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Seminário A Gestão da Saúde no Brasil
A participação do capital estrangeiro da assistência à saúde no
Brasil: Notas para o Debate sob Um Enfoque Realista
Ligia Bahia 12/03/2015
Roteiro: 1) Por uma abordagem não normativa 2) A literatura e experiências internacionais 3) Processo de expansão e financeirização de serviços de saúde no Brasil:
Casos 4) O noticiário sobre o capital estrangeiro na saúde 5) A Agenda sobre Hospitais no Brasil 6) A Lei 13097/2015 e o Dever de Casa +Lacunas no Conhecimento
Acadêmico
A Literatura sobre o Tema
Acadêmica Escassa Maior parte dos trabalhos problematizam o “turismo médico” Breinlich e Criscuolo, International Trade in Services. Journal of International Economics, 2011 Chanda e Tangchroensathien Trade in Related Services (Tipologia Gats (General Agreement on Trade Services), The Lancet, 2009 Hodge e Carsten. Public–private partnerships: an international performance review. Public administration review, 2007 Smith. Foreing direct investment and trade in health services: a review of literature. Social Science &Medicine, 2004 Critica – Uso do Conceito Integração Negativa por exemplo: Greer e Rauscher When Does Market-Making Markets? EU Heath Services Policy at Work in UK and Germany
“Marrom Escassa International Finance Corporation (IFC) Guide for Health Care SME’s in Emerging Markets
Uma Abordagem Realista
Agentes, Interesses, Arenas
Agenda dos Empresários da Saúde Isenção Fiscal (dedução, subsídios, Refis) Créditos Empréstimos Investimentos fundos internacionais
Taxas de Juros Elevadas Diferimento entre o pagamento de salários e fornecedores e recebimento de empresas de planos de saúde
CNES - Estabelecimentos com Tipo de Atendimento Prestado - Internação - Brasil
SUSParticularPlano de Saúde PúblicoPlano de Saúde Privado por Tipo de Estabelecimento
Período:Jan/2015
Tipo de Estabelecimento SUS % Particular Plano de Saúde Público Plano de Saúde Privado Total
CLINICA ESPECIALIZADA/AMBULATORIO ESPECIALIZADO 18 22,78 33 2 26 79
HOSPITAL ESPECIALIZADO 628 37,14 603 74 386 1691
HOSPITAL GERAL 4081 46,10 2755 412 1605 8853
HOSPITAL DIA 121 18,22 296 41 206 664
PRONTO ANTEDIMENTO 40 90,91 2 2 44
PRONTO SOCORRO ESPECIALIZADO 21 32,81 22 3 18 64
PRONTO SOCORRO GERAL 63 78,75 8 1 8 80
SERVICO DE ATENCAO DOMICILIAR ISOLADO(HOME CARE) 0,00 3 2 5 10
UNIDADE MISTA 662 91,31 43 6 14 725
Outros 185 95,36 5 1 3 194
Total 5819 46,91 3770 542 2273 12404
Elementos Contextuais
CNES - Recursos Físicos - Hospitalar - Leitos Complementares - Brasil
Quantidade existenteQuantidade SUSQuantidade Não SUS por Ano
Ano Total SUS % Planos Privados
2005 33424 21072 63,04 12352
2006 35455 20285 57,21 15170
2007 36330 12378 34,07 23952
2008 42167 22136 52,50 20048
2009 42341 23347 55,14 18994
2010 44656 24486 54,83 20170
2011 46763 25878 55,34 20885
2012 47845 26767 55,95 21078
2013 52267 26808 51,29 25459
2014 54636 27749 50,79 26887
Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil - CNES
Elementos Contextuais
Elementos Contextuais
Período 1960 a 1990 Laboratório Delboni Auriemo (propriedade de médicos) localizado
em SP
1990 a 2000 Aquisição da Rede de Laboratórios Lavoisier SP Investimentos de Fundos do Pátria (Banco de Investimentos); mudança de nome para Diagnósticos da América (Dasa) - 59 unidades
2001 a 2003 Aquisição de dois principais laboratórios do Rio de Janeiro: Bronstein e Lâmina e dos laboratórios Curitiba Santa Casa PR e CRL (Centro Radiológico da Lagoa) RJ
2004 Abertura do capital; Aquisição do laboratório Elkis e Furlanetto SP
2005 a 2006 Aquisição dos laboratórios Pasteur (DF), Image Memorial (BA) e Frischmann Aisengart (PR) LabPasteur (CE), MedLabor (DF) e (TO) e (GO) e integração do laboratório Álvaro, (PR).
2007 a 2008 Incorporação do laboratório CientíficaLab (SP, RJ, ES e MG) empresa dedicada ao atendimento do setor público. Aquisição da empresa Maximagem SP, CEDIC e CEDILAB em (MT) e Unimagem (CE)
2008 a 2011 Aquisição dos laboratório Previlab Análises Clínicas (SP) e Cytolab SP Mudanças de posições de investidores Amil (26%) e Petros (10%)
2012 525 unidades de atendimento atuação em 13 estados (UF´s) Valor médio das ações 16 de outubro R$14,40
Fonte:
Elaborado pela
Autora, Dasa,
2013
Uso de Recursos Próprios e Associações com Bancos de Investimentos
A articulação com bancos de investimentos, especialmente o BTG Pactual,
liderado por André Esteves, liderado por Andre Esteves, parece ter se firmado
com um dos pilares de dinamização do mercado. Foi essa a estratégia que ao
lado da concessão de empréstimos do International Finance Corporation IFC
(IFC International Finance Corporation) vinculado ao Banco Mundial permitiu
ao Grupo D’Or ampliar velozmente sua rede de estabelecimentos hospitalares
e tornar-se a maior empresa independente de hospitais privados do Brasil. Até
2006 a rede D’Or estava composta por três hospitais (Barra D’Or, Copa D’Or e
Quinta D’Or) e 56 unidades de diagnóstico (Lab´s) e localizava-se no Rio de
Janeiro.
Trajetória do Grup D’Or Elementos Contextuais
Ano Investimentos Unidades da
Federação
Valor/ Tipo de Participação
2006 Hospital Badim (Tijuca) Rio
Janeiro
de
2007 Hospital
Hospital
Joari
Real
(Campo
Cordis
Grande),
(Bangu),
Hospital Bangu (Bangu), Hospital
Provita (Cascadura), Hospital
Israelita (Tijuca), Hospital Rio de
Janeiro (Vila Valqueire)
Rio
Janeiro
de
2008 Hospital Esperança
Hospital Prontolinda
Hospital São Marcos
Pernambuco (50%)
(50%)
(gestão)
2010 Associação com o BTG Pactual
Obtenção de recursos junto ao IFC
Compra de debêntures
transformáveis em ações e
direito a uma vaga no
conselho de administração
do Grupo D’Or
R$ 55 milhões
Hospital e Maternidade Brasil (249
leitos)
Hospital e Maternidade Assunção
Hospital São Luis (3
hospitalares 803 leitos)
unidades
São Paulo
(Santo
André)
(São
Bernardo)
(São Paulo)
(valor estimado R$ 1,030
bilhão)
Venda do Lab´s para o Fleury R$1,04 bilhão
O grupo D’Or terá 15% de
participação no controle
acionário e 1 vaga no
conselho de administração
Uso de Recursos Próprios e Associações com Bancos de Investimentos
Uso de Recursos Próprios e Associações com
Bancos de Investimentos Grupo D’OR
Diretoria
Jorge Moll (Presidente) Graduado em medicina, fundador e principal proprietário
José Roberto Guersola (Vice-Presidente) Graduado em medicina.
ClaudioTonello (Diretor de Marketing Corporativo) Graduado em marketing,
diretor
do Grupo Pão de Açucar, vice-presidente Comercial e Marketing da Carl
Zeiss
Vision, diretor Comercial do Makro Atacadista, diretor de Marketing do Grupo
Bertin
e da , Johnson&Johnson.
Roberto Martins Informação sobre graduação não disponível.
Representante do
BTG Pactual, Sócio do BCG Pactual, diretor Financeiro das Lojas Americanas.
Outros membros da Família Moll
Ano Investimentos Unidades da
Federação
Valor/ Tipo de Participação
2006 Hospital Badim (Tijuca) Rio
Janeiro
de
2007 Hospital
Hospital
Joari
Real
(Campo
Cordis
Grande),
(Bangu),
Hospital Bangu (Bangu), Hospital
Provita (Cascadura), Hospital
Israelita (Tijuca), Hospital Rio de
Janeiro (Vila Valqueire)
Rio
Janeiro
de
2008 Hospital Esperança
Hospital Prontolinda
Hospital São Marcos
Pernambuco (50%)
(50%)
(gestão)
2010 Associação com o BTG Pactual
Obtenção de recursos junto ao IFC
Compra de debêntures
transformáveis em ações e
direito a uma vaga no
conselho de administração
do Grupo D’Or
R$ 55 milhões
Hospital e Maternidade Brasil (249
leitos)
Hospital e Maternidade Assunção
Hospital São Luis (3
hospitalares 803 leitos)
unidades
São Paulo
(Santo
André)
(São
Bernardo)
(São Paulo)
(valor estimado R$ 1,030
bilhão)
Venda do Lab´s para o Fleury R$1,04 bilhão
O grupo D’Or terá 15% de
participação no controle
acionário e 1 vaga no
conselho de administração
Uso de Recursos Próprios e Associações com Bancos de Investimentos
Uso de Recursos Próprios e Associações com
Bancos de Investimentos Grupo D’OR
Diretoria
Jorge Moll (Presidente) Graduado em medicina, fundador e principal proprietário
José Roberto Guersola (Vice-Presidente) Graduado em medicina.
ClaudioTonello (Diretor de Marketing Corporativo) Graduado em marketing,
diretor
do Grupo Pão de Açucar, vice-presidente Comercial e Marketing da Carl
Zeiss
Vision, diretor Comercial do Makro Atacadista, diretor de Marketing do Grupo Bertin
e da , Johnson&Johnson.
Roberto Martins Informação sobre graduação não disponível. Representante
do BTG Pactual, Sócio do BCG Pactual, diretor Financeiro das Lojas Americanas.
Outros membros da Família Moll
Rio de Janeiro, Brasil / Washington, D.C., 7 de julho de 2010—IFC, um membro do World Bank Group e a Rede D´Or, uma das maiores redes independentes de hospitais privados do Brasil, assinaram acordos para financiar os planos de expansão da empresa e fornecer serviços de saúde com preços acessíveis para as áreas carentes do país. Este projeto ampliará o acesso a serviços médicos de qualidade e introduzirá altos padrões clínicos e administrativos no setor de saúde do Brasil. “Orgulhamos-nos dessa parceria com o IFC, cuja experiência mundial e conhecimento local de serviços de saúde privados em mercados em desenvolvimento e emergentes facilitarão nossa expansão", disse Dr. Jose Roberto Guersola, Diretor Executivo, Rede D´Or. "Nós também contamos com o IFC para fortalecer a governança corporativa e dividir as melhores práticas internacionais". A Rede D’Or propõe usar o financiamento do IFC de R$ 55 milhões para expandir suas instalações atuais e criar novos hospitais. O grupo, que atua nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, também tem planos de adquirir novos hospitais.
“Este investimento reflete a prioridade estratégica do IFC de apoio às redes de serviço de saúde e provedores que ampliam os serviços de saúde com preços acessíveis em áreas carentes", disse Guy Ellena, Diretor de Saúde e Educação do IFC. Andrew Gunther, Gerente Geral do IFC para o Brasil, disse: "O financiamento do IFC ajudará a Rede D´Or a estabelecer padrões médicos e eficiência operacional, que terão um considerável efeito demonstrativo na indústria". A estratégia do IFC no Brasil está direcionada na promoção de acesso de mercados de capitais em desenvolvimento e financeiros para indivíduos de baixa renda, microempresas e pequenos negócios. O IFC busca fortalecer a infra-estrutura e serviços públicos, incluindo saúde e educação, aumentando a participação do setor privado. Outras áreas principais incluem melhorias no clima de investimento e apoio para pequenos negócios se juntarem à economia formal. O IFC também promove práticas ambientais e sociais sustentáveis, mais especificamente na região da Amazônia. A partir de março de 2010, os investimentos de compromisso do IFC no Brasil somaram US$ 2,3 bilhões. O Copa D´Or, seu principal hospital no Rio de Janeiro. O grupo frequentemente conduz atividades de compromisso com a comunidade em uma ampla variedade de tópicos relacionados à saúde. Visite www.redelabsdor.com.br/. Sobre a Rede D´Or
A Rede D’Or, que atualmente está focada em fornecer serviços de saúde terciários para grupos de renda média, está expandindo suas operações para cobrir populações com rendas mais baixas. O grupo, que inaugurou seu primeiro hospital no Rio de Janeiro em 1998, atualmente possui uma rede de 16 hospitais e 46 centros de diagnóstico em três estados. Em 2007, a Rede D´Or recebeu a certificação da Comissão Internacional
Gráfico 3
Distribuição dos Individuos Ocupados segundo
Estratos Sociais 2003 e 2009
4,7 6,9
24,527,8
36,1
5,39,7
33 33
18,9
05
10152025303540
Alta classe
média
Média classe
média
Baixa classe
média
Massa
trabalhadora
Miseráveis
2003
2009
Fonte: Pnad
IBGE
(adaptado
Quadros, W,
2011)
Elementos Contextuais
Paralisia econômica, retrocesso social e eleições Waldir Quadros, Texto Instituto Economia Unicamp, Janeiro 2015
Estratificação da Sociedade Brasileira
2013-2012 (mil pessoas)
Alta Classe Média -622
Média Classe Média -2.325
Baixa Classe Média 3.150
Massa Trabalhadora 116
Miseráveis 1.459
Fonte: Pnad/IBGE
Elementos Contextuais
Capital Estrangeiro na Saúde
Pré Compra United HealthCare-Amil
Serviços de Diagnóstico e Terapia Hospitais Debentures
Rede Própria de Empresas de Planos de Saúde + Grupos Hospitalares +
Elementos Contextuais: Síntese
O Noticiário
Internacional (exemplo) “Investimentos no setor de cuidados à saúde na China não é para quem tem coração fraco” The New York Times 10/12/2014 Estimativa de crescimento dos gastos com saúde até 2020 $1 trilhão
Nacional (22 de Fevereiro de 2015) O Popular Investimentos em Goiás 2 bilhões de Euros hospitais O contato iniciou em 2013 Deputado Federal Alexandre Baldy PSDB e Governador Marconi Perillo em Paris
O Noticiário
Diário da Manhã Goiás 23/02/2015 Aspectos positivos para PPP´s Aldevânio Morato Presidente da Associação dos Hospitais do Estado de Goiás preocupações com os “pequenos” e que investidores estrangeiros assumam o “comando do hospital”, mas ressalta não “ter restrições em termos de investimento de capital”
Uma Agenda Realista para Estabelecimentos Hospitalares no Brasil
Preços – Modalidades de Pagamento Escala e Escopo Integração nas Redes (Sustentabilidade e Qualidade)
Hospitais “vendedores” de materiais médicos e medicamentos “Contas abertas” (nenhum sinal de pagamento prospectivo; pacote não é pagamento prospectivo) Preços dispares para mesmo procedimento e perfil de gravidade Predomínio de hospitais de pequeno porte Filantrópicos lucrativos Canais de negociação “por fora” dos fóruns institucionalizados da saúde
Agenda dos Empresários da Saúde Isenção Fiscal (dedução, subsídios, Refis) Créditos Empréstimos Investimentos fundos internacionais
Lei 13907/2015 Estabilidade Juridica Governo “Fiador”
A Lei 13097/2015 e o Dever de Casa
Essa participação representa uma ameaça aos princípios do SUS? Em que termos?
Sim representa, porque não tem nenhuma interface com o SUS. Não há menção a aspectos sanitários: necessidades de saúde; vazios sanitários; Não há menção a oligopolização nem salvaguardas em relação a soberania sequer em casos de catástrofes Iguala filantrópico ao privado Trata-se de uma tentativa improvisada de fornecer um salvo-conduto para negociações entre empresários e fundos internacionais com intermediação de autoridades do Executivo
Ela vai contribuir para a expansão e a melhoria da qualidade dos serviços de saúde no Brasil?
Vai contribuir para fusões e aquisições e pode ser que para expansão. Pode contribuir para aumento de eficiência. Para a qualidade (depende da definição) mas em termos genéricos sim e não. Poderá estimular o uso de padrões, mas haverá perdas no que diz respeito a “prestação de contas” e participação da sociedade na definição de prioridades e cobrança de qualidade
Quais seriam modelos aceitáveis para essa participação?
Sob os valores e princípios do SUS
Quais as questões (tarefas das instituições de ensino e pesquisa) a discutir quando se trata da presença do capital estrangeiro na assistência à saúde? 1. O direito à saúde (AGU a favor da compra da Amil e contra a Lei 13097) sob a
dimensão do pacto societário expresso na Constituição de 1988 e sob os problemas atuais de imensa insatisfação com a atenção à saúde
2. Aprofundamento do conhecimento, elaboração de perfis sobre o setor privado assistencial no Brasil e monitoramento dos investimentos
3. Mapeamento de tendências internacionais (por exemplo Escocia e Xangai) e Mapeamento experiências nacionais no setor educação superior
4. Dar visibilidade acadêmica ao tema (o assunto nos diz respeito)
5. Realizar seminários com empresários, autoridades governamentais da saúde e de órgãos do Ministério Público, Poder Judiciário e órgãos de controle
A Lei 13097/2015 e o Dever de Casa