. A coisa só complica quando invadem seu espaço. Certa

vez, enquanto estava hospedada em um hotel-fazenda de férias, um dos camareiros a acordou de

um preguiçoso sono da tarde em seu quarto, enquanto os filhos e o marido estavam na piscina. Ele

queria tirar uma foto. “Achei um pouco demais”, diz ela, rindo. No fim a foto foi tirada e o rapaz aindareclamou da imagem. Faz parte.

Íntegra da entrevista com o Padre Fábio de Melo

ISTOÉ – Como a música passou a fazer parte da vida do senhor? Em quais ocasiões, seja na

infância, adolescência, ou mesmo agora, surpreende-se cantarolando?

Padre Fábio de Melo – Já nasci com trilha sonora. Enquanto eu vinha ao mundo, o médico cantava

“Jesus Cristo”, canção de Roberto e Erasmo. Minha mãe conta essa história para justificar o meu

gosto pela música, mas também para ressaltar a minha opção pelas questões religiosas. Eu sempre

tenho uma música na cabeça, ainda que não a cante. É um movimento natural que me leva ao

centro da vida. A música é o meio de transporte por onde eu chego aos sentimentos do mundo.

ISTOÉ – Qual é o ritual do senhor antes de alguma apresentação?

Fábio de Melo – Não considero um ritual. Apenas gosto de ficar um tempo, ainda que breve, em

silêncio antes de começar. Geralmente faço um aquecimento vocal antes do show, abençoo o palco

e só.

ISTOÉ – A equipe de músicos viaja com o senhor no mesmo ônibus ou avião, paraapresentações que necessitam de viagens?

Fábio de Melo – A equipe é grande. Saímos de diversos lugares do Brasil. Nem sempre vamos nos

mesmos vôos, mas vez em quando a gente embarca no mesmo ônibus. São as melhores viagens. É

o momento da convivência.

ISTOÉ – Aos músicos é indicado algum tipo de conduta, durante as viagens, ou nos dias que

antecedem uma apresentação? Quantas pessoas fazem parte do staff musical do senhor?

Fábio de Melo – Uma conduta? Que sejam bons pais, bons maridos, bons amigos. A retidão de

caráter é o resultado mais aprimorado que podemos esperar da religião. Eu tenho a graça de estar

rodeado de gente assim. A unidade que experimentamos no palco é um desdobramento natural da

vida que vivemos fora dele. Viajamos em 16 pessoas.

ISTOÉ – Como o senhor compõe? Com violão, sentado em um sofá de casa, na sala...? Há

uma frequência?

Fábio de Melo – Eu componho toda vez que a criatividade se hospeda em mim. Nem sempre ela

vem. Mas também não corro atrás. Aprendi que inspiração é bicho sem doma, não se deixa

aprisionar. Mas quando ela me visita, não me faço de rogado. Paro de fazer o que estou fazendo ecuido do que ela me trouxe. Os lugares são inusitados. Ela não tem lugar para

acontecer. Componho e escrevo muito durante os deslocamentos.

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ISTOÉ – O sr. ensaia com a banda com que freqüência? Faz exercício para as pregas vocais?

Fábio de Melo – Só ensaio quando temos um projeto novo, como quando fizemos o show com o

Milton Nascimento, ou quando temos uma música nova no repertório. O dia a dia da estrada nós já

conhecemos bem. Eu não faço exercício para a voz. Só procuro usá-la corretamente.

ISTOÉ – O senhor e/ou a gravadora possuem metas, como lançar um CD por ano ou DVD por

ano?Fábio de Melo – Geralmente é um produto por ano.

ISTOÉ – Quantas missas o senhor celebra por semana e, geralmente, onde elas ocorrem?

Fábio de Melo – Procuro celebrar todo dia, mas nem sempre consigo. Como tenho muitas viagens,

celebro sempre onde estou. Tenho uma capela na minha casa. Isso facilita muito.

ISTOÉ – O dia do senhor começa e termina que horas? O senhor tem sono tranquilo?

Fábio de Melo – Acordo cedo, mesmo que tenha ido dormir muito tarde. Meu sono é tranquilo. Se

posso, durmo por volta de 23hs. Sonho mais acordado que dormindo.

ISTOÉ – Detalhe, por favor, o dia a dia do senhor em uma semana.

Fábio de Melo – Por conta das muitas viagens, quase não tenho rotina, mas gosto de levar minha

rotina para onde estou. Quando estou em casa, acordo por volta de 7hs, faço minha oração e vou

ver as notícias. Depois tomo café, respondo emails e vou trabalhar. Na parte da manhã eu me

dedico aos estudos. Fiz faculdades de Filosofia e Teologia. Gosto me atualizar. Alterno os temas.

Almoço por volta de 13hs e depois vou fazer o que faz todo cidadão. Pagar contas, mercado,

médico, dentista, cuidar dos cachorros, tudo depende da necessidade do dia. À tarde faço alguma

atividade física (aeróbico ou musculação). Tomo banho e volto a estudar. Depois janto, celebro

missa, vejo mais notícias, leio e vou dormir. A leitura é a última coisa que sempre faço.

ISTOÉ – O senhor segue alguma dieta? Como são balanceadas as refeições do senhor? Faz

exercícios com que frequência?

Fábio de Melo – Sou bastante disciplinado com a alimentação e a atividade física. Tenho consciência

de que o cuidado com o corpo é também regra religiosa, pois através dele eu me disciplino para a

conquista de virtudes espirituais. Cuidar da saúde é uma responsabilidade que não

negligencio. Sempre arrumo um jeito de fazer uma atividade física, ainda que seja só

uma caminhada.

ISTOÉ – Quando começa o processo para escrever um livro, o que muda em sua rotina? Em

quais momentos o senhor rende mais para escrever? Escreve todos os dias? Por quantas

horas? O senhor conta com o auxílio de alguém para a confecção de seus livros, alguém

com quem troque idéias?

Fábio de Melo – Quando estou escrevendo fico bastante absorvido pelo texto. Escrevo e reescrevo

inúmeras vezes. Não gosto de produzir com prazo estabelecido. A literatura tem ritmo próprio.Obedece ao movimento das palavras. Meu fazer literário é muito solitário, mas sempre nasce da

vida que vivi ou que vi ser vivida ao meu lado. Minhas melhores ideias nascem da observação que

faço do mundo. Só partilho o que realmente estou seguro de que vale a pena ser levado adiante. É

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aí que procuro os amigos para mostrar, trocar ideias.

ISTOÉ – Em quais momentos o senhor costuma ler a Bíblia? O senhor a lê todos os dias,

impreterivelmente?

Fábio de Melo – Há duas formas de ler a Bíblia. Como estudo, respeitando métodos hermenêuticos,

e como fonte de espiritualidade. A leitura estudiosa eu não faço todo dia. Já a leitura espiritual, esta

faço diariamente. A vida oracional de um padre é toda ela baseada em textos bíblicos. A vida litúrgicanos favorece este contato com a Sagrada Escritura. É a oportunidade que tenho de estar em

comunhão com toda a Igreja presente no mundo inteiro. O evangelho que proclamo, na missa que

celebro em minha casa, é o mesmo que está sendo proclamado no Japão.

ISTOÉ – Lê a Bíblia pelo celular? O que pensa desse recurso?

Fábio de Melo – Já me utilizei para localizar uma passagem. É muito eficaz. Mas no dia a dia eu

prefiro o livro mesmo.

ISTOÉ – Qual o ritual que o faz relaxar quando chega em casa depois de um dia decompromissos?

Fábio de Melo – Eu não bebo. Gosto de roça, bichos. É o que encontro quando chego em casa.

Tenho pouquíssimos ruídos urbanos por perto. É assim que descanso. Cuidando e sendo cuidado a

partir de uma simplicidade que me reporta aos tempos da minha infância. Estou cada vez menos

urbano.

ISTOÉ – O senhor dirige, costuma ir ao banco, padaria, pegar fila em supermercado para

pagar compras?

Fábio de Melo – Dirijo, vou ao mercado fazer compras. Gosto desta rotina. O que acontece sempre

é que entre um afazer e outro sou abordado por alguém que se identifica com o trabalho que

realizo. É o carinho das pessoas. Faço questão de cuidar bem de cada um que se aproxima.

ISTOÉ – Costuma visitar seus parentes ou reuni-los em sua casa?

Fábio de Melo – Minha família está esparramada pelo Brasil. Somos muitos. Eu os encontro mais

durante os eventos. Meu contato maior é com minha mãe. Vez em quando ela passa um tempo na

minha casa.

ISTOÉ – O senhor gosta de sair para jantar? Costuma fazer programas com amigos e amigas,

como sair para ver filmes, exposições, correr em parques?

Fábio de Melo – Quase não saio. Sou caseiro por natureza. Gosto muito de teatro e música. Quando

posso, vou ver alguma coisa. Nos meus dias de folga, gosto de andar a cavalo, cuidar pessoalmente

dos meus cachorros, ajudar na limpeza da casa, do jardim. Para quem viaja muito, ficar em casa é

sempre um luxo.

ISTOÉ – Até onde o senhor enxerga que vai a sua vaidade? Como o senhor procura cuidar da

sua aparência? Usa cremes, protetor solar, tem predileção por um figurino ou sapato

específico?

Fábio de Melo – Minha mãe fala que desde pequeno eu já escolhia o que iria vestir. Eu me cuido,

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sim. Vou regularmente ao dermatologista, pois já tive uma paralisia facial e câncer de pele, uso

protetor solar e procuro controlar o peso. Meu figurino é sempre o mesmo. Estar bem vestido faz

parte de meu trabalho. Sou um comunicador. Acho uma hipocrisia achar que o padre precisa andar

mal arrumado, desleixado. Só que isso não é tudo. O que verdadeiramente conta é a elegância com

que devo tratar as pessoas. Zelo muito para que todos, independente da vida que levam, se sintam

respeitados por mim. Eu não sou melhor que ninguém. Apenas tenho uma missão que

me diferencia.

ISTOÉ – Padre, poderia relatar um episódio que viveu recentemente ao lado de um fiel que o

emocionou?

Fábio de Melo – Certa vez, esperando as malas na esteira do aeroporto de Guarulhos, encontrei

uma senhora. Ela se aproximou e me disse, mais ou menos assim: “Padre Fábio, há dois anos atrás,

eu havia programado o meu suicídio. Estava tudo pronto. Programei os mínimos detalhes. Na

manhã escolhida, peguei o meu carro e me dirigia ao sítio onde eu daria fim à minha vida. Durante o

trajeto, liguei o rádio e comecei a procurar alguma coisa pra ouvir. De repente, caiu numa estação

onde alguém falava sobre a urgência que todo mundo tem de livrar-se dos fardos do passado. Era o

senhor falando. Comecei a ouvir aquela pregação e senti que Deus falava comigo. Fui

sendo envolvida a ponto de precisar parar o carro. Chorei muito. Senti que aquelas lágrimas me

purificaram de tudo o que me oprimia. Decidi jogar fora os pesos do passado e resolvi me dar uma

chance. Deu certo. Obrigado por ter me devolvido a vida.”

ISTOÉ – O senhor é uma pessoa que chora com frequência? O que o faz chorar? Lembra-se

da última vez que chorou?

Fábio de Melo – Eu choro sempre. Não consigo me distinguir das dores do mundo. Minha alma não

tem cercas.

ISTOÉ – O senhor possui alguma mania ou coleciona algum objeto?

Fábio de Melo – Manias? Acho que não tenho. Coleciono camisas de futebol, tenho cerca de trinta.

Torço para o Cruzeiro.

ISTOÉ – Como o senhor se vê daqui a 5 anos?

Fábio de Melo – Feliz. Por estar mais próximo da aposentadoria. Eu não vejo a hora de adquirir os

direitos dos idosos (risos).

Íntegra da entrevista com o Padre Marcelo Rossi

ISTOÉ - Com gravação de DVD, sessões de autógrafo e viagens, como está a sua vida?

Padre Marcelo Rossi - Uma loucura, uma correria, mas uma benção.

ISTOÉ - O senhor tem hábito que repete todos os dias?

Padre Marcelo - Orar, todos os dias.

ISTOÉ - Que horas o senhor acorda?

Padre Marcelo - É relativo, porque estou viajando toda semana por conta dos autógrafos. Tem sido

complicada a rotina. Tenho viajado toda segunda e voltado na quarta. Mas normalmente acordo 3h

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ou 4h da manhã.

ISTOÉ - A primeira oração ainda é na cama?

Padre Marcelo - Não, a oração é na capela. Na cama eu acordo e agradeço a Deus.

ISTOÉ - O que come de café da manhã?

Padre Marcelo - Não gosto de tomar nada de café da manha, apesar de saber que e errado.

Geralmente almoço mais cedo, antes do meio dia.

ISTOÉ - Qual é a primeira atividade do dia?

Padre Marcelo - Oração.

ISTOÉ - O senhor ainda tem os cachorros?

Padre Marcelo - Sim, ainda tenho. Cuido todos os dias. Quando não posso, tem uma pessoa que

cuida quando estou viajando. Na Cúria são dois cachorros. Um fila gigante e um dog alemão.

ISTOÉ - Que horas costuma almoçar?

Padre Marcelo - Antes do meio dia.

ISTOÉ - O que gosta de comer?

Padre Marcelo - Descobri que tenho intolerância a glúten, me faz mal. Gosto de variar os pratos, não

tem um em especial.

ISTOÉ - Como gosta de passar o tempo livre?

Padre Marcelo - Descansando.

ISTOÉ - Ainda tem uma hora para se exercitar?

Padre Marcelo - Agora com essa correria tem sido mais complicado, mas procuro quatro vezes por

semana fazer esteira e fisioterapia. Estou ainda com a perna em recuperação.

ISTOÉ - O senhor ensaia todos os dias?

Padre Marcelo - Não, nunca ensaio nem faço exercícios, não dá tempo. Gostaria de fazer um curso

de inglês mas não tenho tempo.

ISTOÉ - Quando precisa se deslocar, o senhor ainda dirige?

Padre Marcelo - Tenho um Fiat Doblô. Parei de dirigir aos 40 anos. Prefiro não dirigir, apesar de

adorar. É mais pratico, tenho um motorista, não preciso estacionar o carro.

ISTOÉ - O que te dá mais prazer atualmente? Cantar? Escrever?

Padre Marcelo - O que me da mais prazer e evangelizar, seja qual for o meio: internet, celebrando a

Santa Missa.

ISTOÉ - O senhor ainda administra o sacramento da confissão? Dá tempo?

Padre Marcelo - Para a minha equipe sim. Lembrando que quando falo de minha equipe são mil

pessoas.

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ISTOÉ - Quando o senhor vai fazer um show, costuma se reunir com a banda antes

Padre Marcelo - Não faço shows, eu classifico como eventos e dentro do Santuário, são missas

celebradas, são missas com participação do povo. Sou reitor do Santuário. Não faço shows. Tenho

uma base, que é o Santuário. Sempre reúno e rezo com eles. O restante vai fluindo. Cada missa é

uma missa. Nada é muito combinado. A banda já me conhece pelo olhar. Dou o tom e eles vão junto.

ISTOÉ - O senhor está sempre de tênis. Por que?Padre Marcelo - Estou usando tênis por conta do impacto, ordens médicas por conta do joelho. E

não sapato, que não é apropriado agora. Não escolho, tenho três ou quatro e vamos fazendo

revezamento.

ISTOÉ - Além de Deus e Jesus, tem alguém que está sempre com o senhor?

Padre Marcelo - Tenho, o Chicão, meu motorista que sempre está comigo. Me ajuda a conectar o

programa da Rádio Globo quando estou fora de casa, com o aparelho matrix. E em tudo mais que

for necessário.

ISTOÉ - O senhor usa celular? Usa o computador?

Padre Marcelo - Tenho celular, Nextel e um iPhone, que não uso tanto. Mas tenho um iPad e um

notebook, sou conectado na medida que dá tempo. Hoje a internet é um meio muito importante para

a evangelização.

ISTOÉ - Como a música passou a fazer parte da sua vida?

Padre Marcelo - Desde criança. Eu me pego cantarolando desde o Seminario, onde formei uma

banda e era vocalista.

ISTOÉ - Qual é o seu ritual antes das apresentações?

Padre Marcelo - Apresentação não, missa. Tomo cuidado com a roupa litúrgica que vou colocar, que

esteja de acordo com o momento.

ISTOÉ - Aos músicos é indicado algum tipo de conduta durante as viagens ou nos dias de

apresentação?

Padre Marcelo - Eles raramente, muito raramente viajam. Nas tardes de autógrafo sou só eu e uma

equipe pequena do Santuário que ajuda na organização.

ISTOÉ - O senhor tem sono tranquilo, sonha bastante?

Padre Marcelo - Tenho sono tranquilo. Só tenho pesadelo quando como pizza de noite.

ISTOÉ - Quando começa a escrever um livro, como muda sua rotina?

Padre Marcelo - Na verdade só consigo escrever parando tudo. Agapinho fiz nas minhas férias e o

Ágape foi quando quebrei o pé. Desconecto de tudo, menos do programa da Rádio Globo. Tenho

que estar focado para escrever.

ISTOÉ - Qual o ritual que o faz relaxar quando chega em casa depois de um dia de

compromissos?

Padre Marcelo - Assitir um filme. Já assisti todos da locadora ao lado.

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ISTOÉ - Poderia citar um episódio marcante de um encontro inesperado com um fiel?

Padre Marcelo - Uma vez marcante foi uma senhora que me viu quando eu ainda dirigia. Estava na

rua e ela começou a me fechar e eu subi literalmente em cima da calçada. Ela parou, se ajoelhou e

pediu uma benção, foi aí que comecei a me preocupar e achei que era melhor parar de dirigir.

ISTOÉ - Com que frequência visita seus pais e vê suas irmãs?

Padre Marcelo - No mínimo três vezes por semana, eles vem até mim no Santuário.

ISTOÉ - O senhor gosta de sair para jantar? Costuma fazer programas com amigos e amigas,

como sair para ver filmes, exposições, correr em parques?

Padre Marcelo - Não da para sair, ir em supermercado, restaurante.

ISTOÉ - O senhor chora com frequência?

Padre Marcelo - Eu sou muito emotivo. Qualquer coisa eu me emociono. Muitas vezes no programa

da rádio ouvindo um testemunho. Não chorar, mas emoção, das lágrimas escorrerem dos olhos.

ISTOÉ - Como é que o senhor se enxerga daqui a alguns anos?

Padre Marcelo - Com mais experiência. Mas trocaria por 3 corpos de 18 anos

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Mercado evangélico faz girar cerca de R$ 15 bi por ano

com vendas de CDs e vestuário - Economia

As somas estrondosas rendem gritos de “glória” entre os mais fervorosos. O mercado evangélico no

Brasil — com 42,3 milhões de adeptos, 60% deles da linha pentecostal, liderada pela Assembleia de

Deus — faz girar cerca de R$ 15 bilhões por ano em diversos segmentos. É o mesmo volumemovimentado pelo turismo religioso no país. A estimativa, incluindo dados de gravadoras e editoras,

é da organização do maior salão gospel da América Latina, realizado todos os anos em São Paulo.

Incluída a radiografia das lojas de instrumentos musicais e de vestuário, o universo gospel responde

pela criação direta de mais de 2 milhões de empregos no país. A “revolução dos evangélicos”, como

algumas correntes da religião definem a ascensão da última década, revela um mercado de

rentabilidade contínua. Estimativa feita pela organização Servindo aos Pastores e Líderes (Sepal)

indica que em 2020 os evangélicos poderão ser mais da metade da população brasileira.

Em Belo Horizonte, o comércio de artigos direcionados a esses consumidores cresce no rastro dos

números de fiéis e se especializou, sob o abrigo de galerias e mini shoppings. Proprietário de uma

loja na galeria Mundo Evangélico, no Centro da capital, Geraldo Hélio Leal, conta que os itens mais

procurados são as Bíblias, encontradas a preços que variam de R$ 10 a R$ 120. “São muitas igrejas

e cada uma delas tem sua política. O evangélico procura nas lojas o que se enquadra na convenção

de cada uma”, afirma.

O segmento gospel é o principal responsável pela sobrevida da indústria fonográfica. Menos

suscetíveis à pirataria e ao compartilhamento de áudios pela internet — devido aos princípios dos

fiéis –, CDs e DVDs de música cristã movimentam algo em torno de R$ 500 milhões anuais. Não à

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toa, a Sony Music criou, em 2010, um selo específico para a música evangélica no Brasil.

Existem pelo menos 4,5 mil cantores e bandas gospel brasileiras. São, no mínimo, 10 novos CDs

lançados todo mês. Especialistas em marketing que acompanham o fenômeno evangélico calculam

que 600 rádios e 157 gravadoras tocam música gospel no país. “É uma economia da fé que

desconhece crises e vai de vento em popa”, comenta Luciana Mazza, cineasta que trabalha há mais

de 10 anos para meios de comunicação e em grandes eventos evangélicos.

Fenômeno da música evangélica, a banda Diante do Trono, de BH, completou 15 anos, tendo como

líder a cantora Ana Paula Valadão, filha do pastor Márcio Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha. O

grupo tem 33 álbuns gravados, esteve em 14 países e vendeu mais de 7 milhões de cópias.

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O gospel é a próxima onda brasileira, diz executivo que

lançou Michel Teló

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Pedro CarvalhoDa Rádio UOL

11/02/201408h00

Divulgação

A Boy Band cristã DN1, que está entre os artistas agenciados pela UM

" É natural que uma empresa de mídia abra espaço para os evangélicos. Eles hoje são cerca de 30%

dos brasileiros e daqui a dez, 15 anos vão ser metade do Brasil". É assim que Leo Ganem, diretor

da agência UM Entretenimento, sintetiza o fenômeno do mercado gospel no país em anos recentes.

Biólogo e ex-presidente da gravadora Som Livre, onde lançou nomes como Maria Gadú e Michel

Teló, Ganem personifica uma conjuntura em que a música cristã cresce em oposição à crise no

mercado fonográfico. Mesmo não sendo evangélico, ajudou a introduzir o gospel no mercado

secular, ainda na Som Livre, através da coletânea "Promessas" e criou, em 2013, a UM

Entretenimento para investir em talentos cristãos.

Parceira da Universal Music, a UM se diferencia pelo tom moderno que aponta os novos rumos do

universo gospel. Entre os artistas no cast inicial estão o grupo DN1, primeira boy band evangélica do

país, e a cantora Hadassah Perez, especializada em música eletrônica cristã.

Em entrevista exclusiva ao UOL, Leo Ganem fala sobre sua trajetória pessoal, as peculiaridades do

mercado cristão ("Você tem que criar esses laços políticos e de relacionamento com os pastores,

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com a liderança evangélica"), seu objetivo de introduzir o gospel nas rádios seculares e, de lambuja,

como identificar e produzir um hit cristão.

UOL - Como você chegou até a UM? Como foi sua trajetória pessoal?

Leo Ganem - Minha trajetória pessoal não é a mais ortodoxa. Eu me formei em biologia, passei dez

anos como pesquisador nos Estados Unidos e, quando bateu aquela saudade do Brasil, não faziasentido voltar como pesquisador. Acabei arrumando emprego numa consultoria de negócios. Mudei

de vida completamente e, a partir dessa consultoria, surgiu a oportunidade de me juntar à Som

Livre. Foi onde me encontrei. Passei seis anos na Som Livre, três como presidente, e depois o

pessoal da Globo, da qual faz parte a Som Livre, me pediu para assumir a Geo, que era a empresa

de eventos do grupo. Fui para lá e tive a oportunidade de trabalhar com artistas e eventos

maravilhosos.

Como você chegou nesse cenário evangélico e à ideia da UM?

Na Som Livre, eu e meu diretor comercial na época, o Emílio Magnago, tínhamos uma coletânea

que estava meio engavetada e se chamava "Promessas". Seria a primeira coletânea evangélica da

gravadora. Estávamos pensando se isso iria para a mídia. Era um negócio politicamente sensível na

época, não sabíamos como tratar. Tomamos a decisão de pôr na mídia e ver como a coletânea se

sairia. Para nossa grata surpresa, ela decolou, vendeu muito bem. Pegamos a marca "Promessas" e

apropriamos para o festival e o troféu, que levaram o mesmo nome, criados ainda na Som Livre.

Quando mudei para a Geo, continuei muito próximo do meio evangélico.

Continuamos produzindo o festival e o troféu "Promessas" na Geo. Criamos também uma feira.

Quando finalmente tomaram a decisão de mudar a estratégia da Globo com relação a eventos, eu

saí do grupo e pensei: "Quero ter meu negócio. A plataforma de comunicação na qual eu acredito

hoje e o público com o qual eu consigo consolidar e estruturar um bom negócio de música é o

evangélico". Foi aí que surgiu essa fagulha. Me juntei com o Emílio, hoje meu sócio, e nós criamos a

UM Entretenimento.

Você disse que era algo politicamente delicado. Como era essa relação entre o mercado

secular e o mercado gospel?

Na época, não havia relação. Ninguém fazia o meio de campo entre o secular e o gospel. No

passado, houve casos de gravadoras seculares com cantores evangélicos, mas na nossa geração

não tinha ninguém trabalhando assim. O que eu quis dizer é que é necessário abrir com muito

cuidado essa porta. Primeiro porque você está tratando com a fé das pessoas. Não é só música,

arte e dinheiro. É arte, dinheiro e fé. Você tem a oportunidade de trabalhar com uma coisa relevante

para milhares e milhões de brasileiros.

O hit do mercado gospel é muito diferente do hit no mercado secular?

Ele tem alguns dos mesmos elementos. Você precisa de uma melodia simples que apele para uma

grande massa de pessoas e a harmonia também costuma ser simples. Generalizando, claro. Nem

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toda harmonia é simples, nem toda melodia é pouco sofisticada. Mas, como regra geral, essas são

as grandes músicas que emplacam. Essas são coisas em comum entre a música evangélica e a

música secular. Mas para além disso, o que a música secular não tem e a evangélica tem que ter é

uma mensagem bem costurada que fale dos valores e da fé. E o artista tem que navegar bem não

só pelos palcos, mas também com os pastores e a igreja. Ele não pode esquecer das raízes.

A parte de relações artísticas do selo então fica diferente por causa dessa relação com aigreja?

Certamente. Você tem que criar esses laços políticos e de relacionamento com os pastores e com a

liderança evangélica. Não é muito diferente do nosso dia a dia com outros negócios. Você tem que

criar seus laços com as pessoas que realmente coordenam aquele segmento. Então a gente acaba

tendo áreas para contato com as igrejas, para conversar com pastores e para o café com as

lideranças.

Está claro que existem elementos da letra e da mensagem que não se encaixam na música

evangélica. Mas, na parte musical, existe espaço para todos os tipos de gênero ou algo que

ainda não pode ser feito?

Em termos de estilo, pode tudo. Se você olhar a gama de música evangélica brasileira, eu diria que

é a mais rica do mundo. Vai do sertanejo ao rock passando pelo hip-hop e funk. Todos os estilos

musicais que você vê no secular existem no evangélico. É errado falar de "música gospel" pois é um

estilo muito bem definido que tem raízes nos Estado Unidos, que é a música de louvor de igreja

norte-americana. Aqui no Brasil também existe, é um segmento importante, mas não é o único. Você

tem música cristã de todos os tipos.

Como é a relação com o mercado secular? Já existe uma intersecção com o mercado ou são

dois nichos separados?

Existem algumas intersecções interessantes começando. Por enquanto, eles ainda viveram

paralelamente como mercados separados, mas hoje se vê muitos cantores evangélicos fazendo a

ponte e cantando em rádios seculares. Esse é o primeiro grande passo. Você tem Thalles, Régis

Danese e outros que já fizeram o crossover e tocaram muito bem em rádios seculares. Isso é

interessante, porque para mim é o próximo grande passo da música evangélica: não se restringir só

ao músico evangélico. Existem artistas de altíssima qualidade fazendo música com uma mensagem

bonita. Quando você tem vários estilos musicais, e não apenas o louvor da igreja, é natural que isso

aconteça, como acontece lá fora. Há um século, talvez, já se vê grandes artistas indo e vindo. Elvis

Presley talvez seja um grande exemplo de artista que adorava a raiz gospel, cantava contra o desejo

dos empresários, os hinos da igreja dele e isso funcionava muito bem para uma plateia que era

absolutamente heterogênea. No Brasil, a gente pode e vai ver isso acontecendo, estou apostando e

querendo ajudar.

E dos artistas que vocês estão trabalhando agora, quais são as características de cada um?

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Temos dois modelos de trabalho. Temos aqueles artistas que vêm só pela prestação de serviços,

mas não temos participação efetiva na carreira deles, não somos sócios. E tem outros com quem a

gente tem realmente uma sociedade profunda, somos parte da carreira. Cito exemplos dos dois

lados: o Renascer Praise que é um ministério de vários anos, histórico de São Paulo, está com a

gente. Veio para ser distribuído através da Universal e contratou nossos serviços de agendamentos

de shows. Não tenho uma participação na carreira do Renascer, mas sou comissionado pra vender

os shows dele e sou recompensado pela Universal por trazer esse artista. E temos neste modelotambém o DN1, uma boy band evangélica.

Do outro lado, eu tenho artistas como Eli Soares, que está saindo agora, em quem eu aposto para

ser o grande nome em termos de revelação para 2014, e nós participamos ativamente da carreira

dele. Temos a Radassa Peres, uma menina de Goiânia que está se mudando para o Rio, que canta

música gospel eletrônica. Temos o Clóvis Pinho, que acabou de assinar com a gente, é um

excelente nome, regresso do Renascer Praise, que está lançando a carreira solo e é um grande

nome e eu sou um fã da música dele. Acho a voz fenomenal, as composições fenomenais. Está se

juntando à gente agora. Esses são os dois modelos. Eu diria que hoje temos uns seis ou sete

artistas no cast

Você chegou ao cenário evangélico por uma questão de mercado ou por um fator de

convicção pessoal, em relação à mensagem e conduta dos artistas?

As duas coisas. E a falta de qualquer uma das duas invalidaria a outra se não fosse verdade. Houve

sim uma tremenda evolução do mercado evangélico no Brasil. Ele está num momento onde vai tocar

não só o coração dos evangélicos, mas vai começar também a tocar nas rádios seculares. Acredito

que a música evangélica seja a próxima grande onda brasileira. E não me entendam errado quando

eu falo em "onda". Eu entendo que existam milhões de pessoas que sempre tiveram a música

evangélica no coração, por uma questão de fé. Estou me referindo a um público que talvez não seja

nem evangélico, mas vai começar a ouvir música evangélica. Então, se o primeiro ponto é este

grande salto de qualidade e diversidade, o segundo ocorreu através da aproximação que eu tive

com vários artistas, profissionais e pastores. Acabei me aproximando muito da mensagem, com a

qual eu simpatizo muito. Infelizmente às vezes a mídia retrata os piores pontos de cada segmento. É

preciso dar más notícias para vender jornal. Mas quando eu olho para a mensagem evangélicacomo um todo, é algo que está tocando o Brasil inteiro, salvando cidades inteiras do alcoolismo, por

exemplo.

E a música católica, como se relaciona com a evangélica? Já existe a possibilidade de um

trabalho conjunto?

A música católica também tem um mercado bastante bom, apesar de não ser tão rica e diversificada

quanto o evangélico. Você tem bandas como o Rosa de Saron, que talvez seja uma das melhoresbandas de rock do Brasil, e os padres cantores, como o Padre Fábio, o Padre Marcelo, o Padre

Reginaldo Manzotti. É um segmento bacana, mas com menos variedade. Hoje, para falar a verdade,

eu não estou misturando as coisas. Mais por uma questão de cautela na condução do meu negócio.

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Isso não impede pessoas católicas de ouvirem músicas evangélicas, como já acontece. No ano

passado, teve um cantor evangélico nas celebrações da vinda Papa Francisco ao Brasil, o Asaph

Borba. Então existe a possibilidade de uma ponte, mas pelos séculos de problemas entre essas

duas culturas, prefiro ser cuidadoso. Vamos nos manter focados nos evangélicos.

Sobre o Festival Promessas, qual seu papel na introdução da música evangélica na mídia

secular?

Na época, o presidente da Globo me disse que estavam querendo fazer um programa musical

evangélico de fim de ano. Eu mandei então toda a ideia do festival e eles gostaram. O que seria

para 7.000 pessoas acabou virando algo para 70 mil. No final, deixamos uma pegada muito

importante para a cultura brasileira, colocando o gospel no horário nobre para o Brasil inteiro ver. É

natural que uma empresa de mídia abra espaço para os evangélicos. Eles hoje são cerca de 30%

dos brasileiros e daqui a dez, 15 anos vão ser metade do Brasil. Então se você não fala com esse

público, você não está prestando atenção. Fico feliz de ter participado dessa mudança.

1. Zania Rocha

2 anos atrás

A diferença está entre ser guiado pelo Espirito e guiado pelo Empresário. Já não somos uma

ameaça para as desigualdades sociais (na igreja primitiva todos tinham tudo em comum) mas

nos tornamos uma oportunidade de negócio$ e comercio. Já não seguem mais os conselhos de

um pastor e das escrituras, mas de um contrato e de um empresário. Já não querem diminuir para que Cristo cresça, querem fama, ser estrelas. Já não desejam mais estar reunidos com

pessoas simples, ou em igreja de amigos comuns, afim de serem exortados , ensinados e

consolados. Não querem mais uma comunidade de irmãos querem fãs,querem uma platéia afim

de serem aplaudidos bajulados e exaltados. Não admiro ter tantos escândalos, me impressiona a

multidão de cegos! Querem direitos autorais por cantarem uma mensagem que custou o preço

de sangue e da vergonha , e foi dado de graça a todos os homens.São filhos e filhas da Sangue

Suga, dá-dá-dá-dá! Marco Sant´Anna

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0

2. NON DVCO DVCO

2 anos atrás

Mais um DVD do Latino á vista "Oh Cristo me leva", "Vai ter culto lá no meu Apê".

Responder 0

3. Frederico Guilherme

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2 anos atrás

Socorro! Mais uma leva de música descartável!!

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0

4. Pedro Paes

2 anos atrás

esquecem uma coisa, o que JESUS diz SEM MIM nada podeis fazer, fazem planos, negocios mas

o pp Deus diz a minha casa sera chamada CASA DE ORAÇÃO.

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1

5. Fábio Sousa

2 anos atrás

e a criatividade fica aonde? Só por Deus mesmo... kkk

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6. Responder

0

7. Francisco Ignacio de Aurora

2 anos atrás

Com licença preciso ir ao banheiro vomitar. Argh...

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0

8. Escoteiro73

2 anos atrás

O que me preocupa é o seguinte trecho da entrevista: "Você precisa de uma melodia simples que

apele para uma grande massa de pessoas e a harmonia também costuma ser simples." Como

serão essas músicas? Ale... Ale... Ale... luia... luia... luia... (Repetir esses versos por 4 minutos)

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9. Rgb_stm

2 anos atrás

não sei o que os ateus anti-cristo fazem aqui comentando em coisas que "dizem" não ser de seu

interesse

Responder 1

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Com crescimento de 15% ao ano, Música Gospel

brasileira ganha novo selo voltado ao estilo - Território

da Música

Foto: Divulgação

Thalles Roberto, fenômeno gospel, terá disco lançado fora do Brasil

A chamada Música Gospel tem crescido no mundo e também no Brasil. Reunindo mais de um estilo

musical em torno de um conceito - o de canções com temática evangélica/cristã - o gospel passou a

ser uma fatia considerável do mercado e tem chamado a atenção já há alguns anos.

Só no Brasil, esse mercado movimenta R$ 1,5 bilhão por ano e emprega direta e indiretamente, dois

milhões de pessoas no mesmo período. A venda total de CDs, DVDs e mídia digital de música

gospel rendeu R$ 359 milhões no Brasil em 2009. Nesse mesmo ano, o ECAD arrecadou nada

menos do que R$ 358 milhões em direitos autorais. Músicas categorizadas como Gospel estão entre

as mais tocadas nas rádios, CDs sempre aparecem entre os mais vendidos. A música gospel tem

vendido também instrumentos musicais, equipamentos de som e assessórios para músicos e

entusiastas.

É por causa dos números superlativos de um segmento do mercado que cresce 15% ao ano que a

Universal Music inaugura no Brasil, hoje, um selo voltado ao estilo. Para se ter uma ideia, nos

Estados Unidos o segmento gospel representa 6% de todas as vendas do mercado americano. Isso

é mais do que a soma da música eletrônica e latina no país. No Brasil, o segmento segue o mesmo

caminho. O selo Universal Music Christian Group chega ao País pronto a investir nos artistas

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nacionais além de lançar os internacionais por aqui.

Segundo Jose Éboli, Presidente da Universal Music Brasil, artistas brasileiros também ganharão

espaço no mercado internacional, caso do cantor Thalles Roberto, cujo próximo disco será lançado

internacionalmente pela Motown Gospel, braço da Universal Music. A Sony tem também tem um selo

específico para o estilo, o Sony Music Gospel. E há uma infinidade de selos de médio e pequeno

porte, ligados ou não a gravadoras maiores, investindo na música gospel.

E não é apenas música que o mercado gospel movimenta. Existe um evento totalmente voltado para

esse mercado que é a Expocristã. Trata-se de uma feira que vende desde capa customizada de

Bíblia até pacotes turísticos e acontece desde 1992. Na edição de 2010 a feira atraiu mais de 220

mil pessoas.

No ano passado, a feira não aconteceu, tendo em seu lugar um outro evento chamado Feira

Internacional Cristã (FIC). A Um Entretenimento, empresa de Leo Ganem (ex-Som Livre e GeoEventos), comprou a marca Expocristã e este ano a feira está de volta, com datas marcadas entre

23 e 27 de julho.

Com vistas no poder de compra do consumidor evangélico, até a Rede Globo investiu pesado no

mercado criando uma programação de eventos voltados para o público alvo nos últimos anos. Não

deu muito certo: a Feira Internacional Cristã (FIC) não foi o sucesso esperado no ano passado e a

cerimônia do Troféu Promessas, premiação musical, foi cancelada. Os motivos do fracasso foram a

desativação da Geo Eventos, que faliu, e no caso da premiação, liagada à Som Livre, parece queapenas um artista da gravadora receberia o prêmio.

Mas o fracasso da emissora parece pontual. Ou talvez os evangélicos não se sintam bem

representados pela emissora. O mesmo pode valer para as gravadoras. Muitas estão buscando

contratar artistas gospel, mas nem todas tem um selo ou espaço específico para isso. Entidades

controladas por evangélicos parecem ter mais aceitação e, portanto, maior chance de sucesso. Vale

lembrar que instituições de ensino controladas por evangélicos no Brasil reúnem o impressionante

número de 740.000 alunos - um público consumidor em potencial.

A fatia evangélica consumidora continua aí, engordando as estatísticas. Ainda que sujeita às

mesmas interpéries que os outros estilos - pirataria, crise econômica, mudanças tecnológicas e de

comportamento -, a música gospel parece ser a menos afetada no mercado. Talvez porque seu

público seja específico e mais fiel do que o público em geral - nichos quase sempre trazem

garantias. Pensando nisso, a Universal Music resolveu apostar no Brasil.

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Música gospel cria segmento de mercado atraente e

lucrativo

Nos últimos anos a música gospel tem crescido e se consolidado no gosto do brasileiro. Rompendo

barreiras de estilos e regionalidade, esse crescimento da música gospel já a coloca como o segundomaior segmento no mercado musical brasileiro. Com músicas sempre presentes entre as mais

tocadas nas rádios e CDs nas listas dos mais vendidos, o gospel conta com o engajamento e

fidelidade de seu público para alavancar esse crescimento.

Um grande exemplo desse crescimento do gospel está no estado de Goiás, como destacou uma

reportagem especial do Jornal Opção. De acordo com a publicação, o estado que era antes

marcado por exportar duplas sertanejas para o mercado nacional hoje movimenta um intenso

mercado gospel, com nomes como Alda Célia e Kléber Lucas e as bandas Pedras Vivas e Radicais

Livres.

Expansão do mercado

Um dos coordenadores da Gospel Fair (feira goiana voltada ao público evangélico), empresário

Jeferson Baick, comenta o crescimento da música gospel. Apesar de afirmar que a música gospel é

o segmento que mais vende no Brasil atualmente, ele destaca que isso não o faz de equiparar ou

superar o sertanejo no gosto do público.

– Esta é uma opção utópica. O sertanejo está arraigado nacionalmente, mas o gospel é o segmento

que mais vende. É uma prova de que não se trata de uma febre ou que tenha curta vida. O gospel

tem trazido cada vez mais novos nomes e se estabelecido comercialmente – afirma Baick.

Porém, a grande vantagem da música gospel está no engajamento de seu público, o que reflete

diretamente nos números de vendas. Segundo o empresário, o total de produtos pirateados no

segmento gospel não chega aos 10% frente aos 60% da música sertaneja.

– O evangélico não compra só pelo gosto, também pelo engajamento – explica.

A cantora goiana Renata Guerra, de 23 anos, afirma que o mercado em seu estado está hoje muito

mais atrativo do que foi há cinco anos, o que tem permitido a chegada de novos artistas no

segmento.

– Era muito fechado. O mercado está cada vez maior e abrangente – afirma a cantora.

Jerferson Baick falou também sobre a controvérsia entre a lógica mercadológica e a fé cristã, que émotivo para críticas dentro e fora das igrejas evangélicas.

– No meu ponto de vista, devemos encarar essa relação sem tabus. Antigamente, as pessoas

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olhavam a nomenclatura ‘mercado’ de forma negativa, mas é um mercado. A compreensão disso

facilita muito a qualificação do artista. Se não encararmos isso como uma questão profissional, a

tendência é continuar na mesmice – afirma o empresário.

Diversos estilos e artistas “convertidos”

Apesar de ser destacado como um segmento do mercado musical no Brasil, o gospel não abraçasomente um gênero musical, e tem atraído artistas de diversos estilos e ritmos. Heavy Metal, Axé,

Sertanejo e até mesmo Funk têm sido usados por cantores gospel de todo o país como ferramentas

para expressar sua fé.

A música gospel tem atraído também vários artistas de vários estilos antes conhecidos no mercado

não religioso. Muitos nomes com carreiras consagradas no chamado mercado secular, hoje tem se

apresentado como convertidos à fé evangélica e reconstruído suas carreiras musicais em meio a

esse público. A exemplo, temos Mara Maravilha, a ex-funkeira Perla, a ex-sertaneja Sula Miranda eaté rumores recentes de que os integrantes da Banda Calypso se renderiam ao gospel.

Até mesmo artistas que não se apresentam como “convertidos” têm gravado músicas gospel. Como

é o caso do funkeiro Naldo, que gravou uma música com o cantor gospel Thalles Roberto e da

cantora Beyoncé que participou de uma produção gospel ao lado das parceiras da extinta girl band

Destiny Child.

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Mercado: música gospel movimenta 1,5 bilhão e atrai

gigantes

O crescimento constante e chamativo da música gospel despertou o interesse de gigantes do

mercado fonográfico, como as multinacionais Universal Music e Sony Music, além da brasileira Som

Livre, do Grupo Globo.

Os números são expressivos: anualmente a música gospel movimenta R$ 1,5 bilhão, e desde 2010tem pelo menos dois artistas entre os que mais vendem no país, de acordo com informações do

jornal O Globo.

Nesse cenário, a inovação e constante oferta de novos produtos se faz necessária, como em todas

as áreas do comércio, o que possibilita o surgimento de novos talentos e o ressurgimento de antigas

estrelas.

“O gospel se firmou como uma força no mercado fonográfico. E tem buscado a renovação para

atingir um número cada vez maior de pessoas. Os artistas mais novos aprenderam que têm que

buscar outras formas de se comunicar com o público, além daquele discurso tradicional”, comenta

Maurício Soares, diretor artístico do selo gospel da Sony Music.

Uma das apostas de sua gravadora é o inovador DJ PV (Pedro Vitor), que lançou recentemente o

CD/DVD “Som da Liberdade 2.0” e é conhecido por usar um robô de LED e uma guitarra Nintendo

Wii, do jogo Guitar Hero, em seus shows

“Uso essas ferramentas para tornar as minhas apresentações mais dinâmicas. Tenho mostrado que

é possível levar a palavra de Deus de forma atual e divertida. Acredito que isso tem ajudado a

quebrar preconceitos em relação ao gospel”, diz.

A visão da gravadora do Grupo Globo é semelhante à das concorrentes, e o gerente Artístico e de

Repertório da Som Livre, Fernando Lobo, reforça a crença de que a aposta na interação com o

público é o melhor caminho: “A exposição nas redes sociais é, sem dúvida, um referencial

importante para avaliarmos a evolução desse universo, que tem muitas particularidades. E com o

crescimento do público evangélico, uma nova leva de artistas parece estar em busca de formas mais

variadas de fazer contato e passar sua mensagem. Mesmo assim, com o amadurecimento dessemercado, há um funil pelo qual só os mais talentosos e profissionais vão passar”, teoriza Lobo, que

entre seus artistas gospel, tem André Valadão e PG.

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Pregador Luo, um dos principais nomes do selo cristão da Universal Music, concorda que o funil vai

surgir em algum momento, e para isso, se antecipa, abordando novos temas junto a seu público:

“Acho que está todo mundo cansado de ouvir as mesmas histórias, os mesmos discursos, sem um

sabor novo. Precisamos questionar até mesmo o conservadorismo do meio gospel para avançarmos

juntos, independentemente da religião, na busca por um mundo mais justo. Deus para mim é isso”,

resume.

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O gospel se abre ao rap, reggae e eletrônica em busca

de renovação

Gênero que move R$ 1,5 bilhão por ano no Brasil tenta ir além

das figuras tradicionais dos padres cantores

por Carlos Albuquerque

14/08/2015 6:00 / Atualizado 14/08/2015 14:39

RIO - A fé do Pregador Luo é grande, mas não remove paredes. Encostado em uma delas, na sala

de conferências da Universal, em um condomínio na Barra da Tijuca, o rapper paulistano

acompanha o lançamento do braço digital do selo gospel da gravadora, o Universal Music Christian

Group. Nos dois pequenos palcos improvisados no local, lotado por convidados e funcionários da

empresa, as dez apostas da major — que, como outras, enxerga nesse cada vez mais lucrativo filão

uma salvação do seu negócio — vão se revezando, em curtas apresentações, nas quais

invariavelmente agradecem a Deus por estarem ali. Em meio ao desfile de sonoridades e palavras

previsíveis, uma exceção é a dupla mineira Entre Salmos, com duas cantoras de estilo soul e

agitadas coreografias de hip-hop.

— Gosto da levada moderna delas — aprova o rapper, que lança em setembro “Governe!”, seu

primeiro álbum pela Universal, um CD físico, não só digital. — É uma evolução do som de artistas

como Marvin Gaye, hoje representado por gente como D’Angelo.

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Articulado e esclarecido, o Pregador Luo não chega a ser um novato — aos 39 anos, faz parte do

grupo Apocalipse 16 e é dono de seu próprio selo, o 7 Taças, por onde já lançou, com muito

sacrifício, cinco discos independentes, entre eles “Música de guerra”, de 2008, com temas criados

especialmente para lutadores de MMA, em cujo meio é celebrado. Mas sua chegada, renovado, a

uma das maiores gravadoras do planeta coincide com uma mudança de hábito desse universo.

Marcado pela sóbria figura de padres cantores, o “rebanho” da música gospel — que movimenta

anualmente em torno de R$ 1,5 bilhão no Brasil e desde 2010 tem sempre pelo menos dois artistas

na lista dos mais vendidos do país — abre-se não apenas para o rap do Pregador e o r&b do Entre

Salmos, mas também para a eletrônica do DJ PV e o ritmo ondulante do cantor Salomão do Reggae,

entre outros exemplos.

— O gospel se firmou como uma força no mercado fonográfico. E tem buscado a renovação para

atingir um número cada vez maior de pessoas — afirma Maurício Soares, diretor artístico do selo

gospel da Sony Music. — Os artistas mais novos aprenderam que têm que buscar outras formas de

se comunicar com o público, além daquele discurso tradicional.

Exemplo dessa adaptação aos novos tempos é o DJ PV (de Pedro Vitor, seu nome de batismo), que

acaba de lançar o CD/DVD “Som da liberdade 2.0”, seu primeiro pelo Sony Music Gospel, gravado

ao vivo em um ginásio em Goiânia, onde nasceu. Ex-dançarino de um grupo de hip-hop, ele

começou a discotecar em 2007 e hoje, atuando também como produtor, é uma das estrelas do

chamado gospel eletrônico. Seus vídeos têm milhões de acessos no YouTube, e suas

apresentações incluem um robô de LED e uma guitarra Nintendo Wii (a mesma usada no popular

jogo “Guitar hero”).

— Uso essas ferramentas para tornar as minhas apresentações mais dinâmicas — explica ele, fã de

Swedish House Mafia e David Guetta, falando por telefone de Portugal, no meio de uma turnê pela

Europa. —Tenho mostrado que é possível levar a palavra de Deus de forma atual e divertida.

Acredito que isso tem ajudado a quebrar preconceitos em relação ao gospel.

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A repercussão nas redes sociais do trabalho de artistas como o DJ PV tem sido usada como medida

para o mercado fonográfico avaliar o alcance de suas novas “ovelhas”, como explica FernandoLobo, gerente de A&R da Som Livre, que também tem um departamento exclusivamente dedicado a

esse segmento e possuiu em seu cast artistas como o cantor André Valadão, com cinco milhões de

seguidores no Facebook.

— A exposição nas redes sociais é, sem dúvida, um referencial importante para avaliarmos a

evolução desse universo, que tem muitas particularidades. E com o crescimento do público

evangélico, uma nova leva de artistas parece estar em busca de formas mais variadas de fazer

contato e passar sua mensagem. Mesmo assim, com o amadurecimento desse mercado, há umfunil pelo qual só os mais talentosos e profissionais vão passar.

Ex-vendedor de artesanato nas ruas e praias de Cabo Frio, onde mora, o cantor e compositor

Salomão Rocha encontrou no ritmo jamaicano de onde tirou o nome artístico o veículo ideal para

passar por esse funil e conquistar seu próprio público. Admitindo não ter um disco sequer de Bob

Marley em casa, ele garante que o reggae “brotou” espontaneamente no seu coração e serviu de

inspiração para que criasse as músicas que estão no seu CD/DVD de estreia, “Igual a você”, que

lança até o fim do mês pelo Sony Music Gospel. A mesma busca por um lugar ao sol — ou nos céus

— move as irmãs Fabiane Souza e Cássia Rodrigues, do Entre Salmos, cujo álbum “Daqui pra

frente”, inspirado por Beyoncé e pela dupla americana Mary Mary, vai ser distribuído, em formato

digital, pela Universal.

— Acho que está todo mundo cansado de ouvir as mesmas histórias, os mesmos discursos, sem um

sabor novo — resume o Pregador Luo, fã do militante grupo americano Public Enemy. —

Precisamos questionar até mesmo o conservadorismo do meio gospel para avançarmos juntos,

independentemente da religião, na busca por um mundo mais justo. Deus para mim é isso.

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Do funk ao eletrônico: artistas dão nova cara à música

gospel; conheça

15/09/201507h00

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

Divulgação

DJ Matheys Lazaretti, André e Felipe, Megafone, Ton Carfi e Marcela Tais dão nova cara à

música gospel

Não é de hoje que a indústria musical gospel está aberta a novos artistas e gêneros. Seja no funk de

Tonzão, ex-integrante do grupo Os Hawaianos, na música eletrônica do DJ Matheus Lazaretti, de

apenas 17 anos, ou no rock com pegada hard core do Adorelle, a cena do gospel tem produzido

discos cada vez mais diversificados e abraçado um público cada vez mais abrangente.

Com clipes bem dirigidos, letras de adoração menos óbvias e aposta na estética jovem que faz

sucesso no mercado secular (termo muito utilizado nas igrejas para determinar o mercado fora

delas), esses artistas têm chegado a um público até então distante da igreja. Eles não vendem

tantos discos quanto Aline Barros (na casa dos 7 milhões de cópias vendidas), mas tem

movimentado milhares de curtidas nas redes sociais.

Muitos deles já têm anos de estrada, mas tem moldado, a cada trabalho, a nova cara da músicagospel contemporânea.

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Adorelle

Hard core/indie rock

Para ouvir: "Tem Que Vigiar"

Na estrada desde 2008, os catarinenses do Adorelle (junção de 'adore' e 'ele') começaram nos

fundos de uma igreja, mas desenvolveram uma identidade própria. A pegada aqui é levar o rock n'

roll, com inspiração no hard core, ao louvor, sem abrir mão de letras espertas, visual jovem e belos

videoclipes.

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DJ Matheus LazarettiEletrônico

Para ouvir: "Sei Como é Bom"

O gospel também tem seu David Guetta. Aos 17 anos, Matheus transformou o louvor em pista de

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dança e tem batido cartão em festas, eventos e festivais dedicados ao gospel. O público jovem deu

aval ao garoto com o disco "Santidade Minha Balada".

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Tonzão

Funk

Para ouvir: "Passinho do Abençoado"

Tonzão Chagas pode ter deixado o mercado secular, mas não abandonou o funk. O cantor deixouOs Hawaianos em 2011, quando o grupo carioca estava estourado com "Vem Kikando". Após se

converter à Assembleia de Deus dos Últimos Dias, desistiu do secular, mas continua a embalar seus

shows com o batidão.

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Ton Carfi

Eletrônico/hip-hop

Para ouvir: "X-Men"

Filho de pastores, Ton Carfi iniciou a carreira como backing vocal no grupo Raiz Coral, Link4 e ao

lado do rapper Pregador Luo. O cantor aposta em uma nova roupagem, com batidas semelhantes

ao hip-hop americano. Antenado, usou referências do mundo nerd ao falar nas bençãos de Deus em"X-Men".

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Marcela Tais

Indie Folk

Para ouvir: " Ame Mais, Julgue Menos"

Marcela Taís é uma das grandes promessas de uma música voltada especialmente para os jovens.

Antenada musicalmente --e também na moda-- ela lançou este ano "Moderno à Moda Antiga", com

produção do hitmaker Michael Sullivan, que já trabalhou com Xuxa, Balão Mágico e Roupa Nova.

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Gabriela Rocha

Pop

Para ouvir: "Pra Onde Iremos?"

Aos 11 anos, Gabriela estreou na TV ao cantar em um programa do Raul Gil. Talentosa, a cantora

mirou a carreira no pop logo no primeiro disco, "Jesus", com produção de Thalles Roberto. Em

seguida, assinou contrato com uma grande gravadora e investiu em uma marca de roupas.

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André e Felipe

Sertanejo Universitário

Para ouvir: "Acelera e Pisa"

Com quase 10 anos de estrada, a dupla paranaense, natural de Maringá, tem arriscado cada vez

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mais na estética e no clima de festa do sertanejo universitário. O último trabalho ao vivo, "Acelera e

Pisa", deixa para trás a pegada raiz do começo da carreira.

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Léo Brandão

Pop rock

Para ouvir: "Somos a Luz"

Fumaça colorida no clipe, "ôôô" no refrão e riff marcante. O pop rock de Léo Brandão parece um

Restart gospel. O alagoano criado em Goiânia se converteu aos 13 anos e desde então tem sededicado à carreira gospel.

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Paulo César Baruk

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Rock/R&B

Para ouvir: "Do Avesso"

Produtor musical, Paulo começou fazendo backing vocals, sem deixar de testar experimentos com

soul e R&B. Com o álbum "Eletro Acústico 3", foi indicado ao Grammy Latino, e com seu mais

recente trabalho, "Graça", foi bastante elogiado pela crítica por fugir do óbvio.

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Silvera

Funk/Soul

Para ouvir: "Reina"

Com 20 anos de carreira, o cantor colaborou com uma lista grande de artistas do gospel --como

Pregador Luo, e Renascer Praise--, e fora dele, como Ed Motta, Thiaguinho e Racionais Mc's. Em

seu primeiro disco solo, "Frutos", o momento de adoração tem balanço e suingue.

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Megafone

Rock alternativo

Para ouvir: "Get Up"

Embora pareça genérico demais (há bandas com o mesmo nome no Brasil e em Portugal), o

Megafone tem trazido uma pegada alternativa ao gospel. Soa como Scalene, mas com a vantagem

de se ter o casal Silvio e Rebeca Lacerda nos vocais.

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Globo faz 5º edição de seu festival gospel "particular"

Foto Rio News

André Valadão deve participar do festival

No dia 7 de novembro, em São Paulo, a TV Globo realiza mais uma edição do "Festival Promessas",

dedicado à música gospel.

Ou melhor, dedicado à música gospel desde que ela seja contratada da Som Livre (Grupo Globo) ou

da Sony Music (principal parceira da Globo na área musical).

Quase todos os artistas que participarão do festival pertencem a essas duas gravadoras, segundo

esta coluna apurou.

Algumas bandas reconhecidas, como a virtuosa Oficina G3 (Mk Music), Diante do Trono (que deixou

a Som Livre no ano passado) ou Voz da Verdade (uma das mais antigas bandas em atividade noBrasil, independente) e outros artistas independentes (porém talentosos) são quase sempre

ignorados pelo evento global.

"Paixão" recente

Apenas no início desta década a Globo começou a investir pesado em gospel. Foi justamente nesse

mesmo ano que a Igreja Universal decidiu acabar com seu elenco de música evangélica.

O evento vai ocorrer no Campo de Marte, zona norte de São Paulo, e já tem ingressos à venda pelainternet.

Aline Barros, André Valadão, Rose Nascimento, Ton Carf e Baruk estão entre os artistas que se

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apresentarão em novembro, a partir das 12h (portões abrirão duas horas antes).

Os ingressos já estão à venda na internet e custam de R$ 50 (inteira, pista) a R$ 100 (pista Vip),

mais taxa de entrega.

Ricardo Feltrin

Ricardo Feltrin, 51, é colunista do UOL, onde apresenta o programa Ooops! às segundas. Trabalhou

por 21 anos no Grupo Folha, como repórter, editor e secretário de Redação, entre outros.

1. mfc1

5 meses atrás

Muito legal a Globo fazer esse festival. Sou católico e não tenho nada contra. Só acho uma pena

não fazer um festival desse com católicos, sendo que a Som Livre tem alguns em seu cast e

parcerias com gravadoras católicas também, já que a maioria desse pais se diz católico, pelo

menos no Ibope!

Responder

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1. ChristianMG

5 meses atrás

A Globo faz esse festival para agradar aos evangélicos e não perder todo esse público para a

Record. A Globo quer sua fatia desse mercado gigantesco, meu caro! Ou você acha que ela

faz isso para ser laica?

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2. Marcos Botelho

5 meses atrás

Pois é, como o Rosa de Saron

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2. Renê Vila Vera

5 meses atrás

Festival de musica secular interpretadas por idolatrados do publico, nisso não tem nada de louvor

a Deus, ai são cantores que rendo se promover e serem idolatrados por fãs, conforme ensina ao

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seu filho o cantor Talles, se a sua intenção é louvar a Deus, não é esse o evento que você deve ir,

não se deixe enganar .

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3. Comissário André Azevedo

5 meses atrás

Nada alem do obvio....se é um festival Gospel e a Globo tem uma gravadora e uma parceira com

artistas Gospel...estranho seria para os artistas contratados serem preteridos aos de fora.

Responder

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4. Rico Mears

5 meses atrás

Tem que pagar para assistir???

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5. zoneal

5 meses atrás

Vai ser igual do ano passado: um fiasco. Músicas chatas, recheadas de chororô é o que não vai

faltar.

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6. Responder

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7. Mari 2014

5 meses atrás

Legal fazer... mas deviam convidar não só os Cantores da Som Livre! senão fica particular

mesmo! pena!

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