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A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO COMO FATOR DE OTIMIZAÇÃO DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE. Vincenzo Castro Cardeles Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Jorge dos Santos Rio de Janeiro Agosto, 2014

a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

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Page 1: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA

CONSTRUÇÃO COMO FATOR DE OTIMIZAÇÃO DA QUALIDADE E

PRODUTIVIDADE.

Vincenzo Castro Cardeles

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Agosto, 2014

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ii

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA

CONSTRUÇÃO COMO FATOR DE OTIMIZAÇÃO DA QUALIDADE E

PRODUTIVIDADE.

Vicenzo Castro Cardeles

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

__________________________________________________

Prof. Jorge dos Santos. (Orientador)

__________________________________________________

Prof.ª Ana Catarina Evangelista

__________________________________________________

Prof. Isabeth da Silva Mello

__________________________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL.

AGOSTO de 2014

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iii

Cardeles, Vicenzo Castro

A organização do trabalho na indústria da construção

como fator de otimização da qualidade e produtividade /

Vicenzo Castro Cardeles – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

Politécnica, 2014.

XVI, 96 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Civil, 2013.

Referências Bibliográficas: p. 88-89.

Referências Eletrônicas: p. 90 - 96.

1. Apresentação do Trabalho. 2. Organização do

Trabalho. 3. Evolução da organização do trabalho

4. A indústria da construção e a organização do

trabalho. 5. Estudo de caso I. Dos Santos, Jorge II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. A

organização do trabalho na indústria da construção

como fator de otimização

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iv

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v

Agradecimentos

A Deus, que me deu força para concluir esse curso.

A toda minha família, mas em especial aos meus pais e a meu irmão, José Carlos

Alves Cardeles, Carmen Lucia de Oliveira Castro e Luigi Castor Cardeles, a quem eu

amo tanto, que sempre me apoiaram nos momentos mais difíceis de toda jornada,

dando a força necessária para que eu chegasse até aqui.

A todos os meus amigos, que sempre me ajudaram na minha formação

acadêmica e pessoal, me ensinaram, me incentivaram e me motivaram a chegar até o

fim apesar de todas as dificuldades que não foram poucas. A todos os professores do

curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da UFRJ, que transmitiram seus

conhecimentos e postura necessária para um Engenheiro Civil formado por essa

instituição.

Ao orientador deste trabalho, Professor Jorge dos Santos, que me orientou e

que se tornou um exemplo de dedicação profissional.

A todas as pessoas que me apoiaram, torceram por mim e me incentivaram nos

momentos em que precisei.

Page 6: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil

A organização do trabalho na indústria da construção como fator de otimização

da qualidade e produtividade

Vicenzo Castro Cardeles

Agosto/2014

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

Com a escassez de mão de obra na construção civil e obras sendo entregues com

atrasos e perda de qualidade, cada vez mais se torna necessária à utilização da

organização do trabalho como uma maneira de garantir a qualidade e produtividade na

construção civil de forma otimizada.

Este trabalho visa apresentar os principais conceitos da organização do trabalho, de

que forma eles são utilizados na construção civil, as dificuldades para que esses

conceitos sejam utilizados completamente na construção civil e como a organização do

trabalho interfere na produtividade e qualidade da construção civil. Também serão

mostrados os problemas de execução e financeiros provocados em obras com má

qualidade devido à falta de utilização da organização do trabalho.

Palavras-chave: otimização da construção, organização do trabalho, qualidade na

construção civil.

Page 7: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

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vii

The organization of work in the construction industry as a factor optimizing quality and

productivity

The organization of work in the construction industry as a factor optimizing

quality and productivity.

Vicenzo Castro Cardeles

August/2014

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

With the shortage of manpower in the civil and construction works being delivered with

delays and loss of quality increasingly becomes necessary for the use of work

organization as a way to ensure quality and productivity in construction optimally.

This paper presents the key concepts of work organization, how they are used in

construction, the difficulties that these concepts are completely used in construction and

the organization of work interferes with productivity and quality construction. Also shown

will be implementation problems arising in financial and works with poor quality due to

lack of use of work organization.

Keywords: optimization of construction, organization of work, quality in construction.

Page 8: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

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viii

Sumário

1. Apresentação DO TRABALHO ............................................................... 1

1.1. Introdução .................................................................................................... 1

1.2. Objetivo ........................................................................................................ 4

1.3. Justificativa ................................................................................................. 4

1.4. Metodologia ................................................................................................. 4

1.5. Descrição dos capítulos .......................................................................... 5

2. Organização do trabalho ......................................................................... 6

2.1. Aspectos históricos .................................................................................. 6

2.2. Modos de organização do trabalho ...................................................... 8

2.2.1. Escola científica ou clássica .................................................................. 8

2.2.2. Escola das relações humanas ............................................................... 9

2.2.3. Teorias modernas de administração .................................................... 9

3. Evolução da organização do trabalho ............................................... 10

3.1. Principais movimentos .......................................................................... 10

3.1.1. Taylorismo ................................................................................................. 10

3.1.2. Fordismo .................................................................................................... 12

3.1.3. Pós-fordismo ............................................................................................ 12

3.1.4. Toyotismo .................................................................................................. 14

3.1.5. Movimento cartista .................................................................................. 15

3.1.6. Ludismo ...................................................................................................... 15

3.1.7. Ergonomia ................................................................................................. 15

3.2. Organização internacional do trabalho ............................................. 18

3.3. Movimento operário ................................................................................ 19

3.3.1. Movimentos no brasil ............................................................................. 20

3.3.2. Movimento operário no brasil .............................................................. 20

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ix

3.3.3. Movimento sindical no brasil ............................................................... 20

3.4. Fatores que dificultam a utilização da organização do trabalho

como fator de qualidade e produtividade na indústria da construção

civil 23

4. A indústria da construção e a organização do trabalho ............... 29

4.1. Aspectos gerais ....................................................................................... 29

4.1.1. Modelos de estrutura organizacional ................................................. 30

4.2. Cenário atual da construção civil ........................................................ 32

4.3. A qualidade e produtividade na indústria da construção civil .... 34

5. Estudo de caso ......................................................................................... 41

5.1. Conceito ..................................................................................................... 41

5.2. Descrição da empresa ............................................................................ 41

5.2.1. Dados da construtora x: ........................................................................ 41

5.3. Descrição do empreendimento ............................................................ 43

5.3.1. Dados do empreendimento: ................................................................. 43

5.4. Analise dos dados ................................................................................... 43

5.4.1. Problemas durante a fase de planejamento: .................................... 44

5.4.2. Problemas durante a fase de execução ............................................ 45

5.5. Considerações finais do estudo de caso .......................................... 48

6. Conclusões ................................................................................................ 49

Referências bibliográficas ................................................................................... 50

Referências eletrônicas........................................................................................ 53

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x

Lista de Figuras

Figuras 1 Proporção de ocupados absorvidos pela Construção ............. 24

Figuras 2 Distribuição dos ocupados na Construção segundo as divisões

do setor .......................................................................................................................... 25

Figura 3 Proporção de ocupados com escolaridade até o ensino

fundamental incompleto, segundo setor de atividade - Regiões Metropolitanas e

Distrito Federal – 2011. ............................................................................................... 25

Figura 4 Proporção de ocupados com ensino superior completo, segundo

setor de atividade. ....................................................................................................... 26

Figura 5 Tempo mediano de permanência no trabalho principal do total de

ocupados e dos ocupados na Construção-Regiões Metropolitanas e Distrito

Federal – 2011 ............................................................................................................. 27

Figura 6 Principais problemas da Construção Civil (CBIC- 86º ENIC-2014)

........................................................................................................................................ 28

Figura 8 – Hierarquia da Construtora do Estudo de Caso ........................ 42

Figura 12 e 13 – Problemas de execução na fase de estrutura (ocorrência

de broca no topo dos pilares) .................................................................................... 45

Figura 14 e 15 – Problemas de execução na fase de estrutura (ocorrência

de broca na base dos pilares) ................................................................................... 46

Figura 16 e 17 – Problemas de execução na fase de estrutura (ocorrência

de broca no tronco de pilares de divisa) .................................................................. 46

Figura 18 e 19 – Problemas de execução na fase de estrutura (ocorrência

de broca no tronco de pilares e vigas) ..................................................................... 46

Figura 20 e 21 – Problemas de execução na fase de estrutura (ocorrência

de erro má vibração e espalhamento do concreto) ................................................ 47

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1. Apresentação DO TRABALHO

1.1. Introdução

É correto afirmar que na indústria da construção civil, o propósito de toda empresa de

construção é ganhar a confiança e conhecimento do consumidor, como uma forma de

aumentar a sua competitividade e sua margem de lucro. Assim ela deve adotar um

mecanismo que garantisse a qualidade e os anseios necessários dos clientes e também

o seu lucro. Contudo, pode ser visto que no Brasil a construção civil é considerada

atrasada em relações a outros setores industrializados, apesar da sua

representatividade econômica.

Para Pereira (1988) e Telles (1994), esse atraso é consequência da fase colonial que o

país viveu, com a presença da escravidão. Esse trabalho não era valorizado, por esse

motivo não existia o interesse pelo seu aperfeiçoamento. Para os escravos não havia

atrativo algum em melhorar as técnicas que só iriam enriquecer seus algozes

(MOTOYAMA, 2004). Contudo, a mudança da corte portuguesa para o Brasil

possibilitou-se o desenvolvimento econômico e cultural, introduzindo os princípios da

arquitetura neoclássica, que provocou uma mudança técnica na forma de se construir,

contudo não houve uma uniformização do processo de construção no Brasil devido a

cada região ter diferentes matérias-primas que podiam ser usadas.

Já no século XVIII com a Revolução Industrial ocorreram mudanças no processo

construtivo dos produtos, com a passagem da manufatura para a indústria mecânica. A

introdução de máquinas fabris provocou um crescimento no rendimento do trabalho e

na produção global, assim, no século XIX, surgiu um novo conceito, o Taylorismo-

Fordismo. Este método incorpora características de padronização e produção em série

visando uma redução de custos e aumento de lucros. O trabalho é realizado de forma

especializada, fragmentado em setores, proporcionando ganhos de produtividade. Esse

processo é aplicado até os dias atuais (PEPE, BRANDT, 2009).

A partir do século XX, houve um crescimento na construção civil, provocado em sua

maioria pelos acontecimentos da 1° Guerra Mundial, devido à dificuldade em importar

materiais, a indústria foi provocada a realizar o desenvolvimento do transporte,

proporcionando dessa forma que algumas regiões saíssem do isolamento, devido a

trocas de conhecimentos e técnicas. Essa transformação foi constatada na troca do

trabalho escravo pelo assalariado, com o incentivo do governo na imigração europeia a

fim de substituir o trabalho dos escravos, no surto do café e no aumento da urbanização

e desenvolvimento dos transportes (FARAH, 1988). O contato com os imigrantes trouxe

Page 12: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

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para os trabalhadores nacionais novas formas de construção, e as técnicas construtivas

necessárias para realiza lá. Um dos muitos exemplos desse intercambio é a taipa que

não resistia bem aos efeitos da água; entretanto os emigrantes trouxeram o uso do tijolo

e a habilidade artística na execução das habitações (SATO, SABBATINI, 2011).

Entretanto no século XX ocorreu a 2° Guerra Mundial, fazendo com que, novamente, os

problemas que ocorreram durante a 1ª Guerra Mundial aparecessem, como: dificuldade

de importação o que acabou por favorecer o processo de industrialização. A população

continuou a crescer, demandando habitações, principalmente de múltiplos pavimentos,

o que induziu ainda mais a modernização da construção. Nessa época que surgiu o

concreto, que mudou completamente os métodos construtivos que eram empregados

até então. Além disso, houve, nesse período, a criação de diversos equipamentos que

viriam a facilitar as operações relativas à construção em altura (SATO, SABBATINI,

2011).

As transformações tecnológicas no subsetor de edificações ao longo desse século foram

muito lentas e não tão significativas, sendo observado, através dos métodos

construtivos, que eram os mesmos do início do século (FARAH, 1988).

Na segunda metade do século XX foram incorporados a construção civil novas

ferramentas, equipamentos, processos construtivos e materiais, que contribuíram para

um menor desperdício, maior qualidade, menor custo e menor prazo, permitindo um

planejamento mais consistente e ainda colaborando com o meio ambiente. Porém,

segundo OLIVEIRA et al (1999), que após a realização de uma pesquisa em que listou

itens para a avaliação em canteiro de obras, observou os índices e constatou que não

necessariamente os canteiros de obras de cidades mais desenvolvidas eram os que

mais implantavam essas inovações. As novas formas de construir foram mais bem

aproveitadas em lugares mais desenvolvidos como Estados Unidos e Europa, onde as

novas metodologias de trabalho foram e ainda são experimentadas e têm sua eficiência

comprovada. Posteriormente, essas novas formas de se construir espalharam-se para

outros países, países menos desenvolvidos, como no caso do Brasil. Quase sempre os

nomes dessas técnicas que são adotadas são estrangeiros. Porém, recentemente,

novos equipamentos começaram a se desenvolver aqui no país, visando uma melhor

qualidade na execução das construções.

Assim as inovações tecnológicas, atualmente encontram-se à disposição dos técnicos

e engenheiros meios de resolver melhor a questão da qualidade, dos custos e diminuir

as perdas e prazos. Existem atualmente, diversos fornecedores que disponibilizam

elementos que, sendo bem planejados e bem elaborados, são importantes para a

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otimização e racionalização construtiva e, como consequência, para a melhoria da

qualidade. Para obtermos o melhor resultado com o uso de inovações, principalmente

na qualidade da construção, é de fundamental importância a inclusão destas na fase de

projeto para que sejam realizadas as melhores condições de implantação e eficiência

dessas técnicas.

A modernização da construção civil provocou nos demais setores que estão diretamente

relacionados como indústria, alimentação, aluguel de equipamentos e segmentos de

transporte, uma necessidade de aprimoramento para facilitar e agilizar o fornecimento

de materiais e a prestação de serviços.

Contudo devido à abundância de mão de obra para a construção civil nas últimas

décadas, no Brasil, os métodos construtivos pouco evoluíram. Com isso como nos

últimos anos, houve um aquecimento da construção civil, esse cenário mudou e passou

a faltar mão de obra.

Por esse motivo, os custos subiram o que acaba por provocar uma queda na qualidade

das construções, muito em vista dos cronogramas cada vez mais curtos, da mão de

obra ser em sua maioria artesanal e mal treinada e da gestão da qualidade não estar

sendo efetivamente aplicado (devido aos seguintes motivos: falta de comprometimento

da gestão; falha no continuo aprimoramento dos seus conceitos; ”Timelines” irreais para

aplicação da gestão de qualidade; falha na disseminação dos programas de qualidade

para todos os setores da empresa; insuficientes treinamentos para transformar a mão

de obra humana em uma mão de obra mais produtiva).

Se as empresas mesmo tendo um sistema de gestão de qualidade completo que contêm

planos de qualidades, procedimentos, deixarem somente no papel e não procurarem

alinha-lo com as práticas e procedimentos operacionais o sistema de qualidade será

meramente burocrático e não trará nenhum resultado a qualidade do serviço para os

clientes.

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1.2. Objetivo

O objetivo principal deste trabalho é identificar mediante revisão bibliográfica de que

forma a organização do trabalho, em função do método adotado, pode ajudar na

melhoria da qualidade e da produtividade na construção civil.

Objetiva efetuar um levantamento de dados relativos à organização do trabalho ao

longo dos anos e suas ligações e influencia na indústria da construção.

Terá foco em mostrar como a organização do trabalho interfere na produtividade da

construção civil.

1.3. Justificativa

A construção civil caracteriza-se pelo uso de grandes contingentes de mão de obra,

pouco ou não qualificada gerando baixa produtividade e qualidade como resultado. Por

privilegiar a quantidade de mão de obra em detrimento da qualidade, o setor acaba,

para minimizar custos, utilizando-se de métodos organizacionais de trabalho

ultrapassados, promovendo climas organizacionais pouco férteis para a produção.

Na expectativa de minimizar custos, nos canteiros de obra, as empresas de construção

acabam priorizando também processos construtivos pouco focados no uso da

industrialização. São métodos artesanais, nos quais o homem dita a regra do jogo,

definindo o quanto de dedicação será dada ao trabalho e a produtividade que será

gerada.

Assim sendo, o estudo da organização do trabalho e como esta é aplicada na indústria

da construção assume importância significativa para a melhoria da qualidade e da

produtividade.

1.4. Metodologia

O presente trabalho é uma pesquisa, de diversos métodos construtivos e equipamentos

capazes de garantir uma execução da obra com maior qualidade e de forma mais

industrializada para que não seja totalmente dependente da mão-de-obra artesanal,

realizada através de artigos, livros, revistas, teses e sites de empresas relacionadas a

cada item, sem restrição de período de publicação.

Como ponto de partida foi realizada revisão bibliográfica, mediante pesquisa

junto a Internet de monografias de TCC, monografias de cursos de

especialização, dissertações de mestrado e teses de doutorados junto as

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5

principais universidades brasileiras. Foram visitados sites específicos cujos

objetivos têm afinidade com os objetivos deste TCC.

Os textos e dados obtidos na pesquisa foram tabulados, analisados e utilizados

como base para a redação dos diversos itens da monografia.

1.5. Descrição dos capítulos

No primeiro capítulo apresenta-se a introdução. A seguir, traça-se o objetivo do trabalho,

demonstrando à finalidade do mesmo, com a justificativa para tal abordagem e depois,

a metodologia é descritas para um maior esclarecimento da composição do trabalho.

O segundo capítulo, é apresentado uma contextualização da Organização do Trabalho

visando explicar o que é a organização do trabalho e principais aspectos que

caracterizam a definição dos vários movimentos ao longo do tempo.

No terceiro capítulo é apresentada a Evolução da organização do trabalho,

descrevendo os principais movimentos no mundo e de que forma os mesmos se

materializaram no Brasil.

No quarto capítulo, é abordado a construção e a organização do trabalho citando as

peculiaridades da indústria da construção civil descrevendo como os movimentos da

organização do trabalho se manifestaram total ou parcialmente na indústria da

construção e o que levou as dificuldades encontradas as considerações finais são

expostas, contendo críticas e sugestões para o emprego das práticas apresentadas.

No quinto capítulo, é apresentado o estudo de caso de obras que adotam o modo de

construção totalmente artesanal, o que essa prática acarretou na obra, seus custos e a

forma correta a ser feita.

No sexto capitulo são apresentadas a conclusão e as considerações finais da pesquisa.

Page 16: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

6

2. Organização do trabalho

2.1. Aspectos históricos

Neste capitulo será apresentado como a organização do trabalho foi criada, seus

principais aspectos e os principais movimentos até os dias de hoje, assim como sua

relação com a construção civil.

Durante todo o decorrer da história da humanidade sempre tivemos o trabalho como um

papel quase sempre principal, tendo primeiramente como objetivo, a sobrevivência.

Porém, o objetivo mudou com a Revolução Industrial, o lucro passa a ter papel

predominante como principal objetivo, contudo para alcança-lo era preciso usar mão de

obra com baixo custo e consequentemente de baixa qualidade, mas que de certa forma

era compensada pela quantidade, isso teve como consequência a exploração maciça

dos trabalhadores.

As características citadas, sendo boas ou ruins, são parte do método de produção

capitalista, que foi consolidado na Inglaterra, durante a primeira Revolução Industrial,

que ocorreu no final do século XVIII e somente pode ocorrer devido principalmente ao

acúmulo de capital, que veio sendo conquistado durante o mercantilismo. Dessa forma,

surgiram às fábricas, utilizando máquinas a vapor, obteve-se uma melhor produtividade,

uma maior divisão do trabalho e, por fim, o aumento da produção. O capitalismo foi e

continua sendo, um sistema cuja ferramenta mais usada é a exploração da mão de obra,

devido à concentração de riquezas nas mãos dos grandes capitalistas já ocorrer.

No decorrer da segunda metade do século XIX, houve a segunda Revolução Industrial,

na qual mais países além dos participantes da primeira Revolução Industrial

participaram do processo, fazendo com que a expansão do capitalismo ocorre-se de

forma mais rápida do que vinha sendo feita, tendo a passagem do capitalismo

competitivo para o monopolista, com a criação de grandes empresas e a fusão do capital

bancário com o capital industrial. Com isso ocorreu o progresso técnico-científico,

possibilitando o desenvolvimento de novas máquinas, da utilização do aço, do petróleo

e da eletricidade, da evolução dos modais de transporte e a expansão dos meios de

comunicação.

Na década de 1970, de acordo com MAGNOLI (1995) houve a terceira Revolução

Industrial, que novamente mudou o panorama mundial, pois houve o aparecimento das

tecnologias de microeletrônica e da transmissão de informações sobre a automatização

e robotização dos processos produtivos. Com isso, novos ramos industriais até o

momento inexistentes surgiram, como a indústria de computadores e softwares,

Page 17: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

7

telecomunicações, química fina, robótica e biotecnologia, que são caracterizadas

principalmente pela utilização de mão de obra qualificada ao contrário do que era

utilizado em parte da indústria.

Dessa forma, foi possível para as indústrias difundem seus métodos em escala mundial,

visando atingirem o seu mercado consumidor, matéria-prima mais barata e ocorre o

aumento da exploração do trabalhador, com objetivo de promover o acumulo de capital.

Segundo COHN & MARSIGLIA (1999, 59) o controle do processo de trabalho é

importante para conseguir a acumulação, devido ao fato de os trabalhadores produzirem

com a utilização de formas e métodos cada vez mais avançados de divisão de trabalho.

Conforme MARX apud COHN & MARSIGLIA (1999, 60) com a dinamização do processo

de produção, começou-se a investir em formas de organização de trabalho mais

lucrativa, visando uma maior produção com menor tempo. Dessa maneira, pode-se dizer

que começaram a ser estabelecidos "momentos característicos do processo de trabalho

na história do modo de produção capitalista, que serão descritos a seguir:

i. Cooperação Simples: Consiste no processo no qual o trabalhador executa várias

atividades, correspondentes às do artesão, utilizando ferramentas deste. O

controle capitalista ocorre com a relação de propriedade, assim utiliza-se a força

de trabalho comprada pelo dono da mesma.

ii. Manufatura: Os trabalhadores realizam tarefas em etapas (parcializadas),

resultando em uma desqualificação do trabalho e aumento da produtividade,

resultando por fim na separação entre concepção e execução do trabalho.

iii. Maquinaria: A divisão entre a concepção e execução do trabalho torna-se

significativa, fazendo com que ocorra uma inserção de máquinas no processo

de produção, isso faz com que o trabalhador sofra uma desqualificação, por

executar somente tarefas isoladas, não permitindo mais o conhecimento do

processo por completo. Devido a essas características, a maquinaria possibilita

diferentes formas de divisões e organizações do trabalho:

iv. Maquinaria Simples: O trabalhador mantém em parte o controle do ritmo de

trabalho, tendo liberdade para acionar as máquinas, fato que é estimulado

através de remuneração por produção.

v. Automação: Incluído por FREYSSENET, por que através do desenvolvimento

técnico-científico, a função do trabalhador é restringida a vigilância do processo

produtivo.

Page 18: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

8

Assim, devido a uma evolução tecnológica do processo de produção, ocorrem

alterações na organização do trabalho, sempre objetivando o aumento da produtividade

para garantir um maior lucro.

2.2. Modos de organização do trabalho

De acordo com COHN & MARSIGLIA (1994, 68) há diversas escolas que defendem

modos de organização do trabalho, sendo elas:

2.2.1. Escola científica ou clássica

Fundada por F. Taylor; H. Fayol e H. Ford entre outros, sendo defensora da tese de que

o trabalhador com o conceito de competitividade incorporado a si, tende a produzir mais

do que os demais, para isso basta recompensá-lo economicamente conforme o que for

produzido pelo mesmo, esse pensamento era defendido pois dessa forma os conflitos

internos nas unidades de produção são eliminados. Para isso a organização do

processo produtivo tem que ser formal, hierarquizada, autoritária e racionalizada para

maximizar a produção, devendo exercer um rígido controle sobre o trabalho, seu ritmo

e o modo a ser executado. A gerência não pode deixar a vigilância sobre os

trabalhadores de lado, ela deve realizar uma vigilância sobre o trabalho de níveis

hierárquicos inferiores, de modo a aumentar sua produtividade.

De acordo com MONTEIRO & GOMES (1998, 30) Taylor, nas primeiras décadas do

século XX, que iniciaram experiências visando aumentar a produtividade, baseadas na

"interferência e disciplina do conhecimento operário sob comando da gerência, seleção

e treinamento, valorizando as habilidades pessoais para atender as exigências do

trabalho". Iniciadas por Taylor e complementadas por Fayol, em 1916, foram feitas

seguindo os princípios da unidade de comando, da divisão do trabalho, da

especialização e da amplitude de controle. Em 1913 Ford utilizando os princípios da

linha de montagem, resulta em uma desqualificação operária e na intensificação do

trabalho.

Segundo RAGO & MOREIRA (1986, 25), "o taylorismo, enquanto método de

organização científica da produção, mais do que uma técnica de produção é

essencialmente uma técnica social de dominação. Ao organizar o processo de trabalho,

distribuir individualmente a força de trabalho no interior do espaço fabril, a classe

dominante faz valer seu controle e poder sobre os trabalhadores para sujeitá-los de

maneira mais eficaz e menos custosa à sua exploração econômica".

Com o taylorismo, passou-se a "separar, radicalmente, o trabalho intelectual do trabalho

manual, contudo o sistema Taylor neutraliza a atividade mental dos operários"

Page 19: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

9

(DEJOURS, 1997, 19). Pode-se afirmar que o modo de organização do trabalho exerce

um fator essencial sobre a produtividade do trabalhador de forma que sem a

organização do trabalho, o resultado esperado ficaria muito aquém do que deveria ser

atingido.

2.2.2. Escola das relações humanas

Seu fundador E. Mayo defende a tese da necessidade psicológica do homem de sentir-

se como membro de um grupo social. Deste modo, além da recompensa financeira, há

necessidade de que a organização da produção favoreça a cooperação e a integração

neste processo.

Segundo MONTEIRO & GOMES (1998, 31) Mayo destaca a "concepção do homem no

trabalho, relacionado à motivação, sociabilidade e aspiração de que o trabalho se torne

um instrumento de realização pessoal".

2.2.3. Teorias modernas de administração

Teoria Estruturalista; teoria Comportamental e Abordagem Sócio técnica. Defende a

tese que o homem tem necessidades básicas e psicossociais. Propõe a participação do

mesmo no processo de organização da produção, incentivando a comunicação,

desenvolvendo a motivação no trabalho, descentralização nas decisões, delegação de

autoridade, consulta e participação dos trabalhadores.

Para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade, passou-se a utilizar princípios

da administração japonesa na organização do trabalho, sendo este um novo paradigma

de produção industrial, iniciado na década de 60. Este é denominado de Toyotismo e

segundo BEZERRA MENDES (1997, 57) "pressupõe a polivalência dos trabalhadores,

a fabricação de produtos diferenciados, a responsabilidade com o mercado e uma

estrutura organizacional que comporte mudanças e inovações constantes, bem como a

mudança da relação social no trabalho e a participação dos trabalhadores no sistema

produtivo".

Assim acabamos por contextualizar a organização do trabalho, no próximo capitulo será

apresentado mais detalhadamente os principais movimentos da organização do

trabalho e sua ligação com a construção civil.

Page 20: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

10

3. Evolução da organização do trabalho

Nesse capitulo será apresentado à evolução da organização do trabalho durante os

tempos, juntamente com os seus principais movimentos, as suas ligações com os

movimentos no Brasil e os seus resultados com relação à construção civil.

A organização do trabalho pode ser compreendida como "a especificação do conteúdo,

métodos e inter-relações entre os cargos, de modo a satisfazer os requisitos

organizacionais e tecnológicos, assim como os requisitos sociais e individuais do

ocupante do cargo” (DAVID L. E. 1966).

Pode ser compreendido seu início, especificamente após a revolução Industrial, pois

durante essa época os sistemas de produção industrial tiveram inúmeras fases. O

sistema primordial era o sistema familiar, o que acontece ainda em algumas sociedades.

Entre o sistema familiar ou doméstico e o sistema fabril, “Introduziu-se um sistema de

intermediação, que permanece até hoje em alguns sistemas produtivos, que operavam

como um elo entre o produtor e o consumidor”. (KWASNISCKA, 1989, p.15).

Assim os demais movimentos que foram oriundos deles como o Taylorismo, que ocorreu

na Inglaterra no século XVIII, principalmente, acabando por ser continuamente

associada ao início do modo de produção capitalista e consequentemente a organização

do trabalho, também houve movimentos contra como o cartista, ambos serão descritos

a seguir.

Dessa forma para compreendê-la devemos conhecer os principais movimentos oriundos

da revolução industrial (Taylorismo, Fordismo, Pós-Fordismo, Toyotismo, Cartista,

Ludismo entre outros) e os seus desdobramentos até o momento atual.

3.1. Principais movimentos

3.1.1. Taylorismo

No período entre o final do século XIX e início do século XX, Frederick Winslow Taylor

(1856-1915), autor da Administração Científica, que viria a ser conhecida no futuro como

o Taylorismo, criou parâmetros para atingir a máxima produção com o custo mínimo.

Outros integrantes do movimento da organização do trabalho ou administração cientifica

foram: Frank Bunker Gilbreth e Lillian Moller Gilbreth, Henry Gantt, Hugo Münsterberg.

O Taylorismo propunha que a maximização do trabalho somente poderá ser alcançada

através de uma revolução mental dos gerenciadores e dos operários.

Segundo o Taylorismo isso somente será alcançado se seguirmos cinco princípios

ao invés dos métodos empíricos:

Page 21: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

11

i. Direcionar os trabalhadores para a sua melhor aptidão e treiná-los para

cada cargo através de uma seleção ou preparo;

ii. Fiscalizar se o trabalhador está executando a função corretamente.

iii. Disciplinar o trabalho durante a execução;

iv. O trabalhador executa somente uma etapa do processo de montagem do

produto (singularização das funções);

Esses métodos incorporaram a ideologia capitalista de redução do saber operário ao

cumprimento de ordens, pois foram criados através da observação de operários pelo

próprio Taylor de forma que a organização do trabalho fosse tratada como uma ciência

dando ênfase na tarefa.

Para atingir a sua proposta Taylor, disse que os seus cinco princípios funcionam da

seguinte forma:

i. Devem-se colocar os trabalhadores em uma jornada de trabalho

controlada, supervisionada, sem interrupções, a seu controle, podendo o

trabalhador só parar para descansar, quando for permitido, com particularização

de cada movimento e que o controle do processo não pode ficar nas mãos dos

próprios trabalhadores, pois caso isso ocorra não haveria uma cobrança real;

ii. Ritmo lento de trabalho e a vadiação eram inimigas da produção;

iii. O processo de trabalho não deve estar nas mãos dos trabalhadores, que

de fato estava por meio do trabalho combinado;

iv. O processo e as decisões devem passar pela gerência e não pelo

trabalhador;

v. Através do conhecimento da produção, a gerência poderia estabelecer

os tempos necessários. Assim, fixou a distribuição do tempo de trabalho.

. O Taylorismo trouxe alguns benefícios para os trabalhadores, que são:

i. Aumento salarial;

ii. Maior valorização dos funcionários, resultando em realização do trabalho

de forma mais produtiva;

iii. Redução na jornada de trabalho;

iv. Ganho de dias de descanso remunerados (férias)

Também houve benefícios para os empregadores no Taylorismo que são:

i. Aumento da qualidade dos produtos;

ii. Criação de um ambiente de trabalho agradável para todas as esferas da

indústria, evitando a ocorrência de greves e desestimulo;

Page 22: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

12

iii. Redução de custos extraordinários dentro do processo produtivo

(eliminação de inspeções e gastos desnecessários).

Dessa forma o Taylorismo trouxe para a construção civil brasileira a doutrina da

execução do serviço através de uma linha de produção ininterrupta, onde os

trabalhadores devem ter o seu produto final vistoria por terceiros de forma a garantir

uma boa execução, para que os trabalhadores possam ser bem remunerados.

3.1.2. Fordismo

O Fordismo foi criado em 1914 por Henry Ford (1863-1947), autor do livro "Minha

filosofia e indústria", fundador da Ford Motor Company, em Highland Park, Detroit e foi

desenvolvido como uma forma de racionalizar a produção utilizando inovações técnicas

e organizacionais.

O Fordismo revolucionou a indústria a partir de janeiro de 1914, quando criou a primeira

linha de montagem automatizada, introduzindo os princípios de padronização e

simplificação que foram apresentados no Taylorismo e aperfeiçoados através da criação

da linha de produção. O objetivo dessa prática é eliminar o desperdício de movimento

de forma que o objeto de trabalho era entregue diretamente ao operário, ao contrário de

o próprio operário ter que se deslocar durante a produção. O método de produção

fordista exigia vultosos investimentos em máquinas e instalações.

O fordismo teve seu ápice no segundo pós-guerra (1945-1968), que ficaram conhecidas

na história do capitalismo como os anos dourados. Entretanto, a rigidez deste modelo

de gestão industrial foi a causa do seu declínio. A partir da década de 1970, o fordismo

entra em declínio.

No Brasil o fordismo fez com que as construções brasileiras pensassem em um meio de

padronização do produto final e que tipos de materiais seriam usados, dessa forma

pode-se verificar na história fases de construção com madeira, concreto entre outras

matérias.

3.1.3. Pós-fordismo

O Pós-Fordismo tem como principal diferença o modelo de gestão produtiva relacionado

a organização do trabalho e da produção. Ele foi elaborado tendo em vista a eminente

falência do modelo fordista devido aos impactos do petróleo na economia em 1973, do

surgimento de um modelo mais eficaz de gestão e produção (Toyotismo), das inovações

tecnológicas, fusões e incorporações de empresas, desigualdade entre os setores de

trabalho e uma nova demanda do consumo.

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13

O modelo pós-fordista tem como princípio a flexibilização da linha de produção, visando

atender a demanda imediata (“Just in time”) e um mercado dotado de públicos cada vez

mais específicos. Dessa maneira, o pós-fordismo consistia em atender demandas que

serão montadas ou comercializadas imediatamente após sua produção, não havendo o

conceito de estoque. Isto permitiu que a indústria e os serviços acompanhassem as

transformações dos padrões de consumo. Um expoente desse pensamento é o Sistema

Toyota de Produção ou simplesmente toyotismo, elaborado pelo engenheiro mecânico

japonês Taiichi Ohno (LAVINAS, 2009).

O Pós-Fordismo é considerado como um dos paradigmas da teoria do pós-

industrialismo, que foi elaborada por pensadores marxistas (KUMAR, 1997). Neste

sentido, é utilizado para designar não apenas um novo modelo de gestão produtiva, mas

também o período de mudanças do capitalismo que foi acompanhado da ascensão de

novas configurações da organização industrial e da vida social e política. Estas

transformações foram originadas a partir da crise estrutural do fordismo, desencadeada

no início dos anos 1970 (KUMAR, 1997); (HARVEY, 2008).

Segundo Harvey (2008), o pós-fordismo tem como objetivo à substituição do modelo de

produção e acumulação baseado na rigidez produtiva, por um regime com foco em uma

maior flexibilidade dos processos, produtos, padrões de consumo, mercados e da

organização do trabalho. O resultado foi o surgimento de novos setores de produção,

modalidades de serviços financeiros, mercados, inovações comerciais, tecnológicas e

organizacionais, com intuito de garantir que o sistema produtivo seja capaz de operar

dentro de contextos que exigem rápidas mudanças, adaptando-se continuamente às

variações da demanda (HARVEY, 2008).

Com o pós-fordismo, o mercado de trabalho necessitou de uma reestruturação através

dos seguintes fatores: a emergência flexibilidade nos contratos de trabalho, o

surgimento da figura do trabalhador temporário, a subcontratação, a terceirização, a

precarização da mão-de-obra, o desemprego estrutural, a diminuição dos salários e, por

conseguinte o enfraquecimento dos sindicatos trabalhistas.

O Pós-Fordismo fez com que a construção civil brasileira investisse em inovações

técnicas e equipamentos que permitiriam suprir demandas imediatas e que não possam

esperar, um bom exemplo são os equipamentos pesados muito utilizados na construção

civil.

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14

3.1.4. Toyotismo

O Sistema Toyota de Produção ou Toyotismo foi desenvolvido por Taiichi Ohno,

Shingeo Shingo e Eiji Toyodadurante o período de 1948 e 1975 , com o foco em

aumentar a produtividade e a eficiência, reduzindo a praticamente zero o desperdício,

como o tempo de espera, superprodução, gargalos de transporte e inventário

desnecessário ou seja todas as formas de improdutividade na indústria, esses objetivos

fizeram com que o sistema integra-se o lean manufacturing, just-in-time, Kanban e o

nivelamento de produção.

O Toyotismo utilizou o conceito de linha de montagem criado durante o Fordismo e o

conceito de sistema de supermercado que concebe a ideia de que cada processo de

produção deve prover de forma ininterrupta para o processo seguinte.

Os princípios do Toyotismo ou Toyota Way são:

i. Melhora contínua;

ii. Desafio: Consiste na ideia de enfrentar as dificuldades que aparecerem

na produção com competência e criatividade;

iii. Kaizen: Melhora continua da operação buscando incorporar inovações

tecnológicas e evoluções técnicas;

iv. Genchi Genbutsu: “Vá e veja”, consiste em ir a fonte do objetivo em

questão para estuda-la e consequentemente tomarmos a melhor escolha;

v. Respeito às pessoas: Respeito mútuo, assumindo as responsabilidades

devidas e procurando sempre o melhor;

vi. Trabalho em equipe: Estimular o desenvolvimento pessoal e profissional,

dividir as oportunidades de desenvolvimento e maximizar o desempenho

individual e da equipe.

O Toyotismo agregou a construção civil brasileira a ideia de execução de serviço com

qualidade e que cada fase da execução não atuava separadamente mas sim como uma

parte do todo (obra), as suas doutrinas são parte de qualquer planejamento com

qualidade na construção civil.

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3.1.5. Movimento cartista

O Movimento Cartista foi o mais conhecido movimento operário inglês do século XIX

que lutou contra a exploração dos trabalhadores. Juntamente com os primeiros

sindicatos de trabalhadores, o movimento cartista elaborou, em 1838, a chamada Carta

do Povo, que reivindicava, principalmente, o direito do sufrágio universal secreto, que

daria liberdade de voto a qualquer pessoa adulta, independentemente da situação

econômica; o direito dos trabalhadores em participar do Parlamento; a limitação dos

mandatos políticos e a diminuição da jornada de trabalho.

3.1.6. Ludismo

O ludismo foi um movimento contrário a mecanização do trabalho que começou através

da Industrial. As reclamações contra as máquinas e a sua substituição em relação à

mão-de-obra humana, já vinham ocorrendo durante a revolução industrial. Mas foi em

1811, na Inglaterra, que o movimento operário ganhou uma dimensão significativa.

Os luditas invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, por serem mais eficientes

que os homens, tiravam seus trabalhos, necessitando, contudo, movimentos operários

e duras horas de jornada de trabalho. Eles ficaram lembrados como "os quebradores de

máquinas".

Para além de histórico, este termo representa também um conceito político, usado para

designar todos àqueles que se opõem ao desenvolvimento tecnológico ou industrial.

Estas pessoas são também chamadas de "luddites", em inglês, ou "luditas", em

português, e o movimento social é hoje conhecido como o neo ludismo. Um exemplo de

um autor que se identifica com esta designação é o “Kirkpatrick Sale”, que escreveu o

livro "Rebels Against the Future" ou Movimento Operário.

Para o historiador Eric J. Hobsbawn, o ludismo "era uma mera técnica de sindicalismo

de operários no período que precedeu a revolução industrial e as suas primeiras fases

operárias".

3.1.7. Ergonomia

A origem do termo Ergonomia remonta ao ano 1857. O polonês W. Jastrzebowski deu

como título para uma de suas obras "Esboço da Ergonomia ou Ciência do Trabalho,

baseado sobre as verdadeiras avaliações das ciências da natureza", adotando o

conceito da ergonomia como a ciência de utilização das forças e das capacidades

humanas (Moraes e Soares, 1989).

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Atribui-se a denominação da nova disciplina “Ergonomics” (ergo: trabalho; “nomics”:

normas, regras), à Murrel, engenheiro inglês. A oficialização do termo data de 1949,

quando da criação da primeira sociedade de ergonomia, a “Ergonomic Research

Society”, na Inglaterra. Enquanto que, nos Estados Unidos utilizaram-se as

denominações “Human Factors ou Human Engineeing”.

Desta forma, inicia-se o estágio da tecnologia da interface homem máquina que incluíam

os comandos e controles, displays, arranjos do espaço de trabalho e o ambiente físico

do trabalho. A grande maioria das pesquisas enfocava as características físicas e

perceptuais do homem e a aplicação destes conhecimentos no projeto de máquinas e

equipamentos (HENDRICK E BROWNAPUD SOUZA, 1994).

As suas contribuições à melhoria das condições de trabalho têm ocorrido no nível físico,

através do reprojeto de ferramentas, de modificações do layout do local de trabalho, das

melhorias do ambiente físico (iluminação, vibração e ruído) e dos aspectos

antropométricos e biomecânicos da atividade. Este tem sido, sem dúvida, o maior

impacto causado, principalmente nos países de terceiro mundo (KOGI, 1987).

Já o segundo estágio, surge durante os anos 60, com as mudanças de ênfase dos

aspectos físicos e perceptuais do trabalho para a sua natureza cognitiva. As fortes

presenças dos sistemas computacionais no meio de trabalho tornam importante

conhecer como as pessoas usam e processam as informações e aceleram as pesquisas

relacionadas aos aspectos cognitivos.

A melhoria da segurança e saúde no trabalho nas organizações é frequentemente difícil

de ser alcançada porque a maioria das organizações têm ainda uma visão muito limitada

da inter-relação dos problemas organizacionais.

Os resultados organizacionais (segurança, produtividade, lucros) não são vistos como

parte de um processo contínuo e sim, como efeito da interação de fatores múltiplos.

Acidentes e lesões, por exemplo, são ainda sempre relacionados às causas simples,

como o erro humano (NAGAMACHI & IMADA, 1992). O estudo dissociado dos aspectos

físicos e cognitivos não é suficiente, eles devem ser estudados dentro de um contexto

mais amplo.

Com isto, surge a Macro ergonomia, onde se reconhece que os problemas de trabalho

ocorrem como resultado da interação entre pessoas e sistemas técnicos, tanto no nível

físico como no nível cognitivo. Essa interação ocorre dentro de um contexto: a

organização. Este contexto pode ampliar, limitar ou anular as intervenções dos fatores

humanos com mudanças nas condições de trabalho (NAGAMACHI & IMADA, 1992).

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Atualmente, observa-se inúmeras pesquisas analisando fatores físicos, como aspectos

antropométricos, posturas, arranjos de espaços de trabalho, ambiente de trabalho,

consumo energético durante o desenvolvimento de atividades. Mas as contribuições da

ergonomia já se estendem ao campo cognitivo: aprendizado, processamento de

informação, motivação e percepção. E em alguns casos estuda-se esses dois fatores

dentro de um contexto organizacional, considerando o trabalho como um sistema, a

macro ergonomia.

Segundo WISNER (1987), esta metodologia estuda o conjunto formado pelo trabalhador

e seu posto de trabalho ou, às vezes, vários trabalhadores e o dispositivo técnico e,

utiliza dentro de certos limites, a noção do sistema homem-máquina. Sua aplicabilidade

não se restringe somente ao sistema homem máquina; o sistema homens-homens, que

pode envolver poucas ou nenhuma máquina, também é estudado. Neste caso, mantém-

se o conceito do sistema e considera-se o indivíduo como um subsistema de um sistema

num nível hierárquico superior, que sofre influências culturais, sociais, políticas e

econômicas.

Para ser eficaz no quadro de estudo do sistema homem-máquina, é preciso considerar,

exclusivamente, as trocas de informação (as comunicações) entre o homem e a

máquina e tomar como critério as entradas e saídas desse sistema.

Dentro desta nova abordagem, não mais se considera o homem de um lado e o

dispositivo de trabalho de outro, mas sim sua inter-relação, não deixando de considerar

que o sistema homem máquina está ligado, de um modo determinante, a conjuntos mais

vastos, em diversos níveis (WISNER,1987).

A análise ergonômica tem uma metodologia dívida em três fases, que são:

i. Analise da Demanda: Devemos analisar a representatividade do autor da

demanda, a origem da demanda (demanda real e demanda formal), os

problemas (aparentes e fundamentais), as perspectivas de ação e os meios

disponíveis;

ii. Análise da Tarefa ou Análise das Condições de Trabalho: Devemos observar o

meio ambiente físico, a duração, os horários e pausas de trabalho e como são

passadas as ordens de trabalho. Pois todas essas informações são pertinentes

para podermos identificar onde ocorre um possível problema e saná-lo;

iii. Análise das Atividades: Saber diferenciar a atividade física da mental, para saber

quem é o mais indicado para executá-la.

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18

3.2. Organização internacional do trabalho

A OIT foi criada em 1919, como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira

Guerra Mundial. Fundou-se sobre a convicção primordial de que a paz universal e

permanente somente pode estar baseada na justiça social. É a única das agências do

Sistema das Nações Unidas com uma estrutura tripartite, composta de representantes

de governos e de organizações de empregadores e de trabalhadores. A OIT é

responsável pela formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho

(convenções e recomendações) As convenções, uma vez ratificadas por decisão

soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil está

entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do

Trabalho desde sua primeira reunião.

Na primeira Conferência Internacional do Trabalho, realizada em 1919, a OIT adotou

seis convenções.

A primeira delas respondia a uma das principais reivindicações do movimento sindical

e operário do final do século XIX e começo do século XX: a limitação da jornada de

trabalho a oito diárias e 48 semanais. As outras convenções adotadas nessa ocasião

referem-se à proteção à maternidade, à luta contra o desemprego, à definição da idade

mínima de 14 anos para o trabalho na indústria e à proibição do trabalho noturno de

mulheres e menores de 18 anos. Albert Thomas tornou-se o primeiro Diretor-Geral da

OIT.

Em 1926, a Conferência Internacional do Trabalho introduziu uma inovação importante

com vistas a supervisionar a aplicação das normas. Criou uma Comissão de Peritos,

composta por juristas independentes, encarregada de examinar os relatórios enviados

pelos governos sobre a aplicação de Convenções por eles ratificadas (as “memórias”).

A cada ano, esta Comissão apresenta seu próprio relatório à Conferência. Desde então,

seu mandato foi ampliado para incluir memórias sobre convenções e recomendações

não ratificadas.

Em 1932, depois de haver assegurado uma forte presença da OIT no mundo durante

13 anos, Albert Thomas faleceu. Seu sucessor, Harold Butler, teve que enfrentar o

problema do desemprego em massa, produto da Grande Depressão. Nesse contexto,

as convenções já adotadas pela OIT ofereciam um mínimo de proteção aos

desempregados.

Durante seus primeiros quarenta anos de existência, a OIT consagrou a maior parte de

suas energias a desenvolver normas internacionais do trabalho e a garantir sua

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19

aplicação. Entre 1919 e 1939 foram adotadas 67 convenções e 66 recomendações. A

eclosão da Segunda Guerra Mundial interrompeu temporariamente esse processo.

No final da guerra, nasce a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de

manter a paz através do diálogo entre as nações. A OIT, em 1946, se transforma em

sua primeira agência especializada.

Em 1969, ano em que comemorava seu 50º aniversário, a OIT recebeu o Prêmio Nobel

da Paz. Ao apresentar o prestigioso prêmio, o Presidente do Comitê do Prêmio Nobel

ressaltou que “a OIT tem uma influência perpétua sobre a legislação de todos os países”

e deve ser considerada “a consciência social da humanidade”.

A OIT desempenhou um papel importante na definição das legislações trabalhistas e na

elaboração de políticas econômicas, sociais e trabalhistas durante boa parte do século

XX.

Em 1998, a Conferência Internacional do Trabalho, na sua 87ª Sessão, adota a

Declaração dos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho, definidos como o

respeito à liberdade sindical e de associação e o reconhecimento efetivo do direito de

negociação coletiva, a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório,

a efetiva abolição do trabalho infantil e a eliminação da discriminação em matéria de

emprego e ocupação.

A Declaração associa a esses quatro direitos e princípios oito convenções, que passam

a ser definidas como fundamentais. Estabelece que todos os Estados Membros da OIT,

pelo simples fato de sê-lo e de terem aderido à sua Constituição, são obrigados a

respeitar esses direitos e princípios, havendo ou não ratificado as convenções a eles

correspondentes. A Conferência define também a ratificação universal dessas

convenções como um objetivo, senta as bases para um amplo programa de cooperação

técnica da OIT com os seus Estados Membros com o objetivo de contribuir à sua efetiva

aplicação e define um mecanismo de monitoramento dos avanços realizados.

3.3. Movimento operário

Movimento operário surgiu como uma reação às consequências da Revolução Industrial

sendo iniciado primeiramente pelos artesãos que se viram privados de seus meios

originais de trabalho. Revoltados, grupos de artesãos, operários atacavam as fábricas,

quebrando as máquinas.

Contudo com o passar das primeiras manifestações, os operários começaram a

perceber que o problema não estava nas fábricas, nem nas máquinas em si, mas sim

na forma como a burguesia havia organizado os meios de produção. No início do século

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20

XIX, na Inglaterra, o movimento dos trabalhadores se fez sentir por meio de

demonstrações de massa, como motins e petições.

3.3.1. Movimentos no Brasil

Os movimentos citados anteriormente tiveram uma contribuição determinante no

desenvolvimento da construção civil brasileira. Pois todos contribuíram de forma positiva

(Taylorismo, Fordismo, Pós-Fordismo, Toyotismo) e negativa (Cartista, Ludismo), para

a situação atual da construção civil em relação à industrialização da mesma.

Serão mostrados dois movimentos no Brasil (movimento operário e sindical) que tiveram

influência dos movimentos já citados, e que contribuíram de forma positiva e negativa

para a situação da organização do trabalho na construção civil brasileira pois lutam

pelos interesses dos trabalhadores.

3.3.2. Movimento operário no Brasil

O movimento operário no Brasil teve início, junto com a chegada dos imigrantes

estrangeiros, no final do século XIX, para trabalhar nas lavouras de café. Esses

imigrantes eram prioritariamente italianos, alemães, japoneses, poloneses, entre outros.

Os imigrantes, engrossando as fileiras de trabalho das primeiras indústrias brasileiras,

no início do século XX, trouxeram da Europa as ideias e teorias que existiam entre a

classe trabalhadora europeia. As principais teorias sociais difundidas no Brasil foram o

socialismo científico e o anarquismo. As principais lutas reivindicativas do operariado

brasileiro se concentraram em torno das melhores condições de trabalho, menor carga

horária de trabalho e assistência trabalhista.

3.3.3. Movimento sindical no Brasil

A classe operária brasileira tem sua origem em meados do século XIX, em um contexto

de decadência da utilização do trabalho escravo, onde a economia se baseava na

produção de monocultura do café para exportação. Foi com o capital do café e

subordinado aos interesses do capital financeiro inglês que surgiram as primeiras

indústrias no Brasil. O surgimento e desenvolvimento do capitalismo trouxeram consigo

o surgimento de uma nova classe – o proletariado.

Surgiram então as primeiras formas de organização da classe operária. Foram

organizadas a Sociedades de Socorro Mútuo e Uniões operárias, que tinham um caráter

assistencialista e que acabaram por dar origem aos sindicatos. O objetivo inicial era

ajudar os associados no caso de doenças, invalidez, desemprego, pensões para as

viúvas. A Imperial Associação Tipográfica Fluminense, fundada em 1853, foi uma das

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mais antigas organizações profissionais surgidas no Brasil. Em 1858, funda-se a

Sociedade Beneficente dos Caixeiros. Em 1873, fundam-se a Associação de Auxílio

Mútuo dos Empregados da Tipografia Nacional e a Associação dos Socorros Mútuos,

chamada Liga Operária. Em 1880, organiza-se a Associação Central Emancipacionista.

Em 1884, funda-se a União Beneficente dos Operários da Construção Naval. Em 1900,

funda-se o Círculo Operário do Distrito Federal, e, antes disso, em 1890, o Centro das

Classes Operárias, atuava no Rio de Janeiro.

A partir de 1900, aumenta a organização de associações e sindicatos. A Constituição

de 24 de fevereiro de 1891 já assinalava a liberdade de associação. Em 1906, surgem

os sindicatos dos trabalhadores em ladrilhos, em pedreiras, dos pintores, dos

sapateiros, o Sindicato Operário de Ofícios Diversos. Principalmente no Rio de Janeiro,

em São Paulo e no Rio Grande do Sul, começa a disseminar-se a organização sindical.

Uma das primeiras lutas organizadas, realizada no Rio de Janeiro, ocorreu em 1858,

quando os tipógrafos insatisfeitos com os míseros salários que percebiam, declararam-

se em greve, exigindo uma elevação de 10 tostões diários em seus vencimentos. Essa

greve durou vários dias e foi vitoriosa. Os tipógrafos foram vanguardas não só das lutas

como também da organização da classe operária no Brasil.

Junto com a maior ocorrência das greves nasceram também outras formas de

organização: o Manifesto aos Proletários elaborados no II Congresso Socialista

Brasileiro (1902), demonstra, ainda que timidamente, a influência das ideias de Marx e

Engels.

A luta já demonstrava que a vitória só poderia ser alcançada levando-se em conta que

a luta da classe operária é uma só e não de várias categorias isoladas. Assim nasceram

os sindicatos, cujo objetivo principal era conquistar direitos. As principais reivindicações

da época eram: melhoria salarial e redução da jornada de trabalho.

Já em 1892, realizou-se um congresso nacional operário, sem que no entanto se

estruturasse a prevista organização nacional dos trabalhadores. A organização dos

operários em âmbito nacional se deu no primeiro Congresso Operário Brasileiro (1906)

que, contando com a participação de 43 delegados, formou a Confederação Operária

Brasileira (COB), cuja luta era voltada para as reivindicações básicas, com intensa

campanha de solidariedade as lutas operárias de outros países. Nesse período a luta

era mais intensa em São Paulo e Rio de Janeiro e predominava as ideias do anarco-

sindicalismo que se concentrava na luta dentro das fábricas, através da ação direta, mas

negava a importância da luta política e a necessidade de se constituir um Partido da

classe operária.

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A Confederação Operaria Brasileira foi organizada, efetivamente, em 1908, por 50

associações sindicais do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul,

Pernambuco, e de outros estados.

No ano de 1912, por iniciativa da Federação Operária do Rio de Janeiro, organizou-se

uma comissão reorganizadora da COB e convocado um congresso para esse fim.

Ressurgiu novamente a COB e, com ela, a Voz do Trabalhador, seu órgão de imprensa,

que chegou a alcançar uma tiragem de 4.000 exemplares. A COB desenvolveu então

intensificou o trabalho entre os operários e entidades sindicais, destacando-se uma

ampla campanha contra a carestia, com assembleias e comícios em todos estados e

um grande ato e passeata no Rio de Janeiro, em 16 de março de 1913, com a

participação de mais de 10 mil pessoas. E o comando da greve dos portuários de

Santos, em 1912, e a luta contra a lei de expulsão dos grevistas. Essa lei previa a

expulsão não como grevista e revolucionária, mas como cafetões e ladrões, o que

despertou grande indignação entre os operários.

Desde o início, os líderes das classes dominantes e seu Estado já procuravam controlar

o movimento sindical. Para isso usam de várias formas de cooptação, como em 1912,

quando o presidente da “República”, marechal Hermes da Fonseca, patrocina a

realização de um congresso operário, no Palácio Monroe (sede do Senado) com o

objetivo de formar “lideranças” sindicais conciliadoras com o governo. Esse congresso

foi organizado diretamente pelo tenente Mário Hermes, filho do presidente. A classe

operária considerou essa iniciativa como uma “palhaçada” e a mesma não deu frutos. A

organização tirada nesse congresso veio natimorta e não foi adiante.

Em 1907, declararam-se em greve e conquistaram a jornada de 8 horas de trabalho, em

São Paulo, os pedreiros, as figuras de diversas empresas e os pedreiros da cidade de

Santos. Também conseguiram reduzir a jornada de trabalho para 9 horas os

metalúrgicos da fábrica Ipiranga, em São Paulo.

Nos anos de 1911 até 1913 passa-se por certo refluxo, quando os desmantelamentos

de sindicatos pela polícia serão acompanhados de legislação mais repressiva para

expulsão de operários estrangeiros. Enquanto os anarco-sindicalistas, ao deflagrarem

greve viam-na como um momento de “preparar a greve geral” que destruiria o

capitalismo, os que dirigiam os sindicatos “amarelos” eram imediatistas e não

questionavam o sistema.

O período que abrange os anos de 1917 a 1920, caracterizou-se por uma onda

irresistível de greves de massas que em muitos lugares assumiram proporções

grandiosas. Era a resposta a vertiginosa queda dos salários dos operários e

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23

intensificação da exploração com a crise de produção após a I Guerra. Foi o caso da

greve geral de 1917, em São Paulo, iniciada numa fábrica de tecidos e que recebeu a

solidariedade e adesão inicial de todos os trabalhadores do setor têxtil, seguindo-se às

demais categorias. A paralisação foi total, atingindo inclusive o interior. Em poucos dias

o número de grevistas cresceu de 20.000 para 45.000 pessoas. A repressão

desencadeada aos grevistas foi violenta levando, não raro, alguns operários à morte

como foi o caso do sapateiro Antônio Martinez, atingido por um tiro no estômago durante

uma manifestação operária.

Entre 1918 a 1920 as manifestações eclodiram no Rio de Janeiro, em São Paulo,

Santos, Porto Alegre, Pernambuco, Bahia, e demais estados do Brasil, sempre

reivindicando aumento de salários e melhores condições de trabalho. Nesse período

verificou-se uma ampla campanha dos trabalhadores pelo estabelecimento da jornada

de 8 horas de trabalho. Nesse movimento cabe ressaltar a greve sui generis dos

operários da construção do então Distrito Federal (atual cidade do Rio de Janeiro).

Estes, após trabalharem 8 horas, retiravam-se para casa. Assim, obtiveram vitória a sua

causa, o que constituiu um passo importante para o posterior estabelecimento da

jornada de 8 horas para todos os trabalhadores. A luta por melhores condições para os

trabalhadores o movimento sindical realiza até hoje.

3.4. Fatores que dificultam a utilização da organização do

trabalho como fator de qualidade e produtividade na

indústria da construção civil

Como foi mostrado anteriormente, os movimentos de organização do trabalho

contribuíram cada um contribuindo de uma forma diferente para chegarmos ao conceito

de organização do trabalho que temos hoje em dia, contudo a metodologia de

organização do trabalho tem certa dificuldade de ser aplicada efetivamente. Tais

dificuldades serão mostradas a seguir:

i. Mão de obra pouco qualificada: Com o aquecimento da construção civil nos

últimos anos, a demanda por mão de obra especializada cresceu só que a oferta

dessa mão de obra devido à falta de investimentos nos últimos anos não

conseguiu suprir toda essa demanda.Com isso as vagas excedentes foram

preenchidas por trabalhadores com pouquíssima experiência, cerca de 50 % da

mão de obra tem até um ano de, isso acabou por baixar a produtividade.

Page 34: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

24

Em pesquisa recente da EY (EXAME, 17 DE JULHO DE 2014) com empresas

de capital aberto da construção, a qualificação de mão de obra foi citada por

78% como uma das lacunas da produtividade nos últimos dois anos. O mesmo

número de empresários cita o treinamento como uma das medidas sendo

tomadas para resolver o problema. Ana Estela, pesquisadora do IBRE-FGV, diz

que as construtoras têm um horizonte longo e foram pegas de surpresa pelo

boom do país: "Até 2005, não havia uma perspectiva sustentável de

crescimento, então elas não investiam em treinamento e formação, o que

passaram a fazer. Mas o resultado demora a aparecer”.

O problema da má qualificação da mão de obra acaba por não ser pontual da

construção civil, mas é mais visível nela, pois como pode ser visto nas figuras

um a construção civil é o setor que mais contribui com vagas de emprego sendo

que a concentração da sua mão de obra como pode ser visto pelas figuras dois

fica na construção de edificações, isso mostra que por ela ter a maior parcela da

mão de obra também tem a maior parcela de mão de obra pouco qualificada.

Figuras 1 Proporção de ocupados absorvidos pela Construção

Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – 2011

(DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED - Pesquisa de Emprego e Desemprego)

Page 35: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

25

Figuras 2 Distribuição dos ocupados na Construção segundo as divisões do setor

Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – 2011

(DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED - Pesquisa de Emprego e Desemprego)

Esse problema tem como origem a falta de ensino dado ao trabalhador da

construção civil, como pode ser visto pelas figuras três e quatro, a maioria dos

trabalhadores da construção civil não tem o ensino fundamental completo,

resultando em uma dificuldade em aprender novas técnicas e metodologias para

executar o trabalho em menor tempo se utilizar os novos conceitos em sua

maioria.

Figura 3 Proporção de ocupados com escolaridade até o ensino fundamental incompleto, segundo setor de

atividade - Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – 2011.

(DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED - Pesquisa de Emprego e Desemprego)

Page 36: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

26

Figura 4 Proporção de ocupados com ensino superior completo, segundo setor de atividade.

- Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – 2011.

(DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED - Pesquisa de Emprego e Desemprego)

Outro agravante para a má qualificação da mão de obra na construção civil é o

tempo que os trabalhadores ficam de forma ininterrupta na construção civil, o

que ocorre muito pouco, pois uma parte dos trabalhadores como não é natural

do local onde trabalham tem como premissa trabalhar durante um período curto

de tempo para depois ir rever sua família. Isso faz com que o tempo necessário

para que os mesmos possam aprender, utilizar e executar as metodologias

organizacionais de forma correta não seja alcançado.

O que faz com que ciclo de treinamento infrutíferos. Isso acaba por aumentar os

custos da mão de obra pois sempre é necessário fazermos os mesmos

treinamentos em cada nova construção, impedindo assim a sua correta

implementação.

Page 37: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

27

Figura 5 Tempo mediano de permanência no trabalho principal do total de ocupados e dos ocupados na

Construção-Regiões Metropolitanas e Distrito Federal – 2011

(DIEESE/SEADE, MTE/FAT e convênios regionais. PED - Pesquisa de Emprego e Desemprego)

Isso também ocorre, devido a construção civil utilizar empreiteiras para a

construção de seus empreendimentos. O que faz com que a mesma empreiteira

atue em obras de construtoras diferentes e com metodologias organizacionais

distintas, o que acaba por dificultar a incorporação correta delas.

Deve-se enfatizar que grande parte dessas empreiteiras têm como dono antigos

trabalhadores da construção civil que em parte investe para utilizar os conceitos

apresentados, na prestação dos seus serviços e parte por ter sua criação como

profissional da construção civil baseada em conceito errados e diferentes dos

apresentados anteriormente não acredita que a utilização dos conceitos de

organização do trabalho seja uma forma de alcançar uma melhora no seu

serviço.

Como pode ser visto ver a mão de obra na construção civil é em sua grande

maioria de pessoas sem uma educação fundamental completa e vem de locais

distantes de onde trabalham, resultando em uma grande dificuldade de

aprendizado, para novos conceitos que podem inicialmente parecer estranhos

pois esses trabalhadores tem incorporado em si o conceito de entregar o serviço

feito a qualquer custo sem muitas vezes se preocupar com a próxima etapa da

obra desde que não seja ele que irá trabalhar.

A solução para os problemas com a má qualificação da mão de obra, se encontra

na necessidade de investir em uma base educacional de qualidade e que seja

capaz de permitir que o trabalhador aprenda novos conceitos com mais

facilidade.

Page 38: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

28

ii. Consolidação das Leis de Trabalho (CLT): A CLT surgiu como uma

necessidade constitucional após a criação da Justiça do Trabalho em 1939. A

ideia primária foi de criar a "Consolidação das Leis do Trabalho e da Previdência

Social". A CLT, ou decreto-lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943 é composta por

oito capítulos que abrangem e especificam direitos de grande parte dos grupos

trabalhistas brasileiros. Nos seus 944 artigos são encontradas informações

como: identificação profissional, duração (jornada) do trabalho, salário mínimo,

férias anuais, segurança e medicina do trabalho, proteção ao trabalho da mulher

e do menor, previdência social e regulamentações de sindicatos das classes

trabalhadoras. Além disso ,devido ao caráter protecionista para os trabalhadores

a CLT muitas vezes, dificulta uma nova metodologia de leis trabalhistas que

melhorariam a produtividade da indústria da construção civil, pois ela impede a

contratação de terceirizados e autônomos que realizam serviço que compreenda

a atividade fim da empresa e por incorporar todos os encargos sociais que um

trabalhador tem direito , de acordo com a caixa para São Paulo os encargos

sociais com desoneração pela Lei 12.546/2011, correspondem a 88,93% do

valor da mão de obra.

Devido aos encargos tributários e trabalhistas, ver figura 6, há um menor espaço

no orçamento de uma obra para investir na implantação das metodologias da

organização do trabalho que resultariam em aumento da produtividade que já

não estejam incorporadas a seus próprios treinamentos, fazendo com que em

alguns casos não haja nem esse treinamento para redução de custo.

Figura 6 Principais problemas da Construção Civil (CBIC- 86º ENIC-2014)

Page 39: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

29

Assim como a CLT não está atualizada com as necessidades do mercado atual

e dos trabalhadores, ela tem criado diversos empecilhos a melhorias para a

construção civil como um todo, com encargos trabalhistas sendo necessária uma

atualização da mesma e das leis tributárias que atuam na construção civil de

modo que permita uma maior flexibilidade para investir em treinamentos

organizacionais.

Como pode ser visto ver nesse capitulo, há diversas dificuldades para que a organização

do trabalho atue como um fator de otimização da qualidade e produtividade, contudo

foram indicados caminhos para solucionar os problemas e no próximo capitulo será

mostrado como a organização do trabalho interfere na qualidade e produtividade da

indústria da construção civil.

4. A indústria da construção e a organização do trabalho

4.1. Aspectos gerais

Como foi visto nos capítulos anteriores a organização do trabalho teve diversos

movimentos durante o decorrer do tempo e cada contribuiu para a organização do

trabalho na construção civil de formas diferentes como já foi mostrado, mas o resultado

final é a utilização de todas os pontos fortes dos movimentos em conjunto. Neste item

será feito um resumo da colaboração de cada movimento e mostrado como todos eles

são usados atualmente através da organização centralizada e descentralizada e o que

tudo reflete na construção civil.

i. O Taylorismo trouxe o conceito da otimização da utilização da mão de obra, que

consiste em identificar a aptidão do trabalhador e dessa forma treina-lo para que

ele possa executá-la da maneira como foi treinado, também trouxe o conceito de

fiscalização dos serviços por terceiros, atualmente feita pelos engenheiros,

estagiários, mestres e encarregados da construtora, o que antes era feito pelos

próprios executores do serviço e de que o trabalhador executará somente uma

tarefa por vez , não realizando mais de uma tarefa para evitar conflito;

ii. O Fordismo introduziu a linha de produção, que é usado na construção civil com

a prática de realizar cada fase de um determinado serviço por vez, por exemplo

a marcação de alvenaria que quando é feita é realizada para todo o pavimento,

também trouxe o conceito de padronização que é utilizado em alguns setores da

indústria da construção civil;

Page 40: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

30

iii. O Pós-Fordismo trouxe a ideia do “Just in time”, que consiste em estarmos

preparados a demandas imediatas para atendê-las sem atraso, isso retrata as

eventuais emergências em obras e a capacidade de resposta;

iv. O Toyotismo trouxe a ideia da política de qualidade na construção civil que pode

ser retratada como a melhora continua e o respeito mútuo. Também trouxe o

conceito de não termos retrabalho, realizando o serviço de forma exemplar, isso

fez com que a indústria da construção civil refletisse na melhor capacitação da

mão de obra, através de treinamentos e no uso de novas tecnologias para

melhorar a execução;

v. O Ludismo foi um movimento que pelos seus pensamentos criou uma resistência

contra a industrialização, defendendo que com a mesma os trabalhadores

seriam prejudicados podendo perder os seus empregos, essa ideia é usada

ainda hoje para defender o método artesanal de construção civil, sendo contrário

a qualquer tipo de melhoria;

vi. A Ergonomia somente melhorou os pensamentos já apresentados pelos

movimentos citados e os concentrou em um só, isso facilitou a utilização deles

para industrialização da construção civil.

Utilizando esses princípios organizacionais a indústria da construção civil utiliza dois

métodos na sua grande maioria, que são o método centralizado e descentralizado, como

pode ser visto a seguir.

4.1.1. Modelos de estrutura organizacional

Figura 1- Graus de centralização e descentralização. Fonte: CHIAVENATO, 2004.

Page 41: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

31

A) Organização centralizada

Segundo HERBERT A. SIMON (ADMINISTRATIVE BEHAVIOUR, NOVA YORK:

MACMILLAN, 1951), a organização centralizada é construída dentro da premissa de

que o indivíduo no topo (dono) tem a máxima autoridade em comparação aos demais

(vice presidentes e gerentes) que tem suas autoridades escaladas para baixo, de acordo

com a sua posição relativa no organograma.

Vantagens:

i. As decisões são tomadas por administradores que possuem visão global

da empresa;

ii. Os profissionais do topo da cadeia devem ter uma capacidade melhor

para decidir do que os de níveis mais baixos;

iii. Decisões mais consistentes com os objetivos empresariais globais;

Desvantagens:

i. As decisões são tomadas na cúpula que esta distanciada dos fatos e das

circunstancias;

ii. Os administradores que tomam as decisões no topo têm pouco contato

com as pessoas e situações envolvida;

iii. As linhas de comunicação ao longo da cadeia escalar provocam demora

e maior custo operacional;

iv. As decisões passadas pela cadeia escalar, envolvendo intermediários

possibilita distorções e erros pessoais no processo de comunicação das

decisões.

B) Organização descentralizada

Segundo HERBERT A. SIMON (ADMINISTRATIVE BEHAVIOUR, NOVA YORK:

MACMILLAN, 1951), a autoridade para tomar ou iniciar a ação deve ser delegada tão

próxima da área de atuação quanto for possível.

Vantagens:

i. As decisões são tomadas mais rapidamente pelos próprios executores

da ação;

ii. Tomadores de decisão são os que têm mais informação sobre a situação;

Page 42: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

32

iii. Maior participação no processo de tomadas de decisões promove

motivação e moral elevado entre os administradores;

Desvantagens:

i. Pode ocorrer falta de informação e coordenação entre os departamentos

envolvidos;

ii. Maior custo pela exigência de melhor seleção e treinamento dos

administradores médios;

iii. Risco da subjetivação: os administradores podem defender mais os

objetivos departamentais do que os empresarias;

iv. As políticas e procedimentos podem variar enormemente nos diversos

setores de tomada de decisão.

4.2. Cenário atual da construção civil

Mesmo com as ideias dos movimentos de organização do trabalho incorporados e

usados dessas duas maneiras apresentadas na construção civil, ela tem algumas

particularidades que acabam por dificultar o processo de utilização dos conceitos

apresentados como fator de otimização da produtividade e qualidade, são elas:

Segundo PROCHNIK (1989), a Indústria da Construção Civil é composta por uma

complexa cadeia produtiva que abrange setores industriais diversos, tais como:

mineração, siderurgia do aço, metalurgia do alumínio e do cobre, vidro, cerâmica,

madeira, plásticos, equipamentos elétricos e mecânicos, fios e cabos e diversos

prestadores de serviços como escritórios de projetos arquitetônicos, serviços de

engenharia, empreiteiros. Assim ela é integrada por uma série de atividades com

diferentes graus de complexidade, ligadas entre si por uma vasta diversificação de

produtos, com processos tecnológicos variados, vinculando-se a diferentes tipos de

demanda. Ela abriga, desde indústrias de tecnologia de ponta e capital intensivo, como

cimento, siderurgia, química, até milhares de microempresas de serviços, a maior parte

com baixo conteúdo tecnológico e organizacional. Hoje em dia ainda temos

autoconstruções, construções que são feitas sem o menor conhecimento técnico da

engenharia civil, sendo feitas devido a população de menor poder econômico tentar

solucionar a questão de moradia pelo auto iniciativa, isso acaba por comprometer a

qualidade da mesma e o seu custo já que não é feita com uma estrutura organizacional

planejada quando é feita com algum planejamento.

Page 43: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

33

Portanto pode-se afirmar que uma das características marcantes do setor da

Construção Civil é a sua heterogeneidade, pois dentro de si é subdividida em

edificações, construção pesada e montagem industrial.

Pode ser visto ver pela figura seis o retrato dessa heterogeneidade e como os setores

atuam entre si.

Figura 2 - Segmentação da Cadeia Produtiva da Construção

Essa heterogeneidade da construção civil acaba por ser um tanto um fator dificultador

como um fator estimulador para a utilização dos conceitos da organização do trabalho

como fator de otimização da qualidade e produtividade, pois devido a isso não é possível

que todo a indústria da construção civil adote uma única metodologia de organização, a

indústria da construção civil não atua como um bloco dividindo informações. (AMORIM,

1995; MELLO, 2007)

Devido a isso a indústria da construção civil vem utilizando os conceitos apresentados

em alguns setores de forma plena e em outros de uma forma adaptada, pois a setores

da indústria que já se encontram completamente industrializados, como as fornecedoras

de aço cortado e dobrado (Gerdau, por exemplo), fazendo com que a utilização dos

conceitos seja mais rápida e fácil do que em uma obra, pois seu funcionamento é de

uma indústria o que permite uma facilidade de incorporar os conceitos e realizar a

manutenção dos mesmo na mão de obra.

Esse mesmo pensamento serve para os setores que trabalham em escritório pois a

implementação dos conceitos de organização é mais rápido e fácil pois a equipe é

Page 44: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

34

reduzida em comparação a de um canteiro e nesses casos a equipe tem um nível de

estudo maior do que é encontrado nos canteiros de obras na maioria dos casos, pois

como já foi mostrado a grande parcela da mão de obra da construção civil não tem o

ensino fundamental completo.

Já nos canteiros a situação tem diversas particularidades que dificultam a utilização da

forma mais eficaz dos conceitos organizacionais, como em uma única obra diversas

empreiteiras, em obras de grande porte cerca de 30 empreiteiras podem ser contratadas

durante a construção e as mesmas realizam contratações de acordo com a necessidade

da obra, fazendo com que o fluxo de pessoas possa alcançar o número de mais de 4000

funcionários, o que dificulta a ensinamento a esses trabalhadores pois eles não são

próprios da construtora , vindo de diversas empreiteiras que atuam em obras de

concorrentes que podem ter outro uso para os conceitos e a própria empreiteira pode

ter sua metodologia já estabelecida. Contudo em muitos casos vemos que as

empreiteiras ainda não têm a visão de que cada serviço faz parte de um todo para a

construção do empreendimento, pois elas só têm esse pensamento com os serviços

que atrapalham ela de faturar, já com os demais serviços que virão após o que ela a

realiza não tem uma preocupação, nos casos que tem é somente até ela deixar a obra.

4.3. A qualidade e produtividade na indústria da construção

civil

Como pode ser visto pela tabela 1, a diferença entre o Brasil, Europa (EU) e os Estados

Unidos (EUA) em 2008 em relação a número de engenheiros e gerentes aos prazos de

entrega de obra e produtividade média entre outros. Dessa maneira pode ser visto uma

diferença entre os EUA e EU em relação ao Brasil no quesito de utilização dos conceitos

organizacionais no contexto geral da indústria da construção civil, que nos mostra o

potencial e a realidade dos conceitos da organização do trabalho englobando desde

Page 45: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

35

novas tecnologias a propriamente a organização dos trabalhadores nos canteiros de

obra.

Tabela 1 - Quadro comparativo de indicadores entre Brasil, EUA e Europa (FIESP, 2008)

Isso somente mostra os resultados que podem ser alcançados e utilizando a

organização do trabalho como ferramenta para otimização da produtividade e

qualidade.Com esse objetivo a construção civil brasileira vem tomando medidas para

utilizar tais conceitos para aumentar a produtividade e qualidade na mesma das

seguintes maneiras:

Utilizar os conceitos de que cada etapa depende da anterior e que a construção deve

ser tratada como linha de produção entre outros conceitos, para realizar um

planejamento que preveja todas as situações possíveis para uma obra e que medida

deve ser tomada em cada caso;

Assim serão apresentados alguns métodos e ferramentas que ajudam na organização

do trabalho por terem em suas metodologias etapas concernentes ao estudo do

Page 46: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

36

processo, dos tempos e movimentos permitindo uma redefinição na organização das

equipes e na forma de execução do trabalho;

São eles:

I. “LEAN PRODUCTION (LEAN CONSTRUCTION)”

Segundo a REVISTA PINI (PINI WEB,10 DE OUTUBRO DE 2002), a “Lean

Construction” foi um modelo desenvolvido tendo como base os conceitos do

Toyotismo, sendo que esse modelo é contrário a metodologia de produção em

massa desenvolvida com base no Taylorismo e Fordismo.

A “Lean Construction” utilizando os conceitos organizacionais, propõe que um

processo consiste em um fluxo de materiais, desde a matéria-prima até o produto

final, sendo o mesmo constituído por atividades de transporte, espera,

processamento e inspeção. As atividades de transporte, espera e inspeção não

agregam valor ao produto final, sendo por esta razão denominadas atividades

de fluxo. Isso significa construir-nos mais avançados padrões tecnológicos,

eliminando desperdícios, aumentando a capacidade de produção, dando mais

qualidade e garantindo prazos de entrega dos empreendimentos.

II. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE

O Sistema de gestão da qualidade está alicerçado em três pilares básicos que

precisam ser edificados pelas empresas para que pratiquem a filosofia de gestão

da qualidade no seu dia-a-dia. São eles:

a) Foco no Cliente

É definir a qualidade dos produtos/serviços com base nas expectativas do

cliente, representada pela identificação permanente da sua percepção quanto

ao produto/serviço e da sua satisfação.

Uma empresa com foco em seus clientes orienta todas as suas ações na busca

da satisfação permanente dos mesmos, mediante a melhoria de seus processos,

equipamentos, materiais e equipes.

O cliente deve ser ouvido e ter as suas expectativas e satisfação monitorada

antes da produção, durante a produção e na pós-entrega.

Page 47: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

37

b) Trabalho em Equipe

O trabalho em equipe é saudável para a organização; estimulante para as

pessoas e produz soluções eficazes e permanentes.

Um grupo de pessoas reúne as habilidades, conhecimentos, talentos e

experiências necessárias para a compreensão sobre tudo o que está envolvido

num processo. Quando uma equipe atua como um “time” significa que houve

sinergia1.

O trabalho em equipe permite a associação de capacidades técnicas e de

conhecimento somando competências individuais para resolver os problemas

em conjunto e aumentar a produtividade.

c) Abordagem Científica

Significa tomar decisões com base em dados em vez de palpites.

Significa implementar ações planejadas, medindo-se e monitorando-se

permanentemente os resultados e agir com base nos resultados obtidos

estabelecendo um ambiente favorável a melhoria contínua.

III. ISO 9001

A ISO 9001 é um conjunto de normas de padronização para um

determinado serviço ou produto. Ela tem como objetivo melhorar a gestão de

uma empresa e pode ser aplicado em conjunto com outras normas de

funcionamento, como normas de saúde ocupacional, de meio ambiente e de

segurança.

Para obter a certificação da ISO, uma empresa deve cumprir certos requisitos,

para que as várias fases sejam cumpridas de forma adequada. Através do ISO

9001, uma empresa aplica nos seus processos padrões para o seu sistema de

gestão e qualidade.

Esta ferramenta estratégica é usada na maioria dos países do mundo, sendo

que muitas aguardam a certificação e mais de um milhão de empresas têm essa

norma implementada.

Adicionalmente, a ISO 9001 foi desenvolvida para ser compatível com outras

normas e especificações de sistemas de gestão, tais como a OHSAS 18001 de

1 Sinergia - É a prática de ações grupais contínuas, coincidentes e convergentes para a o atendimento de objetivos comuns a todos.

Page 48: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

38

Saúde Ocupacional e de Segurança e a ISO 14001 de Meio Ambiente. Elas

podem ser integradas perfeitamente através de Gestão Integrada. Estas normas

compartilham muitos princípios comuns, portanto a escolha de um sistema de

gestão integrada pode agregar um excelente valor pelo investimento.

Através do ISO 9001 uma organização melhora a prestação de serviço ao

cliente, possibilitando o melhoramento de mecanismo de entrega, por exemplo.

Além disso, também é usado para medir o nível de satisfação dos clientes,

melhorando a eficácia da gestão da empresa.

IV. SIAC PBQP-H

Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da

Construção Civil (SiAC) do Programa Brasileiro da Qualidade e produtividade do

Habitat - PBQP-H tem como objetivo avaliar a conformidade de Sistemas de

Gestão da Qualidade em níveis adequados às características específicas das

empresas do setor de serviços e obras atuantes na Construção Civil, visando a

contribuir para a evolução da qualidade no setor.

V. PROGRAMA 5 S

“5S” é o nome de um método, ou antes, uma filosofia, de administração japonesa

e se refere à inicial de cinco palavras:”Seiri, Seiton, Seiso,

Seiketsu e Shitsuke”.

A filosofia dos 5S busca promover, através da consciência e responsabilidade de

todos, disciplina, segurança e produtividade no ambiente de trabalho. Cada uma

das cinco palavras representa uma etapa do programa de implantação do 5S,

ou então, como também podem ser chamados os cinco “sensos”:

“SEIRI”: se refere a evitar o que for desnecessário, ou o “senso de utilização”.

Ao separar aquilo que é realmente necessário ao trabalho daquilo que é

supérfluo, ou desnecessário, passando-o para outros que possam fazer uso dele

ou simplesmente descartando, conseguimos melhorar a arrumação e dar lugar

ao novo.

“SEITON”: significa deixar tudo em ordem, ou o “senso de organização”. É

literalmente arrumar tudo, deixar as coisas arrumadas e em seu devido lugar

para que seja possível encontrá-las facilmente sempre que necessário. Assim,

evita-se o desperdício de tempo e energia.

Page 49: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

39

“SEISO”: significa manter limpo, ou o “senso de limpeza”. Agora que você já

tirou tudo que era desnecessário e deixou tudo em ordem, é preciso manter

assim.

“SEIKETSU”: zelar pela saúde e higiene, ou “senso de saúde e higiene”. Não

adianta nada mantermos o local de trabalho limpo se não cuidarmos de nossa

higiene pessoal também.

“SHITSUKE”: disciplina. Este conceito é um pouco mais abrangente do que o

significado ao qual estamos acostumados de seguir as normas. Ele se refere

também ao caráter do indivíduo que deve ser honrado, educado e manter bons

hábitos.

VI. Industrialização

Assim deve ser levado em consideração a relação aos trabalhadores que são a parte

importante da construção civil, a organização da obra é primordial para uma otimização

da produtividade e qualidade, isso se traduz em sabermos destinar a mão de obra

correta para o serviço correto, impedindo a ocorrência de improvisos durante a obra,

pois nesse caso os improvisos geralmente requerem um retrabalho devido ao

trabalhador destinado a realizar o serviço não tenha o conhecimento técnico necessário

para realiza-lo.

Além disso os conceitos de organização do trabalho mostrados anteriormente, estão

sendo utilizados por uma parte da indústria da construção civil, para mostrar ao

trabalhador através de treinamentos, do acompanhamento do trabalho e vistoria do

mesmo de forma rigorosa para que após um período inicial de execução o trabalhador

incorpore no seu método de trabalho , pelo menos durante a obra em que está

trabalhando no momento , os conceitos de que o seu serviço será necessário para a

próxima etapa da construção e que dessa maneira o trabalho deve ser feito, sem

necessidade de retrabalho, isso faz com que a qualidade do produto final seja otimizada

e a produtividade do trabalhador aumente.

Também se deve mencionar que os conceitos utilizados apresentados na construção

civil, também tem como objetivo a preocupação com o bem estar do trabalhador o que

não era comum no passado, mas com o passar do tempo foi percebido que uma mão

de obra motivada e valorizada (através de treinamentos, palestras, entre outras

medidas), rende mais.

Page 50: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

40

Pode ser visto também verificar que a qualidade e produtividade da construção civil

atualmente está atrelada a utilização dos conceitos organizacionais de maneira correta

desde a preparação do canteiro, escolha da equipe e destinação dos serviços para cada

equipe de forma a utilizar a melhor mão de obra disponível na obra para cada serviço.

Entretanto esse diagnostico não é fácil de ser feito pois demanda um acompanhamento

dos trabalhadores a médio e longo prazo para que seja identificado o melhor uso de

cada trabalhador, mas isso vem sendo facilitado pois alguns empreiteiros já chegam à

obra com uma equipe definida para cada etapa dos serviços, fazendo com que seja

necessário a identificação dos melhores dentro dessas equipes.

Assim pode ser visto que a organização do trabalho interfere na produtividade e

qualidade da construção civil de forma que maior for a organização de uma obra, onde

se sabe o perfil dos trabalhadores que estão à disposição, maior for a interação da

gerência com o dia a dia da obra resultando em um melhor acompanhamento e uma

melhor verificação dos serviços, quanto maior for a preocupação com o bem estar dos

funcionários melhor será seu desempenho e através da valorização dos mesmo a sua

produtividade aumenta, valorizando novas e boas ideias.

Todas essas medidas vêm sendo utilizadas por parte da construção civil como medida

para garantir uma melhor produtividade e qualidade da construção civil. No Próximo

capitulo será mostrado o inverso como a falta de organização acarreta problemas na

obra desde sua etapa de planejamento até a execução.

Page 51: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

41

5. Estudo de caso

5.1. Conceito

“Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno

contemporâneo dentro de um contexto de vida real, especialmente quando os limites

entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. (YIN; 2001)

Com o objetivo de verificar as vantagens que a organização do trabalho e os impactos

que a falta de utilização dos conceitos de forma correta ou a não utilização deles

acarreta de problemas a construção civil, será analisada uma obra que foi executada

sem nenhum dos conceitos de organização já apresentados e que retrata bem como a

sua não utilização, produz prejuízos em todas as esferas. Será mostrando os problemas

que ocorreram durante obra desde a fase de planejamento até a estrutura e o que isso

acarretou.

Também foi realizado entrevistas com profissionais que atuam na área da construção

civil sobre o problema da má qualificação da mão de obra.

Como a obra em questão não é uma obra que tenha utilizado os princípios da

organização do trabalho, as informações oficiais da mesma não foram cedidas e nem

as informações da construtora que realizou tal empreendimento, por essas razões o

nome da construtora será X, a Obra não terá nenhuma identificação e somente será

descrita a edificação de uma forma geral.

5.2. Descrição da empresa

CONSTRUTORA X: Construtora localizada na cidade do Rio de Janeiro que atua no

mercado da construção civil há 23 anos. Possui vasto acervo técnico registrado junto à

entidade reguladora federal, possuindo larga experiência nos ramos de Engenharia e

Arquitetura. A construtora X não desenvolve projetos, somente executa-os, caso seja

necessário a elaboração de projetos ela terceiriza tal serviço.

5.2.1. Dados da construtora x:

i. Número de Funcionários: 400;

ii. Número de sub empreiteiras:dois

A Construtora X tem a seguinte forma hierárquica, conforme pode ser visto pela a figura

sete.

Page 52: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

42

Figura 7 – Hierarquia da Construtora do Estudo de Caso

A empresa trabalha comum número reduzido de subempreiteiras para os serviços da

obra no nível operacional, utilizando os próprios funcionários para execução dos

serviços de canteiro e os serviços administrativos, os serviços gerenciais são realizados

exclusivamente pelo dono da construtora que apesar de ficar situado no canteiro de

obra não vistoria o andamento dos serviços em nenhum momento. Ela não possui

nenhum programa de qualidade e não utiliza nenhum conceito de organização do

trabalho apresentada, o que compromete principalmente a organização da

documentação e o controle mais apurado dos serviços.

A empresa possui uma estrutura organizacional hierárquica piramidal onde o dono é o

nível estratégico e juntamente com os mestres e operários constituem o nível

operacional. Nessa estrutura, as informações do nível operacional acabam se

dispersando até chegar ao nível estratégico fazendo com que a empresa não seja muito

rápida nas tomadas de decisões.

Page 53: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

43

5.3. Descrição do empreendimento

O empreendimento consiste na construção de um complexo industrial com três Blocos

sendo um com quatro pavimentos e dois com três pavimentos, uma subestação

energética e serão feitas uma urbanização no seu entorno em uma área de 15 mil metros

quadrados, incialmente seria uma área de cinco mil metros quadrados.

O empreendimento foi dividido em quatro fases, sendo a primeira a preparação do

canteiro de obras, e a fase dois e três sendo a construção do primeiro bloco e a

urbanização do entorno e a fase quatro do restante do empreendimento.

A construção do empreendimento teve início no início do mês de fevereiro de 2013 e

previsão de termino no início de 2015.

5.3.1. Dados do empreendimento:

i. PRAZO INICIAL DO CONTRATO: 14 DE FEVEREIRO DE 2013

ii. TÉRMINO DO CONTRATO: 02 DE MARÇO DE 2015

III. TIPO DE CONSTRUÇÃO: CONCRETO ARMADO

iv. SITUAÇÃO DA OBRA: EM ANDAMENTO, ATRASADA.

v. FASE DA OBRA: EM FASE DE EXECUÇÃO DE REVESTIMENTO E

ACABAMENTO DO PRIMEIRO BLOCO.

vi. ÁREA TOTAL DO TERRENO: 15.000,00 m2

vii. ÁREA CONSTRUÍDA: 12.937,87 m2

viii. VOLUME TOTAL DE CONCRETO: 3.809 m3

ix. PESO TOTAL DE AÇO PARA CONCRETO: 228.795 Kg

5.4. Analise dos dados

Através dos dados obtidos foi possível detectar as seguintes deficiências apresentadas

pela empresa:

A empresa projetista contratada por não ter uma sede na localidade da obra, fez com

que a possibilidade de reuniões para encontrar a melhor solução em projeto, não fosse

feita o que resultou em um projeto que sofreu mudanças diversas durante a obra,

acarretando gastos extras elevados para a contratante, essa decisão poderia ter sido

previamente se houvesse um planejamento organizacional bem elaborado para a obra

como um todo.

O dono da Construtora X apesar de ser engenheiro civil e ficar situado no canteiro da

obra durante a execução da mesma, em nenhum momento ia ao canteiro vistoriar os

Page 54: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

44

serviços executados pelos trabalhadores operacionais, o que vai contra o conceito

proposto por Taylor de verificação do serviço executado. Como não havia uma

distribuição de serviços clara entre as equipes operacionais, era rotineiro por parte da

fiscalização da contratante se deparar com serviços que foram realizados pela manhã,

sendo desfeitos durante a tarde.

Durante a execução da obra houve conflito de autoridade entre os fiscais e a construtora

X, o que gerou uma falta de gerenciamento da equipe operacional pois a fiscalização

mandava ser realizado um serviço enquanto a construtora mandava outro, isso gerou

diversos dias perdidos no cronograma.

A construtora X não tinha conhecimento sobre o conceito de que cada etapa da obra

era dependente da sua anterior o que resultou em problemas diversos durante a etapa

de estrutura, como poderemos ver a seguir.

A equipe operacional em nenhum momento mostrou conhecimento técnico em relação

aos serviços que iriam ser executados, o que necessitou que a fiscalização realizasse

treinamentos em cada etapa de serviço.

5.4.1. Problemas durante a fase de planejamento:

i. Quantitativos de forma subestimada devido ao orçamento estar inadequado na

fase dois do empreendimento, resultando em uma diferença de R$ 648.986,40,

ou 4,31% do valor total contratado de R$ 15.066.089,99 na fase dois, conforme

cálculo realizado pela equipe (valores ilustrativos);

ii. Valores de forma subestimada devido ao orçamento estar inadequado na fase

três do empreendimento, resultando em uma diferença de R$ 1.879.774,58, ou

27,87% do valor total contratado de R$ 6.745,625, 95 na fase três, conforme

cálculo realizado pela equipe; (valores ilustrativos);

iii. Valores de forma subestimada devido ao orçamento estar inadequado na fase

quatro do empreendimento, resultando em uma diferença de R$ 1.625.153,26,

ou 8,73% do valor total contratado de R$ 18.618.878,54 na fase quatro,

conforme cálculo realizado pela equipe; (valores ilustrativos);

iv. Execução da obra, em apenas dois turnos quando foram previstos três no

contrato da fase dois ocorre provocando um sobre preço global de R$

124.175,85, perfazendo 0,82% do valor total da fase de estrutura da obra,

analisada amostra de 71,93% do valor total contratado, por meio de curva ABC

dos serviços. Figura, portanto, esse sobre preço como efeito potencial da falta

de execução em três turnos;

Page 55: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

45

5.4.2. Problemas durante a fase de execução

Como foi falado anteriormente, durante a fase dois do empreendimento foram

detectados diversos problemas de execução devido à má organização do trabalho no

canteiro, resultando em ordens difusas e muitas das vezes contraditórias vindas da

fiscalização e da própria construtora conforme foi descrito acima

Os problemas que ocorreram durante a execução da obra são:

i. As figuras oito a quinze retratam o aparecimento de “brocas” nos pilares (troncos,

base e topo) e em vigas, que é quando o concreto não é vibrado corretamente e

não está plástico suficientemente, esse problema ocorreu de forma continua na

obra tornando-se uma patologia que foi sanada através da troca de empresa

fornecedora de concreto (concreteira) e treinando a equipe responsável pela

concretagem em como deve ser realizada a mesma e a pessoa que realizou o

treinamento, acompanhou o serviço de concretagem para verificar se a equipe

havia aprendido corretamente. Contudo foi necessário realizar um reforço nos

pilares e vigas que apresentaram essa patologia. Após esse problema a equipe

de fiscalização da obra começou a usar FVS, para liberarem os serviços.

Figura 8 e 9 – Problemas de execução na fase de estrutura (ocorrência de broca no topo dos pilares)

Fonte: Autor da Monografia

Page 56: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

46

Figura 10 e 11 – Problemas de execução na fase de estrutura (ocorrência de broca na base dos pilares)

Fonte: Autor da Monografia

Figura 12 e 13 – Problemas de execução na fase de estrutura (ocorrência de broca no tronco de pilares de divisa)

Fonte: Autor da Monografia

Figura 14 e 15 – Problemas de execução na fase de estrutura (ocorrência de broca no tronco de pilares e vigas)

Fonte: Autor da Monografia

ii. As figuras 16 e 17 retratam a péssima técnica de concretagem pois não foi

finalizado a concretagem de forma correta e concretaram peças de madeira

juntamente com a armação da laje o que acarretou em armações expostas a

ação do clima e a necessidade de refazer a concretagem do trecho.

Page 57: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

47

Figura 16 e 17 – Problemas de execução na fase de estrutura (ocorrência de erro má vibração e espalhamento do

concreto).

Fonte: Autor da Monografia

Foram retratados somente alguns dos problemas oriundos da falta de utilização dos

conceitos de organização de trabalho. O custo por todos os retrabalhos atingiu a cifra

de R$ 1.215.892,36 (um milhão duzentos e quinze mil e oitocentos e noventa e dois

reais e trinta e seis centavos).

Page 58: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

48

5.5. Considerações finais do estudo de caso

Como pode ser visto no estudo de caso, o resultado da falta da organização do

trabalho na obra provocou os seguintes problemas:

I. Falta de controle sobre os serviços realizados;

II. Falta de gerenciamento na etapa de planejamento resultando em quantitativos

fora da realidade.

III. Falta de definição dos projetos resultando em constantes alterações durante a

execução;

IV. Falta de gerenciamento na obra de modo a utilizar a mão de obra da forma mais

eficaz;

V. Falta de uma capacitação correta da mão de obra para que ela possa executar

os serviços corretamente;

Assim foram feitas cinco entrevistas informais com membros da equipe da obra, de

diversos níveis hierárquicos, nas quais foram destaques os seguintes comentários:

I. Deveria ter sido gasto um tempo maior na etapa de planejamento para evitar que

problemas como projetos sem definição chegassem a obra;

II. Deveria haver uma presença constante e de forma efetiva da gerencia e

fiscalização no canteiro de obra para que os problemas fossem evitados;

III. Deveria haver um pensamento coletivo entre a fiscalização e a construtora de

forma para que tivessem a mesma linha de pensamento.

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49

6. Conclusões

Como foi visto nesse trabalho a organização do trabalho desenvolveu diversos conceitos

desde sua criação que atualmente estão sendo usados de forma mais efetiva por uma

parcela da indústria da construção civil, resultando em uma produtividade maior da mão

de obra e obras sendo entregues com maior qualidade, contudo também foram

mostrados as dificuldades enfrentadas pela indústria da construção civil para utilizar

esses conceitos da melhor forma possível mas foram propostas algumas soluções para

esses problemas. Pois como pode visto pelo estudo de caso a não utilização de tais

conceitos provoca um prejuízo financeiro altíssimo e danos na execução perigosos.

Utilizando os conceitos propostos pelos movimentos apresentados (linha de produção,

melhora continua, vistoria dos serviços, conceito de que cada etapa depende da anterior

e irá afetar a seguinte, entre outros) e os métodos já desenvolvidos pela indústria da

construção civil que incorporam tais conceitos , como Lean Construction, ISO 9001, 5s

, Sistema de Gestão da Qualidade, PBPH entre outros o resultado que a construção civil

deve alcançar é muito positivo e produtivo , resultando em uma otimização da qualidade

e da produtividade da mão de obra.

Assim deve-se incentivar as empresas que já utilizam esses conceitos e fazer uma ponte

para que a organização do trabalho chegue a toda a indústria da construção civil de

forma plena.

Como sugestão para próximos trabalhos deve-se, por exemplo, desenvolver um estudo

de caso em uma obra que tenha utilizado uma dessas ferramentas apresentadas,

avaliando os ganhos obtidos com a organização do trabalho e propor novas

metodologias para serem usadas na indústria da construção civil.

Page 60: a organização do trabalho na indústria da construção como fator de

50

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