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África magazine Revista Ano I - número 2 - 2013 Educação / Política / Cultura / Saúde / gastronomia / Turismo Se quer realmente saber o que uma Mulher diz, observe-a, não a escute Oscar Wilde

África · nião dos integrantes da Ifá Editora. Editorial Tudo é possível... Nesta segunda edição da . ... Brasil e Nigéria firmam acordo para duplicar relações comerciais

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ista

Ano I - número 2 - 2013

Educação / Política / Cultura / Saúde / gastronomia / Turismo

Se quer realmente saber o que uma Mulher diz, observe-a, não a escuteOscar Wilde

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Esta é uma publicação da Ifá Editora

Diretor: Adekunle Aderonmu

Editora ResponsávelSimony Canato - MTB 22.783

Conselho EditorialSalau Adisa ArogundadeGilberto AngelottiElisabeth Fonseca AkaDr. André CremonecDouglas Garcia Neto

DiagramaçãoSimony Canato

Fotos: Divulgação

ColaboradoresDouglas Garcia Neto, Rosângela Ludovico, Cleide Espinha Pizani, Gilberto Angelotti, Elizabeth Fonseca Aka, Dra. Elcira da Silva

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Rev

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Expediente

Centro Cultural AfricanoRua Gaspar Ricardo Júnior, 112 - Barra Funda São Paulo/SPCEP: 01136-030Tels. (11) 3392-7228/ 3392-5971e-mail: [email protected]

As opiniões emitidas neste periódico são de respon-sabilidade de seus autores, não expressando a opi-nião dos integrantes da Ifá Editora.

Editorial

Tudo é possível...

Nesta segunda edição da Revista África Maga-zine, contamos com uma variedade de assuntos que aconteceram nos meses anteriores. Come-çamos com o grande sonho de todos poderem financiar seus estudos, tornando possível a tão sonhada formação, até uma homenagem muito apropriada para o mês de março – o mês dedi-cado às mulheres.

Destacamos nesta oportunidade a importância da defesa igualitária dos direitos humanos a se-res humanos, na tentativa de colaborar com o resgate da dignidade da população negra, mos-trando que ‘juntos’ conseguiremos tirar a ques-tão da negritude dos porões da sociedade e en-carar esse monstro de frente e combatê-lo com todas as nossas forças. E como prova disso, uma grande mulher, de fibra, coragem e muito caráter, à frente do país nos dá como exemplo, a humanidade, fazendo alianças com um país co--irmão em prol de melhorias não só econômica, mas a de subsistência, de desenvolvimento, de saúde, enfim de vida...

Como não poderíamos deixar passar em bran-co, o conhecimento, o resgate da história, da cultura, da contribuição efetiva que os negros ti-veram e têm em nosso dia-a-dia, com os passos de nossos ancestrais por essas terras e suas peculiaridades e com cartas na ‘manga’ para vencer todas as mazelas do século XXI, como a depressão.

Enfim, tudo é possível... Até mesmo imaginar neste século tudo diferente, com os valores em seus devidos lugares, com uma sociedade mais justa, porque sonhar e lutar para ter não custa nada, basta fé, coragem e força de vontade.

Feliz Mês das Mulheres!

Boa leitura a todos!

Simony Canato

Editora-chefe

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SumárioEditorial/Expediente

EducaçãoNova regra do Fies permite estudantes financiar seus estudos

SaúdeComo curar a depressão com a ajuda de Ifá

PolíticaVocê foi discriminado, ofendido? Saiba como se defender

Cultura

Jogo de Búzios - em busca do desconhecido

Relações Internacionais

Brasil e Nigéria firmam acordo para duplicar relações comerciais

Esporte

Nigéria jogará no Grupo B da Copa das Confederações de 2013

Beleza e Estética

Cuidado com as mãos

GastronomiaBobotie - prato típico sul-africano

Turismo ÉtnicoRota da Liberdade - uma viagem ao ciclo do café

Eventos- 20 de Cone - Dia da Intolerância Religiosa

Palavras do PresidenteFeliz Mês das Mulheres

PersonalidadeDandara de Palmares - um exemplo de mulher

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EducaçãoFaculdade – um sonho possível

Idoneidade cadastral é eliminada para financiar faculdade e também vale para quem precisa re-novar o benefício

Atualmente, cerca de 1.150 instituições de ensi-no superior participam do Fies (Fundo de Finan-ciamento do Estudante do Ensino Superior). As inscrições podem ser feitas em qualquer época do ano. Podem aderir tanto os alunos que aca-baram de entrar em uma faculdade quanto quem tem bolsa de estudos – inclusive pelo ProUni (Programa Universidade para todos).

O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, que são os agentes financeiros do Fies, esta-riam exigindo indevidamente eu candidatos de-vem ter ‘ficha limpa’ para participar do programa. A denúncia foi feita pela DPU – SP (Defensoria Pública da União de São Paulo) que já recebeu cerca de 200 reclamações sobre o assunto. Pelas regras do Fies, o estudante não precisa provar que seu nome está registrado em cadas-tros de inadimplência, como o SPC, Serviço de Proteção ao Crédito). Os interessados devem se inscrever pela internet, para aderir ao programa, e depois procurar uma agência bancária da Cai-xa ou do BB para contratar o financiamento.

Até 2012, estudantes que não conseguissem comprovar ‘idoneida-de cadastral’ eram ex-cluídos do programa. A nova regra, agora vale também para quem pre-cisa renovar o benefí-cio. Em novembro, a ONG Educafro encami-nhou representação ao Ministério Público Fede-ral exigindo a mudança. Segundo o documen-to, “tais exigências têm frustrado na prática a perspectiva de matrícu-la dos candidatos mais pobres”.

A Procuradoria dos Di-reitos do Cidadão anali-saria o documento nes-te mês, mas o Ministério

da Educação (MEC) se adiantou com a mudan-ça. A nova norma foi oficializada em portaria do dia 28 de dezembro. “Eles foram sensíveis e promoveram um avanço para a inclusão, aca-bando com uma medida que impedia os mais pobres de chegar à universidade”, diz o diretor da Educafro, Frei David Santos.

Segundo o MEC, não há como informar quantos pedidos foram recusados e contratos interrom-pidos por conta das restrições cadastrais. Em 2011, levantamento do sindicato das instituições particulares (Semesp) estimou que cerca de 75 mil estudantes não conseguiam o atendimento por conta de problemas no cadastro. Ainda há casos em que, ao saber da imposição, interes-sados simplesmente não procuraram o financia-mento.

De 2010 a 2012, o programa teve 603,5 mil con-tratos. Até ontem, 60,9 mil estudantes haviam conseguido financiamento. Os contratos repre-sentam R$ 29,1 bilhões desde 2010. O MEC es-pera que neste ano haja mais de 374,4 mil no-vas adesões, superando o registrado em 2012.

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SaúdeDepressão – o mal do século

XXI

Pensamentos negativos acumulados no subconsciente geram problemas emocionais e elementos da natureza, no culto Yorubá, curam um dos males que afetam a maioria da po-

pulação, a depressão

Infelizmente, a depressão é a doença deste sé-culo. Muitas pessoas se desesperam e se entre-gam deliberadamente em tristeza, insegurança, angústia. Geralmente, esses sintomas são ori-ginados pelo cultivo de pensamentos negativos que, ao longo da vida, são vividos com muita in-tensidade e independem, na maioria das vezes, da vontade do indivíduo. Essas experiências também podem advir de fatos desagradáveis ocorridos na infância, lembranças traumáticas que dilaceram ou fragmentam o ego e que ficam registrados no subconsciente, sendo desenca-deados em momentos inesperados, ocasiona-dos por sintomas psicossomáticos.

A depressão é uma doença tratada com ajuda de psiquiatras, seguida de medicamentos alo-páticos para tentar amenizar ou sanar os sin-tomas de percepções redobradas em casos de ansiedade excessiva (estado paranóico), mas há os que preferem algo mais profundo como a ajuda espiritual. No culto Yorubá, a maior par-te dos males tem origem na cabeça, no cultivo de pensamentos. Segundo os yorubanos, a Ori (cabeça) é responsável por tudo na vida do ser humano. Aliás, uma boa Ori traz boa saúde, bom

relacionamento, prosperidade e proteção divina. Esses elementos mencionados são a coluna vertebral de uma Ori no mundo espiritual e qual-quer desequilíbrio em uma dessas partes, resul-ta na depressão.

A Ori é dividida em duas partes: Ori Ode (figura que o mundo conhece) – cabeça física; Ori Inu (parte interna) – responsável pelos pensamen-tos, envolvendo a alma do indivíduo. A parte físi-ca, como o olho, ouvido tem uma conexão direta ao cérebro, que também tem uma ligação direta ao coração, por isso há um ditado dos Yorubá que se assemelham ao dito popular brasileiro ‘O que o olho não vê, o coração não sente’: Bi eti o ba gbo yinkin inu kii Bajé, que significa: “O que o ouvido não escuta, o coração não sente”. Esses dois elementos da cabeça são de grande impor-tância na vida. Sabedores da grande importân-cia da Ori, na cultura Yorubá, ela é tratada de uma forma especial, com os devidos cuidados. Para se evitar doenças de cunho emocional, vá-rios elementos da natureza são fundamentais para manter-se em equilíbrio e um grande exem-plo é Oron agogô (patuá, com fundamentos da religião) com o objetivo de curar a depressão.

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PolíticaFoi humilhado? Denuncie

O crime de ódio é mais que um crime individual; é um delito que atenta a dignidade humana. Ele produz efeitos a todo um grupo a qual o agredido pertence. Pode-se classificá-lo como crime co-

letivo de extrema gravidadeUma das formas mais violen-tas de crimes, além da agres-são física, é o de ódio. Ele, geralmente, é destinado a determinados grupos sociais com características específi-cas. Os agressores de esco-lhem suas vítimas de acordo com seus preconceitos, co-locando-se de maneira hostil seja contra o jeito de ser seja de agir desses grupos. As minorias sociais são as que mais são vilipendiadas. Como exemplo, citamos as vítimas de racismo, homofobia, xeno-fobia, etnocentrismo, intole-rância religiosa e preconceito com deficientes.

Na Declaração Universal dos direitos Humanos consta a igualdade entre todos os indivíduos, in-dependente do grupo social ou do modo de ser ou de agir, tem de ter o tratamento digno e im-parcial. A Constituição Federal do Brasil afirma como objetivo fundamental do país a promoção do bem-estar de todas as pessoas, sem discri-minações. Já o Código Penal brasileiro assegura a punição em casos em que essa igualdade de tratamento não é aplicada e, sendo assim, ocor-re discriminação. A Lei no 7.716 de 5 de janei-ro de 1989 decreta que são punidos “os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacio-nal”. Há muitos tipos de crimes de ódio que não são englobados pela lei no 7.716, porém todo e qualquer tipo de delito de intolerância vai contra as leis e encontrará amparo na Constituição.

Como identificar um crime de ódio

Desde 2006 o Estado de São Paulo já conta com uma delegacia especializada em delitos de intolerância, o DECRADI, que apura, investiga todos os tipos de delitos de gênero. De acordo com a delegada titular, Dra. Margarette Barreto, os grupos notoriamente discriminados podem ser atingidos em razão de situação política e econômica atual, além, é claro, da minoria social já atingida. “Após a explosão das torres gême-as houve várias manifestações de intolerância à comunidade muçulmana, alegando que todos eram terroristas. Nessa hora, há que se fazer uma análise do momento atual. Infelizmente, isso não ocorre com a comunidade negra, por exemplo, e as expressões mais comuns dirigi-das a elas são ‘negro safado’, ‘macaco’, ‘quer banana’, entre outras”.

Como denunciar

foto: Divulgação

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Esse tipo de violência, muitas vezes, é muito di-fícil de identificar, pois ela pode se manifestar por meio de agressões explícitas ou de discrimi-nação discreta abuso, e é válido lembrar que to-ção discreta abuso, e é válido lembrar que to-discreta abuso, e é válido lembrar que to-das as formas de desrespeito e sejam elas sutis ou evidentes, devem ser denunciados.

Denunciar um crime de ódio é um direito dos ci-dadãos, uma vez que não ajuda apenas a vítima, mas toda a sociedade e aqueles que poderiam ser agredidos caso tais crimes continuassem im-punes. Quem se sentir agredido, em quaisquer circunstâncias, deve-se dirigir nas delegacias ou então fazer um boletim de ocorrência eletrôni-co no site da Secretaria da Segurança Pública: www.ssp.sp.gov.br/bo. “As provas são aquelas admitidas em Direito. As vítimas devem prestar atenção se há testemunhas que possam com-provar suas alegações e se há a possibilidade de se usar imagens e sons. Já para os crimes via internet há que se ter cuidado de fazer a im-pressão de todas as páginas para uma investi-gação eficaz”, enfatiza a delegada.

Em casos de agressão física

Ao denunciar um crime resultante de preconceito e discriminação a vítima (ou qualquer outro de-nunciante) deve assegurar que o caso seja tra-tado com a devida atenção e que haja a realiza-ção de um Boletim de Ocorrência. Em casos de agressão física a vítima não deve trocar de roupa, lavar-se ou limpar os possíveis ferimentos, já que tais atos deslegitimariam as provas da agressão. Nesses casos (agressão física) a realização de um Exame de Corpo de Delito é indispensável. É muito importante procurar ajuda das testemu-nhas e se assegurar de que estas possam teste-munhar o acontecido em futuras lutas judiciais.

Em casos de racismo

A discriminação racista é considerada crime pela Constituição Federal que apresenta diversas formas de punição para estes casos. É comum

a prática racista camuflar-se em experiências cotidianas ou formas ofensivas de brincadeira.

O agressor costuma: - dar apelidos de acordo com as características físicas da vítima; - in- in-in-feriorizar as características estéticas da etnia em questão; - considerar a vítima inferior inte- considerar a vítima inferior inte-considerar a vítima inferior inte-lectualmente, podendo até negar-lhe determi-nados cargos no emprego; - ofender verbal ou fisicamente a vítima; - desprezar os costumes, hábitos e tradições da etnia; - duvidar, sem pro-vas, da honestidade e competência da vítima; - recusar-se a prestar serviços a pessoas de diferentes etnias. É importante salientar que há uma pequena diferença na forma de julgamento das diferentes expressões de racismo. O Código Penal, em seu artigo 140, § 3º determina uma pena de 1 a 3 anos de prisão, além de multa, para as injúrias motivadas por “elementos re-ferentes a raça, cor, etnia, religião, origem, ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”, já a lei 7716/89, lei anti-racismo, engloba os “crimes resultantes de discrimina-ção ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”, também com pena de reclusão de 1 a 3 anos, mais multa. Ba-sicamente, a diferença entre as duas é clas-sificar ou não como injúria a atitude racista. Bons lugares para se buscar justiça e ajuda em casos de racismo são as Comissões de Direitos Humanos e os departamentos policiais.

Denuncie: Delegacia de Crimes Raciais e De-litos de Intolerância (DECRADI) - Rua Brigadei-ro Tobias, 527 – 3º andar Luz – SP Tel: (11) 3311-3556/3315-0151 – Ramal 248;

Defensoria Pública do Estado de São Paulo Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos - Rua Boa Vista nº 103, 11º andar. Centro - São Paulo (SP) Telefone: (11) 3101-0155 – Ramal 135 - Correio eletrônico: [email protected]

Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania do Estado - Pátio do Colégio, 148 – Térreo – Cen-tro – São Paulo - Tel: (11) 3291-2621

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Cultura/Religião

Jogo de búzios – uma busca pelo desconhecidoA verdade, em si, pode ser visualizada em partes, pois ninguém é o dono dela. Para estu-diosos da tradição africana há um respeito por todos os pontos de vista e manifestações

religiosas que podem conduzir a Deus

“O futuro a Deus pertence”, esse é um dito popu-lar que para alguns não fazem muito sentido. A curiosidade em saber o que se tem pela frente; em ter controle sobre determinados aconteci-mentos já fazem parte do mundo ocidental. Uns apelam para a ‘sorte’ do acaso, enquanto outros apelam para as artes divinatórias. Esse é o caso do jogo de búzios utilizados nas religiões tradi-cionais e nas de diáspora africanas, instaladas em países das Américas.

No Brasil, os búzios (conchas pequenas de praia), cauris – na África – eram usados como dinheiro, moeda corrente, hoje, são instrumen-tos de grande importância por babalorixás e Iya-lorixás como uma forma de comunicação com orixás em suas consultas. Ele também serve de adorno em roupas de orixás e para confecção de alguns fios de conta (elekes), de acordo com a religião Batuque, Candomblé, Omoloko, Tambor de Mina, Umbanda, Xambá, Xangô do Nordeste.

Sua origem é médio-oriental, mais precisamente a região da Turquia e adentrou na África junto com as invasões daqueles povos aos africanos. Eles são adotados pelas mulheres, sacerdoti-sas, pois o Opele-Ifá e Opon-Ifá – jogos divina-tórios originalmente africanos – são destinados somente aos homens.

Segundo algumas correntes e crenças nem to-das as pessoas podem manejá-los ou lê-los. Essa prática está destinada apenas a pessoas com uma forte espiritualidade e pré-destinadas a cargos de hierarquia, após autorização e en-sinamentos de seus zeladores (pais e mães de santo).

Métodos de jogo

Existem muitos métodos de jogo de búzios. O mais comum consiste no arremesso de um con-junto de 16 búzios sobre uma mesa previamente preparada, e na análise da configuração que eles

Foto: Divulgação

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adotam ao cair sobre ela. Antes, o babalorixá ou Iyalorixá faz suas orações e saúdam todos os orixás e durante os arremessos, conversam com as divindades e faz-lhes perguntas. Há várias lendas em torno das conchas, mas certamente as respostas para todas as dúvidas cotidianas estão contidas em suas caídas, considerando que as divindades afetam o modo como os bú-zios se espalham pela mesa, proporcionando ao consulente um direcionamento as suas dúvidas.O jogo de búzios instituído no Brasil contribuiu para a organização de algumas religiões, como o candomblé, por exemplo, passando a ser utili-zados pelas mulheres e, no futuro, por todos os dirigentes que vieram a ser formados. Essa nova modalidade foi feita por Ìya Nàsò e Bàbá Asikan que depois de libertos da escravidão, viajaram para a África e voltaram depois de sete anos. Esta simplificação tornou-se menos complexa, promovendo uma mudança radical de status re-ligiosos.

Jogo de búzios e o Culto de Ifá

Em torno do jogo de búzios há várias histórias, mas não se pode esquecer que esta arte divina-tória está interligada aos oráculos de Ifá. “Orún-milá (ifá) é a divinda-de do oráculo e veio ao mundo por de-terminação de Olo-dumare (Olorum) – ‘Deus’, para acon-selhar Òrísà’Nlá (Oxalá) na organiza-ção da Terra. Para Oxalá, foi delegada a função da criação da Terra. A Orùnmi-lá (ÒRÚ –I-O-MO-A-TI-LA – ‘Somente ele que está em to-das as dimensões e planos pode nos orientar’) foram de-legados assuntos pertinentes ao des-tino, consciência e sabedoria. O Culto a Ifá está totalmen-te ligado a forma da “Manifestação divina em forma de palavra”, pois conta

um Itan(história) que “Ifá, quando olha com bons olhos para um homem ele se torna uma pessoa prospera em todas as direções”. Os ensinamen-tos são passados oralmente e os oráculos do culto de Ifá dispõem de diversos instrumentos ritualísticos usados na adivinhação, onde des-tacamos principalmente OPON-ÌFÁ (Campo Sa-grado), ÌROKE-IFÁ (Bastão de madeira ou mar-fim), IKÍN IFÁ( coquinho de dendê) e Opele-IFÁ (corrente mística que une o Òrún (Céu) ao Ayè (Terra).Merindilogun ou Merindelogun – vem da palavra Erindinlogun e a tradução é dezesseis a interpretação das caídas dos búzios por Odù e (cada Odù indica diversas passagens) de acordo com a mitologia yorubá, os Odù são determinados conforme a quantidade de búzios abertos e fechados resultantes de cada jogada e deve ser interpretado, transmitindo-se ao con-sulente tanto o significado da caída, quanto o que deve ser feito para solucionar o problema.

Em 1830, em Salvador, eram raros os que tinham a função do jogo de búzios por Odù. Diferente do tempo atual, ele é procurado para resolução de vários tipos de problemas ineren-tes aos conflitos existenciais.

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Relações InternacionaisBrasil e Nigéria - parceiros na área de energia e agropecuária

Brasil e Nigéria afirmam acordos para duplicar relações comerciais até 2015 em igualdade de condições, sem dependência financeira, e o objetivo principal é a erradicação da pobreza

O comércio bilateral da Nigéria na zona de co-mércio Sul em breve poderá ser reforçado com uma nova determinação do país para aumentar as relações comerciais com o Brasil. Dos atuais US$ 9 bilhões para US$ 18 bilhões até 2015.

Combate à pobreza

O Brasil estabeleceu parcerias com a Nigéria nas áreas de produção de energia e agropecu-ária. Os dois países também trocarão experi-ências sobre iniciativas de combate à pobreza e segurança alimentar. Esses acordos de coo-peração foram firmados no sábado, dia 23 de fevereiro, entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, em Abuja, capital da Nigéria.

Em discurso após reunião com Jonathan, a presidente lembrou que a Petrobras está pre-sente no país há 14 anos, produzindo petró-leo. Ela disse que a empresa pretende ampliar a produção e estabelecer presença cada vez mais marcante na Nigéria. “Nós queremos ir além. Queremos estabelecer parceria também na área de energia elétrica, dada a capacidade do Brasil na área de geração hídrica e na construção de grande sistema de transmissão”

disse.

Dilma disse que tem como objetivo intensificar o apoio ao governo nigeriano no desenvolvimento agropecuário, com a participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O Brasil deve ajudar também na formação de profissionais da área. A presidente acrescentou que estão em análise novos instrumentos de fi-nanciamento e investimento em infraestrutura.

“Vamos ampliar a presença do Brasil em todas as áreas que o governo nigeriano julgar impor-tante, como produção de vacinas antirretrovi-rais, medicamentos genéricos de alto custo”, destacou.

Para Dilma, o governo nigeriano mostrou claro interesse pela presença do Brasil no país, em igualdade de condições, sem dependência fi-nanceira.

Na África, a Nigéria é o país mais populoso com mais de 148 milhões habitantes. O principal de-safio das autoridades nigerianas é o combate à pobreza. Com a economia baseada na explora-ção de petróleo, o país ainda sofre com a falta de diversificação e a dependência do setor, pois a agricultura é basicamente de subsistência e boa parte do que consomem são importados.

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EsporteNigéria disputará Copa das Confederações de 2013, no Brasil

A Copa das Confederações de 2013 que se rea-lizará de 15 a 30 de junho no Brasil, organizado pela FIFA, contará com a participação do ven-cedor do Campeonato Africano das Nações de 2013, a Nigéria, que disputará sua classificação com os times do Grupo B – Espanha, Uruguai e Taiti.

A Nigéria, do treinador Stephen Keshi, no jogo classificatório não teve nenhum desfalque, seja por lesão ou suspensão. O treinador contou com o retorno de Fegor Ogude, que cumpriu suspen-são contra a Costa do Marfim e pode voltar no lugar de Ogeny Onazi, bastante elogiado pelo treinador.

Esta foi a décima quarta semifinal da Nigéria, que já venceu a CAN em duas oportunidades (1980 e 1994) e recuperou o seu prestígio, por ora perdido na memória do torcedor.

Nigerianos e malineses enfrentaram-se na histó-ria da CAN em quatro oportunidades com duas vitórias da Nigéria e dois empates.

GRUPO A

Jogo Data - Ho-rário Local Resultados

1 15/06 16:00 Brasília Brasil Prévia Japão

2 16/06 16:00 Rio de Janeiro México Prévia Itália

5 19/06 16:00 Fortaleza Brasil Prévia México

6 19/06 19:00 Recife Itália Prévia Japão

9 22/06 16:00 Salvador Itália Prévia Brasil

10 22/06 16:00 Belo Horizonte Japão Prévia México

GRUPO B

Jogo Data -Ho-rário Local Resultados

3 16/06 19:00 Recife Espanha Prévia Uruguai

4 17/06 16:00 Belo Horizonte Taiti Prévia Nigéria

7 20/06 16:00 Rio de Janeiro Espanha Prévia Taiti

8 20/06 19:00 Salvador Nigéria Prévia Uruguai

11 23/06 16:00 Fortaleza Nigéria Prévia Espanha

12 23/06 16:00 Recife Uruguai PréviaTaiti

Nigerianos poderão prestigiar seu time disputar a Copa das Confederações com times de peso

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Beleza e EstéticaAs mãos denunciam a nossa idade

As mãos não podem ficar de fora dos cuidados diários e precisam de hidrata-

ção para evitar o ressecamento

As mãos, assim como o pescoço, são áreas do nosso corpo que raramente escondem a idade. Muitas pessoas se esquecem do cuidado com as mãos, elas falam tanto quanto a nossa boca. Elas participam do nosso dia-a-dia. Gesticula-mos, levamos o nosso alimento para a nossa boca, seguramos objetos, portanto merecem cuidados e atenções especiais.

Elas também sofrem com o processo de enve-lhecimento, sua pele fica mais flácida, mancha-da, o dorso apresenta com o passar do tempo uma diminuição de gordura, revelando tendões e veias, dando um aspecto senil. Mas existem tratamentos que podem ser associados ou não, mas depende da necessidade de cada caso. - Peelings – ácidos com propriedades de reno-vação da pele e para a retirada de manchas. Um dos mais usados é a pasta de ATA (ácido tri-cloroacético – que pode ser líquido ou em pasta) garante uma distribuição homogênea na região a ser tratada. O resultado é uma descamação da área, promovendo uma renovação celular e o clareamento da mão.

- Lipoenxertia – enxerto de gordura para as mãos, sendo indicada para a flacidez, ossos aparentes, veias e tendões visíveis. É feito com anestesia local ou troncular (bloqueio dos ner-vos que vão para as mãos). A gordura implan-tada pode ser reabsorvida em parte (até 40% a 60%), mas sempre bom lembrar que parte da gordura vai persistir, conferindo aparência me-lhor do que estava antes do procedimento.

- Bioplastia – esse procedimento é feito no con-sultório, com anestesia local. Através de uma pequena cânula e introduzido uma substância que devolvera o volume perdido nas mãos. A substância a ser utilizada poderá ser o ácido hialurônico ou o PMMA (polimetilmetacrilato). O efeito é imediato, tirando o aspecto de mão en-velhecida, com veias e ossos aparentes.

-Sculptra – é utilizado como estimulante de colágeno local que consiste de uma substân-cia que induz a formação de colágeno local, melhorando a qualidade da pele, diminuindo a flacidez, dando um aspecto mais jovem. São feitas três sessões uma a cada mês, o efei-to não é imediato como o do preenchimen-to, mas apresenta um resultado satisfatório. - O laser de infravermelho como Laser Titan, Nir, Tight-Skin atua estimulando a formação de colágeno local, melhorando a flacidez, o aspecto craquelado e deixando as mãos mais sedosas com aspecto mais jovem. O Laser de CO2 fracionado, a Luz pulsada, são procedi-mentos indicados para o tratamento das man-chas da mão causadas pelo envelhecimento e exposição solar. As manchas podem ser retira-das ou amenizadas melhorando o aspecto das mesmas. Após as sessões de laser e indicado o uso de luvas de proteção para evitar a expo-sição solar e assim ter um resultado mais sa-tisfatório. São realizadas pelo menos três ses-sões com intervalo mensal entre as sessões. Dicas para mantê-las sempre saudáveis 1- Uso constante de protetor solar, o que mui-tos esquecem, passam no rosto e esquecem pescoço colo braços e mãos; 2- Se manipular produtos químicos, use sempre luvas; 3- Usar hidratantes nas mãos, de preferência sempre após lavá-las; 4- Tudo que usar no rosto, menos a maquiagem, poderá ser usado nas mãos.

Foto: divulgação

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Gastronomia

A gastronomia sul-africana possui algumas pe-culiaridades. Apelidada de “cozinha arco-íris, ela sofreu influência dos ex-colonizadores holande-ses e ingleses, de imigrantes da Índia, Malásia, Java, Moçambique – ex-colônia portuguesa. Uma das receitas típicas sul-africanas é o bo-botie (espécie de torta), cuja receita original era similar à torta inglesa e os colonizadores holan-deses a levaram para a África do Sul em 1650.

BobotieUm prato típico sul-africano

Ingredientes

1,5kg de Patinho ou coxão Mole ou Carne de Cordeiro; 150ml de leite integral; 1 pão Francês pequeno sem casca; 3 cebolas médias picadas grosseiramente; 1,5 colher (sopa) de curry em pó; ¾ de xícara (chá) de vinagre de vinho tinto; 1 pimenta Dedo de Moça pequena, sem semen-tes e bem picada (opcional); 1,5 colher (sopa) de suco de limão; 1,5 colher (chá) de açúcar mascavo; 1,5 colher (sopa) de Mango Chutney; 4 ovos; 2 dentes de alho pequenos bem pica-dos; 8 folhas de louro; 12 amêndoas sem casca fatiadas (na horizontal); 1 laranja Pera ou Bahia com casca; 1 limão Siciliano (com casca) corta-dos em rodelas finas; 4 colheres (sopa) de óleo; Sal a gostoModo de preparo

Aqueça o forno a 150 graus. Coloque o pão de

molho em um pouco de leite. Aqueça o óleo numa panela grande, adicione a cebola, o alho e o curry. Refogue em fogo médio por cerca de 4 minutos, mexendo sempre. Junte a carne, tem-pere com sal a gosto e refogue até que este-ja quase cozida. Espreme o pão com as mãos, desmanche-o grosseiramente, descarte o leite e adicione à panela o pão desmanchado, o vina-gre, o suco de limão, açúcar, chutney e pimenta Dedo de Moça. Se preferir um prato menos pi-cante, coloque apenas um pouquinho de pimen-ta picada. Misture bem e refogue por 2 ou 3 mi-nutos, mexendo sempre. Retire do fogo.

Disponha 4 folhas de louro, 3 rodelas de laran-ja e 3 de limão no fundo de um refratário mé-dio. Espalhe o preparado de carne no refratário, decore os lados com fatias de laranja e limão, afundando as rodelas de modo que só apareça 1/3 delas. reservando 2 rodelas bonitas de cada fruta para a decoração. Se for usar amêndoas, espalhe por cima. Bata os ovos com o leite, tem-pere com sal a gosto e derrame sobre o prepa-rado de carne. Decore a superfície com 4 folhas de louro e as rodelas de frutas reservadas. Leve ao forno, sem cobrir, por cerca de 30 minutos ou até que os ovos estejam cozidos, mas não ressecados. Retire do forno e sirva com Arroz Amarelo (Geelrys) Mango Chutney à parte.

Foto ilustrativa

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Turismo Étnico

Fazendas instaladas em cenários exuberantes e a vivência da cultura popular são alguns ingredientes do circuito

Rota da Liberdade - uma viagem pelo Ciclo do Café

Algumas passagens dos livros didáticos sobre o ciclo do café podem ser vivenciadas por al-guns aventureiros de plantão, por meio da Rota da Liberdade. Esse roteiro étnico leva o visitan-te a experenciar a saga do negro africano, sua gastronomia, religiosidade, história e cultura da época. Composta por 18 cidades, entre municí-pios do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira, esse projeto de turismo mapeia os passos dos negros africanos em terras brasilei-ras e no Estado de São Paulo e marca a influên-cia de sua cultura nesta fase.

Esse projeto, desenvolvido no Estado do São Paulo, em parceria com a Coordenadoria de Turismo do Estado, Lúcia Helena Tavares de Oliveira – Delegada Regional de Turismo – que fomenta as ações para a concretização de todo esse trabalho étnico e, ainda, segue as orien-étnico e, ainda, segue as orien-segue as orien-tações da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que coordena as ações do projeto Rota da Liber-dade em nível mundial, desde 1994, quando da realização da Conferência onde discutiu a Diás-pora Africana e suas implicações do tráfico Ne-greiro no mundo. A rota paulista é apoiada pelos Conselhos Regionais do Turismo Paulista, Se-cretaria de Esporte, Lazer e Turismo do Estado de São Paulo e por alguns órgãos locais.

Como Chegar:

O acesso a Tremembé pode ser feito através das rodovias SP-070 Ayrton Senna, BR-116 Presiden-te Dutra e da SP-123 Floriano Rodrigues Pinheiro. Quem tomar a Dutra após São José dos Campos, pagará um pedágio na ida e dois na volta. Quem preferir seguir pela Dutra deve sair no km 113, para seguir pela Rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro. A viagem até Tremembé também pode ser feita por esta rodovia, pois é paralela a Ayrton Senna. A Rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro possui pista simples, sendo que a rotatória que dá aces-so à cidade está localizada no Km 17 e o trajeto até a entrada de Tremembé é de apenas 7 km.

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Para os visitantes são seis os ro-teiros que podem ser conferidos:

Roteiro 1 Tremembé - Taubaté - Pindamo-nhangaba Neste roteiro os turistas conhe-cerão a saga dos Barões do Café em terras valeparaibanas, amparadas pela mão do negro africano escravizado. - Fazenda Maristela – antiga fa-zenda cafeeira do Visconde da Palmeira (o escravo movendo a economia); - Fazenda Cabral – do pé ao pó de café (o dia-a-dia da fazenda); - Solar do Visconde de Itapeva – arquitetura dos Barões do Café (artífices negros construindo mansões): - Sítio do Picapau Amarelo – uma das grandes propriedades do Visconde de Tremembé

Sitio do Picapau Amarelo

Roteiro 2 Tremembé - São Luís do Paraitinga - Redenção da Serra Neste roteiro podemos conhecer a movimen-

tação pela Abolição da Escravatura e seus desdobramentos:

- Redenção da Serra – primeira cidade

do Vale do Paraíba a libertar seus es-cravos; - São Luís do Paraitinga – a riqueza

do café transformando-a em cidade Imperial;

- Tremembé – terras do Visconde de Tremembé – político influen-

te. Inclui: Guia local;

Transporte; Hospedagem com café da manhã;

Almoço; Jantar temático (dança e cultura negra).

Café - o ouro de todos os tempos

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Turismo ÉtnicoRoteiro 3 Piquete – Lorena – Cruzeiro Roteiro com aspectos da religiosi-dade e do “sincretismo” afrobrasi-leiro, além de novos olhares sobre a presença do negro na economia cafeeira e nos caminhos do ouro: - Piquete – Fazenda Santa Lidia – Museu do Escravo; - Lorena – Igreja do Rosário, Basí-lica de São Benedito, IEV (Instituto de Estudos Valeparaibanos) - Cruzeiro – Caminhos do Ouro, Complexo Cultural da Rotunda Inclui: Guia local; Transporte; Hospedagem com café da manhã; Almoço.

Roteiro 4 Piquete – Guaratinguetá – Cunha Roteiro com aspectos da religiosidade e do “sincretismo afrobrasileiro”, o negro e sua ex-pressão cultural, além de novos olhares sobre a presença do negro nos caminhos do ouro: Piquete – Fazenda Santa Lidia – Museu do Es-cravo;

- Guaratinguetá – Jongo do Tamandaré, Museu Frei Galvão (Bomfiglio de Oliveira) e Igreja de São Benedito; - Cunha - Caminhos da Estrada Real Inclui: Guia local; Transporte; Hospedagem com café da manhã; Almoço; Apresentação do Jongo da Comunidade do Tamandaré

Roteiro 5 Piquete – São José do Barreiro – Bananal Neste roteiro podemos (re)conhecer a presença do negro na sociedade escravista, dentro da economia ca-feeira: - Piquete – Fazenda Santa Lidia – Museu do Escravo; - São José do Barreiro – Fazenda Pau d’Alho, Cemitério dos Escravos; - Bananal – Fazenda Boa Vista Inclui: Guia local; Transporte; Hos-pedagem com café da manhã; Al-moço; Palestra sobre a presença do Negro no Vale do Paraíba.

Roteiro 6 São Sebastião – Ubatuba – Ilhabela Encontro do elo entre passado e presente escravista no Brasil: rema-nescentes de comunidades quilom-bolas, sítios arqueológicos, cami-nhos do ouro:

Apresentação do Jongo

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- São Sebastião – Sítio Arqueológico São Fran-cisco* - Quilombo da Caçandoca ou do Cambury* - Ilhabela – Praia de Castelhanos Inclui: Guia local; Transporte; Hospedagem com café da manhã; Almoço; Palestra com quilombola.

Esportes radicais

Para quem adora ação, o Rio Paraibuna ofe-rece opções de esportes radicais como o raf-ting (canoagem em corredeiras). Na Pousada Fazenda Maristela, antiga propriedade cafeei-ra pertencente ao visconde da Palmeira, os vi-sitantes podem praticar rafting em corredeiras nível 1, 2 e 3, acompanhados de profissionais experientes.TrilhasUma extensa trilha de terra e a travessia por um pequeno rio levam o visitan-te à Fazenda Neuchâtel, em Guara t ingue -tá. Encravada num cenário belíssimo, pertenceu inicialmente a Ulisses Aléxis Pezzenoud, que ali construiu uma réplica do castelo Neuchâtel, da Suíça, seu país natal. Depois dele, teve vários proprie-tários. Ficou em ruínas até ser restaurada, com projeto da arquiteta Regina Maia, sobrinha-ne-ta do frei Galvão. Hoje, a Neuchâtel mantém o seu charme e vigor de outrora e é uma das atrações da rota.Do Pé ao Pó de CaféO dia-a-dia numa plantação de café é a atração principal da Fazenda Cabral. De acordo com Eduardo Antonio de Castro Santos, técnico res-ponsável pelo projeto do Pé ao Pó de Café, as visitas agendadas são realizadas de maio a se-tembro, durante o período de colheita do café. Além de conhecer a colheita do fruto, o visitan-te verá uma pequena capela dedicada a Santo Isidoro, patrono dos lavradores.

Princesinha do NorteOs palacetes 10 de Julho, Visconde da Palmei-ra e Tiradentes, a Igreja São José e a Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, loca-lizados no centro histórico de Pindamonhanga-ba, retratam a época áurea da cafeicultura da região. São verdadeiros patrimônios históricos que vale visitar. Hoje, a Princesinha do Norte mescla ares modernos com a tranqüilidade do interior.PioneiraCom apenas quatro mil habitantes, Redenção da Serra impressiona os visitantes pela sua

história, apa-rência e pelos festejos. Fun-dada no início do século 19 pelo capitão--mor Francisco Ferraz de Araú-jo, a cidade foi a primeira a libertar seus escravos, bem antes da Abo-lição, em maio de 1888. A construção da grande represa do Rio Paraitin-ga, na década de 70, determi-

nou o fim do município. Da velha Redenção da Serra sobraram a Igreja Matriz, o sobrado com sacadas de ferrão (antiga sede da prefeitura) e outros poucos sobrados e residências da Rua Capitão Alvim, que sobreviveram como ‘memó-ria urbana’.Serviço: Rota da LiberdadeOperadoras:Reality Tour Viagens e Turismo – Tremembé – (12) 3672-3427Cunha-Paraty – [email protected] Neuchâtel – [email protected] Fazenda Maristela – www.pousada-maristela.com.brPousada Mogaperama – (12) 3674-1838Arte com papel – artista Maria Dalila – (12) 3674-3742.

Trilha do Rio Paraibuna

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Eventos20 anos de CONE

Aos 20 anos de existência, o órgão pioneiro que formula e fomenta as ações de políticas públicas em prol da luta dos afro-descendentes ganha uma publicação histórica

No dia 18 de janeiro, na Casa das Rosas, região central de São Paulo, em comemoração aos 20 anos da Coordenadoria dos Assuntos da Popula-ção Negra, CONE – órgão pioneiro no segmento que formula, supervisiona, acompanha, elabora e implementa política públicas que atendam às necessidades da população negra do município – foi lançado o livro População Negra 20 anos, editado pela entidade. A publicação marca duas décadas de atuação da coordenadoria e retrata o trabalho, as conquistas e os desafios da enti-dade.

Participaram do lançamento, o secretário Bruno Covas, o presidente do Centro Cultural Africano, Otunba Adekunle Aderonmu, a coordenadora do CONE, Maria Aparecida de Laia, a presiden-te do Tucanato Estadual, Elisa Lucas, a jornalista, Rosângela de Paula, a presidente do CARE, Prof. Rosa de Andrade, o presidente do tucanafro Mu-nicipal, Ivan Lima, o secretário do Tucanafro Esta-dual, Paulo Leite, o presidente do Conselho esta-dual de Participação e desenvolvimento, Marco Antonio Zito Alvarenga e a conselheira do Con-selho Estadual de Participação e Desenvolvimen-to da Comunidade Negra, Vania Soares

De extrema importância por ter aplicado duran-te todos os anos de atividade sua proposta em fomentar a luta do negro contra a discriminação que existe na sociedade, a CONE luta para pro-mover a igualdade e a valorização da diversidade cultural, fortalecendo a Cultura Afro-Brasileira, além de colocar a comunidade negra paulistana no contexto sócio-político da cidade,

Foto:Divulgação

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EventosDia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

A Fundação Cultural Palmares, FCP, vinculada ao Ministério da Cultura, comemorou no dia 21 de janeiro, o Dia Nacional de Com-bate à Intolerância Religiosa, com um ato de paz e pelo direito à liber-dade de crença religiosa. O even-to contou com um talk show com especialistas em religiosidade e cultura afro-brasileira. Além disso, houve uma cerimônia ecumênica com lideranças de filosofias cristãs e de matriz africana, organizada pela Prefeitura de São Paulo.

Na ocasião, foi inaugurada ofi-cialmente pelo Prefeito Fernan-do Haddad a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, com o compromisso de promover os Direitos Humanos na cidade de São Paulo, no combate a discriminação e enfrentamento às desigualdades raciais, e o anúncio da portaria que prevê a constituição de um Grupo de Trabalho para a criação do Fó-rum Inter-religioso do Estado.

Um ato de paz pelo direito à liberdade de crença religiosa

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Palavras do Presidente

Feliz mês das Mulheres!Mulher, mãe, es-posa, educadora, confidente, amiga, ser humano. Essa é a condição da mulher desde os primórdios. Hoje, em busca de uma

nova condição, a passos lentos, a situação ainda se manifesta como um prolon-gamento da sua realidade

vivida no período de escra-vidão. Infelizmente, elas,

mesmo se destacando em

algumas áreas, antes só permitidas a homens, como empresárias, profissio-

nais liberais e até presidente, as mulhe-res ainda continua numa escala social bem abaixo, carregando as desvanta-

gens do sistema racista e machista que o país ainda teme em mudar.

A mulher negra sempre foi a ‘espinha dorsal’ de sua família e quando teve um companheiro pós-abolição, signi-ficou alguém a mais para ser susten-tado. Esse quadro, aos poucos, está em desenvolvimento. Hoje, vista com outros ‘olhos’, elas se destacam,

mesmo com pouca escolaridade, trabalhan-do mais, se empenhando constantemente para ter seu lugar ao sol.

O mês de março dedicado a todas as mulheres, esperamos que sua dignidade seja resgatada, que haja valor e reconhe-cimento e que se faça valer o dito popular, com alguns ajus-tes: ‘Por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher’ para ‘Ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher’.

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PersonalidadeDandara de Palmares – uma guerreira e tanto!

Falar dessa grande guerreira é uma homenagem a todas as mulheres que vivem suas batalhas pessoais, sem deixar de ser mulher, esposa,

mãe, educadora, enfim... uma batalhadora

Todas as mulheres têm uma Dandara dentro de si. Muitas tarefas lhe são atribuídas ao longo de sua jornada. Umas com mais afazeres, outras com menos, mas, em geral, com suas preocu-pações peculiares. Mães, avós, esposas, filhas, educadoras, médicas, empresárias, enfim, as quais com seus atributos, suas batalhas. De uma maneira ou outra, todas defendem seus ideais de vida e, com Dandara não foi diferente...

Mulher de Zumbi dos Palmares, ficou na memó-ria como um exemplo de guerreira para todas as lutas do dia a dia.

Segundo historiadores, não era apta a serviços domésticos, mas plantava com todos, trabalha-va na linha de produção de farinha de mandioca, aprendeu a caçar e ainda a lutar capoeira, em-punhar armas e a liderar falanges femininas do exército palmarino.

Mãe de seus três filhos, Dandara participou de todos os ataques e defesas da resistência de palmares e não tinha limites para defender a li-berdade e a segurança do Quilombo. Ela com-

partilhava a posição de Zumbi contra o tratado de paz assinado por Ganga-Zumba. Entre ou-tras negociações, o acordo requeria a mudan-ça dos habitantes de Palmares para as terras no Vale do Cacau. Para ela, o tratado traria a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão.

Embora não haja registros de seu local de nasci-mento nem de sua ascendência africana, acredi-ta-se que nasceu no Brasil e foi viver no Quilom-bo de Palmares ainda menina. Mulher de muita sabedoria foi escrava e não se descuidava de nada. Sua imagem era de Mãezona Leoa que com, muita doçura, lutava com ferocidade para a necessidade de defender. Admirada por ter esse estilo que era citada por Che guevara e ter toda firmeza nas lutas duras da vida e não perdeu a ternura jamais.

Após a destruição da Cerca Real dos Macacos, uma batalha sangrenta que deixou centenas de mortos, Dandara morreu em 6 de fevereiro de 1694, atirando-se da pedreira mais alta de Pal-mares para nunca mais ser escrava.

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