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 ·< ' f:: i':~;',(' iIf'I(1f': ,.: . Y fI Ir. ''')'i1''' ''-~~~~4q ** ;:;;;QA;;;'A ;:;,~ If ':: ~~\'I ''''>: ' ,~ ', , ', I  rti o 1. Ten ent isma, Exército e Est4do; 2. O tenentis mo e a sociedade; 3. Conclusão.  organização burocrática  xército na exclusão do tenentismo Maria Cecilia Spina Forjaz ProfessOl fl no Departamento de FundIlmentol Sociai8 e Jur{diCOl (FSJ) dIl EAESP/FGV. 1. . TENENTISMO, rurnRCITO E ESTADO A compreensão do significado político do ten ntismo passa necessariamente por uma análise do Exército, en- quanto organização; nessa perspectiva, o fenômeno mais abrangente e significativo, ao longo da Primeira Repú- blica, foi o processo de modernização e profissionaliza- ção das Forças Armadas brasileiras. ' Desse processo privilegiamos três aspectos princi pais: o estabelecimento do serviço militar. obrigatório; a profissi on alização Cr escent e do-ensíno militar; a mo de r- nização do equipamento e da estruturaorganízacional do Exército brasileiro. . Limitamos nossa análise ao Exé cito por várias ra- zões. Ele foi (e contínuasendo) a mais poderosa das três armas, tanto do ponto de vista político, quanto dopon- to de vista organizacional. (a Aeronáutica apenas começa a ser criada já no fim da Primeira República). O movi- mento tenentista se desenvolveu príorítaríameate entre oficiais do Exército, sendo mais reduzida a participaçã o da. Marinha. Além dessas razões, já suficientemente for- tes, acrescenta-se o fato de que são muito raros os estu- , dos sobre a evolução da Marinha brasileira. Até 1916 o recrutamento dos praças do Exército, brasileiro era voluntário e no caso de nfo preenchimento dos efetivos, o que freqüentemente acontecia, proce- der-se-á a recrutamento forçado e o recrutado servirá por seis anos, receberá somente soldo simples, será condu- zidopreso ao quartele nel conservado em segurança até que a disciplina o constitua em estadode se lhe 'facultar maior liberdade't. . . EsSe sistema d e recrutamento impl ic ava a absorção pelo' Ex ér cito dos setore s mais' care nt es e desqualificados das classes populares incluindo marginais, mendigos, vagabundos, desempregados etc. A oficialidade era re - crutada na classe média e as classes dominantes tinham uma milícia própria, a Guarda Nacional, na qual serviam os cidadãos com renda anual superior' a 100$000. Dessa forma, o Exército ainda não era uma instituição nacional e não mantinha o monopólio do uso legítimo da violên- cia, nem para cumprir funções constitucionais de manu- tenção da ordem in erna eda segurança externa. Além da Guarda Nacional, as Polícias Militares esta- duais rivalizavam com o Exército no exercício dessas funçõ es . Er am verdadeiros exér ci tos regionai s, contro- 'lados pelas oligarquias, principalmente as de São Paulo e Rio Grande do Sul, poderosas em efetivos, equipamen- tos e tr ei namento de se us homens. , A implantação do sorteio militar universal, conse- guida a s intensa campanha que se desenvolveu desde fins do culo XIX, transformou profundamente o Exér- cito. O istamento obrigatório em todas as camadas da popúlaçã , a extinção da Guarda Nacional e a abolição do divór io entre Exército e elites civis fortaleceram a i stituiça , aumentaram seu prestígio e constituíram um primeiro passo no sentido de tomá-la verdadeiramente nacional. I Out a conseqüência direta da adoção do servíço.mi- litar obri atório foi o aumento dos efetivos militares e a renovaçã dos equipamentos: Dans ce domaine les progrês ont été remarquables. Malgré les difficultés budgétaire du pays les acquísítions d'armes furent relatí- vement importantes. On pourrait signaler surtout I'adop- tion de r aviation, .de l'artillerie de tir rapide et d'ínstru- ments modernes de communícatíon.vã . , Quanto à profissionalização d ensino militar,3 foi uma tendência crescente nas sucessivas reformas dos re- gulamentos da Escola Militar, do Realengo, que funcio- nou e 1911 a 1944. A partir de Um ensino eminentemente teórico e vol- tadoprioritariamente para a formação científica dos cadetes, orientação implantada pelo positivismo domi- nante em fins do século XIX, caminhou-se de forma gra- dativa para um en si no técnico-milita r prof is sionalizante, sendo o auge dessa orientação o regulamento de 1919, d a academia milita r. A mode~ação do Exército brasileiro está intima- mente ligada à influência estrangeira+ e seria importante descrever de modo sucinto as principais iniciativas nesse sentido. Por iniciativa do Marechal Hermes da Fonseca e do Barão do. Rio Branco, visando a remodelação do Exér- cito brasileiro foram enviados oficiais para estagiar no Exército alemão; cons id erado O melhor do mundo na época: <tA primeira turma, de quatro oficiais apenas, ingressou nos corpos da tropa daquela modelar organí- zação mãítar em I? de outubro de 1906; a segunda, dois anos depois; a terceira e última, composta de 22 oficiais, em I? de outubro de 1910, ser vin do arr egimen tad os, como sefossem oficiais alemães, durante dois anos:'s Voltando ao Brasil, esses oficiais chamados jovens turcos , por analogia à ação modernízante dejovens mí- ~tares na Turquia, orientados por instrutores alemães, de senvolYeram in te ns a- atuação de,propaganda e difusão dQJ en siQamentos adquiri dos na Aleman ha. Rev. Adm. Empr.• , Ibr. /ju n. 1983

A Organização Burocratica Do Exército

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O texto trata da organização do exército brasileiro na Primeira República, destacando o sistema burocrático.

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    artigo1. Tenentisma, Exrcito e Est4do;

    2. O tenentismo e a 'sociedade;3. Concluso.

    A organizaoburocrtica do

    Exrcito naexcluso dotenentismo

    Maria Cecilia Spina ForjazProfessOl'fl no Departamento de FundIlmentol Sociai8 e

    Jur{diCOl (FSJ) dIl EAESP/FGV.

    1. . TENENTISMO, rurnRCITO E ESTADO

    A compreenso do significado poltico do tenentismopassa necessariamente por uma anlise do Exrcito, en-quanto organizao; nessa perspectiva, o fenmeno maisabrangente e significativo, ao longo da Primeira Rep-blica, foi o processo de modernizao e profissionaliza-o das Foras Armadas brasileiras. '

    Desse processo privilegiamos trs aspectos princi-pais: o estabelecimento do servio militar. obrigatrio; aprofissionalizao Crescente do -ensno militar; a moder-nizao do equipamento e da estruturaorganzacional doExrcito brasileiro. .

    Limitamos nossa anlise ao Exrcito por vrias ra-zes. Ele foi (e contnuasendo) a mais poderosa das trsarmas, tanto do ponto de vista poltico, quanto dopon-to de vista organizacional. (a Aeronutica apenas comeaa ser criada j no fim da Primeira Repblica). O movi-mento tenentista se desenvolveu prortarameate entreoficiais do Exrcito, sendo mais reduzida a participaoda. Marinha. Alm dessas razes, j suficientemente for-tes, acrescenta-se o fato de que so muito raros os estu-, dos sobre a evoluo da Marinha brasileira.

    At 1916 o recrutamento dos praas do Exrcito,brasileiro era voluntrio e no caso de nfo preenchimentodos efetivos, o que freqentemente acontecia, "proce-der-se- a recrutamento forado e o recrutado servir porseis anos, receber somente soldo simples, ser condu-zidopreso ao quartele nele conservado em segurana atque a disciplina o constitua em estadode se lhe 'facultarmaior liberdade't.! . .

    EsSe sistema de recrutamento implicava a absoropelo' Exrcito dos setores mais' carentes e desqualificadosdas classes populares incluindo marginais, mendigos,vagabundos, desempregados etc. A oficialidade era re-crutada na classe mdia e as classes dominantes tinhamuma milcia prpria, a Guarda Nacional, na qual serviamos cidados com renda anual superior' a 100$000. Dessaforma, o Exrcito ainda no era uma instituio nacionale no mantinha o monoplio do uso legtimo da violn-cia, nem para cumprir funes constitucionais de manu-teno da ordem interna eda segurana externa.

    Alm da Guarda Nacional, as Polcias Militares esta-duais rivalizavam com o Exrcito no exerccio dessasfunes. Eram verdadeiros "exrcitos" regionais, contro-'lados pelas oligarquias, principalmente as de So Paulo eRio Grande do Sul, poderosas em efetivos, equipamen-tos e treinamento de seus homens.

    , A implantao do sorteio militar universal, conse-guida a s intensa campanha que se desenvolveu desdefins do culo XIX, transformou profundamente o Exr-cito. O istamento obrigatrio em todas as camadas dapopla , a extino da Guarda Nacional e a aboliodo divr io entre Exrcito e elites civis fortaleceram ainstituia , aumentaram seu prestgio e constituram umprimeiro passo no sentido de tom-la verdadeiramentenacional. I

    Out a conseqncia direta da adoo do servo.mi-litar obri atrio foi o aumento dos efetivos militares e arenova dos equipamentos: "Dans ce domaine lesprogrs ont t remarquables. Malgr les difficultsbudgtaire du pays les acqustions d'armes furent relat-vement importantes. On pourrait signaler surtout I'adop-tion de raviation, .de l' artillerie de tir rapide et d'nstru-ments modernes de communcaton.v . ,

    Quanto profissionalizao do ensino militar,3 foiuma tendncia crescente nas sucessivas reformas dos re-gulamentos da Escola Militar, do Realengo, que funcio-nou de 1911 a 1944.

    A partir de Um ensino eminentemente terico e vol-tadoprioritariamente para a formao cientfica doscadetes, orientao implantada pelo positivismo domi-nante em fins do sculo XIX, caminhou-se de forma gra-dativa para um ensino tcnico-militar profissionalizante,sendo o auge dessa orientao o regulamento de 1919,da academia militar.

    A mode~ao do Exrcito brasileiro est intima-mente ligada influncia estrangeira+ e seria importantedescrever de modo sucinto as principais iniciativas nessesentido.

    Por iniciativa do Marechal Hermes da Fonseca e doBaro do. Rio Branco, visando a remodelao do Exr-cito brasileiro foram enviados oficiais para estagiar noExrcito alemo; considerado O melhor do mundo napoca:

  • Partidrios de um Exrcito profissional; os germano-mos criaram uma revista para propagar suas idias, de-fesa nacional, e tiveram grande influncia em' todos osmovimentos de renovao do Exrcito.

    Traduziram obras alems, apoiaram o estabeleci-mento do recrutamento militar obrigatrio e participa-ram ativamente na modemzao do. ensino militar naEscola do Realengo, tendo vrios "jovens turcos'tnte-grado a "Misso Indgena", cujo principal objetivo foiaperfeioar a instruo no Exrcito.

    .A "Misso Indgena" consistiu em um grupo de ins-trutores do Realengo, selecionados por concrs06 pro-movido pelo Estado-Maior ,do Exrcito, com a intenode melhorar o nvel e aumentar o carter prtico do trei-namento militar: "Pela primeira vez este EME - Esta-do-Maiordo Exrcito - teve interveno na escolha dosinstrutores da Escola Militar e foi minha preocupaonica servir ao ensino prtico dos futuros ofcas.comoh muito j deveria ter sido feito. Muitos e distintos ofi-ciais tm passado pela Escola Militar como-instrutores e,.ainda agora, alguns de l saem, mas de justia afirmarque nunca o corpo de instrutores da Escola Militaratin-giu o grau de homogeneidade que hQie assume comgrande esperana para o ensino profssonal,"

    A primeira turma de instrutores da "Misso Ind-gena" comeou a trabalhar em 1919, o mesmo ano de.implantao do regulamento mais profissionalizante doRealengo. A ao modernizante dos "jovens turcos" foicontinuada e aprofundada com a vinda da misso militarfrancesa em 1920, prendendo-se a escolha dessa potncia'europia aos resultados da I Guerra Mundial.8

    Chefiados pelo General Gameln, trinta oficiais fran-ceses passaram a controlar todos os nveis da instruomilitar, com exceo do Realengo, ou sja: o curso. deaperfeioamento de oficiais, o curso de estado-maior e ocurso de reviso de estado-maior. 9 '

    Sob a influncia da misso francesa,.jntensificou-se,na dcada de 20, O- processo de modernizao do Exrci-to brasileiro, principalmente atravs do desenvolvimentodo Estado-Maior como rgo formulador e centralizadorda poltica de defesa nacional em sua acepo moderna,ou seja, incluindo a noo de que defesa nacional implicao controle de recursos tcnicos e econmicos: "Duasprincipais conseqncias para a organizao militar e seupapel surgiram da. Para a organizao, significou movi"mento de centralizao e coeso. As atividades militarespassaram a 'ser planejadas e controladas em pormenores.pela cpula hierrquica, o Estado-Maior ..... Este maiorcontrole interno aumentou o poder poltico da organiza-o, ao reduzir a possibilidade de quebras da hierarquiaatravs da ao autnoma de escales inferiores. O de-senvolvimento das atividades de Estado-Maior era ncom-patvel,por exemplo, com o tenentismo."lO

    Realmente, o tenentismo incompatvel com osensinamentos da misso francesa mesmo porque a maio-ria dos tenentes no sofreu sua influncia doutrinria.

    Os tenentes histricos se formaram no Realengo nasturmas de 1918 e 1919, portanto, antes da vinda da mis-so. Alm disso, a curto prazo, a influncia da missono se fez sentir nessa academia, j que se dedicou aosgraus superioresdo ensino militar.

    Quanto aos tenentes da segunda gerao, formados.entre 1927 e 1930, podem eventualmente ter sofridoinfluncias profissionalizantes, certamente minimizadas

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    pelo clima de instabilidade poltica e pela liderna e opoder de atrao da saga tenentista entre a oficialidadejovem.

    No perodo em que os tenentes faziam suas revolu-es e marchavam pelo Brasil na Coluna que se genera-lizou no Exrcito uma nova mentalidade militar que gra-dativamente se tomou predominante: "Ce nouveau typed' officier passait son temps tuder les techniques mili-taires modernes, et s'interessait l'nstructon et I'di- .trainement de la troupe. fi apprenait avec les franais cequ'tait une arme moderne, techniquement efficace,unie at discipline."ll . I

    O tenentismo foi, portanto, um grupo militar queficou imune s nfluncas damisso; mais do que isso,os reyolucionrios eram hostis mentalidade militarfrancesa e aos vnculos com a Frana que implicavam aobrigatoridade da aquisio de armamentos nesse pas.Uma das clusulas do convnio com a Frana estipulavaque o treinamento da. misso seria mais eficaz com a uti-lizao de equipamentos militares franceses e o Brasilpassou um longo perodo vinculado a essa clusula. .

    A oposio dos tenentes osfranceses se manifestoudesde 1922: "Talvez os rebeldes de 1922 estivessemexprimindo ms do que frustrao quando lanaram aomar o novo canho 'leve de 75mm que St. Chamondtinha enviado ao Brasil para testes. ... Os tenentes, quevinham lutando contra o Exrcito orientado pelos fran-ceses desde 1924, desejavam rescindir o contrato damisso." 12 . .

    A oposio dos tenentes misso francesa coloca aquesto. das clivagens ideolgicas do Exrcito no contex-to do' processo de modernizao. Ao mesmo tempo emque esse processo produziu, a longo prazo, uma 'tendn-cia homogeneizao dos valores da instituio e pre-dominncia da disciplina e hierarquia, a imposio dedoutrinas mltares, europias no se fez sem a emergn-cia de cises ideolgcas e geracionas dentro do Exr-cito. .

    Os velhos oficiais formados na Praia Vermelha, oschamados "doutores", dado o carter cientfico e teri-co de sua formao,e que constituam a cpula doEXrcito no perodo em que os "jovens turcos" come-aram a agir, sentiram-se ameaados pelas novastndn-ciase pela maior especializao profissional da jovemoficialidade.

    Houve resistncia dos "germanflos" vinda damisso francesa (consideravam as tcnicas e equipamen-tos militares, alemes superiores aos franceses)' apesar deque a concepo do papel profissional das Foras Arma-das fosse semelhante nessas duas corporaes militares.

    As clvagens ideolgicas se referiam principalmentes relaes entre o Exrcito e o sistema .poltico; JosMurilo de Carvalho distingue trs tipos de "ideologias deinterveno" durante a Primeira Repblica.

    A primeira delas, que ele denomina "interveno re-formista", se fundamenta na doutrina do "soldado cida-.do", de origem positi~ista,e foi predominante na po-ca da Questo Militar. A idia "bsica ade que o solda-do um cidado fardado que deve ter participao 'polf-tica,13- tendo o Exrcito brasileiro; expresso da nacio-,nalidade, amplas responsabilidades na preservao dasinstituies republicanas.

    Foi o tenentismo o movimento-militar que herdou edesenvolveu as formulaes do positivismo republicano:

    Rnta de Adm~40 de Emprelllls

  • "Parece que a Constituio republicana de 91 atribuiusabiamente fora armada, no seu art. 14, a funo regu-ladora de volante da ordem social - capaz de compensaros colapsos de funcionamento da mquina poltica, pro-vocados pelos excessos do povo e pelos arbtrios dosgovernos. ... Seria, porm, ilgico que o Exrcito, es-tipendiado pelo povo, apenas exercesse a sua funo re-pressiva contra este, deixando consumar-se impunementeas violncias do poder contra nao. E, mais do queilgico, seria inquo que essa fora servisse incondicio-nalmente os caprichos ilegais do poder, transformando-seem verdugo implacvel do prprio povo:'14 I

    O positivismo tinha uma orentao essencialmente'antimilitarista, e sua difuso entre os militares brasileirosproduziu essa tendncia a "desmilitarizar" o militar etom-lo o mais "civil" possvel.

    Opunham-se a essa' orientao os partidrios do"soldado profissional", totalmente dedicado ao Exrcitoe afastado da poltica. Essa tendncia no-intervencionis-ta pretendia tomar o Exrcito o "grande mudo", a servi-o do poder constitudo, a exemplo dos exrcitos dasdemocracias ocidentais: .

    A polmica entre intervencionistas eneutralistas, ao.longo dos anos 20, produziu uma terceira viso sobre opapel do Exrcito, a doutrina da interveno "modera-dora", ou intervencionismocontrolador, que se tomariahegemnica no ps-3D.

    Tentando conciliar as duas orientaes anteriores, ointervencionismo controlador legitimava a intervenopoltica do Exrcito, enquanto insttuio global, profis-sionalizada e moderna: "Esta posio divergia da ideolo-gia do soldado profissional por admitir aberta interven-o na poltica, embora com ela concordasse quanto necessidade de preparao profissional do Exrcito. Con-cordava com a ideologia do soldado cidado quarito legitimidade da interveno do militar na poltica, masdela discordava quanto ao sentido desta interveno, Ostenentes propugnavam uma interveno reformista, a serfeita pelo militar independentemente, ou mesmo contraa organiza'o:;lS

    .Os principais formuladores dessa ideologia foramBertoldo K1inger e Ges Monteiro, o primeiro um doslderes dos "jovens turcos" e o segundo um dos mais bri-lhantes alunos' da misso francesa. Ou seja, ambos for-mados na. tradio profissionalizante dos exrcitos euro-peus, mas igualmente contrrios ao neutralismo e isenopoltica das Foras Armadas.

    Ocorre que no Brasil e na Amrica Latina, em geral,a profissionalizao no conduziu a uma .despoltzaodas Foras Armadas: "Ao contrrio do que o legisladorfreqentemente pensa - e, em sua trilha, alguns socilo-gos otimistas e imprudentes - a profissionalizao no'despolitiza' os exrcitos. Pois o prestgio dos modeloseuropeus, a conscincia da competncia dada pela tcni-ca avanada e pela organizao burocrtica racional doao nico ramo profissional do aparelho de Estado nasnaes da Amrica do Sulrecursos polticos que favore-cem a interveno nos negcios pblicos."16

    O argumento de Alan Rouqui se refere ao fato deque o fortalecimento organizacional propiciado pelamodernizao foi exatamente um dos fatores que possi-bilitou a ampliao da interveno poltica dos exrcitoslatino-americanos.

    ExI'cito e tenDltimro

    O exrcito forte, enquanto organizao, teve maio-res condies de se autonomizar como instncia burocr-tica estatal, capaz de propor projetos polticos prprios sociedade. ~ esse o sentido da famosa frase de GesMonteiro: "Alis, sendo o Exrcito um instrumento es-sencialmente poltico, a conscincia coletiva deve-se criarno sentido de se fazer a poltica do Exrcito, e no apoltica no Exrcito. ... A poltica do Exrcito apreparao para a guerra e esta preparao interessa eenvolve todas as manifestaes e atividades da vida na-cional, no campo material - no que se refere econo-mia, produo e aos recursos de toda natureza - e nocampo moral, sobretudo no que concerne educao dopovo e formao de uma mentalidade que sobreponhaa todos os interesses da ptria, suprimindo quanto poss-vel, o individualismo ou qualquer outra espcie de parti-cularismo.,,17

    O aperfeioamento profissional forneceu recursospolticos inexistentes na fase anterior, A homogenei-dade, coeso em tomo dos chefes, o respeito hierarquiae disciplina tomaram a instituio castrenS menos per-mevel s influncias conflitantes da sociedade civil e subordinao s elites dominantes.

    Edmundo Campos Coelho tambm considera que omaior profissionalismo no significou, para o Exrcitobrasileiro, uma absteno poltica: "a aceitao do pro-grama de profissionalizao militar no foi extensiva aosvalores que o informavam. Mais precisamente, o pressu-posto de que a neutralidade ou apolitismo militar eracondio indispensvel para o aperfeioamento profis-sional foi recusado. Um mnimo de conhecimento dehistria do Exrcito era suficiente para que aos oficiaisse tomasse evidente a falta de precedentes que suportas-sem a tese. Pelo contrrio, a lio que a histria ensinaera a de que o correlato da absteno poltica fora quasesempre a subalternidade militar impdsta pelas elites civise a ausncia de qualquer" compensao em termos de n-veis mais altos de modernizao e profissionalizao doaparelho militar. Inversamente, as intervenes na reapoltica, se no elevaram o nvel profssonal.no haviamdeixado defender dividendos em tetmos de poder.,,18

    Portanto, o predomnio da ideologia da "interven-o controladora", que se tomaria dominante no Exrci-to ao longo dos anos 30, no implicou uma abstenopoltica do Exrcito; pelo contrrio, implicou uma inter-veno maior e qualitativamente diferente: a intervenoda instituio como um todo, coesa e representada por.suas cpulas. .

    Porm, a imposio dessa orientao implicou oexpurgo do tenentismo, pelo prprio Exrcito, dado oseu carter dsruptor da organizao, principalmentedepois da Revoluo de 30, quando suas lideranas assu-miram importantes funes polticas.

    O padro das intervenes militares tpico da Pri-meira Repblica - ou seja, a interveno de setores, frag-mentos ou faces do Exrcito, em geral aliadas a fra-es das elites dominantes - tem no tenentismo a sualtima manifestao.

    A ten Inca secular das elitetbt&neirs~par~'iisar oExrcito - ou fraes dele - com~t~~4~,p1ticoparaa obteno ou manuteno do pooet"rhtilitarismo civila.que se refere Alfred Stepan) era pe~ebid claramentepelos militares: "Um dos aspectos mais mpressonantes,.e de conseqncias mais graves, com que depara o obser-

    (

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  • Entretanto, 'estejam os autores ligados teoria daestrutura de classes ou s abordagens de estratificaosocial, "a simples mudana das dimenses que vo serisoladas para medir as variveis (pois queiram ou no,neste, caso trata-sede variveis), trocando-se o nvel deconsumo pela posio na ocupao ou mesmo no sistemaprodutivo no altera o enfoque em termos de genusproximo, differentia specifica, pelo qual se vo separaros conjuntos pelidados agora de 'classe. social. "21

    As divergncias tericas so muitas e as anlises his-trico-concretas que envolvem os setores mdios somuito poucas. Embora sejaincipiente e precria a pes-quisa histrica no Brasil, especialmente a histria social,a ateno dispensada histria, das elitese s histriasdas classes populares tem sido muito maior doque apreCUjaO com os setores mdios da sociedade brasi-leira.2

    Sem tentar resolver as complexas questes tericasinerentes ao tema, pretendemos apenas uma breve carac-terizao histrica que privilegie as relaes sociais en-gendradas com outros segmentos da sociedade brasileira.

    Temos, tambm, outra inteno: a de resolver oproblema do peso das origens sociais na determinao docomportamento poltico-ideolgico dos tenentes (e nodos militares em geral e nem de outras conjunturas hist-ricas).

    Esse movimento poltico chegou a express + deman-das das camadas mdias urbanas no contexto da crise dasociedade agrria no Brasil?o tenentismo pode ser enca-rado como um movimento militar que expressa o Exrci-to enquanto ator poltico autnomo de interesses sociaisespecficos? Pode o tenentismo ser visto como expressopoltica e ideolgica no Exrcito enquanto instituio?

    Essas so as perguntas que estamos formulando, esse o nosso problema, para atender ao apelo de FernandoHenrique Cardoso quando diz que: "a questo inicial naanlise' das classes sociais e da crise poltica na AmricaLatnno a discusso f9f01al dos critrios de classifi-cao, das classes (por mais inspiradas que possam estarem lllises de Marx ou de Weber, ou de quem seja), masapergunta: qual o movimento das sociedades emdis-'

    - 'cusso e que problema existe para ser resolvido?,,23

    o" . '. "', ',' '_.'. . ',' .' . " "," _ , .' !',.,' ., _,

    vador atento da vda poltica brasileira, ocoatrastechocante' entre as disposies consttuconas e das leisordinrias - que regulam ocomportamento das ForasArmadas, em conjunto, e de seus membros, isoladamen-te, :C(mface das atividades polticas -:-e a opinio, muitogeneralizada nas classes dirigentes do 'pas, segundo aqual compete aos rgos responsveis pela defesa naco-nal, intervir diretamente na soluo .das crises polticas,to freqentemente no perodo republicano."19

    Assim, como os militares tinham conscincia doca-rter desagregador da instituio, resultante do militaris-mo civil, muito precocemente assumiram a importncia 'poltica das Foras Armadas nos pases subdesenvolvi- 'dos, o q~e impedia a realizao noBrasil.do modelo de,Exrcito profissional e poltico tpico das .democracasocidentais.

    Essa percepo fica patente no editorial do primeironmero da revista A defesa nacional: " debalde que osespritos liberais, numa justificada nsia de futurismo, seinsurgem contra as intervenes militares na evoluosocial dos povos: um fato histrico que as SOciedadesnascentes tem necessidade dos elementos militares. paraassistirem sua formao e desenvolvimento, e que snum grau j elevado de civilizao elas conseguem eman-cpar-se da tutela da fora, que assim:se recolhe ese limi-ta sua verdadeira funo, "20 Poltcsmo militar e mli-tarismo civil tm-se conjugado numa dinmica complexaque marca um dos traos fundamentais ,e persistentes, davida poltica brasileira.

    Vamos na concluso deste trabalho analisar maisaprofundadamente as repercusses da Revoluo de 30no Exrcito 'brasileiro para desenvolver uma das hipte-ses centrais desta tese: a de que o tenentismo foi derro-tado no plano militar pelas. cpulas do Exrcito e a eli-minao dos tenentes foi uma 'das condies fundamen-tais para o fortalecimento da instituio, que est naorigem da ampliao de suas funes polticas no ps-30.Em seguida, pretendemos demonstrar como no plane)poltico o tenentsmo foi derrotado pelas oligarquias ecomo esse duplo golpe se consuma com a Revoluo de32.

    2. O TENENTISMO E A SOCffiDADE

    Se a compreenso do significado poltico do tenentismopassa necessariamente por uma anlise do Exrcito en-quanto organizao, passa, tambm, por uma anlise dasorigens sociais, da oficialidade do Exrcito' no per-odohistrico que nos ocupa.

    ASsumindo ~'perspectiva que associa ca dimensosocial e organzacional como elucidativa docomporta-mento poltico militar, especialmente no contexto hist-rico que pretendemos analisar, quando a autonomia doExrcito em, relao socied~de","",1}l"nn,or, no podera-mos nos furtar a uma caracter;zaor;ocial e poltica dascamadas mdias urbanas ~ poca. -r- . ,

    O Exrcito era (eIS) recrutado prioritariamente nossetores mdios, da populao (a oficialidade), e quanto aesse fato.h unanimidade na sociologia brasileira. As di- .vergncias so muitas, no entanto, no approach tericocom que as "classes mdias" ou "camadas mdias" 510abordadas pela literatura sociolgica .

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    2.1 As camadas mdias na Primeira Repblica so os"ptimos pobres "das oligarquias,

    /

    'A dimenslo mais importante na nlise das camadasmdias da sociedade agrrio-exportadora brasileira sosuas relaes de dependncia e Subordinao econmica,social e poltica s oligarquias agrrias dominantes.

    Independentemente de sua insero no sistema pro-dutivo, do carter manual OU no manual de suas ativi-dades, deseu nvel de renda e consumo, esses grupos,essencialmente urbanos, constituem ramos empobrecidosdas famlias OligrquiC~:

    Mais pobres" ou enos pobres, primos em primeiroou em qinto grau, e s setores mdios tm em comumseus vnculos com as ~lites, que os tornam uma espciede apndice dos grupos dominantes: "le remde auprocs demobilit soFiale descendantesubi para uneparte de l'ancienne cl+e dominante agraire tait dans leinaips de l'autreparti" ~lle compose 'par .les secteurs

    P,IUSdYD,arniq,ue,s et ,leSt'PIUS,""prosperes,. A,ux ~ariS"tocrates,~iwvris', 'la .structu conomco-socale urbaine a

    " ~.d~deEmprel/lls

  • rserv les meilleurs postes de la bureaucrate d'Etat, les imters libraux, les postes de directon dans l'adminis- itraton prve. Les liens familiaux et sociaux entre ces:couches 'dpossedes' et la classe dominante egrare,ainsi que leur particpaton comune un monde devaleurs 'aristocratiques' et pr-industrielles, ont poussles oligarchies la pratique du 'parrainage'. .., D'unpoint de vue purement analytique et non-chronologque,ces rapports de 'loyaut' creaient les conditons PSYCo.so-ciales ncessaires la soumission dologque et poltiquedes couches 'dpossedes', d'autant plus que leur pass'anstocratiquetait encore rcent.,,24 '

    E evidente - e Dcio. Saes sugere isso. - que h cli-vagens regonais importantes entre essa camada. social.Ser "primo. po.bre"de um prspero. cafeicultor paulista muito. diferente de ser primo. pobre de um latifundirio.

    _ improdutivo. cearense, em termos de condies econm-, cas e em termos de recursos polticos e status social dis-ponves, E essa clivagem regional nos parece suplantar asoutras que tambm caracterizam esse extrato. da socie-dade brasileira.

    Insistindo. na condio social de "primos pobres",gostaramos de transpor para os militares as mesmasobservaes que Srgio. Miceli fez sobre os intelectuais:,"As profisses intelectuais constituem um terreno. de

    \ refgio. reservado. aos herdeiros das famlias pertencentes frao. intelectual e, sobretudo, aos filhosdas famliasem declnio. Esses ltimos, tendo. podido se livrar das .ameaas de rebaixamento. social que rondavam os seus,tiveram a oportunidade de se desgarrarem de seu ambien-te de origem e, ao.mesmo. tempo, de objetivarem atravsde seus escritos essa experincia peculiar de distancia-mento. em relao. sua classe.,,25 '

    O Exrcito, a socializao militar, os valores pr-prios da corporao, o. fato. de pertencer ao. aparelho. deEstado. possibilitaram aos militares o. distanciamento. emrelao. origem social e formulao de um projeto.poltico antioligrquico, centralizador, estatzante eautoritrio,

    Mas nesse distanciamento. e na construo de umprojeto poltico-social alternativo. .no se apagaramtotal-mente os valores e expectativas decorrentes das condi-es socais dos tenentes, corno pudemos observar naanlise do. programa tenentista e na sua atuao. polticaconcreta no. imediato. ps-30, enfrentando. as oligarquias.

    Corno j tivemos ocasio. de argumentar, os tenentesem sentido lato, a jovem ofcalidade do. Bxrcto, osocupantes dos escales hierrquicos. nferiores so osmenos militares dos militares e, portanto, mais perme-veiss influncias da sociedade civil: "Os cadetes e osjovens oficiais, ainda prximos dos civis (suas famlias eseus amigos), so. talvez mais sensveis opno destes -,o. que fez com que persista o. mito dos jovens oficiaiscomo. representantes das classes mdias. Eles silo, no m-nmo.ios menos militares dos ofcias. Sua interveno s-Implica o Exrcito de modo marginal" (grif9no.sso).26 .'

    Se atentarmos para a especificidade da condio.mi-litar dos tenentes revolucionrios percebemos claramenteque esses vnculos com a sociedade civil foram muitofortes e a influncia da corporao militar muito maisdistinta. Vai no. mesmo sentido a demonstr-ao do car-ter civil/militar do Clube 3 de Outubro, aorganizaiodecpula do. tenentismo depois da revoluo,. '

    Exbclto e teMlIti$mO

    As alianas polticas que os tenentes tiveram querealizar com as "oligarquias fracas" tambm contribu-ram, a nosso ver, para diluir os componentes militares desua prtica, poltica. Ou seja, a correlao de foras quese estabelece depois da vitria e a recomposo das "oli-garquias fortes" contriburam para a fuso entre deter-minados interesses sociais e o.movimento tenentista.

    A distncia poltica e social entre "oligarquias fra-cas" e primos pobres evidentemente muito. menor do.que a dstnca entre "oligarquias fortes" e primos po-bres. Diramos at que os recursos de poder de determi-nadas fraes olgrquicas estaduais do. norte-nordesteeram muito menores do. que o. poder de deciso. dostenentes no. imediato. ps-30., Em prol da centralizao.estatal, benfica a ambos, a frao. mais dbil das oligar-quias encontrar apoio na frao. mais poderosa dos seto-res mdios e vice-versa.

    Outra questo. deve ser levantada referente s rela-es entre' tenentismo e "primos pobres" que estamosdesenvolvendo neste trabalho. Dcio Saes,em sua tese dedoutoramento.irelaconou o. tenentismo s baixas cama-.das mdias e a seu projeto industrializante; discordamosdessa interpretao.

    A emergncia das chamadas "novas classes mdias"mais vinculadas industrializao. e oriundas de um pro-cesso. de mobilidade social ascendente s se torna signifi-cativa a partir dos anos 30; o. tipo social predominantedas camadas mdias na etapa anterior so. os "primospobres" com uma mentalidade agrarista e antiindustria-lista.

    Analisando as relaes entre os industriais e a classemdia,Eli Diniz argumenta: "A essa altura os importa-dores contariam cada vez mais corn o. apoio. da classemdia urbana, prncpal vtima da inflao. e particular-mente sensvel ao argumento da .alta do. custo. de vida.Na dcada de 20 essa classe j representava um seto.r im-po.rtante da populao. das principais cidades, constituin-do, seno um grupo. contestador, pelomenosum grupradicalmente insatisfeito. Esse descontentamento decertos setores urbanos favorecia a criao de um clima dehostilidade cada vez mais generalizado. co.ntra a indstrianacionai.,,27

    " Essa insatisfao radical das "classes mdias tradi-conas" est refletida nas propostas explicitamente agra-ristas e ~tndustrializadas (alm de. distribu tivistas) doprograina dos tenentes. Nos parece que no. h nenhumaevidncia histrica, pelo. contrrio, de ligaes entre elese as baixas camadas mdias.

    Reforandoo argumento. dos vnculos socias entretenentes e "primos pobres", podemos verificar (ver qua-dro 1) como alguns lderes do.movimento tm sua traje-tria plenamente identificada com. a desses grupos desti-tudos,Reunindo os dados disponveis em memrias, biografiase depoimentos, veriflcamos que todos esses tenentestrazem em sua biografia. grande proximdade com aselites agrrias.

    1

    Essa' origem social dos revoluconrios, cujo. eltsmono. esconde, no. discrepa da maioria da oficialidade do.Exrcito na poca e-" as declaraes de Nelson WerneckSodr vo nesse sentido: "Em minha familia, pelo.menosentre' os parentes prximos, no havia militares. Parece

    , que foi a sua decadncia econmca que levou alguns,muito~cos, a escolherem a carreira, Os Abreu Sodr,

    9

    "~~,~~~~~~~--~----~------------------~---~----------------------~--=-------~------------~~

  • "Quadro 1Origens sociais dos tenentes

    Nome Data e local de Profisso paternanascimento

    Condies Condies Educao Ingresso naeconmicas scio-polticas Escola Militarfamiliares familiares do Realengo--------~~----~--------------~--------~-Famflia de baixa Vnculos oligrquicos Aluno do Colgio 1917renda, dada a morte da famlia materna Militar do Rio deprecoce do pai. e paterna. JaneiroMe professora pr- Av paterno: juizmria, sustenta a . Av paterna: filha defamfla famllia oligrquica

    Av materno: comer-ciante abastadoAv materna: famliaoligrquica

    Luis CarlosPrestes

    Joo AlbertoLins de Barros

    Juarez Tvora

    Oswaldo Cor-deiro de Farias

    SiqueiraCampos

    Nelson deMelo

    Celso Mendesda Fonseca'

    Agildo Barata

    JuracyMagalhes

    Porto Alegre3.1.1898

    Recife16.7.1899

    Fazenda doEmbargo14.1.1898

    JaguaroRio Grande doSul17.8.1901

    Rio ClaroSo Paulo18.5.1898

    FlorianoPiau22.11.1899

    Rio de Janeiro

    Fortaleza4.8.1905

    Oficial doExrcito

    Professorsecundrio

    Pequeno proprie-trio de terras

    Oficial doExrcito

    Administrador dafazenda de cafde um irmo;funcionriopblico

    Oficial doExrcito

    Comercianteintendentemunicipal

    Tenente daMarinha Imperialengenheiro Naval

    Guarda-livros

    Famfla de baixarenda, em partedevido ao nmerode filhos (11)-

    Vnculos oligrquicosmatemos e paternos

    Vnculos oligrquicosprximos na famfliapaterna e materna

    Famlia de milita-res e profissionaisliberais

    Todos os irmos for-mados em curso su-perior:um mdico,um advogado, doisoficiais do Exrcitoe um oficial da Ma-rinha

    Famlia de rendamdia

    Educado pelo pai;cursou engenhariadurante quatroanos; formao

    . musical em casa

    1919

    Educao primriaem colgios parti-culares - Externa-to Pedro 11,Gin-sio Jlio Castilho,Escola Politcnicado Rio de Janeiro

    1917

    Colgio Militardo Rio deJaneiro

    1917

    Vnculos Oligrquicos Ginsio do estadoprximos na famflia de So Paulomaterna e paterna

    1916

    Famflia de militares.e bacharis

    Avs paternos fa-zendeiros e avsmaternos fazen-deiros

    1919

    Vnculos oligrquicos Colgio Militarna famlia paterna e do Rio dematerna Janeiro

    1917

    Famla de baixarenda, dada a morteprecoce do pai

    Famflia de rendamdia, apesar deter 12 filhos

    Vneulosoligrquicosna fam1lia paterna dematerna

    Vnculos oligrquicospelos ascendentes epelo casamento

    na maior parte, abandonaram a provncia do Rio de Ja-neiro ao tempo da abolio; meu av paterno teve 14filhos, nenhum militar, apesar .de todos se terem forma-do. Ficaram naquela provncia, entretanto, alguns paren-tes: um deles, Feliciano Pires de Abreu Sodr, seguiu acarreira militar. ... Na famlia materna, nem isso. Meusavs, os bares de Bemposta, permaneceram na provn-cia; minha av materna casou-se com senhor de terras do'sul de Minas Gerais; meu av matemo teve uma dzia defilhos, na maior parte mulheres; um deles freqentou oColgio. Militar, que abandonou logo, fazendo-se, nasucesso do pai, fazendeiro em So Gonalo do Sapuca.

    10

    Colgio Militardo Rio de

    I Janeiro

    1925

    Curso. primrioem colgio parti-cular - GinsioLiceu do Cear

    1924

    No havia, pois, tradi militar na famlia. O que era,alis, comum ao tempo de meus avs, ll- carreira militarno tinha status social; s famlias, a paterna como a ma-terna, ambas da provn ia do Rio de Janeiro, estavamligadas terra - eram f mlias proprietrias. Ao mesmotempo, a carreira das as era refgio da classe mdia, eeles pertenciam classe superior. Com o passar dos tem-pos e a alterao das co dies - as do pas, as da carrei-ra, as da famlia - qu apareceram nesta os que esco-lheram esse rumo, e for . muito poucos.,,28

    Se rio eixo Rio-So Paulo, dado o desenvolvimentoindustrial e do setor ter rio, as camadas mdias j eram

    de Adminimvp10 de Empresas

  • mais diversificadas e complexas, ,no resto do Brasil pre-dominavam os "primos pobres": "A classe mdia repre-senta e sempre representou o aparelho estatal civil e mili-tar. A pequena burguesia, at os idos de 1930, estavaconstituda unicamente dos quadros da administrao,do legislativo e da justia. ... Sendo pouco numerososos funcionrios pblicos - porque o prprio aparelhoestatal, a servio de simplrias relaes de produo,tinha limitadas dimenses - eram eles recrutados, man-tidos e pessoalmente fiscalizados pela classe dominante- constituda do patriciado rural e da burguesia comer-cial, especialmente no Nordeste e demais reas subdesen-volvidas."29 .

    ~ uma classe mdia de soldados, padres e funcion-rios pblicos. Portanto, esse grupo social que designamosclasse mdia est muito prximo do poder poltico, em-bora mais distante do poder econmico. A proximidadeao poder dada tanto pelos vnculos com as oligarquiasdominantes, quanto por sua insero burocrtica noEstado brasileiro.

    . Caractersticas prprias tambm tem esse Exrcitoj profissionalizado e moderno, porm dilacerado pordiferentes ideologias sobre o papel poltico dos militarese freqentemente usado pelas classes dirigentes em suasdissidncias internas.

    Alm do impulso intervencionista, que a condiode militar no Brasil lhes proporciona, os tenentes - exa-tamente pela condio de militares - so chamados pelaselites agrrias a intervir no processo poltico. Quero dizerque se soma ao estmulo para agir politicamente que vemda organizao castrense o "militarismo civil" das elites

    . brasileiras.A anlise das relaes entre o tenentsmo, a estru-

    tura de classe e o Estado no Brasil que estamos desenvol-vendo pretende fugir d outro trao caracterstico doeconomicismo e, em menor escala, do politicismo: a ten-dncia s grandes interpretaes globalizantes e "estrutu-rais", mas vazias de contedo histrico.

    Limitamos o mbito da pesquisa e fomos a campobuscar fontes primrias de documentao que nos permi-tam construir, de modo efetivo, a interdependncia entre

    . o social e o poltico, ressaltando todas' as mediaes emomentos constitutivos do processo histrico. Com essemtodo de Investigao talvez seja possvel escapar 'aplicao de modelos externos - seja o da revoluoburguesa clssica, seja o da "modernizao conservado-ra" - ao processo revolucionrio de 30. Talvez seja pos-svelcaptar a especificidade da formao social brasilei-ra, do Estado, das classes e do Exrcito nesta etapa deseu desenvolvimento.

    3. CONCLUSO

    3,1 A Revoluo de 32 como exctusopolttico-militar do tenentismo

    Ao longo do texto referimo-nos vrias vezes ao fato deque a Revoluo de 30 dividiu profundamente o Exr-cito, sendo que a ascenso poltica do tenentismopro-vocou inmeras resistncias dentro da organzao mili-tar, assim como fora dela. ,

    Se a oposio das oligarquias emergncia tenentis-tll- j foi suficientemed'te analisada, julgamos conveniente

    Ex4rcito e tenentimto

    explicitar mais detalhadamente as resistncias internas dacorporao militar a esse movimento.

    Em primeiro lugar, bom destacar o fato de que "arevoluo no fora resultado de consenso dentro dasForas Armadas. Pelo contrrio. Embora no tenha sidoainda feito um trabalho mais cuidadoso sobre seus aspec-tos militares. fora de dvida que a maior parte do xitodo movimento se deveu ao dos dois grandes estadosenvolvidos -' com suas poderosas polcias militares, toantagonizadas pelas foras' federais - e participaopopular, grande no Rio Grande do Sul e em Pernam-buco.,,30

    Em outros termos, constatao importante a deque o grupo militar que se envolve na.revoluo e parti-cipa de sua preparao uma mnora.U Alm de cons-titurem uma minoria dentro do Exrcito, os tenentesrevolucionrios tm em seu desfavor a condio de ofi-ciais subalternos, o que significa dificuldades imensaspara controlar essa instituio, essencialmente funda-mentada na hierarquia.

    Mas no s a Cpula do Exrcito se rebelou com oavano dos tenentes, comoj demonstramos em outrosmomentos deste trabalho. H evidncias de movimentosda jovem oficialidade derepdio desagregao da insti-tuio, sendo o principal deles o que se denominou"Unio da Classe Militar".

    Articulando principalmente capites e majores, o mo-vimento se desenvolveu entre os meses de agosto e no-vembro de 1931 (ou seja, na fase de maior preeminnciapoltica dos tenentes) no Rio de Janeiro, tendo comobandeira principal o desengajamento poltico..do Exr-cito.

    Os revoluconros eram o alvo explcito desses ofi-ciais que consideravam que os tenentes estavam se tor-nando' "joguetes na mo de polticos inescrupulosos" eenvolvendo o Exrcito em suas disputas: "O nosso Jua-rez entrou com os seus tenentes por amor classe e,ganha a revoluo, abraou-se poltica, esquecendo oExrcito. Agora os prprios polticos o abandonaram eele quer, o apoio da classe. ( ... ) Situao particular doExrcito. serve de guarda aos tenentes interventores queesmo brincando de administradores e aos polticos quedisputam os cargos. A ala dos tenentes est mentindo sua classe. Foram revolucionrios por amor a ela e agoras~ esquecem ~sso par~ depreci-la e tom-la despresti-giada no conceito pubUco."12.

    patente no documento o repdio instrumentali-zao poltica do Exrcito que os tenentes estavam pro-piciando, assim como fica evidente que esses oficiais -cujo lema era Paz, Unio e Trabalho - buscaram umoficial superior. para liderar o movimento e assim legiti-m-lo frente corporao'.

    O general mais insistentemente procurado para as-sumir esse papel foi Bertoldo Klinger, que estava "exila-do" na circunscrio militar de Mato Grosso e quandoveio de frias para a capital da Repblica tentou obter oconsenso dos generais em apoio ao movimento: "Enten-demos, Mena e eu-que seria de mais efeito que os gene-rais, todos solicitados pelos autores do' projeto da'Unio', dessem resposta coletiva, como primeira evidn-cia de que entre eles reinava a ambicionada ,unio. Fica-mos bem certos de que, desse modo, .010 infringamos oregulamento disciplinar, pois no se tratava de manifes-talocoletiva da espcie to justamente condenada, ca-

    l!

  • talogada como infrao: tratava-se de um caso impreviS-to, de apelo de subordinados em favor da disciplina, pre-cisamente com a insopitvel, indenegvel resposta doschefes iil.vocados.,,33 . '

    O consenso entre os generais no foiobtido, oMi-nistro da Guerra "tenentista" Leite de Castro consegUiuabrandar os nimos e o movimento fracassou; contr-buu, porm, bastante para generalizar a animosidade dosoficiais em relao ao tenentsmo. .

    Essa animosidade foi am'pl!pllente capitalizada pelas"oligarquias fortes" em sua luta contra os tenentes. I!oimbricamento, a que j nos referimos, entre a crise pol-tica global e a crise especificamente militar, que dilacerao Exrcito j que diferentes faces oligrquicas buscamdiferentes faces militares em seu apoio.

    O descontentamento militar resultante doprivile-giamento dos "picols" nas promoes transformou osoficiais preteridos em presa fcil nas mos das frentesnicas. Joo Neves, seu grandearticulador, percebeu issoclaramente: "O caso dos primeiros-tenentes prejudicados- os nossos tenentes - prossegue a sua marcha natural.Invadiu ele todas as camadas do Exrcito, simpticas svtimas da estupidez de Leite de Castro. Tenho seguran-a de que os ditos tenentes dispem da fora da guam-o daqui, pelo menos nestes 20 dias. Exigem eles a de-misso de Leite de Castro, a derrubada do gabinete destee o cancelamento da ordem de priso. Como vs, ummundo.,,34

    O tenentsmo..o tempo todo, introduziu a polticano Exrcito e; portanto, esteve no plo oposto da men-talidade militar que ~ tornou hegemnica ao longo dosanos 30, de fazer a poltica do Exrcito. .

    O tenentsmo foi o movimento (e o l,timo desSetipo de envolvimento militar de um segmento da nst-tuo no totalmente profssonalzada, tpico da Rep-blica Velha) que significou a anttese dos movimentosmilitares posteriores a 37, que tinham como princpiobsico o envolvimento da nstituo como .um todo,conduzida por seus chefes, tentando promover seus valo- .res e objetivos prprios.

    A ,eliminao do intervencionismo reformista dostenentes foi uma das condies par a homogeneizalodo Exrcito que prosseguiria passando por 35 e se conso-lidaria com o Estado Novo: "Estava a enunciado todo oprojeto do intervencionismo controlador:' ampla inter-veno estatal em todos os setores; nfase na defesaexterna e na segurana, interna; preocupao com aeli-minao do Conflito social e poHtio em torno da i

  • o Partido Social Democrtico foi constitudo porJuracye teve brilhante desempenho eleitoral. Mas Juracyestava deixando de sero tenente revolucionrio e come.ando sua longa carreira 'poltica. Apesar das resstnciasapontadas por Juracy, a maiora dos interventores aca-bou se submetendo ao comando getulista e organizandopartidos polticos e o processo eleitoral em seus respec-tivos estados.

    Tratava-se de aglutinar as foras revolucionrias nosestados para apoiar o governo provisrio e constituirbancadas situacionistas na Assemblia Constituinte, que'significassem um contrapeso influncia dos estadossulinos.

    Os interventores do Norte-Nordeste, abdicando deseu absentefsmopoltico anterior a 32, tornaram-se osarticuladores de um bloco poltico centralizador, queatuaria na Constituinte tentando neutralizar o poder dosgrandes estados, So Paulo, Minas Gerais e Rio Grandedo. Su:"duas ordens de propostas esto presentes para oNorte. A primeira de retomada das articulaes em prolda coeso poltica da regio, tendo em vista a atuao naConstituinte. A segunda de cunho renovador, implicandouma preparao do' terreno administrativo, de fomia afacilitar e talvez at a assegurar o futuro espao polticodo Norte.,,42 .

    Mas essa nova insero poltica de alguns tenenteslcontribuiu para a fragmentao poltico-ideolgica do'grupo tenentista e para a abdicao de seus projetos s-cio-polticos prprios. Derrotdos pelas "oligarquias for-

    . tes", depois de 32 eles so obrigados a conciliar-se comas oligarquias pobres e tornar-se porta-vozes de suas pre-tenses de ascenso poltica, que passava necessariamen-te pela centralizao. estatal.

    Outros tenentes, como Juracy, aceitaram a inevitabi-lidade da Constituinte, imposta pelas "oligarquias for-tes", como o caso de Joo Alberto, que tambmpre-servou sua carreira poltica.

    Sua opo foi feita ainda antes da Revoluo de 32,quando defendia a transformao do Clube 3 de Outu-bro em partido poltico, contra a opinio da maioria dostenentes, o que o levou a abandonar o clube.

    Tanto assim que, em entrevista ao jornal A Noite,realizada em fevereiro de 1932, declarava: "A prpriaatividade do Clube 3 de Outubro, atividade puramenteconstrutiva, demonstra que um ndice bastante expres-sivo. de que ns contamos COm uma nova fase para a vidanacional, pois at a. imediata transformao do clube empartido poltico est por ns prevista e s se organizapartido para disputar o poder por meios legais.,,43

    Augusto do Amaral Peixoto, outro tenente que fezuma opo partidria, percebe o esvaziamento do Clube3 de Outubro depois da Revoluo de 32:, "Quando veioa fase da Constituinte ( ... ) o Clube, como eu j disse;procurou tomar um novo rumo: ou dissolver-se, outransformar-se em partido poltico, ou continuar na' ex-pectativa - como ficou resolvido - como um rgo decontrole, acompanhando a situao, para uma nova n-terveno, caso houvesse necessidade. Mas, evidentemen-te, com a criao dos partidos regionais - como aqui foicriado, no Distrito Federal, o Partido Autonomista- oClube 3 de Outubro perdeu quase que a sua razo de ser,porque os partidos que surgiram preencheram a sua fina-/idade (grifo nosso) .. E, com a Revoluo de 32 e o afas-tamento dos militares do.Clube, ingre$Saram'Centenasde

    Exrcito e tenentisino

    cidados que deram uma orientao completamentediferente da inicial: da a sua extino paulatina."44Amaral Peixoto foi eleito para a Constituinte pelo Parti-do Autonomista, fundado por Pedro Ernesto Batista,que se tornou mais tarde interventor e prefeito do Distri-to Federal.45

    Juarez Tvora, que tinha sido readmitido no Exrci-to como major, foi nomeado ministro da Agricultura em21 de dezembro de 1932 e, enquanto ministro de Var-gas, teve .ativa participao na Constituinte: Posterior-mente, voltou ao servio ativo no Exrcito e integrou aala dos ex-tenentes que romperam com Vargas e acaba-ram fundando e liderando a UDN.

    Osvaldo Cordeiro de Faria tambm abandonou' oclube, tendo se mantido fiel a Getlio Vargas,46 sendonomeado interventor do Rio Grande do Sul em substi-tuio ao General Daltro Filho, voltou ao servio ativodo Exrcito, onde se destacou como um dos fundadoresda Escola Superior de Guerra e um dos principais articu-ladores da derrubada do Presidente Joo Goulart."?

    Enquanto alguns tenentes aceitavam as novas condi-es polticas impostas-pelas oligarquias, o remanescenteClube 3 de Outubro, esvaziado das principais lideranastenentistas, mantinha uma posio ntransgentementecontrria Constituinte: "O Clube 3 de Outubro com-preende e respeita os' escrpulos do honrado e nobrecidado que nos governa, agora escravo da prpria pala-vra, no tocante data das eleies para a Constituinte.Continua a pensar, contudo, coerente consigo mesmo,que prematuro o. pleito em ambiente confu-So, quandoideologias vrias mal comeama formar correntes semtempo de propaganda bastante para que o povo, entreelas, refletidamente escolha. Pensa mais o Clube, queeleies de tal espcie representam o mais propcio am-biente para o triunfo apenas das velhas mquinas; 'oumesmo de mquinas novas, construdas de p~as velhas epela mesma tcnica.,,48 .'

    Com a fragmentao do tenentsmo em 32, algunsde seus elementos encaminharam-se politicamente para aesquerda, vindo a integrar o Partido Socialista Brasileiroou .mesmo o. Partido Comunista e muitos deles tiveramparticipao ativa na Alana Nacional Libertadora. ocaso de Hercolino Cascardo, Agildo. Barata, Trifino Cor-ra, Sillo Meirelles e muitos outros. Ointegralismo tam-bm .absorveu alguns tenentes, mas a grande maioriadeles abandonou a militncia poltica, reintegrando-se aoExrcito e voltando a ter presena na poltica nacionalenquanto integrantes das Foras Armadas.

    ICarvalho, Jos Murilo de: As Foras Armadas na Primeira Re-pblica; p. 189.

    2Domingos Neto, Manuel. L'influence trangere et la formationdes xroUpel et tendances au sein de l'Arme brsilienne (1889-1930).!n: Rouqu, AIain, LeI partis militaires ou Brsil. Paris,Presses de' la Fondation Nationale des Sciences Politiques, 1980.p.45.

    13

  • 3Sobre a evoluo do ensino militar, ver Motta, Je~vah. Formo-t10 do oficiol do Exrcito; (currculos e regimes na AcademiaMilitar 1810-1944). Companhia Brasileira de Artes Grficas,1976.

    4"Par influence militaire, nous entendons I'ensemble des con-tributions apportes par divers pays trangers l'institution mili-taire brsilienne, les contributions allant du modele mme d'or-ganization militaire [usqu' la fourniture d'armement; l'envoiede techniciens et d'instructeurs. C'est prcisment l'apport tran-ger qui a permis l'arme brsilienne de subir la plus grandetransformation qu'elle ait connue depuis sa criation, celle de la'modernisation'." Domingos Neto, Manuel. op. cito p. 41.

    5Carvalho, Estevo Leito de. Devermllitar e poUtica partid4-ria. Companhia Editora Nacional, 1959, p. 34.

    6S~bre a "Misso Indgena" ve;: Denys, Qdylio. Ciclo revolu-cionrio brasileiro: memrias (5 de julho de 1922 a 31 de marode 1964). Rio de Janeiro, Nova Fronteira, p. 169-74. ColeoBrasil Sculo 20.

    7Hist6ria do Exrcito brasileiro. Perfil militar de um poro.Braslia/Rio de Janeiro, Estado-Maior do Exrcito, 1972. V. 2.p.809.

    8"Ao final da I Guerra, a poltica americana no era favorvela um estreitamento de laos entre os dois exrcitos: Corno parteda disputa mundial com os ingleses, Washington decidiu que ainfluncia poltica e o prestgio comercial americanos lucrariammuito com a eliminao da influncia inglesa na Marinha brasilei-ra. E, apesar de o Departamento de Estado preferir que o trei-namento dos Exrcitos latino-americanos fosse realizado pelosEstados Unidos do que por governos europeus, predominou a.opinio do embaixador Morgan, a de que uma misso militarfrancesa obteria resultados mais rpidos que qualquer outra eno prejudicaria os interesses americanos. Assim, tornou-se umdogma para a poltica americana, at o final dos anos 20, notentar atrair o exrcito brasileiro para os Estados Unidos." In:McCann, Frank D. A influncia estrangeira e o Exrcito brasilei-ro, 1905-1945. Pape,. apresentado ao Seminrio sobre a Revolu-o de 30, organizado pelo CPDOC/FGV .. Rio de Janeiro, 22 a25 set. 1980. p. 6-7, mmeogr. "

    9Sobre .a influncia da misso francesa, assim se manifestouJuracy Magalhes: "Na Escola Militar do Realengoj havia influ-ncia da misso francesa. Fiz um discurso saudando o GeneralJuan quando ele veio ao Brasil, corno chefe do Estado-Maior. Sequiserem, vocs podem consultar os anais para ver o discurso, INele fao um estudo da evoluo do pensamento militar noExrcito brasileiro e digo: O Exrcitobrasileiro teve duas fases:antes e depois da misso militar francesa. (. .. ) No tinham dire-tamente oficiais da misso francesa na Escola, porm. A minhaturma ainda dava muito mais valor quelas cadeiras bsicas cien-tficas, do que s cadeiras profissionais." In: Entrevista com Ju-racy Magalhes, Projeto de histria oral, CPDOt/FGV. p. 45-6.

    10 Carvalho, Jos Murilo de. op. cito p. 200.11\ . .Domingos Neto, Manuel. op. citop. 57.

    12 Mcann, Frank D. op. cito p. 10 e }9.

    13 Sobre: a polmica entre a doutrina do "soldado cidado" e o"soldado profissional" , no contexto da sucesso de Epitcio Pes-soa e da Reao Republicana, ver: Forjaz, Maria Ceclia Spina,Tenentismo e politica. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1971; p.41-5.

    14 Tvora, Juarez. guIflde depoimento sobre. Rerolu4obrasildra de 1924. So Paulo, O Combate, 1927. p. 88 e 91.

    15 Carvalho, Jos Murilo. op. cito p. 213.

    16R .' ._!- .0Il9UlC, 1UiIUJ. PapIis e COmportflmetltOI pol(ticol dIIl FOTIIIATmIIdIII 1Ifl Amrica Lati1Jll (1930-1945); algumas reflexespara um estudo comparativo, PrJper apresentado ao Seminriosobre a Revoluo de 30, organizado pelo CPDOC/FGV. RiO deJaneiro, 22a 25 set. 1980. mmeogr, p. 7.

    14

    17Ges Monteiro. A Rerolut1o de 30 e fl jina,wlme po1ftica doExlrcito. Rio de Janeiro, Andersen, s.d. p . .163.

    18Coelho, Edmun:do Campos. Em busca de identidade; o Exrci-to e a poltica na sciedade brasileira. Rio de Janeiro, ForenseUniversitria, 1976. p. 80-1;

    19Carvalho, Estevo Leito. op. cito p. 5.

    20A defem 1Iflcio1lfl1 (revista de assuntos militares), Rio de Janei-ro, 1(1): 1. out. 1913.

    21CrdosO, Fernando Henrique. A formao do capitalismo e asclasses sociais na Amrica Latina; problemas e algumas questesde mtodo. In: Albuquerque, J. A. Guilhon, coord, Classes me-dial e polftica no Brtnil. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977. p. 54.

    22"Como todo assunto sobre o qual se fala constantemente,como todo argumento empregado a torto e a direito, muito pou-co se sabe e se escreve de teoricamente slido sobre as classesmdias no Brasil. Para todos os efeitos, fica sempre a classe m-dia como o grande obstculo para qualquer progresso no campopoltico e institucional. E o conceito de classe mdia, atravessadono caminho de quem quer que tente uma anlise da estrutura declasses rio Brasil." In: Albuquerque, 1. A. Guilhon. op. cito p. 9.

    23Cardoso, Fernando Henrique. op. citop. 57.

    24Saes, Dcio. Classe moyenne e! systme politique au Brsil. p.80-1.

    25Miceli, Srgio. Intelectuais e classe dirigente no Braril (19201945). So Paulo, Difei. 1979. v.17, p. xxii. (Cole~,~, ':':orpo eAlma do Brasil.)

    26Rouqui, Alain. op. cit., p. 17.

    27Diniz, Eli. Empresrio, Estado e capitalismo no Brasil: 1930-/945. Paz e Terra, 1978. p.226-7.

    28Sodr, Nelson Werneck. Memrial de um soldado. Rio de Ja-neiro. Civilizao Brasileira, 1967. p.1-2. (... ) Sobre suas or-gens sociais, depe o Genetal Ges Monteiro: "Originrio da plu-tocracia rural nordestina decadente, que definhava ao peso dasmodernas tcnicas de trabalho, j nasci na fase de empobreci-mento progressivo de minha famflia, sob o signo de uma depres-so econmica indisfarvel. Minha mocidade foi melanclica edesordenada, primognito de uma famflia numerosa, filho de ummdico provinciano, excelente facultativo. (... ) Cedo faleciameu pai, vtima de um ataque cardaco que o fulminou poucodepois de completar 40 anos de idade, na tortura de deixar urnaprole desamparada de nove filhos e urna viva." In: Coutinho,Lourival. O General Ges depe. Rio de Janeiro. Coelho Branco,1955. p. XII e XIII. "Como conseqncia da revolta do Forte deCopacabana: que resultou na vinda: para Sergipe de pelo menosdois sergipanos implicados. Primeiio foi Manuel Xavier de Oli-veira, nascido em 16 de junho de 1900, na cidade de Capela, cer-tamente por influncia do pai, que. tambm era militar, seguiu acarreira das armas. '''.) Desligado da escola no ms seguinte,regressou a seu estado, onde teria grande atividade como profes-sor e jornalista no Correio de Aracaju. Alm de Manuel Xavier deOliveira, regressou tambm a Sergipe Augusto Maynard Gomes.Nascido em 16 de fevereiro de 1886; no engenho de Campo Re-dondo, no municpio de Rosrio do Catete, filho de um senhorde engenho." In: Dantas, Jos Iber Costa. O tenentismo emSergipe. Petrpolis. Vozes, 1974. p. 84-5.

    29Joffi1Y, Jos, RevoIuz e revoluo; cinqenta anos depois. Riode Janeiro, Paz.e Terra, 1979.p. 139.

    30Carvalho, .Jos. MuriIo. de.: Foras Armados e poUtica 1930-1945:.1980. mimeogr. p. 2.

    31Em entrevista qae nos concedeu, o General Zerbini confirmouo carter minotitrio do tenentismo e, alm disso, afirmou que asresistncias a esse Itovimentoinclu{ram a jovem oficialidade doExrcito. Concorda com o General Zerbini o maior lder tenen-tiSta dos anOs lO,Lus Carlos Prestes, que nos disse o seguinte,em entrevista'realizada no Rio de Janeiro, em 25 de abril de

    R.."". de Admildrtr'tlflo de EmpreBaI

  • . .'1980: "O grupo tenentista era um grupo minoritrio. Foi sempreminoritrio no Exrcito. So os oficiais mais jovens, em geral dapequena burguesia, mais pobres tatnbme os mais estudiosos."Sobre a "anarquia" do Exrcito no p6s-30, Prestes assim se pro-nunciou; "Eu vou dizer uma oo.isa.At 35 essa anarquia no Exr-cito existia. Tanto que, era mais fcil em 35, 34/35, organizar SEpartidos comunistas nos quartis do que nas fbricas. N6s tinha- , . . . .8. . .mos trs jornais; um jornal pr-Exrcito, um jornal pr6-Marinha.... O Partido Comunista tinha um jornal pr6-Exrcito, um jornalpro-Marinha e um [omal pro-Aeronutica. Os comunistas, nosquartis, faziam questo de colocar o jornal na mesa do coman-dante. Era uma verdadeira provocao." .

    32rquivo Bertoldo Klinger, PDOC/FGV: Documentos 'BK31.08.29/2 e BK 3.09.02. O manifesto principal do movimentotambm est no arquivo Dertoldo Klinger, documento BK31.11.14 , e sobre a f"malidade da "Unio" diz o seguinte: "Inte-grar o Exrcito na sua verdadeira funo, isto , organizar. coor-denar e orientai os esforos individuais, ora dispersos, numa sdiretriz, de forma a que o Exrcito possa estai, pelo grande cul-tura profissional e moral de seus quadros, pela sua organizaomaterial, pela sua disciplina e trabalho produtivo, em condiesde cumprir, em qualquer momento, as misses qe lhe so ine-rentes e peculiares."

    33Klinger, Dertoldo. Pluada e desfile de uma vidIl de JIOlunttfriodo Brasil na primeirrl metade do sculo. Rio de Janeiro, O Cru-zeiro, 1958. p. 405.

    34Carta de Joo Neves a Lindolfo Collor. Arquivo LindolfoCollor. CPDOC/FGY.. Documento LC 32.05.31.

    35Carvalho, Jos Murilci de. op. cito p. 49-50.

    36Rouqui, Alain. op. citop. 16.

    37Ges Monteiro. op. cito p. 208.

    38Magalhes,Juracy. Entrevsta ao Projeto de Histria Oral doCPDOC/FGV. p. 123.

    39peixoto, A1zira Vargas do Amaral. Getlio Varps, meu pai.Porto Alegre, Globo, 1960. p. 60. .

    40Alexander, Robert J. Os t~nentes depois da Rev~luo de 30.In: Figueiredo, Eurico de Lima, coord. Or miUtIJ7er e a}eJIOlu-o de ia Rio de Janeiro, Paz e Terra. p. 167-8.

    41Entrevista que Juracy MaplbIes nos concedeu no 1~semestrede 1980. p. 26-7.

    42Pandolfi, 1)ulce Chaves. A trajetria do Norte: umatenta.tivade ascenso potica. In: Gomes, Angela Maria de Castro, coord.Regionalismo e centrrdizao poIftica; partidos, e Constituintenos anos 30. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980. p. ~6L (Co-leo Brasil Sculo 20.)

    43Entrevista de Joo Alberto. In: Carone, ~d. O tmelltismo;acontecimentos, penonqen', pi'flgramtzs. So Paulo, Difuso,1975. p. 386 ..

    44Entrevista de Augusto do Amaral Peixoto. Projeto de HistriaOral do CPDOC/FGV. p. 125-6.

    45Sobre esse p.nido, 1!Cl: O Prmiflo #fItonomi#tL lUo de laRei-ro, Imprensa Na.eional, 1935, 2 v.

    46Em entrevista que nos concedeu no primeiro semestre de1980, Cordeiro de Farias negou que tivesse pertencido ao Clube,embora sua ficha esteja entre a dos primeiros inscritos nessa orga-nizao tenentista .

    47Sobre CllIeira pelti. cito p ..A17. fASIl cit.tfo pertence .mani-festo do Clube pHlil:lMlo em,tW de 1933, ou , s ~das elei6es patll a Constitainte.

    Excito e teJtelJ#irhao r 15