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A necessidade de decidir se pela verdade - charles haddon spurgeon

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A NECESSIDADEDE DECIDIR-SEPELA VERDADE

C. H. SPURGEON

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Traduzido do original em Inglês

The Need of a Decision for the Truth

By C. H. Spurgeon

Via: Spurgeon.org

Tradução por Camila Almeida

Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Fevereiro de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative

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A Necessidade De Decidir-se Pela Verdade

Um discurso universitário, por C. H. Spurgeon.

Extraído de A Espada e a Espátula, de março de 1874.

Algumas coisas são verdadeiras e algumas coisas são falsas. Eu considero isso como um

axioma; mas há muitas pessoas que, evidentemente, não acreditam nisso. O princípio vi-

gente da época atual parece ser: “Algumas coisas são verdadeiras ou falsas, de acordo

com o ponto de vista do qual você olha para eles. Preto é branco e branco é preto, de acor-

do com as circunstâncias, e não importa particularmente como você os chame. A verdade,

evidentemente, é verdade, mas seria rude dizer que o oposto é uma mentira; não devemos

ser intolerantes, mas lembrar-nos ‘Quantos homens, tantas mentes’”. Nossos antepassa-

dos eram peculiares sobre a manutenção de marcos; eles tinham fortes noções sobre

pontos fixos da doutrina revelada, e foram muito tenazes quanto ao que eles criam ser bí-

blico; seus campos estavam protegidos por sebes e diques, mas seus filhos arrancaram as

cercas, encheram os valados, nivelaram tudo, e lançaram, como o salto de um sapo, as pe-

dras de fronteira. A escola do pensamento moderno ri da positividade ridícula dos Reforma-

dores e Puritanos; ela está avançando em gloriosa liberalidade, e em pouco tempo anun-

ciará uma grande aliança entre o céu e o inferno, ou melhor, uma fusão das duas institui-

ções sobre termos de concessão mútua, permitindo que a mentira e a verdade residamlado

a lado, como o leão com o cordeiro. Ainda assim, por tudo isso, a minha firme convicção

antiquada é que algumas doutrinas são verdadeiras, e que as declarações que são diame-tralmente opostas a elas não são verdadeiras; de forma que, quando “Não” é o fato, “Sim”

está fora de questão e que, quando o “Sim” pode ser justificado, o “Não” deve ser abando-

nado. [...].

Temos uma fé para pregar, meus irmãos, e somos enviados com uma mensagem de Deus.

Não somos deixados para fabricarmos a mensagem à medida que avançamos. Nós não

somos enviados pelo nosso Mestre com este tipo de comissão geral: “Como você pensará

em seu coração e inventará em sua cabeça enquanto você marcha, assim pregue. Mante-

nha-se informado dos tempos. Seja o que for que as pessoas queiram ouvir, diga isto e elas

serão salvas”. Em verdade, nós não lemos assim. Há algo definido na Bíblia. Esta não é

como umpedaço de cera a ser moldado à nossa vontade, ou umrolo de tecido a ser cortado

de acordo com a moda vigente. Seus grandes pensadores evidentemente olham para as

Escrituras como uma caixa de letras com a qual eles brincam, e fazem o que eles gostam;

ou um frasco de mago, do qual eles podem derramar qualquer coisa que escolherem, do

ateísmo ao espiritismo. Eu sou muito antiquado para me prostrar e adorar esta teoria. Háalgo dito a mim, na Bíblia — dito a mim seguramente — não coloque diante de mim um

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“mas” e um “talvez”, e um “se”, e um “pode ser”, e cinquenta mil suspeitas por trás disso,

de modo a ser realmente a extensão e resumo disso, de maneira a não ser assim de modo

algum; mas revele-me como verdade infalível, que deve ser crida, o oposto disso é erro

mortal, e vem do pai da mentira.

Acreditando, portanto, que há tal coisa como verdade, e tal coisa como falsidade, que há

verdades na Bíblia, e que o evangelho consiste em algo definitivo, que deve ser crido pelos

homens, isso nos faz ser decididos quanto ao que nós ensinamos, e a ensiná-lo de forma

decidida. Temos de lidar comos homens que estarão perdidos ou salvos, e eles certamente

não serão salvos pela doutrina errônea. Temos de lidar com Deus, de quem somos servos,

e Ele não será honrado por nossas falsidades pregadas; nem Ele nos dará uma recompen-

sa, e dirá: “Muito bem, servo bom e fiel, tu mutilaste o evangelho tão judiciosamente quanto

qualquer homem que já viveu diante de ti”. Nós estamos em uma posição muito solene, e

o nosso espírito deve ser o do antigo Micaías, que disse: “Vive o Senhor que o que o Senhor

me disser isso falarei” (1 Reis 22:14). Nem mais nem menos do que a Palavra de Deus so-

mos chamados a declarar, mas somos obrigados a anunciar em um espírito que permita

que os filhos dos homens saibam que, seja o que for que eles pensem sobre isso, nós cre-

mos em Deus, e não seremos abalados em nossa confiança nEle.

Em que devemos ser categóricos, irmãos? Bem, há senhores enérgicos que imaginam que

não há princípios fixos para seguir. “Talvez algumas doutrinas”, disse um para mim, “talvez

algumas doutrinas sejam consideradas como estabelecidas. Isso é, talvez, constatado que

há um Deus, mas alguém não deve dogmatizar sobre sua personalidade: muitas coisas po-

dem ser ditas pelo panteísmo”. Tais homens rastejam no ministério, mas eles geralmente

são astutos o suficiente para esconderem a liberalidade de suas mentes sob a fraseologia

Cristã, agindo, assim, em coerência com os seus princípios, pois a sua regra fundamental

é que a verdade não possui nenhuma consequência.

Quanto a nós, quanto a mim, de qualquer maneira, estou certo de que há um Deus, e eu

quero pregá-lO como um homem que está absolutamente seguro. Ele é o Criador do céu e

da terra, o Mestre da providência, e o Senhor da graça: que o Seu nome seja bendito para

todo o sempre! Nós não teremos perguntas e debates quanto a Ele.

Estamos igualmente certos que o livro que se chama “a Bíblia” é a Sua palavra, e é inspi-

rada; não inspirada no sentido emque Shakespeare, Milton e Dryden podemser inspirados,

mas em um sentido infinitamente mais elevado; de modo que, desde que tenhamos o exato

texto, nós consideramos as próprias palavras como sendo infalíveis. Nós cremos que tudo

estabelecido no livro que vem de Deus deve ser aceito por nós como Seu seguro teste-

munho, e nada menos do que isso. Deus me livre que sejamos enredados por essas várias

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interpretações do modo de inspiração, que equivalem a pouco mais do que rejeitá-lo. O

livro é uma produção Divina; ele é perfeito, e é a última instância de recurso, “o juiz, que

encerra a disputa”. Eu, mais cedo suporia blasfemar contra o meu Criador do que questionar

a infalibilidade de Sua palavra.

Também temos certeza a respeito da doutrina da Santíssima Trindade. Não podemos expli-

car como o Pai, o Filho e o Espírito podem ser cada um distinto e perfeito em Si mesmo, e

ainda que estes três são um, de modo que há um só Deus; contudo nós verdadeiramente

cremos, e queremos pregá-lO, sem nos importarmos com o Unitário, Sociniano, Sabeliano,

ou qualquer outro erro. Nós manteremos esta doutrina firme para sempre, pela graça de

Deus.

E, irmãos, não haverá nenhum som incerto em nós quanto à doutrina da expiação. Nós não

podemos deixar o sangue fora de nosso ministério, ou a vida dele se dissolverá; pois pode-

mos dizer do nosso ministério: “O sangue é a vida do mesmo”. A eficaz substituição de

Cristo; o sacrifício vicário de Cristo, em nome de Seu povo, que vivamos por meio dEle. Is-

so nós anunciaremos até morrermos.

Nem podemos vacilar em nossa mente por um momento sobre o grande e glorioso Espírito

de Deus; o fato de Sua existência, Sua personalidade, e o poder de Suas obras; a necessi-

dade de Suas influências, a certeza de que nenhum homem é regenerado, exceto por Ele;

que nascemos de novo pelo Espírito de Deus e que o Espírito habita nos crentes, e é o au-

tor de todo o bem em si, o santificador e preservador deles, sem o Qual eles não podem fa-

zer nenhuma coisa boa que seja. Nós não devemos hesitar em absoluto quanto a pregar

essa verdade.

A necessidade absoluta do novo nascimento é também uma certeza. Nós descemos com

a demonstração quando tocamos nesse ponto. Jamais envenenaremos o nosso povo com

a noção de que uma reforma moral será suficiente, mas vamos repetidas vezes dizer-lhe:

“Necessário vos é nascer de novo” [João 3:7]. Nós não entramos na condição do ministro

escocês, que quando o velho John Macdonald pregou à sua congregação um sermão aos

pecadores comentou: “Bem, Sr. Macdonald, este foi um bom sermão que você pregou, mas

é muito inoportuno, pois eu não conheço uma única pessoa não-regenerada em minha con-

gregação”. Pobre alma, com toda probabilidade, ele mesmo não era regenerado. Não, nós

não ousamos lisonjear nossos ouvintes, mas temos que continuar a dizer-lhes que eles

nascem pecadores, e devem nascer de novo e serem santos, ou eles nunca verão a face

de Deus em aceitação.

Nós não hesitaremos sobre o tremendo mal do pecado. Falaremos sobre esse assunto tan-

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to com pesar como categoricamente; e, apesar de alguns homens mui sábios levantarem

questões difíceis sobre o inferno, não devemos hesitar ao declarar os terrores do Senhor,

e o fato de que o Senhor disse: “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a

vida eterna” [Mateus 25:46].

Nem nós nunca produziremos um som incerto quanto à gloriosa verdade de que a salvação

é totalmente pela graça. Se alguma vez nós mesmos somos salvos, sabemos que somente

a graça soberana o fez, e nós reconhecemos que deve ser o mesmo com os outros. Nós

declararemos “Graça! Graça! Graça!” com toda a nossa força, vivendo e morrendo.

Nós seremos muito decididos, também, quanto à justificação pela fé, pois a salvação: “Não

vem das obras, para que ninguém se glorie” [Efésios 2:9]. “Viva olhando para o Crucificado”

será a nossa mensagem. A confiança no Redentor, esta será a graça salvadora pela qual

oraremos ao Senhor que implante em todos os corações dos nossos ouvintes.

E tudo o mais que cremos ser verdade nas Escrituras, nós pregaremos com determinação.

Se há questões que podem ser consideradas como discutíveis, ou relativamente sem im-

portância, falaremos com tal medida de decisão sobre elas quanto seja decente. Mas os

pontos que não podem ser discutíveis, que são essenciais e fundamentais, serão declara-dos por nós sem qualquer gagueira, sem qualquer interrogação das pessoas: “O que você

deseja nos dizer?” Sim, e sem pedido de desculpas: “Estes são os meus pontos de vista,

mas as opiniões de outras pessoas podem estar corretas”. Devemos pregar o Evangelho,

não como nossos pontos de vista em absoluto, mas conforme a mente de Deus, o testemu-

nho de Jeová a respeito de Seu próprio Filho, e em referência à salvação para os ho-mens

perdidos. Se tivéssemos sido confiados à produção do Evangelho, poderíamos tê-lo altera-

do para atender ao gosto deste século recatado, mas nunca fomos comissionados a originar

a boa notícia, mas apenas a repeti-la, não nos atrevemos a ir além do que está escrito. O

que temos sido ensinados por Deus, nós ensinamos. Se não fizermos isso, não somos ap-

tos para a nossa posição. Se eu tiver um servo em minha casa, e eu enviar uma mensagem

por meio dele até a porta, e ele a alterar, em sua própria autoridade, ele pode tirar a essên-

cia da mensagem ao fazê-lo, e ele será responsável pelo que ele fez. Ele não ficará por

muito tempo em meu serviço, porque eu preciso de um servo que repete o que eu digo, tan-

to quanto possível, palavra por palavra; e se ele faz isso, eu sou responsável pela mensa-

gem, e ele não. Se alguém estivesse irado com ele pelo que ele disse, isso seria muito

injusto; sua discussão encontra-se comigo, e não com a pessoa que eu emprego para atuar

como boca por mim. Aquele que tem a Palavra de Deus, que fale-a fielmente, e ele não teránecessidade de responder aos contradizentes, exceto com um “Assim diz o Senhor”. Esta,

então, é a questão a respeito da qual estamos decididos.

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Como devemos mostrar esta decisão? Não precisamos ter o cuidado de responder a essa

pergunta, a nossa decisão mostrar-se-á emsua própria maneira. Se realmente acreditamos

em uma verdade, seremos decididos sobre isso. Certamente não devemos mostrar a nossa

decisão por essa intolerância obstinada, furiosa, feroz que corta qualquer outro corpo da

chance e da esperança da salvação e da possibilidade de ser regenerado ou mesmo decen-

temente honesto, se acontecer deles diferirem de nós sobre a cor de uma escama do gran-

de leviatã. Algumas pessoas parecem ser naturalmente talhadas na cruz; elas são fabri-

cadas para serem irritadas e irritadas elas serão. Mais cedo do que não contender com vo-

cês, elas levantariam uma questão sobre a cor da invisibilidade, ou o peso de uma subs-

tância inexistente. Elas estão em pé de guerra com vocês, e não por causa da importância

da questão em discussão, mas por causa da importância muito maior de serem sempre o

Papa do partido. Não vão para o mundo com o seu punho cerrado para a luta, carregando

um revólver teológico na perna das suas calças. Não há sentido em ser uma espécie de

galo de briga doutrinal, e seguirema mostrar o seu espírito, ou umcão de caça de ortodoxia,

prontos para enfrentar os ratos heterodoxos por pontuação. Pratiquem suaviter in modo,

bem como a fortiter in re1. Estejam preparados para lutar, e sempre tenham a sua espadaafivelada à sua coxa, mas usem uma bainha; não pode haver sentido em acenar sua arma

diante dos olhos de todos para provocar o conflito, segundo o costume de nossos amados

amigos da Ilha Esmeralda, dos quais é dito terem seus casacos retirados em Donnybrook

Fair2, e os arrastam ao longo do solo, clamando, enquanto eles agitam os seus porretes:

“será que algumcavalheiro será tão bom, de modo a pisar na extremidade de meu casaco?”

Há teólogos de tal sangue quente, copioso, que eles nunca estão em paz até que eles este-

jam totalmente engajados em guerra.

Se você realmente crê no Evangelho, você estará decidido por ele em formas mais sensí-

veis. Seu próprio tom denunciará a sua sinceridade; você falará como um homem que tem

algo a dizer, alguém que sabe ser verdade. Você já assistiu a um tratante quando ele está

prestes a contar uma mentira? Você já percebeu a maneira pela qual ele articulou isso? É

preciso um longo tempo para ser capaz de contar bem uma mentira, pois os órgãos faciais

não foramoriginalmente constituídos e adaptados para a entrega complacente da falsidade.

Quando um homem sabe que ele está dizendo a verdade, tudo sobre ele corrobora a sua

sinceridade. Qualquer advogado interrogando sabe com pouca dúvida se uma testemunha

é verdadeira ou enganadora. A verdade tem seu próprio ar e forma, seu próprio tom e ênfa-

se. [...] Deve haver sempre aquele mesmo ar de verdade sobre o ministro Cristão; somente

enquanto ele não está apenas testemunhando da verdade, mas quer que as outras pessoas

__________

[1] (expressão Latina, “suavidade na conduta, força na realidade”, fonte: Merriam-webster.com/dictionary).

[2] Donnybrook Fair: expressão que denota uma luta excessivamente selvagem ou disputa contenciosa, fonte:

Dictionary.reference.com/browse/donnybrook

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reconheçam aquela verdade e possuam o poder dela, ele deveria ter mais decisão em seu

tom do que uma mera testemunha que está afirmando fatos que podem ser cridos ou não

sem quaisquer graves consequências após uma ou outra maneira. Lutero foi um homem

decidido. Ninguém duvidava que ele cria no que falava. Ele falou em trovões, pois havia um

raio em sua fé. O homem pregou por toda parte, pois toda a sua natureza cria. Você sentia:“Bem, ele pode ser louco, ou ele pode estar completamente enganado, mas ele seguramen-

te crê no que ele diz. Ele é a encarnação da fé; seu coração está fluindo para fora de seus

lábios”.

Se quisermos mostrar decisão pela verdade, não devemos fazê-lo apenas por nosso tom e

forma, mas por nossas ações diárias. A vida de um homem é sempre mais convincente do

que o seu discurso; quando os homens fizerem um balanço disto, eles considerarão as su-

as ações como libras, e suas palavras como pence. Se sua vida e suas doutrinas discorda-

rem, a multidão de espectadores aceitará a sua prática e rejeitará a sua pregação. Um

homem pode saber muita coisa sobre a verdade, e ainda assim ser uma testemunha muito

prejudicial em seu nome, porque ele não dá crédito a ela. O charlatão que na história clássi-

ca propagou uma cura infalível para constipações, tossindo e espirrando entre cada frase

de seu panegírico, pode servir como imagem e símbolo de um ministro profano. O Sátiro

na fábula de Esopo ficou indignado com o homem que soprava quente e frio com a mesma

boca, e bem assim ele poderia estar. Não posso conceber nenhum método mais seguro

para prejudicar os homens contra a verdade do que por soar seus louvores através dos

lábios de homens de caráter suspeito. Quando o diabo virou pregador no dia de nosso Se-

nhor, o Mestre ordenou que ele se calasse; ele não se importou com louvores satânicos. É

muito ridículo ouvir boa verdade de um homem mau; é como farinha emum saco de carvão.[...] Que estranho seria ouvir um homem dizer: “Eu sou um servo do Deus Altíssimo, e eu

irei onde quer que eu possa ganhar o máximo de salário. Sou chamado a labutar para a

glória de Jesus somente, e eu não irei a nenhum lugar a não ser que a igreja possua a mais

respeitável posição. Para mim o viver é Cristo, mas não posso fazê-lo ganhando apenas

£500 libras por ano”.

Irmão, se a verdade está em ti, ela sairá de ti inteira, sendo como os fluxos de perfume de

cada ramo da árvore de madeira de sândalo; que te conduzirá para adiante como o vento

alísio acelera os navios, preenchendo todas as suas velas; ela consumirá toda a tua natu-

reza com a sua energia como o incêndio na floresta queima todas as árvores do bosque. A

verdade não dará totalmente a sua amizade a ti, até que todos os teus feitos sejam mar-

cados com o seu selo.

Devemos mostrar a nossa decisão pela verdade através dos sacrifícios que estamos pron-

tos para fazer. Este é, de fato, o método mais eficiente, bem como o mais difícil. Devemos

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estar prontos para desistir de toda e qualquer coisa por causa dos princípios que nós defen-

demos, e devemos estar prontos para ofender nossos melhores apoiadores, para nos sepa-

rar de nossos amigos mais íntimos, mais cedo do que desmentir as nossas consciências.

Devemos estar prontos a sermos mendigos no bolso, e refugo em reputação, ao invés de

agir traiçoeiramente. Podemos morrer, mas não podemos negar a verdade. O custo já está

contabilizado, e estamos determinadosa comprar a verdade a qualquer preço, e não vendê-

la por preço nenhum. Muito pouco deste espírito está difundido hoje em dia. Os homens

têm uma fé salvadora, e salvam as suas próprias pessoas da angústia; eles têm um grande

discernimento e sabem de que lado o seu pão está amanteigado; eles são generosos, e

são todas as coisas para todos os homens, se, por qualquer meio, eles podem salvar um

montante. Há uma abundância de cachorros em redor, que seguiriam no calcanhar de qual-

quer homem que os mantivesse alimentados. Eles estão entre os primeiros a latir na deci-

são, e a chamam de dogmatismo obstinado, e fanatismo ignorante. Seu veredicto condena-

tório não nos causa nenhum perigo; é o que esperávamos.

Acima de tudo, devemos mostrar o nosso zelo pela verdade por continuamente, em tempo

e fora de tempo, nos esforçar-nos para mantê-la da maneira mais terna e mais amorosa,

mas ainda muito séria e firmemente. Não devemos falar com nossas congregações como

se estivéssemos meio adormecidos. A nossa pregação não deve ser ronco articulado. Devehaver poder, vida, energia, vigor. Devemos lançar nossos “eus” inteiros a isso, e mostrar

que o zelo da casa de Deus tem nos consumido.

Como devemos manifestar a nossa decisão? Certamente não por insistir em uma corda e

repetir uma e outra vez as mesmas verdades, com a declaração de que nós cremos nelas.

Tal curso de ação apenas sugeriria ser ela mesma incompetente. O realejo não é umpadrão

de decisão, ele pode ter persistência, mas isso não é a mesma coisa que consistência. Eu

poderia indicar alguns irmãos que aprenderam cerca de quatro ou cinco doutrinas, e eles

as trituram uma e outra vez com monotonia eterna. Fico sempre contente quando afiam su-

as músicas em alguma rua longe de minha morada. Pois cansar com a repetição perpétua

não é a maneira de manifestar nossa firmeza na fé. Meus irmãos, vocês fortalecerão a sua

decisão pela lembrança da importância dessas verdades para as suas próprias almas. Os

seus pecados estão perdoados? Vocês têm uma esperança do Céu? Como as solenidades

da eternidade afetam vocês? Certamente vocês não estão salvos à parte destas coisas, e,

portanto, vocês devem guardá-las, pois vocês reconhecem que são homens perdidos se

elas não são verdade. Vocês sabem que têm que morrer, e estão conscientes de que so-

mente essas coisas podem sustentá-lo no último momento, vocês as seguram com toda a

sua força. Vocês não podem abandoná-las. Como pode um homem renunciar a uma verda-de que ele sente ser de vital importância para a sua alma? Ele sente diariamente: “Eu tenho

que viver nisso, eu tenho que morrer nelas, sou infeliz agora, e perdido para sempre fora

delas, e, portanto, com a ajuda de Deus, eu não posso abandoná-las”.

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Vossa própria experiência diária vos sustentará, amados irmãos. Espero que vocês já

tenham percebido e experienciado muito mais do poder da verdade que vocês pregam. Eu

creio na doutrina da eleição, porque tenho a certeza de que se Deus não tivesse me esco-

lhido, eu nunca O teria escolhido; e tenho certeza que Ele me escolheu antes de eu nascer,

ou então Ele nunca teria me escolhido depois; e Ele deve ter me eleito por razões desco-

nhecidas para mim, pois eu nunca poderia encontrar qualquer razão em mim mesmo para

que Ele me olhasse com amor especial. Então, eu sou obrigado a aceitar essa doutrina.

Estou vinculado à doutrina da depravação do coração humano, porque eu me encontro

depravado de coração, e tenho provas diárias de que não habita em minha carne nenhuma

coisa boa. Não posso deixar de considerar que deve haver uma expiação antes que possa

haver perdão, porque a minha consciência assim o exige, e minha paz depende disso. O

pequeno tribunal dentro do meu próprio coração não está satisfeito a menos que alguma

retribuição seja exigida pela desonra feita a Deus. Dizem-nos, por vezes, que as declara-

ções tais e tais não são verdadeiras; mas quando somos capazes de responder que já as

provamos e experimentamos, que resposta há para tal raciocínio? Um homem propõe a

maravilhosa descoberta de que o mel não é doce. “Mas eu comi um pouco no café da

manhã, e eu o achei muito doce”, dizem vocês, e sua resposta é conclusiva. Alguém lhes

diz que o sal é venenoso, mas vocês apontam para a sua própria saúde, e declaram que

vocês têm comido sal nestes quarenta anos. Alguém diz que comer o pão é um erro, um

erro vulgar, um absurdo antiquado; mas em cada refeição vocês fazem o seu protesto ao

assunto com um riso alegre. Se vocês experimentam diária e habitualmente a verdade da

Palavra de Deus, eu não tenho medo de que vocês sejam abalados na mente em relação

a ela. Esses jovens companheiros que nunca sentiram a convicção do pecado, mas obtive-

ram a sua religião da forma como eles tomaram o seu banho de manhã, saltando nela;

esses, tão facilmente, saltarão para fora dela quanto eles pularam para dentro. Aqueles que

não sentem nem as alegrias nem tampouco as depressões de espírito que sinalizam a vida

espiritual, ficam entorpecidos, e a sua mão paralisada não tem controle firme da verdade.

Meras escumadeiras da palavra, que, como andorinhas, tocam na água com as asas, são

os primeiros a voar de um terreno para outro, como as considerações pessoais os guiarem.

Eles acreditam nisso, e depois acreditam naquilo, pois, na verdade, eles não acreditam em

nada intensamente. Se vocês já foram arrastados pela lama e barro da alma ao desespero,

se vocês já foram virados de cabeça para baixo, e destruídos como louças, de toda a sua

própria força e orgulho, e, em seguida, foram preenchidos com a alegria e a paz de Deus,

através de Jesus Cristo, eu confio em vocês entre cinquenta mil infiéis. Sempre que ouço

ataques obsoletos do cético sobre a Palavra de Deus, eu sorrio dentro de mim mesmo, e

penso: “Ora, como você é simplório! Como você pode incitar tais objeções insignificantes?

Eu senti, nas contendas da minha própria incredulidade, dificuldades dez vezes maiores”.

Nós, que competimos com os cavalos não devemos nos cansar pelos homens que vão a

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pé [Jeremias 12:5]. Gordon Cumming³ e outros caçadores de leões não devem ter medo

de gatos selvagens, nem aqueles que resistiram pé a pé contra Satanás, renunciar o

território para os céticos pretensiosos, ou qualquer outro dos servos inferiores do maligno.

Se, meus irmãos, temos comunhão com o Senhor Jesus Cristo, não podemos duvidar dos

fundamentos do Evangelho; nem podemos ser indecisos. Um vislumbre da cabeça coro-

ada de espinhos e mãos e pés perfurados é a cura certa para o “pensamento moderno” e

todos os seus caprichos. Entrem na “Rocha Eterna, por vós fendida”, e vocês detestarão a

areia movediça. Aquele eminente pregador americano, o seráfico Summerfield, quando ele

se deitou moribundo, virou-se para um amigo no quarto, e disse: “Eu tive um olhar para a

eternidade. Ah, se eu pudesse voltar e pregar mais uma vez, quão diferente eu pregaria,

em relação ao que eu fiz antes!” Olhem para a eternidade, irmãos, se vocês quiserem ser

decididos. Lembrem-se como o Ateu conheceu Cristão e Esperançoso na estrada para a

Nova Jerusalém, e disse: “Não há nenhum país celestial. Eu tenho percorrido um longo

caminho, e não pude encontrá-lo”. Em seguida, Cristão disse ao Esperançoso: “Nós não a

vimos a partir do topo do Monte Claro, quando estávamos com os pastores?”. Ali houve

uma resposta! Assim, quando os homens dizem: “Não há um Cristo, não há nenhuma ver-

dade na Religião”, devemos responder-lhes: “Não temos nos sentado sob a Sua sombra

com grande deleite? Não era doce o Seu fruto ao nosso paladar? Vá com o seu ceticismo

para aqueles que não sabem no que eles têm crido. Nós provamos e lidamos com a boa

Palavra de Vida. O que temos visto e ouvido, isso nós testemunhamos; e se os homens

recebem o nosso testemunho ou não, não podemos deixar de falar, pois falamos o que

sabemos e testemunhamos o que temos visto”. Esse, meus irmãos, é o caminho certo para

sermos decididos.

E agora, por fim, por que deveríamos ser decididos e ousados nessa época peculiar? Deve-

mos ser assim porque esta época é uma era de dúvida. Ela pulula com céticos como o Egi-

to, no passado, com rãs. Vocês esbarram contra eles em todos os lugares. Todo mundo

está duvidando de tudo, não apenas na religião, mas na política e na economia social, em

tudo. É a era do progresso, e eu acho que deve ser a era, portanto, da frouxidão, a fim de

que todo o corpo político possa mover-se um pouco mais. Bem, irmãos, como a época está

duvidosa, é sábio que coloquemos nosso pé no chão e permaneçamos parados onde pos-

suímos a certeza de que temos a verdade abaixo de nós. Talvez, se fosse uma época de

intolerância, e os homens não quisessem aprender, poderíamos estar mais inclinados a

ouvir novos professores; mas agora o lado conservador deve ser o nosso, ou melhor, o lado

radical, que é o lado verdadeiramente conservador. Devemos voltar para a raiz, ou raiz da

__________

[3] Roualeyn George Gordon-Cumming (15 de março de 1820 - 24 de março de 1866) foi um viajante escocês

e desportista, conhecido como o “caçador de leões” (Wikipédia).

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verdade, e permanecer severamente por aquilo que Deus revelou, e assim confrontar a he-

sitação da época. Nosso eloquente vizinho, Sr. Arthur Mursell, bem golpeou a presente era:

Nós fomos longe demais ao dizer que o pensamento moderno tem se tornado impa-

ciente coma Bíblia, o Evangelho e a cruz? Vejamos. Que parte da Bíblia ele não assal-

tou? O Pentateuco há muito tempo foi varrido do cânone como inautêntico. O que

lemos sobre a criação e o dilúvio é assinalado como fábula. E as leis sobre os marcos,

de que Salomão não tinha vergonha de citar o nosso texto, são enterrados ou coloca-

dos sobre a prateleira. Diferentes homens assaltamdiferentes partesdo Livro, e vários

sistemas nivelam as suas baterias de preconceito em vários pontos, até que por

alguma Escritura sejam rasgados em pedaços, e lançados aos quatro ventos do céu,

e até mesmo o mais tolerante dos vândalos culturais, do que é chamado o pensamen-

to moderno, é condensado em um panfleto fino de moralidade, em vez do tomo do

ensino através do qual temos a vida eterna. Dificilmente há um Profeta, que não tenha

sido revisto pelos sabichões atuais, precisamente com o mesmo espírito que eles

revisariam uma obra da biblioteca de Mudie. O Temanita, e o Suíta nunca interpreta-

ram mal a obra de Jó com metade do preconceito dos renomados intelectos do nosso

tempo. Isaías, emvez de ser serrado, é esquartejado e cortado empedaços. O Profeta

pranteador se afogou em suas próprias lágrimas. Ezequiel é moído em átomos dentre

às suas rodas. Daniel é devorado corporalmente pelosleõeseruditos. E Jonas é engo-

lido pelos monstros das profundezas com uma voracidade mais inexorável do que a

do grande peixe, pois este nunca o vomita novamente. As histórias e eventos da gran-

de crônica são rudemente contraditas e negadas, porque algum professor com uma

lousa e lápis não pode alegar a sua totalidade corretamente. E cada milagre que o po-

der do Senhor operou em favor de Seu povo, ou a frustração de Seus inimigos, é des-

denhado como um absurdo, porque os professores não podem fazer o mesmo com

os seus encantamentos. Alguns dos que são chamados de milagres podemser cridos,

porque nossos líderes pensam que eles próprios os podem fazer. Alguns fenômenos

naturais, que um médico pode mostrar a uma companhia de autoridades emumquarto

escuro, ou com uma mesa completa de aparatos, serão responsáveis pelo milagre do

Mar Vermelho. Um aeronauta sobe em um balão, e depois desce de novo, e total-

mente explica a coluna de fogo e de nuvem, e ninharias desse tipo. E assim os nossos

grandes homens estão satisfeitos quando eles pensam que a sua vara de brinquedo

tragou a vara de Arão; mas quando a vara de Arão ameaça engolir a deles, eles dizem

que essa parte não é autêntica, e que o milagre nunca ocorreu.

Nem o Novo Testamento passa melhor do que o Antigo nas mãos desses invasores.

Não há conto de deferência que recrute homenagem à medida que passam ao longo

da linha. Eles não reconhecem nenhuma voz de advertência com o brado: “tira os

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sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa” [Êxodo 3:5]. A

mente que para em sua carreira de rapinagem espiritual sob qualquer pretexto reve-

rencial, é denunciada como ignorante ou servil. Hesitar estampar o casco sobre um

lírio ou um botão em flor de primavera é a loucura sentimental de uma criança, e a

vanguarda do pensamento de época só tem pena e escárnio para tal sentimento,

enquanto ele persegue a sua marcha de progresso. Dizem-nos que as lendas de nos-

sos criadouros são obsoletas, e que visões mais amplas estão ganhando terreno com

mentes pensantes. Nós somos indispostos a crer nisso. A verdade é que poucos, pou-

quíssimos homens pensativos, cujo pensamento consiste em negação do princípio ao

fim, e cujas mentes são torturadas com uma torção ou curva-se crônicos, o que os

transforma emnotas intelectuais deinterrogatório, lançaramo fundamento neste siste-

ma; esses poucos céticos honestos foram unidos por uma faixa maior, que estão sim-

plesmente inquietos, e estes novamente por homens que são contrários ao Espírito e

às verdades da Escritura, e juntos eles formaram um conventículo, e se denominaram

os líderes do pensamento da época. Eles têm partidários, é verdade; mas de quem

isso consiste? Dos meros satélites da moda. Da riqueza, pedantismo e estupidez dasnossas grandes populações. Uma série de viaturas é vista “estabelecendo” e “ocupan-

do” a porta, onde um professor avançado palestra, e por causa do modista, há alerta

do chão ao teto na sala de aula, estes pontos de vista são considerados ganhando

terreno. Mas em uma época de moda como esta, quem jamais desconfia desses asse-

clas da moda, tendo qualquer visibilidade, em absoluto? Ele se torna respeitável por

seguir um determinado nome por um tempo, e assim as vaidades seguem o nome e

mostram a vestimenta. Mas, como pontos de vista, pode-se suspeitar que essas pes-

soas não têm mais quaisquer pontos de vista do que eles sonhariam em cobrar mais

do que uma décima parte das multidões que vão para a exposição da Royal Academy

com compreensão das leis da perspectiva. Esta é a coisa a fazer; e assim cada um

tem uma veste para mostrar e uma sala de estar ao ar, vão mostrá-lo, e todos os que

estariam na moda (e quem não estaria?) são obrigados a progredir com os tempos.

E, portanto, encontramos os tempos avançando sobre os recintos sagrados do Novo

Testamento, como se fosse o chão de St. Alban, ou a sala de aula de um professor; e

senhoras arrastam os seus cortejos, e os dândis estabelecem suas botas sobre a au-

tenticidade deste, ou a autoridade daquele, ou a inspiração do outro. Pessoas que

nunca ouviram falar de Strauss, Bauer, ou de Tübingen, são bem preparadas para

dizer que nosso Salvador era apenas um homem bem-intencionado, que teve um

grande número de falhas, e fez um grande número de erros; que os Seus milagres,

como registrado no Novo Testamento, foram em parte imaginários, e, em parte, expli-

cados por teorias naturais; que a ressurreição de Lázaro nunca ocorreu, uma vez que

o Evangelho de João é uma falsificação do princípio ao fim; que a expiação é uma

doutrina a ser observada como sangrenta e injusta; que Paulo era um fanático que

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escreveu sem pensar, e que muito do que tem o seu nome nunca foi escrito por ele

em absoluto. Assim a Bíblia é esfregada através do tribulum4 de críticas de Gênesis

ao Apocalipse, até que, na fé da época em que vivemos, como representada por seus

chamados líderes, há apenas alguns fragmentos inspirados que aqui e ali permane-

ceram”.

Além disso, depois de tudo, essa não é uma época sinceramente duvidosa; vivemos entre

uma raça frívola e descuidada. Se os céticos fossem honestos haveria lugares infiéis mais

confluentes do que há; mas a infidelidade como uma comunidade organizada não prospera.

A infidelidade em Londres, aberta e declarada, chegou até um antigo galpão de ferro corru-

gado oposto a São Lucas. Eu acredito que é a atual localização do mesmo. Não é chamado“O Salão da Ciência”? Sua literatura foi divulgada um longo tempo em metade de uma loja

em Fleet Street, que era tudo o que conseguia de apoio, e eu não sei se mesmo aquela

metade de loja é usada agora. É uma coisa miserável, idólatra, tagarela. No tempo de Tom

Paine este ameaçado como um blasfemador vigoroso, mas era sincero, e, à sua maneira,

francamente sério em sua sinceridade. Ele liderou em dias passados alguns nomes dos

quais se poderia falar com uma medida de respeito; Hume, a saber, e Bolingbroke, e Voltai-

re eram grandes em talento, se não em seu caráter. Mas onde agora você encontrará um

Hobbes ou um Gibbon? Os que duvidam agora são simplesmente céticos, porque eles não

se importamcom a verdade emabsoluto. Elessão completamente indiferentes. O ceticismomoderno está jogando e brincando com a verdade; e este toma o “pensamento moderno”,

como uma diversão, como senhoraslevadas ao croquete ou tiro comarcos. Isso não é nada

menos do que uma época de chapelaria, bonecos e comédia. Mesmo as pessoas boas não

acreditam intensamente como os seus pais costumavam fazer. Até mesmo alguns entre os

Não-conformistas são vergonhosamente negligentes em suas convicções; eles têm poucas

convicções consumadas, como as que os levariam para a estaca, ou até mesmo a prisão.

Moluscos tomaram o lugar dos homens, e os homens se converteram em peixes-geléia.

Que esteja longe de nós o desejo de imitá-los.

Além disso, esta é uma época que é muito impressionável, e, portanto, gostaria de ver vo-

cês muito decididos, de modo que possam impressioná-los. O maravilhoso progresso feito

na Inglaterra pelo movimento da Alta Igreja mostra que a seriedade é poder. Os Ritualistas

creememalgo, e esse fato deu-lhes influência. Para mim, seu credo distintivo é umabsurdo

intolerável, e os seus procedimentos são tolice infantil; mas eles se atreveram a ir contra a

multidão, e viraram a multidão para o lado deles. Corajosamente eles lutaram, permitam-

nos dizer que para a sua honra, quando suas igrejas tornaram-se as cenas de tumulto e

__________

[4] Tribulum: Expressão Latina que designa um trenó de madeira puxado trigo para separar o joio

(ablemedia.com).

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desordem, e ali foi criado o terrível grito de “Nenhum Papado” pelas ordens mais baixas,

eles corajosamente enfrentaram o inimigo e nunca estremeceram. Eles foram contra toda

a corrente do que era pensado ser o sentimento profundo da Inglaterra, em favor do Pro-

testantismo, e com apenas um bispo para patrociná-los, e mais alguns pães e peixes de

patrocínio, eles passaram de um mero punhado a tornarem-se o partido dominante e mais

importante na Igreja da Inglaterra, e para nossa grande surpresa e horror trouxeram as pes-

soas para receber novamente o Papado, que pensávamos estar morto e enterrado. Se al-

guém tivesse me dito há vinte anos que a bruxa de Endor se tornaria rainha da Inglaterra,

eu teria mais cedo crido nisso, do que se soubéssemos que agora teríamos umtal desenvol-

vimento da Alta Igreja; mas o fato é que os homens eram sérios e decididos, e realizaram

o que eles criam mais firmemente, e não hesitaramem incitar a sua causa. A época, portan-

to, pode ser impressionada; ela receberá o que é ensinado por homens zelosos, quer seja

verdade ou falsidade. Pode-se objetar que a falsidade será recebida mais facilmente; o que

é apenas possível, mas algo será aceito pelos homens, se vocês apenas pregá-lo com uma

enorme energia e vívida seriedade. Embora eles possam receber em seus corações, em

um sentido espiritual, mas de qualquer forma, haverá uma aceitação mental e consenti-

mento, muito em proporção à energia com que vocês o anunciarão, e que Deus abençoe a

nossa decisão também, para que, quando a mente for adquirida por nossa seriedade, e a

atenção seja ganha pelo nosso zelo, o próprio coração será aberto pelo Espírito de Deus.

Nós devemos ser decididos. O que Dissidentes têm feito para uma maior extensão, ultima-

mente, senão tentando ficar bem? Quantos de nossos pastores estão labutando para ser

grandes oradores ou pensadores intelectuais? Isso não é a questão. Nossos jovens minis-

tros foram deslumbrados com isso, e têm ido zurrar como asnos selvagens sob a noção de

que eles seriam, então, renomados por terem vindo de Jerusalém ou terem sido criados na

Alemanha. O mundo os rejeitou. Não há nada, agora, eu acredito que os Cristãos genuínos

desprezam mais do que a tola afetação do intelectualismo. Vocês ouvirão um bom velho

diácono dizer: “Sr. Fulano de tal, quem tivemos aqui, era um homem muito inteligente, e

pregou sermões maravilhosos, mas a causa decaiu comele. Dificilmente conseguimos apo-

iar o ministro, e queremos dizer que da próxima vez pretendemos ter um dos ministros anti-

quados novamente, que creem em algo e o pregam. Não haverá mais qualquer adição à

nossa igreja”. Vocês sairão e dirão às pessoas que vocês creem que podem dizer algo,

mas vocês dificilmente sabem o que; vocês não têm certeza de que o que pregam está cor-

reto, mas o fiduciário requer que vocês o digam, e, portanto, vocês o dizem? Ora, vocês

podem fazer com que os tolos e idiotas estejam satisfeitos com vocês, e vocês terão a

ceteza de propagar a infidelidade, mas vocês não o podem mais fazer.

Quando um profeta vem adiante, ele deve falar da parte do Senhor, e se ele não pode fazer

isso, deixe-o ir de volta para sua cama. É certo, queridos amigos, que agora ou nunca, de-

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vemos ser decididos, porque a época está manifestamente à deriva. Você não pode olhar

por doze meses sem ver como ele está indo para baixo na maré; as âncoras são içadas, e

o navio está navegando para a destruição. Ele está à deriva agora, tão perto quanto eu pos-

so dizer, a sudeste, e está se aproximando do Cabo Vaticano, e se ele se dirigir muito mais

longe nessa direção, estará sobre as rochas do recife Romano. Temos de entrar a bordo

dele, e uni-lo com o glorioso rebocador a vapor da verdade do Evangelho, e arrastá-lo de

volta. Eu estaria feliz se eu pudesse conduzi-lo, dando a volta pelo Cabo Calvinista, até a

Baía do Calvário, e ancorá-lo no bom abrigo que está mais próximo da cruz. Deus nos con-

ceda a graça de fazê-lo. Nós devemos ter uma mão forte, e ter o nosso vapor intensificado,

e desafiar a corrente; e assim, pela graça de Deus, salvaremos tanto esta época e as ge-

rações ainda por vir.

ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO use este sermão para trazer muitosAo conhecimento salvador de JESUS CRISTO.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

10 Sermões — R. M. M’CheyneAdoração — A. W. PinkAgonia de Cristo — J. EdwardsBatismo, O — John GillBatismo de Crentes por Imersão, Um DistintivoNeotestamentário e Batista — William R. DowningBênçãos do Pacto — C. H. SpurgeonBiografia de A. W. Pink, Uma — Erroll HulseCarta de George Whitefield a John Wesley Sobre aDoutrina da EleiçãoCessacionismo, Provando que os Dons CarismáticosCessaram — Peter MastersComo Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção daEleição — A. W. PinkComo Ser uma Mulher de Deus? — Paul WasherComo Toda a Doutrina da Predestinação é corrompidapelos Arminianos — J. OwenConfissão de Fé Batista de 1689Conversão — John GillCristo É Tudo Em Todos — Jeremiah BurroughsCristo, Totalmente Desejável — John FlavelDefesa do Calvinismo, Uma — C. H. SpurgeonDeus Salva Quem Ele Quer! — J. EdwardsDiscipulado no T empo dos Puritanos, O — W. BevinsDoutrina da Eleição, A — A. W. PinkEleição & Vocação — R. M. M’CheyneEleição Particular — C. H. SpurgeonEspecial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —J. OwenEvangelismo Moderno — A. W. PinkExcelência de Cristo, A — J. EdwardsGloriosa Predestinação, A — C. H. SpurgeonGuia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. PinkIgrejas do Novo Testamento — A. W. PinkIn Memoriam, a Canção dos Suspiros — SusannahSpurgeonIncomparável Excelência e Santidade de Deus, A —Jeremiah BurroughsInfinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvaçãodos Pecadores, A — A. W. PinkJesus! – C. H. SpurgeonJustificação,PropiciaçãoeDeclaração —C.H.SpurgeonLivre Graça, A — C. H. SpurgeonMarcas de Uma Verdadeira Conversão — G. WhitefieldMito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. ChantryNatureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

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Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.Pink

Oração — Thomas Watson Pacto da Graça, O — Mike Renihan Paixão de Cristo, A — Thomas Adams Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill Porção do Ímpios, A — J. Edwards Pregação Chocante — Paul Washer Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon Sangue, O — C. H. Spurgeon Semper Idem — Thomas Adams Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça deDeus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.Edwards

Sobre aNossa Conversão a Deuse Como Essa Doutrinaé Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aosPropósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológicano Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1

2Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nemfalsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

3

4

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória5

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.6

Porque Deus,que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

7

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.8

Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.9

Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;10

Trazendo semprepor toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos;11

E assim nós, que vivemos, estamos sempreentregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal.12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida.13

E temosportanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos.14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco.15

Porque tudo isto é por amor de vós, paraque a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus.16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia.17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;18

Não atentando nós nas coisasque se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.