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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN 1808-8716 Ito, Siqueira. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017;3(gt1):1-17 A participação das pessoas comuns na construção do conhecimento científico sobre as mudanças climáticas: uma abordagem teórica e prática GT – 01 – Mudanças climáticas, ciência, tecnologia e Sociedade na América Latina Rodrigo Ito Érica Hevellin da Silva Siqueira

A participação das pessoas comuns na construção do ... · Neste ensaio, argumenta-se que a participação de pessoas comuns, particularmente em projetos de Citizen Science, tem

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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN∕ 1808-8716 Ito, Siqueira. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017;3(gt1):1-17

A participação das pessoas comuns na construçãodo conhecimento científico sobre as mudançasclimáticas: uma abordagem teórica e prática

GT – 01 – Mudanças climáticas, ciência, tecnologia e Sociedade naAmérica Latina

Rodrigo ItoÉrica Hevellin da Silva Siqueira

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“Even if the open windows of science at first makes us

shiver [...] in the end, the fresh air brings vigor, and

the great spaces have a splendor of their own ”

- Bertrand Russel

1. Introdução

O dicionário britânico Oxford (2017, tradução nossa) define a ciência como “a atividade

intelectual e prática que engloba o estudo sistemático da estrutura e comportamento do mundo físico e

natural através da observação e experiência”. A ciência, portanto, é uma atividade que objetiva

produzir luzes que iluminarão os caminhos da escuridão marcados pela ignorância e pelo preconceito.

É, por meio da ciência, que o ser humano pode alcançar a sua racionalidade. Além disso, é também

através desta atividade que o homem é capaz de dinamizar a produção econômica, viabilizar a eclosão

de inovações tecnológicas e, consequentemente, gerar desenvolvimento econômico para as diversas

sociedades.

A ciência, pronunciada como uma atividade intelectual, é conduzida pelos cientistas que

detêm expertise. São esses profissionais, que se encontram dentro dos muros das universidades e dos

laboratórios, que buscam compreender e descrever os fatos e fenômenos da natureza. As pesquisas

empreendias por eles são livres de qualquer influência ou de preconceitos. Em outras palavras, o

trabalhado desempenhado por eles é neutro (MERTON, 1979).

Essa imagem positiva e neutra da ciência perdurou como um consenso quase universal por um

longo período e ainda está presente na mente de vários acadêmicos, principalmente dos que atuam nas

hard sciences, dos policy makers e de parcela da população mundial (DAGNINO, 2008). A partir dos

anos 1960, há o nascimento de movimentos de contestação que questionam a ciência e a tecnologia –

aqui entendida como aplicação prática dos conhecimentos científicos – e os seus efeitos estritamente

benéficos para a sociedade O surgimento de provas que ressaltam indícios do impacto nocivo das

tecnologias sobre o meio ambiente (e.g., desastres causados pelo vazamento de material radioativo das

usinas nucleares) e a crescente substituição da força humana por máquinas (tecnologia incorporada)

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nas indústrias gera um ressentimento com a ciência por uma parcela dos cidadãos de diversos países

(RIGOLIN, 2014; VELHO, 2011). Por outro lado, esses questionamentos estimularam um desejo que

a ciência se tornasse democrática, com maior participação de pessoas leigas (lay people) 1 nas

decisões técnicas e na construção do conhecimento científico (SISMONDO, 2010).

No decorrer dos anos, a participação de pessoas comuns no empreendimento científico

cresceu significativamente. Por exemplo, vários indivíduos de diferentes países realizaram debates

públicos sobre questões controvérsias da ciência e outros se engajaram ativamente em projetos

científicos. Diversos autores (SISMONDO, 2010; PRAINSACK, 2014; LIDSKOG, 2008) declaram

que a colaboração dessas pessoas se tornou essencial para a ciência, o que permitiu a

institucionalização de um modo de produção de conhecimento científico: o Citizen Science – a

realização da ciência por amadores sozinhos ou em parceria com os cientistas.

Bonney e Dicksison (2012) observam que o maior engajamento dessas pessoas em atividades

de ciência tem como pano de fundo o desejo delas em contribuir com o avanço e refinamento de

conhecimentos sobre problemas que as afetam ou que elas se interessam. Uma dessas questões são as

mudanças climáticas.

Nos últimos 150 anos, a ação humana acelerou o processo de aquecimento do planeta. A

utilização de recursos não renováveis, a exemplo do petróleo, a produção incessante de bens de

consumo e o desmatamento de florestas levaram ao aumento de gases de efeito estufa que formam

uma camada na atmosfera e impedem que as reflexões solares retornem ao espaço, aquecendo então o

planeta. Como consequência, o equilíbrio do ecossistema global está se alterando e diversos seres

vivos estão sendo afetados, inclusive com riscos de extinção.

As mudanças climáticas são um problema global. Todas as regiões do planeta, em menor ou

maior grau, sofrem com o aquecimento este aquecimento. Dessa forma, torna-se fundamental que haja

uma maior compreensão sobre o problema para que soluções possam ser tomadas. Neste ensaio,

argumenta-se que a participação de pessoas comuns, particularmente em projetos de Citizen Science,

tem relevante papel para construção de conhecimentos científicos sobre os efeitos da alteração da

temperatura mundial.

1 Neste ensaio, pouco pouco se utiliza a expressão “pessoas leigas”. Entende-se que as pessoas não são leigas,pois elas possuem diversos conhecimentos que talvez não sejam os científicos, mas são importantes. Prefere-seutilizar a expressão “pessoas comuns” para fazer uma diferenciação entre as pessoas que não são cientistas e oscientistas.

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Ademais, este ensaio apresenta três objetivos principais: I) a partir de uma revisão teórica dos

trabalhos de autores dos Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia (ESCT), demonstrar que há novos

produtores de conhecimento científico, além dos cientistas; II) realizar uma breve exposição sobre as

causas e efeitos das mudanças climáticas; e III) tendo como referência um projeto de Citizen Science,

retratar a contribuição de pessoas comuns para o avanço dos conhecimentos sobre os efeitos

provocados pelas mudanças climáticas.

Para atingir tais propósitos, estruturou-se este trabalho em quatro partes: a introdução; duas

seções de desenvolvimento, na quais serão apresentados uma revisão teórica de ESCT, um panorama

sobre como as mudanças climáticas estão afetando os diversos biomas do planeta e um projeto de

Citizen Science, o eBird, que conta com a participação de “observadores de pássaros” ao redor do

mundo para coletar dados sobre as várias espécies de aves; e a conclusão, que reforça a relevância da

participação das pessoas comuns na construção do conhecimento científico.

2. Produtores da ciência: da torre de marfim para os lugares mais remotos do planeta

Compreender e analisar a ciência e seus vários aspectos é uma missão árdua e complexa. A

ciência, diferente do que acreditava Merton (1979), não é neutra, nem é regida pelos quatro

imperativos institucionais: universalismo, comunismo, desinteresse e ceticismo organizado. Na

verdade, a ciência é uma construção social (VELHO, 2011) e, com efeito, incorpora valores e

interesses dos membros de uma sociedade que a realizam. O desenvolvimento da ciência não ocorre de

forma estável e contínua. Kuhn (1962) demonstrou que as disciplinas científicas se desenvolvem

dentro de um determinado paradigma até que outro o substitua e, então, um novo progresso se inicia.

Para completar esse quadro complexo da ciência, sinaliza-se que os produtores de conhecimento

científico não são somente os cientistas, mas podem ser qualquer pessoa que queira e possa contribuir.

Por um longo período da história, acreditou-se que os cientistas eram os únicos atores capazes

de elaborar e avançar o conhecimento científico2 (COLLINS et EVANS, 2002). Com o fim da

2 A ciência, por diversos séculos, poderia ser realizada por qualquer pessoa, inclusive pelas pessoas comuns.Bonney e Dickson (2012) apontam que a participação pública no fazer a ciência já era observada desde a épocade Aristóteles. Já Prainsack (2014) discorre que até o século 19 os produtores de conhecimento científico eramautodidatas que não detinham treinamento formal. Segundo a autora, com a institucionalização da ciência nosséculos XIX e XX, as pessoas comuns que atuavam no empreendimento científico são substituídas peloscientistas, profissionais formalmente treinados.

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Segunda Guerra Mundial, as sociedades ocidentais, apesar de terem observado os efeitos nocivos das

bombas nucleares, demonstram atitudes positivas em relação à ciência (VELHO, 2011). Não é à toa

que um relatório que descreve a “ciência como uma fronteira sem fim” é elaborado para justificar a

alocação de recursos públicos para a expansão e criação de campos científicos e o desenvolvimento de

tecnologias (BUSH, 1945). O positivismo em relação à ciência, somado à crença por parte da

sociedade de que apenas uma parcela dos homens era capaz de observar e sintetizar os fenômenos da

natureza, legitima os cientistas como os únicos produtores de conhecimento científico. Eles, por sua

vez, tentam afastar-se das influências e pressões externas e direcionam sua agenda de pesquisa para a

expansão da ciência básica (VELHO, 2011). Esta busca pela desvinculação da pesquisa científica das

pressões da sociedade demonstra que os cientistas viviam em uma “Torre de Marfim”3 (FAGUNDES,

2013, p. 5).

Do final da Segunda Guerra Mundial até o início da década de 1980, a ciência continuou

sendo realizada majoritariamente pelos cientistas. No ínterim deste período, surgem movimentos

sociais, a exemplo dos que defendem a causa ambiental, que contestam a ciência como algo que gere

estritamente efeitos positivos. Apesar disso, a ciência ainda era considerada a fonte de esperança para

a solução dos problemas socioeconômicos e os cientistas seus únicos exploradores. Essa realidade se

modifica a partir dos anos 1980 (VELHO, 2011), período em que diversos acadêmicos das ciências

sociais passam a estabelecer grupos de pesquisas e programas empíricos para demonstrar que a ciência

é uma construção social. O Programa Forte dos acadêmicos de Edimburgo, por exemplo, objetivou-se

a analisar o conteúdo do conhecimento científico a partir da perspectiva sociológica (SISMONDO,

2010). Por sua vez, o Programa Empírico do Relativismo (EPOR) se propôs a demonstrar que o

mundo natural pouco influencia na construção do conhecimento científico (COLLINS, 1981).

Portanto, a partir da ideia de que a ciência é socialmente construída, a produção do conhecimento

científico se daria dentro da estrutura de uma sociedade, podendo ser conduzida nos mais diversos

locais e por diferentes atores inter-relacionados (VELHO, 2011).

Gibbons et al. (1994) formulam um arcabouço teórico para evidenciar as dinâmicas da

produção da ciência dentro de um contexto em que os cientistas não são os únicos membros da

sociedade capazes de avançar o conhecimento científico. A teoria que os autores apresentam é o Modo

1 e Modo 2 da produção do conhecimento. O funcionamento do Modo 1 se assemelha com a ideia do

funcionamento da ciência normal, estabelecido dentro de um paradigma, defendida por Kuhn (1962):

3 Segundo Fagundes (2013, p. 5), Torre de Marfim é uma expressão “utilizada para designar um mundo ondeintelectuais debatem temas desvinculados das preocupações diárias”.

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as normas, os conceitos, os valores e os métodos dominantes de uma determinada disciplina delimitam

a forma e o conteúdo da agenda de pesquisa de um cientista. Esse se preocupa com problemas

relacionados à ciência básica e está interessado com questões acadêmicas (SILVA et DA COSTA,

2014). Nesse modo, não há espaço para pessoas além dos muros das universidades e dos laboratórios

participarem da produção científica, tampouco há diálogo entre acadêmicos de diferentes áreas da

ciência. Gibbons et al. (1994) então caracterizam o Modo 1 como disciplinar, homogêneo e

hierárquico.

Parte da produção do conhecimento científico ainda é realizada de forma similar ao que é

descrito no Modo 1, entretanto há uma nova dinâmica da geração de conhecimento que se distancia

dessa maneira de fazer a ciência. Gibbons et al. (1994) compreendem que os conhecimentos

científicos e tecnológicos podem ser gerados a partir da interação de atores com diferentes

backgrounds de uma sociedade. Os autores frisam que o conhecimento é produzido dentro de um

contexto de aplicação: tendo em vista a solução de um determinado problema, acadêmicos,

engenheiros e técnicos, entre outros participantes de segmentos variados4, estabelecem redes de

interação (networks). Portanto, o conhecimento é gerado dentro de um “contexto transdisciplinar” e

seu locus de produção não se restringe à academia, podendo ser as empresas, organizações não

governamentais ou institutos de pesquisa públicos e privados, etc. (SILVA et DA COSTA, 2014, p. 61).

Essa nova dinâmica é intitulada de Modo 2 (GIBBONS et al., 1994).

Uma segunda modalidade de produção de conhecimento que envolve a participação do

público é o Citizen Science. Nessa forma de geração de novos conhecimentos, pessoas de diversas

regiões do planeta participam de projetos científicos que tratam de assuntos ou problemas de seus

interesses ou que as afligem (LIDSKOG, 2008). De acordo com Bonney e Dickison (2012), há vários

motivos para que essas pessoas colaborem com esses projetos: desejo de compreender o objeto de

estudo pesquisado, de entender os fenômenos da natureza e de expandir os conhecimentos de um

campo de estudos. Ademais, a participação delas pode se dar de diversas maneiras: por meio do

financiamento de pesquisas, da coleta de dados e da análise e divulgação dessas informações

(PRAINSACK, 2014).

Muitos dos projetos de Citizen Science são realizados no campo de estudos da ciência médica,

pois os pacientes ou seus familiares desejam contribuir no empreendimento científico que poderá

4 O modo 2 reflete uma tentativa de democratização do processo de produção do conhecimento científico com aparticipação de novos atores e a interação deles com os cientistas. Apesar disso, Lidskog (2008) pondera queesse modo de produzir conhecimento não é inclusivo para todos os cidadãos, dado que os atores participantesseriam somente pessoas com um alto nível de educação.

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encontrar a cura ou reduzir os efeitos colaterais de várias doenças (ibid.). Callon e Rabeharisoa (2008

apud SISMONDO, 2010) citam que, na França, um grupo de pacientes com distrofia muscular e seus

pais formaram uma associação para conduzir, em parceria com cientistas, pesquisas relacionadas a

essa patologia genética.

Além da participação em pesquisas médicas, há também pessoas comuns que estão

cooperando ativamente em projetos nas mais variadas áreas de estudo. O portal digital Scistarter:

Science we can do together (2017) elenca vários casos de Citizen Science nos campos da agricultura,

da química, da psicologia e da ecologia, etc. Um exemplo interessante é um projeto da NASA que

convida a todos os cidadãos do mundo a enviarem, por meio de um aplicativo de celular, observações

e fotos das nuvens à instituição americana para que os cientistas possam verificar as mudanças que

estão ocorrendo na esfera celestial (SCIESTARTER, 2017).

Ademais, talvez haja um questionamento sobre como as pessoas comuns, sem conhecimento

prévio da questão científica analisada, possam desempenhar atividades complexas antes realizadas

somente pelos cientistas. Bonney et al. (2009) afirmam que os líderes dos projetos de Citizen Science

desenvolvem ferramentas que auxiliam os participantes a executar suas funções. Por exemplo, a

elaboração de materiais didáticos e protocolos de fácil compreensão que explicam como os

participantes devem coletar dados sobre um determinado fenômeno. Prainsack (2014) ressalta que,

com o avanço das tecnologias de informação, plataformas digitais (portais de Internet e aplicativos de

telefones portáteis) foram elaboradas para facilitar a participação popular. Com uma interface simples

e acessível, essas plataformas proporcionaram um significativo aumento no número de pessoas leigas

que dedicam parte de seu tempo para contribuir com o avanço da ciência.

Tendo como referência o Modo 2 e a noção de Citizen Science, afirma-se que a atividade

científica não é mais empreendida somente pelos cientistas. A participação de atores que possuem

qualificações diversas e vem de diferentes instituições torna-se cada vez mais essencial para produção

de novos conhecimentos. Como pode ter sido observado, esses novos produtores de ciência, que

podem estar localizados em qualquer lugar do planeta, estão engajados na busca por soluções de

diversos problemas.

Na próxima seção, será discutida uma questão que afeta a todos independente de nacionalidade

ou da classe social: as mudanças climáticas. Em seguida, será apresentado um projeto de Citizen

Science na qual pessoas comuns observam os pássaros e enviam as informações obtidas para um

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repositório. Com esses dados em mão, os cientistas estão desenvolvendo pesquisas mais robustas

sobre os efeitos das mudanças climáticas.

3. Mudanças climáticas

3.1. Causas e consequências

Durante os 4,5 bilhões de anos do Planeta Terra, o sistema de climas foi alterado diversas

vezes. Os cientistas creditam essas alterações a fatores naturais. Entretanto, nos últimos 150 anos, há

um fator não natural que está provocando drásticas e rápidas modificações nos diversos climas do

planeta: a ação humana (IPCC, 2014).

A relação entre o homem e a natureza foi modificada profundamente com o advento da

Revolução Industrial. A introdução de máquinas no sistema produtivo foi preponderante para a

expansão da produção e, consequentemente, do consumo. Para manter essas máquinas operando, o

homem utiliza recursos não-renováveis, tais como carvão, que são nocivos ao meio ambiente. Além

disso, alguns dos bens produzidos dependem também desses recursos para que possam funcionar, a

exemplo dos carros que são movidos por gasolina, um derivado do petróleo. Há também o despejo de

dejetos industriais em lugares inapropriados e que acabam sendo poluídos por eles. Para completar

essa imagem de gradativa destruição do meio ambiente, a produção e o consumo desenfreados levam o

homem a destruir florestas com o intuito tanto de extrair recursos naturais, como também transformá-

las em pastos para a criação de gado.

Os cientistas argumentam que a utilização de alguns recursos não-renováveis libera gases de

efeito estufa (dióxido de carbono, metano e óxido nitroso) que aquecem o planeta e alteram, sem

exceção, todos os climas. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas –

IPCC (2014), a excessiva emissão desses gases na atmosfera resultou na constatação de com que o

período entre 1983 e 2012 foi o mais quente dos últimos 1400 anos. Esta instituição internacional

indica também que, como resultado do aquecimento do planeta, a acidez dos oceanos aumentou cerca

de 26% desde o início da I Revolução Industrial, as geleiras da Groenlândia e da Antártida estão

derretendo em um ritmo acelerado e o nível médio dos oceanos se elevou cerca de 0.19 metros entre

os anos 1901 e 2010.

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Todas essas alterações afetam negativamente o equilíbrio do ecossistema planetário. Os

pesquisadores do IPCC (2014) afirmam que a qualidade e quantidade de água estão sendo modificadas

pelo derretimento das calotas polares ou por mudanças de precipitações. Eles ainda asseveram que está

ocorrendo um rearranjo no comportamento e na dinâmica de espécies terrestres, de água doce e

marinhas: “muitas espécies [...] mudaram suas faixas geográficas, atividades sazonais, padrões de

migração, abundâncias e interações de espécies em resposta a mudanças climáticas em curso” (p. 6,

tradução nossa).

Os seres humanos também sofrem as consequências do aquecimento do planeta Terra. Entre

os anos 1990 e 2003, o número de desastres naturais saiu de um patamar de 260 para 337. Nos Estados

Unidos, a ocorrência de furacões tornou-se mais intensa. Já na Europa, a incidência de eventos

climáticos extremos, tais como períodos de excessivo calor ou de demasiado frio, são cada vez mais

recorrentes. Em relação ao Brasil, observa-se que algumas regiões do país, a exemplo do Sudeste,

estão padecendo de períodos de preocupantes estiagens, o que não era comum (JURAS, 2008). Nobre

(2011) cita que algumas localidades do Nordeste brasileiro estão passando por um acelerado processo

de desertificação.

O IPCC (2014) ressalta que, se nada for feito para conter o avanço do aquecimento global, as

consequências poderão ser irreversíveis: diversas espécies de animais serão extintas; a produção de

grãos poderá ser reduzida, colocando em risco a segurança alimentar; reservas de águas potáveis serão

cada vez mais escassas; novas doenças surgirão, afetando principalmente os cidadãos dos países

pobres; e diversas regiões costeiras poderão ser inundadas.

Ressalta-se novamente que as mudanças climáticas se configuram como um problema de

natureza global que acomete a todos. Portanto, é essencial que haja um maior corpo de conhecimento

científico sobre a questão para que os policy makers e os cidadãos possam adotar medidas que

ajudarão na contenção do aquecimento do planeta Terra. Umas das formas para avançar o

entendimento sobre as causas e consequências desse problema é por meio da contribuição de pessoas

comuns em projetos de Citizen Science.

3.2. eBird: estudo de caso

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O laboratório de Ornitologia da Universidade de Cornell, em Nova Iorque, possui diversas

iniciativas que contam com a participação popular para realizar novas descobertas científicas. Várias

pessoas ao redor do mundo coletam dados e informações sobre as mais variadas espécies de pássaros.

Por exemplo, o laboratório, em parceria com o Birds Studies do Canadá, conduz o projeto

Feederwatch, no qual pessoas com diferentes níveis de instrução observam e contam, durante o

inverno norte-americano, o número de pássaros que pousam em seus alimentadores ( feeders). Essas

informações são enviadas para plataforma online do projeto e os cientistas as utilizam para apreender

sobre a distribuição e a movimentação dos pássaros (PROJECT FEEDERWATCH, 2017).

Outro projeto de Citizen Science liderado pelo laboratório de Ornitologia é o eBird. Em 2002,

um grupo de pesquisadores dessa instituição, em associação com a National Audubon Society, criaram

uma plataforma digital para que qualquer pessoa pudesse colaborar com pesquisas científicas sobre a

dinâmica dos pássaros. De forma similar ao projeto Feederwatch, os participantes também contam o

número de aves e enviam as informações obtidas para uma base de dados online (EBIRD, 2017).

Segundo Lagoze (2014), o eBird tem conseguido atrair uma grande quantidade de

participantes por diversos motivos. O autor aponta que o website e o aplicativo para telefone celular do

projeto são bastante acessíveis, assim os voluntários facilmente conseguem enviar suas contribuições.

Essas plataformas permitem a interação entre os participantes para que eles possam compartilhar

informações e sugerir aperfeiçoamento nas técnicas de observação. Além disso, também possibilitam

com que os voluntários, a partir da exploração do banco de dados, aprendam sobre diferentes espécies

de aves espalhadas pelo planeta.

Sulivan et al. (2014) chamam atenção para a flexibilidade dessas plataformas, que podem ser

customizadas até um certo nível para os diferentes segmentos de usuários. Por exemplo, elas são

traduzidas do inglês para vários idiomas para que pessoas que não compreendem a língua inglesa

possam participar do projeto.

Todos esses recursos que o site e o aplicativo do eBird possuem, somada à alta popularidade

da atividade de observação de pássaros (bird watching), acarretaram com que, desde a criação do

projeto em 2002 até o ano de 2013, cerca de 150 mil voluntários de diferentes nacionalidades

submetessem mais de 40 milhões de observações (ibid.)

Com um robusto volume de dados sendo submetido diariamente, é fundamental que existam

filtros e controles para garantir a qualidade dessas informações. A partir de dados coletados

previamente, um software calcula a probabilidade de encontrar um determinado pássaro em uma

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região específica. Caso o observador insira na plataforma uma informação sobre uma ave que não é

comum em uma localidade, o software levantará uma bandeira amarela e um dos 450 revisores

voluntários checará a informação (KELLING et al., 2012).

O banco de dados do eBird tem sido uma preponderante fonte para a elaboração de políticas

de conservação (conservation policy) e de pesquisas científicas. Lagoze (2014) assevera que a North

American Bird Conservation Initiative utiliza essa base de dados para realizar análises sobre a situação

dos pássaros dos Estados Unidos e propor estratégias de conservação. O autor também afirma que

vários cientistas extraem informações dessa base para realizar suas pesquisas. Alguns biólogos, por

exemplo, estão mapeando a alteração do padrão de migração dos pássaros como efeito das mudanças

climáticas.

Hurlbert e Liang (2012), em um estudo intitulado “spatiotemporal variation in avian

migration phenology: citizen science reveals effects of climate change”, analisaram a dinâmica

migratória de 18 espécies de pássaros na costa leste norte americana para um período de 10 anos, entre

2000 e 20105. Os dois biólogos, tendo como pressuposto de que o aquecimento global está alterando o

período de migração dessas aves durante a primavera, procuram analisar como cada uma dessas 18

espécies estão adaptando seus ciclos fenológicos (e.g. migração e reprodução). Esses acadêmicos

observam que as espécies que levam mais tempo para percorrer uma determinada distância do Sul para

o Norte dos Estados Unidos ajustam melhor seus ciclos migratórios como resposta às mudanças

climáticas. Assim, em anos mais quentes, elas chegam mais cedo no norte do país e, nos anos mais

frios, elas demoram mais. Essa capacidade de adaptação é primordial para a manutenção da

sobrevivência dessas espécies. Em relação às que avançam mais rápido na distância entre o sul e o

norte do país, os autores notaram que essas aves apresentam baixa flexibilidade quanto à adaptação de

seus ciclos migratórios e, como efeito disso, elas estão desaparecendo.

Este trabalho desenvolvido por Hurlbert e Liang (2012) apresenta um grande diferencial

quando comparado com outros realizados na mesma temática: a utilização de dados extraídos da base

do eBird. Muitos estudos sobre a migração dos pássaros são construídos a partir da obtenção de dados

pontuais em uma única ou em algumas reservas ambientais, assim o escopo de análise desses trabalhos

acaba sendo limitado. Já o estudo desses dois autores, que teve como método de pesquisa a utilização

5 No próximo parágrafo, será apontado que, para o estudo de Hurlbert e Liang (2012), foi utilizado o banco dedados do eBird. Apesar de ter sido criada só em 2002, a base de dados possui informações de anos anteriores,graças à colaboração de voluntários que enviaram observações realizadas antes de 2002.

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do banco de dados do eBird, demonstra um nível de riqueza de detalhes sobre a dinâmica dos pássaros

norte-americanos em uma ampla área de cobertura espacial durante um longo período de tempo.

Cooper et al. (2014) apontam que é cada vez mais comum os biólogos que analisam o impacto

das mudanças climáticas sobre o padrão migratório das aves se apoiarem nos dados fornecidos pelos

programas de Citizen Science. Ao escrutinar 173 artigos originais sobre o determinado assunto, eles

descobriram que 84 desses artigos foram fundamentados em dados coletados por pessoas comuns.

Colocadas essas observações sobre o eBird, é importante explicitar e analisar algumas

implicações que este e outros projetos de Citizen Science ocasionam para a expansão do conhecimento

científico sobre as mudanças climáticas.

Inicialmente, como pode ter sido notado, a base de dados do eBird tornou-se uma peça

fundamental para o desenvolvimento de vários estudos científicos. Milhares de pessoas, espalhadas

nos seis continentes do planeta, alimentam diariamente o repositório do projeto com informações

sobre quase todas as espécies de pássaros existentes. Com esses dados facilmente disponíveis na

Internet, os cientistas os utilizam para inferir vários aspectos relativos às características e dinâmicas

desses pássaros, tais como os locais onde podem ser encontrados ou a previsão da data de chegada a

um determinado local. Em relação à ampliação do conhecimento sobre mudanças climáticas, pode-se

apontar, por exemplo, que os pesquisadores Hurlbert e Liang (2012) descobriram que algumas

espécies de pássaros têm maior capacidade de adaptação do que outras ao aumento da temperatura do

planeta.

Em seguida, pode-se indicar uma importante implicação para as pessoas que doam parte de

seu tempo para observar os pássaros e coletar dados: a aprendizagem. Com um website acessível, o

eBird fornece explicações didáticas sobre as mais variadas espécies, disponibiliza a base de dados e

permite também que o usuário interaja e compartilhe informações com outros participantes. Todas

essas ferramentas proporcionam com que os colaboradores possam sempre aprender algo novo6. É

essa uma das razões para eles continuarem a cooperar com o projeto. Como efeito dessa maior

participação popular, os cientistas terão mais dados disponíveis e poderão compreender melhor as

consequências a sobrevivência e dinâmica dos pássaros provocadas pelas mudanças climáticas.

6 Em épocas de dúvidas sobre a existência dos problemas das mudanças climáticas, a exemplo da atual na qual opresidente do país mais poderoso do mundo, com suporte de seus eleitores, retirou a nação do acordo de Paris, osprojetos de Citizen Science podem ser preponderantes para que pessoas comuns compreendam que oaquecimento global é real.

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Por fim, a importância da utilização dos dados colhidos pelas pessoas comuns, para os

projetos de Citizen Science, pode ser explicada por três diferentes razões elencadas por Cooper et al.

(2014, p. 2, tradução nossa):

(i) a influência da mudança climática abrange amplas escalas espaciais,possivelmente afetando espécies em toda a sua gama; (ii) as respostas ecológicas sãoaltamente variáveis em todo espaço, ou seja, nem todas as populações estão expostasa tendência similares no clima; e (III) os impactos induzidos pelo clima ocorrem porlongo períodos de tempo, de décadas a séculos, geralmente mais longos do que aduração das carreiras de qualquer cientista ou um ciclo típico de financiamento.

As mudanças climáticas se mostram como problema complexo que acomete, em diferentes

níveis, os seres vivos do planeta. As consequências dessa questão, portanto, são as mais variadas

possíveis e demoram a ser assimiladas em sua totalidade, o que torna bastante complicado o trabalho

dos cientistas. Os projetos de Citizen Science que agregam milhares de dados podem ser uma fonte

imprescindível a esses pesquisadores, de forma que fornecem dados com uma grande amplitude de

tempo e espaço.

4. Conclusão

Para este ensaio, partindo da premissa de que pessoas comuns, que não são cientistas, têm

papel fundamental para o avanço do conhecimento científico sobre as mudanças climáticas, foram

estabelecidos três objetivos a serem alcançados: I) fundamentado nas teorias de ESCT, demonstrar que

a atividade científica pode ser desempenhada por qualquer indivíduo que deseja contribuir com o

avanço da ciência; II) apresentar as causas e os efeitos das mudanças climáticas; e III) a partir de um

caso prático de Citizen Science, o projeto eBird, salientar como os observadores de pássaros estão

contribuindo para o trabalho de cientistas que analisam o aquecimento global e o efeito disso nas

alterações climáticas.

As teorias sobre o Modo 2 de Produção de Conhecimento, de Gibbons et al. (2009), e Citizen

Science corroboram com o argumento de que a ciência pode ser produzida em vários lugares e não

somente nos laboratórios e nas universidades. O Modo 2 reflete a concepção de que pessoas

qualificadas de diferentes instituições podem gerar novos conhecimentos a partir da solução de um

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problema. Já em relação à abordagem de Citizen Science, explicita-se que qualquer um, independente

do nível de instrução, pode colaborar com a atividade científica por meio da realização de diversas

funções, por exemplo, a coleta e a análise de dados.

Em seguida, apresentou-se um panorama sobre as mudanças climáticas. Foi observado que a

ação humana é a principal razão para o aumento dos gases de efeito estufa. A consequência disso é que

a elevação da temperatura do planeta já está causando sérios danos aos diversos ecossistemas,

inclusive, levando à extinção de diversas espécies de animais e provocando alterações climáticas, que

eram incomuns há alguns anos. No final da seção sobre as causas e consequências, apontou-se que é

necessário um maior corpo de conhecimentos sobre as mudanças climáticas para encontrar soluções a

esse problema global e que as pessoas comuns podem ser uma fonte primordial para o

desenvolvimento de trabalhos científicos sobre essa temática.

Posteriormente, foi retratado um projeto de Citizen Science, o eBird, para exibir como os

cidadãos de diversos países estão colaborando com o entendimento sobre um dos muitos efeitos das

mudanças climáticas: a adaptação dos ciclos fenológicos das espécies de pássaros. Por meio da

observação dessas aves, essas pessoas foram fundamentais para a formação de um banco de dados rico

e variado, o que está permitindo cientistas realizarem importantes descobertas.

Para concluir, é importante afirmar que o eBird é apenas um de vários projetos de Citizen

Science que estão permitindo uma melhor compreensão sobre os impactos do aquecimento do planeta.

Há diversas inciativas que estão permitindo captar outros efeitos em diferentes animais.

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