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V ENCoNtRo LUSo-BRASILEIRo DE HIStóRIA DA MAtEMÁtICA 3 A 7 DE oUtUBRo DE 2007 263 A participação de alguns matemáticos luso-brasileiros nas comissões demarcadoras das fronteiras brasileiras no século XVIII Iran Abreu Mendes (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Natal/Brasil) Parecerista: Sergio Nobre Resumo A assinatura dos tratados de Madri (1750) e de Santo Ildefonso (1777), determinou os novos limites das terras portuguesas e espanholas na América, reconhecendo o domínio português sobre a Amazônia, o Centro-oeste e o Sul, já conquistados por colonizadores. A Espanha, por sua vez, tinha interesse em obter a Colônia do Sacramento e o Território da Colônia, o que foi confirmado no artigo XIII do referido Tratado. Em conseqüência deste tratado, foram organizadas duas comissões mistas (portuguesa e espanhola) para demarcar os limites: uma para operar na região setentrional e outra no Sul, cada uma subdividida em três grupos que partiriam com direção a trechos bem definidos. A comissão mista do Sul, tinha por missão fazer o levantamento de demarcação, desde Castilhos Grandes (atual cidade de Castillos, no Uruguai), na margem atlântica até o Rio Jauru, no Paraguai. As comissões mistas do Norte, também subdivididas em três grupos, foi constituída com os seguintes fins: a primeira tinha a função de fazer o levantamento do trecho entre a confluência dos rios Jauru e Paraguai e o curso médio do Madeira; a segunda, o traçado da linha paralela Madeira-Javari, e a terceira, Solimões abaixo e Japurá acima, se encarregaria de estabelecer os limites pelas cordilheiras setentrionais até a foz do oiapoque no Atlântico. Como parte de uma pesquisa que estamos realizando, neste trabalho discutiremos a importância da participação de alguns matemáticos formados pela universidade de Coimbra nessas comissões demarcadoras das terras portuguesas no Brasil como Miguel Antonio Ciera, Francisco José de Lacerda e Almeida, Antônio Pires da Silva Pontes Leme, Sebastião José da Silva, Alexandre Rodrigues Ferreira e Joaquim José da Silva, entre outros. Nesse sentido, abordaremos aspectos referentes aos trabalhos realizados e a produção desses matemáticos a partir de suas viagens pelas regiões já mencionadas. Nosso estudo se baseia na investigação de alguns relatos ou diários de viagens desses matemáticos bem como em trabalhos já realizados a esse respeito por historiadores, antropólogos, cartógrafos, astrônomos e jornalistas. Para a obtenção das informações utilizamos fontes primárias e secundárias de modo a fazer uma arqueologia dos fatos históricos e assim construir um dossiê sobre o tema investigado.

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A participação de alguns matemáticos luso-brasileiros nas comissões demarcadoras das fronteiras brasileiras

no século XVIII

Iran Abreu Mendes(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Natal/Brasil)

Parecerista: Sergio Nobre

Resumo

A assinatura dos tratados de Madri (1750) e de Santo Ildefonso (1777), determinou os novos limites das terras portuguesas e espanholas na América, reconhecendo o domínio português sobre a Amazônia, o Centro-oeste e o Sul, já conquistados por colonizadores. A Espanha, por sua vez, tinha interesse em obter a Colônia do Sacramento e o Território da Colônia, o que foi confirmado no artigo XIII do referido Tratado. Em conseqüência deste tratado, foram organizadas duas comissões mistas (portuguesa e espanhola) para demarcar os limites: uma para operar na região setentrional e outra no Sul, cada uma subdividida em três grupos que partiriam com direção a trechos bem definidos. A comissão mista do Sul, tinha por missão fazer o levantamento de demarcação, desde Castilhos Grandes (atual cidade de Castillos, no Uruguai), na margem atlântica até o Rio Jauru, no Paraguai. As comissões mistas do Norte, também subdivididas em três grupos, foi constituída com os seguintes fins: a primeira tinha a função de fazer o levantamento do trecho entre a confluência dos rios Jauru e Paraguai e o curso médio do Madeira; a segunda, o traçado da linha paralela Madeira-Javari, e a terceira, Solimões abaixo e Japurá acima, se encarregaria de estabelecer os limites pelas cordilheiras setentrionais até a foz do oiapoque no Atlântico. Como parte de uma pesquisa que estamos realizando, neste trabalho discutiremos a importância da participação de alguns matemáticos formados pela universidade de Coimbra nessas comissões demarcadoras das terras portuguesas no Brasil como Miguel Antonio Ciera, Francisco José de Lacerda e Almeida, Antônio Pires da Silva Pontes Leme, Sebastião José da Silva, Alexandre Rodrigues Ferreira e Joaquim José da Silva, entre outros. Nesse sentido, abordaremos aspectos referentes aos trabalhos realizados e a produção desses matemáticos a partir de suas viagens pelas regiões já mencionadas. Nosso estudo se baseia na investigação de alguns relatos ou diários de viagens desses matemáticos bem como em trabalhos já realizados a esse respeito por historiadores, antropólogos, cartógrafos, astrônomos e jornalistas. Para a obtenção das informações utilizamos fontes primárias e secundárias de modo a fazer uma arqueologia dos fatos históricos e assim construir um dossiê sobre o tema investigado.

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Palavras-chave: Século XVIII no Brasil, comissões demarcadoras

Introdução

Este trabalho surgiu quando fizemos uma leitura do livro intitulado Anastácio da Cunha (1744-1787). O matemático e o poeta. Actas do Colóquio Internacional seguidas de uma Antologia de textos, coordenado por Maria de Lurdes Ferraz et al, publicado pela Imprensa Nacional de Lisboa, em 1990. Durante a leitura percebemos que alguns matemáticos brasileiros que haviam estudado na universidade de Coimbra tinham uma relação direta com o trabalho das comissões demarcadoras das terras portuguesas no Brasil. Surgiu, assim, uma interrogação que nos levou a fazer uma levantamento sobre tais aspectos, com a perspectiva de verificar os trabalhos realizados e a produção desses matemáticos a partir de suas viagens pelas várias regiões do país. Nos vários artigos já escritos por historiadores, encontramos uma séria de informações que puderam nos esclarecer melhor sobre o tema, a partir da assinatura do tratado de Madri.

Com a assinatura do tratado de Madri (1750), surgiram novos limites entre as possessões portuguesas e espanholas na América, favorecendo as pretensões de Portugal, uma vez que reconheciam seu domínio sobre a extensão territorial da Amazônia, das regiões Centro-Oeste e Sul, conquistadas pelos colonizadores. A Espanha, por sua vez, tinha interesse em obter todo o território da Colônia do Sacramento. O novo acordo consagrava o princípio de uti possidetis, que significa o direito de propriedade e instituía a adoção dos acidentes naturais conhecidos (rios, montanhas...) como balizas entre os domínios das duas nações ibéricas. Eliminava-se, assim, o tratado de tordesilhas. Um mapa elaborado por um cartógrafo anônimo, sob a orientação de Alexandre de Gusmão, intitulado Mapa dos confins com as terras da Coroa de Espanha América Meridional, serviu de base nas negociações do tratado. Conhecido como Mapa das Cortes, por conter no verso as assinaturas e os selos dos Ministros Plenipotenciários das duas coroas. (Jaime Cortesão, 1965).

Verificou-se, entretanto, que havia erros de longitude na representação cartográfica, favorecendo aos interesses de Portugal. A região do

“Alto Paraguai havia desviado para o leste entre quatro e sete graus, a extensão do Rio Amazonas-Solimões reduzida em três graus e os afluentes do mesmo rio, notadamente o Madeira e seu formador o Guaporé, e o Tocantins chegaram a ter desvios de nove graus”.

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Em conseqüência deste tratado, foram organizadas duas comissões mistas (portuguesa e espanhola), uma para operar na região setentrional e, outra, no Sul, cada uma subdividida em três partidas, responsáveis pela demarcação dos limites em trechos bem definidos.

A comissão mista do Sul, tinha por missão fazer o levantamento de demarcação, desde Castilhos Grandes (atual cidade de Castillos, no Uruguai), na margem atlântica até o Rio Jauru, no Paraguai. Foram seus comissários Gomes Freire de Andrade, do lado de Portugal e Marquês de Val de Lírios, de Espanha. Suas três subdivisões trabalharam entre 1752 e 1759 com interrupção de 1754 e 1756, devido à Guerra Guaranítica. Dentre os participantes destacam-se do lado português: José Custódio de Sá e Faria, José Fernandes Pinto Alpoim, Manuel Viera Leão, Manuel Pacheco de Christo, Miguel Ângelo Blasco e Miguel Antônio Ciera (Professor-lente de Astronomia - na Universidade de Coimbra na mesma época em que também atuavam na docência Anastácio da Cunha e Monteiro da Rocha, em 1773), que elaboraram cartas, sendo algumas junto com a comissão espanhola.

A comissão mista do Norte, também subdividida em três partidas, tinha como chefes, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, do lado português, e D. José Iturriaga, do lado espanhol. Mais tarde Mendonça Furtado foi substituído por D. Antônio Rolim de Moura, Conde de Azambuja, Governador de Mato Grosso e posteriormente vice-rei do Brasil. A primeira partida foi objetivava fazer o levantamento do trecho entre a confluência dos rios Jauru e Paraguai e o curso médio do Madeira; a segunda, o traçado da linha paralela Madeira-Javari, e a terceira, Solimões abaixo e Japurá acima, estabeleceria os limites pelas cordilheiras setentrionais até a foz do oiapoque no Atlântico.

Participaram desta comissão, Antônio José Landi, João André Schwebel, Gaspar João Geraldo Gronsfeld, Adão Leopoldo Breunig, Henrique Antonio Galluzzi, Sebastião José da Silva, Felipe Sturm e o padre Inácio Sermatoni (Stenmartony). As duas comissões iriam se encontrar na aldeia de Mariuá, atual cidade de Barcelos, no Estado do Amazonas. Entretanto, o encontro não ocorreu e os trabalhos não foram realizados em conjunto. A comissão portuguesa ficou desempenhando o trabalho de reconhecimento geográfico nas margens do rio Negro, deixando uma produção cartográfica bastante apreciável e Landi traçou planos de alguns edifícios civis e religiosos em Belém, que hoje pertencem à Divisão de Iconografia da Biblioteca Nacional.

Nos anos seguintes, outros tratados foram assinados para estabelecer nova delimitação das fronteiras territoriais de domínio português e espanhol, como o tratado de Pardo (1761), que anulou o tratado de Madri, e o posteriormente com o tratado de Santo Ildefonso (1777) que estabeleceu novos limites entre esses impérios na América do Sul. Organizou-se novas comissões para delimitar as

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fronteiras, envolvendo alguns novos doutores formados pela Universidade de Coimbra como Antonio Pires da Silva Pontes Leme, e Francisco José de Almeida e Lacerda. o trabalho dessa comissão muito reforçou o esquema defensivo da fronteira, com a construção, conclusão e ampliação de algumas fortalezas como o Forte de Coimbra, em Mato Grosso (1775), na margem esquerda do rio Paraguai, e o Real Forte Príncipe da Beira (1776), na margem direita do Rio Guaporé, em Rondônia.

Como parte de uma pesquisa que estamos realizando, neste trabalho mencionaremos a participação de alguns matemáticos ligados a universidade de Coimbra nessas comissões demarcadoras das terras portuguesas no Brasil e as contribuições advindas desse trabalho. Neste artigo nos deteremos a participação de Miguel Antonio Ciera, João Ângelo Brunelli, Francisco José de Lacerda e Almeida, Antônio Pires da Silva Pontes Leme e do naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira entre outros. Nesse sentido, abordaremos aspectos referentes aos trabalhos realizados e a produção desses matemáticos a partir de suas viagens pelas regiões já mencionadas. Nosso estudo se baseia na investigação de alguns relatos ou diários de viagens desses matemáticos bem como em trabalhos já realizados a esse respeito, por historiadores, antropólogos, cartógrafos, astrônomos e jornalistas. Para a obtenção das informações utilizamos fontes primárias e secundárias por considerarmos necessárias na organização dos fatos históricos e na construção das informações objetivadas por nós.

Sobre alguns matemáticos participantes das expedições e seus trabalhos

Como já mencionamos anteriormente, vários engenheiros, geógrafos e matemáticos participaram das comissões demarcadoras de fronteiras do Brasil, durante o século XVIII, ora como astrônomos, cartógrafos, engenheiros ou qualquer outra atividade que lhes exigia determinada competência matemática, como as que lhes eram oferecidas em cursos como os realizados na Universidade de Coimbra, durante aquela época. Vejamos alguns desses participantes e alguns de seus trabalhos.

Miguel Antonio Ciera

Miguel Antônio Ciera foi um engenheiro italiano, natural do Piemonte, que chegou a Portugal em meados do século XVIII para integrar a comissão de homens de ciência encarregada da demarcação topográfica dos limites das possessões portuguesas na América do Sul, em conseqüência do tratado de Madri. Ciera foi um

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dos integrantes da comissão mista (portuguesa e espanhola), criada para operar na região Sul e dentre seus trabalhos, há um que foi doado ao Rei de Portugal, intitulado Mappa geographicum quo flumen Argentum, Paraná et Paraguay exactissime nune primum describuntur, facto inito a nova Colônia ad ostium usque fluminis iauru ube, ex pactis finuim regundorum, de 1758.

Após a conclusão dos seus trabalhos no Brasil, Ciera regressou a Lisboa e foi contratado como docente e coordenador dos estudos do Colégio dos Nobres, fundado em 1761. Esta escola destinava-se aos filhos dos nobres que pretendiam seguir a carreira das armas e necessitavam, para isso, de formação científica. Juntamente com Ciera, foram escolhidos outros dois professores italianos, Miguel Franzini e João Ângelo Brunelli para a Matemática e Dalla Bela para a Física Experimental.

Sua atividade científica está muito pouco documentada, pois além desses trabalhos e da participação na comissão encarregada de demarcação dos territórios portugueses na América do Sul, sabe-se que fez diversas observações astronômicas enquanto esteve no Brasil, de que não se conhecem registros. Fez, também, observações astronômicas nas instalações do Colégio dos Nobres em Lisboa, conforme vem relatado num texto de Custódio Vilas Boas, “Memória acerca da Latitude, e Longitude de Lisboa, e exposição das Observações Astronômicas por onde elas se determinarão”, inserido no tomo I das Memórias da Academia das Sciencias de Lisboa, 1797, pp. 305-325. (Cf. CARVALHO, 1985). Além destas observações de Miguel Ciera, Vilas Boas alude também a outras observações feitas em colaboração com o seu filho Francisco António Ciera (?-1814), lente de astronomia e navegação na Academia Real de Marinha, com o mesmo objetivo.

Algumas de suas publicações conhecidas

Os três livros de Ciero sobre as obrigações civis, traduzidos em lingua portugueza, para uso do real collegio de Nobres, Lisboa, Offic. de Miguel Manescal da Costa, 1766.

• Oratio habita XIV. Cal. April. Coram Josepho I – Lusitanorum rege idelíssimo cum primum nobilis adolescentes studiorum rationem ingrederentur anno MDCCLXVI, Lisboa, Ofic. de Miguel Manescal da Costa, 1766.

• Michaelis Antonii Cierae in regali olisiponensi collegio studiorum praefecti : oratio habita XIV cal. April..., Lisboa, Ofic. Miguel manescal da Costa, 1766.

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• Michaelis Antonii Cierae in regali nobilium adolescentum collegio studiorum praefecti : oratio ad instauranda litterarum atque artium studia..., Tipografia Régia, 1769.

Francisco José de Lacerda e Almeida

Natural de São Paulo, por volta de 1753, filho do capitão português José Antonio de Lacerda e da luso-brasileira de Itu, D. Francisca de Almeida Pais, não se sabe onde fez seus primeiros estudos, mas entre os anos de 1771 e 1772, Lacerda e Almeida matriculou-se na Universidade de Coimbra, onde fez os cursos de Matemática e de Filosofia. Entre 1773 e 1777 foi aluno de Monteiro da Rocha, Anastácio da Cunha, Miguel Antonio de Ciera e Franzini, freqüentando a cadeira de geometria (1º ano de matemática), fazendo exame em 14 de julho de 1773, sendo aprovado por unanimidade. Fez o ato de exame de formatura em 21 de junho de 1776, sendo José Anastácio da Cunha presidente do Júri; exame privado e licenciatura em 23 de dezembro de 1777 na presença de Monteiro da Rocha, em virtude da ausência de Anastácio da Cunha. Em 1777, aos vinte e quatro anos, recebeu o grau de doutor em Matemática, na referida universidade, sendo padrinho o doutor Miguel Antonio Ciera.

No ano de 1778, Lacerda e Almeida iniciou sua vida profissional como professor de Matemática da Real Academia dos Guardas da Marinha, retornando ao Brasil, em 1780, nomeado pela coroa para integrar a equipe técnica da Expedição de Demarcação, que tinha por objetivo principal estabelecer os limites entre as terras de Portugal e Espanha na América. Junto com ele veio um outro jovem brasileiro, também formado em Coimbra, o mineiro Antonio Pires da Silva Pontes. Nessa missão os dois matemáticos astrônomos estiveram envolvidos por cerca de dez anos, período em que navegaram os principais rios da Amazônia e dos sertões de Mato Grosso, em sucessivas jornadas de reconhecimento. Na última etapa desta jornada, Lacerda e Almeida partiu de Vila Bela, à época capital da província do Mato Grosso, em direção a São Paulo e, seguindo o curso dos rios pela rota das monções, alcançaria sua terra natal em 1790.

A viagem demarcadora não possuía apenas o interesse em delimitar os espaços, mas inventariar as potencialidades econômicas contidas no território. Partindo do princípio de uti possidetis, os colonos deveriam efetivamente ocupar o território, para assegurar a posse. Assim, as viagens realizavam levantamentos sobre fertilidade da terra, circulação de mercadorias, dinâmica demográfica e construção de fortalezas. A criação de núcleos populacionais e os empreendimentos agrícolas seriam indispensáveis para o controle das fronteiras. Percorreu estradas fluviais da maior importância para a comunicação do Brasil: a ligação entre

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Belém e São Paulo. Recebeu a incumbência de demarcar os limites fronteiriços com as colônias espanholas. A missão demarcadora era um desdobramento do tratado de Santo Ildefonso, assinado em 1777. Prestou grande serviço ao Estado português como geógrafo, matemático e astrônomo, realizando medições corretas das latitudes e longitudes, localizando rios, rumos, correntes e cachoeiras; notificou a existência de minas de ouro e diamantes, além de registrar novos animais e plantas.

Durante dez anos, percorreu o sertão do Brasil e escreveu um diário marcado por preocupações geográficas, definindo caminhos, distãncias e localização de povoados (Figura 1). A botânica, zoologia e mineralogia, porém, foram pouco contempladas nessa narrativa, apesar de previstas. o astrônomo-viajante deixou uma série de diários relativos a cada uma das etapas de sua grande viagem pelo interior do Brasil, além de mapas e tabelas de latitudes e longitudes. Este tipo de informação científica tinha como destino principal a Secretaria da Marinha e do Ultramar, à qual cabiam as decisões estratégicas nos assuntos relativos às colônias. Entretanto, muitos desses registros de viagem, como os mapas e diários dos integrantes das expedições de demarcação, chegavam também à Real Academia de Ciências de Lisboa, núcleo de produção e promoção de estudos e informações de interesse para o desenvolvimento econômico e científico de Império.

Quando Lacerda e Almeida ainda viajava pelo interior do Brasil, seus documentos de viagem já haviam chegado a Lisboa e, talvez por esses feitos, em 1787 foi admitido como sócio da Real Academia. Em 10 de junho de 1790, ele deixou o porto de Santos com destino a Lisboa, onde retomou suas atividades de magistério na Academia da Marinha. Em 1797, recebeu da coroa a importante missão estratégica de realizar a travessia da África, à contra costa, partindo de Moçambique até alcançar Angola. o projeto não se cumpriu totalmente, pois em condições extremamente adversas, Lacerda e Almeida percorreu apenas parte do itinerário previsto, vindo a morrer vítima das febres que disseminavam nas florestas e sertões africanos.

Figura 1: Diário de viagem de Lacerda e Almeida

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Algumas de suas publicações conhecidas

• Diários de viagem de Francisco José de Almeida. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1944.

• Diário da viagem de Moçambique para os Rios de Serra. Lisboa: Imprensa Nacional, 1889.

• Diário de viagem do Dr. Francisco José de Lacerda e Almeida pelas capitanias do Pará, Rio Negro, Mato Grosso, Cuiabá e São Paulo, nos anos de 1780 a 1790. São Paulo: Typ. de Costa Silveira, 1841.

• Travessia da África. Lisboa: Agência Geral das Colônias, 1936

• Diário da Viagem de Vila Bela Capital da Capitania de Mato Grosso até Vila e Praça de Santos na Capitania de São Paulo.

António Pires da Silva Pontes Leme

Nasceu em 1750, na comarca de Mariana, Minas Gerais, e por volta de 1772, seguiu para Coimbra com fins de estudos. Nos dez anos seguintes, sua trajetória esteve associada à de Francisco José de Lacerda e Almeida. Amigos e aparentados, os dois brasileiros formaram-se em Matemática e Filosofia e obtiveram o grau de doutor em Matemática no ano de 1778.

Cerca de dois anos após deixar os bancos de Coimbra, Pontes e Lacerda e Almeida foram designados pela coroa para cumprir uma missão no ultramar. Nomeados como matemáticos astrônomos da terceira partida de demarcação de limites do Brasil, os dois jovens doutores compunham o corpo técnico da expedição que partiu do porto de Lisboa em janeiro de 1780, em direção ao Pará. Depois de formados, era a primeira vez que ambos retornavam ao Brasil, agora na condição de servidores régios. Em algumas etapas dessa expedição, que durou cerca de

Figura 2 – Diário de anotações de Pontes Leme

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dez anos, Pontes esteve junto com Lacerda e Almeida, outras, viajou em companhia do engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra.

Depois de percorrerem os principais rios e explorarem os limites ocidentais da Amazônia, tomando as coordenadas geográficas para corrigir e refazer os mapas existentes, Pontes e seus companheiros partiram para o Mato Grosso. Conforme haviam aprendido nas aulas de Coimbra, os viajantes cientistas mantinham um diário de viagem no qual anotavam o percurso, os acidentes geográficos do caminho e os acontecimentos cotidianos. As viagens pelas florestas e sertões amazônicos, bem como as jornadas pelos rios matogrossenses e pelos caminhos de água pantaneiros, foram também registradas nos diários de Pontes Leme (Figura 2), tal como o fez Lacerda e Almeida.

A missão dos matemáticos astrônomos demarcadores era, prioritariamente, definir os pontos ideais para fixação dos limites territoriais da América portuguesa, nesse sentido, os apontamentos sobre os acidentes geográficos e a precisão cartográfica constituíam a parte mais importante de seu trabalho. Contudo, os diários de viagem de Pontes revelam muito do olhar do naturalista ilustrado, treinado para observar e inventariar todos os aspectos da natureza envolvente. os diários e as cartas geográficas relativos à expedição foram encaminhados para a Academia Real de Ciências de Lisboa que também lhe concedeu a honraria de admiti-lo como sócio. De regresso a Portugal Pontes Leme continuaria a trabalhar com Lacerda e Almeida como professor na Academia de Marinha.

Entre 1797 ou 1798, missões semelhantes separariam para sempre os caminhos dos dois matemáticos. Lacerda e Almeida foi nomeado de realizar a viagem à contra-costa africana e Pontes Leme retornou ao Brasil para assumir, em 1801, o governo do Espírito Santo.

Algumas de suas publicações conhecidas

• Diário de viagem. 1781. In: MENDONÇA, Marcos Carneiro de. Rios Guaporé e Paraguai, primeiras fronteiras definitivas do Brasil. Rio de Janeiro: Xerox do Brasil, 1985.

• Memória sobre a utilidade pública de se extrair o ouro das minas e os motivos dos poucos interesses que fazem os particulares, que mineram igualmente no Brasil. REVISTA DO ARCHIVO PUBLICO MINEIRO, v.1, n.3, 1896. p.418-426.

• Viagem de reconhecimento das comunicações do Brasil com a colônia holandesa do Surinã. RIHGB, n.6, 1865. 2.ed. p.82-90.

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Alexandre Rodrigues Ferreira

Nasceu na Bahia, em 27 de abril de 1756, sendo considerado um dos cientistas viajantes do século XVIII português, o que mais atenção mereceu da historiografia. Estudiosos brasileiros e portugueses produziram numerosos trabalhos sobre a vida e a obra desse naturalista. Em 1773, matriculou-se em Direito, mas acabou por graduar-se e doutorar-se em Filosofia, habilitando-se na recém criada profissão de naturalista. Ainda estudante, Ferreira foi convidado pelo mestre Domingos Vandelli para ser demonstrador nas aulas de História Natural. Em 1779, Vandelli começou a planejar uma grande Viagem Filosófica ao Brasil e convidou Ferreira para chefiá-la. pois queria envolver nesse projeto toda a equipe que, sob sua orientação, trabalhava no Museu e Jardim Botânico da Ajuda, organizando as remessas de produtos naturais que chegavam a Lisboa, vindas das colônias.

Ferreira seguiu para a região amazônica, chegando ao Brasil em setembro de 1783. De Belém segue para Barcelos, capital da capitania de Rio Negro, percorrendo, por quase uma década, a Amazônia e o Mato Grosso, realizando um fantástico levantamento do acervo natural e etnográfico da região, coletando, acondicionando e remetendo-os para Lisboa, além dos registro meticulosos feitos pelas hábeis mãos dos desenhistas de sua equipe. Além disso, produziu uma quantidade enorme de informação sob a forma de memórias temáticas, descrições e diários de viagem, bem como relatórios de cunho administrativo.

Em finais de Junho de 1791, Ferreira retornou a Vila Bela e, três meses depois, a Belém do Pará, onde se casou com a filha de um fazendeiro que conhecera logo no início da expedição. Não conseguindo permissão oficial para ir à Bahia visitar a família, como pretendia, acabaria por retornar diretamente a Lisboa, passaria, pouco depois, a trabalhar no Museu e Jardim Botânico da Ajuda, na condição de vice-diretor. A partir de 1807, Ferreira passou a apresentar sérios problemas de saúde que o impediam de trabalhar com o material que resultara das viagens filosóficas portuguesas. O naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira morreu em Lisboa, a 23 de abril de 1815. Seus diários de viagem nomeados de participações e suas numerosas memórias sobre os mais variados temas, produziu durante essas viagens, constituem inesgotável material para a pesquisa histórica.

João Ângelo Brunelli

Astrônomo italiano, nascido em Bolonha, contratado pela coroa portuguesa para participar, junto com Antonio José Landi, da comissão demarcadora de limites que foi para o Norte do Brasil (Belém do Pará), em 1753, onde iniciaram um período de adaptação aos costumes e língua da região. Brunelli era um clérigo bolonhês

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indicado pelo Marquês de Pombal para compor tal equipe e, além de receber um alto salário anual, tinha ainda o direito de levar um criado (Francisco Xavier) pago pelo governo.

A parte mais importante do trabalho realizado por Brunelli durante o pouco tempo que pertenceu a equipe e enveredou pela região amazônica foi as várias medições astronômicas realizadas nas novas terras e que contribuíram para a determinação dos limites das fronteiras, bem como alguns estudos baseados nas observações da lua, dos eclipses solares e lunares e dos fenômenos dos equinócios, considerando a proximidade da linha equatorial.

Em virtude de um desagravo ocorrido entre Mendonça Furtado e Brunelli, o padre astrônomo foi enviado de volta a Lisboa, passando a atuar no colégio dos nobres como professor de geometria. Nessa escola, foi o responsável pela primeira tradução portuguesa de “Os Elementos de Euclides”, por ocasião do estabelecimento do Colégio dos Nobres em Lisboa, como parte da tentativa de Pombal para reformar educação em Portugal e purgar a aristocracia da confiança deles em privilégios nobres. o objetivo da tradução foi para favorecer o ensino de matemática no Colégio e depois acabou por ser adaptado para uso na Universidade de Coimbra e freqüentemente foi reimpresso inúmeras vezes sob a Chancela do Marquês de Pombal. Esta tradução é datada de 11 de junho de 1768 e tomou como referência a versão latina atribuída a Federico Commandino.

Lançando desafios

Um estudo mais minucioso sobre os trabalhos realizados por esses pioneiros na região amazônica certamente poderá contribuir para que possamos melhor compreender os métodos e práticas estabelecidos por esses engenheiros, geógrafos, engenheiros, arquitetos e matemática que pela Amazônia enveredaram no intuito de demarcar e urbanizar a região. Para isso é necessário um estudo mais longo que possa analisar detalhadamente cada documento existente, bem como as obras e documentos deixados na região, na biblioteca nacional ou nos arquivos português sobre as descobertas da época. Cabe aos interessados o desafio de fazer essa arqueologia com um olhar matemático mais dirigido.

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