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A Ordem Econômica na Constituição de 1988 – as formas de atuação do Estado na economia Maria Tereza Leopardi Mello IE-UFRJ [email protected]

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A Ordem Econômica na Constituição de 1988 – as

formas de atuação do Estado na economia

Maria Tereza Leopardi MelloIE-UFRJ

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1. Princípios gerais da atividade econômica;

2. Política Urbana;

3. Política Agrária

4. Sistema Financeiro Nacional

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Os princípios gerais ...Entendimento dos princípios elencados no art. 170:I. Soberania nacional;II. Propriedade privada;III. Função social da propriedade;IV. Livre concorrência;V. Defesa do consumidor;VI. Defesa do meio ambiente;VII. Redução das desigualdades;VIII. Pleno emprego;IX. Favorecimento de pequenas empresas;X. Livre iniciativa (parágrafo único)

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Os princípios gerais ...

Princípios – enunciados genéricos e muitas vezes ambíguos, que requerem interpretação (cujo sentido acaba sendo fixado por interpretação).São regras que se dirigem principalmente às autoridades e ao legislador.•Em geral, não geram direitos (no sentido subjetivo), mas orientam políticas, algumas das quais se destinam a mudar uma situação dada – redução das desigualdades, e.g.)•Alguns são previstos concretamente pelo sistema jurídico - são objeto de legislações específicas: livre concorrência, defesa do consumidor e meio ambiente, tratamento favorecido a pequenas empresas (art. 170, IV, V, VI e IX, respectivamente).

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Os princípios gerais ...Função social da propriedade (idéia de que a propriedade

obriga – implica, pois, um limite à liberdade privada de usar ou não usar ...)

Livre concorrência (entendida como processo competitivo, cuja existência se supõe ser de interesse para a sociedade – v. tb art. 173, par. 4, prevendo uma lei antitruste);

Defesa do consumidor (não se confunde com defesa da concorrência, embora tenham intersecção);

Livre iniciativa (parágrafo único) - princípio da legalidade (art. 5º, II) – só a lei obriga; princípio da legalidade pode ser visto como contrapartida da liberdade individual.

- importante notar o tipo de instrumento normativo: lei é diferente de decreto, de resolução, portaria etc. (diferença entre atividade normativa primária e secundária do poder executivo.)

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A atividade econômica – art. 173• Ressalvados os casos previstos nesta

Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

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A atividade econômica – art. 173• Ressalvados os casos previstos nesta

Constituição,

• a exploração direta de atividade econômica pelo Estado

• só será permitida quando necessária aos imperativos de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo,

• conforme definidos em lei.

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A atividade econômica

• Regra geral: área do setor privado• Exceções: o Estado pode explorar diretamente

a atividade econômica em casos de segurança nacional ou interesse coletivo (art. 173);– essas hipóteses devem ser definidas em lei;– regra geral, a atuação do Estado nesses termos

deve se dar em regime de concorrência (art. 173, §§ 1o e 2o);

– ressalvas são expressas (art. 177, e.g.)

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Comparar

• Art. 173 da CF 1988

• Art. 163 da CF de 1967/69: “São facultados a intervenção no domínio econômico e o monopólio de determinada indústria ..., quando indispensável por motivo de segurança nacional ou para organizar setor que não possa ser desenvolvido com eficácia no regime de competição e liberdade de iniciativa, ...”

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Serviços Públicos – art. 175

• As atividades consideradas como serviços públicos são atribuídas ao poder público (poder-dever).

• Uma vez definida como tal, sujeita-se a um regime jurídico diferenciado:

– Estado tem obrigação de provê-la;

– particulares só entram sob contrato (concessão);

– Poder público mantém poder de direção e controle do serviço público concedido.

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Serviços Públicos ...

“... é o Estado, por meio de lei, que escolhe quais as atividades que, em determinado momento, são consideradas serviços públicos; ... isso exclui a possibilidade de distinguir-se, mediante critérios objetivos, o serviço público da atividade privada; esta permanecerá como tal enquanto o Estado não a assumir como própria”. Di Pietro.

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Serviços Públicos previstos na CF:

Privativos - são exclusivos do poder público; particular só atua mediante contrato de concessão:

- art. 21, X, XI, XII (atribuídos à União)

- art. 25, § 2o – gás canalizado (atribuído aos Estados);

- art. 30, V – transporte coletivo urbano (atribuído aos Munícípios)

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Serviços públicos

• Não privativos – não são exclusivos do Estado; particular atua mediante autorização:

– Saúde;

– Educação;

– Previdência social.

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Art. 174

• O Estado como agente normativo e regulador deve exercer as funções de incentivo e planejamento.

• Planejamento: a intervenção do Estado deve ser racional, mediante formulação explícita de objetivos e meios de ação (trata-se de planejamento do desenvolvimento e não da economia)

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... Art. 174 ...

• Estado – agente normativo da atividade econômica: tem o poder de estabelecer as regras gerais do jogo (e, portanto, limites à ação dos agentes privados).

E. Grau: Estado atua por direção - impõe normas cogentes, comandos imperativos de certos comportamentos ( o que, em geral, é feito pelo Legislativo, embora administrado pelo Executivo).

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... Art. 174 ...Políticas de incentivo - direcionam os

comportamentos dos agentes privados (particularmente, investimentos). Afetam variáveis do cálculo econômico (no nível microeconômico), induzindo decisões que não seriam adotadas na ausência da ação estatal.Estado atua por indução – tipo de intervenção que estabelece sistema de estímulos, mas os destinatários não são obrigados a aceitá-los – a decisão pemanece autônoma.

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Intervenção na propriedade imóvel: política urbana

Intervenção do Estado na propriedade privada, na tentativa de direcionar as formas de uso do solo.

A propriedade imóvel urbana cumpre sua função quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor (art. 182, § 2o)

O Município pode exigir do proprietário do solo não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento (art. 182, § 4o ).

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Intervenção na propriedade imóvel: política agrária

Função social da propriedade rural – art. 186:

a) aproveitamento racional e adequado (basicamente rendimento da produção por área);

b) preservação do meio ambiente;

c) observância da legislação trabalhista e

d) exploração que favoreça o bem estar de trabalhadores e proprietários.

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Intervenção na propriedade imóvel: política agrária

• Descumprimento da função social sujeita o imóvel a ser desapropriado para Reforma Agrária (art. 184), desde que a propriedade seja grande e improdutiva (art. 185).

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Em suma: formas de atuação do Estado na Economia

Serviços públicos

Atividade própria do Estado

Art. 175

Atividade Produtiva (atividade econômica)

Intervenção do Estado em área alheia

Art. 173 Participação

Atividade normativa

Normas cogentes que limitam a liberdade dos agentes – “regras do jogo”

Art. 174

Direção

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... Formas de atuação do Estado ...

Políticas de incentivo

Direcionamento da atividade econômica mediante sistema de estímulos

Art. 174

Indução

Intervenção na propriedade imóvel

Políticas Urbana e Agrária Arts. 182;

184 a 186