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ESCRITÓRIO DE ADVOGADOS IVAN PEGORARO & LEATE Ivan Pegoraro – Juliana Pegoraro Bazzo – Marcos Leate – Renato Abujamra Fillis Cirilo Soares – Julio César Paroski – Douglas Golfetto – Leonardo Domingues – Flávio Bazzo Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ___ª Vara Cível de Londrina, PR. PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA ....Comércio de Confecções Ltda. pessoa jurídica de direito privado com sede e foro nesta cidade de Londrina, Estado do Paraná, à Rua Pernambuco nº. inscrita no CNPJ sob nº. ____, contrato Rua Benjamin Constant, 1706 – CEP 86020-320 - 3321-7070 / Fax: 3324-8132 [email protected] - www.pegoraroadv.com.br Londrina - PR 1

A o de Desfazimento de Compra e Venda de Ve Culo Por Defeito No Produto

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EXMO. SR.

ESCRITRIO DE ADVOGADOS IVAN PEGORARO & LEATE

Ivan Pegoraro Juliana Pegoraro Bazzo Marcos Leate Renato Abujamra Fillis Cirilo Soares Julio Csar Paroski Douglas Golfetto Leonardo Domingues Flvio Bazzo

Exmo. Sr.

Dr. Juiz de Direito da ___ Vara Cvel de Londrina, PR.

PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA ....Comrcio de Confeces Ltda.

pessoa jurdica de direito privado com sede e foro nesta cidade de Londrina, Estado do Paran, Rua Pernambuco n. inscrita no CNPJ sob n. ____, contrato social incluso =DOC.01= por seu advogado adiante assinado, profissional estabelecido com escritrio Rua Benjamim Constant n. 1706, =DOC.02=, vem respeitosamente presena de V.Exa., a fim de propor a presente AAO DECLARATRIA DE VCIO REDIBITRIO CUMULADA COM PERDAS E DANOS, o que faz com fundamento baseado no artigo 18 do Cdigo de Defesa do Consumidor, e ainda artigo 5, incisos V e X da Constituio Federal, combinado com artigos 186, 441 e 927 do Cdigo Civil Brasileiro, alm ainda do artigo 282 e seguintes do Cdigo de Processo Civil, contra _____ DO BRASIL, pessoa jurdica de direito privado com sede e foro em So Bernardo do Campo, Estado de So Paulo, Av. do Taboo n. _____e contra ... DISTRIBUIDORA DE VECULOS LTDA., pessoa jurdica de direito privado, CNPJ sob n. ______, endereo nesta cidade de Londrina, Avenida ____, aduzindo para tanto o que a seguir passa a explicitar:1: A COMPRA PREO - PAGAMENTO1.1:A Autora adquiriu perante a segunda R o seguinte veculo fabricado pela primeira:

Automvel para passageiros, tipo camioneta mista, marca ___, Modelo ___ portas, Cambio Automtico de 06 Marchas. Ano de Fabricao 2008, Cor Prata, Combustvel: gasolina. Renavan ___1.2:O preo de aquisio foi de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), tudo conforme Nota Fiscal de n. 858 =DOC.03= emitida em 09/01/2009 pela j mencionada segunda r.

A forma de pagamento se consubstanciou atravs da entrega de um veculo Pegeout, modelo 307 pelo preo de R$ 37.000,00 (trinta e sete mil reais), alm de R$ 3.000,00 (trs mil reais) em dinheiro, totalizando, pois R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). =DOC.04= e =DOC.05=

O saldo de R$ 160.000,00 (cento e sessenta mil reais) foi pago mediante operao de leasing firmado com o banco Alfa Arrendamento Mercantil.=DOC.06= com prestaes mensais de R$ 8.143,11, vencendo a primeiro em 09/02/2009 e a ltima para 09/01/2001, portanto, 24 parcelas.

O certificado levou o nmero ___ emitido em 15/01/2009, com placa do veculo ___0660. =DOC.12=2: A COMPRA A ENTREGA ATRASO E PROBLEMAS2.1:Concluda a operao de compra a Segunda R deveria entregar o veculo na data da emisso da nota, mais precisamente dia 09 de janeiro de 2009.

Surpreendentemente, aps a emisso da nota fiscal, a Segunda R argumentou que o veculo necessitava de certa verificao por conta do check-list obrigatrio. Por este motivo no o entregou naquele dia, prometendo-o para o dia seguinte, sbado.

No sbado, a Autora atravs de seu preposto, Sr. ___, esteve durante a manh na mesma concessionria, e mais uma vez houve negativa de entrega do veculo, agora sob argumento de que um problema havia sido detectado, mas que seria sanado rapidamente.

Apreensivo, fez contato pessoal com o responsvel pela venda do veculo, Sr. Juliano, atravs de seu telefone de n. ____, interpelando-o sobre a demora na sua entrega. O vendedor confirmou que fora detectado um problema na programao eletrnica do veculo e que em face a isso haveria atraso na sua entrega.

Na segunda-feira, dia 12, aps novo contato pessoal com a revendedora, esta por fim esclareceu de modo taxativo que no seria possvel a entrega do veculo haja vista que a empresa no estava conseguindo resolver o tal problema, supostamente, em sua programao eletrnica.

Diante do prazo que se estendia indeterminadamente e diante da reclamaes insistentes da Autora, disponibilizaram no dia 13/01/2009, um veculo reserva, de Placa AUV-0333, usado em teste driver, devolvido no dia 24/01/2009, pelo Sr.____, filho de ___, representante legal da Autora. =DOC.07=

Mas nem por isso ___ pai deixou de insistir na entrega do veculo adquirido. No dia 21 e dias posteriores ligou e compareceu pessoalmente inmeras vezes mencionada concessionria, sem que houvesse soluo definitiva, exceto por explicaes de que o problema estava sendo sanado.

Insatisfeito, preocupado resolveu ligar para o proprietrio da concessionria, Sr. Volpi, que se prontificou e assim o fez, de vir de Curitiba onde reside e tem outros negcio para Londrina a fim de sanar definitivamente o problema que lhe foi relatado mais uma vez.

2.2:Aps todos esses percalos e insistncias, finalmente o veculo foi entrega Autora, na pessoa de ___, que na oportunidade fez constar do documento de entrega, a seguinte observao:

RECEBI SOMENTE NESTA DATA, O AUTOMVEL, POR O MESMO ESTAR COM PANE ELETRNICA E SOMENTE HOJE DIA 24/01/2009 ESTAR CONFORME CONCESSIONRIA EM CONDIES DA ENTREGA PARA USO =DOC.08=

Portanto em decorrncia de defeito do produto, aps sua aquisio j que a nota fiscal foi emitida em 09/01/2009 =DOC.03= e sua entrega no dia 24/01/2009 =DOC.08= o veculo permaneceu em reparos por exatos 15 (quinze) dias.2.3:No entanto a odissia estava somente comeando. No dia seguinte _____ foi at So Paulo onde estuda, reside e trabalha como preposto da Autora na compra de mercadorias.

No dia 04/03, em pleno estacionamento das Lojas Americanas no centro da cidade, foi constatado um vazamento por baixo do motor do veculo. Preocupado acionou o telefone 0800... da _____ que aps a devida e necessria identificao encaminhou servio de quincho ao local o qual procedeu imediata remoo do veculo concessionria _____ Revenda. =DOC.09=

Dois dias depois o veculo foi novamente entregue Autora, com a justificativa de que o problema inerente a ventoinha do aquecimento foi sanado e que no mais haveria vazamento atravs do radiador. (?).

Portanto, o veculo, novo, com pouco mais de 1.000 (mil) kilmetros, ficou mais 2 (dois) dias parado na oficina da concessionria, somando 17 (dezessete) dias de conserto.

2.4:No dia 11/03, no bairro Higienpolis, ainda em So Paulo, Capital, o veculo sofreu nova pane total, com isso parando de funcionar o motor e todos os demais equipamentos.

Novamente foi acionado o fone 08000...., prontamente novo quincho foi ao local que encaminhou o veculo mais uma vez a mencionada concessionria ____ Revenda, =DOC.10=, que desta feita emitiu a Ordem de Servio de n. 31780, registrando a kilometragem em 1.232 Km., anotando a reclamao leiga do proprietrio: Veculo no tem partida, motor no gira

At a presente a presente data, 26/03/2009 o veculo ainda no foi reparado. Segundo explicaes fornecidas de modo insatisfatrio, h um grave problema no mdulo eletrnico, que controla o cmbio e outros setores, e sua abertura pela concessionria somente poder ser efetuada aps prvia autorizao do fabricante. At porque no existe no Brasil, pasme V.Exa., a referida pea para eventual substituio. De se anotar a hipossuficincia da Autora em questes tcnicas de eletrnica, motor e etc., no lhe restando outra via seno a de confiar nas explicaes dos responsveis pelos reparos, na qualidade que possuem de tcnicos habilitados pela fbrica.

O veculo, pois se encontra de posse da concessionria para esses reparos, desde 11/03, ou seja, 16 dias com base na elaborao desta petio.

Somadas as paralisaes anteriores, totaliza mais trinta dias em posse das concessionrias para reparos. Certamente que at o ajuizamento da presente medida, e as citaes, este prazo ter ultrapassado todos os limites de tempo razovel, principalmente ao que alude o artigo 18 do Cdigo de Defesa do Consumidor.

O veculo conta hoje com apenas 1.232 kilmetros percorrido, conforme observao contida na Ordem de Servio de n. 31.780, emitida pela Concessionria de So Paulo, ____, data de 12/03/2009. =DOC.11=

Esses os fatos.3: QUESTES DE DIREITO NA ABORDAGEM DO PROBLEMA VCIO DO PRODUTO VCIO REDIBITRIO.3.1:A teoria dos vcios redibitrios encontra guarida no Cdigo Civil Brasileiro, em seus artigos 441 e seguinte, alm ainda, de subdiariamente, com o Cdigo de Defesa do Consumidor, especialmente em seus artigos 18 e seguintes.

Impossvel no deixar de registrar as palavras da professora Odete Novais Carneiro Queiroz, em seu artigo referencial publicado na Revista do Consumidor, nmero 07, julho/setembro de 1.993, sempre atualizada, analisando o vcio redibitrio:

(...) vcio objetivo... defeito oculto de que portadora a coisa objeto de contrato comutativo e a que a torna imprpria ao uso a que se destina ou que lhe prejudique sensivelmente o valor

Esses elementos da anlise acima esto presentes no artigo 441 do Cdigo Civil que conceitua o Vcio Redibitrio, como sendo:

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vcios ou defeitos ocultos, que a tornem imprpria ao uso a que destinada, ou lhe diminuam o valor.

O artigo 445 do mesmo diploma e seu pargrafo 1 diz que o adquirente decai do direito de obter a redibio ou abatimento no preo, se o vcio, por sua natureza, s puder ser conhecido mais tarde, o prazo ento, contar-se- do momento em que dele tiver cincia, at o prazo mximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens mveis.

No h pois qualquer impedimento com relao ao prazo do conhecimento do problema, at porque, sem nenhuma dvida a Autora hipossuficiente com relao a questo tcnica que o veculo apresenta, sem soluo, passados mais de dois meses de sua aquisio. Alm ainda de estar dentro da garantia.

Bem por isso o Cdigo de Defesa do Consumidor no deixa qualquer margem dvida sobre a responsabilidade pelos vcios de qualidade que tornem os produtos imprprios ou inadequados para o consumo.

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo durveis ou no durveis respondem solidariamente pelos vcios de qualidade ou quantidade que os tornem imprprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicaes constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitria, respeitadas as variaes decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituio das partes viciadas.

1. No sendo o vcio sanado no prazo mximo de 30 (trinta) dias pode o consumidor exigir, alternativamente e sua escolha:

I - a substituio do produto por outro da mesma espcie, em perfeitas condies de uso;

II - a restituio imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuzo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preo.

Os professores Arruda Alvim e Theresa Alvim, em sua obra de referncia Cdigo de Defesa do Consumidor Comentado, 2 edio, 1.995, Editora Revista dos tribunais, ao comentarem sobre o disposto no artigo 18 do citado diploma legal, ensinam, verbis:Determina o caput desse art. 18, em primeiro lugar, que todos aqueles que intervierem no fornecimento dos produtos de consumo de bens durveis ou no durveis, em face ao consumidor, so solidariamente responsveis, sem culpa, por vcios de qualidade ou quantidade, que os tornem imprprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou que lhes diminuam o valor.

Na mesma obra supra mencionadas, as palavras do professor Jos Geraldo Brito Filomeno, apud Cdigo Brasileiro de Defesa do Consumidor, Editora Forense Universitria, 1.991, verbis:

Por um critrio de comodidade convenincia, o consumidor, certamente, dirigir sua pretenso contra o fornecedor imediato, que se trate de industrial, produtor, comerciante, ou simplesmente prestador de servios.3.2:Deste modo, patente a responsabilizao da fornecedora, bem como do fabricante para substituir o veculo defeituoso, por outro em perfeito estado de uso, sem problemas que se espera de um produto zero kilmetros, haja vista que aquele adquirido possuiu vcios que o deixam inadequado e imprprio para sua utilizao.

O veculo, principalmente novo, para circular normalmente, criando prazer ao seu adquirente e no apreenso. Bem por isso, o art. 4, III e o art. 51, IV, do Cdigo de Defesa do Consumidor positivaram uma srie de deveres anexos relao contratual, sendo o principal deles o respeito ao princpio da boa f objetiva. Tal princpio impe um comportamento jurdico de lealdade e cooperao nos contratos. Assim, a atitude da apelante de no providenciar a soluo definitiva dos defeitos apresentados pelo produto alienado no prazo legal do artigo 18 do Cdigo de Defesa do Consumidor - constitui prtica abusiva, pois deu origem a um desequilbrio significativo na relao fornecedor/consumidor, em detrimento ao apelado.

Sem se olvidar de que a Autora, privada do uso do bem, continua pagando seguro prmio lquido de R$ 7.910,02, conforme aplice n. 8.229.375 emitida pela Chubb Seguros - =DOC.14=, prestaes do financiamento =DOC.06=, IPVA =DOC.15= e procurando alternativas j que no pode dele se utilizar. Os prejuzos materiais e financeiros so evidentes e claros.4: O TEMA REFERENTE A CONTAGEM DO PRAZO DE 30 DIAS DIAS A QUE ALUDE O ARTIGL 18 DO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

4.1:O artigo 18 do Cdigo de Defesa do Consumidor favorece, evidentemente, o consumidor que vem a ser a parte fragilidade e hipossuficiente com relao ao fornecedor e fabricante de bem durvel. Por isso o prazo de trinta dias para facultar-se, a escolha do consumidor (art.18) :

I - a substituio do produto por outro da mesma espcie, em perfeitas condies de uso;

II - a restituio imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuzo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preo.

A escolha do Autor, neste caso.

4.2:No pargrafo primeiro do supracitado artigo (18) tem-se que se o vcio no for solucionado no prazo de 30 dias, caber ao consumidor as alternativas expostas nos seus incisos acima registrados. Na prtica a forma de se contar tal prazo acaba gerando certa celeuma, pois a cada vez que o produto vai assistncia, deve ser somada a quantidade de dias pelo qual este permaneceu por l at que tenha sido consertado. Se a soma der mais de 30 dias e o vcio for o mesmo, gera-se o direito do consumidor.

No sendo assim admitida a postura dos fornecedores que consideram que a cada nova ordem de servio nas assistncias, o prazo inicia-se novamente.

Neste mesmo sentido importante registrar o ensinamento do doutrinador Rizzatto Nunes que expe:"O fornecedor no pode beneficiar-se da recontagem do prazo de 30 dias toda vez que o produto retorna com o mesmo vcio. Se isso fosse permitido o fornecedor poderia na prtica, manipulando o servio de conserto, sempre prolongar indefinidamente a resposta efetiva de saneamento. Bastaria fazer um conserto "cosmtico", superficial , que levasse o consumidor a acreditar na soluo do problema, e aguardar sua volta, quando, ento, mais 30 dias ter-se-iam para pensar e tentar soluo. (...)" 4.3:Quando muito e essa tambm opinio do Autor, o prazo de 30 dias o limite mximo que pode ser atingido pela soma dos perodos mais curtos utilizados. Ora, se o produto foi devolvido a primeira vez no dcimo dia, depois retornou com o mesmo vcio e se gastaram nessa segunda tentativa de conserto mais 15 dias , na terceira vez em que o produto voltar o fornecedor somente ter mais 5 dias para solucionar definitivamente o problema, pois anteriormente despendeu 25 dias, sem ter levado o produto adequao esperada. (NUNES, 2005, p.184-185)

Sequer necessria a reincidncia do mesmo vcio, podendo ser contado tambm as ordens de servio de diferentes problemas apresentados pelos produtos. Ora se um produto permanece por mais de 30 dias longe de seu proprietrio por apresentar diversos vcios, este j no corresponde as expectativas depositadas pelo consumidor, que perdeu a sua confiana no bem e ainda se frustrou ao ter adquirido um produto novo que apresentou tantos problemas.

Vale ressaltar que este prazo tambm poder ser excludo, toda vez que se tratar de um produto de natureza essencial, conforme dispe o 3 do supracitado artigo. Note-se que o legislador no definiu o que pode ser considerado produto essencial, j a doutrina entende que neste rol pode ser incluso todos os produtos comestveis, e de uso pessoal bsico. O critrio deve ser lido sob o impacto do princpio da proteo da confiana; assim, se o consumidor compra um sapato, mesmo que para utilizar em festas e o sapato apresenta um vcio de inadequao, a loja no pode exigir, como ocorreu em Porto Alegre, "o prazo legal de 30 dias" para consertar o sapato ou "talvez depois substitu-lo por outro semelhante".

O produto essencial, quanto expectativa do consumidor de us-lo de pronto; logo, deve o consumidor poder exigir de pronto a substituio do produto.(MARQUES, 1999, p.457)

5: PESSOA JURDICA E OS DANOS MORAIS:5.1:O Superior Tribunal de Justia j assentou, na Smula 227, que :

A pessoa jurdica pode sofrer dano moral

A indenizao por dano moral, por sua vez, no demanda a comprovao do reflexo patrimonial, que de outra ordem. Nesse sentido: REsp 57830/MA, Ministro Paulo Costa Leite.

De igual sorte, a exigncia da prova o dano moral satisfaz-se com a demonstrao da conduta lesiva. Convm que se diga que o entendimento firmado pelo colendo STJ no sentido de que:

(...)no f falar que o entendimento firmado pelo colendo STJ no sentido de que no h em prova de dano moral, mas, sim, na prova do fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimento ntimos que o ensejam Precedente: REsp n.s: 261.028/RJ; 294.561/RJ; 661.960/PB

6: DA CARACTERIZAO DO DANO MORAL NEXO CAUSAL PRESENTE:6.1:Trata a presente hiptese de responsabilidade por vicio de qualidade do veculo. Vcio de produto.

As disposies consumeristas imprimem responsabilidade por danos decorrentes dessa espcie de vcio a ocorrncia de trs pressupostos:

defeito do produto;

evento danoso;

e relao de causalidade entre defeito e o evento danoso

Quanto aos danos, resta consignado que o dano moral, ao que se v dos autos, efetivamente ocorreu para a autora, pois restou demonstrada a impossibilidade de sua utilizao que de transportar levando e trazendo pessoas.

A tal concluso se chega ao perceber que o veculo foi adquirido em nome da pessoa jurdica autora. Nessas condies, o mau funcionamento do veculo coisa que evidentemente capaz de geral o dano moral anunciado, pois presumvel o constrangimento decorrente da impossibilidade de utilizao do veculo quando necessrio para atender, no s aos scios e familiares da Autora, mas at eventualmente seus clientes, com conforto e qualidade a que a marca Land Rover faz presumir.

Portanto, inconteste a presena dos danos morais e materiais.

6.2:No h como afastar, ainda, a ocorrncia do nexo de causalidade entre os vcios existentes no veculo e os danos morais e materiais, na medida em que os prejuzos decorreram da existncia dos defeitos apresentados no automvel, que sequer se sabe com certeza qual , exceto se tratar de problema srio e referente ao sistema eletrnico.

Ademais, o prprio j citado artigo 18, 1, II, impe que a restituio ou substituio do veculo, em caso de vcio de qualidade do produto, no prejudicada a perseguio de perdas e danos.6.3:Mister se faz lembrar que a Autora atravs de seu representante legal, tem sofrido reflexos negativos com a aquisio do veculo, por uma conduta que jamais deu causa, ou seja, teve sua moral ofendida, por adquirir um veculo, zero kilmetro, importado, o qual imprprio para o uso, trazendo aborrecimentos, indignao, arrependimento e incertezas de ter que resolver a situao, que perdura pelo tempo sem a devida soluo.

Com o argumento, de que deve ser reparado o direito moral de credibilidade e confiana no uso do automvel pelo autor, diante do explcito, sabendo-se do trauma psquico do mesmo, que emerge principalmente da decepo, indignao e sentimento de impotncia diante do desconhecido, que por dispensar tal confiana em um produto defeituoso, utilizou o mesmo, arriscando a prpria vida e de seus familiares, faz jus ao pleiteado.

A Autora necessita do veculo, tambm para exercer seu trabalho, o que acarreta aborrecimento na recusa das Rs em solucionar a presente pendenga, haja vista que:

O dano moral a leso que afeta os sentimentos, vulnera afeies legtimas e rompe o equilbrio espiritual, produzindo angstia, dor, humilhaes, etc. (II danno, p. 121).

Exsurge destacar, alm dos dispostos mencionados na nova ordem civil brasileira o clssico entendimento do artigo 5, incisos V e X, da Constituio Federal, ficando expresso, agora, o ressarcimento por dano moral especialmente no mencionado inciso X: assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indenizao por dano material, moral ou imagem

O que importa que, a Autora pagou o equivalente a um veculo em perfeito estado de uso e conservao. como se espera de veculo Zero kilmetro, presumidamente sem vcio oculto, o que caracteriza a transparncia na prtica do fornecimento, um dos alicerces basilares do Cdigo de Defesa do Consumidor.

Pelo exposto, fica mais do que claro, absolutamente transparente que a Autora suportou e vem suportando grandes prejuzos no seu patrimnio, devendo, portanto as Empresas Rs ressarcirem todos os prejuzos materiais e morais suportados durante este perodo de imensa frustrao.

7: DA APLICABILIDADE DO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR .

7.1:Caracterizando, pois, a relao de consumo, nos termos do artigo 2 do Cdigo de Defesa do Consumidor, infra transcrito:At. 2: Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produtos ou servios como destinatrio final.

A lei bem clara quanto ao que dispe aos direitos do consumidor, conforme se percebe da anlise simples e clara do artigo 6 do mesmo diploma:

Art. 6. So direitos bsicos do consumidor:

I - a proteo da vida, sade e segurana contra os riscos provocados por prticas no fornecimento de produtos e servios considerados perigosos ou nocivos;

II - a educao e divulgao sobre o consumo adequado dos produtos e servios, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contrataes;

III - a informao adequada e clara sobre os diferentes produtos e servios, com especificao correta de quantidade, caractersticas, composio, qualidade e preo, bem como sobre os riscos que apresentem;

IV - a proteo contra a publicidade enganosa e abusiva, mtodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra prticas e clusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e servios;

V - a modificao das clusulas contratuais que estabeleam prestaes desproporcionais ou sua reviso em razo de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva preveno e reparao de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos rgos judicirios e administrativos, com vistas preveno ou reparao de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteo jurdica, administrativa e tcnica aos necessitados;

VIII - a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com a inverso do nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critrio do Juiz, for verossmil a alegao ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincias;

IX - (Vetado);

X - a adequada e eficaz prestao dos servios pblicos em geral.

7.2:Segundo o Novo Cdigo Civil Brasileiro, em seus artigos 186, 927, caput e pargrafo nico, fica obrigado a reparar o dano, ainda que exclusivamente moral, aquele que comete ato ilcito. Conforme explicao do prprio artigo supra citado, a obrigao de deparar o dano ser independente da culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano, implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem, destarte, respaldo jurdico ao pedido de indenizao.8: DO PRINCPIO DA TRANSPARNCIA:8.1:O princpio da transparncia inovao no sistema jurdico brasileiro, especificamente no Cdigo de Defesa do Consumidor, pois a parte ao negociar tem que demonstrar clareza, tendo o fornecedor ou prestador de servios, que exibir idoneidade nos negcios, e na capacitao tcnica, ademais, a transparncia deve integrar-se com outros princpios como a boa f, embora haja inibio da aplicao da transparncia o paradigma mercadolgico deve ser a concorrncia para melhor satisfao do consumidor.8.2:No caso em testilha o veculo apresentou defeito ainda dentro da concessionria vendedora, antes mesmo da nota fiscal.

Esta transparncia lhe faltou ao deixar de informar adequadamente e com detalhes qual efetivamente o defeito que se apresentava e quais os riscos que isso poderia produzir como produziu ao deixar de funcionar em pleno centro da cidade de So Paulo. Postura de respeito ao consumidor exigiria sequer a entrega deste veculo, mas sim a devoluo fbrica com sua substituio imediato por outro em condies de funcionamento regular, que o que se espera de algo novo, sem uso.

Esta transparncia, no entanto faltou vendedora, optando, pelo risco e certamente pela anlise da presuno da estatstica, que se caracteriza pela admisso da hiptese de no acontecer nada, ou acontecendo acabar por se resolver apenas aps algumas reclamaes e improprios imprprios.9: DA INVERSO DO NUS DA PROVA:

9.1: admissvel, conforme o art. 6, inciso VIII do Cdigo de Defesa do Consumidor, que o resguardo dos direitos do consumidor, em juzo, seja facilitado pela utilizao da inverso do nus da prova.

O consumidor s poder realizar tal direito no processo civil, e no no processo administrativo. Da fica evidente um dos direitos do fornecedor, pois este artigo de forma implcita lhe transfere uma garantia de que o consumidor s poder demandar pela inverso do nus da prova quando a tutela for judicial, negada, portanto, na esfera administrativa.

O objetivo neste caso de quebrar a tradicional regra incorporadora nos incisos do art. 333 do CPC. Nesta hiptese, caber ao autor proporcionar ao juiz o conhecimento dos fatos necessrios definio e atuao do direito de que se afirma titular.

A verossimilhana de juzo de probabilidade extrada de material probatrio de feito indicirio, do qual se consegue formar a opinio de ser provavelmente verdadeira a verso do consumidor.

Diz o Cdigo de Defesa do Consumidor que esse juzo de verossimilhana haver de ser feito, segundo as regras ordinrias de experincia (art. 6, VIII.).

Essa conduta implementada pelo Cdigo de Defesa do Consumidor impede que consumidores com o intuito de agirem com m-f, possam arruinar a empresa reclamada com demandas contrrias razo, cuja soluo se d luz da inverso do nus da prova empregada de forma a inviabilizar a defesa do fornecedor, medida que, clareza, ataca o princpio fundamental da harmonizao das relaes entre as partes no mercado de consumo.10: JURISPRUDN CIA:10.1:O tema debatido farto na jurisprudncia brasileira, destacando-se:

SEXTA TURMA CVEL

APC APELAO CVEL

No do Processo: 2004.01.1.055932-0

DIREITO DO CONSUMIDOR. PRODUTO COM DEFEITO. SUBSTITUIO. DANOS MORAIS. NO OCORRNCIA. 1 Se o defeito do produto no for sanado no prazo de trinta dias, pode o consumidor exigir a substituio por outro da mesma espcie, em perfeitas condies de uso (CDC, art. 18, 1o, I).

2 Dano moral ocorre quando o ilcito for capaz de repercutir na esfera da dignidade da pessoa. Aborrecimentos e meros dissabores no so suficientes para caracteriz-lo.

3 - Apelao provida em parte.ACRDO

Braslia-DF, 06 de junho de 2007.

Desembargador JAIR SOARES

Relator

rgo:Quarta Turma Cvel

Classe:APC Apelao Cvel

N. Processo:1999011056819-0Apelante:Joo Lucas da SilvaApelado:General Motors do Brasil LTDAApelado:Orca Veculos LTDARelatora Desa.:Vera Andrighi

Revisor Des.:Getlio Moraes Oliveira

DEFESA DO CONSUMIDOR. VECULO. DEFEITO DE FABRICAO. SUBSTITUIO. ART. 18, 1, INC. I DO CDC.

I O veculo apresentou defeitos graves de fabricao, os quais no foram reparados com a troca de peas, inclusive com o comprometimento da sua segurana e confiabilidade, razo pela qual o autor tem direito substituio pretendida, na forma do art. 18, 1, inc. I do CDC.

II Apelao conhecida e provida. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE PROVAS PRODUZIDAS SUFICIENTES AO DESLINDE DA CONTROVRSIA SUBSTITUIO DO VECULO ART. 18, 1, I, DO CDC DANO MORAL CUMULAO POSSIBILIDADE (...)III - Devidamente comprovados os vcios do veculo, tem lugar a substituio do bem, nos termos do art. 18, 1, I, do CDC. IV - Possvel cumulao de danos morais, in casu, posto que, induvidosamente, aquele que adquire um automvel acreditando na propaganda do produto e logo se v num interminvel entra e sai da oficina para consert-lo, certo que padece de uma grande frustrao e sofrimento, que autoriza ser recompensado a ttulo de dano moral, imposto tambm, solidariamente, s concessionrias que o assistiram e tinham o dever de avis-lo, desde o primeiro momento, sobre o defeito insanvel que o bem apresentava. Precedentes na Corte. V - Apelos no providos. (TJMA AC 20108/2003 (47.448/2003) So Lus 2 C.Cv. Rel. Des. Antnio Guerreiro Jnior J. 02.12.2003)

11: REQUERIMENTO:

Com isto exposto requer:11.1Diante do exposto e estando configurada a grave leso aos interesses da Autora, principalmente financeiro j que, pagou R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) antecipado pela aquisio do veculo ____, alm de estar comprometida com as parcelas do financiamento e seguro, agravado pela impossibilidade de utilizar o veculo j h mais de 30 dias, requer a V.Exa., seja deferido a antecipao dos efeitos da tutela, prevista pelo artigo 273 do CPC, determinando s Rs que substituam em prazo a ser assinado - o veculo adquirido com vcio oculto, por outro de idnticas caractersticas, sob pena de multa diria a ser fixada por este juzo.11.2:Na seqncia a citao das Rs., a primeira atravs de carta A.R. e a segunda por mandado, a fim de que no prazo de quinze dias, venham contestar os termos da presente, pena de confisso e revelia;11.3:Ao final, seja a ao julgada inteiramente procedente para determinar a substituio do veculo adquirido e descrito nesta inicial, por outro idntico, zero kilmetro, com manuteno da multa diria, ou seu equivalente em dinheiro, cuja alternativa caber Autora optar.11.4:Com a procedncia, sejam as Rs condenadas ao pagamento de todas as despesas decorrentes desta substituio, entre elas, no exaustiva, transferncia de seguro, de financiamento, registros de propriedade, alm ainda das perdas e danos pelo tempo de paralizao do veculo, estas a serem apuradas atravs de arbitramento.

11.5:Sejam as Rs tambm condenadas ao pagamento dos danos morais ocasionadas pela m qualidade dos servios e do produto, tudo conforme j explicitado, cujo valor dever ser fixado por este juzo, desprezando-se o valor vil.

11.6:Com a procedncia da medida, seja reconhecido e declarado a existncia do vcio redibitrio, ou defeito do produto, e conseqentemente, condenando as Rs solidariamente a pagar Autora todos os nus sucumbenciais, entre eles as custas judiciais e honorrios advocatcios a serem fixados por este juzo.

} Protesta por fim por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente, testemunhais, depoimento pessoais, pericial e juntada de outros documentos.

} Valor da causa para efeitos fiscais e alada: R$ 200.000,00 (duzentos mil reais)

Pede Deferimento

Londrina, 26 de fevereiro de 2015Ivan Pegoraro Juliana Pegoraro Bazzo Marcos Leate

Importante registrar ao juzo que sequer a referida concessionrio se incomodou em emitir Ordem de Servio como espera o consumidor a fim de garantir seus respectivos direitos. Somente aps insistentes solicitaes por parte do Sr.____, a empresa ____, em 23/03/2009, se dignou e emitir a declarao que segue em anexo =DOC.13=, em papel simples, sem timbre, sem carimbo, sem identificao do subscritor, informando (...)que em 04/03/2009 o referido veculo deu entrada nesta concessionria, porm, no gerou Ordem de Servio, pois o inconveniente reclamado foi detectado no ato da inspeo preliminar. Verificamos que o superaquecimento ocorreu em decorrncia de um conector mal encaixado. Atenciosamente, .... Pereira Referida declarao foi encaminhada atravs do fax de n. ____, com a identificao Calmacland . Mesmo com esta inspeo preliminar o veculo ficou retido por dois dias.

direito do consumidor. compra e venda de veculo novo. fissura no bloco do motor. vcio de qualidade tpico de fabricao. defeito no solucionado no prazo de trinta dias a ser computado a contar da primeira reclamao feita. competncia do juizado especial cvel. inocorrncia de decadncia. aplicabilidade do codecon. comprovao dos danos e do nexo de causalidade. condies de ao implementadas.( Recurso Inominado

Primeira Turma Recursal Cvel N 71001069624 Comarca de Gramado/RS)

} DA VEROSSIMILHANA DAS ALEGAES: a autora junta todos os documentos que comprovam a reteno do veiculo pelas concessionrias h mais de trinta dias, privando-a do uso normal a que se espera, alm do pagamento de obrigaes relacionadas com este bem.

} Do fundado receio de dano irreparvel ou difcil reparao: Sequer h notcia de qual defeito de fabricao atingiu o veculo, muito menos previso de entrega, criando situao de incerteza jurdica e impossibilitando o seu uso normal.

} Da Reversibilidade da medida: No h perigo de irreversibilidade, j que as Rs j receberam pelo bem, e, podem disponibilizar quando quiseram o veculo substitudo, aps os reparos e evidente, comunicar o novo adquirente de suas condies.

15Rua Benjamin Constant, 1706 CEP 86020-320 - ( 3321-7070 / Fax: 3324-8132

( [email protected] - www.pegoraroadv.com.brLondrina - PR