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Palestra 1 . 10.10 – Manhã A Palavra que se Encarnou Texto Base: João 1.1-5; 10-14; 16-18 Mesmo com todo conhecimento que temos em relação à Palavra de Deus, podemos ainda assim usar de maneira errada as palavras. Às vezes as pessoas que amamos precisam de palavras de ânimo, mas acabam ouvindo palavras duras que no final apenas machucam. Técnicas, conhecimento e habilidade humanas não poderão ajudar-nos (são ferramentas, mas não serão usadas se faltar o essencial). Normalmente o que começa com uma discussão acaba terminando numa série de acusações e recordações de males do passado. Não escutamos para compreender ou falamos para resolver o problema. O que queremos é vencer e silenciar o outro como se estivéssemos numa guerra a ser ganha. Isso demonstra uma grande necessidade espiritual em nossa vida. A Vinda da Palavra Qual a solução para isso? Ela vem de Deus. Ele manda seu Filho para viver como homem e se tornar a grande e maravilhosa mensagem para nós. O Deus que é o Senhor das palavras, que criou tudo por sua palavra, vem a este mundo como a Palavra para aqueles que o haviam abandonado. Ele não é apenas o que fala a verdade, ele é a própria verdade encarnada. Só no Verbo encarnado encontramos a condição de falarmos e ganharmos a guerra das palavras, falando de acordo como exemplo de nosso Criador. Ele se encarnou a fim de mostrar que a guerra das palavras não é um problema ligado a conhecimento ou inaptidão: é uma questão espiritual. A Verdadeira Razão da Guerra das Palavras Como dissemos, a razão principal desta batalha constante em nós está no coração humano: é uma questão espiritual. Cada um de nós tem sido ferido pelas palavras, como também igualmente ferimos os outros profundamente. É por isso que Paulo registra seu ensino em Ef 6.12 (leia). Igualmente o capítulo 4 desta epístola nos mostra como deve ser nosso linguajar com os outros. Mas, como conseguir isso? Eis a necessidade do Verbo vivo, Jesus Cristo, que nos capacita a falar como Deus tem ensinado.

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Palestra 1 . 10.10 – Manhã

A Palavra que se Encarnou

Texto Base: João 1.1-5; 10-14; 16-18

Mesmo com todo conhecimento que temos em relação à Palavra de Deus, podemos ainda

assim usar de maneira errada as palavras. Às vezes as pessoas que amamos precisam de

palavras de ânimo, mas acabam ouvindo palavras duras que no final apenas machucam.

Técnicas, conhecimento e habilidade humanas não poderão ajudar-nos (são ferramentas, mas

não serão usadas se faltar o essencial). Normalmente o que começa com uma discussão acaba

terminando numa série de acusações e recordações de males do passado. Não escutamos para

compreender ou falamos para resolver o problema. O que queremos é vencer e silenciar o

outro como se estivéssemos numa guerra a ser ganha. Isso demonstra uma grande

necessidade espiritual em nossa vida.

A Vinda da Palavra

Qual a solução para isso? Ela vem de Deus. Ele manda seu Filho para viver como homem e se

tornar a grande e maravilhosa mensagem para nós.

O Deus que é o Senhor das palavras, que criou tudo por sua palavra, vem a este mundo como a

Palavra para aqueles que o haviam abandonado. Ele não é apenas o que fala a verdade, ele é a

própria verdade encarnada. Só no Verbo encarnado encontramos a condição de falarmos e

ganharmos a guerra das palavras, falando de acordo como exemplo de nosso Criador. Ele se

encarnou a fim de mostrar que a guerra das palavras não é um problema ligado a

conhecimento ou inaptidão: é uma questão espiritual.

A Verdadeira Razão da Guerra das Palavras

Como dissemos, a razão principal desta batalha constante em nós está no coração humano: é

uma questão espiritual. Cada um de nós tem sido ferido pelas palavras, como também

igualmente ferimos os outros profundamente. É por isso que Paulo registra seu ensino em Ef

6.12 (leia). Igualmente o capítulo 4 desta epístola nos mostra como deve ser nosso linguajar

com os outros. Mas, como conseguir isso? Eis a necessidade do Verbo vivo, Jesus Cristo, que

nos capacita a falar como Deus tem ensinado.

A Vida é uma Guerra

Quando Paulo menciona que estamos em guerra (Ef 6.12) deixa claro que esta não é contra

outras pessoas. Estamos envolvidos numa batalha de nível espiritual. Batalhamos a fim de

vencer os estratagemas do Diabo e seus anjos. Um conflito dramático está acontecendo entre

as forças do Mentiroso e Enganador contra as forças do Senhor da Palavra. Embora Deus

trabalhe para aprofundar em nós sua vida, sua verdade e sua Palavra, Satanás luta dia e noite

para nos arrancar através de mentiras, tramas cruéis e esquemas enganadores.

Esta guerra amplia em nós o conceito da necessidade de que o Verbo se fizesse carne. Ele veio

para ser mediador e Redentor a fim de que pudéssemos ficar firmes no meio deste conflito.

Não podemos vencer estas forças espirituais do mal. Mas, Cristo, como segundo Adão venceu

não se deixando levar pelas mentiras do Diabo – diferentemente do primeiro Adão que deu

ouvidos à mentira. Ele venceu o mal, ele lutou a guerra das palavras e prevaleceu (Mt 4.1-11).

Sua vitória é aplicada a nós de maneira redentora. Ele nos equipa a fim de não mais nos

afastarmos da vida à qual ele nos chamou. E nisso está incluso a capacidade de falarmos de

maneira digna do evangelho. Podemos viver em paz com Ele e uns com os outros. Temos,

agora, os recursos para falarmos como devemos falar.

O Recurso Correto para a Luta

Em Efésios 1.15-23, Paulo mostra quais são os recursos a fim de conseguirmos vencer este mal

que tenazmente nos assedia.

1) A Esperança: A esperança bíblica é a confiança em um resultado que nos é garantido.

Podemos ter metas elevadas em nosso linguajar e nossa comunicação por aquilo que Cristo fez

e tem feito. Assim, é possível crer em mudanças em nós e naqueles que tanto amamos.

Podemos sim, escolher a melhor maneira de falar, como responder com brandura e as

palavras e o momento certo de correção.

2) As Riquezas: Tudo aquilo que necessito para minha vida espiritual, Cristo tem depositado

em meu interior. Não só tem sido me dado tudo o que necessito para a vida eterna, mas

também, para viver uma vida piedosa aqui e agora até o dia final da minha vida. Deus nunca o

colocará numa situação na qual você não saiba o que fazer ou como falar. Se, por exemplo,

você está numa conversação difícil com seu marido, Deus dá a você um depósito guardado no

coração para saber o que dizer em tal situação

3) O Poder: Devido ao poder do Verbo temos poder para vencer a guerra que vitaliza nossas

lutas com as palavras. Afinal, quem tem habilidade para dominar a língua? Nenhum homem

natural. Mas, a vitória de Cristo sobre o pecado, bem como o Espírito Santo que habita em nós,

nos dão condição para que vençamos estas coisas. A língua, que é um instrumento do mal,

pode se transformar, agora, em um instrumento do bem. Portanto, se este poder foi dado,

ninguém pode culpar as pessoas, a personalidade, o passado, a influência de amigos ou de

familiares ou até mesmo suas lutas, nem tampouco os problemas presentes.

4) O Governo de Cristo: Não há nada que esteja fora do controle e governo de Cristo. Ele

governa sobre o universo. Igualmente governa sobre nosso coração, sobre nossa

personalidade e, para o nosso estudo, sobre nossas palavras. Quando usamos nossas próprias

palavras e queremos controlar tudo e todos, passamos a nos apresentar como governantes da

nossa vida, querendo tomar o lugar de Cristo. Quando tentamos manipular os filhos com

ameaças, chantagens ou ira, queremos que tudo saia como nosso desejo, nos tornando no

centro da questão, tentando tomar o lugar de Cristo.

Conclusão

Por que Cristo veio, podemos ter a esperança de seguir as palavras do Grande Orador e não do

Grande Enganador. Podemos usar nossas línguas como instrumento de justiça. Nosso mundo

de palavras não tem que ser um mundo de problemas, porque o Verbo habitou entre nós e

venceu a guerra das palavras.

Palestra 2. 10.10 – Noite

Palavras Idólatras

Texto Base: Lucas 6.43-45, Jeremias 17.9

Muitos dos nossos problemas de comunicação e relacionamento ocorrem porque usamos

palavras idólatras. Ideias que nascem em nossa mente e coração e que não são fruto do amor

de Deus, logo se tornam em palavras de destruição e rancor.

Raiz e Fruto

Jesus usa mão de uma metáfora a fim de estabelecer uma conexão entre nós, nossas palavras

e a árvore e seus frutos. Assim como uma planta que não dá frutos não pode ter seus

problemas resolvidos tratando dos frutos doentes ou que não aparecem e, sim, tratando-se da

raiz ou do caule enfermos, nós também precisamos tratar de nosso interior – lugar de onde

vêm as palavras. Como já dissemos anteriormente, é muito tentador culpar os outros pelas

palavras que usamos e maneira como nos comunicamos. As palavras que usamos revelam, no

final, o que está por detrás do coração. As pessoas e as situações não fazem dizer o que

dizemos, são apenas ocasiões onde revelamos o que está em nosso interior. Quando amamos

apenas a nós mesmos, as palavras que saem de nossos lábios são idólatras, pois nos colocamos

como o centro de todas as coisas, não dando espaço a quem quer que seja. Quando amamos

apenas a nós mesmos, nossas palavras não podem demonstrar amor pelos outros.

Desejos Governantes

Tiago 4.1-10 nos mostra claramente o que são desejos governantes. São palavras que buscam

apenas e tão somente o que é importante para mim. Tiago não está dizendo que o desejo em

si é algo pecaminoso (afinal, podemos desejar boas coisas, coisas edificantes). O problema está

“nas nossas paixões que fazem guerra contra nossa carne”. Há uma guerra em nossos

corações, uma guerra pelo controle. E quando este conjunto de desejos nos domina isto afeta

a maneira pela qual usamos nossas palavras com as pessoas ao nosso redor. Logo, se certo

desejo controla o meu coração, então eu vou querer estar ao lado dos que o atendem e

odiarei aqueles que estorvam o meu objetivo egoísta. Os desejos pessoais batalham por um

espaço no coração que pertencem única e exclusivamente a Deus. Em vez de ser dirigido por

um desejo que busca amar a Deus e ao meu próximo, eu busco aquilo que trará o prazer

egoísta que satisfaz a mim mesmo e, assim, me levanto com ira e palavras duras contra

aqueles que me impedem de alcançar isso.

A Elevação do Desejo

Um coração idólatra produzirá palavras idólatras, palavras que sirvam ao ídolo que o tem

atrapalhado. É difícil para nós escondermos nossos desejos. Eles tendem a tomar uma posição

na qual eles nunca deveriam estar. A situação é esta: um desejo batalha pelo controle até que

possa se tornar em uma demanda. Esta demanda logo se torna em uma necessidade em nosso

coração. Esta necessidade se torna em uma grande expectativa. Quando esta expectativa que

eu crio idolatramente não é satisfeita dá lugar à decepção. Esta decepção demonstra o

adultério espiritual presente em nós, pois tira Deus do centro, a fim de colocar nosso desejo

idólatra em nosso coração. Usar palavras cheias de ira não irá resolver nossa frustração, até

que entendamos que tiramos Deus do seu devido lugar. A solução é clara, portanto: deitar fora

os ídolos do coração e fazer com que o espaço que pertence a Deus seja usado totalmente por

Ele. Dessa forma nossas palavras refletirão aquele que ali habita – em seu devido lugar.

O Grande Intercâmbio

Romanos 1.25 mostra-nos que o homem pecador tem a clara tendência de trocar o serviço e

adoração ao criador pelo serviço e adoração à criatura. O ser humano é um ser adorador. O

assunto diz respeito a quem ou ao que adoramos. E quando se trata de adoração não há

limites para a idolatria do homem. Isto pode dizer respeito aos desejos de nosso coração e à

maneira como usamos as palavras a partir desta idolatria ególatra. Como exemplo: ouvir um

não da esposa a um convite para jantar fora, por ela estar cansada devido ao trabalho e aos

problemas de casa, pode transformar o nosso desejo em ira e palavras duras contra ela,

porque no fundo é em nós mesmos que estamos pensando e não em nossa esposa.

Colocando a Comunicação no Lugar Correto

Portanto, se queremos ver uma mudança duradoura em nossas palavras, devemos começar

pelo lugar certo: dentro de nós, em nosso coração. Somente ao lidar com a idolatria de nossos

corações poderemos nos livrar das palavras idólatras. Deus é o dono das nossas palavras e elas

devem ser usadas para sua glória. Quando não fazemos isso somos idólatras. Em Mateus

23.37-40 vemos o ensino de Cristo que mostra o dever de amar a Deus acima de todas as

coisas e o próximo como a si mesmo. Há uma ordem de importância nesse ensino, ou seja,

Deus vem em primeiro lugar. O amor a Deus é o fundamento de todos os demais. Qualquer

falta de amor para com o próximo reflete nossa falta de amor a Deus. Isso também acontece

com nossa comunicação. E aqui está um erro muito comum que impede a cura no problema

do uso das palavras: nossa tendência é acreditar que isto está relacionado ao segundo

mandamento e não ao primeiro. As palavras que edificam meu próximo e que estão de acordo

com a Palavra de Deus começam com um coração que ama ao Pai acima de todas as coisas e,

usa palavras de amor com o seu próximo.

Mas, não se desanime. Qual de nós está completamente apto a isto? Estamos em processo e

Ele nos dá as ferramentas a fim de que nosso coração deixe de ser idólatra. Se seu coração se

convence deste ensino e de que deve estar cheio de Deus e de suas Palavras, você é um filho

de Deus amado, que no final de tudo obterá a vitória que Cristo conquistou para você.

Soberania de Deus e Nossas Palavras

Texto Base: Romanos 11.33-36, Daniel 4.34-35

Uma vida de comunicação piedosa está ligada a um reconhecimento pessoal da soberania de

Deus na vida. Somente quando me submeto ao governo absoluto e soberano de Deus – afinal

ele tem um plano perfeito e está no controle de tudo – eu poderei começar a viver e falar da

maneira que Ele quer e que edificará a minha vida e dos outros. Só assim a idolatria do coração

poderá ser superada. Só assim o meu egoísmo deixará de tomar conta de meus planos e do

meu desejo pecaminoso de controlar tudo. Quando meu desejo busca algo da criação e não ao

Criador, eu buscarei o controle do meu mundo para conseguir aquilo que eu quero. Nesse caso

mostramos o quanto não confiamos na soberania de Deus controlando todas as coisas. Deus é

o Rei! Se não nos submetemos ao seu governo soberano, desejamos a soberania que pertence

a Ele em nossas mãos e é aí que começa a guerra das palavras. Por isso, aprendamos um

pouco sobre a soberania de Deus.

1. O Reinado Soberano de Deus é Sem Igual no Universo

Deus é o Senhor do Universo, o Rei dos reis. Todas as coisas funcionam segundo o conselho da

sua vontade. Ninguém ensinou qualquer coisa a Deus e nem lhe deu conselho. Sua vontade

sempre prevalece. Isto significa que nunca estarei em uma situação, lugar ou relação na qual

Ele não esteja reinando. Cada momento da minha vida são seus momentos. Cada palavra que

pronuncio deve reconhecer o controle Dele. Minha função é submeter-me ao governo de Deus

e fazer sua vontade. No que diz respeito às palavras, meu dever é o de falar de tal maneira que

agrade Àquele que reina sobre o momento no qual estou falando. Tendo esta certeza – pela fé

–eu posso prestar atenção ao que Deus me ordena a fazer e posso viver e falar de uma

maneira que aponte para sua glória.

.

2. Deus Reina sobre Todas as Coisas para a Igreja

O reinado de Deus tem uma direção e propósito: o benefício redentor de seu povo (1 Pe 2.9).

Não para atender nossos caprichos, mas para atender-nos em nossa redenção. Ela é aplicada

em nós não apenas para o futuro, mas a fim de que em todas as coisas sejamos mais que

vencedores. Se entendemos isto como uma verdade que diferença fará em nossa

comunicação? Pense como a vida é cheia de queixas sobre momentos difíceis que temos que

enfrentar: contas, filhos rebeldes, esposos distantes e frios, esposas incompreensivas,

impostos, o carro que quebra e que não podemos arrumar. Esta lista poderia ser ainda maior.

A soberania de Deus nos faz lembrar que Ele está no controle até nos momentos mais difíceis.

Isso nos faz pensar e usar melhor as palavras que saem de nossos lábios.

3. Deus Controla Até os Detalhes da Nossa Vida

O reinado de Deus não é apenas global, mas também individual. Isto pode ser notado na vida

de personagens da Escritura. Cada detalhe na vida de cada ser humano está sob seu controle

(At 17.26-27). Ele nos chama a pensar, orar, planejar e viver vidas ordenadas e controladas,

mas sobre um fundamento que reconhece e descansa em seu reinado. Ele está usando até os

detalhes da nossa vida, não para que firamos os outros com nossas palavras, mas para

completar sua obra em nós.

4. Deus Reina sobre Cada Aspecto de Nossa Salvação

Eis a pá de cal sobre qualquer orgulho humano. Reconhecer a graça soberana e absoluta de

Deus em nossa salvação é reconhecer nossa limitação e insuficiência (Ef 1.4-6). Somos o que

somos pela sua misericórdia e poder. O objetivo de Deus em nós é que o orgulho que em nós é

destruído, se transforme em louvor para sua glória (1 Co 1.31). Se isto é verdade e se

reconhecemos isto, nossa comunicação será para engrandecê-lo e para edificar as vidas ao

nosso redor. Por isso, nossas palavras sempre expressarão adoração, infelizmente, nem

sempre adoração a Deus.

5. Deus Reina sobre as Circunstâncias para Nossa Santificação

Deus está agindo para que tenhamos a imagem de seu Filho Jesus Cristo (Rm 8.28-29). Neste

trabalho todas as coisas cooperam para o nosso bem. Principalmente as dores e sofrimentos

da vida. Quando murmuramos contra este tipo de coisa, estamos, na verdade, reclamando da

ação de Deus ao moldar nosso caráter. A resposta que Deus deseja de nossos lábios, mesmo

nessa situação, são os louvores que emanam de um coração que conhece a Ele e o seu poder

soberano. As provações são incidentes e exemplos para nós (1 Co 10.11), revelando nossos

corações e expondo nossas reações às provas.

6. Deus Reina sobre as Relações para Nossa Santificação

As pessoas na nossa vida não estão ali por acaso. São instrumentos nas mãos de Deus. Por

meio delas Ele continua a obra que tem começado em mim. Isto é descrito poderosamente

quando Paulo fala acerca da Igreja (Ef 2.14-16; 19-22; 4.16; 1 Co 12.12-13, 18-20, 27). Ele é

soberano, também, sobre meus relacionamentos com as pessoas. Foi Ele que as colocou em

minha vida para que, de alguma forma, venhamos a amadurecer. Nós pensaremos mais antes

de falar mal sobre alguém se lembrarmos que são instrumentos nas mãos de Deus para que

cresçamos em santidade.

7. Deus Reina sobre Todas as Coisas para Sua Glória

Isto é o mais importante que a Escritura ensina sobre a soberania de Deus. Tudo o que ele faz

é, antes de tudo, para sua glória. A história é o desenrolar dos grandiosos e gloriosos feitos do

Deus soberano. Somos sua possessão. Todos nossos dons, graça e habilidades pertencem a

Ele. Tudo vem dele, é para ele, para sua glória. Ele trabalha em nós para que vejam a sua luz a

sua glória. Quando falamos como se tivéssemos o controle ou nos gloriamos a nós mesmos, ou

quando nos queixamos das coisas que Deus tem posto em nossas vidas, estamos combatendo

contra seu propósito supremo sobre nós. Nossas palavras devem, portanto revelar a glória

Dele e mostrar a glória dele aos outros.

A guerra das palavras é uma guerra pela soberania. Quem dirige seu coração? Quem quer que

seja, também controlará sua língua.

Palestra 3. 11.10 – Manhã

Seguindo ao Rei Por Motivos Errados

Texto Base: João 6. 22-27

Em determinados momentos nos encontramos em situações que nos fazem perguntar o

porquê estamos seguindo a Deus. Nossa vida de oração, presença nos cultos, aprendizado da

Bíblia parecem não servir para nosso descanso. Casamento, filhos, trabalho tudo parece ser

um peso sobre nossos ombros o qual somos incapazes de carregar. Nosso coração parece em

guerra com Deus. Se não seguimos o rei pela razão correta teremos amargura e frustração em

nossa vida que se transformarão em palavras de destruição.

1. Meus Sonhos ou os Planos Dele?

No texto base vemos o povo seguir a Cristo. Eles vão atrás dele por causa da própria satisfação

que eles queriam. Eles não seguiram a Jesus, seguiram o que Ele poderia dar, queriam aquilo

que interessava ao seu coração egoísta. O sinal que Cristo fez servia para apontar para Ele (um

sinal, afinal indica um caminho, onde se quer e deve chegar). Mas, eles não viram a

multiplicação dos pães e peixes como um sinal, mas como um simples milagre para atender

aos seus caprichos.

Não podemos nos gabar de ser diferentes daquelas pessoas. Muitos de nós seguem a Cristo

apenas para satisfazer o seu próprio coração, de ver os sonhos particulares serem atendidos.

Ele é – segundo os que pensam assim – o atalho para conquistar as coisas deste mundo.

Quando Deus, então, não atende os nossos caprichos ou desejos egoístas, logo nossas palavras

de adoração se tornam em murmuração. Nosso louvor se transforma em queixa. Para evitar

isso temos que nos perguntar: o sonho de quem estou perseguindo?

2. Pão Físico e Engano Espiritual

A luta entre o pão físico e o pão espiritual esta no cerne da luta da vida cristã. O Enganador e

Mentiroso quer que creiamos que a vida consiste apenas do pão físico. As coisas espirituais são

secundárias e sem importância. Somos bombardeados por este tipo de mensagem o tempo

todo através da TV, jornais, revistas, internet. Afinal só se vive uma vez, logo, deve-se viver

atendendo-se todo o nosso desejo. Esta mesma luta é descrita em vários momentos na Bíblia:

Quando Satanás tenta a Jesus; quando Judas é tentado e vende a Jesus por trinta moedas de

prata. É uma maneira pela qual o adorador adora a criatura ao invés de adorar ao Criador.

Jesus adverte contra este comportamento ao proferir a parábola do rico insensato (Lc 12.13-

21). É a luta apresentada por Paulo quando registra o que está escrito em 2 Co 4.16-18. O

Enganador não descansa: ele deseja que nos deixemos levar por aquilo que a comida que

perece possa nos dar, fazendo-nos abandonar a comida que subsiste para a vida eterna. Veja

como ele age sutilmente ensinando-nos 4 mentiras:

a) As Coisas Físicas São Permanentes: A Bíblia, a Palavra da Verdade, nos ensina o contrário: 1

Jo 2.17; 2 Co 4.16; Sl 73.18-20; Lc 12.33.

b) O Pão Físico É o Único Pão: a tendência do homem pecador é de deificar a criação e aceita-

la como mais importante que o Criador. Igualmente, abandonar a busca pelo Deus invisível

para buscar o acúmulo das coisas visíveis no mundo visível. Por isso o crente é chamado a viver

como peregrino, como estrangeiro, como nômade longe da sua verdadeira pátria (Lc 12.20).

c) O Êxito Humano se Mede Pela Quantidade de Pão Físico que Possui: Qual de nós nunca

sonhou em ganhar mais dinheiro para, supostamente, ser mais feliz? Qual de nós nunca

pensou em adquirir aquilo que as propagandas anunciam com o intuito de sermos mais

felizes? Para estes pensamentos a Escritura nos responde o que está em Mateus 16.26 e Lucas

12.15. Jesus define o êxito humano em dois conceitos fundamentais: Mt 22.37-49. Viver assim

é ser verdadeiramente rico.

d) A Vida se Encontra no Pão Físico: Esta é a grande mentira entre todas as outras. A ideia de

que a vida pode ser encontrada fora de uma relação verdadeira com Deus – o autor e

sustentador da vida. Esta foi a mentira dita pelo Enganador no princípio e continua a ser

afirmada por ele em todos os dias da história humana e, também, na vida dos crentes. O pão

físico sacia por alguns instantes e dará fome novamente, mas alimentar-se de Jesus – o Pão

Vivo que desceu dos céus – é garantia da vida eterna e do saciar a fome permanentemente (Ef

2.1-10).

Como é fácil nos redermos à ideia de que a vida se encontra na aceitação humana, na posição

que temos ou desejamos. Quando buscamos essas coisas ou coisas semelhantes a elas,

deixamos de buscar a Cristo, deixamos de ter prazer na oração e na Bíblia, deixamos a

comunhão com os irmãos e a adoração e o alimento no culto público. Alimentamo-nos do pão

do mundo e não do Pão Vivo que é Cristo. E nossa vida inteira será determinada pelo alimento

que buscamos: o Criador que verdadeiramente nos sustenta, ou as coisas passageiras e

transitórias que nunca saciarão a nossa fome.

3. O Que Eu Quero ou o Que Cristo Quer?

Considere neste momento a sua própria vida. Seu casamento, trabalho, amigos, filhos, Igreja.

O que você quer de Cristo? Os sonhos de quem você traz adiante dele? Seu sonho é a sua

definição pessoal de paraíso? Sonhamos com uma esposa perfeita. Sonhamos com filhos

perfeitos. Sonhamos com um patrão perfeito, uma igreja perfeita, um pastor perfeito. Esta

maneira de olharmos as coisas não nos tem feito pessoas infelizes (veja 1 Pe 1.3-9)? Pedro está

dizendo que Deus está disposto a afetar tais coisas em nossa vida a fim de produzir em nós

algo muito maior do que qualquer uma delas: uma fé genuína e producente. Ele está

trabalhando em nós. Por isso, ao invés de ter palavras de reclamação e ofensa, devo ser capaz

de dizer: obrigado por estar trabalhando em mim, Senhor. As lutas não são um erro ou

esquecimento de Deus. São a maneira pela qual Ele trabalha em nós e nossa fé. Elas não

devem nos levar a duvidar do amor do Rei: deve nos levar mais perto dele.

4. Reconhecendo os Sinais

Temos que entender que as bênçãos de Deus em nossa vida (família, trabalho, igreja, amigos)

têm a intenção de fazer algo em nós mesmos: mostrar e fazer Cristo crescer em nós. Ele é a

vida e não nosso cônjuge, filhos, casa, carro. Cristo é a vida abundante! É o pão de que tanto

necessitamos. Por isso, muitas coisas nos são tiradas para nos regozijarmos nele e nele termos

pleno prazer. Em João 6 Jesus se apresenta como o “Pão da Vida”. De qual pão eu realmente

tenho fome? Qual pão eu verdadeiramente busco? Não estou dizendo que as coisas físicas são

inconsequentes ou que não devemos buscar o melhoramento de nossas vidas (casamento,

trabalho, igreja), mas não se pode perder o ponto principal que é Cristo.

Semelhantemente ao povo que vimos, podemos buscar os milagres, mas perder de vista o

sinal que aponta para Cristo. Podemos aproveitar os empregos, as amizades restauradas, as

contas pagas, mas não desejar as bênçãos espirituais que são representadas pelas provisões

físicas. O povo não queria Jesus como Rei, e sim como Mordomo a servir suas mesas. Muitos

de nós vêem a Jesus da mesma forma, querendo apenas que Ele atenda nossos sonhos e

quando isso não acontece ficamos decepcionados. Se vivemos pelo pão físico, quando ele

faltar teremos profunda decepção. Mas, se vivemos pelo pão espiritual cada luta da vida será

um momento de oportunidade para nos satisfazermos nele.

As palavras são afetadas quando as pessoas passam a buscar a Cristo e se comprometem com

Ele. Elas expressarão louvor, adoração e glória. Elas fortalecerão, animarão e trarão unidade

em todas as esferas. Quando abrimos mão de nossos sonhos egoístas experimentamos a

alegria da unidade do Espírito. É um tamanho contraste com aqueles que só buscam o pão

físico e os seus sonhos egoístas, que acabam destruindo a si mesmos e aos que estão ao seu

redor, pois, nunca o pão que tiverem adquirido será o suficiente.

5. Discípulos Desiludidos

Quando Jesus se proclamou como o pão vivo que desceu dos céus, muitos de seus discípulos o

abandonaram (Jo 6.53, 60 e 66). Afinal, o homem natural não pode aceitar o fato de que Cristo

deve ser o centro de suas ambições e satisfação. O que nossas palavras revelam a respeito do

verdadeiro amor de nosso coração? Qual é a fome pela qual você vive a fim de satisfazê-la?

Conseguiremos enfrentar cada obstáculo da vida com alegria, se entendermos que foi nosso

Pai celestial que os colocou ali para nosso bem. Se não colocarmos toda nossa fonte de alegria

e esperança no evangelho e no amor de Deus não encontraremos a satisfação que tanto

procuramos.

Quais palavras proferimos quando nossos sonhos não são alcançados? Revoltamo-nos e

ficamos cheios de autocomiseração? Culpamos aos que nos rodeiam? Duvidamos da bondade,

amor e fidelidade de Deus?

6. O que Ocorre Quando o Sonho se Acaba?

Habacuque - no AT - orou a Deus, pois não podia suportar a maldade no meio do seu povo.

Deus respondeu dizendo que mandaria os caldeus para castigá-los. O profeta não pode

entender aquela resposta. Ele desejava uma transformação no coração do povo. O livro

prossegue num verdadeiro debate entre ele e Deus, até que o profeta conclui aquilo que está

registrado em seu livro no capítulo 3.17-19. Embora tudo tenha sido perdido ele ainda

encontra motivos para se alegrar no Senhor. Você poderia repetir tais palavras mesmo em

meio às lutas e sofrimento da vida? Que sejamos pessoas capazes de acordar a cada manhã e

encontrar – ainda que tudo combata contra isso – razões para ter palavras de louvor e alegria

em nossa vida.

Palestra 4. 11.10 – Noite

Falando pelo Rei

Texto Base: 2 Co 5.11-21

Vivemos na era da informação. Câmeras, vídeos, internet, revelam cenas desde as mais

simples até as mais pitorescas que se podem imaginar. Quem poderia pensar, por exemplo,

que um dia veríamos o poder devastador de um tsunami destruindo toda uma cidade e

matando milhares de pessoas? E se alguém pudesse filmar toda a vida de cada um de nós? O

que pensariam a nosso respeito? Para quem diriam que estou vivendo? Qual seria a conclusão

sobre o motivo da minha vida? O que diriam sobre minhas palavras, sobre a maneira que eu

trato as pessoas? Minhas palavras mostrariam a quem sirvo? Tratemos da missão de Deus

para nossos lábios. Se Ele é o Rei e Criador das palavras, deve, também, ser o Senhor da nossa

língua.

1. Devemos Falar Entendendo que Somos Embaixadores de Cristo

O embaixador é alguém que é chamado para sair de sua terra natal e viver em um país

estrangeiro a fim de representar a mensagem e os métodos de seu líder. No texto de 2 Co

Paulo afirma que somos chamados a ser embaixadores do Rei. Deus nos põe no exato lugar em

que deseja que o representemos. Se vou falar o que quer seja, tenho que entender minha

posição de embaixador. Nossa velha vida egoísta já passou. Agora somos chamados por Deus a

fim de, reconciliados com Ele, termos um novo ministério que é fazer a sua vontade, o

ministério da reconciliação.

Com nossas palavras não somos livres para fazer prevalecer nossos próprios interesses. Nossa

comunicação sempre deve ter a agenda da nossa embaixada (a missão, o método e o caráter

do Rei). Mas, assim como em outras situações da vida, temos aqui também a luta entre nossos

próprios interesses e os interesses de nosso Senhor. É fácil nos desviarmos do propósito de

Deus e dirigirmo-nos até o nosso. Não podemos ser embaixadores de meio-período: estamos

onde estamos, em período integral, por que o Rei nos colocou ali para trabalhar pelos

interesses dele.

A ideia de sermos seus embaixadores tem algo ainda mais profundo a ser ensinado: temos que

representar ao Rei de maneira que ele possa encarnar em nós (ser visto em nós). Temos que

ser a personificação dele nesse mundo. É uma posição de honra, majestosa, dada a homens

pecadores como nós. Somos suas mãos, olhos, ouvidos e lábios neste mundo. Sua vontade,

caráter e planos são conhecidos através de nós. Como fez Jesus ao se encarnar agindo para

que através das suas obras o Pai fosse conhecido e glorificado, assim também devemos fazer

(Jo 14.5-14), para que Jesus seja visto em nós.

Falar como um embaixador significa que estamos embaixo da (1) missão dele, ou seja, sua

vontade e propósitos; (2) dos seus métodos, usando a palavra como Ele mesmo usaria para

com as outras pessoas e; (3) ligados ao seu caráter, tendo as atitudes corretas e que remetem

nossos ouvintes a Ele (Cl 3.12-14)

2. Devemos Entender a Missão do Rei

Por que você está aqui na terra? O que você tem feito? Qual a sua missão? Paulo diz que os

crentes que vivem já não vivem para si, mas sim, para aquele que morreu e ressuscitou por

eles (2 Co 5.15). O enfoque de Deus está em nossos corações e em nossa tendência à idolatria,

onde o maior ídolo somos nós mesmos. Cada pecador tem o desejo que o mundo e as pessoas

funcionem segundo a sua vontade. Jesus viveu, morreu e ressuscitou com o intuito de livrar-

nos deste ídolo. Sua meta é que deixemos de viver para nós mesmos e vivamos por meio da

sua graça e, então, adorá-lo e servi-lo. A medida que mudamos, mais e mais seremos com ele é

e, portanto, capazes de representá-lo, falando segundo seus propósitos, contribuindo na vida

das outras pessoas que estão ao nosso redor. Um coração idólatra, que não tem o espaço

adequado para Cristo, não será usado por ele para cumprir a missão que Ele mesmo deseja.

Deus sabe que somente quando ele possui nossos corações sem desafios, nos relacionamos

com o mundo da maneira como Ele ordena. Por isso, Deus está preocupado não somente em

mudar o nosso problema momentâneo, mas na mudança duradoura em nosso coração.

Quando nossas palavras fazem mais mal do que bem, muito provavelmente estamos falando

contra os propósitos do rei. Muito provavelmente estamos falando segundo os propósitos

egoístas de nosso coração e não segundo a sua agenda redentora. Nosso coração revela seus

intentos através de nossas palavras.

3. O Método do Rei

Os embaixadores de Deus devem falar de acordo com os métodos do rei. Um embaixador é

chamado não somente a dizer o que o rei diria (conteúdo) como também da maneira como ele

diria (forma). Seu caráter e propósitos devem estar bem presentes na maneira pela qual

falamos. Nossa maneira de falar deve refletir a maneira como Deus se relaciona conosco.

Quando falamos asperamente produzimos ira e não conseguimos mudança ou simpatia ao que

queremos falar (Provérbios 15.1), pelo contrário, os que nos ouvem se fecham para qualquer

palavra que dirigirmos a eles. No texto de 2 Co 5 que lemos, Paulo mostra o que o impulsiona

às mudanças: o amor de Cristo. Este amor nos afasta do “eu” egoísta e nos motiva a viver para

Ele. Nossos gritos ou grosserias não mudarão ninguém, mas o amor de Cristo em nossas ações

e também palavras, mudarão.

No entanto, nossa tendência é não bendizer aos outros (Rm 12.14); não perdoar aos outros (Lc

17.3-4); não pagar o mal com bem (Rm 12.21); não ser paciente, humilde e perseverante

quando me provocam (Ef 4.2). Prefiro ser procurado pelo que me ofendeu quando, na

verdade, deveria procurá-lo primeiro (Mt 18.15-17). Quero lembrar-me das ofensas e ficar

irado contra meus ofensores (Ef 4.26-27 - ver também Tg 1.20; Pv 15.28).

Somos chamados a colocar as armas ineficientes do mundo e tomar das armas de Deus (2 Co

10.4)

Chegando ao Destino

Texto Base: 2 Co 5.11-21

Depois de tudo o que foi dito até agora, precisamos de métodos práticos que possam nos

ajudar a vencer a Guerra das Palavras. Vejamos como reconstruir o mundo de nossa

comunicação através do uso correto das nossas palavras.

1. Não Comece a se Lamentar

É fácil começar a se lamentar e ficar cheio de remorso. É fácil ficarmos paralisados por aquilo

que deveríamos ter feito e não fizemos. Tenha algumas coisas importantes em mente:

a) Deus é um conselheiro maravilhoso – Sendo o maior mestre do universo, Deus sabe

exatamente o que precisamos saber, quando e o quanto podemos saber. Deus sempre revela

sua verdade no momento apropriado. Ele nunca erra no tempo em que trabalha conosco.

Descanse em sua sabedoria divina.

b) Deus Restitui os Seus – As Escrituras prometem que Deus nos restituirá “os anos perdidos”

(Joel 2.25). É importante saber que o Deus que perdoa também restaura, reconstrói e

reconcilia. Ao vivermos sobre as novas coisas que Ele nos tem ensinado experimentamos

restauração em lugares que julgávamos perdidos. Viver sua Palavra, quando passamos a

conhecê-la, é contar com o cuidado de Deus sobre o dano feito no passado.

2. Abrace a Esperança do Evangelho

Não podemos nos permitir ver a guerra da comunicação como um gigante que não pode ser

vencido (2 Tm 1.7). Nos sentimos oprimidos, temerosos e covardes quando nos esquecemos

quem é Cristo e quem somos nele.

Primeiro devemos lembrar da graça divina que é abundante em relação ao nosso pecado.

Nosso pecado pode nos confundir, mas não confundirá nosso Salvador. Esta graça está

disponível para nós em cada situação e relacionamento da nossa vida (Rm 6.14). Em segundo

lugar, não podemos achar que os problemas significam que Deus nos abandonou. O salmo 46

nos ensina que Deus é nosso socorro e auxílio na tribulação. Não estamos sem um lugar de

proteção e sem alguém que nos fortaleça nos momentos difíceis. Em terceiro lugar, Deus sabe

que nossa condição de pecadores é desesperadora e seu chamamento é muito alto, a ponto

de acharmos que o perdão concedido não seria o suficiente. Por isso, seu Espírito Santo habita

em nós (Ef 3.20), de maneira que seu poder não só habita, mas opera em nós e por nós.

Portanto, ele não nos chamará a fazer algo sem nos dar as condições de realizarmos o seu

querer.

3. Examine os Seus Frutos

Quais são os frutos produzidos por suas palavras? Faz com que os outros se sintam animados,

esperançosos e amados? Conduzem ao perdão, reconciliação e paz? Emanam sabedoria e

força? Ou levam elas ao desânimo, divisão, condenação, amargura e descontrole?

A mudança começa quando começamos a entender o resultado daquilo que semeamos. Não

são os outros responsáveis pelas nossas palavras. Nós mesmos produzimos bênção ou

maldição pelo que falamos (Gl 6.7). Examine os frutos de suas palavras e mude sua

comunicação. É aqui que começa a principal mudança.

4. Examine as Suas Raízes

Lembre-se que nossas palavras são emitidas a partir daquilo que está em nosso coração (Lc

6.45). Examinar onde temos problemas com as palavras revelará os problemas de nosso

coração. Não são as pessoas e as situações que nos levam a falar determinadas coisas. Nossos

corações controlam nossas palavras. As situações e as pessoas apenas nos dão a ocasião para

que o coração se expresse livremente. Saber disso e confessar a Deus como pecado nos dá

condições para sermos transformados pelo amor, perdão e poder de Deus (1 Jo 1.9)

5. Busque o Perdão

A confissão é um bem para a alma. Quão certo é isto. Se confrontado pela verdade, nosso

coração se aquieta diante do pecado do mau uso da palavra e nos deparamos com duas

situações: ou confessamos nosso pecado e nos colocamos sob a graça perdoadora de Cristo ou

levantamos um sistema de autojustificação diante do erro que nos faz aceitar, em nossa

consciência, aquilo que Deus chama de pecado (culpamos a situação, a dor, os outros,

reformulamos a situação para que não se veja erro algum em nós - veja Pv 28.13). Pergunte-se:

que pecado específico no campo da comunicação Deus está me chamando a confessar a Ele e

também aos outros. Ao fazer-se esta pergunta você ouve a voz do Espírito que está

trabalhando a fim de que você tenha a imagem de Jesus e possa produzir seus frutos (Gl 5.16-

26).

6. Conceda Gratuitamente o Perdão

Há dois aspectos no que diz respeito ao perdão a ser concedido gratuitamente. O primeiro

deles trata do perdão judicial em que devemos submeter a Deus qualquer direito de vingança

ou justiça contra o mal que recebemos (Rm 12.19). O segundo aspecto é o perdão relacional

no qual eu devo ter disposição de perdoar qualquer um que venha me procurar pedindo

perdão (Ef. 4.32). A falta de perdão é um dos principais motivos para a falta de mudança, pois

passamos a pelejar contra o próprio Deus quando, na verdade, ao perdoar, nos submetemos a

Ele. Pelejar contra Deus, no final, faz com que pelejemos uns contra os outros.

7. Mude as Regras

Você deve assumir determinadas regras que sejam novas em sua maneira de se comunicar,

abrindo espaço para que aquele com quem você se comunica possa alertá-lo quando não

respeitá-las. Isso deve ser específico e deve responder às perguntas: Em que Deus deseja que

eu mude a minha comunicação? Que novas maneiras de falar devem substituir as antigas?

Ao estabelecer esta nova maneira, entre em acordo com a outra parte (amigo, filhos, esposa,

marido) para que um chame a atenção do outro quando a regra for quebrada. Portanto, a

confissão e o arrependimento deve ser seguido de um compromisso claro e específico de

mudança na maneira de falar (2 Pe 1.3-9).

8. Busque Oportunidades

Aqui nos deparamos com uma mudança de perspectiva. As situações que antes eram motivo

de se proferir palavras grosseiras, discussões e gritarias, se transformam agora em

oportunidade de exercitar a nova maneira de comunicar-se.

Quando deixamos de nos lamentar, abraçamos o evangelho, enfrentamos nosso pecado

buscando o perdão, obtemos uma nova visão para uma vida de comunicação. Agora, cada

momento é uma oportunidade dada por Deus para experimentarmos as coisas maravilhosas

que Deus tem planejado para seus filhos (Pv 28.1). Use as oportunidades que Deus concede a

fim de redimir as palavras que você usa.

9. Escolha as Palavras

Provérbios 15.28 mostra que é o ímpio quem usa as palavras sem refletir. Ao nos depararmos

com as oportunidades que Deus nos concede, temos que refletir e pensar antes de pronunciar

qualquer palavra. Só assim elas serão pronunciadas com sabedoria. Que triste é saber que

muitas pessoas não apenas falam irrefletidamente, como criam desculpas para agir assim (é o

meu jeito, eu não consigo controlar a minha língua, etc). Deus nos deu dois caminhos pelos

quais as palavras devem passar: um é a sua glória ou outro a edificação do meu próximo. O

chamado de Deus é que escolhamos as palavras que trilhem perfeitamente por estes dois

caminhos.

10. Confesse Sua Fraqueza

Cristo veio por nós, devido nossa debilidade e fraqueza diante do pecado. Precisamos aceitar

isso. Por mais que venhamos a obedecer, sempre careceremos de sua graça. Ter esta

consciência é sinal de maturidade espiritual. Quanto mais andamos com o Senhor, quanto

mais entendemos sua Palavra, mais nos certificamos de que débeis e pecadores (2 Co 12.9). O

poder de Deus é para aqueles que reconhecem sua debilidade e dependência. Isso diz respeito

também ao uso das palavras em nossa vida. Portanto, corra à única fonte de graça e força para

vencer na guerra das palavras.

11. Não Dê Oportunidade ao Diabo

Quando Paulo fala de nossa comunicação em Efésios 4, diz que não devemos dar lugar ao

diabo. Satanás é um mentiroso e embusteiro. Ele vem para dividir e destruir. É o inimigo de

tudo quanto é bom e reto. Ele espalha a semente da dúvida, rebelião e desespero. Odeia a fé

viva. Busca nos afastar de Deus e nos fazer lutar um contra os outros. Sendo assim, devemos

ser sábios e não permitir que ele encontre espaço para nos derrotar. Para isso devemos fazer

duas coisas: 1) Comprometermo-nos com uma honestidade valiosa – o compromisso com a

verdade amorosa é uma maravilhosa proteção contra a obra destrutiva do inimigo. 2)

Comprometermo-nos com uma humildade receptiva – fechamos as portas na cara de Satanás

quando nos comprometemos a dizer a verdade com uma abertura humilde para escutá-la.

Conseguindo a Ajuda Necessária

Texto Base: 2 Sm 12

Todos nós temos que realizar tarefas que não são prazerosas, mas que, mesmo assim precisam

ser feitas. Talvez, nos que diz respeito à confrontação, isso também seja assim. Imaginamos

que para fazê-la, temos que arregalar os olhos, alterar a voz e enrijecer o dedo na face do

outro. Se eu disser que irei à sua casa a fim de admoestá-lo, você ficará feliz? De maneira

alguma. Mas, a Bíblia nos ordena a admoestar uns aos outros e, portanto, devemos fazê-lo,

entendendo que a admoestação faz parte do plano de Deus para nossas palavras.

1. Por que Temos Dificuldades da Confrontação?

A maneira mais fácil de responder a esta questão é que, na verdade, nosso pecado nos faz

escondermo-nos, desculparmo-nos e culpar aos outros pelo nosso pecado. A Escritura diz que

os homens amaram mais as trevas do que a luz (Jo 3.19). Isto é verdade! Preferimos ver a

palha no olho do outro do que a trave em nosso próprio olho.

Outro problema é confundir nosso próprio plano com o plano de Deus na confrontação:

1) Quando Nossa Ira e Irritação Pessoal é Confundida com o Propósito de Deus: A

confrontação deve ocorrer quando alguém se desvia da Palavra de Deus, ofendendo e

pecando contra o seu irmão na fé. Mas, nós desviamo-nos do foco que precisa ser tratado

trabalhando com ira e tentando descarregá-la sobre aquele que nos ofendeu.

2) A Falta de Dados Transforma os Fatos em Suposições Prejudicando a Confrontação: O

primeiro passo importante na confrontação é o recolhimento de dados exatos e corretos.

Temos que ter certeza de que estamos vendo o assunto com exatidão. Precisamos saber se a

pessoa é culpada do erro de que está sendo acusada, caso contrário, a confrontação ficará

prejudicada.

3) O Juízo dos Motivos Arruína a Confrontação: nos momentos de confrontação não falamos

apenas do que a pessoa fez, mas tendemos a supor os motivos pelos quais ela fez. Isso faz com

que a correção fique prejudicada, pois a pessoa admoestada se fecha para nos ouvir.

4) O Uso de Palavras de Condenação, Linguajar Acalorado e Tom Emocional Prejudicam a

Confrontação: O momento de confrontação está carregado de tenção. Normalmente falamos

como juízes e deixamos de lado o amor ligado à firmeza que a Escritura nos ordena. Nestas

situações a pessoa abandonará a mensagem e recordará apenas da maneira como falaram

com ela.

5) A Confrontação se Torna Um Encontro de Inimigos e não Um Momento de Preocupação

Amorosa com o Faltoso: Na confrontação não podemos esquecer de quem somos. Não

podemos esquecer que, não fosse a graça de Deus, estaríamos na mesma posição do faltoso.

Esquecemos que existe um verdadeiro inimigo, que não a pessoa que está sendo confrontada.

O propósito da confrontação não é de se levantar contra a pessoa, mas, sim, o de levá-la de

volta a Cristo em arrependimento, confissão e desejo de mudança.

6) Na Confrontação a Escritura é Usada como um Porrete ao Invés de Ser Usada como um

Instrumento de Mudança: O uso mais importante da Escritura no momento da admoestação

não é o do castigo, mas mostrar o que a pessoa é na realidade para que ela possa confessar

seu pecado e mudar.

7) Na Confrontação Muitos Confundem a Expectativa Humana com a Vontade de Deus: O

propósito da confrontação não é fazer com que a pessoa aja como você quer, aceite sua

interpretação e siga o seu plano. O propósito da confrontação é a submissão à vontade de

Deus.

8) A Confrontação é Realizada Em Um Contexto de Distanciamento: Normalmente as partes

envolvidas na admoestação estão distantes entre si. Antes de começar, a confrontação já está

prejudicada. Portanto, para acontecer dentro do modelo bíblico, a confrontação deve estar

envolvida em relacionamentos de amor e de confiança entre as partes.

9) Muitos Esperam que a Confrontação Traga Resultados Imediatos: Queremos ver resultados

imediatos e humanos nas pessoas confrontadas. Não desejamos uma ação do Espírito Santo

nelas. Nada há na Escritura que diga que isso deve acontecer dessa forma. Antes, a

confrontação deve ser vista como o início de um processo de mudança a ser executado no

coração do confrontado.

2. Por que Devemos Confrontar o Pecado?

Apesar de todas as dificuldades que vimos, o pecado deve ser confrontado. No texto de 2 Sm

12, vemos Natã confrontando o rei Davi. O pecado deve ser confrontado, principalmente pelo

fato dele ser difícil de admitir. Nós somos capazes de conviver com determinadas atitudes

contra Deus e o próximo como se nada tivesse acontecido. Somos salvos, somos embaixadores

do reino de Deus, mas estamos em processo de santificação, de maneira que nossa

conversação deve ter como propósito a redenção. Na comunhão dos santos, tendo como base

a santificação, a confrontação deve ser um estilo de vida que visa nosso crescimento e

transformação. Portanto, não devemos sequer discutir se a admoestação faz parte da nossa

vida, mas devemos saber como devemos admoestar.

a) A Confrontação Revela Nosso Pecado Interior: Leia Hb 3.12-15. Esta passagem de Hebreus

nos dá uma noção da obra que temos em nossas mãos. A batalha é árdua, e em virtude disso,

somos chamados a ajudar e receber ajuda. Somos peregrinos cujo coração é propenso a se

desviar do caminho que conduz ao reino. Quando nos iramos contra nosso filho, contra nosso

cônjuge, quando abandonamos nossas convicções bíblicas a fim de sermos favorecidos em um

negócio e em uma posição; quando nos entregamos à impureza sexual, nos afastamos deste

caminho. No texto de Hebreus notamos que ele se dirige aos “irmãos em Cristo”, alertando

sobre um coração duro, mal, distante e incrédulo. É uma referência a uma vida que começa a

se distanciar de Deus progressivamente. E todos nós estamos propensos a isso. Afinal,

enxergamos muito bem o pecado nos outros, mas somos incapazes de enxergá-lo em nós

mesmos. É justamente por isso que precisamos da ajuda uns dos outros a fim de

abandonarmos o pecado que nos assedia.

b) Para Ajudarmos uns aos Outros: Na passagem de Hebreus não há espaço para presunção

ou arrogância. Há, sim, uma chamada a um ministério interdependente e de ajuda mútua,

sendo todos, no final, servos de Deus. Somos pessoas que auxiliam e que também precisam de

ajuda. Servir e ser servido. Reconhecer quem somos e qual a nossa necessidade é que nos

habilita a ajudar aos outros. Não é um chamado apenas ao pastor, mas, sim, a todos os

membros do corpo. Não é apenas enquanto estamos na igreja, mas para todos os dias e que

exige comunhão e convivência cristãs.

- Com Frequência: A ideia do texto de Hebreus é que todos os crentes ministram uns aos

outros, todos os dias. Quando reconhecemos nossa necessidade espiritual de crescimento e

santificação, ao mesmo tempo, de mortificação do velho homem, nos esforçamos para juntos

(marido e mulher, pais e filhos, irmãos em Cristo) nos admoestarmos em amor.

- Com Espírito de Humildade: No evangelho a magnitude de nosso pecado e a grandeza da

graça de Deus são reveladas. Isso impede qualquer jactância da nossa parte. Paulo sabia disso

(1 Tm 1.15-17). O ministério de intervenção pelo outro nasce pela constatação de que não há

nada que eu dê e que eu mesmo não precise. Posso ter conhecido a Deus há muito tempo,

mas não há nada hoje que eu não precise, tanto quanto precisava no começo. Enfim, a

humildade reconhece que se pode oferecer uma coisa para ajudar: Jesus Cristo.

- Com uma Mensagem: Nossa mensagem ao outro não é de acusação, ou apenas de

confrontação, mas, especialmente, de ânimo. Somos chamados a animar um ao outro para

vencer a batalha contra o pecado até obtermos a completa vitória. Afinal, todos nós

desanimamos quando o tempo parece longo, tudo parece muito difícil, fazendo com que

sentimos vontade de desistir.

- Com a Devida Análise: Lembre-se que na admoestação (1) devemos levar em conta nosso

chamado de embaixadores e, portanto, de levar as pessoas a conhecerem as razões de Deus;

(2) devemos levar em conta a forma como falamos, ou seja, sem arrogância, mas levando as

pessoas a mudar; (3) devemos lembrar que somos tão pecadores quanto as demais pessoas -

assim teremos paciência em esperar as devidas mudanças; (4) devemos usar palavras sábias

com a ajuda de Deus e não nossas próprias palavras pecaminosas; (5) devemos nos preparar

para escutar a fim de que a admoestação seja interativa; (6) devemos esperar que o Espírito

Santo realize as mudanças; (7) devemos animar com o Evangelho desafiando ao

arrependimento e animando com a graça infinita de Deus.