A ORAÇÃO

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Estudo Oração.

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    IGREJA BATISTA CIDADE UNIVERSITRIA

    A ORAO

    SRIE: AS PRIORIDADES DO SENHOR JESUS CRISTO _____________________________________________

    INTRODUO

    Esta a quinta mensagem da srie sobre as prioridades da vida espiritual, conforme a viso de nosso Senhor Jesus Cristo.

    Na primeira mensagem, abordamos a prioridade do Reino de Deus (Mt 6.33): Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus. Associamos quela mensagem a imagem de que fomos chamados para estar de joelhos diante do trono do nosso Deus e Senhor. A segunda mensagem foi sobre o quo importante dar ouvidos Palavra de Deus. A ilustrao que empregamos foi a de uma bicicleta, que Deus impulsiona para o lado que voc direciona. Se voc est desejoso de ouvir as verdades de Deus, Ele vai dar um empurro nessa bicicleta no sentido de voc entender mais e mais o Seu recado. Mas se, por outro lado, voc colocar a bicicleta em outra direo, ou seja, de indiferena Palavra, Ele tambm vai empurrar a bicicleta nesta outra direo, e o resultado ser de distanciamento e falta de discernimento. Na terceira mensagem, falamos sobre a prioridade do amor. O Senhor Jesus disse que este o segundo mandamento. A idia que temos de amar independentemente das condies. A figura que empregamos foi aquela que aparece em Joo 13: Jesus com a toalha na cintura, para servir como escravo, fazendo isso como expresso de amor. Na mensagem passada, falamos de uma expresso objetiva desse amor que o perdo. Talvez a figura que tenha ficado mais forte, pelo menos para mim, corresponde idia de me colocar como um juiz com o martelo na mo, pronto para declarar algum inocente, por mais que esta pessoa tenha me ofendido.

    A quinta prioridade, que estudaremos a partir de agora, a que trata da orao. Quando comeamos esta srie, fiz questo de salientar que essas prioridades no estavam colocadas necessariamente em uma ordem hierrquica. Portanto, embora esta seja a quinta mensagem, isto no significa que a orao venha em quinto lugar. Na verdade, a orao est intimamente relacionada primeira prioridade, que focaliza a busca pelo Reino de Deus.

    TEXTO: Mateus 6.9-13 PRELETOR: Pr. Fernando Leite DATA: 14/06/2009 MENSAGEM 05

    Da minha experincia e vivncia com relao orao, tenho observado o seguinte: mesmo as pessoas que mais se caracterizam por uma vida de orao sentem que ainda esto em falta com a vida de orao que deveriam ter. s vezes, tomo isto at como consolo para mim mesmo, pois certamente no me reconheo como um campeo nesta rea de orao.

    Quando olhamos, ento, para a pessoa do Senhor Jesus Cristo, a que as coisas se complicam, porque a Sua vida e os Seus ensinamentos acerca de orao so absolutamente marcantes. So perto de 100 versculos que narram alguma coisa sobre orao na vida de Jesus. Desses, 50 versculos so dedicados a descrever a vida de orao de Jesus, enquanto os outros 50 versculos so empregados para descrever os ensinamentos de Jesus sobre este tema.

    1. O exemplo do Senhor na orao

    Se ns nos restringirmos apenas primeira parte, a parte que fala sobre os exemplos de Jesus quanto a orao, meus irmos, como isto humilhante!

    impressionante observar como algum que aparentemente nem precisaria orar, mantinha-se orando intensamente. Em Lc 5.16, dito: Mas Jesus retirava-se para lugares solitrios e orava. Observe a forma verbal utilizada aqui, o pretrito imperfeito do indicativo: retirava-se, orava. Ela nos mostra que isto era algo habitual. H vrias passagens que relatam isso: * Lc 6.12: Num daqueles dias, Jesus saiu para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. * Lc 22.39: Como de costume, Jesus saiu para o monte das Oliveiras e os seus discpulos o seguiram. * Lc 22.41: Ele se afastou deles a uma pequena distncia, ajoelhou-se e comeou a orar.

    Portanto, era costume de Jesus sair para orar. Os discpulos, algumas vezes, iam com Ele, mas acontecia recorrentemente de Ele deixar os discpulos num lugar para ir orar sozinho. Era o Seu costume.

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    Veja o que dito em Mt 14.23: Tendo despedido a multido, subiu sozinho a um monte para orar. Ao anoitecer, Ele estava ali sozinho... Note agora o que dito em Mc 1.35: De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um lugar deserto, e ali orava. noite, Ele ia orar. De manh cedo ou mesmo antes do amanhecer, Ele ia orar. Era costume dEle ir a um local afastado, ficar sozinho e orar.

    2. O ensino de Jesus acerca da orao

    Os discpulos, ao verem isso, provavelmente sentiram o que eu mesmo sinto quando olho para os Evangelhos e vejo a vida de orao de Jesus. Veja esta passagem (Lc 11.1): Certo dia Jesus estava orando em determinado lugar. Tendo terminado, um de seus discpulos lhe disse: Senhor, ensina-nos a orar, como Joo ensinou aos discpulos dele. Observe: so cerca de 50 versos dos Evangelhos que narram o estilo de vida de Jesus, que tem uma vida que era marcada por orao. Os discpulos, de tanto v-lO sair para orar, se isolar para orar, levantar de madrugada para orar, dizem: Ensina-nos, Senhor. Ns no sabemos nada isso, no conhecemos isso. E foi respondendo ao clamor desses discpulos que Jesus passou a explicar como que devemos orar. disso que tratam os outros 50 versos.

    Sendo assim, eu gostaria de explorar aqui esses ensinamentos, mas talvez eu devesse comear falando sobre como no orar.

    O que orao? Como deve ser feita? Olhando para diversas passagens, vamos perceber ao redor de Jesus algumas pessoas praticando a orao de uma forma equivocada e o Senhor demonstrando que aquilo estava errado. Mas, alm de demonstrar o que estava errado, Ele apresenta tambm o jeito certo de orar. Vejamos algumas lies sobre os Seus ensinamentos.

    1 LIO: COMO ORAR

    Ao refletir sobre orao, talvez seja um pouco complicado imaginar quais as maneiras certa ou errada de orar. Podemos nutrir o pensamento de que certas coisas so espirituais em si mesmas e, portanto, elas so santas e sempre esto corretas. Mas, isto no verdade. Como tambm no verdade que certas coisas sejam em si mesmas ruins e, conseqentemente, erradas. Talvez algum possa pensar que jogar futebol coisa do demnio e, portanto, seja errado. Por outro lado, este algum poderia dizer que orao uma coisa boa, portanto, uma coisa certa. Mas, o Senhor nos mostra que no a coisa em si que faz com que ela seja certa ou errada. Assim, eu gostaria de explorar, com alguns

    exemplos, o que foi que o Senhor manifestou como sendo certo ou errado com respeito a orao.

    1 Exemplo

    Primeiramente, vamos observar o texto que est em Mt 6.5: E quando voc orarem, no sejam como os hipcritas. Eles gostam de ficar orando em p nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos homens. Eu lhes digo verdadeiramente que eles j receberam sua plena recompensa.

    O primeiro exemplo para o qual eu chamo a sua ateno este de fazer da orao uma oportunidade de projeo pessoal. Puxa, que pessoa espiritual! Que f! Que orao magnfica! Voc j teve a tentao de orar bonito para impressionar algum? (No precisa se acusar; eu sei que um monte de hipcritas ficaria em silncio diante desta pergunta.) Jesus aponta o exemplo (ou contra-exemplo) desses fariseus hipcritas.

    O que era um hipcrita? A palavra hipcrita era a palavra usada para designar um ator. Uma caracterstica desses atores que usavam mscara para representar um personagem. Acontece que, no teatro, quando um ator aparecia com a sua mscara, isso era normal, todos sabiam que ele estava representando, fazia parte do espetculo. Mas, no ambiente religioso, quando algum coloca uma mscara e age como um ator, isto repudiado por Deus. A orao no deve ser usada como meio para criar boas impresses em outras pessoas.

    Aquele fariseu citado por Jesus ficava em p na sinagoga e orava. Observe agora o que diz Jesus (Mt 6.6): Mas quando voc orar, v para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que est em secreto. Ento seu Pai, que v em secreto, o recompensar. Obviamente, isto no uma proibio de se orar em pblico. Paulo vai falar da importncia de os homens orarem com mos santas. Isto aqui uma exortao contra a atitude de orar para marcar pontos com pessoas. Que orao bonita! Quanta emoo! Como suas idias fluem!. No se trata disso.

    2 Exemplo

    H um segundo exemplo (ou contra-exemplo) que Jesus cita. Em Mt 6.7, Ele diz: E quando orarem, no fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagos. Eles pensam que por muito falarem sero ouvidos. Os pagos pensam que, por muito falarem, sero ouvidos. Imagine: h uma partida de futebol, mas no qualquer partida de futebol, uma final de campeonato. Os jogadores se renem e comeam a orar: Pai nosso que estais nos cus,

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    santificado seja o Teu nome... uma repetio comum em certas circunstncias crticas. O maior problema daquelas pessoas do tempo de Jesus (e que ocorre ainda hoje) que elas acreditavam que se ficassem orando, orando, repetindo, repetindo, uma hora Deus iria perceber que estavam ali.

    Eu posso partir deste mesmo pressuposto e concluir que preciso ficar repetindo algo para Deus, para faz-lO saber de alguma coisa e agir de uma dada maneira. Sabe, aquele tipo de orao: , Senhor! O Senhor no imagina o que aconteceu comigo... Ele sabe! A orao no um meio de informar algo a Deus. Deus sabe! O texto em Mateus diz (Mt 6.8): No sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocs precisam, antes mesmo de o pedirem. este o fato.

    Algumas coisas que Deus nos quer conceder em nossa vida, Ele s nos concede quando pedimos. Mas, entendamos uma coisa: a chave da orao no a obteno de respostas; a chave da orao a manuteno de um relacionamento. a manuteno de comunho com Deus.

    A idia que voc no leve o seu dia em silncio, mudo com Deus, mas que converse com o Senhor. Ao longo do dia, voc pode falar com Deus, inclusive comunicando coisas que necessita (no que Ele no saiba). Essa orao constante permitir que voc estabelea o relacionamento e a comunho que Deus quer que voc tenha com Ele.

    3 Exemplo

    H um terceiro exemplo. Vejamos Lc 18.9,10: A alguns que confiavam em sua prpria justia e desprezavam os outros, Jesus contou esta parbola: Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano. Note agora como Jesus descreve as atitudes de cada um desses homens (Lc 18.11-12): O fariseu, em p, orava consigo mesmo: Deus, eu te agradeo porque no sou como os outros homens: ladres, corruptos, adlteros, nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dzimo de tudo o quanto ganho. Na verdade, este homem tinha uma profunda autoconfiana em sua maneira de viver. Ele achava que alguns aspectos da sua religiosidade lhe permitiam ser arrogante, julgando que tinha algum crdito com Deus. Em seguida, o texto se refere ao publicano, que era algum considerado como marginal na sociedade judaica (Lc 18.13): Mas o publicano ficou distncia. Ele nem ousava olhar para o cu, mas batendo no peito, dizia: Deus, tem misericrdia de mim, que sou pecador. E Jesus conclui em favor do publicano (Lc 18.14): Eu lhes digo que este

    homem, e no o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois quem se exalta ser humilhado, e quem se humilha ser exaltado. No h nenhuma possibilidade razovel de nos aproximarmos de Deus e dizermos a Ele: Eu sei que eu mereo isso ou aquilo. Ns estamos to aqum do padro de Deus, to aqum do Seu carter, to aqum da Sua pureza, que isto simplesmente impensvel. Como eu gosto quando Paulo diz (1 Co 4.4): Ainda que minha conscincia no me acuse de nada nem por isso eu me dou por aprovado. Ns no podemos orar de cima para baixo, ou de igual para igual com Deus, dizendo a Ele o que que merecemos. Antes de tudo, reconhea quem voc . E quem Deus.

    4 Exemplo

    Para concluir esta primeira lio sobre como (no) orar, quero apresentar um quarto exemplo. Em Mateus 23.14, Jesus diz: Ai de vocs, mestres da lei e fariseus, hipcritas! Vocs devoram as casas das vivas e, para disfarar, fazem longas oraes. Por isso sero castigados mais severamente. Na verdade, esses a quem Jesus se refere aqui usavam a orao para escamotear uma negligncia, um pecado, uma violao, mas eles oravam e a orao causava uma boa impresso. Eles empregavam a orao simplesmente como um pretexto. A busca no era falar com Deus, mas passar algum recado, fosse qual fosse. E este recado poderia implicar at em ocultar alguma atitude pecaminosa. E o Senhor diz: No desse jeito que vocs devem orar!

    2 LIO: PELO QUE ORAR

    Filtradas essas formas equivocadas de orar, eu gostaria de olhar agora pelo que orar ou ento como orar, focalizando o que fazia parte da orao do Senhor Jesus. * Quais eram as Suas falas? * Quais eram as Suas expectativas quando Ele orava? * Quais eram os Seus pedidos? * Quais eram as Suas declaraes? * Quais eram as necessidades que Ele manifestava em orao?

    Lembre-se: os discpulos chegam para Jesus e pedem: Senhor, ensina-nos a orar. Alm do exemplo pessoal que Jesus vinha dando com as Suas prprias atitudes, Ele passa a dar informaes objetivas sobre como que se ora e pelo que se deve orar.

    Assim, eu quero chamar a sua ateno, nesta segunda lio, para oito princpios, oito motivos pelos quais orar. Trata-se princpios e motivos que podemos encontrar nas orientaes que o Senhor deu aos Seus discpulos.

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    1 Princpio

    Observe o texto de Mt 6.9: Vocs orem assim: Pai nosso, que ests nos cus... A orientao de Jesus para Seus discpulos foi: Quando orarem, vocs devem se dirigir ao Pai. interessante Ele dizer: Pai nosso... A idia que a orao mais do que a orao de um indivduo, do povo de Deus, da famlia de Deus. Com esse princpio, Ele est dizendo: A orao deve fazer parte da vida de vocs, esta orao uma conversa com o Pai. Poder haver outras pessoas presentes, mas a sua orao para Deus.

    Algumas vezes, encontrei pessoas com certos receios ou escrpulos de orar em pblico. Orao no uma oportunidade de manifestar capacidade de oratria; orao o jeito de conversar com seu Pai Celestial. Eu no tenho dvida, o Pai anseia ouvi-lo, o Pai anseia conversar com voc, o Pai anseia poder se aproximar do filho e ouvir sobre as suas tribulaes, suas expectativas, suas angstias, seus desafios, suas necessidades. Portanto, com este princpio, Jesus ensina: Voc deve orar ao Pai, dirija-se a Ele, converse com Ele.

    2 Princpio

    O segundo princpio para o qual eu chamo a sua ateno que a orao visa primeiramente os interesses de Deus. Observe o texto de Mt 6.9,10: Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade... O pronome aqui sempre voltado para a segunda pessoa. A orientao de Jesus para ns a seguinte: A sua orao tem que olhar da perspectiva de Deus. Lembre-se: a primeira prioridade foi o Reino de Deus. Quando eu encontro a Cristo e reconheo que Ele a Autoridade, Ele o Senhor, Ele o Rei, eu passo a viver em funo deste Reino. E em funo deste Reino que eu devo orar.

    Santificado seja o teu nome: Ser santificado significava originariamente ser separado, ser cortado. No caso de Deus, significa ser distinguido. A idia aqui : Senhor, o meu desejo que o Teu nome seja visto pelas pessoas de uma maneira diferente daquela que as pessoas vem em qualquer outro nome. A minha orao para que conheam e respeitem o Teu nome e quem Tu s. O nome a identidade de Deus. Senhor, faz o Teu nome conhecido. Que o Teu nome seja honrado.

    Mas no somente isso. Ele diz tambm: Senhor, venha o Teu Reino. Algum que tenha bom senso no pode chegar para Deus e dizer: Faa isso ou faa aquilo. O Reino dEle! Ele quem tem a autoridade.

    Dias atrs, minha esposa estava conversando com algum, contando sobre uma situao crtica em nossa

    vida e de como Deus deu um jeito naquela situao. A pessoa perguntou para ela: Ento voc determinou para o Senhor fazer isto? E ela: Claro que no! Quem sou eu!? Deixamos na mo dEle. O Reino dEle. Ento, quando eu digo venha o Teu Reino, a idia : Senhor, faz com que a Tua vontade seja parte desse grupo, dessa sociedade. Que o Senhor seja a autoridade em nosso meio. E isto pode ter uma viso escatolgica do dia em que eu creio que Jesus voltar e reinar na Terra.

    Por conseguinte, na seqncia, Ele diz: ... e a Tua vontade seja feita. Observe: eu no vou chegar para Deus e dizer: Senhor, as minhas vontades do dia so tais, tais e tais. Anota a, por favor. A orao no um meio de voc obter o que quer de Deus. A orao no foi um meio que Deus disponibilizou para voc fazer dEle o seu parceiro em uma vida consumista. Senhor, no se esquea do carro, da casa, da roupa... No se trata aqui da existncia de vrios reininhos pessoais e de Deus correndo atrs para satisfazer tudo. Senhor, seja feita a Tua vontade. Quem sabe, voc devesse se dirigir a Deus e dizer: Senhor, esta situao que eu estou passando no o que eu queria. Eu gostaria de dizer para o Senhor que eu no quero esta situao, mas o Senhor o soberano. Seja feita a Tua vontade. Eu no estou nem sequer enxergando para que isto me serve, nem sequer estou enxergando como eu posso sair desta, mas seja feita a Tua vontade.

    Este segundo princpio faz da orao no um jeito de voc fazer com que Deus seja um aliado para as coisas que voc quer, mas mostra a orao como modo de ajudar voc a se sintonizar com o Nome, com o Reino e com a Vontade de Deus. Perceba: na orao de Jesus, at aqui no pareceu eu, mim, comigo, nada disso. O centro aqui o nome do Senhor.

    3 Princpio

    O terceiro princpio da orao o princpio de pedir aquilo que essencial para o dia-a-dia de um cidado do Reino de Deus. Ele diz (Mt 6.11): D-nos hoje o nosso po de cada dia. Interessante: o pedido aqui foi o po, no foi o fil. Foi apenas o bsico. A idia : O que que eu preciso para viver e cumprir com a vontade de Deus? Para estar sujeito a esse Rei? Para ser algum que anuncia a Palavra, o Nome desse Deus?

    Isto no significa que Deus vai dar somente o bsico. Deus tem dado provas, conforme diz Paulo, que para o nosso prazer que Ele nos d alm do que ns precisamos. No h nada de errado em ter alm de po e algo para colocar dentro dele. Mas, lembre-se disso: precisamos ter conscincia de que o suprimento para o dia-a-dia vem dEle.

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    Ah! Mas eu trabalho numa multinacional, tenho um bom plano de carreira... Bobagem! J vi dezenas de pessoas que confiaram em seus cargos, em suas empresas, em sua empregabilidade, quebrarem a cara. Quem sustenta voc no a sua empresa. Quem me sustenta no a igreja. Quem sustenta a todos ns o Senhor! Ele quem d capacidade para o trabalho, Ele quem lhe d fora, Ele quem no permite acontecer um A.V.C. que lhe deixe como uma alface para o resto da sua vida. Ns precisamos, no nosso dia-a-dia, colocar diante do Senhor Deus as nossas necessidades bsicas, para viver em funo do Seu Nome, do Seu Reino, da Sua Vontade. Sustenta-me, Senhor! E certamente podemos colocar vrios pedidos aqui, para que Deus nos d algo que no seja apenas o nosso sustento bsico no que tange s nossas necessidades fsicas.

    4 Princpio

    Chamo a sua ateno agora para um quarto princpio. o princpio de acertar as nossas dvidas com Deus. Tirar qualquer impedimento que no nos permita desfrutar do que Deus tem para ns.

    Na mensagem passada, ao falar sobre perdo, observei que se eu no perdo as pessoas, eu no tenho como desfrutar no meu cotidiano do perdo de Deus. o que Ele diz aqui (Mt 6.12): Perdoa as nossas dvidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. Eu posso ter desfrutado do perdo de Deus por Cristo que morreu por mim na cruz, mas, mesmo tendo sido salvo, resgatado, redimido, no dia-a-dia, eu vou pecar.

    Quantas vezes voc pecou esta semana? Eu creio que a lio de Deus aqui que ns no podemos ser vulgares e levianos com os pecados que cometemos. Nossos pecados nos afastam do nosso Deus. Joo nos fala sobre isso: impossvel pecarmos e mantermos comunho com Ele. fundamental que ns confessemos os nossos pecados. Devemos chegar diante de nosso Deus e reconhecer: Oh, Senhor! O Senhor conhece os pensamentos que passam pela minha cabea agora. Pensei indevidamente acerca daquela mulher. Oh, Senhor! O Senhor conhece os meus pensamentos. O Senhor sabe o quanto fiquei nutrindo aquele ressentimento. Voc deve reconhecer os seus pecados para desfrutar do perdo de Deus.

    Agora, meu irmo, minha irm: isto para ser parte do nosso dia-a-dia. Esta no orao apenas do domingo de manh, esta orao de todos os dias. A confisso do pecado deve ser parte do nosso dia-a-dia para acertarmos as nossas faltas com Deus. Lembra-se do exemplo de Jesus (Lc 23.34a): Pai perdoa-lhes porque no sabem o que fazem. Confessar deve ser parte

    da nossa rotina. A confisso deve ser constante para que desfrutemos do perdo de Deus e restauremos a nossa comunho com Ele.

    5 Princpio

    Continuando os ensinamentos sobre como orar, Jesus diz (Mt 6.13a): E no nos deixes cair em tentao. O quinto princpio aqui fazer da orao a busca pela capacitao da vida que Deus tem para ns. As Escrituras dizem objetivamente que temos um corao totalmente marcado pelo pecado, totalmente depravado. Mas, no assim mesmo? Algum precisa ler as Escrituras para reconhecer que isso verdade?

    Caso voc no saiba, deixe-me dizer: no s no seu corao que passam idias pecaminosas. Nos coraes das pessoas que esto sua volta tambm. Ns todos temos um corao marcado pelo pecado e por ele passam tentaes de diversas ordens.

    importante trabalharmos com essas tenses e inclinaes para pecar. Mas, Deus diz: Pea para mim para no deixar voc cair em tentaes. Devo confessar, esta a minha orao mais constante: Senhor, eu estou sendo tentado! No sei como sair disso, livra-me desse pensamento. Algumas vezes, eu digo assim: Senhor, eu estou gostando tanto deste pecado, que me parece to quentinho que eu no quero nem orar. Mas, Senhor, livra-me desta disposio errada e d-me vontade de querer obedecer. E qual no a minha surpresa quando, de repente, olho para trs um ou dois dias depois, e digo: Como Ele fez sumir aquele pensamento?

    Meus irmos, o segredo da vida crist no como Dostoivski sugere, que ns vamos parecer mais dignos na medida em que a gente conseguir esconder estes absurdos que passam em nossa alma. Na verdade, somos mais dignos quando chegamos diante de nosso Deus e dizemos: Livra-me. No me deixe cair em tentao.

    Quantos no foram os que pensaram nesta semana: No agento mais esta mulher. Quantas no disseram: No agento mais meu marido. Meus irmos, o Senhor Jesus diz: V at o Pai e pea a Ele capacidade para no pecar. Eu sei que existem outras coisas necessrias para no pecar, mas Ele diz aqui: Ore! Pea! Ele lhe capacita!

    6 Princpio

    Na seqncia, Jesus diz: Mas livra-nos do mal. Talvez a idia aqui seja livrar-nos do Maligno. A palavra para mal e maligno a mesma, e talvez aqui seja uma referncia a Satans, ou ainda, no caso da tentao, seja

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    uma referncia a este mal que vem do corao. No importa. Se voc est se sentindo ameaado pelo seu corao, se voc est sendo ameaado por algum fator externo, voc pode chegar para Deus e dizer: Livra-me do mal. E pode descansar nisso. um princpio da orao, parte da nossa vida de orao. Foi o Senhor Jesus mesmo quem disse em Jo 17.15: No rogo que os tire do mundo, mas que os protejas do maligno.

    Observe: quando eu olho para os padres do corao humano e as ameaas que os filhos de Deus sofrem neste mundo, tenho que reconhecer que somos por ns mesmos vtimas absolutamente frgeis diante das ameaas. No toa que as Escrituras escolheram a figura de uma ovelha para descrever quem somos ns. A ovelha um animal que no sobrevive se no contar com o cuidado humano. Da mesma maneira, cada um de ns s vai conseguir passar por esta vida e sobreviver nela dentro dos padres de Deus se depender da alimentao e dos cuidados do Pai, da libertao da tentao, da proteo do Maligno, que nos ameaa.

    7 Princpio

    Tambm faz parte da orao o stimo princpio, que trata de reconhecer quem Deus (Mt 6.13c): Porque teu o Reino, o poder e a glria para sempre. Ele reconhece: Senhor, o Reino Teu. O poder, a energia, a capacitao, tudo isso vem de Ti. E toda glria, toda honra, todo valor tambm vem de Ti.

    Portanto, a orao tambm o momento de reconhecermos quem Deus . Por qu? Sabe o quanto Deus precisa do nosso reconhecimento sobre quem Ele ? Zero! Ns podemos precisar dessas coisas, mas Deus no precisa. Porm, medida que reconhecemos essas caractersticas de Deus, isso fortalece o nosso corao e nos estimula. Ento, a adorao e esse reconhecimento de que o Senhor a Autoridade tem que ser parte de nossa orao. Senhor, o poder e a capacitao vm de Ti; a honra e a glria tambm.

    8 Princpio

    Por fim, ligado com isto tambm, temos o ltimo princpio (Jo 6.11): Ento Jesus tomou os pes, deu graas e os repartiu entre os que estavam assentados, tanto quanto queriam; e fez o mesmo com os peixes. Interessante isso. Esta a orao mais comum na boca do Senhor Jesus: o dar graas. As refeies eram boas oportunidades e Ele nos ensina com isso a dar graas. No foi s nesta situao. Em outras situaes, Ele tambm deu graas. No episdio da ressurreio de Lzaro, por exemplo (Jo 11.41): Ento tiraram a pedra.

    Jesus olhou para cima e disse: Pai eu te agradeo porque me ouviste. Pelo que voc tem dado graas? Voc tem parado para olhar e ver o que Deus tem lhe concedido? to fcil passarmos pelas pessoas que nos servem e ignorarmos o que elas esto fazendo, seja um garom, seja algum que nos faz um favor. Acaba sendo fcil tambm esta mesma indiferena e falta de polidez estar presente no nosso relacionamento com Deus.

    Muitos devem estar passando por momentos difceis nesses dias. No tenho dvida disso. Voc mesmo pode estar nesta situao. E se for assim, voc j deu graas a Deus por isso? Pelo que Ele, na sua soberania, est permitindo voc passar? Mesmo que sejam momentos difceis, seja grato.

    3 LIO: QUANDO ORAR

    J falamos aqui sobre como orar e sobre pelo que orar. Agora vamos refletir sobre quando orar.

    Em Lc 18.1, dito: Ento Jesus contou aos seus discpulos uma parbola, para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e nunca desanimar. Quando olho para a vida terrena do Senhor Jesus, observo que Ele orava antes de grandes decises, antes de situaes crticas que se aproximavam, mas percebo que isso no ocorria apenas nesses momentos cruciais. A questo que orar era parte do Seu estilo de vida, Ele orava sempre. Vrias vezes, aconteceu de Ele estar diante de crises, diante de apertos, mas era do Seu estilo de vida orar sempre, e a instruo dEle para os seus discpulos que deviam orar sempre e nunca desanimar. Quero destacar dois pontos sobre quando orar:

    1. Orar deve ser parte da vida cotidiana

    A partir do texto de Lucas citado acima, eu diria que, em primeiro lugar, a orao deve ser parte do nosso estilo de vida. Voc saiu de casa para o trabalho: no caminho, voc deve procurar estar dialogando com o Senhor. Diante da refeio, esteja orando. Ou seja, inclua no seu cotidiano a presena do Senhor.

    2. Dedicar ocasies especiais

    Em segundo lugar, pensando em orar sempre, eu vejo o Senhor separando tempo para isso em momentos especficos tambm. Orar no era s parte do Seu estilo de vida, mas era costume dEle separar tempo para orar. A quantos de ns no acontece de perder o sono de madrugada? Tem ocorrido a voc de que essas so oportunidades de se levantar e orar? Mas to fcil, com o controle remoto, ir logo ligar a TV, no ? Resista.

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    Acordou, perdeu o sono, nem olhe para o controle remoto. Primeiro a orao: No me deixes cair em tentao. Tenha uma lista de pessoas por quem orar, pelo que orar. Mas, independentemente de se ter perdido ou no o sono, tem que ser parte do nosso estilo de vida colocar na agenda que tais e tais dias vamos acordar mais cedo para orar. Ou noite, ter um tempo para orar.

    Vrios de ns valorizam ter a sexta-feira noite livre para sair, ir a um restaurante ou o que for. Eu estou sonhando com o dia que acontea de convidar algum para sair, digamos, para um show, e a pessoa ter uma desculpa: No posso ir, vou ter uma reunio de orao neste dia. Era parte do estilo de vida de Jesus ter momentos especficos para orar. Mas era tambm parte do estilo de vida de Jesus orar a todo momento.

    Estilo de vida e dedicao especial em ocasies especficas. Quando? Sempre. Quando? Separe um momento.

    CONCLUSO: O QUE ESPERAR?

    Por fim, eu quero enfatizar uma verdade que, muitas vezes, tem sido mal entendida. Em Jo 15.7, Jesus diz: Se vocs permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocs, pediro o que quiserem, e lhes ser concedido.

    H aqui um compromisso de Deus em atender o que eu quiser? Sim e no. dito objetivamente: Se vocs permanecem em mim, se as minhas palavras permanecem em vocs... Ou seja, a idia aqui que haja plena sintonia e harmonia com Deus. Nessa condio, em que mente e corao esto sintonizados com Deus, quando passamos a pensar, desejar e querer o que est no corao de Deus, Ele fala: Pede e eu lhe dou. Ou seja, isto no uma promessa de atender aos caprichos humanos, mas uma promessa para aqueles que esto sintonizados com o Rei, a servio do Reino.

    Num outro texto, Jesus diz (Jo 15.16): Vocs no me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem o fruto, fruto que permanea, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome. Vamos imaginar que algum que precise de alguma coisa de nossa igreja se dirija a quem administra isso e diga: O pastor Fernando me mandou tratar com voc sobre este assunto. Esta uma situao que j aconteceu. S que a pessoa da igreja desconfiou de algo e me perguntou: Voc conversou com tal pessoa sobre isso? Eu disse: No! A pessoa somente usou o meu nome para obter algo que ela queria. No se trata da mesma coisa aqui.

    Quando eu me coloco diante de Deus para, em nome de Jesus pedir alguma coisa, eu no vou usar o nome de dEle para conseguir o que eu quero. Eu vou, em nome de Jesus, com a anuncia, com a concordncia, com a bno do Senhor Jesus, pedir ao Pai o que j est em sintonia com Ele mesmo. Portanto, no pense que a orao seja o seu jeito de forar Deus a fazer o que est no seu corao. Orao o jeito de, com o corao sintonizado em Deus, desejar o que Deus mesmo deseja e, em nome de Jesus, pedir. O que for pedido dessa forma, ser concedido. esta a promessa desse texto.

    Concluindo, quero lembrar o que mencionei no incio: olhar para a vida de Jesus e para os Seus ensinamentos sobre orao uma fonte de humilhao, pois estamos muito distantes disso. Mas, tambm fonte de inspirao. Meu irmo, minha irm, esta uma prioridade muito importante: continuar orando e orar continuamente.

    Vamos orar agora: Pai celestial! Queremos Te agradecer por este tempo em que estamos sendo lavados por estas verdades que provm do Teu filho, por sua vida de orao; que a vida e o ensino dEle sejam para ns momentos de confrontar com o nosso estilo de vida e a nossa seriedade no que tange orao. Que as cinqenta abordagens sobre o assunto, ou as cinqenta expresses da Tua prtica, revelem para ns, de maneira suficiente, o quanto importante incluirmos no nosso dia-a-dia uma vida de orao contigo. Pai celestial, eu oro em nome de Jesus. Amm.

    Mensagem das Sagradas Escrituras apresentada na Igreja Batista Cidade Universitria (IBCU), Campinas - SP. Publicao do Ministrio de Comunicao da IBCU. Esta verso contm modificaes em relao ao udio, que est disponvel em nosso site (www.ibcu.org.br). Para receber cpias em CD, escreva-nos ou ligue-nos. Ministrio de Comunicao - Igreja Batista Cidade Universitria Rua Tenente Alberto Mendes Jr., 5 Vila Independncia Campinas - SP - CEP 13085-870. Fone: (019) 3289-4501. E-mail: [email protected].