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LUIZ OTÁVIO MESQUITA CAVALCANTE A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR E O PROCESSO DE GESTÃO DEMOCRÁTICA: atuais tendências, novos desafios BELÉM-PARÁ 2009

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LUIZ OTÁVIO MESQUITA CAVALCANTE

A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR E O PROCESSO DE GESTÃO 

DEMOCRÁTICA: atuais tendências, novos desafios

BELÉM­PARÁ

2009

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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁUNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARÁ

PRÓ­REITORIA DE PESQUISA E PÓS­GRADUAÇÃOCOORDENAÇÃO DE APOIO AO ENSINO, À EXTENSÃO, À PESQUISA E À PÓS­

GRADUAÇÃOCENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO

LUIZ OTÁVIO MESQUITA CAVALCANTE

A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR E O PROCESSO DE GESTÃO DEMOCRÁTICA: 

atuais tendências, novos desafios

Artigo apresentado  ao Programa de Capacitação  à 

Distância para Gestores Escolares ­ PROGESTÃO, 

sob a orientação da Profª Msc. Maria José Santana 

Lobato da Silva, como critério de avaliação.

                                                                 BELÉM­PARÁ

2009

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LUIZ OTÁVIO MESQUITA CAVALCANTE

A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR E O PROCESSO DE GESTÃO DEMOCRÁTICA: 

atuais tendências, novos desafios

AVALIADO POR:

___________________________________

___________________________________

Belém (PA),____de______________ de 2009

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                                                   Agradecimentos

A Deus, por ter colocado este propósito em minha vida em 

Prol da minha realização profissional

A minha esposa e filhos

A minha Orientadora

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Conforme ressalta Vieira, o tempo que passamos dentro  

das   organizações   acaba   por   condicionar   nosso 

comportamento, que se ajusta aos padrões estabelecidos.  

Assim, a forma como a escola está organizada influi na  

formação dos alunos.

A maneira como as organizações operam, sendo mais ou 

menos sensíveis e interativas às mudanças no ambiente,  

acaba   por   influenciar   o   processo   de   formação   do  

indivíduo e de como ele percebe a realidade ao seu redor.  

(...)   Muitas   escolas   ainda   operam   internamente   e  

interagem com o  ambiente  externo de   forma mecânica,  

presas   aos   paradigmas   das   organizações   mais  

tradicionais e rígidas, embora a principal matéria­prima 

“manipulada”   seja   o   conhecimento,   as   atitudes   e   os  

valores a serem compartilhados com os alunos (VIEIRA,  

in VIEIRA Et al. 2003, p.62­63).

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RESUMO

A   pesquisa   tem   como   foco   a   organização   escolar   e   o   processo   de   gestão   democrática, 

enunciando   os   seus   pressupostos,   os   fundamentos   educacionais   que   norteiam   o   fazer 

pedagógico e os principais elementos da nova prática no âmbito escolar. A escola e lugar de 

conhecer e fazer e de como promover, articular e envolver a ação das pessoas no processo de 

gestão   escolar.  A   escola   possui   dois   tipos  básicos  de   estruturas,   as   administrativas   e   as 

pedagógicas. A primeira assegura praticamente a locomoção e a gestão dos recursos humanos, 

físicos   e   financeiros.  A   segunda   refere­se  às   interações  políticas,   as   questões  de   ensino­ 

aprendizagem e as de currículo. E nessa estrutura incluen­se todos os setores necessários ao 

desenvolvimento   do   trabalho   pedagógico.   Não   podemos,   esquecer   que   a   escola   é   uma 

organização orientada por finalidades, controlada e permeada pelas questões de poder.     A 

direção é um princípio e atributo da gestão, mediante a qual é canalisado o trabalho conjunto 

das pessoas, orientando­as e integrando­as no rumo dos objetivos, basicamente, a direção põe 

em ação o processo de tomada de decisão na organização, e coordena os trabalhos, de modo 

que sejam executadas da melhor maneira. Analisar a gestão da educação seja ela desenvolvida 

nos  sistemas  de  ensino ou  na  escola   implica   refletir   sobre  as  políticas  da  educação.   Isto 

porque   há   uma   ligação  muito   forte   entre   elas,   pois   a   gestão   transforma   meta,   objetivos 

educacionais em ações, dando concretude às direções traçadas pelas políticas educacionais 

públicas.  Entende­se  assim por  gestão o processo  político  administrativo  contextualizado, 

através do qual a prática social da educação é organizada e viabilizada.

Palavras­Chave:  Clima   Organizacional,  Processo   de  Gestão,   Participação,   Autonomia   e Organização da Escola.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................................................8

1.  AS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E A NOVA LDB ­ LEI nº 9.394/96 .....10

1.1 A Estrutura Organizacional da Educação Brasileira e a Organização Escolar..............16

1.2 A Especificidade da Organização Educacional..............................................................17

2.1. Esclarecendo Conceitos.................................................................................................20

2.1.2 Gestão Educacional................................................................................................20

2.1.3 Gestão da Escola.....................................................................................................21

2.1.4 Gestão Democrática................................................................................................22

2.1.5 Gestão Compartilhada............................................................................................25

3. Mecanismos de Democratização da Gestão Escolar: Meios para Atingir os Fins...........26

3.1 Autonomia.................................................................................................................27

3.2 Liderança...................................................................................................................27

3.3 Participação................................................................................................................27

3.4 Clima Educacional.....................................................................................................28

3.5 Estrutura Organizacional...........................................................................................28

3.6 Construir um ambiente democrático não é tarefa fácil, mas necessária!...................29

4. Democratizar ou Compartilhar a Gestão..........................................................................29

4.1 Gestão Democrática, princípios e efetivação.............................................................31

4.2 Os mecanismos de participação e a gestão democrática............................................32

4.4 A Gestão que queremos construir..............................................................................33

CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................36

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INTRODUÇÃO

Escrever   sobre  a  Organização  Escolar   e  Gestão  Democrática  considera­se  um 

desafio, tendo em vista que existe uma farta literatura a esse respeito, daí considerar que este 

trabalho   é   mais   uma   contribuição   no   sentido   de   ampliar   ainda   mais   o   olhar   sobre   a 

organização   escolar   e   o   processo   de   gestão   democrática.   Para   isso,   recorreu­se   ao 

estabelecimento de parcerias com autores renomados com magníficas contribuições sobre o 

tema em questão; entre estes estão, Saviani, Libâneo, Santos, Ferreira, Adelar, Paro, Luck, 

Dalila e outros.

A organização escolar exige um complexo de ações e práticas que devem estar 

baseadas   na   gestão   democrática   daí   torna­se   necessário   apreciar   vários   conceitos   que 

permitam esclarecer melhor o tema.

A  organização  e   a  gestão  constituem  o   conjunto  das   condições   e   dos  meios 

utilizados para assegurar o bom funcionamento da instituição escola, de modo que alcance os 

objetivos   educacionais   esperados.   Os   termos   organização   e   gestão   são,   freqüentemente, 

associados à idéia de administração, de governo, de provisão de condições de funcionamento 

de   determinada   instituição   social   –   família,   empresa,   escola,   órgão   publico,   entidades 

sindicais, culturais, cientificas, etc. – para realização de seus objetivos. No caso da escola, a 

organização e a gestão referem­se ao conjunto de normas, diretrizes, estrutura organizacional, 

ações   e   procedimentos   que   asseguram   a   racionalização   do   uso   de   recursos   humanos, 

materiais,   financeiros   e   intelectuais   assim  como  a  coordenação   e   o   acompanhamento  do 

trabalho das pessoas.

A organização da gestão escolar   requer  conhecimentos  e adoção de princípios 

básicos subordinados ao conteúdo real de cada instituição. A organização educacional precisa 

ter uma estrutura pedagógica, determinada pela finalidade, pelos fins da educação. E necessita 

de  uma estrutura  política  porque   também é   responsável  pelas  mudanças  que  ocorrem na 

sociedade e tem uma ação transformadora sobre ele. Assim, a gestão da educação trabalha 

visualizando no presente as forças,  valores,   incertezas  das pessoas a partir  desse contexto 

começará a definir novos rumos, objetivos, diretrizes e estratégias de ação.

A   cultura   organizacional   pode,   então,   ser   definida   como   conjunto   de   fatores 

sociais, culturais e psicológicos que influenciam os modos de agir da organização como um 

todo   e   o   comportamento   das   pessoas   em   particular.   Isso   significa   que,   além   daquelas 

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diretrizes, normas, procedimentos operacionais e rotinas administrativas que identificam as 

escolas, há  aspectos de natureza cultural  que as diferenciam uma das outras, não sendo a 

maior parte deles nem claramente perceptíveis nem explícitos.

Analisar a gestão da educação seja ela desenvolvida nos sistemas de ensino ou na 

escola implica refletir sobre as políticas da educação. Isto porque há uma ligação muito forte 

entre elas, pois a gestão transforma metas, objetivos educacionais em ações, dando concretude 

às  direções   traçadas  pelas  políticas  educacionais  públicas.  Entende­se assim por  gestão o 

processo político administrativo contextualizado, através do qual a prática social da educação 

é organizada e viabilizada.

A fundamentação da gestão está, pois na constituição de um espaço democrático, 

que deve promover condições de igualdade, garantir estrutura material para um serviço de 

qualidade,   criar   um   ambiente   de   trabalho   coletivo   que   vise   superação   de   um   sistema 

educacional seletivo e excludente, e ao mesmo tempo em que possibilite a interrelação desse 

sistema com a organização da sociedade e com as teorias do conhecimento.

O presente estudo tem como propósito tecer considerações acerca do processo de 

democratização  da  gestão escolar,  buscando verificar,  em que medida  os  mecanismos  de 

participação,   concorrem para   a   democratização  da  gestão   escolar,   para   sua   autonomia   e, 

principalmente,   para   a   melhoria   da   qualidade   do   ensino.   Tendo   em   vista   que   a   gestão 

democrática é condição básica para garantir o acesso igualitário às informações a todos os 

segmentos da comunidade escolar e a aceitação da diversidade de opiniões e interesses.

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1.  AS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E A NOVA LDB ­ LEI nº 9.394/96 

As atuais   políticas   educacionais   e   organizativas   devem ser   compreendidas   no 

quadro  mais  amplo  das   transformações  econômicas,  políticas,  culturais  e  geográficas  que 

caracterizam o mundo contemporâneo. Com efeito,  as reformas educativas executadas nos 

últimos 20 anos em vários países do mundo. A educação brasileira insere­se no quadro dessas 

transformações. Em 1990, foi realizada a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, 

em Jomtien, na Tailândia, promovida pela Organização das Nações Unidas para educação, 

Ciência   e   Cultura   (UNESCO),   ocasião   em   que   foram   estabelecidas   prioridades   para   a 

educação   nos   países   do   terceiro   mundo,   especialmente   a   universalização   do   ensino 

fundamental.

Nesse contexto, ocorreu à elaboração e a promulgação da LDB (Lei 9.394/96, do 

Plano Nacional de Educação (PNE),  das Diretrizes  Curriculares,  Normas e Resoluções do 

Conselho Nacional de Educação (CNE).

Tais políticas e diretrizes, com raras exceções, não têm sido capazes de romper a 

tensão entre intenções declaradas e medidas efetivas. De um lado, estabelecem­se políticas 

educativas que expressam intenções de ampliação da margem de autonomia e participação das 

escolas  e  dos  professores;  de  outro,  verifica­se a   forte  crise  de   legitimidade  dos  estados, 

dificultando a efetivação de investimentos, por exemplo, em salários, carreira e formação dos 

professores. No Brasil, as reformas vêm ocorrendo, assim, em um quadro de ambivalências e 

contradições que, provoca desconfiança, reservas, e às vezes, ceticismo quanto à execução das 

políticas públicas educacionais. 

Pensar e refletir sobre a educação sejam ela desenvolvida na escola ou de sistema 

implica  refletir  sobre as  políticas  públicas  que   lhes  dão o norte,  as  determinações   legais, 

econômicas, políticas e sociais, os impasses as perspectivas e os compromissos que se impõe 

aos educadores no contexto da globalização e da sociedade do conhecimento.

As políticas públicas são formuladas a partir de diferentes dimensões, conforme 

Azevedo (1997, p.66):

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Dimensão  cognitiva  –   relaciona   as   propostas   inovadoras   não   só   com   o conhecimento   técnico   ­   científico,   mas   também   com   as   representações sociais dos “fazedores da política. É a leitura especifica da realidade social feita pelos dirigentes de determinado setor em determinado momento; Dimensão instrumental busca medidas para atacar as causas dos problemas, apresenta   características   metodológicas.   Faz   a   articulação   entre   dados técnicos e os valores políticos;Dimensão  normativa  – apresenta a relação entre as políticas, o valor e as políticas culturais  e sociais  prevalecentes.  Articula as políticas ao projeto mais global em curso na sociedade, garantindo que, nas soluções concebidas para os problemas, sejam respeitados e preservados os valores demonstrados nas relações sociais, as quais se fazem presentes nas práticas cotidianas dos indivíduos e dos grupos. 

A partir da segunda da década de 90, as políticas de educação tiveram, como um 

dos principais marcos, a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que 

define  a   composição  dos   sistemas   federal,   estaduais  e  municipais,  educação,  que   terão  a 

liberdade de organização, e prevê que os sistemas de ensino definirão as normas de gestão 

democrática do ensino púbico da educação básica.

Situar   as   políticas   de   educação,   no   bojo   dessas   discussões   sobre   a   gestão 

democrática implica resgatar os vínculos e compromissos que norteiam a presente reflexão, 

pois   convivemos   com   um   leque   amplo   de   interpretações   e   formulações   reveladoras   de 

distintas concepções acerca da natureza política social da gestão democrática e dos processos 

de   racionalização  e  participação,   indo  desde  posturas  de  participação   restrita   e   funcional 

atreladas às novas formas de controle social até perspectivas de busca de participação efetiva 

e, conseqüentemente, de participação cidadã.

A gestão democrática neste prisma é entendida como processo de aprendizado e 

de luta política que não se circunscreve aos limites da prática educativa, mas vislumbra, nas 

especificidades  dessa prática  social  e de relativa autonomia,  a possibilidade de criação de 

canais de efetiva participação de aprendizado do jogo democrático e, conseqüentemente do 

repensar as estruturas de poder autoritário que permeiam as relações sociais e, no seio dessas, 

as práticas educativas.

As mudanças que se processam na política e na gestão da educação nos últimos 

anos,   em decorrência   das   profundas   transformações   ocorridas  no  mundo  do   trabalho,   na 

organização   do   processo   produtivo,   no   padrão   de   sociabilidade   e   nas   relações   sociais 

constituem objeto de estudo e reflexão sobre a produção acadêmica dos conhecimentos sobre 

gestão da educação.

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A gestão democrática de educação é hoje, um valor já consagrado no Brasil e no 

mundo, embora ainda não totalmente compreendido e incorporado à prática social global e à 

prática educacional brasileira e mundial. É indubitável sua necessidade para a construção de 

uma sociedade mais justa e igualitária.  É   indubitável da humanização (FERREIRA, 2000, 

p.167).

Gestão   (do   latim   gestio­ónis)   significa   ato   de   gerir,   gerência,   administração. 

Gestão é administração, é tomada a decisão, é organização, é direção. Relaciona­se com a 

atividade   de   impulsionar   uma   organização   a   atingir   seus   objetivos,   cumprir   sua   função, 

desempenhar  seu papel.  Constitui­se  de  princípios  e  práticas  decorrentes  que  afirmam ou 

desafirmam   os   princípios,   entretanto   não   são   intrínsecos   à   gestão   como   a   concebiam   a 

administração clássica,  mas não são princípios sociais,  visto que a gestão da educação se 

destina à promoção humana. A gestão da educação é responsável por garantir a qualidade de 

uma “mediação no seio da prática social global”. Saviani, (1980, p. 120), que se constituem 

no único mecanismo de hominização de ser humano, que é a educação, a formação humana de 

cidadãos,  seus princípios são os princípios da educação que a gestão assegura para serem 

cumpridos – uma educação comprometida com a “sabedoria” de viver junto respeitando as 

diferenças, comprometida com a construção de um mundo mais humano e justo para todos os 

que nele habitam independente da cor, raça, credo, ou opção de vida.

A gestão escolar constitui uma dimensão de educação institucional cuja prática 

põe em evidência o cruzamento de intenções reguladoras e o exercício do controle por parte 

da administração educacional,  as necessidades sentidas pelos professores de enfrentam seu 

próprio   desenvolvimento   profissional   no   âmbito   mais   imediato   de   seu   desempenho   dos 

cidadãos de terem interlocutor próximo que lhes dê razão e garantia de qualidade na prestação 

coletiva deste serviço educativa sacristão (1995, p. 15).

Superando   a   concepção   taylorista/fordista,   que   foi   fonte   dos   estudos   de 

administração da educação servindo­lhe de norte por longas décadas, a gestão democrática da 

educação   constrói   coletivamente,   através   da   participação,   a   cidadania   da   escola   de   seus 

integrantes   e   de   todos   que   nela,   de   alguma   forma,   participam,   possibilitando,   este 

aprendizado, o desenvolvimento de uma consciência de participação mais ampla no mundo. O 

modelo de administração da educação baseado em uma estrutura verticalizada e rigidamente 

hierarquizada não abria espaços significativos para mudanças, participação ou criatividade.

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[...]  para  atende às  demandas de uma organização social   também 

atravessada pela rigidez e pela estabilidade, inclusive das normas e 

dos comportamentos, a base taylorista/fordista originou tendências 

pedagógicas que embora privilegiassem ora a racionalidade formal, 

ora   a   racionalidade   técnica   –nas   versões   sempre   conservando   as 

escolas tradicionais, nova e tecnicista­ sempre se fundamentaram no 

rompimento entre pensamento e ação (KUENZER, 1999, p.167).

Pensar   e   agir,   planejar   e   executar   era   duas   instâncias   separadas   que   se 

“retroalimentavam” segundo aquelas concepções, e exprimiam a conseqüência inexorável da 

separação entre concepções e execução, quando o trabalho era dividido entre lugares distintos 

e distintos grupos de trabalho (SILVA, 1998, p. 37­43).

A   gestão   da   educação,   hoje   ultrapassou   estas   formas   estreitamente   racionais, 

técnicas  e mecânicas que a caracterizam durante muitos anos, sem, contudo prescindir  de 

alguns destes mecanismos, enquanto instrumentais necessários ao seu bom desenvolvimento e 

ao   “bom   funcionamento”   da   escola,   mas,   apenas   enquanto   instrumentais   a   serviço   dos 

propósitos decididos coletivamente e expressos no projeto político pedagógico da escola que 

cumpre,   desta   forma   sua   função   social   e   seu  papel   político­pedagógico   e   um ensino  de 

qualidade.

O  projeto  pedagógico,   ao   se   construir   em processo  participativo  de  decisões, 

preocupa­se em instaurar  uma forma de organização  do  trabalho  pedagógico  que desvele 

conflitos e as contradições, buscando eliminar relações competitivas e autoritárias, rompendo 

com  a   rotina   do   mundo   pessoal   e   racionalizado   da   burocracia   e   permitindo   as   relações 

horizontais no interior da escola (VEIGA, 1998, p. 13).

A gestão democrática da educação, enquanto construção coletiva da organização 

da educação, da escola, das instituições, do ensino, da vida humana, faz­se, na prática, quando 

se tomam decisões sobre todo o projeto político­pedagógico, sobre as finalidades e objetivos 

do planejamento dos cursos, das disciplinas, dos planos de estudos e os respectivos conteúdos, 

sobre as atividades dos professores e dos alunos necessárias para a sua consecução, sobre os 

ambientes  de aprendizagem, recursos humanos,  físicos  e financeiros  necessários,  os  tipos, 

modos e procedimentos de avaliação e o tempo para a sua realização. É quando se organiza e 

se administra coletivamente todo esse processo, que se está realizando a consubstanciação do 

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projeto  político­pedagógico  definido,  aqui   como uma  forma específica  de   intervenção  na 

realidade  a  partir  da  avaliação  desta   realização,  a   fim de  deliberar  quanto  aos  princípios 

norteadores   da   ação   pedagógica,   assegurando   a   indissociabilidade   teoria   (princípios   e 

conteúdos) prática (ação coerente) o que vai exigir uma mesa direção, uma mesma qualidade, 

uma mesma racionalidade que terão de ser construídas no pensar e no decidir coletivo.

A   palavra   decisão   significa   resolução,   determinar,   sentença,   julgamento.   É 

definida,   comumente.  Como uma escolha  entre   soluções  possíveis.  É,   pois,  um processo 

dinâmico e contínuo referente a um sujeito (individual ou coletivo)  no qual o sujeito que 

decide, interage com o problema – para o qual é necessária a decisão – e o seu contexto, 

encontrando   ou   tentando   encontrar   várias   soluções,   alternativas,   escolhendo   uma   delas 

fundamentada   em   determinados   critérios.   Trata­se,   pois   de   uma   reação   a   uma   situação 

problemática à qual o sujeito necessita dar uma resposta. Esta resposta, quando o fruto de uma 

escolha   coletiva  não   só  é  mais   rica   de   fundamento  e   de   conteúdo,   porque   examinada   e 

discutida, como é assumida por todos, por que escolhida e decida por todos.

A administração da educação, no contexto das transformações que se operam no 

mundo do trabalho e das relações sociais, na “era da globalização” e na chamada “sociedade 

do conhecimento” atravessa também uma fase de profunda transformação que se constitui 

num conjunto de diferentes medidas e construções que objetivam alargar o conceito de escola 

e gestão especificas e adaptadas à diversidade das situações existentes.

As convicções de que a gestão democrática se dará pela construção coletiva do 

projeto político­pedagógico e de autonomia da escola são os pressupostos fundamentais para 

o  desenvolvimento  da  cidadania  possibilitando  a   participação  de   todos   e   de  participação 

cidadã, na construção e gestão do projeto de trabalho escolar e de formação de seres humanos 

críticos  e autônomos.  Todavia,  muito ainda tem que ser feito  para que a  importância  e a 

consciência dessa verdadeira participação cidadã – que hoje transcende a cidadania local e 

exige a possibilidade e a condição de cidadania mundial – na construção da democracia, do 

projeto político­pedagógico, da autonomia da escola, e da própria vida, seja uma realidade.

Estes pressupostos fundamentais, objetos de construção teórica ­ prática no campo 

da administração da educação materializou­se através da luta dos educadores numa conquista 

que se consubstanciou na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

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A lei 9.394/96 em seu Art.14 estabelece que os sistemas de ensino definam as 

normas de gestão democrática do ensino publico na educação básica, de acordo com suas 

peculiaridades   e   conforme os  seguintes  princípios:  “I  –  participação  dos  profissionais  da 

educação na elaboração do projeto pedagógico da escola. II – participação das comunidades 

escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes”.

No Art.15º,  a mesma  lei  prescreve que “os  sistemas de ensino assegurarão as 

unidades   escolares   publicas   de   educação   básica   graus   de   autonomia   pedagógica   e 

administrativa   e   de   gestão   financeira,   observada   as   normas   gerais   de   direito   financeiro 

publico”.   Ratificando,   assim   ambos   os   antigos,   a   necessidade   do   desenvolvimento, 

organização e exercício da gestão democrática da educação, princípio constitucional que é 

validado no Art.3º da LDB, quando se refere aos princípios que deverão embasar o ensino e a 

construção da autonomia da escola. Trata­se, portanto, de uma afirmação não causal, mas que 

representa uma diretiva de organização, que é a expressão de uma escolha precisa e constitui 

um   dos   princípios   fundamentais   do   ordenamento   educacional,   que   vai   muito   além   das 

limitadas e mais modestas exigências de ordem técnica incidindo a estrutura do Estado e das 

Instituições modificando­as e contribuindo, sempre que provoque uma divisão de soberania 

em sentido horizontal,  para garantir,  sobretudo as exigências  do caráter  democrático deste 

ordenamento.

Gestão   democrática,   participação   dos   profissionais   e   da   comunidade   escolar, 

elaboração  do  projeto  pedagógico  da  escola,   autonomia  pedagógica  e   administrativa   são, 

portanto,  os  elementos  fundantes  da  administração  da educação em geral.  Ressignificar  a 

gestão da educação é fortalecer seu estatuto teórico/prático de conteúdos destinados a salvar a 

unidade humana e salvar a diversidade humana.

Depredem­se daí, que de uma boa ou má administração da educação dependerá a 

vida futura de todos que pela escola passarem. Uma boa ou má gestão educacional exercerá 

uma influência relevante sobre a possibilidade de acesso as oportunidades sociais da vida em 

sociedade,  pois   a  organização  da  escola   e   sua  gestão   revelam  seu  caráter   excludente  ou 

includente.   A   administração   da   educação,   diante   destas   questões,   defronta­se   com   a 

responsabilidade de avançar na construção de seu estatuto teórico/prático a fim de garantir 

que a educação se faça com a melhor qualidade para todos possibilitando, desta forma, que a 

escola cumpra sua função social e seu papel político institucional.

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1.1 A Estrutura Organizacional da Educação Brasileira e a Organização Escolar

De 1961 a 1996, a organização e a estrutura da educação escolar no Brasil foram regidas pela Lei 4.024 de 1961 (primeira LDB), pela Lei 5.540 de 1968 (reforma do ensino superior), pela Lei 5.692 de 1971(reforma do ensino de primeiro e segundo graus) e pela Lei 7.044  de  1982,   que  alterou   artigos  da  Lei  5.692/71   referentes   ao  ensino  profissional  do segundo grau.

A organização  educacional  precisa   ter  uma  estrutura  pedagógica,  determinada 

pela finalidade, pelos fins da educação. Diferente das tradicionais organizações burocráticas 

que têm nos meios a forma,  mas importante para atingir  suas metas.  E necessita  de uma 

estrutura política porque também é responsável pelas mudanças que ocorrem na sociedade e 

tem uma ação transformadora sobre ela. Nesse sentindo temos na Constituição e na LDB, os 

princípios   e   fins   da   Educação   “inspirada   nos   princípios   de   liberdade   e   nos   ideais   de 

solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo 

para a cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, Lei 9.394/96, Art.2º).

O termo organização refere­se ao modo pelo qual se ordena e se constitui  um sistema. Na nova LDB, a educação escolar, está organizada em três esferas administrativas: União, estados e Distrito Federal e municípios.

A organização  educacional  precisa   ter  uma  estrutura  pedagógica,  determinada 

pela finalidade, pelos fins da educação. Diferente das tradicionais organizações burocráticas 

que têm nos meios a forma,  mas importante para atingir  suas metas.  E necessita  de uma 

estrutura política porque também é responsável pelas mudanças que ocorrem na sociedade e 

tem uma ação transformadora sobre ela. 

Ao falar sobre organização e gestão da escola. A organização e a gestão. São meios para atingir as finalidades do ensino. É preciso ter clareza de que o eixo   da   instituição   escolar   é   a   qualidade   dos   processos   de   ensino   e aprendizagem   que,   mediante   procedimentos   pedagógicos   didáticos propiciam   melhores   resultados   de   aprendizagem.   São   de   pouca   valia inovações   como   gestão   democrática,   eleição   para   diretor,   introdução   de modernos   equipamentos   e   outros,   se   os   alunos   continuam   apresentando baixo rendimento escolar  e aprendizagens não são consolidados (VEIGA, 1996, p. 18).

Pensar num processo educacional  para o desenvolvimento da proposta político 

pedagógica das escolas significa definir um plano de ação, um projeto de estabelecimento de 

fundamentos filosóficos,  sociais  e educacionais.  A educação escolar realiza sua finalidade 

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tanto na dimensão individual quanto na dimensão social,  pois vive e se realiza no espaço 

coletivo, na relação com o outro, em um tempo ou espaço determinado “pensar e construir 

uma escola é, essencialmente, colocar em prática uma concepção política e uma concepção 

pedagógica que se realimentam e que se corporificam na sua Proposta Política Pedagógica” 

(2000:154).

Pela   primeira   vez   na   história   de   nossa   legislação   de   ensino,   a   Lei   nº 

9.394/96(LDB) utiliza a expressão Proposta Pedagógica. Aparece no Inciso I do Artigo 12: 

Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as de seu sistema de ensino, 

terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica. Agora a Lei estabelece 

que tudo começássemos, desde logo, pela elaboração da proposta pedagógica da escola. É o 

passo primeiro, o ato originário da instituição, tudo mais deve ser depois. O que se deseja 

instaurar é o principio da realidade pedagógica, que se funda na autonomia da escola. Essas 

idéias são importantes porque o projeto pedagógico é, no fundo, um esforço de identificação 

da escola num propósito educativo comum, a partir da integração das praticas vigentes na 

situação institucional. Não apenas práticas estritamente de ensino, mas também todas aquelas 

que  permeiam  a  convivência   escolar   e   comunitária.  É   de   todo  esse  universo  de  práticas 

“discursivas” e “não discursivas” que é preciso tomar ciência para compatibilizá­las com os 

valores  de  uma educação  democrática.  Elaborar  o  projeto  pedagógico  é  um exercício  de 

autonomia.

1.2 A Especificidade da Organização Educacional

A apresentação e discussão de modelos organizacionais aplicáveis ao estudo da 

escola   como   organização   é   uma   das   muitas   tarefas   que,   no   domínio   dos   estudos 

organizacionais,   se   encontra   freqüentemente,   enredada   na   dificuldade   de   distinguir   com 

clareza entre modelos normativos e modelos teóricos explicativos. E, no entanto, não importa, 

neste  momento,  considerar  modelos  organizacionais  de escola  possíveis  em relação  a um 

determinado   conjunto   de   variáveis   (organização   formal,   gestão   do   espaço   e   do   tempo 

escolares, gestão curricular, etc.), nem modelos normativos que argumentem a favor deste ou 

daquele tipo de organização da escola. Interessa considerar modelos teóricos para o estudo da 

escola   como   organização   educativa,   possibilitando   a   sua   descrição   enquanto   tal,   mas, 

sobretudo, permitindo a sua compreensão e interpretação. 

Falar   sobre   a   especificidade  da  organização   educacional  é   identificar   em que 

aspectos ela é  diferente das demais organizações. Essa especificidade é  determinada pelos 

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fatores  que  a  caracterizam e a   tornam singular,  distinta  das  demais  organizações  sociais. 

Esses fatores são: sua finalidade; sua estrutura pedagógica; as relações internas e externas que 

advêm dessa estrutura; e sua produção, que se distingue da produção em série, trabalhando as 

“alteridades”   (tanto   da   organização   educacional   quanto   dela   em   relação   às   demais 

organizações), na construção da equidade social.

Com base em Morgan (1996, p.44­45), as organizações contêm indivíduos (que 

são sistemas em si mesmos) que pertencem a grupos ou departamento que também pertencem 

a divisões organizacionais maiores assim por diante. Caso se defina a organização como um 

sistema,   então  os  outros  níveis  podem ser   compreendidos  como subsistemas,   exatamente 

como   as   moléculas,   células   e   órgãos   que   podem   ser   vistos   como   subsistemas   de   um 

organismo vivo, mesmo que sejam complexos sistemas abertos em si mesmos.

Organizar  significa dispor de forma ordenada, dar uma estrutura, planejar uma 

ação de prover as condições necessárias para realizá­la. Assim, a organização escolar refere­

se   aos   princípios   e   procedimentos   relacionados  à   ação  de  planejar  o   trabalho  da  escola, 

racionalizar  o  uso de recursos (materiais,   financeiros,   intelectuais  e  coordenar  e  avaliar  o 

trabalho   das   pessoas,   tendo   em   vista   a   consecução   de   objetivos.   Todos   os   setores 

administrativos   e   pedagógicos   e   todas   as   pessoas   que   atuam   na   organização   escolar 

desempenham papéis  educativos,  porque o  que  acontece  na  escola  diz   respeito   tanto  aos 

aspectos intelectuais como aos aspectos físicos, sociais, afetivos, morais e estéticos.

As escolas são, pois, organizações, e nelas sobressai a interação entre as pessoas, 

para a promoção da formação humana. De fato, a instituição escolar caracteriza­se por ser um 

sistema de relações humanas e sociais com fortes características interativas, que a diferenciam 

das empresas convencionais. Assim, a organização escolar define­se como unidade social que 

reúne pessoas que interagem entre si, intencionalmente, operando por meio de estruturas e de 

processos organizativos próprios, a fim de alcançar objetivos educacionais.

A  organização  e   a  gestão  constituem  o   conjunto  das   condições   e   dos  meios 

utilizados para assegurar o bom funcionamento da instituição escola, de modo que alcance os 

objetivos educacionais esperados. No caso da escola, a organização e a gestão referem­se ao 

conjunto   de   normas,   diretrizes,   estrutura   organizacional,   ações   e   procedimentos   que 

asseguram a racionalização do uso de recursos humanos, materiais, financeiros e intelectuais 

assim como a coordenação e o acompanhamento do trabalho das pessoas. 

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A  gestão  é, pois, a atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos 

para atingir os objetivos da organização, envolvendo, basicamente, os aspectos gerenciais e 

técnico­administrativos.

A  organização da gestão escolar  requer conhecimentos e adoção de princípios 

básicos subordinados ao conteúdo real de cada instituição. A organização educacional precisa 

ter uma estrutura pedagógica, determinada pela finalidade, pelos fins da educação. E necessita 

de  uma estrutura  política  porque   também é   responsável  pelas  mudanças  que  ocorrem na 

sociedade e tem uma ação transformadora sobre ele. Assim, a gestão da educação trabalha 

visualizando no presente as forças,  valores,   incertezas  das pessoas a partir  desse contexto 

começará a definir novos rumos, objetivos, diretrizes e estratégias de ação.

A  cultura  organizacional  pode,   então,   ser   definida   como  conjunto  de   fatores 

sociais, culturais e psicológicos que influenciam os modos de agir da organização como um 

todo   e   o   comportamento   das   pessoas   em   particular.   Isso   significa   que,   além   daquelas 

diretrizes, normas, procedimentos operacionais e rotinas administrativas que identificam as 

escolas, há  aspectos de natureza cultural  que as diferenciam uma das outras, não sendo a 

maior parte deles nem claramente perceptíveis nem explícitos.

  Permeia   assim   todas   as   questões   que   circundam   os   ambientes   escolares, 

presentes na  organização e gestão escolar,  desde a sua estrutura, planejamento,  interação, 

currículo, avaliação, efetivando uma ação ideológica presente no contexto social existente. A 

gestão da educação tem apresentado uma tendência pela implementação urgente voltadas ao 

desenvolvimento   dos   processos­sócios   políticos,   educacionais   das   instituições   de   ensino, 

especialmente aquelas direcionadas à promoção da aprendizagem dos alunos.

A fundamentação da gestão está, pois na constituição de um espaço democrático, 

que deve promover condições de igualdade, garantir estrutura material para um serviço de 

qualidade,   criar   um   ambiente   de   trabalho   coletivo   que   vise   superação   de   um   sistema 

educacional seletivo e excludente, e ao mesmo tempo em que possibilite a interrelação desse 

sistema com a organização da sociedade e com as teorias do conhecimento.

Dois elementos na legislação são básicos: a escola e o ensino. Em um primeiro 

momento, privilegia­se a organização e o funcionamento da escola, e no segundo, o ensino. 

Essas duas ênfases,  no entanto,  mantêm a concepção básica  inscrita  nos pareceres   legais: 

apresentar a escola e o ensino como elementos prontos e acabados no interior de um sistema 

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educacional   racionalmente   organizado   e   de   uma   sociedade   organicamente   constituída   e 

funcional. 

É a partir da concepção das inter­relações entre sujeito / organização / contexto 

que se pode pensar na estruturação de um ambiente de trabalho que tenha sua eficiência e 

eficácia  garantidas  através  do   respeito  e  estimulo  aos  processos   interativos  e   integrativos 

mantidos nos e pelos diferentes setores e atividades organizacionais.

O entendimento que hoje se tem o do trabalho escolar é de que a ênfase deve estar 

no  ensino  e  na  aprendizagem,  uma visão que  subordina  o  administrativo  ao  pedagógico. 

Afinal, a principal razão de ser da escola é a aprendizagem de todos os alunos.

As várias possibilidades para a organização do ensino, apresentadas pela LDB, 

devem ser   adotadas  de  acordo  com as  peculiaridades  de  cada   sistema  e  de  cada  escola, 

privilegiando as que melhor servem aos interesses do processo de aprendizagem.

A nova forma de administrar a educação constitui num fazer coletivo. Processo 

que exige mudanças sempre que necessário, baseando­se nos paradigmas emergentes da nova 

sociedade  do  conhecimento,  que  por   sua  vez   fundamentam a  concepção  de qualidade  na 

educação e definem também a finalidade da escola.

A escola assumindo a sua especificidade conquista um espaço privilegiado para a 

construção da cidadania. Pois pode desenvolver­se de forma horizontal, superando as relações 

verticais concebidas muitas vezes através de autoritarismo, o que não gera crescimento da 

instituição. Pondo em questão a qualidade da educação oferecida à sociedade.

Ao falarmos de qualidade na educação estaremos enfatizando um desafio que só 

se realizara mediante a um trabalho que busque a harmonia social,  o desenvolvimento das 

potencialidades do ser humano para a cidadania.  Definir  um conceito para a qualidade na 

educação é algo muito complexo, porque existem fatores que influenciam e estão interligados, 

seja uma concepção de mundo, políticas educacionais ou políticas partidárias.

2.1. Esclarecendo Conceitos

2.1.2 Gestão Educacional

A expressão gestão educacional, comumente utilizada para designar a ação dos   dirigentes,   surge,   por   conseguinte,   em   substituição   à   administração educacional   (ou   escolar),   para   representar   novas   idéias   e   estabelecer,   na 

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instituição, uma orientação transformadora, a partir da dominação da rede de relações que ocorrem, dialeticamente, no seu contexto interno e externo.[...] o conceito de gestão educacional, diferentemente do de administração educacional,   abrange   uma   série   de   concepções   não   abarcadas democratização   do   processo   de   administração.   Pode­se   citar   a democratização   do   processo   de   determinação   dos   destinos   do estabelecimento de ensino e seu projeto político­pedagógico, a compreensão da questão dinâmica e conflitiva das relações interpessoais da organização como uma entidade viva e dinâmica, demandando uma atuação de liderança; o   entendimento   de   que   a   mudança   dos   processos   pedagógicos   envolve alterações nas relações sociais da organização (LUCK, 1998).

Gestão significa tomada de decisões, organização, direção. Relaciona­se com a 

atividade   de   impulsionar   uma   organização   a   atingir   seus   objetivos,   cumprir   suas 

responsabilidades. Significa também a manutenção de controle sobre um grupo, uma situação 

ou uma organização, de forma a garantir os melhores resultados. Gestão da educação significa 

ser responsável por garantir a qualidade de uma “mediação no seio da prática social global” 

(Saviani, 1980, p. 120), que se constitui no único mecanismo de humanização de ser humano, 

que é a educação, a formação humana de cidadãos. Seus princípios da educação que a gestão 

assegura serem cumpridos – uma educação comprometida com a “sabedoria” de viver junto 

respeitando as diferenças,  comprometida com a construção de um mundo mais humano e 

justo para todos os que nele habitam, independentemente de raça, cor, credo ou opção de vida 

(FERREIRA, 2004, p. 306­307)

O   conceito   de   gestão   educacional   está   associado   ao   fortalecimento   da 

democratização do processo pedagógico,  à  participação responsável de todos nas decisões 

necessárias   e   na   sua   efetivação   mediante   a   um   compromisso   coletivo   com   resultados 

educacionais cada vez mais significativos.

Gestão   é   uma   expressão   que   ganhou   destaque   no   contexto   educacional 

acompanhando uma mudança de paradigmas no caminho das questões desta área, ou seja, é 

caracterizada pelo reconhecimento da importância da participação consciente e esclarecida 

das pessoas nas decisões sobre a orientação e planejamento do seu trabalho.

2.1.3 Gestão da Escola

Considerando  o   já   exposto,  pode­se   afirmar  que  gestão  escolar   constitui  uma 

dimensão importantíssima da educação, uma vez que, por meio dela, observa­se a escola e os 

problemas   educacionais   globalmente,   e   se   busca   abranger,   pela   visão   estratégica   e   de 

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conjunto, bem como pelas ações interligadas, tal como uma rede, os problemas que, de fato, 

funcionam de modo interdependente. 

Cabe ressaltar que a gestão escolar é uma dimensão, um enfoque de atuação, um 

meio e não um fim em si mesmo, uma vez que o objetivo final da gestão é a aprendizagem 

efetiva   e   significativa  dos   alunos,   de  modo  que,   no   cotidiano  que  vivenciam  na   escola, 

desenvolvam as   competências  que   a   sociedade  demanda,   dentre   as   quais   se   evidenciam: 

pensar criativamente; analisar informações e proposições diversas, de forma contextualizada; 

expressar idéias com clareza, tanto oralmente, como por escrito; empregar a aritmética e a 

estatística para resolver problemas; ser capaz de tomar decisões fundamentadas e resolver 

conflitos,   dentre   muitas   outras   competências   necessárias   para   a   prática   de   cidadania 

responsável.

Portanto,  o processo de gestão escolar  deve estar  voltado para garantir  que os 

alunos aprendam sobre o seu mundo e sobre si mesmo em relação a esse mundo, adquiram 

conhecimentos úteis e aprendam a trabalhar com informações de complexidades gradativas e 

contraditórias  da   realidade   social,   econômica,  política   e   cientifica   como condição  para  o 

exercício da cidadania responsável.

Com esta demanda, o sentido de educação e de escola se torna mais complexo e 

requer cuidados especiais. O aluno não aprende apenas na sala de aula, mas na escola como 

um todo: pela maneira como a mesma é organizada e como funciona; pelas ações globais que 

promove; pelo modo como as pessoas nela se vinculam e como a escola se relaciona com a 

comunidade,   pela   atitude   expressa   em  ligação   às   pessoas,   aos   problemas   educacionais   e 

sociais, pelo modo como nela se trabalha, dentre outros aspectos.

Diante desse desafio, ganha corpo e importância a gestão da escola e a atuação 

dos profissionais que a promovem. Subsidiar a realização desse trabalho e refletir sobre o 

mesmo é, portanto, uma tarefa aberta a contribuições.

2.1.4 Gestão Democrática

Gestão democrática é  o processo político através do qual as pessoas na escola 

discutem,   deliberam   e   planejam,   solucionar   problemas   e   os   encaminham,   acompanham, 

controlam e avaliam o conjunto das ações voltadas ao desenvolvimento da própria escola. 

Este processo sustentado no dialogo e na alteridade, tem como base a participação efetiva de 

todos os segmentos da comunidade escolar, o respeito a normas coletivamente construídas 

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para os processos de tomada de decisões e a garantia de amplo acesso às informações aos 

sujeitos da escola.

Realizar uma gestão democrática  significa acreditar  que todos juntos têm mais 

chances   de   encontrar   caminhos   para   atender   às   expectativas   da   sociedade   a   respeito   da 

atuação da escola. Ampliando o numero de pessoas que participam da vida escolar, é possível 

estabelecer   relações   mais   flexíveis   e   menos   autoritárias   entre   educadores   e   comunidade 

escolar.

A  democracia   participativa  é   hoje   uma   aspiração  de   todos,   seja   das   pessoas, 

individualmente, seja de grupos, coletivamente, de acordo com Gandin (1998, p.80).

No   interior   da   escola,   a   participação   se   coloca   hoje,   e   como   em   toda sociedade, desejada; sinal dos tempos. A grande tendência é mais do que a democracia representativa em que o elemento fundamental é o voto; busca­se a democracia participativa em que o poder esteja realmente distribuído e em que a representatividade nasça dos grupos e se realize como uma tarefa que qualquer um exercerá dentro do grupo, na medida em que for necessária.

Quando   pais   e   professores   estão   presentes   nas   discussões   dos   aspectos 

educacionais, estabelecem­se situações de aprendizagem de mão dupla: ora a escola estende 

sua   função pedagógica  para   fora,  ora  a  comunidade   influencia  os  destinos  da  escola.  As 

famílias  começam a perceber  melhor  o que seria  um bom atendimento  escolar,  a  escolar 

aprende a ouvir sugestões e aceitar influencias.

Hoje   nas   escolas,   com   algumas   exceções   ocorre   a   administração   autocrática, 

centralizada, na qual todas as decisões e todo o podem estão nas mãos do diretor. Com a LDB 

9394/96,   ficou   estabelecida   a   democratização   da   gestão   escolar.   Esta   gestão   busca   a 

apropriação  coletiva  das   salas  de  aula  pelos  pais,  professores,   funcionários  e  alunos,  que 

possuem liberdade na tomada de decisão no processo educacional, para melhorar a qualidade 

de ensino.

Por   gestão   democrática   compreende­se,   ainda   citando   Libâneo   (2001),   a   que 

combina “a ênfase sobre as relações humanas e sobre a participação das decisões com as 

ações efetivas” da instituição escolar. Essa gestão tem como principio a autonomia da escola e 

da comunidade educativa, que deve participar ativamente da tomada de decisões escolares.

Nesta gestão democrática, em uma administração colegiada, a educação é tarefa 

de todos, família, governo e sociedade, para tanto é necessário o envolvimento de todos os 

sujeitos participantes do processo educacional, que devem entender e participar deste como 

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um trabalho coletivo, pois é dinâmico e exige ações concretas. Para tanto, é necessário que a 

gestão democrática seja vivenciada no dia­a­dia das escolas, seja incorporada ao cotidiano e 

se tone tão essencial à vida escolar, quanto é a presença de professores e alunos.

Na gestão democrática é importante a presença organizada da sociedade na escola, 

acompanhando e participando do processo educacional,  onde o diretor  descentralizando o 

poder distribuindo responsabilidades entre todos. Outro fator importante é a estrutura física, 

pois  em um ambiente  agradável  a  aprendizagem torna­se eficaz,  contribuindo para que o 

aluno permaneça na escola. Para isso é necessário também criar condições.

Condições essas que  implicam entre outros providencias,  em: Construção cotidiana e permanente de sujeitos sócio­políticos capazes de atuar de acordo com as necessidades desse novo que – fazer pedagógico – político, definição de   tempos   e   espaços   escolares   que   sejam   adequados   a   participação, condições legais de encaminhar e colocar em prática propostas inovadoras, respeito aos direitos elementares dos profissionais da área de ensino (plano de carreira, política, salarial, capacitação profissional”. (CISESKI, 1997: 66 e 67)

Em uma gestão democrática   todas  as pessoas   ligadas  à  escola  podem fazer­se 

representar e decidir sobre os aspectos administrativos, financeiros e pedagógicos. Isto ocorre 

devido à integração da sociedade com a escola mediante a efetivação do Conselho Escolar 

com representações da comunidade.

A autonomia da escola publica é produto de um processo que se constrói a partir 

de   três   eixos   fundamentais:   a   capacidade   de   identificar   os   problemas   e   de   apresentar 

alternativas para solucioná­las e a capacidade de administrar  recursos financeiros  próprios 

consonantes com as alternativas, ou seja, trata­se de elaborar um planejamento que gere as 

condições necessárias para o exercício de uma gestão democrática e participativa, ma qual o 

colegiado   tem   poder   relevante,   sendo   que   o   êxito   da   gestão   depende   de   seu   pleno 

funcionamento. Assim o colegiado não torna­ se somente um canal de participação, mais um 

instrumento de gestão da própria escola.

A democratização da gestão escolar aponta alguns preceitos e alguns parâmetros 

que possibilitam uma escola de melhor qualidade como: capacitar todos os segmentos, que 

por   sua   vez   as   secretarias   de   educação   deve   se   responsabilizar   com   a   capacitação   dos 

indivíduos interno e externo da escola,  consultar  a comunidade escolar,   institucionalizar  a 

gestão; agilização das informações e transparências nas negociações.

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A democratização da gestão escolar é de grande importância no inicio de uma 

jornada transformadora, para melhoria na qualidade no desempenho escolar, lembrando que 

não é o único caminho, pois algumas condições legais, políticas e estruturais devem ocorrer 

em um ambiente favorável, com apoio dos secretários de educação, bem como não se deve 

esquecer   que   para   este   processo   acontecer   com   significância   é   preciso  à  motivação   e   a 

capacitação das pessoas.

O processo de gestão democrática não é simples, de curto prazo, mais também 

não é tão complexo ou irrealizável, de prazo indeterminado. Constituem­se em uma ação, uma 

prática a ser construída pela escola, que da escola e à implantação do conselho escolar, pois os 

membros efetivamente influenciam a gestão escolar como um todo, por fim com as medidas 

que garantam a autonomia pedagógica e financeira da escola, sem eximir o Estado de suas 

obrigações do ensino publico.

2.1.5 Gestão Compartilhada

Gestão  Compartilhada  é   uma   tendência   que   está   relacionada   com  outro  mais 

amplo   que   é   a   democratização   da   educação   o   que   implica   em   envolvimento   maior   de 

diferentes segmentos da sociedade com as decisões e iniciativas dos poderes públicos. Tornar 

compartilhada a gestão da escola significa garantir o envolvimento amplo de profissionais que 

nela   atuam   com   objetivos   comuns.   Processa­se   de   forma   gradativa,   organizada   e   será 

concretizada  através  de um processo  de planejamento  coletivo,  com participação  de   toda 

comunidade escolar, partindo do conhecimento de sua realidade. Segundo Dourado e Duarte 

(2001, p. 24).

A participação proporciona mudanças significativas na vida das pessoas, na medida em que elas passam a se interessar, a se sentir responsáveis por tudo que   representa   interesse   comum.   Assumir   responsabilidade,   escolher   e inventar   novas   formas   de   relações   traz   possibilidades   de   mudanças   que atendam a interesses coletivos.

A visão compartilhada é vital  para as organizações, pois é ela quem fornece o 

foco e a energia para a aprendizagem coletiva, pois esta só se dá quando as pessoas fazem 

algo que realmente integre sues objetivos comuns.

O entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a idéia de participação, 

isto   é,   do   trabalho   associado   de   pessoas   analisando   situações,   porque   o   êxito   de   uma 

organização   depende   da   ação   construtiva   conjunta   de   seus   componentes,   pelo   trabalho 

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associado, mediante reciprocidade que cria um “todo” orientando por uma vontade coletiva 

(LUCK, 1996).

A   gestão   escolar   compartilhada   é   entendida   como   uma   forma   regular   e 

significante de envolvimento de professores e demais funcionários, pais e alunos juntos com a 

direção no seu processo decisório. Em organizações democraticamente administrativas como 

uma   escola,   seu   integrante   envolvido   no   estabelecimento   de   objetivos,   na   solução   de 

problemas, na tomada de decisão, no estabelecimento de padrões de desempenho e na garantia 

de a escola está atendendo adequadamente as necessidades do aluno.

3. Mecanismos de Democratização da Gestão Escolar: Meios para Atingir os Fins

A  gestão   democrática  não   se   decreta,   mas   se   constitui   em   um   desafio   de 

construção   coletiva   e   permanente,   alguns   desafios   se   colocam   para   sua   efetivação   nos 

diferentes   sistemas   de   ensino.   Nessa   direção,   os   processos   formativos   escolares   que 

acontecem em todos os espaços da escola revelam movimentos em direção à construção de 

uma   nova   concepção   de   gestão   pautada   pela   efetivação   de   canais   de   participação,   pela 

descentralização do poder e, portanto, pelo exercício de cidadania.

Desse modo, a construção de gestão democrática passa pela garantia de alguns 

princípios   fundamentais,   quais   sejam:   a   participação   política;   a   gratuidade   do   ensino   a 

universalização  da   educação   básica;   a   coordenação,   planejamento   e   descentralização   dos 

processos de decisão e de execução e o fortalecimento dos sistemas de ensino e das unidades 

escolares,  e fortalecimento dos conselhos de educação,  enquanto instancia de consulta,  de 

deliberação  e  de  articulação  com a  sociedade;  o   financiamento  da  educação;   a  definição 

coletiva   de   diretrizes   gerais,   definido   uma   base   comum   para   a   ação   e   a   formação   dos 

trabalhadores  em educação e a  efetivação de  planos  de carreira  que  propiciem condições 

dignas de trabalho. Considerando esses princípios, vamos discutir mais amplamente o que se 

entende por gestão democrática e os caminhos para a sua efetivação.

Diante do processo de gestão democrática que objetiva uma escola formadora de 

cidadãos  emancipados,  capazes  de  se adequar  à  nova  sociedade  do  conhecimento,   faz  se 

necessário que uma nova prática seja estabelecida.

Para que isso ocorra na escola é fundamental que a organização e os processos 

internos sejam coerentes. Então vale ressaltar os novos elementos dessa prática educativa.

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3.1 Autonomia

É preciso ter presente que o processo educativo se realiza na sala de aula, não nos gabinetes burocráticos. É na escola que se realiza o Projeto Político Pedagógico.   "É   lá   que   se   concretizam   as   políticas   educacionais” (FERREIRA, 2000).

A escola diante desse novo paradigma de gestão democrática necessita resgatar o 

seu papel,  seu lugar  como eixo central  do processo educativo.  Mostra que o exercício da 

cidadania requer autonomia. É no interior da escola que se constrói seu projeto pedagógico.

No entanto, devemos considerar que a estrutura legal e jurídica e as demandas do 

sistema educacional impõem alguns limites para escola quando defini as políticas e diretrizes 

para o acompanhamento das ações educativas.

3.2 Liderança

O líder não se coloca em posição defensiva, ao contrario, está sempre aberto a se deixar motivar pelos seus companheiros de trabalho, contaminando­se pelo   o   espírito   que   animo   o   grupo,   reforçando,   desse   modo,   o   ‘olhar positivo’ para as tarefas e para as atividades.” (SANTOS, 2002).

É fundamental que o gestor busque resultados através das inúmeras interações do 

cotidiano   desenvolvimento   uma   característica   essencial   ao   sucesso   de   sua   atividade:   a 

liderança.

O gestor da escola, como um líder da comunidade escolar, e o professor, como um 

líder  dos  alunos,  precisam estar  constantemente  atentos  para   a  necessidade  de  orientar  e 

motivar todo o pessoal com vistas à consecução dos objetivos educacionais da instituição.

3.3 Participação

A participação e o compromisso não se referem apenas à comunidade interna, mas devem buscar aliança com a comunidade externa, a quem a escola serve e pertence efetivamente (FERREIRA, 2000, p.71).

A participação é  o  melhor  meio  de assegurar  a  gestão democrática  da escola, 

possibilitando o envolvimento  de toda a comunidade escolar  na  tomada de decisões  e no 

funcionamento da organização escolar. Proporciona um maior conhecimento dos objetivos e 

metas, da estrutura organizacional e das relações da escola com a comunidade.

A participação representa quase sempre um verdadeiro desafio  e   traduz­se em 

dois níveis de modalidade: a Associação de Pais e Mestres e o Conselho Escolar.

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A Associação de Pais e Mestres varia conforme os sistemas de ensino. Tem por 

objetivo a conservação do patrimônio material assim como a defesa dos interesses morais da 

instituição. Porém não pode interferir  nas atividades pedagógicas.  É  composta por pais de 

alunos, o pessoal docente e técnico administrativo e alunos maiores de 18 anos. Costuma 

funcionar mediante uma diretoria executiva e um conselho deliberativo.

O Conselho Escolar é eleito no inicio do ano letivo. Está composto pelo diretor, 

representante de professores, os especialistas em educação, os funcionários, os pais de alunos 

e os alunos.  Tem atribuições  consultivas,  deliberativas  e fiscais  em questões  definidas  na 

legislação   estadual   ou   municipal,   e   no   regimento   escolar.   Essas   questões,   geralmente 

envolvem aspectos pedagógicos, administrativos e financeiros.

3.4 Clima Educacional

Trata­se   essencialmente   de   estabelecer   um   ambiente   em   que   as   pessoas gostem do que fazem e sintam prazer em estar ali (FERREIRA, 2000:171).

A preocupação  com o  clima  educacional  é   fundamental  à  gestão  de  qualquer 

organização.  Porque  o   ambiente   escolar  vai  determinar   a  vontade  de   cada  membro   se  é 

participar ou alienar­se diante do processo educativo.

Para que se tenha um ambiente saudável é necessário esclarecer a finalidade e os 

objetivos da instituição, as responsabilidades e ações de cada um, os colaboradores devem 

estar informados dos fatos que ocorrem na escola e sintam­se comprometidos com as decisões 

a serem tomadas, cultivando assim o respeito muito.

3.5 Estrutura Organizacional

Avaliar a estrutura organizacional significa questionar os pressupostos que embasam a estrutura burocrática da escola, que inviabiliza a formação de cidadãos   aptos   a   criar   ou  modificar   a   realidade   social.  Para   realizar   um ensino de qualidade e cumprir finalidades, as escolas têm que romper com a atual forma de formação de organização burocrática que regula o trabalho pedagógico (VEIGA, 2000).

A escola dispõe de dois tipos básicos de estruturas: administrativas e pedagógicas. 

A estrutura administrativa assegura praticamente a locação e a gestão de recursos humanos, 

físicos e financeiros, fazem parte ainda dessa arquitetura todos os elementos que tem uma 

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forma material, por exemplo, a de sua imagem: equipamentos e materiais didáticos, mobílias, 

a distribuição das dependências escolares, etc.

As pedagógicas referem­se, fundamentalmente às interações políticas, as questões 

de  ensino­aprendizagem e  às  de  currículo.  E  nessa  estrutura   incluem­se   todos  os   setores 

necessários ao desenvolvimento do trabalho pedagógico.

A   análise   da   estrutura   organizacional   da   escola   vise   identificar   quais   são 

valorizadas e por quem, verificando as relações funcionais entre elas. É preciso ficar claro que 

a escola é uma organização orientada por finalidades controlada permeada pelas questões do 

poder.

3.6 Construir um ambiente democrático não é tarefa fácil, mas necessária!

“Administrar  democraticamente  pressupõe uma educação democrática,  ou seja, 

saber ouvir,  saber contestar  com argumentos e ceder”,  explica  Rubens Barbosa Camargo. 

Também é  preciso garantir  espaços e  tempos para o debate.  No cotidiano existem muitas 

oportunidades   para   isso,   como   nas   reuniões   pedagógicas,   nos   conselhos   de   classe,   na 

Associação de Pais e Mestres e no conselho escolar.

À   compreensão   de   gestão   como   tomada   de   decisões   vale   acrescerem   a 

contribuição de Cury (2002), quando salienta que este termo também provém do verbo latino 

gero, gestum, gerene, que significa: levar sobre si, chamar a si, exercer, gerar. Assim como 

em um dos substantivos derivados deste verbo, ou seja, gestação, percebe­se o ato pelo qual 

se traz em si e dentro de se algo novo, diferente: um novo ente. “Da mesma raiz provêm os 

termos  genitora,  genitor,  germem.  A gestão,  neste   sentido,  é,  por  analogia,  uma geração 

similar àquela pelo qual a mulher se faz mãe ao dar a luz a uma pessoa humana (CURY, 

2002, p. 164).

4. Democratizar ou Compartilhar a Gestão

Duas  questões  se  colocam na  análise  desse  enfoque.  Primeira,  a  escola  é  um 

espaço   de   conflitos   onde   convivem   interesses   diversos.   Os   professores   e   funcionários 

administrativos,   grupo   que   internamente   apresenta   suas   contradições.   Os   alunos   e   suas 

perspectivas diversas quanto à função da escola. O corpo diretivo e administrativo, que pode 

se incluir no grupo dos trabalhadores ou se assumir como representante oficial da política 

governamental   dentro   da   escola.   Tamanha   pluralidade   de   perfil   pode   se   construir   em 

verdadeira   riqueza  no  debate   interno  da escola  e  construção  de consensos  possíveis  para 

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implementação do seu projeto Político­Pedagógico. Mas isso só é possível se a organização e 

a gestão da escola girar em torno desse projeto.

A segunda questão decorre da primeira: há um sutil,  porem essencial diferença 

entre compartilhar a gestão e democratizar a gestão. O que vem sendo posto pelas políticas 

de governo é o primeiro conceito, como concessão de um poder maior, com o objetivo de 

envolver  as pessoas  e  buscar  aliados  de boa vontade que se  interesse em salvar  a escola 

pública.  Para compartilhar  a  gestão não é  preciso explicar  a  situação precária  em que se 

encontra a escola pública, nem tampouco identificar os responsáveis e os determinantes desse 

quadro. É fácil detectar que a realidade é grave e precisa ser resolvida, estando à solução nas 

mãos da comunidade escolar que, na forma de  gestão compartilhada,   irá  buscar os meios 

possíveis  para  melhorar  o  desempenho  e a   imagem da  escola.  Por  educação,  as  diversas 

associações de bairros e os empresários. A participação, dever de oficio para uns voluntários 

para outros, revela uma concepção que se afasta da idéia de controle social e se aproxima do 

conceito de gerência. 

Se   for   à   escola   que   a   gestão   educacional   tem   o   seu   campo   primordial   de 

repercussão,   considerando   serem   nesta   instituição   que   se   materializam   as   políticas   e 

programas governamentais para a educação, dela retornando para a sociedade, não se pode 

conceber que tais  políticas e programas continuem a ser esgotados em gabinetes,  ouvindo 

apenas a imposição do neoliberalismo e longe de construir uma escola pública de qualidade 

com profissionais   valorizados   e   gestão  democrática,   tendo  como  perspectiva  o  direito,   a 

cidadania e a inclusão social.

São muitas as mudanças que se processam nos sistemas de ensino e nas escolas 

pondo em evidência a gestão. Compreendê­la em seu contexto histórico constitui um aspecto 

fundamental no campo pedagógico tendo em vista que a escola e outras instâncias do sistema 

educacional constituem o espaço primordial da atuação dos profissionais da educação. Dessa 

forma a escola atua “na preparação intelectual e moral dos alunos para assumir sua posição na 

sociedade.  O compromisso  da  escola  é   com a  cultura,  os  processos   sociais  pertencem  à 

sociedade” (LIBÂNEO, 1986, p.23).

Devido  á   complexidade  da   realidade  social  e  educacional  brasileira,   apenas  a 

articulação   dessas   instâncias   e   níveis   são   considerados   insuficientes,   e   não   induzem   a 

problematização do trabalho pedagógico e da gestão de caráter coletivo e interdisciplinar. A 

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postura   investigativa   do   profissional   de   educação   deverá   ser   marcante.   Nesse   processo, 

contribuindo para o alargamento do conhecimento na área.

A prática escola consiste na concretização das condições que assumam a realização   do   trabalho   docente.   Tais   condições   não   se   reduzem   ao estreitamento   ‘Pedagógico’,   já   que  a  escola  cumpre   funções  que   lhe   são dadas   pela   sociedade   concreta   que,   por   sua   vez,   apresenta­se   como constituídas   por   classes   sociais   com   interesses   antagônicos.   A   prática escolar, assim tem atrás de si condicionantes sociopolíticos que configuram diferentes concepções de homem e sociedade e, conseqüentemente diferentes pressupostos sobre o papel da escola, a aprendizagem, relações professor­aluno, técnicas pedagógicas, etc. (LIBÂNEO, 1986, p.19).

4.1 Gestão Democrática, princípios e efetivação

“Na Lei 9394/96, a gestão democrática enquanto principio aparece no artigo 3º, 

inciso VIII  Gestão democrática  do ensino público,  na forma desta  lei  e da legislação dos 

sistemas de ensino”. Sobre princípios norteadores da gestão democrática instituições públicas 

de educação básica (compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o médio, bem 

como as modalidades de ensino) a LDB dispõe que:

Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas gestão democráticos do ensino publico na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:I   –  participação  dos  profissionais   da   educação  na   elaboração  do  projeto político pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL. Lei nº 9.394/96).

De   acordo   com   a   legislação   vigente   cabe   aos   sistemas   de   ensino,   a 

regulamentação da gestão democrática  condicionando as suas especialidades  à  garantia  de 

dois instrumentos fundamentais  ao incremento da participação: 1) a elaboração do Projeto 

político pedagógico da escola contando com a participação dos profissionais da educação; 2) a 

participação das comunidades escolar e local em Conselhos escolares ou equivalentes.

Ressalta,  ainda,  o papel  dos profissionais  da educação e abre uma perspectiva 

ampla, envolvendo os professores e também demais trabalhadores não docentes da escola. Tal 

perspectiva é referendada pelo o artigo 14 da LDB ao situar o projeto político pedagógico da 

escola, como base da construção de sua identidade, e ao definir que a construção do PPP não 

pode ser desenvolvida sem o envolvimento dos profissionais da educação.

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Pensar esses princípios implica em repensarmos a escola que temos e buscarmos a 

construção   de   uma   nova   escola   que   seja   pública   e   popular   permeada   por   processos   de 

participação   e   de   gestão   envolvendo   a   comunidade,   professores,   coordenadores   e   outros 

profissionais, funcionais, pais e estudantes nas decisões e definição das políticas e orientação 

para a gestão de sistemas com vistas à efetivação de progressivos graus de autonomia para a 

escola.

A natureza, as funções, os objetivos e os valores das escolas estão alicerçados no 

da formação humana e sócio­cultural. A maneira de conduzir uma escola reflete, portanto, os 

valores,   concepções,   especificidades   e   singularidades   que   a   diferencia   da   administração 

capitalista em geral, devido, sobretudo a natureza da instituição escolar, a cultura local, os 

projetos vividos e objetivos que esta pretende alcançar.

A possibilidade da construção de práticas de gestão nos sistemas de ensino e nas 

escolas, voltadas para a participação cidadã, reside nessa contradição existente no seu interior. 

Nesse sentido, a gestão escolar atualmente,  é  vista por alguns estudiosos, como mediação 

entre  os   recursos  humanos,   financeiros,  pedagógicos  existentes  na   instituição  escolar  e  a 

busca dos seus objetivos, qual seja, a formação para a cidadania.

A gestão, numa concepção democrática, se efetiva por meio da participação dos 

sujeitos   sociais   envolvidos   com   a   comunidade   escolar,   na   elaboração   e   construção   dos 

projetos   escolares,   como   também  nos  processos  de  decisão,   de   escolhas   coletivas   e   nas 

vivências e aprendizagens de cidadania.

Assim, a concepção de gestão escolar democrática contrapõe­se à manutenção da 

centralização   do   poder   na   instituição   escolar   e   nas   demais   organizações,   primando   pela 

participação dos estudantes, funcionários, professores, pais e comunidade local na gestão da 

escola e na luta pela superação da forma como a sociedade está organizada.

Isso implica repensar a concepção de trabalho, as relações sociais estabelecidas 

entre secretariais, sistemas de ensino e escolas, bem como a forma como estes espaços se 

organizam e se articulam a clara definição da natureza e da especificidade dessas instituições 

e das condições  reais  de  trabalho pedagógico e de participação coletivas  que ocorrem no 

cotidiano dessas instâncias.

4.2 Os mecanismos de participação e a gestão democrática

A   gestão   democrática,   no   sentido  Lato,   pode   ser   entendida   como   espaço   de 

participação, de descentralização do poder e, portanto, de exercício da cidadania. Construir 

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uma   nova   lógica   de   gestão   que   conte   com   a   participação   da   sociedade   e   dos   atores 

diretamente   envolvidos   com a  prática   pedagógica   implica   em  rever   o  modelo  de  gestão 

adotado pelos   sistemas  públicos  cuja  dinâmica  de estruturação  e   financiamento  conserva, 

ainda hoje, características de um modelo centralizador.

Repensar   esses   limites  buscando  a   sua   superação   se   constitui   em um esforço 

coletivo de mudança em direção a democratização da escola e a melhoria da qualidade social 

da educação e da escola.  A gestão democrática   implica,  portanto,  na efetivação de novos 

processos de organização e gestão baseados em uma dinâmica que favoreça os processos 

coletivos e participativos de decisão. Nesse sentido, a participação pode ser implementada e 

se   realiza   de  diferentes   maneiras,   em  níveis   distintos   e   dinâmicas  próprias   no   cotidiano 

escolar.

A participação, contudo, não se apresenta de maneira padronizada, ou seja, trata­

se  de  uma  prática   polissêmica  que   apresenta  diferenças   significativas   quanto  à   natureza, 

caráter, finalidades e alcance nos processos de aprendizagem cidadã. Isto quer dizer que os 

processos   de   participação   se   constituem,   eles   próprios,   em   atitudes   e   disposição   de 

aprendizagem e de mudanças culturais a serem construídos cotidianamente.

A participação pode ser entendida como processo complexo que envolve vários 

cenários e múltiplas possibilidades organizativas. Ou seja, não existe apenas uma forma ou 

lógica de participação:  varias  dinâmicas  se caracterizam por um processo de participação 

tutelada, restrita e funcional e outras se caracterizam por efetivar processos em que se buscam 

compartilhar as ações e os processos de escolha e decisão.

Portanto, para que a participação numa perspectiva de envolvimento de todos os 

segmentos seja uma realidade são necessários os meios, ações e condições favoráveis, ou seja, 

é preciso repensar a cultura dos sistemas de ensino e das escolas e os processos, normalmente 

autoritários, de partilhamento do poder no interior dessas instâncias, entre outros.

4.4 A Gestão que queremos construir

Os valores postos a sociedade moderna do neoliberalismo explicitam e incentivam 

que o indivíduo, sozinho, é capaz de vencer e alcançar sucesso, desde que tenha competência 

suficiente para competir e ganhar dos demais. A negação desses valores é o passo primordial 

na  construção  da  gestão  educacional  que   favoreça  o   fortalecimento  do  sujeito  coletivo  e 

busque novas identidades e competências político­pedagógicas.

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Este é talvez o grande desafio a ser enfrentado, tal o estado de isolamento e o 

desgaste   das\relações   de   trabalho   existentes   hoje   em   nossas   escolas   que,   por   sua   vez, 

espelham os traços de uma sociedade egoísta, anti­solidária e promotora de apartheid social. 

Acredita­se firmemente, porém que está é uma realidade dada, mas não consumada. Podemos 

mudá­la, torná­la humana, solidária e promotora da felicidade.

A escola tem um papel fundamental nesse processo de transformação, que resgata 

inicialmente   as   nossas   referências   coletivas   e   a   convicção   de   que   podemos   intervir   no 

processo   de   construção   histórica   da   sociedade.   Nesse   aspecto,   a   proposta   da   escola, 

democraticamente discutida, implementada, gerida e avaliada, vai fazer a grande diferença. 

Para tanto segundo, Maria Tereza Leitão cita,  alguns indicadores são fundamentais  a esse 

processo:

Autonomia  escolar,  considerada  como a  capacidade  de  as  escolas   traduzirem suas 

alternativas, fundadas em suas reflexões e leituras da sua realidade, sistematizadas no 

projeto político pedagógico coletivo. Isto não significa desvincular­se dos sistemas e 

muito menos aceitar a desresponsabilização do Estado na manutenção da educação;

A descentralização do poder, entendida como método de trabalho coletivo, que divide 

atribuições e responsabilidades, rompendo com a hierarquização;

A   representatividade   social   dos   conselhos   e   colegiados,   abolindo   o   papel   de 

simplesmente   legitimar   as   ações   do   poder   público.   Queremos   a   verdadeira 

representatividade social,  com o poder de intervenção na formulação das políticas, 

com espaços assegurados para apresentar e defender propostas;

O   controle   social   da   gestão   educacional,   decorrente   dos   mecanismos   de 

representatividade  social,  é  necessário  que  as  políticas  e  programas  oficiais   sejam 

acompanhados e avaliados pela sociedade, não apenas pela formalidade das prestações 

de   contas   e   relatórios   oficiais,   mas   por   conselhos   gestores   na   plenitude   de   seu 

funcionamento;

A escolha dos dirigentes por processo de eleição,  as eleições para diretos não tem 

força suficiente para assegurar a democratização da gestão. A importância das eleições 

não   se   esgota   no   ato   em   si,   mas   no   conjunto   de   elementos   que   elas   mobilizam 

tematizam   ,questionam,   trazendo   a   tona   o   cotidiano   da   escola   em   um   contexto 

importante para seu dimensionamento;

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A   inclusão   de   todos   os   segmentos   da   comunidade   escolar,   proporcionando 

possibilidades de participação de todos no projeto político­pedagógico, desde a sua 

concepção e elaboração até a sua implementação no dia­a­dia da escola.

Sabe­se   que   a   gestão   a   ser   construída   irá   exigir   de   todos   os   envolvidos   no 

processo   escolar   uma   audaciosa   tomada  de  decisão  que   se   efetive   em práticas   positivas 

baseadas  na   realidade  do   sistema  educacional   e   escolar   tendo  a   escola   como  palco  para 

realização dessas práticas, eis o desafio que se apresenta.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo primeiro da atividade de gestão das escolas é criar condições para que 

os professores promovam a aprendizagem dos alunos. Gestão é uma expressão que ganhou 

destaque   acompanhando   uma   mudança   de   paradigmas   decisões   sobre   a   orientação   e 

planejamento   do   trabalho   pedagógico.   Conceito   de   gestão   escolar   esta   associado   ao 

fortalecimento  da  democratização  do  processo  pedagógico,   a  participação   responsável   de 

todos nas decisões necessárias e sua efetivação mediante a um compromisso coletivo com 

resultados educacionais cada vez mais significativos.

A escola, enquanto organização social é, portanto, parte constituinte e constitutiva 

da sociedade na qual está inserida. Assim, estando à sociedade organizada sob o modo de 

produção   capitalista,   a   escola   enquanto   instância   dessa   sociedade   contribui   tanto   para 

manutenção desse modo de produção, como também para sua superação, tendo em vista, que 

é constituída por relações contraditórias e conflituosas estabelecidas entre grupos antagônicos 

exercendo, assim, um papel contraditório.

A efetivação de novas dinâmicas de organização e gestão escolar, baseados em 

processos que favoreçam a participação coletiva na tomada de decisões é fundamental para 

que a escola cumpra com as suas finalidades sociais. Nesse sentido, a participação efetiva dos 

diferentes  segmentos  da sociedade na estruturação e definição de políticas  educacionais  e 

ações participativas constituem a base para a democratização da gestão do sistema de ensino e 

das escolas que o compõem.

A   participação   da   comunidade   escolar   depende   dos   múltiplos   interesses   dos 

grupos   que   interagem   na   unidade   escolar,   bem   como   dos   condicionantes   materiais, 

institucionais e ideológicos. 

Diante de inúmeros desafios, ganha corpo o estudo da organização escolar e o 

processo de gestão democrática e a importância de tais elementos para a consolidação de uma 

educação que tenha o homem como sua meta principal.

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BIBLIOGRAFIA

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