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 VERA LÚCIA MONTEIRO JESUS A ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS TURÍSTICOS Contributos para o Desenvolvimento e Dinamização do Turismo na Ilha de Sant o A ntão  Cabo Verde Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias  Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Unidade Funcional de Turismo  Mestrado em Turismo ORIENTADOR: PROFESSOR DOUTOR EDUARDO MORAES SARMENTO Lisboa 2012

A Organização de Eventos Turísticos

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aqui você encontra algumas dicas de como organizar eventos turisticos

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  • VERA LCIA MONTEIRO JESUS

    A ORGANIZAO DE EVENTOS TURSTICOS

    Contributos para o Desenvolvimento e Dinamizao do

    Turismo na Ilha de Santo Anto Cabo Verde

    Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias

    Faculdade de Cincias Sociais e Humanas

    Unidade Funcional de Turismo

    Mestrado em Turismo

    ORIENTADOR: PROFESSOR DOUTOR EDUARDO MORAES SARMENTO

    Lisboa

    2012

  • Vera Lcia Monteiro Jesus A Organizao de Eventos Tursticos Contributos para o Desenvolvimento e Dinamizao do Turismo na ilha de Santo Anto _________________________________________________________________________________________

    2 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    VERA LCIA MONTEIRO JESUS

    A ORGANIZAO DE EVENTOS TURSTICOS

    Contributos para o Desenvolvimento e Dinamizao do

    Turismo Ilha de Santo Anto Cabo Verde

    Dissertao apresentada para a obteno do Grau

    de Mestre em Turismo no Curso de Mestrado em

    Turismo, conferido pela Universidade Lusfona de

    Humanidades e Tecnologias.

    ORIENTADOR: PROFESSOR DOUTOR EDUARDO MORAES SARMENTO

    Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias

    Faculdade de Cincias Sociais e Humanas

    Unidade Funcional de Turismo

    Mestrado em Turismo

    Lisboa

    2012

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    DEDICATRIA

    Dedico esta dissertao minha famlia.

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    AGRADECIMENTOS

    O meu primeiro agradecimento vai ao SER SUPREMO, pela vida, por me proporcionar uma

    famlia, e por colocar no meu caminho pessoas amigas e preciosas.

    MINHA FAMLIA, especialmente minha ME, pelo amor incondicional e por me

    transmitir valores indispensveis para que pudesse vencer. Umagradecimento especial

    tambm ao meu PAI, que mesmo longe, nunca pude esquecer as suas palavras que desde

    criana ouvia repetidamente, sem estudos no somos nada. Aos meus AVS, pelo carinho

    e amor que sempre demonstraram por mim.

    Aos COLEGAS DE MESTRADO que compartilharam comigo esses momentos de

    aprendizado, especialmente Anita, e Margarida.

    A todos os meus amigos em especial Laura, Sofia e ao Terncio pela vossa preciosa

    colaborao. Ao Benvindo Neves por ter gentilmente fornecido as fotografias atualizadas da

    ilha de Santo Anto.

    Ao meu ORIENTADOR, Professor Doutor Eduardo Moraes Sarmento um agradecimento

    carinhoso por todos os momentos de compreenso, encorajamento, competncia e

    sobretudo pela disponibilidade que sempre demonstrou. Aos meus professores de

    mestrado, pelo rigor que me transmitiram na partilha de conhecimento.

    A TODOS OS PARTICIPANTES deste estudo, que de uma forma ou de outra me ajudaram

    a fundamentar a minha pesquisa, no fornecimento de dados estatsticos, como foi o caso do

    Instituto Nacional de Estatsticas de Cabo Verde e do Gabinete Tcnico Intermunicipal, na

    pessoa do Doutor Antonio Neves, que to prontamente me facultaram os dados e

    documentos de que precisava.

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    RESUMO

    O turismo hoje uma das principais atividades econmicas no mundo, impulsionadora de

    receitas e uma das que mais emprego cria. Neste contexto, os Eventos so vistos como

    instrumentos essenciais para atrair visitantes e para a construo de uma imagem e

    identidade junto de destinos tursticos. Neste mbito, j em 2007 a Organizao Mundial do

    Turismo dizia que ao nvel do movimento turstico internacional, cerca de 40% do mesmo

    acontece em funo da realizao de Eventos.

    O desenvolvimento e a promoo dos eventos est normalmente associado ao turismo e s

    oportunidades econmicas que pode gerar para o destino, cujo impacto econmico se

    verifica no consumo de produtos tursticos numa rea geogrfica, como o caso dos

    alojamentos, da restaurao e do comrcio. neste sentido que o principal objetivo desta

    dissertao contribuir para o desenvolvimento e dinamizao do turismo na ilha de Santo

    Anto, atravs da organizao de Eventos de grande atratividade turstica.

    Para apoiar a fundamentao desta dissertao, a metodologia foi delineada atravs da

    anlise de documentao terica alusiva ao tema e demais informaes sobre o objeto de

    estudo.

    A este propsito importa referir, que a comunidade recetora de dinmicas de atratividade

    turstica desempenha um papel importante para o desenvolvimento de territrios por via da

    organizao de eventos tursticos e com base nisto importante a sustentabilidade dos

    projetos, implicando para tal os agentes locais, a preservao e a conservao do territrio

    de acolhimento.

    Palavras-chave: Eventos, Gesto de Eventos; Desenvolvimento Sustentvel, Turismo de

    Eventos, Atratividade e Inovao.

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    ABSTRACT

    Today, tourism is one of the main economic activities in the world, driving revenue is one of,

    which creates more employment. On the other hand, the events are seen as essential tools

    to attract visitors and for the construction of an image and identity from tourist destinations. In

    this context already in 2007 the World Tourism Organization (WTO) said that the level of

    movement international tourist, about 40% of the same happens in the light of events.

    The development and promotion is normally associated with the tourism and the economic

    opportunities that can generate to the destination, whose economic impact is the

    consumption of tourist products in a geographical area, as is the case for accommodation,

    catering and trade. It is in this sense that the main objective of this thesis is to contribute to

    the development and promotion of tourism on the island of Santo Anto through the

    organization of events of great tourist attraction.

    To support the reasoning of this dissertation,the methodology will be outlined by means of

    surveys by documents and informations from the studys object.

    In this regard it is important to say, that the host community of dynamic tourist attractiveness

    plays an important role for the development of territories by the touristics events organization

    and on this basis, is important to the sustainability of projects, involving the local agents, the

    preservation and conservation of the receiving area.

    Keywords: Events, Events Management, Sustainable Development, Tourism and Events,

    Attractiveness and Innovation.

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    ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS

    AMSA Associao dos Municpios de Santo Anto

    APA American Psychological Association

    GTI Gabinete Tcnico Intermunicipal

    INE Instituto Nacional de Estatsticas de Cabo Verde

    OMT Organizao Mundial do Turismo

    PEDTCV Plano Estratgico para o Desenvolvimento do Turismo em Cabo Verde

    PIB Produto Interno Bruto

    PSI 20 PortugueseStock Index

    SWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats

    UNESCO Organizaodas Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura

    WCED World Commission Environment and Development

    WTO World Tourism Organization

    WTTC World Travel & Tourism Council

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    NDICE GERAL

    DEDICATRIA .................................................................................................................................................. 3

    AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................................... 4

    RESUMO .......................................................................................................................................................... 5

    ABSTRACT ........................................................................................................................................................ 6

    ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS ............................................................................................................... 7

    NDICE GERAL .................................................................................................................................................. 8

    NDICE DE FIGURAS .........................................................................................................................................10

    NDICE DE GRFICOS .......................................................................................................................................11

    NDICE DE TABELAS .........................................................................................................................................12

    NDICE DE MAPAS ...........................................................................................................................................13

    INTRODUO .................................................................................................................................................14

    PARTE I REVISO DA BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................20

    CAPTULO 1 REVISO DOS CONCEITOS .........................................................................................................20

    1. OS EVENTOS ..........................................................................................................................................20

    2. O TURISMO DE EVENTOS .......................................................................................................................22

    3. GESTO E PLANEAMENTO DE EVENTOS .................................................................................................24

    4. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ....................................................................................................26

    5. A ATRATIVIDADE TURSTICA ..................................................................................................................29

    6. A INOVAO ..........................................................................................................................................35

    CAPTULO 2 CARATERIZAO CONTEXTUAL DOS EVENTOS .........................................................................37

    1. CLASSIFICAO DOS EVENTOS CATEGORIAS .......................................................................................37

    1.1. CLASSIFICAO SEGUNDO REAS DE INTERESSE ............................................................................... 37 1.2. CLASSIFICAO SEGUNDO A SUA DIMENSO .................................................................................... 38 1.3. CLASSIFICAO SEGUNDO A SUA TIPOLOGIA ..................................................................................... 38 1.4. CLASSIFICAO SEGUNDO AS CARATERISTICAS ESTRUTURAIS .......................................................... 39 1.5. CLASSIFICAO EM RELAO AO PBLICO ........................................................................................ 39 1.6. CLASSIFICAO POR LOCALIZAO .................................................................................................... 39

    2. ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM DESTINO TURISTICO ......................40

    2.1. A SATISFAO DOS VISITANTES .......................................................................................................... 40 2.2. O TURISMO DE EVENTOS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ..................................................... 43 2.3. OS EVENTOS COMO FATORES DE TRANSFORMAO DA IMAGEM DE UM DESTINO TURSTICO ....... 46 2.4. AS ATRAES TURSTICAS EXISTENTES NA ILHA DE SANTO ANTO ................................................... 50

    2.4.1. OS NCLEOS DE ATRAO TURISTICAS NATURAIS .........................................................................................52 2.5. CINCO PILARES ESSENCIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM DESTINO TURISTICO SEGUNDO OLIVEIRA (2000). ............................................................................................................................................... 54

    2.5.1. CAMA (Acomodao) ......................................................................................................................................54 2.5.2. CAMINHO (Acessibilidades) ............................................................................................................................56 2.5.3. COMPRAS........................................................................................................................................................56 2.5.4. COMIDA (Restaurao) ...................................................................................................................................57 2.5.5. CARINHO (HOSPITALIDADE/MORABEZA) .......................................................................................................58

    CAPTULO 3 O TURISMO NO MUNDO...........................................................................................................59

    1. AS TENDNCIAS INTERNACIONAIS DO TURISMO ...................................................................................59

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    2. O TURISMO EM CONTEXTOS ARQUIPELGICOS .....................................................................................61

    2.1. CARATERIZAO CONTEXTUAL DO TURISMO EM ILHAS INSULARES .................................................. 61

    PARTE II CARATERIZAO DA REA EM ESTUDO .........................................................................................65

    CAPTULO 1 O TURISMO EM CABO VERDE ...................................................................................................65

    1. CARATERIZAO GERAL DO PAS ...........................................................................................................65

    1.1. O TURISMO EM CABO VERDE ............................................................................................................. 67 1.1.1. OS FLUXOS TURSTICOS EM CABO VERDE.......................................................................................................70

    CAPTULO 2 ESTUDO DE CASO......................................................................................................................72

    1. A ILHA DE SANTO ANTO ......................................................................................................................72

    1.1. CARACTERIZAO GERAL ................................................................................................................... 72 1.2. INFRAESTRUTURAS, TRANSPORTE E MOBILIDADE ............................................................................. 77 1.3. SANEAMENTO .................................................................................................................................... 80 1.4. MODALIDADES DESPORTIVAS ESPECIAIS ............................................................................................ 81 1.5. O ARTESANATO DA ILHA DE SANTO ANTO ....................................................................................... 82 1.6. O TURISMO NA ILHA DE SANTO ANTO .............................................................................................. 84

    1.6.1. ANLISE SWOT AO TURISMO NA ILHA DE SANTO ANTO ..............................................................................88

    CAPTULO 3 MODELO DE ANLISE PARA SANTO ANTO ..............................................................................90

    1. FEIRA REGIONAL DO ARTESANATO ........................................................................................................92

    2. PRIMEIRO FESTIVAL DE GASTRONOMIA DE SANTO ANTO ...................................................................96

    3. A ROTA DO GROGUE DE SANTO ANTO .............................................................................................. 100

    4. TREKKING PELO PARQUE NATURAL DA COVA EM SANTO ANTO ....................................................... 103

    5. PLANEAMENTO ESTRATGICO ............................................................................................................. 105

    CAPTULO 4 CONSIDERAES FINAIS ......................................................................................................... 107

    1. CONCLUSES ....................................................................................................................................... 107

    2. NOVAS VIAS DE INVESTIGAO ........................................................................................................... 113

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................................................................... 114

    ANEXOS ............................................................................................................................................................ I

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    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1: Fases do processo de planeamento de um evento ................................................................................ 25

    Figura 2: Componentes da imagem de um destino turstico ................................................................................ 47

    Figura 3: Pedracin Village ...................................................................................................................................... 55

    Figura 4: Aldeia Manga .......................................................................................................................................... 55

    Figura 5: Estrutura para um turismo sustentvel .................................................................................................. 63

    Figura 6: Paisagem do Concelho do Porto Novo ................................................................................................... 73

    Figura 7: Farol de Boi ............................................................................................................................................. 74

    Figura 8: Paisagem do vale da Ribeira da Torre .................................................................................................... 75

    Figura 9: Tnel da estrada, Porto Novo - Janela .................................................................................................... 78

    Figura 10: Imagem alusiva feira regional do artesanato .................................................................................... 92

    Figura 11: Imagem alusiva ao festival da Gastronomia ......................................................................................... 96

    Figura 12: Trapiche para a produo tradicional do grogue ........................................................................... 100

    Figura 13: Imagem alusiva ao trekking ................................................................................................................ 103

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    NDICE DE GRFICOS

    Grfico 1: Evoluo de Hspedes e Dormidas (2000-2011) .................................................................................. 68

    Grfico 2: Hspedes e Dormidas (%) por pas de residncia dos hspedes, 4 trimestre 2011............................ 71

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    NDICE DE TABELAS

    Tabela 1: Distribuio da populao por ilhas em 2010 ........................................................................................ 66

    Tabela 2: Esperana mdia de vida, Censo 2010. .................................................................................................. 67

    Tabela 3: Anos e nmeros de hspedes e dormidas ............................................................................................. 69

    Tabela 4: Evoluo do Nmero de estabelecimentos tursticos (2005 a 2011) .................................................... 70

    Tabela 5: Evoluo de demogrfica dos ltimos 70 anos (1940 2010) .............................................................. 76

    Tabela 6: Populao Residente por Concelho, segundo o Sexo ............................................................................ 77

    Tabela 7: Tipo de estabelecimentos existentes por ilha (2011) ............................................................................ 85

    Tabela 8: Dormidas nos Estabelecimentos Hoteleiros segundo a Ilha, por pas de residncia habitual dos

    hspedes (2011) .................................................................................................................................................... 86

    Tabela 9: Hspedes segundo a Ilha, por pas de residncia habitual dos hspedes (2011) .................................. 87

    Tabela 10: Anlise Swot ......................................................................................................................................... 89

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    NDICE DE MAPAS

    Mapa 1: Cabo Verde, localizao geogrfica ......................................................................................................... 65

    Mapa 2: A ilha de Santo Anto .............................................................................................................................. 72

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    INTRODUO

    O turismo um dos mais marcantes fenmenos da nossa poca e tem uma influncia

    profunda e extensa na vida humana, mais que qualquer outra realizao deste sculo

    (Cunha, 2003). Porm, desde sempre, o ser humano foi inquieto por viver novas

    descobertas e grandes acontecimentos. Isto pode-se verificar pela herana que a Civilizao

    antiga nos deixou. Os primeiros registos destas deslocaes que se pode considerar como

    origens do turismo, e em particular, do turismo de eventos, aconteceram durante os Jogos

    Olmpicos da Era Antiga, na data de 77 a.C. (Matias, 2004).

    Assim, a civilizao antiga deixou de herana para o Turismo e em particular para o Turismo

    de Eventos, o esprito de hospitalidade, a infraestrutura de acesso e os primeiros espaos

    de eventos, entre outros. Isto foi consolidado com a Revoluo Industrial no Sculo XVIII,

    com o surgimento das feiras que se tornaram verdadeiras organizaes comerciais

    planeadas, e passaram a motivar cada vez mais pessoas a deslocaram-se em busca de

    informaes sobre as trocas de produtos, passando assim as viagens a ser

    de carcter profissional (Matias, 2004).

    Segundo dados da Organizao Mundial do Turismo (OMT, 2007), cerca de 40% do

    movimento turstico internacional acontece em funo da realizao de eventos. O seu

    desenvolvimento e a sua promoo est normalmente associado ao turismo e s

    oportunidades econmicas que pode gerar para o destino, cujo impacto econmico se

    verifica no consumo de produtos tursticos numa rea geogrfica, como o caso dos

    alojamentos, da restaurao e do comrcio. (Oliveira, 2000).

    O tema escolhido para a presente dissertao cujo ttulo A ORGANIZAO DE

    EVENTOS TURSTICOS CONTRIBUTOS PARA O DESENVOLVIMENTO E

    DINAMIZAO DO TURISMO NA ILHA DE SANTO ANTO CABO VERDE, enquadra-

    se no contexto do desenvolvimentodas regies menos desenvolvidas e uma premissa

    capaz de melhorar as condies de vida nessas regies, tanto a nvel econmico,

    sociocultural e ambiental.

    Neste contexto, o turismo de eventos pode ser considerado um instrumento importante para

    a dinamizao e desenvolvimento da economia. Convm afirmar que o seu desenvolvimento

    deve estar assente nos princpios bsicos da sustentabilidade, pois os construtos social,

    cultural e ambiental, inerentes sustentabilidade, so aspetos importantes para o equilbrio

    do desenvolvimento econmico que se espera. Estas dimenses so interdependentes e

    reforam-se mutuamente (Boss, 1999; Mowforth & Munt, 1998, in Choi& Sirakaya, 2006).

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    Contudo, a participao da comunidade recetora dos eventos essencial para garantir a

    sustentabilidade do desenvolvimento do turismo.

    Tais princpios prendem-se com a criao de melhores oportunidades para a populao

    local, e ao mesmo tempo se adquirirem benefcios equilibrados ao nvel do desenvolvimento

    do turismo. Assim, deve ter-se em considerao o equilbrio entre a satisfao do visitante e

    o benefcio para a populao residente (Simmons, 1994 in Tosun, 2006).

    Desde a cimeira do Rio de Janeiro (1992) que amplamente reconhecido que a

    sustentabilidade deve estar no centro de toda a poltica econmica e do prprio

    planeamento e desenvolvimento. Os princpios do desenvolvimento sustentvel apontam

    para a necessidade de os fatores externos serem considerados, como por exemplo, o

    esgotamento dos recursos no renovveis, o planeamento da utilizao dos recursos

    renovveis para a sua capacidade regenerativa e da prpria economia para a capacidade de

    carga do ambiente. (Silva & Perna, 1999: p. 5). Aos destinos tursticos tambm se impe

    estes princpios.

    O autor(Silva & Perna, 1999) reafirma aindaque com o desenvolvimento do turismo sem

    planeamento o mais provvel haver um esgotamento dos recursos. preciso ter presente

    que o ambiente ecolgico, econmico e social a principal herana dos destinos e o

    principal elemento para a atratividade turstica.

    Nesta tica, o turismo quando praticado segundo os princpios do desenvolvimento

    sustentvel, visto como uma indstria alternativa e um poderoso instrumento de combate

    pobreza extrema que afeta os respetivos povos.

    No Plano Estratgico Para o Desenvolvimento Turstico em Cabo Verde (2010-2013)

    constata-se que o governo est sensvel questo da sustentabilidade:Queremos ter um

    turismo sustentvel e de alto valor acrescentado, que contribua efetivamente para melhorar

    a qualidade de vida dos cabo-verdianos, sem pr em risco os recursos para a sobrevivncia

    das geraes futuras(Ministrio da Economia Crescimento e Competitividade, 2010: p.

    95). Com esta perspetiva o governo de Cabo Verde pretende que se alcance determinados

    objetivos, como por exemplo:

    Um turismo sustentvel e de alto valor acrescentado, com o envolvimento das comunidades locais no processo produtivo e nos seus benefcios;

    Um turismo que maximize os efeitos multiplicadores, em termos de gerao de rendimento, emprego e incluso social;

    Um turismo que aumente o nvel de competitividade de Cabo Verde, atravs da aposta na qualidade dos servios prestados;

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    Um turismo que promova Cabo Verde no mercado internacional como destino diversificado e de qualidade.

    A organizao de eventos tursticos, na ilha de Santo Anto, ainda no faz parte do leque de

    produtos tursticos institudos pelas entidades competentes. Isto pode ser constatado no

    PEDTCV (2010-2013) onde no se faz nenhuma referncia ao turismo de eventos. Os

    produtos tursticos destacados so: o Ecoturismo que engloba caminhadas, observao de

    fauna, ornitologia, turismo no espao rural, entre outros; turismo cultural, que aglomera o

    turismo tnico, festas populares, patrimnio construdo, intercmbio; turismo desportivo que

    engloba a aventura, trekking1, canyoning2, voo livre, mergulho, cavalgadas e pesca

    desportiva. A organizao de eventos pode e deve ser conciliada com o turismo cultural e

    desportivo, sendo que estes podem estar associados a organizao de eventos desportivos,

    e eventos culturais.

    OBJETIVOS

    Apresente investigao prope-se no essencial apresentar uma estratgia de

    desenvolvimento de produtos tursticos para a ilha de Santo Anto, englobando os trs

    concelhos: Ribeira Grande, Pal e Porto Novo. Esta estratgia estar assente no Turismo

    de Eventos, quer em conformidade com os restantes produtos tursticos j existentes, quer

    como ncleo de atrao turstica. Outro objetivo visa analisar e avaliar as potencialidades de

    cada Concelho e apresentar alternativas de forma a preencher as lacunas existentes ao

    nvel de organizao de eventos, potenciando uma melhor explorao turstica e uma

    melhor valorizaodas atraes tursticas de cada um dos Municpios.

    Como objetivos especficos pretende-se:

    Efetuar a reviso bibliogrfica sobre o turismo de eventos, desenvolvimento sustentvel,

    atratividade turstica, satisfao turstica, imagem e inovao em turismo;

    Investigar a evoluo do turismo em Cabo Verde com particular incidncia na Ilha de

    Santo Anto;

    Efetuar uma anlise sobre a potencialidade do turismo de eventos por via dos

    municpios;

    1Trekking uma palavra de origem sul-africana que significa seguir um trilhoou seja uma longa caminhada por altas

    montanhas 2Desporto dito radical em que o praticante se deixa deslizar preso por uma corda, acompanhando cachoeiras e quedas-d'gua.

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    Analisar a capacidade turstica dos diferentes municpios e criar um roteiro turstico

    baseado em eventos culturais, desportivos,religiosos e musicais de acordo com o potencial

    de cada municpio em consonncia com os seus prprios interesses;

    Identificar e conceber novos produtos tursticos que associam a riqueza cultural com a

    riqueza natural da ilha de Santo Anto, com vista ao aumento da atratividade turstica da

    ilha.

    Avaliar a importncia da organizao de eventos como contributo para o

    desenvolvimento sustentvel do turismo na ilha de Santo Anto;

    Caso se justifique, efetuar recomendaes para cada Concelho aos promotores

    tursticos, presidentes das autarquias e ao governo de Cabo Verde.

    MOTIVAO

    A motivao que justifica a presente investigao prende-se com o facto da signatria ser

    natural da ilha de Santo Anto, mas tambm sobretudo pelo elevado interesse que o turismo

    por via da realizao de eventos poder ter nesta ilha dado que Santo Anto possui um

    conjunto de fatores essenciais para o desenvolvimento do turismo de eventos como adiante

    se explicar mais em pormenor.Obviamente isto no descura o fato desta ser uma ilha com

    uma paisagem rural prpria e nica, com um povo hospitaleiro e uma cultura marcante. A

    ilha conhecida como a Ilha das Montanhas.

    METODOLOGIA

    A presente dissertaofoi elaborada em consonncia com os parmetros institudosnas

    normas de elaboraoe apresentao dissertaes da Universidade Lusfona de

    Humanidades e Tecnologias.

    A metodologia de pesquisa consiste num conjunto de mtodos e tcnicas que guiam a

    elaborao do processo de investigao cientfica, bem como, a seco de um relatrio que

    descreve os mtodos e as tcnicas utlizadas no quadro dessa investigao (Fortin, 1999)

    A metodologia adotada consiste na abordagem qualitativa. A investigao qualitativa inclui

    toda a investigao em cincias sociais que tem por objetivo compreender os fenmenos tal

    como se apresentam no meio natural(Paill, 1996, in Fortin, 2009),

    Esta abordagem divide-se em sete fases:

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    18 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    1) A formulao de um problema geral de investigao, a partir de uma situao concreta que comporta um fenmeno que pode ser descrito e compreendido segundo as significaes atribudas pelos participantes aos acontecimentos; 2) O enunciado de questes precisas com vista a explorar os elementos estruturais, as interaes e os processos que permitem descrever o fenmeno e elaborar os conceitos; 3) A escolha dos mtodos de colheita de dados; 4) A escolha de um contexto social e de uma populao; 5) A colheita de dados e anlise de onde tirada uma descrio detalhada dos acontecimentos relatados pelos participantes que viveram tal situao ou experincia; 6) A elaborao de hipteses interpretativas a partir dos conhecimentos obtidos, com vista a dar uma significao situao; 7) A reformulao interativa do problema, das questes ou modificaes e a integrao do conceito medida que se juntam novos dados (Fortin, 1999: p. 42).

    A recolha de informao foi realizadaatravs da pesquisa bibliogrfica e anlise de fontes

    documentais, tais como monografias, dissertaes de mestrado, teses de doutoramento e

    diversos estudos que contriburam para afundamentao da temtica em estudo.

    O objeto de estudo a ilha de Santo Anto com incidncia na base de organizao de

    eventos,garantindoum desenvolvimento dinmico e sustentvel, aumentandopor sua vez a

    sua atratividade turstica. Esta dissertao procura responder seguinte pergunta de

    partida: Em que medida a organizao de Eventos tursticos contribui para o aumento da

    atratividade turstica da ilha de Santo Anto?

    O processo de amostragem ser feito com base nos objetivos que se pretende atingir,

    sendo que esta investigao se vai basear num Estudo Qualitativo que consiste no

    processo de inquirio para a compreenso de um problema humano e/ou social baseado

    na construo de uma imagem holstica e complexa, relatando perspetivas detalhadas de

    informantes, neste caso tambm objeto de estudo.

    Convm referir, que para as citaes e referenciao bibliogrfica foi adotada a norma APA,

    adotada pela Universidade Lusfona.

    ESTRUTURA

    A presente dissertao apresenta-se estruturada da seguinte forma: no primeiro captulo

    realiza-se uma Reviso Bibliogrfica, incidindo na anlise dos conceitos de Eventos,

    Turismo de Eventos, Gesto e Planeamento de eventos, Desenvolvimento Sustentvel,

    Atratividade e Inovao turstica.

    No segundo captulo apresentada a caraterizao contextual dos eventos com incidncia

    na sua classificao por categorias, reas de interesse, dimenso, tipologia e as

    caractersticas estruturais; num segundo ponto discutido os elementos fundamentais para

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    19 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    o desenvolvimento de um destino turstico incluindo a satisfao dos visitantes, o turismo de

    eventos e o desenvolvimento sustentvel, as atraes tursticas existentes na ilha de Santo

    Anto, os ncleos de atrao turstica naturais, as estratgias para o desenvolvimento

    turstico de um destino turstico e os eventos como fatores de transformao da imagem de

    um destino turstico.

    No terceiro captulo deu-se enfse ao turismo no Mundo, dando um enfoque as tendncias

    internacionais do turismo, e o turismo em contextos arquipelgicos.

    Nasegunda parte desta dissertao apresentada caracterizao da rea em estudo, em

    que se deu nfase no primeiro captulo caraterizao geral do pas, ao turismo em Cabo

    Verde e aos fluxos tursticos em Cabo Verde.

    No captulo dois, apresenta-se o estudo de caso. apresentada a ilha de Santo Anto

    atravs de uma caraterizao geral, as infraestruturas, o saneamento, as modalidades

    desportivas e o artesanato da ilha. Tambm,se d nfase ao turismo na ilha bem como

    apresentao da sua anlise swot.

    No terceiro captulo exposto o modelo de anlise para a ilha de Santo Anto, em que se

    apresenta a metodologia e a aplicao de alguns eventos com base no desenvolvimento

    sustentvel.

    Por fim, encontram-se as consideraes finais do trabalho de investigao onde

    apresentada uma sntese dos captulos tratados e tambm abordada as novas vias de

    investigao, que podero surgir aps a elaborao deste presente estudo.

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    20 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    PARTE I REVISO DA BIBLIOGRAFIA

    CAPTULO 1 REVISO DOS CONCEITOS

    1. OS EVENTOS

    A nsia do ser humano em viver novas descobertas sempre o levou a procurar e celebrar

    grandes acontecimentos. Isto pode-se verificar desde a civilizao antiga, em que foram

    encontrados os primeiros registos de deslocamentos de pessoas de um stio para outro,

    tendo como pretenso a celebrao de grandes acontecimentos. Os primeiros registos

    destes deslocamentos, que se pode considerar como origens do turismo e especialmente do

    turismo de eventos, foram os jogos Olmpicos da Era Antiga datados de 776 antes de Cristo

    a.C. Este tipo de eventos acontecia na Grcia de quatro em quatro anos e possua um

    carcter religioso. E foi a partir destes jogos que o esprito de hospitalidade se desenvolveu,

    pois pensavam eles que entre os visitantes poderia estar o Deus. O sucesso da derivado

    veio dar nimo para que outras cidades gregas passassem a organizar os seus prprios

    eventos. (Matias, 2004)

    A civilizao antiga deixou assim a herana para o Turismo e em particular para o Turismo

    de Eventos, o esprito de hospitalidade, a infraestrutura de acesso e os primeiros espaos

    de eventos, etc. Na idade Mdia sendo de pouca expresso a nvel do turismo mas bastante

    significativa sobretudo pela publicao de Of Travel- As Viagens, de Francis Bacon em

    1612, ou o Guia e Estradasde Charkes Estiene em 1552, que continha informaes,

    roteiros e impresses de viagens. (Matias, 2004)

    Os eventos foram consolidados com a Revoluo Industrial no Sculo XVIII, com o

    surgimento das feiras que tornaram-se verdadeiras organizaes comerciais planeadas e

    passaram a motivar cada vez mais pessoas a deslocaram-se em busca de informaes

    sobre as trocas de produtos, neste contexto as viagens assumiram um carater profissional.

    Para atender a este novo tipo de atividade emergente, os espaos foram adaptados e

    construdos para serem as bases para o desenvolvimento dos eventos.3

    Desde ento, os eventos tm sido um importante impulsionador do turismo, e figura de

    destaque no desenvolvimento e promoo da maior parte dos destinos tursticos (Getz,

    2008).

    3 Informao extrada de (Matias, 2004)

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    21 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    Os eventos afiguram assim uma opo para o progresso turstico, visto que atraem novos

    visitantes que de outra forma no se deslocariam regio (Getz, 2008). Porm, muitos

    eventos so organizados sem qualquer preocupao com o potencial turstico, o que

    demonstra a falta de um planeamento turstico ou de uma poltica de eventos e revela uma

    lacuna entre a realizao e a planificao dos eventos por parte da oferta turstica.(Getz,

    2008)

    Kotler (1994: p.106) acredita que os eventos so estratgias de marketing que vo muito

    alm da promoo. Para ele vender um local significa fazer com que ele satisfaa as

    necessidades do seu mercado-alvo. Assim, a existncia dos eventos como produtos ou

    subprodutos pode ser uma forma de atrao especfica de cada regio, permitindo desta

    formadivulgar e gerar fluxos de visitantes para a localidade.

    Brito (2002) afirma que os eventos em turismo tm comofuno no s a quebra da

    desocupao, mas principalmente a divulgao local, tal como Getz (2008) que afirma que

    eventos ajudam na economia de um pas, aclamam o desenvolvimento e as artes da

    sociedade, proporcionam o cio e so timos instrumentos de comunicao.

    Contudo, aos eventos podem estar associadostanto os impactos positivos como aos

    impactos negativose no devem ser descurados, pois,facilitam a avaliaoda atratividade do

    destino relativamente a destinos concorrentes, o posicionamento estratgico destee

    determinar a estratgia de marketing e de promoo indispensvel para a criao de uma

    imagem positiva do destino. (Getz, 2008)

    de realar que a avaliao dos impactos dos eventos normalmente efetuada mais ao

    nvel dos impactos econmicos (Getz, 2001; Jago & Dwyer, 2006; Janeczo, Mules & Ritchie,

    2002). Existem tambm estudos no mbito dos impactos ecolgicos (Jones, Pilgrim,

    Thompson & Macgregor, 2008), impactos sociais (Fredline& Jago, 2006), impactos ao nvel

    promocional (Gardiner & Chalip, 2006) e impactos ao nvel da imagem dos destinos

    tursticos (Macfarlane & Jago, 2009).

    Assim, podemos concluir que os impactos dos eventos se manifestam em diferentes nveis,

    quer sejam ambientais, econmicos, socioculturais ou polticos. Da que seja importante

    compreender e avaliar os impactos dos eventos ao longo de todo o processo de forma a

    fomentar o carcter positivo dos mesmos, reduzindo ao mximo a componente negativa.

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    22 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    2. O TURISMO DE EVENTOS

    O turismo de eventos tem sido descrito por alguns autorescomo planeamento,

    desenvolvimento e comercializao de eventos como atraes tursticas para maximizar o

    nmero de turistas a participar nos eventos, sejam elas atraes primrias ou secundrias.

    (Getz, 1997, in Stokes, 2008)

    A indstria dos eventos tem vindo a ser desenvolvida sobretudodesde os anos noventa.

    Este fenmeno tem crescido a par de uma preocupao crescente com o meio ambiente e a

    sua sustentabilidade. (Yeoman et al., 2004). Os eventos so realizados a nvel nacional ou

    internacional, em cidades ou vilas, em espao rural ou em zona costeira. Todos querem

    celebrar a sua tradio, ou cultura com os outros e servem, tambm, para promover o

    destino e atrair turistas,tornando-se assim uma nova forma de turismo, desenvolvendo

    assim a economia de uma regio, pais ou cidade. Contudo, a imagem de um destino pode

    ser afetada dependendo do sucesso ou do insucesso de um determinado evento (Yeoman,

    et al., 2004).

    Vrios tm sido os autores que se tm debruado sobre o tema turismo de eventos, o que

    tem gerado vrias definies distintas.

    Para Getz (2008: p. 403) o turismo de eventos pode ser definido como um elemento

    significativo de qualquer destino turstico e ondeesto inseridos nos planos de

    desenvolvimento e marketing da maior parte dos destinos (). Alm disso, os eventos so

    uma das formas de lazer, negcios e de fenmenos relacionados com o turismo (Getz,

    1997: p. 1) de crescimento mais rpido. Os eventos so uma importante forma de recreao

    de oportunidades para os residentes.

    Os autores Getz e Frisby (1988) e Hall (1992) (in Yeoman et al., 2004) sugerem que os

    eventos podem servir no s para atrair turistas, mas tambm para favorecer o

    desenvolvimento ou manuteno da identidade da comunidade residente. Neste sentido

    Getz (2007) eWagen (2005) (in Whitford, 2009), afirmam que globalmente as entidades

    governamentais esto a fazer o uso cada vez maior dos eventos como veculo de

    desenvolvimento regional, pois, desta forma demonstram a capacidade de gerar resultados

    comerciais positivos para as regies de acolhimento4.

    4 Nesta mesma linha, Raj (2003) citado por Ferreira et al. (2007) refere que os eventos so vistos

    como instrumentos essenciais para atrair visitantes e para a construo de uma imagem e identidade junto de diferentes grupos da comunidade

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    23 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    Segundo dados da Organizao Mundial do Turismo cerca de 140 milhes de pessoas

    viajaram emfuno da realizao de eventos ou negcios. O seu desenvolvimento e a sua

    promoo est normalmente associado ao turismo e s oportunidades econmicas que

    pode gerar para o destino, cujo impacto econmico se verifica no consumo de produtos

    tursticos numa rea geogrfica, como o caso dos alojamentos, da restaurao e do

    comrcio(WTO, 2007)5.

    Convm referir, que a comunidade recetora dos eventos desempenha um papel importante

    para o sucesso ou insucesso do evento, pois so eles os principais prejudicados com os

    efeitos negativos dos eventos realizados, que resultam quase sempre com o

    congestionamento do trfego, vandalismo, poluio ou at outros crimes (Tosun, 2006).

    Estes impactos negativos podem ser minimizados se houver um planeamento que esteja

    centrado em estratgias apropriadas, numa monitorizao dos impactos para assegurar que

    os objetivos sejam alcanados e que se esto a evitar impactos negativos. A importncia

    dos eventos tem a ver com os impactos econmicos causados por esse segmento,

    especialmente pelo facto de diminuir a sazonalidade (Freixo, 2007).

    de salientar que para os organizadores de eventos o sucesso ou o insucesso de um

    evento normalmente s contabiliza a parte econmica, ou seja, o lucro que o evento gera, e

    esquecem-se que a dimenso no econmica tambm fundamental para a comunidade

    recetora (Hall, 1992, in Silva,& Perna 1999). Porm os eventos so um grande gerador de

    empregos, de incentivos ao investimento privado e de movimentao nas regies recetoras

    (Freixo, 2007).

    importante referir, que o Plano Estratgico para o Desenvolvimento do Turismo em Cabo

    Verde (2010-2013) no h uma referncia direta aos eventos como uma linha de

    desenvolvimento estratgico. neste sentido, que esta dissertao pretende dar um

    enfoque especial organizao de eventos, visto que a sua organizao projeta uma

    imagem de um destino de referncia para os que querem desfrutar do turismo cultural,

    religioso e desportivo atravs da realizao de eventos tursticos. O turismo de eventos

    um investimento e no s um eventual lazer ou diverso, mas visto hoje como uma

    importante ferramenta estratgica em vrias conjunturas sociais (Ferreira, 2004 p.34, in

    Freixo, 2007).

    5 Informao extrada de: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,oportunidades-no-turismo-

    de-eventos,209894,0.htm

    http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,oportunidades-no-turismo-de-eventos,209894,0.htmhttp://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,oportunidades-no-turismo-de-eventos,209894,0.htm

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    24 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    Os eventos abordados nesta investigao tm um carcter organizado por serem aqueles

    que, graas ao seu planeamento, permitem obter a vantagem competitiva que se pretende

    alcanar para o desenvolvimento de novas alternativas tursticas para a regio em anlise.

    3. GESTO E PLANEAMENTO DE EVENTOS

    O fenmeno turstico tem vindo a crescer nos ltimos tempos, emergindo uma grande

    quantidade e variedade de destinos tursticos e consequentemente o aumento da

    competitividade entre eles. Todos procuram distino dos outros e cada vez mais isto torna-

    se um desafio crucial para alcanar uma gesto correta dos destinos tursticos.

    A gesto de eventos tem sido um campo de rpido crescimento em que os turistas

    constituem o potencial mercado para o seu sucesso e atratividade. Gerir um evento implica

    plane-lo. Este processo consiste em percorrer no futuro, atravs de estratgias e tticas,

    ou seja, o planeamento pressupe que se determinem os meios mais indicados para que se

    atinjam os fins previamente definidos(Pedro, Caetano, Christiani & Rasquilha, 2005:p. 37).

    A adoo do processo a seguir implica conhecer e compreender os fatores internos e

    externos. Os fatores internos que englobam todos os recursos disponveis, e os fatores

    externos que englobam as condies econmicas, entre outros (Pedro, et. al. 2005)

    Convm no descurar que o planeamento deve passar, segundo Petrocchi (2001, in Batista,

    2008: p.68), por um programa de sensibilizao e conscientizao da sociedade recetora

    dos eventos tursticos, para atratividade turstica, como tambm dos empresrios do ramo

    que devem ser parte integrante das discusses polticas do destino, assim como por parte

    dos estudantes, sindicatos e gestores direta ou indiretamente ligados ao segmento como

    forma de esclarecer ao mercado a importncia do turismo e dos eventos a ele associados.

    Sendo que as potencialidades s so positivas quando o turismo aplicado e gerido

    corretamente. Tudo depende da lgica e da viso adotadas. (Babou e Callot, 2007: p.127)

    Assim, qualquer evento deve ser planeado e para que isso acontea necessrio ter em

    ateno diversos pontos (Pedro et. al., 2005):

    Descrever os objetivos do evento;

    Averiguar e analisar o budget disponvel;

    Expor as estratgias para o evento e determinar o plano;

    Decidir o tema do evento;

    Definir o pblico-alvo do evento;

    Decidir a data;

    Selecionar os horrios;

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    25 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    Escolher o local;

    Agregar os envolvidos;

    Contratar servios de terceiros;

    Preparar o programa e o contedo do evento;

    Elaborar e enviar convites;

    Desenvolver material promocional;

    Definir formas de divulgao;

    Preparar formulrios de controlo;

    Preparar questionrios de avaliao;

    Todos estes pontos referidos acima so parte integrante e imprescindvel na organizao de

    um evento, porm, deve ser adaptado ou alterado consoante as necessidades (Pedro et. al,

    2005).

    Matias (2004) sugere que o processo de planeamento dos eventos se divide em quatro

    fases:

    Figura 1: Fases do processo de planeamento de um evento

    Fonte: Elaborao prpria

    Segundo esta autora, cada fase de planeamento de um evento municipal deve ser abordada

    com seriedade e criatividade. essencial realizar um brainstorming para estimular a

    produo de ideias inovadoras. Essas ideias serviro de esboo, antecedendo assim o

    planeamento. Aps a definio dos objetivos d-se a necessidade de traar estratgias

    essenciais, delimitar os prazos, traar prioridades, responsabilidades, delegao de tarefas,

    viabilizao dos recursos humanos, para que os objetivos propostos sejam atingidos.

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    26 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    Durante a fase do pr-evento, por exemplo, nos eventos municipais, importante que a

    comunidade esteja envolvida. Dentro do projeto do evento, elaborado nesta fase de pr-

    evento, um item muito importante o contato com a comunicao social que far com que

    os patrocinadores visualizem as possibilidades de expor a sua marca.

    A fase do transevento consiste naaplicao das atividades previstas durante a fase do pr-

    evento. As atividades devem seguir o planeamento realizado e deve sempre tentar no

    haver imprevistos ou dissabores, mas se tais acontecerem devem ser encaradas com

    sabedoria e solucionadas de forma criativa, para que os participantes do evento no se

    apercebam da falha.

    Segue-se a fase ps evento. Esta fase a fase em que se inicia o processo de

    encerramento do evento. a fase de preparo e envio de agradecimentos, relatrios,

    portflios, balanes finais, prestao de contas, devoluo de materiais a patrocinadores e

    outras providncias consideradas necessrias. Sendo tambm de extrema importncia a

    avaliao dos eventos, em termos dos objetivos e expetativas, ou se algum erro for

    cometido poder ser corrigido ou melhorado no prximo evento.

    Ruschmann (2000: p.84) afirma que o planeamento pode estabelecer as formas de

    organizao e expor com preciso todas a especificaes necessrias para que a atuao

    na execuo dos trabalhos seja racionalmente direcionada para alcanar os resultados

    pretendidos. Vieira (2007) afirma que para que haja um planeamento bem-sucedido crucial

    que haja uma ligao entre o planeamento e a sustentabilidade.

    4. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

    Existem vrios marcos que em muito tm contribudo para o estabelecimento de boas

    prticas de planeamento e gesto sustentvel. H cerca 40 anos houve necessidade da

    realizao da conferncia de Estocolmo (1972) para dar resposta crescente degradao

    ambiental. Dez anos mais tarde foi realizada a Cimeira Mundial sobre o Ambiente e

    Desenvolvimento, conhecida pela Cimeira do Rio (1982) em que reconhecido que a

    proteo ambiental e o desenvolvimento econmico so princpios bsicos para um

    desenvolvimento sustentvel (Henriques, 2003).

    Aps a Cimeira do Rio e a Cimeira de Joanesburgo (1972, 1982, respetivamente)

    decorreram uma serie de conferncias, determinadas em consolidar uma viso

    compreensiva do futuro da Humanidade.

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    27 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    Desta forma,o conceito de Desenvolvimento Sustentvelfoi adquirindo uma divulgao

    crescente no nosso vocabulrio, dando enfoque importncia do meio ambiente e sua

    preservao. Contudo, a sua definio nem sempre foi consensual, uma vez que no existe

    uma definio nica, que no gere controvrsia. A Comisso Mundial sobre Ambiente e

    Desenvolvimento Sustentvel(WCED, 1987) define o conceito de desenvolvimento

    sustentvel como aquele que "satisfaz as necessidades atuais sem comprometer a

    capacidade das futurasgeraes de satisfazer as suas" (WCED, 1987: p.43, inChoi&

    Sirakaya, 2006). Nisto pode-se verificar uma preocupao com o futuro a longo prazo e

    consequentemente com as geraes vindouras.

    A OMT (2010) define o turismo sustentvel como aquele que ecologicamente suportvel a

    longo prazo, economicamente vivel, tica e socialmente equitativo para as comunidades

    locais. H uma exigncia na integrao ao meio ambiente natural, cultural e humano,

    respeitando a frgil balana que carateriza muitos destinos tursticos, com particular

    incidncia nas ilhas e reas ambientalmente fragilizadas, como o caso da ilha de Santo

    Anto. (OMT, 2010)

    A sustentabilidade no turismo dever ento, ser sensvel s necessidades das comunidades

    locais, satisfazer a procura de um fluxo crescente de visitantes e continuar a atra-los;

    respeitar as caractersticas do meio ambiente, porque os recursos naturais e culturais no

    devem ser postos em causa pela atividade turstica, devem antes de mais ser valorizados e

    por si s servem como atrao; deve tambm estar assente num ciclo econmico

    equilibrado, ou seja, nenhum sector de atividade deve ser prejudicado por causa do turismo,

    deve sim haver sinergias entre todos os ramos de atividades desenvolvidas na regio

    (Henriques, 2003).

    Quando se d importncia s pessoas, tanto os residentes como os visitantes, tendo a

    cultura e o ambiente dos destinos recetores como fatores basilares das experincias

    tursticas, gera novas oportunidades para diferenciar e diversificar os produtos e proclamar a

    qualidade e a inovao como fatores de diferenciao e competitividade (Cunha, 2003).

    Nesta tica a abordagem do desenvolvimento do turismo sustentvel de importncia

    extrema na medida em que a maior parte do desenvolvimento depende das atraes e

    atividades relacionadas com o patrimnio histrico e cultural das reas visitadas. Se h uma

    degradao dos recursos naturais e patrimoniais, o turismo no pode ter o sucesso

    esperado, pois, hoje em dia, os turistas procuram destinos com uma elevada qualidade

    ambiental.

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    28 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    Porm, Butler (2002) afirma que no existe Turismo Sustentvel () Nenhum sector de

    atividade autonomamente sustentvel, pelo que o conceito de sustentabilidade um

    conceito global e nunca sectorial. Com isto ele quer dizer que s havendo um objetivo

    comum, de atingir a sustentabilidade, por parte de todos os sectores de atividade, incluindo

    o turismo, que se pode caminhar para atingir a sustentabilidade, pois,ela nunca atingida

    individualmente.

    O turismo sustentvel abarca cinco objetivos principais segundo Teyssandier (2001):

    1. Responde s necessidades da populao local a procura de clientela;

    2. acessvel a todos os agentes que pretendam viver desta atividade e a todos os

    turistas que pretendam desfrutar do destino;

    3. Favorece a aceitao do que estrangeiro, por parte da populao local. O turismo

    sustentvel procurar ento melhorar a compreenso entre as pessoas, a fim de criar as

    condies necessrias a oferta de produtos tursticos de qualidade.

    4. um turismo desenvolvido em transparncia em que todos os objetivos so aceites

    coletivamente.

    5. dominado pelos agentes locais uma vez que se encontra diretamente ligado ao

    servio das expectativas do desenvolvimento local.

    Em Cabo verde, nos ltimos anos, a questo da sustentabilidade do turismo tem feito parte

    da ordem do dia, tendo em conta a definio de orientaes e polticaspblicas para o

    sector.

    Na rea da sustentabilidade ambiental, o Governo vem implementando novas

    regulamentaes jurdico-legais para a gesto eficiente e sustentvel do ambiente.

    A par da legislaodestinada ao turismo (ver anexo II), foram criadas ou estoem fase de

    criaoum total de 47 reas protegidasem todo o pas, entre parques naturais, reservas

    naturais e integrais, monumentos naturais e paisagens protegidas. A criao de reas

    protegidas aumenta as exigncias para a interveno humana nestas reas, de forma a

    garantir a sua proteo ou explorao sustentvel, ao mesmo tempo que podem constituir

    em si produtos tursticos passveis de serem promovidos.

    Porm, preciso mudar mentalidades. Os responsveis pela comunidade devem fornecer

    informaes e programas educativos, por exemplo, workshops para os residentes, visitantes

    e outros interessados a fim de sensibilizar a opinio pblica do planeamento e da

    conservao dos recursos tursticos da comunidade (Choi& Sirakaya, 2006).

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    29 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    Nesta tica,a participao ativa da comunidade no processo de desenvolvimento do turismo

    torna-se essencial para que os princpios fundamentais da sustentabilidade sejam

    respeitados na ntegra. Tais princpios, prendem-se com a criao de melhores

    oportunidades para a populao local e ao mesmo tempo para se adquirirem benefcios

    equilibrados ao nvel do desenvolvimento do turismo. Assim, deve ter-se em considerao

    oequilbrio entre a satisfao do visitante e o benefcio da populao residente (Simmons,

    1994, in Tosun, 2006).

    Ozturk e Eraydin (2010) afirmam que se houver um trabalho em conjunto de todos os

    stakeholders envolvidos no processo de desenvolvimento do turismo, haver benefcios

    para todos, pois, ajuda a diminuir os custos de transao, sendo que permite uma melhor

    explorao das economias de escala, tambm evita os conflitos que podero surgir se no

    houver sinergias entre os tais stakeholders, melhora a coordenao entre as polticas e as

    aes relacionadas com os impactos sociais do turismo nas estratgias de desenvolvimento.

    Neste caso todos os small actors, com recursos limitados podem fazer parte na tomada de

    deciso, pois no se pode atingir um desenvolvimento sustentvel de forma independente.

    Em suma, pode-se reter quatro pontos fundamentais para um desenvolvimento sustentvel:

    Uma atitude responsvel perante o ambiente;

    Orientao para a globalidade e continuidade;

    Custos e benefcios distribudos com equilbrio;

    Solidariedade entre promotores, visitantes e visitados.

    Neste sentido, para a ilha de Santo Anto pretende-se uma modalidade de turismo que na

    mesma sequncia de compreenso concentra:

    Responsabilidade

    Globalidade

    Continuidade

    Equilbrio

    Solidariedade local, regional e nacional.

    5. A ATRATIVIDADE TURSTICA

    Atratividade a capacidade queum destino turstico tem para atrair visitantes e o resultado

    do somatrio ou da interao dos diferentes tipos de atratividade que a compem. Com isto,

    pretende-se expressar que quanto mais elevada for a atratividade global de um destino mais

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    atrativo para o potencial visitante (Cosmelli, 1997). Numa perspetiva mais radical, Gunn

    (1994 in Formica, 2006) afirma que muitos acadmicos defendem que sem atratividade no

    h forma de existir turismo.Mas, a verdade que a relao recproca dos elementos chave

    essencial para a existncia do turismo. O turista e as atraes tursticas so elementos

    essenciais no processo turstico (Formica, 2006). Ao desenvolver atraes num determinado

    destino, est-se a criar estmulos para que este destino seja visitado e conhecido.Nesta

    base, os destinos incrementam a criao denovas atraes para que sejam conhecidos e

    visitados, embora por vezesdescuidem-sede identificar as atraes em se deve apostar e

    que estas devem estar de acordo com as prioridades e objetivos definidos para o territrio

    em questo. Se os eventos ou atraes no se enquadram numa estratgia de

    desenvolvimento, os efeitos negativos podem traduzir-se de forma drstica. (Freixo, 2007)

    Cosmelli (1997) afirma que dentro do territrio existe uma atratividade Global que se divide

    em atratividade endgena, atratividade exognea e atratividade comparada. A atratividade

    endgena est intrnseca na imagem que o destino tem junto do pblico, ou seja,

    caracterstica prpria do destino. Quanto mais diversificado, rico e original for o produto

    turstico maior ser a atratividade endgena e consequentemente a atratividade global.

    Segundo Cosmelli (1997) a atratividade endgena composta por vrioselementos, que

    merecem uma curta anlise tendo em conta o papel desempenhado por cada um.

    a) Atratividade endgena

    O produto turstico dos mais importantes elementos da atratividade endgena.

    Quanto mais diversificado, rico e original for, melhor ser para o destino turstico, pois os

    destinos tursticos afirmam no mercado pela sua diferena. preciso criar uma identidade

    prpria inconfundvel, ou seja, cada destino tem a sua imagem de marca que a distingue.

    notrio afirmar que hoje em dia o turista cada vez mais infiel a marca, ele opta por

    colecionar o maior nmero de marcas, no descurando que o turista normalmente mais fiel

    ao produto turstico, por exemplo o trekking, sendo que um turista que fiel a este tipo de

    produto turstico tende a procurar destinos com este tipo de produto, mas ao mesmo tempo

    varia segundo o destino e de ano para ano (Comeslli, 1997).Isto significa que a fidelidade

    do turista ao produto no significa fidelidade a marca ou ao destino (Cosmelli, 1997: p.34).

    Ainovao dos produtos tradicionais pode ao mesmo tempo contribuir para a

    atratividade de um destino. Por exemplo, esta inovao pode ser visto nos destinos de Sol e

    Mar tradicionais, que se deram conta de estar a perder cota de mercado, porque no havia

    diferenciao dos outros destinos com o mesmo produto, eles comearam a criar novos

    produtos como por exemplo campos de Golfe, Agroturismo, inovando assim o seu produto

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    sem perder os antigos clientes, mas ganhando novos segmentos de mercado (Cosmelli,

    1997).

    As infraestruturas tursticas so muito importantes na atratividade turstica endgena

    pelo seu nmero e pela sua qualidade. Estas infraestruturas vo desde os hotis,

    restaurantes, at as vias de comunicao (estradas, aeroportos), rede hospitalar, estruturas

    de lazer e animao. As estruturas so importantssimas tanto pela falta como pelo excesso.

    O excesso de infraestruturas, num determinado destino motivo para uma forte quebra na

    sua atratividade, visto que hoje em dia os turistas no procuram beto, mas sim Natureza

    (Cosmelli, 1997). Em consonncia est Cunha (2001) que afirma que as infraestruturas so

    fundamentais para o equilbrio do desenvolvimento do turismo, mas impem altos

    investimentos. No entanto prefervel que o desenvolvimento seja lento e equilibrado, na

    impossibilidade de construir estas infraestruturas, do que ter um desenvolvimento sem

    sustentabilidade, pois, no futuro poder criar problemas de sobrevivncia do prprio destino.

    A qualidade no se resume aos bons hotis ou restaurantes. muito mais do que isso.

    A qualidade comea no ordenamento turstico do territrio, passa pela sade, transportes e

    a sua rede depende dos governos e das polticas socias e de preservao do patrimnio e

    do ambiente (Cosmelli, 1997). Zeithaml(1990) considera que a qualidade do servio

    entendida pela procura como correspondendo a importncia da diferena entre as

    expectativas e as percees relativamente ao servio prestado. A qualidade ento

    subjetiva. Porque um visitante pode classificar um hotel de 5 estrelas com fraca qualidade e

    um outro pode classificar um hotel de 3 estrelas de alta qualidade. Cunha (2003) afirma que

    para alcanar o sucesso o destino tem de dar aos seus clientes um valor superior ao das

    suas expetativas, pois, isto que vai determinar a sua satisfao e o seu comportamento

    futuro.

    Paz poltica e social interna, a segurana do turista. Cunha (2003) considera que a

    segurana um fator elementar do turismo e fundamental estar garantida. Convm referir

    que a paz e a segurana no se resumem a ausncia de guerra, mas sim a ausncia de

    violncia. A fome, a misria ou a represso so tambm formas de violncia (Cosmelli

    1997). De realar que nos pases onde a criminalidade elevada, os alvos so os turistas,

    visto que eles no conhecem o pas, por vezes no conhecem a lngua, o que dificulta a

    comunicao e tambm no permanecem por muito tempo no pas visitado e se forem

    roubados o caso quase sempre cair no esquecimento.

    Servio de sade um importante elemento da atratividade endgena pois quando

    eficiente fulcral para o turista uma vez que lhe garante socorro na doena ou no acidente,

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    transmitindo-lhe segurana e confiana. Como se pode ver segurana no s paz. E

    sade tambm pode ser um fator exgeno e endgeno. Ser endgeno quando se levam

    em conta as estruturas e unidades hospitalares, qualidade do atendimento mdico e as

    condies de sanidade da zona (Cosmelli, 1997).

    Hospitalidade -A arte de bem receber visto como um elemento importantssimo para a

    atratividade endgena e global. Pois nenhum cliente gosta de ir a um stio onde no ser

    bem recebido. Mesmo num destino onde haja paz e ordem social, pode haver,por parte da

    populao recetora, reaes negativas em relao ao visitante. Isto pode ser derivado a

    tradies culturais ou religiosos antigas, por xenofobia ou por reaes a determinados

    comportamentos de alguns visitantes. Isto tanto pode acontecer nos destinos ricos como

    tambm nos destinos pobres. Ser hospitaleiro, passa por oferecer produtos e servios de

    qualidade, envolve tambm um conjunto amplo de estruturas, servios atitudes, a prpria

    cidade acolhedoras e os seus habitantes, que intrinsecamente relacionados oferecem ao

    turista um conforto e um bem-estar, satisfazendo as suas necessidades em pleno.

    (Cosmelli, 1997). Cunha (2003: p.179) afirma que a hospitalidade um dos mais

    importantes fatores do turismo e que tornam o destino mais atrativo.

    Promoo e publicidade -destinam-se a divulgar a atratividade endgena, pois, se

    elano for divulgada como se no existisse. A publicidade de um destino condiciona entre

    5 a 10% da compra de uma viagem (Angel Aenza, 1987 in Cosmelli, 1997). As tcnicas de

    marketing devem estar atentas, introduzindo inovao ao produto turstico, ou adaptando-os

    sempre que o mercado necessite, mas sem o manipularem com os gostos mutantes da

    procura.

    A imagem- deve ser promovida e divulgada atravs da Promoo e da Publicidade. A

    imagem dos mais subtis e ao mesmo tempo dos mais importantes fatores da atratividade

    endgena. Quanto mais ntida, individualizada e positiva for mais atratividade apresenta um

    destino. A imagem alimenta o sonho de um turista. Por exemplo, h destinos que se

    identificam com determinada imagem, por exemplo, Veneza, tem a imagem de romantismo

    e o sonho de uma Lua-de-mel. A imagem muito importante para a venda de um destino e

    todos os destinos devem criar a sua prpria imagem de marca. (Cosmelli, 1997).

    A acessibilidade de um destino reside nos transportes, sobretudo no transporte

    areo(Cosmelli, 1997). Neste caso, os transportes so parte integrante do sistema turstico,

    pois, o turismo pressupe uma deslocao. Cunha (2003) reitera que o transporte permite o

    acesso ao destino desde a residncia habitual dos visitantes bem como as deslocaes

    dentro do destino.

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    33 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Turismo

    O ambiente de uma importncia elevada quando o turista hoje em dia procura um

    encontro quase mstico com a natureza. A sua qualidade representa um recurso valioso ao

    mesmo tempo que caro para um pas industrial manter o ar puro e a gua lmpida. Estes

    aspetos existem nos pases subdesenvolvidos de forma natural (Cosmelli, 1997). No caso

    da ilha de Santo Anto a fragilidade do meio ambiente constitui um dos principais obstculos

    ao seu desenvolvimento, principalmente em termos da sustentao dos recursos naturais,

    estando vista de todos os efeitos da degradao ambiental nas zonas rurais e urbanas,

    em parte explicados por notria deficincia de cuidados na gesto dos recursos naturais.

    b) Atratividade exgena

    A atratividade exgena aquela que um faz parte do destino, mas em funo da sua

    envolvente externa e depende da regio em que o destino se encontra situado (Cosmelli,

    1997).

    Este tipo de atratividade essencial no que toca a escolha do destino por parte do potencial

    visitante e depende de vrios fatores entre os quais se destaca:

    Clima, neste caso destaca-se a sazonalidade que muitos destinos padecem, pois,

    existem zonas em que durante o inverno perdem toda a sua atratividade e existem outras

    que devido ao clima ameno nessa altura a aumentam na mesma poca. (Cosmelli, 1997).

    Paz e segurana no aspeto regional so fatores determinantes de atratividade de uma

    zona ou pas. Um exemplo disto o caso do conflito do Golfo, houve uma recesso da

    procura turstica em pases que no estavam envolvidos diretamente no conflito, tais como o

    Egito, a Turquia e at mesmo Marrocos, apenas por se situarem numa regio que poderia

    vir a tornar perigosa, forma rejeitados pelos visitantes, em favor de zonas mais seguras.

    Os transportes, tm a vertente exgena pois sem dvida que um destino que bem

    servido de transportes ou em rota de alguns voos como o caso da ilhas de Cabo Verde

    tem muita probabilidade de ver a sua atratividade exgena aumentada. (Cosmelli, 1997).

    Sade um dos fatores que pode afetar negativamente um destino, quando a este se

    situa numa zona que alastre uma epidemia ou onde determinadas doenas como a Malria,

    a clera, entre outras tenham especial incidncia. Isto acontece mesmo que o destino no

    sofra desta epidemia, basta que alastre na zona, para ser considerada zona de risco e ser

    preterido pelos potencias visitantes em funo de outros destinos que ao tenham epidemia.

    (Cosmelli, 1997).

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    Catstrofe regional, como por exemplo, acidentes com petroleiros que causem derrame

    de milhes de litros de petrleo no mar, poluem por tempo indeterminado as zonas

    costeiras, podem quebrar ate a atratividade global de uma regio. (Cosmelli, 1997).

    Existncia de outros destinos numa determinada regio aumenta sistematicamente

    a atratividade exgena de toda a regio em que est situado. Ao promoveram o destino

    esto a promover a regio inteira. (Cosmelli, 1997).

    A imagem um fator preponderante na escolha de um destino. Uma regio pode ter vrios

    destinos, e o turista ao escolher o destino consoante o conhecimento que tem da rea onde

    o destino est situado. Porm,este fator pode trazer impactos negativos, na medida em que

    por qualquer motivo a imagem de um qualquer dos destinos do local em questo, tenha sido

    manchada por um determinado fator e mesmo que os outros destinos que dela fazem parte

    no esteja envolvido na situao negativa, vai ganhar tambm uma imagem negativa, aos

    olhos dos potenciais visitantes.

    c) Atratividade comparada

    A atratividade comparada aquela que um destino usufrui quando comparado com outros

    destinos concorrentes. Estes fatores so: o preo, o nvel de vida local, o produto turstico, o

    crescimento econmico e a qualidade (Cosmelli, 1997).Comecemos pelo preo.

    O preo o elemento determinante para a maioria dos segmentos de mercado, embora

    a classe alta d mais importncia a relao qualidade/preo. Cada vez mais o turista

    consciente do preo justo para a qualidade do que se compra.[] O verdadeiro turista

    aquele que paga um preo justo pelo que consome (Cosmelli, 1997: p. 53). A comparao

    de preos nem sempre a mais adequada, pois um destino que no tenha qualidade

    suficiente para ter um preo elevado nunca ter sucesso de aumentar o preo e no

    aumentar a qualidade. Em oposio um destino com alta qualidade se baixar o preo,

    poder ter consequncias graves em termos de lucro e de sustentabilidade do destino.

    O nvel de vida local afeta direta e indiretamente o nvel de vida local. (Cosmelli, 1997:

    p.55) afirma que embora o nvel de vida local afete o preo da oferta de um destino,

    distingue-se desse mesmo fator preo por no advir de uma medida especfica para o setor,

    mas por ser um fator conjuntural, a nvel do pas e que no s pesa decisivamente na

    estrutura de preos, como considerado per si pelo visitante no momento de escolher o seu

    destino de frias com esta afirmao Cosmelli pretende dizer que o nvel de vida fulcral

    no ato da escolha do destino por parte do potencial visitante e no s condiciona o preo do

    produto turstico mas tambm o custo total da viagem. [] Sai mais barato comprar

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    umaviagem cara para um destino com baixo nvel de vida do que comprar uma viagem

    barata para um destino onde o nvel de vida seja elevado (Cosmelli,1997: p. 56)

    A qualidadetem vindo a ganhar peso na escolha de um destino e tal no se passa s

    nas classes mais altas. A qualidade passa pelo Ambiente, Sade, Saneamento, Segurana

    e no se limita a qualidade dos hotis ou dos servios prestados. Se a qualidade variar

    tambm faz variar a atratividade comparada.

    Existem trs formas diferentes em que o mecanismo de atratividade comparada pode

    funcionar (Cosmelli, 1997: p. 57):

    1 - Quando um destino faz variar a sua atratividade mantendo-se estvel a dos concorrentes.

    2 - Quando os concorrentes fazem variar a sua atratividade, mantendo-se a do destino em estudo estvel.

    3 - Quando a atratividade do destino em estudo e a dos seus concorrentes variam inversamente.

    Esta terceira forma considerada a mais atuante.

    6. A INOVAO

    A inovao e a criatividade andam de mos dadas. Neto (2004) diz que criatividade a

    capacidade de dar origem a coisas novas e diferentes, e alm disso a capacidade de

    encontrar novos e melhores modos para fazer as coisas. Em consonncia Alencar (1996)

    afirma que criatividade o processo que origina um produto novo que considerado til por

    um nmero significativo de pessoas, num determinado perodo de tempo.

    Para exercer a criatividade imprescindvel falarmos em inovao. Inovao como a prpria

    palavra sugere significa inovar, introduzir novidade, implementar uma nova ideia, ou seja,

    transformar uma ideia em algo concreto (Alencar, 1996).

    Ao falarmos de eventos essas definies tm as suas peculiaridades. Neste contexto, o

    processo criativo implica cri-lo, projet-lo, e execut-lo. Assim sendo, todo o evento deve

    ser concebido para ser considerado mpar, peculiar e memorvel, emocionando o pblico e

    despertando interesse de patrocinadores (Alencar, 1996).

    Neto (2004) prope a participao nos eventos como forma de enriquecimento emocional,

    nesta lgica ele induz-nos a pensar sobre a criatividade em eventos. Segundo o autor, os

    eventos ampliam os espaos para a vida social e convida as pessoas para experimentao

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    conjunta de emoes. Os participantes dos eventos adquirem conhecimento, interagem com

    outras culturas e vivem experincias diferentes, ou seja o participante diverte-se. Para que o

    evento seja criativo fulcral adotar a sua conceo como um espao de entretenimento. Por

    exemplo, um simples circuito de BTT pode tornar-se num grande evento, quando se agrega

    atraes diversas para o pblico: concertos de abertura, sorteios e promoes.

    Da mesma forma, uma exposio de produtos artesanais ou produtos agrcolas regionais

    pode estar vinculada a outras atraes em paralelo, como a comercializao dos mesmos

    produtos, ou a observao e participao no fabrico dos mesmos. Isto demonstra que a

    qualidade de ser criativo e inovador no se resume aos megaeventos. Os eventos referidos

    anteriormente so eventos menores e no por isso que no devero ser inovadores e

    divertidos. Todos os eventos so uma promessa de diverso. A criatividade, em eventos, o

    ato de pensar em formas inovadoras de entreter o pblico, isto , uma forma de fugir aos

    velhos padres e quebrar rotinas com a imaginao (Neto, 2004). A criatividade e a

    inovao devem estar presentes durante toda a fase de realizao do evento e mesmo as

    situaes indesejveis que possam ocorrer. O pblico que participa busca alegria, emoo e

    novidade e importante que o organizador mexa com as diversas emoes e percees,

    tendo em conta que o pblico heterogneo e cada um manifesta-se de forma diferente.

    Em suma, pode-se considerar que os eventos so uma forma de expressar a arte e esta

    obra s alcanar o sucesso esperado se for dada a devida importncia em termos de

    inovao e de criatividade.

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