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1 a 31 de Julho • Casa Museu Casares Quiroga • A Corunha A OBRA BRANCA de GRACINDA MARQUES Há um provocação sublime no branco puro e casto dos quadros de Gracinda. Branco sem outro pigmento a não ser o branco. Na simplicidade desta candura a sua mão concebe a forma de aprisionar a luz. Há um desafio no desenvolvimento da configuração com improváveis subtilezas, que tão depressa se apagam como resplandecem na realidade magnifica da paisagem. Num mesmo quadro de Gracinda Marques poder-se-á sentir a emoção do nascer do dia, um pensamento furtivo ao meio-dia ou a rescendência dum final de tarde. A luz altera a forma. Os quadros apagam-se para reaparecerem como divindades em estrutura quântica entre os mundos. São vinhedos do Douro, mas também plantações de arroz ou de chá da Indonésia. Disse-lhe um dia que me lembravam os baixos-relevos que o vento faz nas dunas do Saara, tinham também algo de terra lavrada, ou as ondas das superfícies liquidas. Respondeu-me: e porque não o evoluir das nuvens, as formas do amor e da imaginação, o provir das coisas imprevistas e impercetíveis da vida. Se olhares melhor verás também o material e o espiritual. O passageiro e o eterno. Na evolução dos seus trabalhos a branco o abstrato é tão presente como o retrato de um rosto de pessoa conhecida ou uma árvore específica. Tudo se prende com a luz, consoante a forma de a aprisionar, de lhe dar caminho ou de lhe barrar o passo. Um amigo, frequentador do seu ateliê, garantia que o seu estilo faria caminho e no futuro os mais inovadoras edifícios, terão a marca da sua obra. Os óleos de Gracinda Marques viverão nas ruas das grandes cidades no mais puro mármore. Para os apreciar é preciso olhá-los com tempo e prazer. Não leve relógio. Deixe que a luz os desenrole lentamente. Augusto Macedo GRACINDA MARQUES – OBRA BRANCA

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1 a 31 de Julho • Casa Museu Casares Quiroga • A Corunha

A OBRA BRANCA de GRACINDA MARQUESHá um provocação sublime no branco puro e casto dos quadros de Gracinda.

Branco sem outro pigmento a não ser o branco. Na simplicidade desta candura a sua mão concebe a forma de aprisionar a luz. Há um desafio no desenvolvimento da configuração com improváveis subtilezas, que tão depressa se apagam como resplandecem na realidade magnifica da paisagem.

Num mesmo quadro de Gracinda Marques poder-se-á sentir a emoção do nascer do dia, um pensamento furtivo ao meio-dia ou a rescendência dum final de tarde. A luz altera a forma. Os quadros apagam-se para reaparecerem como divindades em estrutura quântica entre os mundos.

São vinhedos do Douro, mas também plantações de arroz ou de chá da Indonésia.

Disse-lhe um dia que me lembravam os baixos-relevos que o vento faz nas dunas do Saara, tinham também algo de terra lavrada, ou as ondas das superfícies liquidas. Respondeu-me: e porque não o evoluir das nuvens, as formas do amor e da imaginação, o provir das coisas imprevistas e impercetíveis da vida. Se olhares melhor verás também o material e o espiritual. O passageiro e o eterno.

Na evolução dos seus trabalhos a branco o abstrato é tão presente como o retrato de um rosto de pessoa conhecida ou uma árvore específica. Tudo se prende com a luz, consoante a forma de a aprisionar, de lhe dar caminho ou de lhe barrar o passo.

Um amigo, frequentador do seu ateliê, garantia que o seu estilo faria caminho e no futuro os mais inovadoras edifícios, terão a marca da sua obra. Os óleos de Gracinda Marques viverão nas ruas das grandes cidades no mais puro mármore.

Para os apreciar é preciso olhá-los com tempo e prazer. Não leve relógio. Deixe que a luz os desenrole lentamente.

Augusto Macedo

GRACINDA MARQUES – OBRA BRANCA

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Frequentou a E.S.B.A.L. Pintora e Desenhadora, começou a expor em 1966. Realizou a sua primeira exposição individual em Lisboa, no Palácio Foz, em 1972. Aí voltou a expor em 73 e 74, seguindo-se uma série de intervenções individuais em pintura e desenho. Destacam-se as da Galeria Grafil em Lisboa 77; Casa do Douro, Régua 79 e 88; Galeria Átrio, Vila Real 81 e 83; Museu Proença júnior, Castelo Branco 83; Abendgalerie, Osnabrüeck - Alemanha, 84; S.P.A., Lisboa 91 e em 99 em Lisboa e Porto; Caminha em 97; Tavira em 99. Em 2001, “O Douro de Gracinda Marques” exposição de homenagem a José António Rosas, que esteve em Vila Nova de Foz Côa, S. João da Pesqueira, Museu de Lamego e Casa das Artes no Porto. No mesmo ano expôs desenhos “Douro Roteiro Sentimental” na Casa do Douro - Régua, Ler Devagar,- Lisboa e Garfos e Letras - Porto.

Integrando o programa de actividades culturais que marcaram os 250 anos da Região Demarcada do Douro, em 2006, pintou e expôs, “Rostos do Douro”. No dizer da artista, tratou-se de «celebrar nesse momento da história, todos os construtores do Douro» A exposição inaugurou na Assembleia da República em Lisboa, Passou depois por Vila Real, Torre de Moncorvo, Sabrosa, Alhariz. Está neste período no Museu do Douro na Régua.

GRACINDA MARQUES

Viveu em Castelo Branco, Lisboa, Madrid, Paris, Osnabruek, Laum – Marão, Vila Real e Régua. Actualmente divide-se entre o seu ateliê na Régua e a cidade do Porto.

Expõe desde 1966.

Participou ainda em diversos certames, em Portugal e no estrangeiro, designadamente na Junta e Turismo da Costa do Sol, Estoril em 71; 72; 73; 74; 80; 81 e 86; “Bienal Internacional do Desporto nas Belas-Artes”, Madrid em 73; Associação Internacional dos Críticos de Arte, Lisboa 72 e Madrid, 71 e 73; “5ª Bienal Internacional de Ibiza”, 71; “Premi Internacional de Dibuix Joan Miró”, Barcelona, 74; 76; 77; 79; 81 e 82, Madrid, 81, Roménia - Bucareste, 79 e Lisboa, Fundação Gulbenkian, em 1974; “Premi de Castelles Joan Prats”, Barcelona 80; Escultura e Pintura em "Homenagem a João de Araújo Correia" - Galeria Átrio V ila Real, 85;Castelos de Portugal - Galeria de Arte do Casino Estoril - Estoril, 86; - Colectiva Integrada no "Primeiro Congresso do Rio Douro" - Vila Nova de Gaia; III "Exposição de Artes Plásticas, Fundação Calouste Gulbenkian" 86; Colectiva Integrada nas Jornadas da Educação - Vila Real; VII Salão de Outono - Galeria de arte do Casino Estoril - Estoril; " O Porto e Outras Terras do Norte" - Exponor - Porto; "O Norte na Pintura" - Exponor - Porto 92; " PORTARTE "- II Exposição Internacional de Pintura - Portimão, "24 Artistas Transmontanos" - Alfândega da Fé, 93; V Bienal de Escultura e Desenho - Caldas da Rainha;" Em 2001 representa as regiões vinícolas portuguesas em Cádiz na Feira Internacional do Vinho. Em 2004 participa expondo na colectiva da Cooperativa Sach - Porto” Em 2006 participa na mostra "Pelo Douro." Alfândega da Fé, Murça, Vila Flor e Lamego e ainda na Mostra Internacional "Douro Duero" organizada pelos serviços Culturais do Casino do Estoril e que percorreu diversas cidades em Espanha e Portugal. Em 2014 e 2015 a sua obra pode ser apreciada no Museu Soares dos Reis, no Porto, na mostra da Cooperativa Árvore e no Museu do Douro.

Além dos trabalhos em desenho, pintura e escultura, ilustrou obras de outros autores e publicou:

• “A Minha Casa de Madeira Feita de Pedra” – Assírio & Alvim;

• “Sabei Por Onde a Luz “, Com A.M. Pires Cabral. ” – Região de Turismo Serra do Marão;

• “Têm Tantas Histórias a Minha Casa” – Câmara Municipal de Caminha;

• “O Douro De Gracinda Marques” – Museu do Douro;

• “Ulix – Vamos Aproveitar o Lixo” – Mensagem 2004;

• “Tiorna – memorial do bem-estar” – Afrontamento 2006.

Prémios:

1974 1° Prémio de Desenho e 2° Prémio de Salão “Salão de Primavera”, Estoril;

1979 Menção Honrosa no “XVIII Premi Internacional Dibuix Joan Miró”;

1980 Prémio “Salão de Outono”, Estoril;

1981 Prémio“Salão da Primavera”, Estoril.