805
A PARTIR PEDRA http://a-partir-pedra.blogspot.pt/ Colectânea de textos Maçónicos Blogue sobre Maçonaria escrito por Mestres da Loja Mestre Affonso Domingues ANO 2009 ANO 2009 (índices por trimestres)

A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

A PARTIR PEDRA

http://a-partir-pedra.blogspot.pt/

Colectânea de textos Maçónicos

Blogue sobre Maçonaria escrito por Mestres da Loja Mestre Affonso Domingues

ANO 2009ANO 2009

(índices por trimestres)

Page 2: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

Contents

A felicidade exige valentia 1

União e Prosperidade 3

A propósito do segredo maçónico 6

Porque se guarda o segredo maçónico 11

Reserva de identidade 16

Si non è vero... è bene trovato! 20

Reserva sobre as formas de reconhecimento 25

Reserva sobre rituais e cerimónias 31

Reserva sobre trabalhos de Loja 35

O segredo maçónico esotérico 41

História banal 46

Maçonaria: história, lenda e mitos 50

História 54

Lenda 58

Mitos 62

O descuido 67

Page 3: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

Aikido e maçonaria 70

A Pedra Aikido 74

Ver de fora 79

Ainda o Movimento Pijaminha 84

O cão velho, o leopardo e o macaco 89

As quatro dimensões do blogue 93

Bodes do Asfalto em Portugal! 97

Pergunta de profano 99

Música no Blogue - Uma nova Etapa 103

O tempo 104

Casa Emanuel 109

Curso para Aprendizes e Companheiros 114

Começo de resposta a outra pergunta 116

Continuação da resposta a outra pergunta 123

6ª feira, 13 ! Quem falou em DIA DE AZAR ? 129

MISERÁVEL MESTRE crónica de ‘MILLÔRFERNANDES’ (?)

131

Page 4: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

Meio por cento 135

Um Grupo de Macacos 139

Casa do maçom 141

Loja azul 143

Le seul Orchestre Symphonique de Kinshasa 148

O perfil e o Segredo de um Venerável justo e perfeito 150

Encontros no Pará 160

Curso para Aprendizes e Companheiros (2) 163

Ritos e rituais 165

AMANHÃ, dar sangue... (conferir na agenda !) 169

Ironman ... 171

O Orgulho 172

Cornerstone Lodge #178 - Grand Lodge of New York 179

ESCÂNDALO! A MAÇONARIA VIOLA AS LEISLABORAIS!

185

Retrato caricatural do estado da Justiça 189

Oriente 194

Page 5: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

A ADDHU apresenta INOCENTE SILÊNCIO naComuna Teatro de Pesquisa

200

6ª feira X fim de Semana 205

Eleição do Muito Respeitavel Grão Mestre 207

Filme em debate 208

Curso para formação de instrutores para o curso deOficiais eleitos

210

O décimo sétimo Venerável Mestre 216

Loja ao ar livre 221

O tesouro 224

Tive um sonho 228

O último grau 234

Do valor da parábola 240

Do valor da imaginação 245

O lenhador e a raposa 250

Vai uma anedotinha para um bom Domingo 253

United Grand Lodge Of England - QuarterlyCommunication

255

Page 6: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

O segundo Grão-Mestre 258

Liberdade - um ponto de vista de um profano 264

Divisas 269

O Chocolate quente 272

Fim de ciclo 276

28 de Março de 2009, DIA DE FESTA 282

Atividade Maçónica 285

A língua 289

Page 7: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

1

A felicidade exige valentia

January 01, 2009

(Fotografia de um quadro de Hernani Oliveira)

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumasvezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresado mundo, e posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos osdesafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz édeixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor daprópria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrarum oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cadamanhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter

Page 8: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

2

segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir umcastelo..."Fernando Pessoa

Acompanho o Zé Ruah em tudo o que escreveu na sua (nossa...)Mensagem de Ano Novo.

Para todos, TODOS, os leitores deste espaço desejo o melhor em2009, mesmo sabendo que "2009" não é mais do que umaconvenção, tanto menos importante quanto estamos em espaçomaçónico, no qual o tempo é todo o que há, desde sempre e até...

Este dia é de descanso (supostamente de descanso !) e poderábem ser, também, de reflexão.

Cá por mim deixo o encargo a Fernando Pessoa que sabe damatéria muito mais do que eu.

Bom ano para todos.

JPSetúbal

Page 9: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

3

União e Prosperidade

January 05, 2009

O blogue União e Prosperidade já há algum tempo que fazia parte do conjunto de blogues que era seguido por mim. Desde que, devidamente autorizado, começou a publicar textos originalmente publicados aqui no A Partir Pedra . Há muito que hesitava sobre se deveria fazer-lhe aqui uma referência. Este blogue é de grande qualidade. Mas o facto de publicar alguns dos textos aqui do A Partir Pedra inibia-me. Temia que fosse tomado como um auto-elogio. E elogio em boca própria é vitupério - lá diz o povo , e com toda a razão. Um elemento novo surgiu, porém, muito recentemente. Recebi uma mensagem eletrónica do animador do União e Prosperidade, BAG. Através dela, confirmei algo que já me cruzara o espírito como hipótese, mas de que não tinha a certeza: BAG foi um elemento da Loja Mestre Affonso Domingues! Há muitos anos - desde que ele tinha emigrado para o estrangeiro - que nada sabia dele. Agora

Page 10: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

4

fiquei - com agrado! - a saber: BAG está no Brasil, mais precisamente em Florianópolis, Estado de Santa Catarina, onde leciona numa Universidade local. E integra ali uma loja maçónica - presumo que a Augusta e Respeitável Loja União e Prosperidade, que dará nome ao blogue. E assim o caso muda de figura! Já sabem como é: uma vez da Mestre Affonso Domingues, sempre da Mestre Affonso Domingues. O BAG é um dos nossos! E honra a sua Loja-mãe lá por terras de Vera Cruz, azimute de Santa Catarina, Oriente de Florianópolis! Agora fiquei a perceber o interesse que o União e Prosperidade tinha em publicar alguns dos textos do A Partir Pedra ! Claro que combinarmos uma troca de atalhos entre os dois blogues foi coisa mais ou menos de trinta segundos, entre duas mensagens eletrónicas, à distância de dois continentes! E executar o acordo foi coisa para aí de dois minutos. O atalho para o União e Prosperidade aí está na barra do lado direito do A Partir Pedra , na secção respetiva. E idem aspas quanto ao atalho para o A Partir Pedra no União e Prosperidade! Assim sendo, já não tenho quaisquer pruridos em satisfazer a minha vontade de dedicar aqui um texto - merecido! - ao União e Prosperidade. Tenho todo o orgulho em proclamar que é um blogue de alta qualidade, da responsabilidade de um maçon que viu a luz na Loja Mestre Affonso Domingues. É um blogue com uma frequência de publicação invejável: em 2008 publicou 250 textos (menos 22 do que o A Partir Pedra ) e em 2007 publicou 430 textos (mais 115 do que o A Partir Pedra e uma

Page 11: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

5

média superior a um por dia! Isto de ser professor universitáriodeixa tempo livre...). Para além de textos de elementos da Loja e da Grande Loja e detextos recolhidos em várias proveniências, BAG publica váriostextos próprios, de assinalável interesse. É um blogue, seguramente, de grande valia, que emula aqui o APartir Pedra e nos obriga a manter uma especial atenção àqualidade, para que os nossos leitores não nos troquem por ele!Lê-se com gosto e proveito. Recomendo vivamente! Afinal, é animado por um dos nossos! Rui Bandeira

Page 12: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

6

A propósito do segredo maçónico

January 06, 2009

Em comentário ao texto Os meus Irmãos reconhecem-me como tal, alguém se insurgiu contra o mesmo, entendendo que nele era revelada matéria integrando o que se convencionou chamar de segredo maçónico e que eu, como todos os maçons, jurei não revelar a profanos. Em resposta a esse comentário, o Ruah já esclareceu que nada do que nos comprometemos a não revelar foi exposto no dito texto. Assim é: que os modos de reconhecimento dos maçons são sinais, palavras e toques é, de há muito, do domínio público e é, até, intuitivo. Para alguém reconhecer outrem como integrando determinado grupo ou qualidade, terá de se

Page 13: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

7

aperceber através do que vê (sinais), do que ouve (palavras) ou do que sente (toques). Referi-lo, pois, não atenta contra o chamado segredo maçónico. Atentatório, sim, contra ele e contra os compromissos por todos os maçons assumidos, seria revelar que sinais são esses, que palavras estão em causa, que toques relevam. O chamado segredo maçónico é um dos pontos que mais suscita a curiosidade de quem não é maçon. Mas, relativamente a ele, não posso e não devo satisfazer a curiosidade profana: se o fizesse, o segredo deixaria de existir e o motivo para a curiosidade também... O chamado segredo maçónico é também um dos pontos utilizados por aqueles que são hostis à Maçonaria e aos maçons para procurar atacar e vilipendiar uma e outros, ao abrigo do genérico pretexto de que se não tivessem um propósito criticável, não precisavam de segredo para nada. Como se não fosse intuitivo que todas as pessoas têm e guardam segredos, uns só para si, outros apenas acessíveis aos que lhe são mais chegados - chama-se a isso reserva da vida privada e tem dignidade de direito fundamental, constitucionalmente protegido em todas as sociedades civilizadas... Como se todas as sociedades e associações não tivessem matérias e planos e decisões e estratégias cujo conhecimento reservam apenas para os seus membros... Como se os empresários, os membros da alta finança e os políticos não proclamassem todos, com alegre satisfação, que o segredo é a alma do negócio... A todos é naturalmente reconhecido o direito ao segredo, à reserva do que não se destina a ser do conhecimento público. Só os maçons são verberados por respeitarem o seu compromisso de guardar o segredo maçónico!

Page 14: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

8

Muita da curiosidade, muito do combustível para os ataques aos maçons resulta, afinal, de se mitificar a essência, a natureza e a amplitude do segredo maçónico. Mitificação para que a Maçonaria e os maçons contribuíram, reconheço... Mitificação que, sendo um exagero, é um distorcer da verdade. E do torcer da verdade não resulta, normalmente, nada de bom... A Maçonaria é uma instituição ancestral e que preza a Tradição. Mas, como todas as instituições ancestrais bem sucedidas, sabe preservar a Tradição, adaptando os seus usos e costumes ao evoluir dos tempos e das sociedades. Só assim evita ser anacrónica e mantém interesse e importância e valor, ao longo da passagem dos anos, décadas e séculos. O século XXI lançou-nos a todos na voragem da Sociedade da Informação. As chamadas Novas Tecnologias permitem aceder a mananciais de informação que, ainda há poucas décadas - há poucos anos... - eram impensáveis. A Maçonaria não pode, não deve, obviamente, ser indiferente às consequências desta evolução. Não que tenha deixado de fazer sentido a subsistência do segredo maçónico. Mas a mitificação do mesmo, essa sim, não me parece que seja vantajosa, nem para os maçons, nem para os profanos. A Maçonaria prossegue objetivos honrosos e louváveis. É frequentemente denegrida por quem, sendo-lhe hostil, a acusa de prosseguir propósitos menos recomendáveis e, sistematicamente, esgrime com o segredo maçónico como alegada prova dos

Page 15: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

9

tenebrosos propósitos da Maçonaria. Em época de acelerada circulação da informação, não basta à Maçonaria seguir o seu caminho, não ligando aos cães que ladram à passagem da caravana. Porque tanto ladrido de tanta canzoada acaba por impressionar quem o ouve. A Maçonaria deve continuar a prosseguir o seu caminho, apesar dos rafeiros e seus latidos. Mas, para bem de si própria e elucidação de todos, nestes tempos de abertura de informação, deve mostrar e informar para onde vai, porque vai e como vai. Assim todos verão qual o caminho e não se impressionarão com a barulheira dos canídeos, que todos poderão ver ser vã e sem motivo que a sustente. O segredo maçónico é um dos objetos dos latidos. Pois bem, é tempo de mostrar, a quem estiver de boa fé, que esse vozear não tem razão de ser. Não - repito - abandonando o segredo maçónico ou traindo os compromissos assumidos. Mas explicando os limites, a natureza e as razões do dito segredo. Quem estiver de boa fé perceberá. Os outros... continuarão a ladrar, mas já impressionarão menos... Nos próximos dias tenciono, pois, publicar alguns textos sobre o segredo maçónico, explicando o que abrange, porque existe, porque se justifica. Sem trair os meus juramentos. Por hoje, e para terminar, deixo apenas este aperitivo: na minha opinião, não há um segredo maçónico. Há dois. Um exotérico e outro esotérico. Aquele é o que normalmente é referido. Mas, na minha opinião, é o que menos importa...

Page 16: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

10

Rui Bandeira

Page 17: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

11

Porque se guarda o segredo maçónico

January 07, 2009

A classificação do segredo maçónico em exotérico e esotérico é minha. Quero com estes adjetivos significar duas diferentes realidades. No meu entendimento, o segredo maçónico exotérico é aquele que é constituído por matéria ou conhecimento que é suscetível de fácil apropriação por qualquer pessoa, que sem dificuldade de maior pode ser transmitido por quem o sabe a quem não o sabia. Inversamente, o segredo maçónico esotérico não comunga dessa facilidade de apreensão e de transmissão. O segredo maçónico exotérico só existe enquanto e na medida em que for preservado por todos aqueles que o detêm, os maçons, nos seus respetivos graus e qualidades. O segredo maçónico esotérico

Page 18: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

12

existe independentemente de qualquer esforço de preservação, porque o seu teor não é suscetível de ser adequada e completamente transmitido por quem atinge o seu conhecimento (apenas alguns, maçons ou não). Tem de ser descoberto, num esforço individual, mediante um percurso de autopreparação para o atingir e reconhecer, em que cada patamar atingido é condição necessária para poder conseguir-se chegar ao seguinte. Este segredo existe independentemente de qualquer propósito de preservação por quem o detém. Direi mesmo que existe apesar dos esforços e das tentativas de partilha por quem o descortinou. Dito de outro modo: o segredo maçónico é composto por uma parte que não é sequer particularmente importante (o segredo exotérico) e subsiste graças e na medida dos cuidados dos maçons na sua subsistência; e existe também uma outra componente (o segredo esotérico) que existe independentemente da vontade e dos esforços e das tentativas dos seus detentores, por impossibilidade de sua adequada e completa transmissão, seja por via oral, seja por escrito. O acesso a este implica vivência, experiência, vontade, esforço. Não basta ouvir ou ler. Portanto, o segredo que se guarda não é especialmente importante e o que importa não se consegue transmitir... O segredo maçónico exotérico é constituído por quatro aspetos: 1) Reserva da identidade dos maçons que não se hajam assumido publicamente como tal; 2) Reserva de divulgação das formas de reconhecimento entre os

Page 19: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

13

maçons; 3) Reserva de divulgação de rituais e de cerimónias; 4) Reserva de divulgação do teor concreto e específico dos trabalhos de qualquer reunião de Loja ritualmente realizada. Talvez com exceção da última faceta, o segredo maçónico exotérico é um verdadeiro segredo de Polichinelo: só não o conhece quem não quiser. Basta um pouco de esforço e trabalho para apurar o seu conteúdo. Então com as possibilidades atualmente disponíveis com as Novas Tecnologias de Informação e os potentes motores de busca universalmente disponíveis, aceder a esse conhecimento é uma pura questão de perseverança, trabalho e alguma habilidade. Ao contrário do que vulgarmente se pensa, está tudo publicado. Só é preciso descobrir onde... E - esta será porventura a maior dificuldade - destrinçar entre o que verdadeiramente é e o que é falso ou imitado ou errada ou desajustada ou intempestivamente utilizado. O objetivo primacial do segredo maçónico exotérico é permitir aos maçons saber, de uma forma exclusivamente a si acessível, quem é e quem não é maçon - e também que grau detém quem é maçon. Nos tempos de antanho, foi essencial. Hoje, nem por isso. Outras formas de saber, rápida e eficazmente, quem é e quem não é maçon existem. Hoje, a facilidade e rapidez das comunicações, particularmente das telecomunicações e da comunicação eletrónica, permite, em caso de necessidade, fácil e rapidamente verificar junto de uma Grande Loja ou de uma Loja se fulano é seu

Page 20: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

14

membro. Antigamente, era diferente. Daí que a importância do conhecimento da forma de obter essa informação, e a sua preservação, fosse nuclear. As realidades da vida, da evolução e do desenvolvimento em muito erodiram a necessidade e importância do segredo. Sendo assim, porque continuam os maçons a preservar esse já não tão importante segredo? Por duas razões, uma acessória, outra essencial. A acessória é que, embora a necessidade de preservação das reservas de informação tenha diminuído, seja menos importante, não cessou completa e universalmente, não perdeu TODA a importância (ainda há locais onde é perigoso ser maçon). A essencial é que os maçons preservam o segredo maçónico PORQUE SE COMPROMETERAM, POR SUA HONRA, A FAZÊ-LO. Sendo assim, porque se continua a exigir aos maçons esses compromisso de honra? Não já pela necessidade de antanho. Ou não já essencialmente. Nem também por um cego tributo à Tradição, o continuar a fazer agora assim porque dantes assim se fazia. Antes como um exercício permanente do que é na essência inerente à condição de maçon. Um maçon é um homem livre, apenas escravo da sua palavra; sério, sempre preservando a sua honra; cumpridor dos seus compromissos, apenas porque ele se obrigou a eles. A palavra de um maçon vale tanto ou mais do que um contrato escrito, é mais duradoura do que se tivesse sido gravada em pedra. Independentemente da importância do assunto. Um homem só é honrado e de confiança se o for nas pequenas como nas grandes coisas. A verdadeira palavra sagrada de um

Page 21: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

15

maçon é a sua palavra de honra. É portanto em execução desse princípio inderrogável de que omaçon cumpre sempre a sua palavra, seja-lhe ou não conveniente,seja o assunto importante ou sem destaque particular, que estepreserva o segredo maçónico. Porque se comprometeu a fazê-lo.Independentemente de ser ou não ser já importante fazê-lo. Mesmoque, por esse mundo fora, esse segredo, total ou parcialmente,tenha sido centenas ou milhares de vezes exposto. Se o nãofizesse, sabia-se merecedor do opróbio e desprezo unânimes dosmaçons. E um maçon só o é na medida em que seja reconhecidocomo tal pelos seus pares... O maçon preserva o segredo maçónico porque se comprometeu afazê-lo e esse compromisso continua a ser exigido aos maçonscomo forma de exercício diário, constante, permanente, dosdeveres inerentes a um homem honrado, livre e de bons costumes.Outros existem que, diz-se para aí, pontuam a sua pertença àorganização em que buscam a excelência através do cilício, damortificação do corpo. Os maçons buscam a excelência do caráter,do espírito, e portanto exercitam continuamente o caráter e oespírito. Uma das formas de o fazerem é honrandoescrupulosamente os seus compromissos. Independentemente deserem importantes. Sem questionar a eficácia ou o interesse dessecumprimento. Sendo-lhes indiferente que outros, mais fracos ouimerecedores, porventura tenham falhado esse cumprimento. Rui Bandeira

Page 22: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

16

Reserva de identidade

January 08, 2009

Em Inglaterra considera-se uma honra ser admitido maçon. Nos Estados Unidos, ser maçon é uma natural forma de integração na sociedade local e, para muitos, uma preservação da tradição familiar. No Brasil, apesar de subsistirem, aqui e ali, algumas desconfianças, a assunção pública da condição de maçon é natural. Nestas paragens e noutras em que a realidade seja similar, parecerá talvez bizarro, excêntrico, que um dos deveres essenciais dos maçons seja a reserva de identidade dos seus Irmãos que não se tenham publicamente assumido como maçons. No entanto, este princípio continua - infelizmente - a ter justificação.

Page 23: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

17

Séculos atrás, quando as guerras religiosas estavam no auge e quando parecia que todos os contendores seguiam a máxima quem não é por mim, é contra mim, ser maçon, pregar e praticar a tolerância para com quem tinha ideias diferentes ou professava diversa fé, era perigoso. A ideia de haver estruturas e locais em que homens que se deveriam situar em campos opostos confraternizavam e trocavam ideias de forma livre e aberta era, para muitos, insuportável e assumindo a natureza de traição. Nos países católicos, a dita Santa Inquisição perseguia e torturava maçons, com o mesmo zelo e fervor com que perseguia e torturava judeus, bruxas e correlativos. Nessa época, não divulgar a identidade de seus Irmãos maçons era uma regra absoluta e essencial para a segurança de todos. Mas era sobretudo, um elemento essencial do laço de fraternidade que une os maçons. Aquele podia pensar de modo diferente deste, ou professar uma religião diferente ou até pertencer ao exército inimigo daquele em que este se alistara. No campo de batalha, podiam ter o dever de lutar um contra o outro. Mas - ainda que porventura inimigos - ambos eram essencialmente e sobretudo Irmãos. Ambos podiam compartilhar o mesmo espaço e debater as suas ideias, quiçá descobrindo que, afinal, não eram tão diferentes quanto julgavam. Ambos podiam confraternizar pacificamente, armas pousadas, guardas baixadas e descobrir como isso melhorava cada um deles. Ambos sabiam que, se um deles denunciasse o outro, o denunciado sofreria grave perda, seguramente da liberdade, inevitavelmente da sua segurança, quase certamente da sua integridade física, porventura da própria vida. Em resumo, ambos sabiam que cada um deles se colocava

Page 24: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

18

inteiramente nas mãos do outro. E ambos protegiam o outro. Isso era e é Fraternidade! Nos dias de hoje, ainda há locais onde é perigoso ser maçon. E a mesma regra de reserva da identidade do Irmão maçon tem de ser escrupulosamente seguida. Outros locais há em que ser maçon não será propriamente perigoso, mas poderá ser incómodo, trazer prejuízos. Onde o preconceito contra a Maçonaria e os maçons ainda dura e ser maçon e ser conhecido como tal ainda pode causar danos profissionais ou sociais. Também nestes locais se justifica, e facilmente se percebe que justifica, a reserva de identidade do maçon, a não divulgação dessa condição. Mesmo nas sociedades mais abertas e com maior inserção social da Maçonaria, mesmo no Brasil, nos Estados Unidos ou em Inglaterra, existem preconceituosos contra a Maçonaria que, se tiverem o poder e a posição para tal, podem subrepticiamente prejudicar um maçon apenas por o ser - embora porventura ocultando o seu preconceito e usando uma qualquer outra desculpa ou justificação... Também nas sociedades mais abertas e com maior inserção social da Maçonaria se continua a justificar uma atitude prudente em relação aos preconceituosos e, portanto, o cumprimento do princípio de não revelar que alguém, que não tenha assumido publicamente essa condição, é maçon. Uma outra razão justifica ainda o cumprimento deste princípio. A Fraternidade implica o reconhecimento da dignidade do outro em todas as circunstâncias. Implica o respeito pelo outro, pela sua inteligência, pelas suas escolhas. Se um maçon divulgasse que

Page 25: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

19

outrem tem essa qualidade, sem que o visado tivesse previamenteassumido a mesma publicamente, estaria, sobretudo adesrespeitá-lo, a desrespeitar essa sua escolha. Se o visado nãose tinha assumido publicamente como maçon, isso resultava deuma análise do mesmo, de uma escolha sua. Análise e escolha queera seu direito fazer e que só a ele competia fazer. Divulgar queesse que se não assumiu como maçon é maçon corresponde asubstituir, a desvalorizar, a desconsiderar, o juízo por ele feito, emfavor do juízo (ou da falta de juízo...) do próprio. A decisão de cada um se assumir publicamente como maçon acada um pertence. Não pode, não deve, ser apropriada por nenhumoutro maçon. E não o é. Em nome do respeito pelo outro, pela suainteligência, pela sua capacidade de análise, pelas suas escolhas,que é inerente ao elo que une todos os maçons: o elo daFraternidade. Trair esse elo, mais do que trair o outro seria traiçãoao próprio e a todos. Rui Bandeira

Page 26: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

20

Si non è vero... è bene trovato!

January 09, 2009

Alexander Fleming

A história de hoje, como habitualmente de autor que desconheço,que me chegou por correio eletrónico e que eu edito parapublicação aqui no blogue, afirma-se como sendo uma história real.Não penso que o seja. A ter sucedido, certamente teria sidoreferenciada nas biografias dos dois famosos intervenientes, coisaque não sucede. Aliás, pelo contrário, uma biografia de Flemingrefere factos manifestamente incompatíveis com esta historieta:

O médico e bacteriologista inglês Alexander Fleming nasceu nas terras altas do Ayrshire, no sudeste da Escócia, a 06 de Agosto de

Page 27: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

21

1881. O pai faleceu quando Fleming tinha ainda sete anos; a partirdesta data a mãe e o irmão Hugh passaram a dirigir a família e acuidar da exploração de gado, e o seu irmão Tom partiu paraGlasgow para estudar medicina.

Fleming passava os dias, nesta época, com o irmão John, doisanos mais velho, e com Robert, dois anos mais novo: exploravam apropriedade, seguiam os ribeiros e pescavam nas águas do rio.Desde cedo ficou fascinado pela natureza, desenvolvendo umsentido excepcional de observação do que o rodeava.

No verão de 1895, Tom propôs-lhe que fosse estudar para Londres,onde este tinha um consultório que se dedicava a doençasoculares. Juntaram-se, assim, os três irmãos em Londres: Fleming,John e Robert. John aprendeu a arte de fazer lentes (o diretor daempresa onde ele trabalhava era Harry Lambert, o famoso pacientede Alexander Fleming) e Robert o acompanhou na EscolaPolitécnica. Aos 16 anos, tinha realizado todos os exames, masnão tinha ainda certeza sobre qual o futuro a seguir. Assim,empregou-se numa agência de navegação da American Line.

Em 1901, os irmãos Fleming receberam uma herança de um tiorecentemente falecido. Tom utilizou-a para abrir um novoconsultório e assim, aumentar o número de clientes. Robert e Johnestabeleceram-se por conta própria como fabricantes de lentes,onde obtiveram um enorme sucesso. E Fleming utilizou a sua parteda herança para tirar o curso de medicina, ingressando em Outubrode 1901 na Escola Médica do Hospital de St. Mary.

Page 28: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

22

Acresce que Winston Churchill nasceu em 1874, sendo sete anosmais velho que Fleming.

Mas, como refiro no título do texto de hoje, si non e vero... e benetrovato!

Havia um homem que se chamava Fleming e era um pobrelavrador escocês. Um dia, enquanto trabalhava para ganhar opão para a sua família, ouviu um pedido de socorroproveniente de um pântano que havia nas redondezas. Fleminglargou tudo o que estava a fazer e correu para o pântano. Lá,deparou-se com um rapazinho enterrado até à cintura, gritandopor socorro e tentando desesperadamente, e em vão,libertar-se do lamaçal onde caíra. O Sr. Fleming retirou orapazinho do pântano, salvando-o assim da morte.

No dia seguinte, chegou uma elegante carruagem à suahumilde casa, donde saiu um nobre elegantemente vestido,que se lhe dirigiu apresentando-se como o pai do rapazinhoque salvara da morte certa.

- Quero recompensá-lo. - disse o nobre. - O senhor salvou avida do meu filho.

- Não, não posso aceitar dinheiro pelo que fiz. - respondeu olavrador escocês.

Nesse momento, o filho do lavrador assomou à porta da casa.

- É seu filho? - perguntou o nobre.

Page 29: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

23

- Sim. - respondeu orgulhosamente o humilde lavrador.

- Então, proponho-lhe o seguinte: deixe-me proporcionar aoseu filho o mesmo nível de instrução que proporcionarei aomeu. Se o seu rapaz sair a si, não tenho dúvida alguma que seconverterá num homem de que ambos nos orgulharemos."

Fleming aceitou. O filho do humilde lavrador frequentou asmelhores escolas e licenciou-se em Medicina na famosaEscola Médica do St. Mary's Hospital de Londres. Tornou-seum médico brilhante e ficou mundialmente conhecido como oDr. Alexander Fleming, o descobridor da penicilina.

Anos depois, o “rapazinho”que havia sido salvo do pantanoadoeceu com uma pneumonia. E desta vez, quem salvou a suavida?

A PENICILINA!

Quem era o nobre, que investiu na formação do Dr. AlexanderFleming?

Sir Randolph Churchill.

E o filho do nobre, que foi duas vezes salvo pela famíliaFleming?

Sir Winston Churchill.

Que lição tirar desta historieta, que sabemos não ter realmente sucedido? Provavelmente apenas que devemos estar sempre

Page 30: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

24

atentos aos nossos atos, porque nunca sabemos as repercussões,positivas ou negativas, que os mesmos podem ter. Só estaperspetiva deve bastar para nos determinarmos a agir sempre damelhor forma possível. A ajudar, na medida das nossaspossibilidades. Sem preconceitos. Também sem vãs esperanças.Poderá suceder que uma pequena ajuda nossa possibilite que, nofuturo, alguém descubra algo de alto valor para a Humanidade. Oupoderá suceder que a nossa ajuda apenas auxilie uma pessoacomum, que nada de especial fará. Mas que nunca a nossaomissão inviabilize um avanço!

Talvez afinal a lição seja a de que não basta não realizar o Mal. Háque promover o Bem

Rui Bandeira

Page 31: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

25

Reserva sobre as formas de reconhecimento

January 12, 2009

Antigamente era, em muitos locais, perigoso ser maçon. Ainda hoje o é, em várias partes do globo. Os maçons tinham necessidade de se conseguirem reconhecer uns aos outros, sem necessidade de perguntar. Com efeito, se um maçon perguntasse a outrem se também era maçon e esse outrem não só não fosse maçon como denunciasse quem o inquirira, estava o caldo entornado... Havia, pois, que arranjar maneira de um maçon se poder assegurar que outro homem também tinha essa qualidade, de forma que, se assim fosse, o interrogado soubesse que tal interrogação lhe estava a ser feita e soubesse responder da mesma forma, mas que, se o interrogado não fosse maçon, não se apercebesse sequer da interrogação. Havia que criar uma forma de um maçon se dar a conhecer como tal, de maneira que só os maçons se apercebessem disso e só eles reconhecessem essa forma.

Page 32: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

26

Havia que poder testar se alguém que se arrogava de ser maçon efetivamente o era. E, sobretudo, havia que tudo isto fazer de forma discreta, apenas percetível por quem devesse perceber. E havia, obviamente que guardar segredo dessas formas de reconhecimento. Antigamente,não havia as facilidades e rapidez de comunicações e de deslocação que há hoje. Os agregados populacionais eram fechados, muito mais isolados do que agora e, sobretudo, mais distantes, em termos de tempos de viagem. Ir de Lisboa a Londres demorava semanas. Ir de Lisboa ao Porto demorava dias. Ir da Europa à Ásia, a África ou à América demorava meses. Um viajante que chegava a um qualquer local era um desconhecido e desconhecia quase todas ou todas as pessoas desse local. Se se arrogava qualquer título ou condição, não havia meios de comunicação rápidos que permitissem verificar, em terras distantes, se o afirmado era verdade. Viajar era demorado e perigoso. Os maçons em viagem podiam beneficiar do auxílio de seus Irmãos. Muitas vezes sendo - viajante e residente - desconhecidos um dos outro. Não bastava ao viajante dizer que era maçon. Tinha de comprovar essa qualidade. Antigamente era, pois. essencial que existissem formas de reconhecimento discretas, eficazes e de conhecimento restrito aos maçons. Que deviam ser e eram avaramente guardadas em segredo.

Page 33: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

27

Essas formas de reconhecimento eram e são constituídas por determinados sinais, por certas palavras, por específicos toques. Os sinais permitiam que os maçons se reconhecessem como tal no meio de uma multidão, se preciso fosse, sem que mais ninguém se apercebesse. As palavras permitiam confirmar esse reconhecimento, constituindo uma segunda forma de verificação, que confirmaria a identificação ou permitiria desmascarar impostor que, por conhecimento ou sorte, tivesse efetuado corretamente um sinal de identificação. Os toques, discretos, permitiam, além de uma fácil identificação mútua absolutamente discreta e insuscetível de ser detetada por estranhos, também desmascarar impostores, pois não bastava, nem basta, usar um certo toque: é preciso saber quando o usar, para quê e que deve suceder em seguida... Sempre os sinais de reconhecimento foram objeto de curiosidade profana. Por quem perseguia a Maçonaria e os maçons, por razões evidentes. Por quem, não sendo maçon, gostaria de se infiltrar entre os maçons ou, viajando, beneficiar da ajuda que os maçons residentes davam aos maçons viajantes. Ou, simplesmente, por quem era curioso... Milhares e milhares de maçons conhecem os sinais de reconhecimento. Ao longo do tempo, milhões de maçons acederam a esse conhecimento, nas quatro partidas do Mundo. Houve zangas. Houve dissensões. Houve abandonos. Houve traições. Houve inconfidências. Um segredo só é

Page 34: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

28

verdadeiramente secreto se for conhecido apenas por um - e, mesmo assim, se este não falar a dormir... Era inevitável que as formas de reconhecimento dos maçons fossem expostas. Existem livros. Existem filmes. Existem vídeos. Existem panfletos. Existem, hoje em dia, inúmeros suportes em que estão expostas aos profanos as formas de reconhecimento dos maçons. Mas também existem publicados nos mesmos suportes formas de reconhecimento falsas ou inventadas ou simplesmente ultrapassadas... Quem está de fora tem o magno problema de descobrir o que é verdadeiro e o que é falso, de distinguir o certo do inventado, de descortinar o que se mantém vigente e o que foi ultrapassado... Por isso, ainda hoje, as formas de reconhecimento vigentes, apesar de conhecidas por milhões, apesar de repetidamente expostas, continuam a ser úteis e eficazes. Mas, mesmo que algum profano consiga conhecer os sinais, palavras e toques certos e consiga descobrir quando os utilizar e como o fazer corretamente, ainda assim só logrará, quando muito, enganar alguns maçons durante algum tempo e acabará - porventura mais cedo do que mais tarde - por ser desmascarado como impostor. Porque não basta executar o sinal certo na hora precisa, pela forma correta, nem dizer a palavra adequada, pela forma prescrita, a quem deve ouvi-la, nem dar o toque acertado, no momento asado e sabendo o que se deve passar a seguir. Tudo isso já é suficientemente complicado - mas não basta. Tudo isso, ainda que porventura executado de forma atinada, constitui ainda uma determinada

Page 35: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

29

informação: que quem o fez tem um determinado nível de conhecimentos, uma certa postura e compostura, um exigível comportamento, um específico nível de desenvolvimento pessoal, social e espiritual. Ser maçon e ser reconhecido como maçon não é só conhecer e saber executar sinais, palavras e toques. Isso é o que menos importa. É, sobretudo, saber fazer um percurso, utilizar um método, avançar num caminho. As formas de reconhecimento são apenas sinais exteriores básicos e nem sequer particularmente importantes. Isso também, mas sobretudo muito mais, é que faz com que um maçon seja reconhecido como tal pelos seus Irmãos. Reservo o segredo dos sinais, palavras e toques que constituem as formas de reconhecimento dos maçons, porque a isso me comprometi. Mas digo e afirmo: podíamos divulgar, publicar, mostrar, explicar, exemplificar, ensinar, filmar e exibir o filme, executar todos os sinais, palavras e toques de reconhecimento; podíamos ensinar a toda a gente como e quando e por que forma utilizar cada um deles. Ainda assim, pouco tempo e apenas um razoável cuidado bastariam para reconhecer quem efetivamente é maçon e quem, ainda que perfeitamente executasse todos os sinais, palavras e toques, não o é! Porque ser maçon é muito mais do que saber sinais, palavras e toques. Ser reconhecido como tal implica muito mais do que essas minudências, pois não basta saber sinais, palavras e toques para ser reconhecido maçon. É preciso efetivamente

Page 36: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

30

sê-lo e vivê-lo e praticá-lo. Que nunca ninguém se esqueça disto. Seja profano ou tenhasido iniciado. Especialmente estes! Rui Bandeira

Page 37: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

31

Reserva sobre rituais e cerimónias

January 13, 2009

Os maçons estruturam o seu trabalho em Loja mediante rituais. A abertura e o encerramento dos trabalhos são sempre executados da mesma forma, a maneira como, durante os trabalhos, cada um fala ou se movimenta em Loja está tipificada, etc.. Os maçons assinalam também diversas situações, individuais ou coletivas, consideradas significativas com Cerimónias meticulosa e ritualmente executadas. Assim sucede com a Iniciação, a Passagem, a Elevação, a Instalação, a Consagração de Loja, etc.. A preservação do segredo sobre os rituais e cerimónias é uma das obrigações dos maçons. Quanto aos rituais, porque são parte integrante da identidade da instituição, que só fazem sentido no âmbito da mesma. A pior coisa que se pode fazer a um conceito, uma informação, uma declaração, é descontextualizá-la. A descontextualização atraiçoa o espírito, o propósito, o aspeto do conceito, da informação, da declaração. Torna-o, ou pode torná-lo, inentendível. Desvaloriza-o. Quiçá, submete-o a ridículo. No entanto, no seu devido contexto, os rituais maçónicos, não só são entendíveis,

Page 38: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

32

como são fonte de estudo e iluminação. Não só têm valor, como são fonte de união. Não só são seriamente tomados e executados, como são fonte de fortalecimento do espírito de grupo e da fraternidade entre os maçons. Os rituais só fazem plenamente sentido se e quando executados no local e pela forma próprios, por e perante quem está apto a compreendê-los. Expô-los aos olhares profanos seria permitir que juízos turvados pela ignorância, obnubilados pelo preconceito, prejudicados pela distância, extraíssem conclusões erradas, perfunctórias, vãs. Quanto às cerimónias, acresce ainda um outro motivo para o seu teor e o seu desenrolar ser reservado não apenas aos maçons, mas aos maçons do grau em que são executadas, ou superior. É que é importante preservar o fator surpresa, em relação àquele ou àqueles em benefício de quem cada cerimónia é executada. A Maçonaria destina-se a propiciar um terreno apto para o aperfeiçoamento moral e espiritual dos seus membros. Coloca ensinamentos, princípios, máximas, à disposição destes. Faseadamente. Um pouco de cada vez, para que os ensinamentos, os princípios possam ser detetados, descobertos e interiorizados pelos interessados. A Maçonaria nada ensina. Apenas possibilita que se aprenda. Mas essa aprendizagem não é efetuada apenas com o recurso à memória e ao elemento racional. Essa aprendizagem, essa melhoria, esse avanço, resulta também da marca deixada em cada um, através da respetiva inteligência emocional e seu desenvolvimento. Daí que as noções obtidas não sejam

Page 39: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

33

apenas adquiridas, mas realmente entranhadas. Daí que se dê valor ao tempo, ferramenta indispensável à construção da melhoria de cada um. Todo este processo se desencadeia através da disponibilidade de apreensão de algo que se desconhece. Daí a importância do fator surpresa. Muitas vezes o que se transmite não é novo. Já foi centenas de vezes lido, milhares de vezes visto. Mas nunca foi visto ASSIM, nunca foi contextualizado DESTA forma, nunca tinha sido introduzido COMO tal. O maçon a quem uma cerimónia é dedicada é sempre o centro da mesma. Para que a viva e não apenas a ela assista. O objetivo é VIVER a cerimónia. Não revivê-la. Por isso a deve desconhecer antes de dela beneficiar. Por isso devem as cerimónias maçónicas permanecer secretas, de conhecimento reservado a quem o deve ter - e só a esses. Mas há dezenas de versões de rituais publicados. através dos quais se pode ler o texto de diversas cerimónias. Qual então o interesse de continuar a preservar o sigilo sobre rituais e cerimónias? Duas razões avanço: em primeiro lugar, muito do que está publicado não é já atual. Pode ter semelhanças com o que atualmente se pratica, mas também tem diferenças, algumas significativas. Em segundo lugar, um ritual, uma cerimónia, não é - longe disso! - apenas um texto que se lê ou recita. É muito mais que isso. É movimento, é entoação, é gesto, é interpretação. Muito do que ritualmente é executado não está escrito. É aprendido pela observação, aperfeiçoado com o auxílio dos que antes aprenderam a executar. Por isso é

Page 40: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

34

importante o trabalho de aperfeiçoamento ritual de uma Loja.Como um meio. Nunca um fim em si mesmo. Preservar o segredo quanto a rituais e cerimónias é preservara essencialidade da cultura maçónica, da sua diferença emrelação ao mundo profano. É preservar o método detransmissão e apreensão de conhecimentos. É, enfim, protegero cerne da Maçonaria. Os rituais e cerimónias maçónicos, sendo reservados aosmaçons, não têm nada de especial, a não ser o cuidado em quesejam um meio eficaz de transmissão de noções, mais umaferramenta do método maçónico de aperfeiçoamento. Nadatêm de censurável ou perigoso. Em nada contendem com asnormas do Estado ou com os princípios da Sociedade. Porisso, os maçons também preveem e organizam, de quando emvez, cerimónias a que chamam de brancas , ou seja, abertas aprofanos, também executadas ritualmente, através das quaisos profanos - e, em primeiro lugar, as profanas com quempartilhamos as nossas vidas... - podem aperceber-se de comodecorre uma reunião maçónica. O princípio é sempre omesmo: os maçons reservam para si o que só para si deve serguardado, mas não têm qualquer problema em mostrar aosdemais o que extravasa do núcleo estrito de reserva, nem emdemonstrar como fazem. Afinal de contas, num mundo ideal, todos seríamos maçons... Rui Bandeira

Page 41: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

35

Reserva sobre trabalhos de Loja

January 14, 2009

Os maçons comprometem-se também a não divulgar o teor concreto dos trabalhos de uma reunião, ritualmente realizada, de Loja. À primeira vista, parece excessivo. Sobretudo, tendo-se em conta que, de cada reunião, é elaborada uma ata que, depois de aprovada, é conservada na documentação e no arquivo da Loja. Por essa ata se alcança que assuntos foram tratados na reunião, que deliberações foram tomadas. E uma ata existe para ser consultada - senão, para quê fazê-la? Independentemente da delicadeza dos assuntos tratados, a ata é elaborada e preservada. Ainda há pouco tempo foi publicada neste blogue uma ata que registou os trabalhos da sessão de 18 de setembro de 1835 da Loja brasileira Philantropia e Liberdade . E essa ata registou, nada mais, nada menos, do que a preparação e planificação de um movimento revolucionário, a Revolução Farroupilha!

Page 42: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

36

Porquê então guardar sigilo sobre os sucessos de uma reunião, ao mesmo tempo que se regista, e se guarda escrupulosamente esse registo, o que se passou, elaborando-se uma ata formal? Se é certo que o acervo documental constituído pelas atas das reuniões das Lojas maçónicas pode constituir e constitui precioso material de investigação histórica, nem sequer é esse o principal objetivo do registo em ata. Como acima escrevi, uma ata serve para ser consultada. Cem anos depois ou dois dias depois... Esta aparente incongruência esclarece-se se tivermos a noção de que uma Loja maçónica é uma organização - que deve registar os seus eventos e deliberações mediante atas, até em obediência às leis civis e em cumprimento dos bons costumes sociais -, mas uma organização com uma característica bem distintiva: é uma fraternidade. Enquanto fraternidade, cultiva e desenvolve especialmente as relações de confiança mútua entre os seus elementos, em estrito espírito de igualdade, sem prejuízo dos graus e qualidades de cada um e dos particulares deveres e meios que cada grau ou qualidade confira a quem os detém. Enquanto organização, uma Loja maçónica cumpre as regras civis e, portanto regista quem esteve em cada reunião, o que se tratou nela, o que ficou decidido. E guarda e preserva esse registo, que, a qualquer momento, pode ser necessário nos mesmos termos em que qualquer ata de qualquer reunião de qualquer associação ou sociedade pode ser necessária.

Page 43: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

37

Enquanto grupo fraternal, procura-se que cada elemento se sinta, no interior do grupo, completa e absolutamente livre de expressar as suas ideias, opiniões, projetos, preocupações, sem constrangimentos de qualquer espécie. O espaço de uma Loja em reunião ritual é um espaço em que todos e cada um podem baixar completamente as suas defesas e guardas, em que não necessitam de manter a sua "máscara social", em que todos e cada um podem ser e comportar-se e aparecer como realmente todos e cada um são, com suas forças e fraquezas, virtudes e defeitos. Porque, naquele espaço, todos e cada um sabem que devem aos demais a mesma tolerância que dos demais recebem. Porque todos e cada um sabem que todas as opiniões, ideias, contribuições, são analisadas e consideradas pelo seu valor intrínseco, sem argumentos ad hominem , sem acrescentar ou retirar valia à opinião expressa em função de quem a expressa. Enquanto grupo fraternal, cultiva-se a absoluta confiança mútua, a cooperação, o auxílio a todos na medida das possibilidades de cada um. Procura criar-se um laço forte e duradouro entre todos. Que por isso se consideram Irmãos. Ao criar-se um laço desta natureza, está-se a criar um espaço onde a crítica é aceite, porque a aceitação existe ainda que haja lugar a crítica. Preserva-se um espaço de cumplicidade imensa, em que cada um está à vontade junto dos demais, porque confia nos demais como nele mesmo. Num espaço assim, de Fraternidade, pode desabrochar sem

Page 44: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

38

peias a Liberdade. A Liberdade de opinar, de arriscar testar uma ideia, sem medo de que ela seja apoucada por disparatada. Se o for, assim será considerada. Mas isso não diminui quem a teve. Porque se sabe que ela só foi expressa porque se estava à vontade e porque é em espaços assim que livremente se pode testar a real valia de ideias, opiniões, propósitos. E aperfeiçoar. E limar arestas. E - quantas vezes! - transformar uma balbuciante e hesitante ideia num projeto sólido e com mérito, através do contributo de todos. Um espaço assim é potencialmente um espaço de criatividade e cooperação sem paralelo - porque ninguém teme o juízo, ou a troça ou o apoucamento dos demais. Porque todos sabem que ninguém tem só excelentes ideias, que só expondo todas - as péssimas, as sofríveis, as regulares, as boazinhas, enfim, todas - é possível peneirar delas as que têm efetiva valia. Porque todos sabem que um bom projeto só raramente é produto do valor de apenas um qualquer iluminado, antes resulta da concatenação de ideias, que se acumulam e organizam e dão forma, muitas vezes diferente no final do que fora o lampejo inicial. Num espaço assim não se tem medo de ser ridicularizado, apoucado, magoado. Mesmo que se use o direito ao disparate. Num espaço assim, sabe-se que o juízo sobre o valor de cada um não depende de uma excelente ou uma péssima ideia, antes resulta do Todo que cada um é e que os demais vão conhecendo, cuja evolução vão constatando. Um espaço assim é um espaço de intimidade intelectual sem

Page 45: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

39

paralelo. E só subsiste porque blindado numa confiança mútua absoluta. O que se diz ali, fica ali. Seja a ideia do século, seja o mais profundo disparate. Quer uma, quer outro, são ali vistos na correta perspetiva, de procura de contribuição para a melhor decisão do grupo, de experimentação, de sugestão, sem reservas, sem cuidados, sem temores de ridículo ou de crítica. Um espaço assim propicia a mais livre da Livre Expressão do Pensamento. Porque livre da necessidade da pior das censuras, a autocensura. Um espaço assim, baseado na confiança, na Fraternidade, só pode subsistir se todos e cada um souberem que o à vontade em que se expressam não é traído por juízos exteriores feitos por quem, descontextualizando o paradigma em que as ideias são expostas, possa vir a apoucar a ideia, o pensamento, a opinião. É para preservar esse espaço intimista de Liberdade que se preserva o que de concreto se passa numa reunião maçónica. Porque cá fora julga-se segundo os critérios cá de fora, não se atendendo às condições que se criam para que todas as contribuições sejam bem-vindas. É preciso garantir que todos e cada um possam, no decorrer de uma reunião ritual de Loja, expressar sem quaisquer constrangimentos, de qualquer natureza, as suas ideias e convicções e opiniões. Para que essa Liberdade absoluta exista, mister é que todos e cada um saibam que o que se passa em Loja fica em Loja. E portanto, cada um guarda cuidadosamente para si o que em Loja se

Page 46: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

40

passou. Quem quiser saber e tenha o direito a saber... consultea ata! Rui Bandeira

Page 47: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

41

O segredo maçónico esotérico

January 15, 2009

Nos textos anteriores, procurei dar uma noção sistematizada das várias vertentes do que se convencionou chamar de segredo maçónico e que eu designo por segredo maçónico exotérico, já que tudo aquilo a que respeita pode facilmente ser transmitido e apreendido. Procurei também indicar as razões da preservação de segredo sobre essas matérias. Mas, na minha opinião, o verdadeiro segredo maçónico vai muito além da discrição sobre identidades, modos de reconhecimento, rituais, cerimónias e trabalhos efetuados. Na minha opinião, o verdadeiro segredo maçónico, o que importa, o que releva, existe, não porque os maçons o queiram preservar, mas porque não o conseguem revelar. Porque é insuscetível de plena transmissão. Chamo-lhe segredo maçónico esotérico. Também há quem o refira como a Palavra Perdida . Em bom rigor, nem sequer é exclusivo dos maçons. A

Page 48: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

42

Maçonaria ensina e pratica apenas um dos métodos para a ele se poder aceder. Outros porventura haverá, desde a vertente mística à que privilegia a meditação ou a busca do equilíbrio perfeito. Talvez, como muitas vezes sucede, quem melhor conseguiu mostrar o que é o verdadeiro segredo maçónico, tenha sido um Poeta, no caso, o grande Fernando Pessoa, neste fantástico poema . É realmente incomunicável. E obviamente não tenho a prosápia de desmentir o Poeta. Mas posso tentar apontar a sua natureza, indicar a direção em que cada um deve olhar, sugerir o rumo da busca. O verdadeiro segredo maçónico, aquilo a que muitos chamam de Palavra Sagrada ou, muito simplesmente, de Luz , é aquilo que o maçon aprende através do contacto com seus Irmãos, do convívio e busca de entendimento dos elementos simbólicos que a maçonaria profusamente coloca à disposição dos seus elementos, do método de análise, de trabalho, de esforço, de meditação, de extenuada conquista, passo a passo, degrau a degrau, patamar a patamar, sobre si próprio, a pulso desbastando suas imperfeições, despojando-se do interesse sobre toda a ganga material que obnubila os nossos espíritos, indo-se cada vez mais longe em épica viagem, com começo e fim no fundo de si mesmo e aí descobrindo a resposta que procura.

Page 49: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

43

Esta busca, esta viagem, esta procura, tem um começo e um fim, mas nem um nem outro serão porventura os esperados. O começo será sempre depois do meio dia, a hora a que os maçons iniciam os seus trabalhos, quando cada um está efetivamente apto a começar a trilhar o caminho sem marcos, bordas ou fronteiras, que conduzirá não sabe onde. O fim, esse, tem hora marcada, aquela a que os maçons pousam as suas ferramentas, a meia noite. Como em muito do que tem valor, tão importante é o resultado como o trabalho para o obter, tão atraente é o destino, como o caminho que a ele conduz. E muito raramente o caminho mais curto entre o ponto de partida e o de chegada será uma reta... Em bom rigor, duvido mesmo que haja apenas um verdadeiro segredo maçónico, um único segredo esotérico. Nesta altura do meu entendimento, propendo a considerar que cada maçon atinge a sua própria Luz - a deste com mais brilho, a daquele mais baça, a daqueloutro, qual bruxuleante chama de longínqua vela, mal se vendo -, cada maçon encontra e resgata a sua própria e individual Palavra Perdida - a de um bela e cristalina, a de outro sonora e estentória, a de um terceiro suave e quase inaudível murmúrio. Cada um encontra o que procura e o que trabalha e se esforça por encontrar. Cada um encontra Segredos, Luzes, Palavras diferentes ao longo da sua busca. Porque esta nunca termina. Cada resposta encontrada dá origem a novas perguntas, nascidas de mais lúcida compreensão, em perpétua evolução e aprofundamento de compreensão. É por isso que tenho para

Page 50: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

44

mim que eu não posso, não consigo, não sei, partilhar a minha Palavra , com mais ninguém, nem sequer com o meu mais chegado Irmão. Não só porque não consigo descrevê-la em toda a sua extensão e complexidade, como porque o mero enunciar do ponto do caminho em que me encontro me abre novos horizontes de busca, para lá dos quais nem sequer sei se não terei de pôr em causa e de reformular tudo ou parte do que me levou a percorrer esse preciso caminho, quer ainda porque cada viagem, mesmo a do meu mais mais chegado Irmão, seguiu rumos diversos dos meus, levando a linguagens distintas, a conceitos diferentes, a complexas variantes. Cada um, penso-o agora - no preciso instante em que isto escrevo -, em cada momento encontra diferente Palavra , vê diversa Luz , preserva variado Segredo , porque cada um viaja para destinos diferentes: cada um viaja até ao fundo de si mesmo e cada um é todo um Universo diferente do parceiro do lado. Nessa viagem, nesse trabalho, nessa busca, cada um procura coisa diversa. Eu só posso definir o que neste momento busco. Já me reconciliei - há muito! - com a finitude da vida neste plano de existência, já abandonei, por estulta e estéril, a busca do imenso porquê, a mim nunca me interessou particularmente interrogar-me sobre o cósmico como. Por agora, desde há muito e não sei até quando, concentro-me na busca do sentido da Vida e da Criação. Tenho uma ideia rude e imprecisa desse sentido. Busco o melhor ângulo para obter mais Luz. Espero que consiga obter o Brilho suficiente para,

Page 51: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

45

através do sentido da Criação, entrever o Criador... E tudo istoeu - neste momento - busco, em fantástica viagem, sem outroveículo que não eu próprio, não consumindo outrocombustível senão tudo aquilo de que me interiormentedespojo, sem outro destino e caminho senão o fundo de mimmesmo. Porque é o conhecimento de mim mesmo, em todas ascomplexas vertentes que condicionam o meu Eu que mehabilitará a conhecer o Outro, o Mundo e quem o criou eporquê e para quê e como. Eu sou a pergunta, a pergunta semresposta, a pergunta buscando a resposta e, simultaneamente,a resposta contida na própria pergunta, que me levará a novapergunta, que gerará nova resposta, em contínuo alargar dehorizontes, que espero me permita entrever o que está paraalém do horizonte e contém todos os horizontes... Algo já encontrei, algo já me ilumina, algo já consigo balbuciar.Mas não tenho ilusões: ainda não sei ler nem escrever, seiapenas soletrar... Confuso, não é? Pois é! Eu bem avisei que o segredomaçónico esotérico é aquele que existe porque não seconsegue transmitir... O Poeta bem o soube... Rui Bandeira

Page 52: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

46

História banal

January 16, 2009

Mais uma história de sexta-feira. Como as anteriores, recebi-a por correio eletrónico, desconheço a sua autoria e editei-a para publicação aqui. Uma sexta-feira, João, no caminho entre a escola e a sua casa, viu um outro garoto da sua turma, chamado Luís, também a caminho da casa dele, levando todos os seus livros. Estranhou, porque os alunos costumavam deixar os seus livros na escola. Devia tratar-se de um marrão , um dos raros espécimes que estudava incessantemente e procurava ter sempre as melhores notas... Conforme ia caminhando, João viu um grupo de rapazes correr em direção a Luís. Cercaram-no, empurraram-no, arrancaram

Page 53: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

47

todos os livros dos seus braços, atiraram-no ao chão. Os óculos de Luís voaram e caíram na relva a alguns metros de distância onde tudo se passava. Caído, Luís ergueu o rosto e João viu uma terrível tristeza nos seus olhos. João correu até junto do colega, enquanto ele gatinhava, procurando os seus óculos. Pôde ver uma lágrima nos seus olhos. Enquanto lhe entregava os óculos, João disse-lhe: - Aqueles tipos são uns idiotas! Deviam tratar da vida deles, em vez de se divertirem à custa dos outros. Luís olhou João nos olhos e agradeceu-lhe - a ajuda e as palavras! Abriu-se um grande sorriso na sua face. Um daqueles sorrisos que realmente mostram gratidão. João ajudou Luís a apanhar os seus livros e perguntou-lhe onde morava. Por coincidência, moravam perto um do outro. Conversaram durante todo o caminho. João convidou Luís para ir jogar futebol com ele e os seus amigos nesse fim de semana. João aceitou e ambos passaram juntos boa parte do fim de semana, em renhidos jogos de futebol. Chegou a segunda-feira e lá estava o Luís com aquela quantidade imensa de livros outra vez! João dirigiu-se a ele e disse-lhe:

Page 54: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

48

- Caramba, rapaz, vais ficar realmente musculoso carregando essa pilha de livros assim todos os dias! Luís simplesmente sorriu e entregou a João metade dos livros, para que este o ajudasse a transportá-los. Nos anos seguintes, João e Luís tornaram-se amigos muito unidos. Quando terminaram o secundário, sabiam que os seus caminhos se iam separar, mas esperavam manter a sua amizade. João ia tirar um curso de Desporto. Luís ia cursar Medicina. Luís era o orador que ia representar a turma na Cerimónia de Graduação dos Finalistas. João provocava-o constantemente, chamando-o de marrão , o pensamento que lhe viera à cabeça a primeira vez que nele reparara. Luís teve de preparar um discurso de formatura e João estava muito aliviado por não ser ele quem devia subir ao palco e discursar. No dia da Formatura, Luís estava ótimo, muito bem-disposto, embora fosse visível algum nervosismo, por causa do discurso. Quando ele subiu ao palco, limpou a garganta e começou o discurso: - A Formatura é uma época para agradecermos àqueles que nos ajudaram durante estes anos duros. Pais, professores, irmãos, talvez até um treinador, mas principalmente aos amigos. Eu estou aqui para lhes dizer que ser um amigo para alguém é o melhor presente que se lhe pode dar. Vou contar-lhes uma história...

Page 55: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

49

João olhava para o seu amigo, sem conseguir acreditar,enquanto ele contava a história sobre o primeiro dia em que setinham conhecido. Ele tinha decidido matar-se naquele fim desemana! Contou a todos como havia esvaziado o seu armáriona escola, para que a sua mãe não tivesse que fazer issodepois de ele morrer e estava a levar todas as suas coisas paracasa. Neste ponto do discurso, Luís olhou João diretamente nosolhos e fez um pequeno sorriso, enquanto concluía: - Felizmente, o meu amigo salvou-me de fazer algoirremediável! Até àquele momento, João nunca se tinha dado conta daprofundidade do sorriso que Luís lhe dera naquele dia. Olhoupara os pais do Luís e viu-os também olhando para ele,também sorrindo com a mesma gratidão. A lição desta historieta é fácil: nunca subestime o poder dassuas ações. Com um pequeno gesto, pode mudar a vida deuma pessoa. Para melhor ou para pior. Rui Bandeira

Page 56: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

50

Maçonaria: história, lenda e mitos

January 19, 2009

Quer para os seus cultores, quer para os seus detratores, a Maçonaria significa mais do que o seu dia a dia apresenta aos que nela buscam ferramentas para o seu aperfeiçoamento pessoal. A Maçonaria, instituição com centenas de anos, influenciou tanta gente de valor, tanto progresso da humanidade, tanta evolução da sociedade, que progressivamente ganhou uma aura - de prestígio, de honra, de valor, para os seus cultores; de perigo, de conspiração, de influência malfazeja, para os seus detratores - que supera, creio, a realidade. E esta é já muito gratificante! A Maçonaria ultrapassa hoje os maçons e o seu conjunto. Confere-se-lhe poder e influência superiores aos que realmente detém. O principal objetivo da Maçonaria - o aperfeiçoamento moral e espiritual dos seus membros - parece

Page 57: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

51

demasiado modesto, quer em relação aos feitos passados, quer à alegada capacidade presente, quer aos (ansiados ou temidos, consoante os casos) propósitos futuros. Não duvido que a Maçonaria, pela elevada craveira dos seus milhões de membros, possua potencialidades de influenciar grandes mudanças e progressos (ou, segundo os seus detratores, diabólicos planos e retrocessos...). Interrogo-me se deseja desenvolver e aplicar, enquanto organização, essa potencialidade (ao invés de, formados, melhorados, mudados os seus membros de bons para melhores , ser cada um destes a contribuir, por si, para o progresso e a melhoria, material e espiritual, da sociedade em que se insere). Duvido, muito fortemente, que, se o desejasse, fosse uma opção sensata. Mas, para o bem e para o mal, bem vistas a realidade e as ilusões, a Maçonaria é vista, por cultores e detratores, com uma dimensão e influência superiores às que efetivamente detém. Resulta, a meu ver, esta situação, do facto de a Maçonaria, pelas circunstâncias em que cresceu e se desenvolveu, ter constituído e constituir um ponto de convergência de três planos distintos: o plano histórico, ou real, o plano lendário, ou surreal, e o plano mítico, ou imaginário. Esta convergência destes três planos, que em princípio se teriam por contraditórios e inconciliáveis, é, por exemplo, claramente aparente, quando se busca informação sobre as origens da Maçonaria: no plano histórico, a Maçonaria tem as suas origens nas associações medievais e pós-medievais de

Page 58: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

52

construtores em pedra, em especial segundo a forma e prática que assumiram nas Ilhas Britânicas; no plano lendário, a origem da Maçonaria remonta à época da construção do Templo de Salomão; no plano mítico, surgem-nos as mais variadas e fantasiosas origens: desde os Templários, aos sacerdotes e mistérios egípcios, ao culto mitraico, encontramos origens míticas da Maçonaria, para todos os gostos e paladares. Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, esta mistura de planos inconciliáveis não constitui um mal, um defeito. Na minha opinião, é uma mais-valia. Porque permite que na Maçonaria confluam os planos da avaliação racional, do sonho e da imaginação. Tendemos a esquecer que a Razão, sendo obviamente importante, sendo essencial, não é tudo, que o Instinto, a Inteligência Emocional, a Imaginação, constituem também dimensões essenciais do todo que cada ser humano é e todos têm um papel na sua evolução, na sua melhoria, no seu aperfeiçoamento. Um ser exclusivamente racional tende a hipervalorizar a lógica e a ser frio, a esquecer o sentimento. A capacidade racional do homem deve ser complementada pelos outros planos e valências referidos, sob pena de a queda no hiperrealismo significar o enlear no imobilismo. Inerentes à evolução, ao progresso, pessoal e social, estão as capacidades de sonhar, de imaginar. Por cada mil sonhos loucos, um revelar-se-á, não só viável, como meritório; o produto da mais desbragada imaginação normalmente são castelos na areia, ou flutuando no ar, mas, de quando em vez, o jogo entre a mente humana e a sua

Page 59: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

53

imaginação faz com que surja uma situação em que o Mundopula e avança, como bola colorida entre as mãos de umacriança ... Portanto, uma das riquezas da Maçonaria, a razão por que estaé tida com mais capacidade do que a que detém, é estaconfluência em si dos três planos: histórico ou real, lendárioou surreal e mítico ou imaginário. Nos próximos textos, procurarei referir-me a cada um destestrês planos, em relação à Maçonaria. Rui Bandeira

Page 60: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

54

História

January 20, 2009

A Maçonaria dá uma crescente atenção à sua História. Pela mesma razão que cada sociedade o deve fazer: os sucessos passados são a base da situação presente e as lições para as atuações futuras. Conhecer a sua História é beneficiar de uma aprendizagem duramente feita, ao longo de séculos. E uma parte dessa aprendizagem foi a conveniência de distinguir entre o que é História da Maçonaria e o que são histórias à roda ou inspiradas na Maçonaria. Esta aprendizagem fez-se na Maçonaria como se fez na sociedade. Ainda no século XIX, a História (com H maiúsculo), em resultado da cultura baseada no Romantismo da época, pouco mais era do que a narração de episódios épicos envoltos em véus tecidos pela imaginação, que realçavam as qualidades dos que na época eram incensados. A evolução da Ciência Histórica gradualmente habituou-nos à necessidade de fixação de factos e ações em função das provas documentais ou de outra natureza existentes. Por vezes caindo-se porventura no extremo oposto da recusa de dar por assente determinado facto ou ação, porque se não encontrava prova considerada bastante para o ter como verificado, em exagero que dá um novo e particular e enviesado significado à expressão Tribunal

Page 61: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

55

da História ... Da época em que a pesquisa histórica se enleava com a imaginação romântica, sobram-nos alguns mitos, que, à falta de comprovação, pelo menos nos estimulam os egos e a imaginação. O rigor histórico dos dias de hoje permite estabelecer, com algum pormenor e o devido rigor, o crescimento e a evolução da Maçonaria, desde a fundação da Premier Grand Lodge de Londres, em 1717, até à contemporaneidade. Neste período, já significativo, a tarefa do investigador histórico está facilitada pelo profuso acervo documental que os maçons se habituaram a deixar para a posteridade. Só o facto de ser rotineira, desde há séculos, a elaboração e guarda de atas registando os sucessos ocorridos nas reuniões das Lojas facilita enormemente o trabalho do investigador. Em muitos casos, poder-se-á até dizer que o problema porventura será já o oposto: o excesso de documentação, que dificulta, quiçá torna impraticável, normalmente, a análise de toda a documentação e a extração das pérolas de interesse histórico do meio da imensidão de registos de reuniões banais de gente vulgar tomando decisões corriqueiras. Já quando se busca conhecer as origens históricas da Maçonaria as dificuldades são maiores. Os documentos e registos não abundam e rareiam mais à medida que se recua no tempo. O manuscrito mais antigo relacionado com a Maçonaria que se conhece é o Poema Regius, de finais do século XIV, um poema sobre os deveres morais , divulgado nos

Page 62: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

56

tempos modernos por Halliwell-Phillips numa comunicação, intitulada Da Introdução da Maçonaria em Inglaterra , apresentada na sessão de 1838-1839 da Sociedade de Antiquários. O manuscrito do poema é, por esse facto, também por vezes referido como Manuscrito Halliwell ( ver aqui alguns elementos sobre o poema Regius, incluindo a transcrição do seu teor, em inglês arcaico e a sua "tradução" para o inglês moderno). Através deste documento, confirma-se que as Lojas das corporações de construtores em pedra, os maçons que hoje designamos por operativos, existiam organizadamente no século XIV e, mais importante, que já nessa época, não se preocupavam unicamente com a guarda, transmissão e aprendizagem das técnicas de construção (algumas avaramente guardadas, como, por exemplo, a forma prática de tirar ângulos retos, imprescindível para que os edifícios fossem construídos com os cantos efetivamente a 90 graus e não ficassem com as paredes tortas, em aplicação da chamada 47.º Proposição de Euclides, a formulação geométrica do - agora - bem conhecido Teorema de Pitágoras), mas evidenciavam também interesse pelas regras de comportamento moral. Ou seja, o mais antigo documento relacionado com a Maçonaria mostra-nos que os maçons operativos já começavam a ser também especulativos, muito antes da transformação das instituições da Maçonaria Operativa na moderna Maçonaria Especulativa. Os documentos históricos disponíveis e analisados indicam

Page 63: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

57

que a moderna Maçonaria Especulativa tem o seu início nosséculos XVII-XVIII nas Ilhas Britânicas, mediante evolução dasLojas das corporações de construtores em pedrapré-existentes. Os construtores (que não tinham sópreocupações profissionais, mostra-nos o Regius ) forampaulatinamente aceitando entre si elementos não pertencentesà profissão (senhores que os protegiam e que lhes davamtrabalho, depois intelectuais que consideravam e que, pelo seuprestígio local, valorizavam as suas Lojas), originando umasurpreendentemente rápida transição da Maçonaria Operativapara a moderna Maçonaria Especulativa. Simbolicamente,marca-se o início formal desta através da constituição daPremier Grand Lodge de Londres, em 1717. Mas, na época, eantes, havia outras Lojas, para além das quatro Lojas deLondres fundadoras dessa Grande Loja, designadamente, naEscócia, na Irlanda e na região de York. Da Maçonariapré-estabelecida na região de York reclama-se herdeira - emais antiga Grande Loja do Mundo - a relativamente poucoconhecida (e não reconhecida pela UGLE e pela MaçonariaRegular) The Grand Lodge of All England at York . Desde a fundação da Premier Grand Lodge , a evoluçãohistórica da Maçonaria até aos dias de hoje é bem conhecida. Rui Bandeira

Page 64: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

58

Lenda

January 21, 2009

Lenda é uma história romanceada. Normalmente partindo de um facto historicamente ocorrido ou referindo-se a um personagem que efetivamente existiu, constroi-se uma história mais rica, mais pormenorizada, mais interessante, que embeleza e enriquece o facto em que se baseia ou que engrandece ou particularmente qualifica o personagem que refere. Na lenda parte-se da realidade e vai-se para além desta. Parte-se do que foi e chega-se ao que se gostaria que tivesse sido. Vai-se do real para o surreal (mais do que o real; para

Page 65: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

59

além do real). A lenda é sempre mais interessante, mais bela, mais apelativa à nossa imaginação e à nossa afetividade do que a realidade. A lenda é melhor do que a realidade. Só assim se justifica. Só assim existe. Só assim persiste. A lenda é a melhor homenagem que a mente humana pode prestar à realidade. Um personagem valoroso, fora do comum, que se destaca, pode tornar-se um personagem lendário. Um acontecimento, porventura banal, quiçá trivial, mas que impressiona o intelecto, emociona a mente, desperta a imaginação, pode, com o passar do tempo, assumir uma dimensão lendária. Porque a lenda vai para além da realidade, e portanto é melhor do que a realidade, mais bela, mais apelativa, mais memorável, facilmente a lenda perdura mais do que o real. E representa melhor os mais nobres ideais do homem. Todas as organizações humanas da maior relevância, mais tarde ou mais cedo assumem uma dimensão lendária, umas vezes coexistindo com a realidade, outras vezes apropriando-se desta e substituindo-a. Também a Maçonaria tem a sua dimensão lendária, com especial relevância e particular importância no seu ideário. A moderna Maçonaria Especulativa baseia o seu simbolismo fundamental na Lenda de Hiram . Não vou aqui revelá-la, embora ela esteja profusamente publicada. A Lenda de Hiram tem a sua origem no episódio da construção do Templo de Salomão, relatado na Bíblia, no Livro dos Reis e também

Page 66: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

60

referenciado nas Crónicas. Conforme se pode ler num interessante trabalho de Ethiel Omar Cartes González, maçon da Loja Guatimozín 66, da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo (Brasil), publicado na reconhecida Pietre-Stones, Revue of Freemasonry , na Bíblia é mencionado Hiram como Hirão de Tiro, (Reis 7, 13) ou Hurão Abiú sendo Hurão, meu pai, (Crônicas 2,13) filho de uma mulher viúva, filha de Dã e que, junto com ser um homem sábio de grande entendimento, sabia lavrar todos os materiais. Mas a Bíblia não credita a Hiram Abif o cargo de diretor dos trabalhos de construção do Templo e sim como um artífice encarregado de criar as obras de arte que iriam a causar admiração aos visitantes. (De passagem: é esta referência bíblica a origem da expressão filhos da viúva , com que os maçons se autodenominam.) A Lenda de Hiram , trave-mestra dos ensinamentos transmitidos num dos graus da Maçonaria Azul e pretexto de desenvolvimentos em vários dos Altos Graus, sejam do Rito de York, sejam do Rito Escocês Antigo e Aceite, é indubitavelmente uma peça central do ideário maçónico. Apesar de todos lhe reconhecerem a natureza de lenda, a mesma é pretexto e instrumento e ferramenta para extrair e trabalhar muitos símbolos fundamentais da maçonaria, muitos ensinamentos a obter e desenvolver. Um maçon, após lhe ser transmitida a Lenda de Hiram, pode - e deve! - levar muitos anos a estudá-la, a analisá-la, a compreender os significados dos símbolos por ela mostrados ou sugeridos, e disso tirar grande proveito pessoal, moral e espiritual. A Maçonaria não é só - longe disso! - a Lenda de Hiram . Mas a Lenda de Hiram , e

Page 67: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

61

os ensinamentos que possibilita e proporciona, é muito,muitíssimo, na Maçonaria. A propósito de lenda: também a Loja Mestre AffonsoDomingues tem como trave-mestra da sua existência umalenda: a lenda da Abóbada , incluída pelo grande AlexandreHerculano nas suas Lendas e Narrativas , na qual o escritor nosapresenta o personagem de Mestre Affonso Domingues (quehistoricamente é certo que foi um dos arquitetos do Mosteiroda Batalha), elevando-o à imortalidade lendária, com oepisódio do fecho da abóbada da Batalha e a subsequentemorte do velho Mestre, após três dias de isolamento sob esta,como prova de confiança de que a mesma não derrocaria e aemblemática tirada de que a abóbada não caiu; a abóbada nãocairá . Também nós, esforçados maçons da Loja MestreAffonso Domingues nos honramos muito do nosso patrono eda sua dimensão lendária e, confiantemente, declaramos que,em relação à nossa querida Loja, nem a abóbada cairá, nem assuas colunas abaterão, enquanto existirem, pelo menos, setemembros da Loja à face da Terra. Rui Bandeira

Page 68: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

62

Mitos

January 22, 2009

Se a lenda parte da realidade para a superar, o mito cria-se e perdura independentemente da realidade. A única ligação que existe entre a realidade e o mito é que aquela é o pretexto para o surgimento deste, muitas vezes como forma de explicação do que nela se não entende. Quando o homem não consegue explicar uma realidade, cria um mito que lhe dá a ilusão do conhecimento que lhe falta. Muitos mitos originam religiões. A mitologia grega do Olimpo e dos seus deuses era a base da crença religiosa dos gregos da Antiguidade. Da mitologia grega deriva a mitologia romana e os seus deuses. Mito e lenda casaram-se e tiveram como fruto da sua união clássicos da Literatura, o maior exemplo dos quais é a Ilíada , o poema épico em que se narra a guerra e a queda de Tróia, quer no plano (lendário) das lutas entre os

Page 69: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

63

homens, Aquiles e Heitor acima de todos, quer no plano (mítico) da confrontação entre os deuses, uns defendendo Tróia, outros ao lado dos gregos. O mito é produto da imaginação. É grandioso. Épico. Maravilhoso. Mitifica-se o que se desconhece e nos parece importante. Também na Maçonaria o plano mítico teve e tem o seu lugar. Desconhecendo-se a origem da Maçonaria, e não se dispondo dos meios científicos que a modernidade colocou ao alcance do historiador, também em relação a essa origem nasceram e subsistem mitos. De alguns sabemos hoje a origem. Como surgiram outros, só podemos tentar adivinhar - mas esse é terreno perigoso, não vá a adivinhação originar mito sobre a origem do mito... Surgiram mitos de que a Maçonaria seria herdeira dos Mistérios de Elêusis, ou dos Mistérios Esotéricos Egípcios, ou do Culto Mitraico, ou ainda continuadora da Escola Filosófica Pitagórica. Sem esquecer várias vertentes da Tradição Oriental (afinal de contas, os maçons buscam a Luz no Oriente...). Enfim, à míngua de certezas, as mais variadas e mirabolantes hipóteses são afirmadas como se certezas fossem, esquecendo-se que a busca da Humanidade pela compreensão dos mistérios da Vida e da Criação vem dos primórdios da sua existência, de todas as civilizações, do norte, do sul, do oriente e do ocidente e que é inevitável que interrogações comuns

Page 70: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

64

originem tentativas de explicação essencialmente semelhantes, em várias épocas e lugares. Poder-se-á sempre descobrir pontos de contacto entre a Maçonaria e as mais diversas Tradições. Isto não implica que a Maçonaria descenda ou suceda a esta, àquela ou aqueloutra Tradição. Prova apenas que a Interrogação Fundamental é a mesma, em todos os tempos e todos os lugares. Mas talvez o mais famoso e persistente mito sobre a origem da Maçonaria seja aquele que a declara herdeira dos Templários, através dos sobreviventes do massacre de Filipe, o Belo , que lograram fugir para a Escócia e aí reconverter a sua Ordem de cavalaria na Ordem Maçónica. Este mito é ainda hoje muito disseminado, havendo maçons que piamente creem nas raízes templárias da Maçonaria. Também o mundo profano á sensível a este mito, como abundantemente foi demonstrado com as sequelas da obra de ficção O Código da Vinci , do autor americano Dan Brown e das variantes associadas à Rosslyn Chapel . Porém, este é um mito cuja origem é perfeitamente conhecida. Mais, sabe-se inclusivamente quem o criou e lançou e os motivos por que o fez. O mito da origem templária da Maçonaria deve-se a Andrew Michael Ramsay, também conhecido por Chevalier Ramsay , um intelectual da pequena nobreza escocesa do século XVIII, que viveu grande parte da sua vida adulta em França. Ramsay foi maçon - é sabido. Menos conhecido é o facto de que foi também consagrado Cavaleiro da Ordem de S. Lázaro de Jerusalém, originalmente uma Ordem Militar das Cruzadas,

Page 71: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

65

criada para proteger os peregrinos cristãos a Jerusalém. Em Inglaterra, a Maçonaria, originariamente oriunda de uma classe profissional, com a sua evolução para a moderna Maçonaria Especulativa, rapidamente ganhara o apreço da classe nobre. Se o primeiro Grão-Mestre da Premier Grand Lodge foi um desconhecido e vulgar Anthony Sayer, de quem muito pouco se sabe e, entre isso, que, após o seu mandato de Grão-Mestre, por duas vezes recebeu ajuda financeira, o que revela que não dispunha de meios de fortuna e passou, mesmo, por dificuldades, logo em 1721 assumiu o ofício de Grão-Mestre Lord Montagu, o primeiro de uma longa linhagem de nobres ingleses (e, a partir de certas altura, nobres da Casa Real) que, até aos dias de hoje, detêm o mais alto ofício da hoje Grande Loja Unida de Inglaterra . A Maçonaria foi introduzida em França em 1725-1726. A sua expansão neste país dependia de uma similar adesão da classe nobre. Porém, os nobres franceses dificilmente se deixariam seduzir por uma organização resultante da associação de operários construtores... Um dos grandes divulgadores da Maçonaria em França, nesta época inicial foi precisamente Ramsay. Em 1737, Ramsay escreveu um discurso, destinado a ser proferido perante uma assistência de nobres, que veio a ficar célebre, no qual associava a Maçonaria às Cruzadas e proclamava residir a origem da Maçonaria nas Ordens de Cavalaria criadas para conquistar e defender a Terra Santa, designadamente os Templários. Estava criado o mito... e garantida a adesão da nobreza francesa a uma organização

Page 72: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

66

com tão ilustre pedigree.. . Rui Bandeira

Page 73: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

67

O descuido

January 23, 2009

Encerro a semana de trabalho com mais uma pequena história para base de reflexão. Foi-me enviada de além-Atlântico por J.L. (muito obrigado!) e, como habitualmente, desconheço a sua autoria e edito-a ao meu jeito, para publicação aqui. Venha comigo a uma sala de aula do primeiro ano... Há um menino de seis anos sentado à sua carteira e de repente há uma poça entre seus pés e a parte dianteira de suas calças está molhada. Pensa que o seu coração vai parar. Não imagina como isso aconteceu. Nunca havia acontecido antes e sabe que, quando

Page 74: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

68

os outros meninos descobrirem, nunca mais o deixarão em paz. Quando as meninas descobrirem, nunca mais falarão com ele enquanto viver. O menino acredita que o seu coração vai parar, abaixa a cabeça e pensa: "Isto é uma emergência! Eu necessito de ajuda agora! Mais cinco minutos e serei um menino morto". Levanta os olhos e vê a professora a aproximar-se, com um olhar que diz que foi descoberto. Enquanto a professora está andando em direção a ele, uma colega chamada Susana está a transportar um aquário cheio de água. Susana tropeça na frente da professora e despeja inexplicavelmente a água no colo do menino. O menino finge estar irritado, mas ao mesmo tempo interiormente diz "Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor!" De repente, em vez de ser objeto de ridículo, o menino é objeto de compaixão. A professora desce apressadamente com ele e dá-lhe calções de ginástica para vestir enquanto as suas calças secam. Todas as outras crianças estão sobre suas mãos e joelhos, limpando o chão junto à sua carteira.

Page 75: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

69

A compaixão é maravilhosa. Mas como tudo na vida, o ridículoque deveria ter sido dele foi transferido para outra pessoa -Susana. Ela tenta ajudar, mas dizem-lhe para sair: - Já fizeste disparate que chegue, sua desajeitada! Finalmente, no fim do dia, enquanto estão à espera dos pais, omenino vai até junto de Susana e sussurra-lhe: - Fizeste aquilo de propósito, não foi? E Susana sussurra-lhe de volta: - Eu também molhei as minhas cuecas uma vez. Todos precisamos de ajuda, alguma vez na vida. Todos temosoportunidade de ajudar, várias vezes na vida. Ajudemossempre que pudermos. Mereçamos sermos ajudados quandochegar a altura em que necessitarmos. E tenhamos semprepresente que - inevitavelmente1 - todos nós tivemos descuidosna nossa vida... Rui Bandeira

Page 76: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

70

Aikido e maçonaria

January 26, 2009

Uma das coisas que me agrada na criação e manutenção desteblogue é a sua virtualidade de propiciar diálogos que, não foraele, não teria. Por vezes inesperados. Por vezes sobreassuntos de que nunca me lembraria. Exemplo disto é amensagem que recebi de José Restolho e que, comautorização dele, aqui transcrevo.

Seria Morehei Ueshiba, fundador do Aikido, Maçon? Oumesmo até mesmo alquimista?Não sou maçon, sou apenas um profano curioso e aikidoca.Pode-se dizer que os meus conhecimentos sobre a maçonariasão muito superficiais. Sei apenas que se trata de umasociedade secreta, fraternal e universal. Visa oaperfeiçoamento espiritual e pessoal. É repleta de ritos esímbolos. O Aikido é, antes de mais, uma arte marcial mastranscende muito esse conceito. Pode-se dizer que se trata deum modo de vida. Eu sei que dito assim parece muitoabstracto. Eu pensava o mesmo sempre que lia sobre isso.Mas então o que é afinal isto do Aikido?

Page 77: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

71

Aikido significa “via da harmonização da energia” e foi criado em plena Segunda Guerra Mundial (1940). O seu fundador, Morehei Ueshiba, vendo como o povo sofria com a guerra, decidiu criar uma arte de paz, algo que tornasse as pessoas melhores e, assim contribuísse para um mundo melhor. É curioso que quando iniciamos a prática do Aikido pensamos apenas em aprender uma arte de defesa, algo que sirva para nos defendermos. Durante a prática preocupamo-nos apenas em deitar o outro ao chão, sermos eficazes, etc. Mas então, à medida que o tempo passa, as coisas vão mudando radicalmente. Deixamos de centrar a nossa prática no “derrubar ou imobilizar o adversário”, centramo-la antes em nós, centramo-nos nos nossos defeitos técnicos e nas nossas limitações. Eis que começa a surgir o caminho que temos a percorrer. O caminho não tem fim, nem é tão pouco fácil. Buscamos a perfeição sabendo que nunca a teremos, mas ainda assim não cessamos de a buscar. Quanto mais praticamos mais o caminho se torna óbvio. O nosso objectivo passa a ser uma transmutação quase alquímica. Tomamos consciência que, quando iniciamos a caminhada somos uma espécie de bloco de chumbo: grosseiro, pesado, inflexível. Com o passar do tempo procuramos transmutarmo-nos não em ouro, pois não procuramos a riqueza material, mas em mercúrio (o único metal líquido à temperatura ambiente). O mercúrio é fluido, é capaz de se adaptar às situações. Mas o mais curioso são as implicações que esta busca tem no nosso quotidiano. Tornamo-nos pessoas mais calmas, mais compreensivas e tolerantes. Evitamos o confronto, não fugindo, mas adaptando-nos à situação. Dito desta forma

Page 78: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

72

parece que esta prática é algo solitária e até um pouco“egoísta”. Mas não é. Se houve algo que a vida me ensinou foique “só, nada se consegue”. Em cima do tatami (colchõessobre os quais praticamos) não importa a cor da pele, oestatuto social, o credo ou a opinião política. No tatami somostodos iguais, todos entramos nele com o espírito aberto,prontos a ensinar e a aprender, conscientes que,independentemente da graduação, somos e seremos sempreaprendizes, não só no Aikido como na vida.

Morehei Ueshiba não era Maçon nem alquimista. Com estetestemunho profano, pretendo apenas demonstrar auniversalidade dos princípios que, a meu ver, a maçonariadefende, assim como mostrar como duas coisasaparentemente tão diferentes têm tanto de semelhantes.

Excelente contributo e interessante ponto de vista! Eu, que, embora seja adepto do preceito mens sana in corpore sano , com o passar dos anos e a preguiça do sedentarismo, me vou contentando com a mens sana em corpore mais ou menos em condições, muito dificilmente me lembraria de relacionar aikido e maçonaria! Mas este contributo foi pretexto para alguma reflexão, que espero traduzir em dois textos a publicar proximamente aqui no blogue. Entretanto, caro José Restolho, muito obrigado pelo contributo e disponha sempre! Este blogue é de temática maçónica, mas é escrito a pensar, não só nos maçons, mas também nos profanos interessados no que aqui se trata. E fico muito

Page 79: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

73

satisfeito por ter estimulado esta sua reflexão. Rui Bandeira

Page 80: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

74

A Pedra Aikido

January 27, 2009

O texto sobre aikido e maçonaria que nos foi proporcionado por José Restolho suscita-me a reflexão de que é inerente à natureza humana a busca da sua própria superação individual. Será, talvez, conjuntamente com o polegar em oposição aos demais dedos e com o tamanho do cérebro, um dos fatores que contribuíram para que a espécie humana se tornasse a espécie dominante do planeta. Polegar em oposição, os restantes primatas também o têm. A capacidade cerebral é uma inegável vantagem, mas já é um produto da evolução. A vantagem competitiva da espécie humana acentua-se com a sua disposição, o seu anseio, pela busca do melhor possível.

Page 81: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

75

Sempre. Esta busca da excelência, se bem repararmos, está presente em diversos setores da atividade humana. A divisa do olimpismo, altius, citius, fortius (mais alto, mais rápido, mais forte) espelha este anseio no desporto. Na ciência, a constante e persistente busca de novos conhecimentos, de novas soluções, da resolução de cada vez mais complexos problemas propiciou e propicia indizíveis progressos. Dos quais o menor dos quais não será, por exemplo, o que possibilita que o leitor esteja neste momento a ler algo que não existe, que é apenas virtual, mas que corresponde efetivamente a um pedaço do meu pensamento. Esta hoje já banal tecnologia que permite guardar, transmitir, disponibilizar, aceder, consultar, todo um manancial de informação sem suporte físico, existente apenas em energia, é algo que, há meras duas centenas de anos, seria tido por impossível, inacreditável, utopia ou bruxaria... E, no entanto, aqui está... Também no confronto do Homem consigo mesmo (coloco H maiúsculo para significar que o Homem que aqui refiro é o elemento da espécie humana, independentemente de género, portanto, incluindo homem e mulher) esta busca da perfeição, este anseio do contínuo progresso, este desejo de superação, de ir tão longe quanto possível e mais além, existe enquanto característica inerente à nossa espécie. E manifesta-se de diversas formas, algumas podendo aparecer inesperadas.

Page 82: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

76

Já várias vezes aqui escrevi que a Maçonaria é apenas um dos caminhos, das vias, para a busca da Luz, do Conhecimento, da compreensão do significado da vida e da criação, da razão última da nossa existência e do caminho que prosseguimos, enfim da essência do que somos e seremos. Nesta demanda, a Maçonaria é um dos métodos, das veredas, possíveis. Os misticismos, cristãos ou não, a via meditativa, a comunhão natural, que sei eu!, são outras pistas possíveis e utilizadas. O texto do José Restolho iluminou-me o espírito para a evidência de que também as Artes Marciais, enquanto filosofia de vida e de busca de perfeição, se podem enquadrar neste grupo de sendeiros. No fundo, é essencialmente uma questão de Culturas, de escolha de caminhos em função das raízes e tradições e civilizações e sociedades. Há muito que tenho por adquirida a noção de que o impulso religioso é basicamente similar em toda a Humanidade. As várias e variegadas religiões derivam das interpretações e usos e práticas particulares sobrepostas a esse impulso básico, em função das diferentes condições ambientais, sociais, civilizacionais, etc.. Por isso, sou estrangeiro, em absoluto, ao conceito de guerra, ou controvérsia, ou discussão religiosa. Porque é lutar, arrazoar, discutir em seco, em vão, sobre nada. Todos - mas literalmente todos! - falam do mesmo, apenas de formas e sob roupagens diferentes. É, pois, uma guerra, uma controvérsia, uma discussão absolutamente sem objeto, apenas com aparência de objeto... Lá diz o Povo, com toda a sua ancestral sabedoria, que as aparências iludem. Mas

Page 83: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

77

é apanágio do Homem (outra vez com maiúscula...) sensato, sábio, ver para além das aparências e ultrapassar as ilusões que elas proporcionam. O texto do José restolho alargou-me a perspetiva: não é apenas o impulso religioso que é basicamente comum a toda a Humanidade. É-o, é certo, mas estando inserido num outro impulso ainda mais básico e alargado: a busca da Perfeição, da melhoria contínua, de ir mais alto, mais depressa, com mais força - e mais longe - tanto quanto se puder. Incessantemente. Em busca do inantigível, mesmo sabendo que não o pode atingir. A Perfeição é o arquétipo de Deus. A Humanidade busca atingir a Perfeição, a Deus. Busca aproximar-se da Perfeição, de Deus. Busca obter a Perfeição, atingir a Divinização. A Maçonaria, o misticismo, as Artes marciais, em suma, a Vida, são tudo caminhos, vias, meios, ferramentas, que o Homem prossegue e usa na sua eterna demanda deste Graal. Por isso, com propriedade José Restolho aponta universalidade dos princípios que a Maçonaria (mas não só) defende. Eis como o contributo profano ajuda o maçon. O contributo do José Restolho levou-me a ampliar o conceito do impulso de busca da Perfeição. Ao fazê-lo, ao evadir-me dos limites estreitos das crenças religiosas, ao integrar a busca da Perfeição como inerente ao impulso básico da Humanidade, consegui dar um outro salto na análise: no fundo, a ambição humana de atingir, ou de se aproximar, tanto quanto possível,

Page 84: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

78

da Perfeição, mostra que o Homem, afinal, é, ou projeto deDeus, ou corruptela de Deus. Ou destinado a evoluir parachegar onde pode, ultrapassando e indo além dos estreitoslimites da existência desta dimensão, ou buscando recuperarde involução que o fez perder a perfeição que busca reganhar.Em qualquer dos casos, a busca da perfeição é umindispensável meio para procurar atingir ansiada integração oureintegração. Mais uma pedra na parede do meu Templo Individual. A estachamarei a Pedra Aikido. Obrigado, José Restolho! Rui Bandeira

Page 85: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

79

Ver de fora

January 28, 2009

O texto de José Restolho sobre aikido e maçonaria alertou-me ainda para um outro aspeto digno de reflexão, que tem a ver com a forma como as organizações ou as atividades são vistas por quem está de fora. Isso releva, quer para os juízos exteriores sobre as organizações e atividades, quer para a motivação de quem ganhe interesse nelas. Para mim, observador exterior e não particularmente interessado, o aikido era visto simplesmente como uma variante das Artes Marciais orientais. Ponto. Basicamente, defesa pessoal e capacidade de travar uma luta. Defesa e

Page 86: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

80

ataque. Defender-se de agressões ou golpes da modalidade, aplicar uns quantos golpes e, mais queda, menos nódoa negra, estava tudo visto. Essencialmente uma atividade física, um desporto de combate, em que a mente exerceria um papel específico ao nível da concentração, mas que, grosso modo , dependia da rapidez de reflexos e certeza, força, amplitude e agilidade de movimentos. Nunca me passou pela cabeça a vertente exposta no texto, de busca de aperfeiçoamento, de luta essencial consigo próprio, de propósito e trabalho no sentido de chegar tão perto da inantigível perfeição quanto possível. E eu considero-me, modéstia à parte, um espírito aberto! Similarmente, a maçonaria também possibilita que quem está no seu exterior tenha dela uma imagem errada, desfocada. Tão mais errada e tão mais desfocada, quanto mais opaca para o exterior ela for. As circunstâncias e necessidades, mas também as escolhas da maçonaria envolveram-na num véu de secretismo, de desconhecimento, que só agora, nos tempos mais recentes, e apenas pelos espíritos mais abertos, vai sendo entreaberto. Não admira, pois, que haja muita gente que tenha ideias erradas sobre a Maçonaria e faça dela um juízo que nada corresponde com a sua realidade, o seu propósito, a sua essência, a sua prática. No limite, a culpa não é de quem faz o juízo errado, é de quem mantém as condições que propiciam uma alta probabilidade de existência de muitos juízos errados. Eu fazia um juízo errado

Page 87: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

81

do aikido - e, por extensão, da generalidade das Artes Marciais - por desconhecer em absoluto a dimensão que me foi mostrada por meia dúzia de linhas de um texto do aikidoca José Restolho. Bastaram meia dúzia de linhas para me dar toda uma diferente noção do alcance da prática daquela modalidade! O desconhecimento gera distância, desinteresse, desconfiança. Um pouco de conhecimento transmitido pode fazer a diferença na mudança de atitude para quem está de fora. Isto não tem nada a ver com proselitismo. O facto de eu ter reconhecido que a imagem que tinha do aikido era imprecisa, fluida e incorreta, em face da informação obtida com a tal meia dúzia de linhas, não me vai fazer ir a correr adquirir uma calça Hakama e saltar para um tatami (para desapontamento da minha mulher, que veementemente verbera o meu sedentarismo de cinquentão...). Mas possibilita-me deixar de fazer erradas ideias, afastar preconceitos, ver e aprender e ajuizar com mais acuidade. O mesmo pode acontecer com o profano a quem é proporcionada alguma informação sobre o que é, o que faz, o que pretende, a Maçonaria. Quanto àqueles que desejam integrar-se na Maçonaria, também não me preocupo demasiado com as suas ilusões, ideias feitas e erros de perspetiva. Como bem se pontuou no texto sobre o aikido, é curioso que quando iniciamos a prática do Aikido pensamos apenas em aprender uma arte de defesa, algo que sirva para nos defendermos. Durante a prática preocupamo-nos apenas em deitar o outro ao chão, sermos

Page 88: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

82

eficazes, etc. Mas então, à medida que o tempo passa, as coisas vão mudando radicalmente. Deixamos de centrar a nossa prática no “derrubar ou imobilizar o adversário”, centramo-la antes em nós, centramo-nos nos nossos defeitos técnicos e nas nossas limitações. Eis que começa a surgir o caminho que temos a percorrer. Também é, para mim, natural que quem entra na Maçonaria, não tenha uma ideia perfeita sobre os seus objetivos, o seu modo de trabalhar, etc.. E que, caminhando o caminho que lhe é apontado, acabe por trilhar vereda bem diversa da que pensava inicialmente seguir. Por isso, quando analiso um potencial candidato a ser admitido na minha Loja, preocupo-me muito pouco com o que ele pensa que é a Maçonaria e muito mais com o que a Maçonaria lhe pode dar, em que o pode auxiliar a crescer e a avançar. Interessa-me essencialmente o potencial, a disponibilidade para interagir e modificar-se. Não me interessam diamantes, lapidados ou por lapidar. Esses são primas-donas que porventura ficarão muito bem para enfeitar e para dar brilho, mas que são duros de mais para se modificarem. Não acrescentam nada , a não ser o brilho da ilusão. Nada se lhes acrescenta, porque se têm por acabados e já próximos do que julgam ser a sua perfeição possível. Interessam-me muito mais os patinhos feios que podem transformar-se em cisnes, o barro que, devidamente moldado e trabalhado, dará peça de apreciar. Não me interessam nada o que são. Interessam-me, e muito, o que podem vir a ser e se têm capacidade e potencial para tal. Rui Bandeira

Page 89: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

83

Page 90: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

84

Ainda o Movimento Pijaminha

January 29, 2009

Em 30 de setembro do ano passado, o JPSetúbal publicou aqui no blogue um texto intitulado Movimento PIJAMINHA (da treta!) . Faça o favor de seguir o atalho e ir lá (re)ler, antes de continuar a ler este texto... ... ... Já está? Então ficou a saber ou recordou-se. Quem teve o cuidado de ler os comentários ao texto, tem já todos os elementos para prosseguir a leitura deste escrito. Quem não teve, faça o favor de voltar ao atalho e ler também os comentários. Este escrito espera e não foge, entretanto... ... ... Já está? Ótimo! Estamos então todos quase devidamente enquadrados para entender plenamente o que segue. Só falta saber dos antecedentes. Mas isso resolvo já no parágrafo seguinte... O JPSetúbal, sempre solidário, tinha recebido uma daquelas mensagens-corrente que proliferam pela Rede Mundial de

Page 91: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

85

Computadores, no caso sobre o Movimento Pijaminha, e inquiriu dois ou três outros elementos da Loja sobre a possibilidade desta apadrinhar a campanha e ajudá-la. Da conversa havida, resultou que era uma possibilidade a ponderar, mas que, antes de tudo, havia que investigar sobre a efetiva existência da campanha, a bondade dos seus propósitos, o real interesse dos seus objetivos, a sua relevância social - enfim, as verificações que habitualmente fazemos antes de decidirmos dar o nosso apoio a qualquer entidade ou iniciativa. O JPSetúbal encarregou-se de obter algumas informações e... logo na primeira diligência, no IPO, apanhou com um banho de água fria: não só o IPO não necessitava de pijaminhas, como não caucionava a iniciativa e, até, a considerava perturbadora dos seus serviços. Daí o texto do JPSetúbal referenciado no atalho acima. Parecia assunto acabado. Mas alguns comentários àquele texto puseram-me o ninho atrás da orelha... O simple, embora confessando o seu ceticismo, informou da existência de um blogue do Movimento Pijaminha. Elsa Nascimento assumia-se como elemento desse movimento e também assinalava o dito blogue. Quando alguém dá a cara, merece-me, pelo menos, o benefício da dúvida. Resolvi ir espreitar o tal blogue e ver por mim próprio. Encontrei lá este texto da assumida líder do movimento. Pareceu-me esclarecedor, mas continuei a reservar a minha opinião e decidi ir acompanhando o assunto.

Page 92: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

86

Em novembro último, recebi uma mensagem dando-me conta deste comunicado de imprensa do IPO . Novo mau sinal... Já este mês, li esta entrada no blogue do Movimento Pijaminha. Creio já ter elementos suficientes para ter uma opinião formada. Segundo o Movimento, este ano, apesar de afetados pela polémica, conseguiram recolher donativos que lhes permitiram distribuir 310 pijamas no Hospital D. Estefânia, 20 pijamas e 20 pares de meias na Casa da Criança de Tires e 44 pijamas e 30 pantufas e chinelos e vários pares de meias no Instituto da Sãozinha, na Abrigada, Alenquer. Não é já feita nenhuma referência ao IPO. O IPO, por sua vez, continua a rejeitar a associação do seu nome ao movimento. Em face das duas posições, as minhas conclusões são: 1. O Movimento terá sido iniciado por pessoas bem intencionadas, mas voluntaristas. 2. Algo inorgânico, mas desorganizado e vulnerável a entusiasmos avulsos, deu origem a mensagens eletrónicas e apelos descoordenados, utilizando o nome de Movimento Pijaminha e associando-o, indevidamente, ao IPO - o que esta

Page 93: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

87

instituição não apreciou nada! 3. O núcleo inicial do projeto tenta salvá-lo e fazê-lo ultrapassar a polémica e dirige a sua atividade em benefício de outras instituições que não o IPO. 4. Se na minha mente permanecem algumas dúvidas sobre a efetiva necessidade social de distribuir pijamas no Hospital público de D. Estefânia, admito que seja relevante o auxílio prestado a instituições de acolhimento de crianças. 5. As intenções dos promotores do movimento parecem ser louváveis e, pelo menos, quanto aos lares de acolhimento de crianças, são suscetíveis de suprir ou ajudar a suprir algumas necessidades reais. 6. No entanto, o "pecado original" da polémica ocorrida, afeta, talvez irremediavelmente, a "marca" Movimento Pijaminha. Correndo o riso de dar uma opinião que me não é pedida, penso que a iniciativa tem possibilidades de ser relevante para ajudar a suprir efetivas necessidades sociais, designadamente no particular "nicho" das instituições de acolhimento de crianças, mas, para tal, necessita de fazer duas coisas: 1. ORGANIZAR-SE. ESTRUTURAR-SE. Evoluir do voluntarismo de simples boa-vontade para uma instituição particular de solidariedade social, que conquiste a confiança pública. Hoje em dia, as pessoas, de tão solicitadas, começam a ser mais

Page 94: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

88

seletivas na consideração dos apelos à sua solidariedade epenalizam ou não dão o apoio, que porventura seriajustificado, a iniciativas que suspeitem de desorganizadas,amadoras, insuficientemente controladas e, logo, não lhesdando suficientes garantias de boa aplicação dos seusdonativos. 2. SUBSTITUIR A "MARCA" MOVIMENTO PIJAMINHA POROUTRA. Justa ou injustamente, a "marca" MovimentoPijaminha está afetada, talvez irremediavelmente, pelapolémica e desconfiança. Queira-se ou não, potenciadesconfianças e, logo, desmobiliza vontades de ajudar. Asuperação da desconfiança será porventura possível, masimplicará esforços acrescidos, que melhor aproveitadosseriam na atividade central de solidariedade. Embora eucompreenda o capital afetivo que esta "marca" implicará paraos promotores originais do movimento, objetivamente elaprejudica já mais do que beneficia. Esta a minha análise, o meu juízo, a minha opinião - queninguém pediu! Rui Bandeira

Page 95: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

89

O cão velho, o leopardo e o macaco

January 30, 2009

Mais uma história para ler e refletir. Hoje, tem a ver com a experiência e a sabedoria que só esta traz. Como habitualmente, recebi-a por correio eletrónico, desconheço o seu autor e editei-a ao meu jeito, para publicação aqui. Uma velha senhora foi para um safari na África e levou seu velho cão com ela. Um dia, caçando borboletas, o velho cão, de repente, deu-se conta de que estava perdido. Vagueando a esmo, à procura do caminho de volta, o velho cão percebeu que um jovem leopardo o tinha visto e caminhava na sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço... O cachorro velho pensou:

Page 96: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

90

- Oh, oh! Estou mesmo enrascado ! Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão por perto. Em vez de se apavorar ainda mais, o velho cão ajeitou-se junto ao osso mais próximo, e começou a roê-lo, dando as costas ao predador . Quando o leopardo estava a ponto de atacar, o velho cachorro exclamou bem alto: - Este leopardo estava delicioso ! Será que há outros por aí ? Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspendeu o seu ataque, já quase começado, e esgueirou-se na direção das árvores. - Caramba! - pensou o leopardo, - essa foi por pouco ! O cão velho quase me apanhava! Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira: em troca de proteção para si, informaria o predador que o cão não tinha comido leopardo algum.... E assim foi, rápido, em direção ao leopardo. Mas o velho cachorro viu-o a correr na direção do predador em grande velocidade, e pensou: - Aí tem coisa!

Page 97: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

91

O macaco alcançou o felino, cochichou-lhe o que lhe interessava e fez um acordo com o leopardo. O jovem leopardo ficou furioso por ter sido feito de parvo, e disse: - Macaco! Sobe para as minhas costas, para veres o que acontece com quem se arma em esperto comigo! Agora, o velho cão via um leopardo furioso, a vir na sua direção, com um macaco nas costas, e pensou: -E agora, o que é que eu posso fazer ? Mas, em vez de correr (sabia que suas pernas doridas não o levariam longe...), o cachorro sentou-se, mais uma vez dando costas aos agressores, fazendo de conta que ainda não os tinha visto, e quando estavam suficientemente perto para o ouvirem, o velho cão disse: - Mas afinal onde está o raio daquele macaco? Estou a morrer de fome! Ele disse que ia trazer outro leopardo para mim e nunca mais chega! Moral da história: não mexa com cachorro velho... Idade e habilidade sobrepõem-se à juventude e intriga. A Sabedoria só vem com a idade e a experiência.

Page 98: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

92

É o que vos deixa aqui hoje este já maduro Rui Bandeira

Page 99: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

93

As quatro dimensões do blogue

February 02, 2009

Quem consulta a banda direita do blogue, encontra, logo abaixo do Arquivo do Blogue , um espaço designado por Textos via RSS e, nele o ícone laranja com um ponto e dois arcos de círculo, a branco, que identifica o serviço de RSS, isto é, o serviço pelo qual o internauta pode ter assinalado, no local próprio do seu explorador da Rede, um atalho para o último texto publicado no A Partir Pedra. Logo abaixo deste espaço, encontra um outro, intitulado Textos via correio eletrónico . Neste, encontra um atalho identificado como Receba os textos do A Partir Pedra por correio eletrónico . Este atalho dá acesso direto ao serviço de subscrição, gratuita, de uma funcionalidade útil para quem nem sempre tem tempo para navegar na Rede Mundial de Computadores, mas não quer perder a possibilidade de ler todos os textos que se publicam no A Partir Pedra: o envio,

Page 100: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

94

por regra entre as 21 e as 23 horas (hora de Portugal Continental, TMG), de uma mensagem de correio eletrónico para a caixa de correio eletrónico do subscritor do serviço, contendo o texto ou os textos (se foi publicado mais do que um) publicados no A partir Pedra nas 24 horas antecedentes. Logo abaixo, tem um outro espaço, denominado Assinantes por RSS e por correio eletrónico , que contém uma imagem com a indicação, atualizada, do número de subscritores destes dois serviços, relativamente ao A Partir Pedra. Estes espaços já existem há algum tempo e têm sido objeto de apreciável interesse e utilização, por parte dos nossos leitores, particularmente o relativo à subscrição da receção dos textos publicados no A Partir Pedra por correio eletrónico. Em menos de um ano, subscreveram os dois serviços 137 interessados, dos quais 125 para a receção dos textos por correio eletrónico e 12 por RSS - números à data da publicação deste texto. Estes serviços eram fornecidos através do norte-americano Feedburner , o qual foi adquirido, no ano transato, pelo Google . O Google decidiu agora integrar o serviço na sua gama própria, embora mantendo a designação de Feedburner . Em consequência, está a decorrer - creio que até final do corrente mês - o processo de migração da plataforma original Feedburner para a plataforma Google. A razão de ser principal deste texto é informar os nossos leitores que procedemos hoje à migração da conta para a nova

Page 101: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

95

plataforma. Em princípio, e se tudo correu bem, todos as já existentes requisições de feeds e de receção dos textos por correio eletrónico migraram para a nova plataforma e os leitores aderentes continuarão a receber os feeds e as mensagens de correio eletrónico, sem perturbações e sem necessidade de qualquer atuação. Mas, se porventura alguma anomalia ocorrer, solicito que me deem conta do facto para o endereço [email protected] e tentarei ver o que se passa. Mas, no limite, qualquer anomalia será fácil e rapidamente superada através de uma nova requisição do serviço, a efetuar já para a nova plataforma (o atalho já está atualizado para o efeito). O conjunto de ferramentas de acesso aos textos do A Partir Pedra completa-se com o espaço Seguidores - atualmente 11. Este espaço destina-se a informais quais os detentores de contas Google que decidiram obter da plataforma o seguimento de todos os textos publicados no a Partir Pedra, através do painel de acesso à respetiva conta. Tudo isto faz com que 148 leitores do A Partir Pedra sigam este blogue sem necessidade de a ele acederem diretamente e, portanto, sem serem contabilizados pelo contador de visitas. Este dá-nos conta de visitas diárias que variam normalmente entre cerca de 150 e 250 (episodicamente, um pouco menos ou um pouco mais). Ou seja, presentemente, o A Partir Pedra chega a cerca de 300-400 leitores por esse Mundo fora. Por nós, fazemos o que podemos para facilitar aos nossos

Page 102: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

96

leitores o acesso aos textos. Por isso temos um blogue aquatro dimensões: acesso direto, RSS, correio eletrónico eseguimento. A todos o nosso muito obrigado pelo interesse e a minhagarantia pessoal de que procurarei que os textos aquipublicados continuem a manter o vosso interesse. Nemsempre haverá o "suco da barbatana", mas espero que aqualidade média não vos desiluda. Rui Bandeira

Page 103: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

97

Bodes do Asfalto em Portugal!

February 03, 2009

Foi já há quase ano e meio que publiquei aqui no blogue umtexto sobre o Moto Clube Bodes do Asfalto . No final do anopassado, recebi uma simpática mensagem do CoordenadorEstadual de Santa Catarina do dito Moto Clube, Irmão W. S. B.,dando-me algumas informações de atualização.

Fiquei assim a saber - e, por esta via, ficam todos os que estetexto lerem a partilhar esse conhecimento - que o Moto ClubeBodes do Asfalto tem presentemente cerca de 3.000 membros,no Brasil e em mais alguns países.

Page 104: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

98

Agora a designação de EBA - Encontro do Bodes do Asfalto -ficou restrita aos Encontros regionais, sendo que agoraexistem também os EBA-"X", que se refere aos EBA realizadospor estado (EBA-SP para o Encontro relativo ao Estado de S.Paulo, por exemplo) e o EBAN, que é o Encontro Nacional. Éorganizado um Encontro do Bodes do Asfalto Nacionalanualmente, sempre mudando-se o local de realização.

E eis a grande novidade: para o final de Setembro do correnteano, está prevista a realização do 1.ºEBAI - Encontro do Bodesdo Asfalto Internacional!

E onde? Nada mais, nada menos do que percorrendo oCaminho de Santiago, a partir de Lisboa , obviamente, atéSantiago de Compostela!

Está prevista a participação de 50 casais do Brasil, em motosde 600 cc alugadas.

Votos de grande sucesso para o 1.º EBAI!

Rui Bandeira

Page 105: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

99

Pergunta de profano

February 04, 2009

Há dias, publiquei e comentei um texto que me foi enviado por um profano, sobre Aikido e Maçonaria . Esse contacto inicial tem proporcionado a continuação de uma agradável troca de correspondência. Mais do que isso, um precioso diálogo com um profano, a propósito do que neste blogue se escreve. Precioso para mim, porque este blogue destina-se, em primeira linha, precisamente ao esclarecimento de todos sobre a Maçonaria, do que trata, do que nela se faz. Ter - como periodicamente acontece - reações de profanos, seja em

Page 106: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

100

comentários aos textos publicados, seja em mensagens privadas, permite-me ir aferindo da forma e da eficácia com que é atingido o propósito de esclarecimento. Transcrevo então de uma mensagem de José Restolho, onde ele coloca uma questão muito concreta: Penso que é importante salientar que não quero de forma alguma tornar-me inoportuno. Simplesmente vejo neste blogue um sitio de reflexão e uma fonte de grande conhecimento que ajuda a saciar esta "fome" constante de conhecimento. Entretanto e com profunda humildade, gostaria de lhe colocar uma questão. Uma das coisas que mais é realçada na maçonaria vista de fora são os seus ritos e símbolos, sobre os quais tanto se especula (não estou a incluir as ridículas teorias da conspiração, tais como a conquista do mundo pelos maçons, terem recebido os conhecimentos dos símbolos dos extra-terrestres ou ainda serem o instrumento do diabo na terra). Visto por mim não me parece que esses símbolos e ritos existam só porque sim, ou porque gostam de fazer teatro ( tal como ja vi referido num documentário do Discovery Channel). Então a minha pergunta é a seguinte: Serão esses símbolos e ritos "guidelines" para a viagem que cada um tem de percorrer? Será errado dizer que os significados dos mesmos ultrapassam a comparação linear e lógica deles (por exemplo, esquadro = rectidão) e que o verdadeiro significado depende de cada um, sendo resultado

Page 107: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

101

de uma profunda introspecção? É importante salientar que tenho consciência do facto de ser um profano e, como tal, compreendo se não me poder responder na plenitude a esta questão. Antes de tudo, esteja José Restolho descansado que a resposta em nada fica limitada pelo facto de quem inquire ser profano, isto é, não maçon. Como acima referi, este blogue destina-se, em primeira linha, a propiciar o esclarecimento dos não maçons em relação à Maçonaria. Por outro lado, a matéria questionada em nada interseta matéria que possa estar coberto pelo chamado segredo maçónico - e que eu já tive oportunidade de mencionar que é muito mais restrito, simples e justificado do que normalmente se pensa: ver aqui . A questão colocada permite resposta simples e direta: quanto à primeira pergunta, SIM; quanto à segunda, NÃO. SIM, os ritos e símbolos são "guidelines" para a viagem que cada um tem de percorrer. Marcos. Estações. Indicadores. O estudo dos símbolos permite a cada maçon aprofundar o seu conhecimento das matérias relativas à espiritualidade e à moral. O domínio dessa técnica permite que vá cada vez mais longe, cada vez mais fundo, designadamente dentro de si - que é o mais longínquo lugar onde cada um pode ir, acreditem! E, a algum momento dessa viagem, porventura o maçon terá a satisfação de ter conseguido obter algumas das respostas por que ansiava.

Page 108: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

102

Quanto à referência a ritos, existe uma imprecisãoterminológica na pergunta (rito, ritual) que fica esclarecida,creio, com a leitura deste texto . Mas assentemos, por agora,que a execução do ritual é mais uma forma de colocarsímbolos perante os maçons. NÃO. Não é errado dizer que os significados dos símbolosultrapassam a comparação linear e lógica deles e que overdadeiro significado depende de cada um, sendo resultadode uma profunda introspeção. Também por esta via temsentido e significado a designação de Maçonaria Especulativa .Especulativa também porque o trabalho primordial do maçon éespecular, hipotizar, analisar, tentar, errar e recomeçar,aprender, cair, levantar-se e prosseguir. Por outro lado, cadaum é diferente dos demais. Tem diferente combinação degenes. Diferente história de vida. Diversas influências. Ossímbolos, enquanto elementos destinados a análise, adescoberta, são, por natureza, dotados de plasticidade quepermite que cada um, do mesmo ponto de partida, chegue adestinos completamente diferentes. Rui Bandeira

Page 109: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

103

Música no Blogue - Uma nova Etapa

February 05, 2009

Quase 5 meses depois de termos posto musica no blogue, eestando a playlist a ficar muito variada decidi subdividir osestilos de musica.

Assim passa a haver uma lista só com musica classica e umaoutra só com musica ligeira. As listas estao colocadassucessivamente e sao identificadas com cores diferentes, aAzul para musica clássica e a Vermelha para musica ligeira.

O que se ganha ?

flexibilidade de escolher o estilo de musica mais adequada aogosto e ao estado de espirito.

O que se perde?Para ouvir musica há que ir expressamente à playlist escolhidae iniciá-la.

Esperemos que este sistema funcione, e que seja pratico. Senão for por favor comente e dê a sua opinião.

Jose Ruah

Page 110: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

104

O tempo

February 06, 2009

Hoje vais ser um pouco diferente das outras sextas-feiras. Normalmente, neste dia da semana publico uma historieta para reflexão, quase sempre de autor que desconheço, selecionada de entre a correspondência eletrónica que recebo. Hoje, publico uma pequena história, mas integrada num texto que me enviou José Restolho. Uma reflexão merecedora de atenta consideração e, portanto, geradora de mais reflexão. Hoje enquanto dialogava com alguém a quem devo muito, por sinal, dei por mim a reflectir sobre o Tempo. Não sobre a meteorologia mas sim sobre o Tempo enquanto medida de

Page 111: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

105

intervalos de duração. Bom, Einstein, na sua teoria da relatividade, demonstrou que o Tempo não era afinal absoluto, mas sim relativo. Mas não é sobre a mecânica relativista que a minha reflexão se baseia. O Tempo é como uma cascata de água. Sempre contínuo, impossível de parar. E, tal como se estivéssemos no meio dessa cascata, por mais que se nade contra, acabamos sempre por ir no mesmo sentido da corrente. Já que não podemos fugir ao implacável Tempo, então que podemos fazer? Muita gente prefere ficar parada a pensar “Ai porque fiz eu isto?”, ou então “se eu soubesse o que sei hoje…”. É verdade que não podemos alterar as nossas escolhas, muito menos o passado, mas também não podemos encarar o futuro como algo planeado ao milímetro pois, citando o Princípio da Incerteza de Heisenberg, “No Universo nada é absoluto”. Existem várias correntes filosóficas sobre esta temática: Epicuro dizia que devíamos viver cada dia como os seguidores do Carpe diem defendiam que se devia de viver cada momento com toda a sua intensidade. Não que discorde com estas correntes filosóficas mas prefiro virar-me para oriente e, mais uma vez, encontrar lá a resposta. No meio de um manancial de contos e provérbio zen, encontrei este conto: Certo dia, Buddha contou a um jovem que parecia desesperado: Há algum tempo atrás, um homem que estava a caminhar pelo campo encontrou um tigre. Assustado, ele começou a correr e o tigre correu atrás dele. Aproximando-se de um precipício, o homem pegou nas raízes expostas de um arbusto selvagem e

Page 112: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

106

pendurou-se, precipitadamente, para baixo. O tigre farejava-oacima. Tremendo de medo, o homem olhou para baixo e viu,no fundo do precipício, outro tigre à sua espera. Apenas a raizdo arbusto o sustinha. Porém, ao olhar para a planta viu doisratos, um negro e outro branco, que estavam a roer aospoucos a raiz. Nesse momento, os seus olhos descobriram noarbusto um belo morango, ali mesmo ao seu lado. Aí, o homemsegurou a raiz só com uma mão, e com a outra pegou nomorango e comeu-o. "Que delícia!" - disse ele. Este conto faz-nos reflectir na importância de aproveitar e deviver o momento na sua plenitude. Quando paro e observo anossa sociedade contemporânea, vejo a grande maioria daspessoas envoltas no stress do trabalho, sem tempo para nadanem ninguém. Vão-se tornando cada vez mais egoístas, isto é,concentram-se apenas nas suas carreiras profissionais e vãoesquecendo o resto (família, amigos, etc). Não menosprezandoa importância da carreira profissional, há que não esquecer oresto. Se todos arranjássemos um pouco mais de tempo paraos que nos rodeiam, certamente que a nossa sociedade setornaria mais tolerante. Pessoalmente tento manter esta ideiapresente no meu pensamento, faz parte do caminho quepercorro diariamente para, e passo a expressão, construção domeu modesto “templo”. Mais uma vez trata-se apenas de umtestemunho profano que vos deixo para, tal como eu,reflectirem.

Como se vê, reflexão e busca de aperfeiçoamento não são exclusivo dos maçons! Genericamente, concordo com as conclusões do José Restolho. Apenas sublinho que a

Page 113: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

107

capacidade de aproveitar e viver o presente, na sua plenitude não deve corresponder ao abandono da perspetiva de futuro. Como em tudo na vida, fundamentalismos dão sempre mau resultado! O Presente é para ser desfrutado, mas é algo tão frágil que, mal damos por ele, já é Passado. E O Futuro é algo de intangível e incerto, mas, mal cuidamos, estamos imersos nele, não já como Futuro, mas no momento Presente! Equilíbrio entre o desfrutar do Presente, o Recordar do Passado e o Preparar do Futuro. Esta, na minha opinião, a melhor fórmula para agirmos perante a Vida. O José Restolho vira-se para o oriente, para aí procurar as respostas às questões filosóficas que o assolam. É um meio como outro qualquer. E, sentindo-se confortável com isso, tão eficaz como qualquer outro. A Sabedoria Oriental tem ainda o bónus de, usualmente, se expressar de uma forma poética ou semi-poética, que é uma feliz aliança entre a Sabedoria e a Beleza. Mas permita o nosso amigo que puxe dos meus galões lusos e aqui consigne que a lição deste conto zen também está, muito mais terra-a-terra, é certo, presente em dois provérbios populares portugueses: O que não tem remédio, remediado está e Morra Marta, morra farta! (quanto mais não seja, de moranguinhos...) Um abraço e o meu agradecimento ao José Restolho pela sua autorização de publicação deste seu texto. E, a todos os

Page 114: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

108

leitores, pensem no texto me tirem também as vossasconclusões. Lembrem-se que pensar, refletir, é uma forma deprevenção do Alzheimer... Rui Bandeira

Page 115: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

109

Casa Emanuel

February 09, 2009

A crise está aí! Vejo e sinto que as pessoas estão cada vez mais inquietas, temerosas. Vejo e sinto crescer a tendência para que cada um se feche nas sua concha, se abrigue até que a tempestade passe, em cada dia assumindo que ela será de maior duração do que lhe parecia no dia anterior. Vejo e sinto as pessoas a retraírem-se, a adiar ou anular despesas ou investimentos, por receio de arriscar um mínimo que seja. Enfim, vejo as pessoas a fazerem crescer a crise... Se bem me recordo dos meus já longínquos estudos sobre os rudimentos de Economia que aprendi, uma das razões de aprofundamento de uma crise / recessão é precisamente o efeito psicológico que gera nas pessoas, levando-as a encerrarem-se no seu casulo que pensam protetor e a tentar passar pelos intervalos da chuva. E aí instala-se o ciclo vicioso

Page 116: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

110

de que é trabalhoso sair: o medo gera retração do consumo e do investimento, esta leva à diminuição da atividade económica e ao excesso de capacidade instalada, diminuição de vendas e de faturação, redução de pessoal, desemprego, nova diminuição de consumo, e por aí fora... Ainda por cima aqui no hemisfério norte o tempo está de chuva, cinzentão, frio e desagradável - não ajuda nada à boa disposição. Suspeito, cá por mim, que os primeiros a sair da crise havemos de ser os portugueses, mas só quando o Sol voltar a brilhar, o tempo aquecer e a praia apetecer. Aí, sim, o pessoal vai decidir que já basta de estar sempre a pensar nas dificuldades, um cidadão também tem direito ao sol, mar e descanso, esta vida, afinal, são só dois dias e... quando dermos por nós já estamos a achar que afinal isso da crise é para os islandeses... E, por incrível que pareça, isso será bom e será um dos remédios para efetivamente ajudar à saída da crise... Mas, entretanto, importa que mantenhamos a cabeça fria, os pés bem assentes na terra e não embarquemos em pânicos ou derrotismos. E, sobretudo, que tenhamos sempre bem presente que, por difíceis que as coisas estejam para nós, há sempre quem tenha muito maiores dificuldades, mais fundas, mais graves. Os tempos de crise não devem por nós ser encarados como época de medos, cautela e caldos de galinha.Devem ser encarados como épocas em que aumenta a necessidade de

Page 117: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

111

SOLIDARIEDADE. Da nossa solidariedade. Do nosso menos,bem vistas as coisas, ainda podemos retirar uma migalha que,junto com miríades de outras migalhas, serão algo deindispensável a quem está com muitíssimo menos do que nós,quase nada. Crise não pode, não deve ser sinónimo de egoísmo, antes desolidariedade. Por isso, aqui se divulga um apelo à solidariedade formuladopelo secretário-geral da Fundação Sousa Pedro: No dia 19 de Janeiro teve início a campanha "Coração naGuiné" que visa a angariação de bens de primeira necessidadepara enviar para o orfanato Casa Emanuel, na Guiné-Bissau, aúnica instituição do país que recebe crianças órfãs, comdeficiências e HIV.

Esta terá a duração de três semanas e contará com umadivulgação diária no programa da RTP1 "Portugal no Coração"onde serão apresentadas imagens e depoimentos relacionadoscom este projecto e onde podem também contribuir ligandopara o número 760307307, pois o custo desta chamada (0.60€)reverte a favor do Orfanato Casa Emanuel.

Imaginem que com apenas 0.60 € conseguimos pagar aalimentação de uma criança por dia!

Todas as semanas surgem novos pedidos para o acolhimento de crianças órfãs e em situação de risco e é com a nossa ajuda

Page 118: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

112

que é possível à instituição aceitá-los. (Desde que esteprojecto arrancou a Casa Emanuel já "adoptou" mais 8bebés...). É por isso que mais uma vez apelo para esta causa pois todasas ajudas e donativos que queiram dar terão que ser feitos atéao dia 16 de Fevereiro, altura em que o contentor terá que serfechado e enviado para a Embaixada de Portugal naGuiné-Bissau.

Agradeço-vos em nome de todas aquelas crianças e peço quereencaminhem os contactos que disponibilizo em baixo:

Links com mais informações sobre o projecto

http://www.casaemanuel.org/pt/missaocasaemanuel_ficheiros/frame.html ( em Português)

http://www.casaemanuel.org ( Geral)

CONTAMOS CONSIGO! Juntos podemos fazer a diferença!

Um telefonema. Sessenta cêntimos. Uma criança alimentada durante um dia. Simples, não é? Portanto, meus caros amigos, colaborem na campanha e ajudem a CASA EMANUEL.

Page 119: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

113

De caminho, pensem um pouco e vejam como isto da crise éuma coisa muito relativa, afinal...! Rui Bandeira

Page 120: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

114

Curso para Aprendizes e Companheiros

February 10, 2009

Grande Oriente de São Paulo (Brasil) inicia no próximo sábado, dia 14 de fevereiro, pelas 10 horas, um curso para Aprendizes e Companheiros, em quatro módulos. O primeiro módulo de Aprendiz é dedicado ao tema Origens históricas da Maçonaria no Brasil e no mundo . O primeiro módulo de Companheiro tratará dos temas Origem e história do grau e Particularidades do rito . Embora o curso se destine diretamente a Aprendizes e Companheiros, a Grande Secretaria de Cultura e Educação Maçônicas do Grande Oriente de São Paulo, entidade organizadora, anuncia que o seu público alvo inclui, não só os maçons destes graus, mas também os Mestres. Que, acrescento eu, se devem sempre considerar eternos Aprendizes, se efetivamente aprenderam algo que valha a pena.

Page 121: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

115

Serão emitidos e entregues certificados aos Irmãos quetiverem frequentado pelo menos 75 % do Curso, ou seja, pelomenos três dos quatro módulos. O curso será dado no Palácio Maçónico do Grande Oriente deSão Paulo, sito na Rua São Joaquim, n.º 457, Liberdade, SãoPaulo. (E que bem que soa que o Palácio Maçónico se situa naLiberdade...) O curso é ministrado gratuitamente, mas é solicitada a doaçãode um quilo de alimentos não perecíveis - a que, obviamente,será dado o adequado uso solidário. (Excelente princípio!) Para melhor organização das sessões, os interessados deveminscrever-se para a frequência do curso, seja através doendereço de correio eletrónico [email protected] , sejaatravés do telefone da rede de São Paulo, Brasil, 11-3346-7088,extensão (como se diz em Portugal) ou ramal (como se refereno Brasil) 150. Rui Bandeira

Page 122: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

116

Começo de resposta a outra pergunta

February 11, 2009

Na sequência do texto Pergunta de profano , José Luciano,através de uma mensagem de correio eletrónico, questiona:Escreve o Sr. em "Pergunta de Profano": "Especulativa também porque o trabalho primordial do maçon é especular,...", e eu pergunto, será de tão especulativa que a Maçonaria se estilhaça? será do trabalho sobre a "espiritualidade e a moral" que ela se perde, tantas vezes, em caminhos tão enviesados? Seria útil que José Luciano concretizasse um pouco mais o

Page 123: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

117

seu entendimento, assim limitando o risco de se estar a referira alhos e eu a responder a bugalhos. De qualquer forma,procurarei dar a minha opinião, segundo o que alcancei daquestão colocada. Se errar o tiro, José Luciano fará o favor deme corrigir o azimute, para que eu vise melhor...

A questão contém em si pressupostos com os quais não concordo: que a Maçonaria se estilhaça e que se perde, tantas vezes, em caminhos tão enviesados. Assumindo que José Luciano classifica como estilhaçar da Maçonaria a existência de diversas Obediências, com diferentes orientações, cada uma reclamando jurisdição sobre um conjunto de Lojas maçónicas, a minha convicção é que tal não deriva de a Maçonaria ser "tão especulativa". Resulta, antes de dois fatores, um positivo, outro nem por isso: essencialmente, da incomensurável bênção de que beneficia a espécie humana, comummente designada por livre arbítrio; nalguns casos, do insuficiente êxito de alguns em polir a pedra do seu caráter, mantendo-se permeáveis e dominados por vícios como a vaidade, o desejo ou apego ao que consideram Poder, a intolerância. Especular é uma das mais nobres caraterísticas da espécie humana. É o que nos possibilita evoluir, crescer, avançar. A Ciência Experimental nasce, em cada dia, da especulação. O processo científico resulta da elaboração de uma hipótese (especulação sobre se determinada ideia corresponde à realidade) e sua verificação ou infirmação por via experimental. A capacidade de especular, ínsita na natureza humana, é um

Page 124: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

118

componente essencial do Livre Arbítrio com que fomos dotados. Cada um de nós faz, em cada momento, as suas escolhas em função da sua análise das hipóteses que descortina viáveis e da probabilidade da sua ocorrência. Especular, portanto, é tão inerente à natureza humana como respirar. Nisto, a Maçonaria nada trouxe de novo ao Homem. O caráter distintivo da Maçonaria - e que eu sublinhei no texto que suscitou a colocação da questão - é o facto de essa especulação ter como ponto de partida símbolos, de cuja apreensão, estudo e compreensão cada um deve partir. Por isso também a Maçonaria, além de Especulativa, muitas vezes é designada por Simbólica. A especulação simbólica, em si e só por si, em nada contribui, ao menos decisivamente, para a existência de diversas correntes e Obediências maçónicas. O caso mais paradigmático, o que alguns consideram a cisão entre a Maçonaria Regular e a que é designada ou se designa por Maçonaria Irregular ou Liberal ou Universal, e que eu considero antes uma natural, previsível e frutífera divisão do tronco comum em dois ramos, ambos alimentados pela mesma seiva, provinda da mesmas raízes, mas cada um inclinando-se para o lado que melhor lhe convém - e afinal ambos contribuindo para o equilíbrio do todo... -, resultou, mais do que de diversas conclusões sobre diferentes análises, da porventura inevitável consequência de diferentes ambientes, inserções e convulsões sociais. A Maçonaria de matriz anglo-saxónica, a Maçonaria Regular, implantou-se e cresceu no seio da sociedade e das classes dirigentes da sociedade,

Page 125: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

119

enquanto instituição integrada na ordem social existente, com o propósito de aperfeiçoar pessoas e, por essa via, contribuir para a melhoria, a evolução da sociedade em que se integrou. A Maçonaria dita Irregular ou Liberal ou Universal resulta de uma implantação em terreno que rapidamente seria sacudido pelos tumultos de uma Revolução, que tudo pôs em causa, que tudo virou e revirou, baralhou e deu de novo, desfez e refez. É essencialmente destes dois diferentes ambientes evolutivos que - talvez inevitavelmente - resultam estas duas diferentes cambiantes da Maçonaria. A Maçonaria Regular, inserida na ordem social, procurando contribuir para a sua melhoria, permaneceu fiel à conceção original de que "no princípio era o Verbo". Acrescenta às convicções herdadas do antecedente as noções de Razão, de Ciência, de Tolerância. Evolui da Idade das Trevas para o mundo moderno através do Iluminismo e do Racionalismo, sem perder a sua ligação ancestral ao conceito do Criador. Evolui do teísmo para o deísmo, sem deixar de integrar quem se considere teísta, assimilando a noção de que o Criador existe para além das conceções individuais ou coletivas da sua natureza, identidade, aspeto, forma, caraterísticas, etc.. Com isso, integra qualquer noção individual ou coletiva do Criador como respeitável, aceitável. Institui a Tolerância como paradigma. Mas nunca perde a noção do Criador. O Homem procura aperfeiçoar-se, evoluir, porque essa é a sua natureza, assim resulta da Criação. Separando os planos do divino e do humano, não deixa de especular como o humano se aproxima, surpreende, entrevê, o

Page 126: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

120

divino. A Maçonaria dita Irregular, ou Liberal, ou Universal, caldeada nos tumultos sociais, confrontada com intoleráveis vícios sociais, extremas desigualdades, opressões inaceitáveis, assume um cariz muito mais interventivo. Mais do que melhorar o Homem e, por essa via, melhorar a Sociedade, entendeu que se impunha, prioritariamente, melhorar, modificar, a Sociedade, para, por essa via, poder melhorar o Homem. E, assim, evoluindo em sentindo diferente do outro ramo, intervém ativamente na política e na conformação e organização social. Mais do que simples força propiciadora de evolução, assume, sempre que o entende necessário, caráter revolucionário. E, assim, claramente que entra em rota de colisão com as forças sociais de cariz conservador das sociedades cuja modificação rápida pretende. Entre essas forças, historicamente está a Igreja Católica. O conflito é inevitável. Do questionamento da Igreja ao dos seus ministros vai um passo. Da colocação em crise do que estes representam um outro, mais curto. Do questionamento da crença, um outro, mais curto ainda. Por outro lado, a luta por valores tão absolutos, tão válidos, tão corretos, como inquestionavelmente são a Liberdade, a Igualdade, a Fraternidade, faz-se com todos os que partilhem esses valores. Ainda que não partilhem crença... Se a Maçonaria Regular já abolira as diferenças religiosas através da capa da Tolerância perante todas as crenças, por que não estender, alargar, essa capa também a quem não tem opinião formada sobre a existência ou não de Criador? E, mais ainda, a quem entende que não existe Criador, mas partilha os valores da Liberdade, Igualdade, Fraternidade?

Page 127: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

121

Na minha opinião, os diferentes ambientes de implantação da então jovem instituição, após a sua transformação de Operativa em Especulativa, explicam com clareza porque ocorrem estas duas diferentes evoluções. Que só podemos considerar naturais, senão inevitáveis. É da natureza das coisas que o que evolui em ambientes diversos evolua diferentemente. A racionalização especulativa, neste caso, vem depois. Ao analisar as diferenças, as consequências, de cada uma das conceções. Racionalização, especulação, que não pode deixar de reconhecer o que é evidente. Diferente evolução, assunção, ainda que apenas parcialmente, de diferentes conceções estruturantes da Maçonaria, seu propósito, sua inserção, implicam o reconhecimento que não se está já perante uma única realidade, mas de duas, embora muito próximas, muito parecidas, irmãs gémeas criadas em ambientes diferentes, mas por isso não menos irmãs, por isso não melhor nem pior uma do que a outra. Afinal, a Maçonaria, raiz e tronco comum, ao deitar dois ramos, ambos fortes, ambos dando frutos de natureza similar, ambos saudáveis, um de Maçonaria Regular, outro de Maçonaria Liberal (a quem uns chamam também de Irregular, outros de Universal), acaba por permitir acolher e melhorar um mais alargado leque de Homens Bons e contribuir para um positivo aperfeiçoamento social. Estes dois ramos, tendo raízes e tronco comuns, são hoje claramente distintos. Ambos úteis. Ambos respeitáveis. Cada um partilhando com o outro muito, tanto. Cada um crescendo

Page 128: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

122

na direção que entende crescer, por si, sem que necessite dearrastar ou prejudicar o outro. Muito em comum e podendocomummente cooperar. Algo em separado, por cada ramofruído e cuidado. Não, meu caro José Luciano. O crescimento destes dois ramosautónomos da mesma árvore não é nenhum estilhaçamento,antes natural evolução. E não resulta da tendênciaespeculativa dos maçons, antes, e simplesmente, do resultadodo livre arbítrio humano, em confronto com diferentesambientes. Porventura reunir-se-ão estes ramos? Duvido! Questionomesmo se seria bom, se não seria uma involução. Afinal decontas, existem porque correspondem a necessidadediferentes, possibilitando evolução e aperfeiçoamento apessoas com diferentes formas de conceber princípiosfundamentais. Cada Homem Livre e de Bons Costumes podeintegrar-se no local onde se sentir mais confortável. E crescer.E melhorar. E evoluir. Para mim, isso é bom. Não um mal! O texto já vai longo e ainda me falta responder-lhe sob outraperspetiva: a existência de diferentes Obediências que sereclamam de maçónicas, não em resultado destes diferentesambientes propiciadores de diferente evolução, mas de outrosfatores. Com a sua condescendência, deixarei isso para umpróximo texto. Rui Bandeira

Page 129: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

123

Continuação da resposta a outra pergunta

February 12, 2009

Para além da evolução da maçonaria em dois ramos distintos, Regular e Liberal, o outro fator que, na minha opinião, tem dado origem a criação de diversos corpos que, no mesmo espaço territorial, se reclamam de maçónicos é aquilo a que no texto de ontem apelidei de "insuficiente êxito de alguns em polir a pedra do seu caráter, mantendo-se permeáveis e dominados por vícios como a vaidade, o desejo ou apego ao que consideram Poder, a intolerância". Traduzido por miúdos: vaidades, lutas e ambições por vão "poder", incapacidades de integrar desacordos pontuais, transformando-os desnecessariamente em profundas diferenças, geradoras de afastamentos. A minha própria formulação da frase é demonstrativa de que, se compreendo e encontro justificação para a emergência da Maçonaria Liberal, sou claramente crítico destas outras criações.

Page 130: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

124

Historicamente, no mundo a Maçonaria criou-se segundo os princípios da Maçonaria Regular. Pelas razões e no contexto aludidos no texto de ontem, emergiu também a Maçonaria Liberal. Ambas são formas de Maçonaria. A opção por uma ou por outra depende de conceções da vida e do mundo. Resulta de princípios. São, em qualquer dos casos, escolhas inatacáveis. Por outro lado, a Maçonaria criou-se como uma instituição masculina. Porém, a seu tempo, se colocou a questão de que as mulheres também podiam e eram suscetíveis de se aperfeiçoar seguindo o método maçónico. Criaram-se assim organizações femininas buscando o autoaperfeiçoamento, segundo o método maçónico, com recurso ao simbolismo e trabalho ritual, adaptado à sensibilidade e idiossincrasia femininas. Essas organizações adotam normalmente designações de Grandes Lojas Femininas e são vulgarmente designadas por Maçonaria Feminina. A Maçonaria Regular, embora considere que a designação de "Maçonaria", sem adjetivos, deve corresponder ao conceito de uma instituição exclusivamente masculina, reconhece o direito ao autoaperfeiçoamento feminino, segundo o método da especulação simbólica e prática ritual, adaptada ao género feminino. É uma realidade distinta da Maçonaria, mas que os maçons regulares reconhecem como louvável. Inclusivamente, em Inglaterra não é incomum a partilha de instalações entre Lojas masculinas e femininas. A Maçonaria Regular, a exemplo da sua posição quanto à Maçonaria Liberal, só não admite

Page 131: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

125

intervisitação em reuniões rituais entre maçons regulares e senhoras. Porque as práticas rituais de uns e de outras são específicas para a melhoria dos respetivos grupos, não se justificando presenças ou intromissões que seriam meramente do foro da curiosidade ou de praxe social. Mas, sendo a Maçonaria Regular exclusivamente masculina, aceitando esta sem reservas o direito feminino a emular, em benefício do seu próprio aperfeiçoamento o método maçónico e sendo a diferença de género um facto da vida, é também inatacável o direito de as senhoras se agruparem no que designam por Lojas e Grandes Lojas Femininas. Também nalguns pontos do globo se criaram organizações mistas de género, autodesignadas de Co-Maçonaria, isto é, organizações abertas a homens e senhoras. Do ponto de vista da Maçonaria Regular, estas organizações não se justificam. Sendo as sensibilidades masculina e feminina diferentes (é conhecida a frase, que vale o que vale, mas é ilustrativa, de que os homens são de Marte e as mulheres são de Vénus ), não se afigura útil nem eficaz um método ou, sobretudo, uma prática ritual única e comum. Ao contrário do que sucede com as organizações femininas, que são reconhecidas como uma realidade que, embora necessariamente diferente, é similar à Maçonaria e de utilidade para as suas destinatárias, a Maçonaria Regular não reconhece utilidade nem necessidade a essas organizações mistas. No entanto, pessoalmente admito que quem optar por integrar uma dessas organizações o faça por princípio, pelo que considero também inatacável o direito

Page 132: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

126

de, quem assim o desejar, assim fazer. Questão completamente diferente é, quer no âmbito dos princípios da Maçonaria Regular, quer segundo as opções da Maçonaria Liberal, que haja quem entenda constituir organizações paralelas. Nesse caso, ou haverá pura imitação, ou criação de organizações justamente consideradas pelas originais como clandestinas. E nesse caso o que estará em causa não serão princípios (pois os imitadores ou clandestinos proclamam os mesmos princípios da organização original), mas apenas manifestações de egos. Esse tipo de situações ocorreu já em todo o mundo maçónico, quer no âmbito da Maçonaria Regular, quer no da Maçonaria Liberal. Ressalvadas algumas exceções, normalmente dão origem a pequenas e isoladas, interna e internacionalmente, organizações, que estiolam durante algum tempo, até ao seu desaparecimento. A maior parte dura umas dezenas de anos (o que, em Maçonaria, é muito pouco...) desde o nascimento à extinção. As que sobrevivem e permanecem durante mais de um século é porque, algures na sua génese ou desenvolvimento, acabaram por corresponder a interesses ou valores ou princípios diversos e que justificam essa existência. Na minha opinião, não é grave - até porque - repito - normalmente resultantes de meros egos inchados - a ocorrência desses episódios. O tempo se encarrega de separar o trigo do joio. Cada um que faça o seu caminho e se preocupe consigo e com os seus e deixe viver quem quer seguir, certa

Page 133: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

127

ou erradamente, caminhos diferentes. Nestas situações só há, a meu ver, uma questão a ter em atenção: durante a vida da organização clandestina, alguns elementos de boa vontade aderirão a ela, crentes no seu valor e pretendendo seguir os princípios, seja da Regularidade, seja da Maçonaria Liberal. Esses elementos de boa vontade e boas intenções não devem ser penalizados nem sofrer consequências devido aos inchaços de ego alheios. As organizações originais devem estar atentas a essas situações e, em bases estritamente individuais, criar mecanismos que permitam a quem, ciente que esteja do seu engano, poder prosseguir o seu caminho livre do labéu da clandestinidade. E não é possível a reintegração da organização clandestina na original? Claro que nunca se deve dizer nunca, salvo em questões de princípio. Mas tenho para mim que isso só é passível de ser encarado, com hipóteses de êxito, quando os egos inchados tiverem terminado a sua passagem pela organização clandestina. É certo que, normalmente, o que incha desincha, mas, em matéria de egos, esse processo costuma ser demasiado demorado... Portanto, na minha opinião, sempre que ocorrem situações de cisão ou clandestinidade, o melhor que há a fazer é dar tempo ao tempo, ter presente que atrás de tempo, tempo vem e que o tempo (quase) tudo cura... Em resumo, meu caro José Luciano: na minha opinião, não há qualquer estilhaçamento, mas apenas alguma borbulhagem.

Page 134: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

128

Efeitos de inchaços de ego... Rui Bandeira

Page 135: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

129

6ª feira, 13 ! Quem falou em DIA DE AZAR ?

February 13, 2009

Meus Caríssimos Irmãos, Amigos, Leitores, Comentadores, Críticos e demais interessados no "A Partir Pedra", de vez em quando 'dou à costa', que é como quem diz, reapareço para postar umas bocas... Acontece que já há muito tempo não se 'faz sangue' neste blog e hoje é o dia do regresso às lides consanguíneas. Pois bem, não vale a pena pôr muito na carta, porquanto é sabido da maioria dos nossos seguidores, embora nos últimos meses tenham aparecido muitas adesões, que através do 'A Partir Pedra' a R:.L:. Mestre Affonso Domingues faz periódicamente uma chamada aos dadores, antigos, novos e futuros, para colaborarem nas nossas sessões de dádiva de sangue. É uma prática antiga e desde há 2 anos com a colaboração do magnífico Grupo 19, dos Escoteiros da Pontinha, que com o entusiasmo dos jovens de boa vontade contribuem para a angariação de dadores, sendo que eles próprios são os primeiros a dar o exemplo e a apresentarem-se em peso no

Page 136: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

130

ginásio da Escola Melo Falcão (justamente na Pontinha, a 5minutos do Metro). Então cá fica o desafio do costume para o próximo dia 28 deFevereiro, Sábado, durante a manhã das 9 e até às 13 horas. Não há razão para faltas, desde que as condições físicas opermitam. Não custa nada, nem fisicamente nem económicamente. Com a certeza antecipada de que alguém, nalgum lugar, sesalvará graças a um tão pequeno gesto de cidadania ativa. Meus Amigos, a deslocação até à Pontinha, se forem de Metro,até é uma viagem bonita, porque a vista pelas janelas dascomposições é particularmente colorida para aqueles lados, ese por acaso não virem nada não se preocupemdemasiadamente, é sinal de que precisam mesmo de darsangue !!! Evidentemente que não será do V. conhecimento, mas alguém,algum dia, Vos irá agradecer o pequeno gesto de humanidadeque é a V. dádiva. Não faltem e tragam um Amigo também. JPSetúbal

Page 137: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

131

MISERÁVEL MESTRE crónica de ‘MILLÔR FERNANDES’(?)

February 16, 2009

Reapareci com o convite para a dádiva de sangue do próximo dia 28. Acontece que o nosso inesgotável Rui, já há 3 ou 4 semanas, me enviou uma estórinha supostamente de autoria de Millôr Fernandes, autor de quem sou fã indiscutível desde há muitos anos, pelo humor sem paralelo com que escreve crónicas da vida diária, em críticas tão humoradas quanto verrinosas e certeiras. Desde o tempo de ‘O Cruzeiro’ que o admiro, e já lá vão várias dezenas de anos (ele tem mais do que eu…). No início do ‘A Partir Pedra’ um dos primeiros posts que coloquei foi exatamente um texto do Millôr, extraordinário ( a famosa definição da ‘Rôsca’… uma rosca é uma rosca, é uma rosca, é uma rosca.) e aí descobrimos, ambos (eu e o Rui), que era-mos igualmente fãs do Millôr Fernandes. Este texto, após chegar ao nossos correios, teve um acerto igualmente suposto porque neste momento não temos qualquer certeza quanto à sua autoria. Chegou como sendo do Millôr, mas a logo depois apareceu-nos um desmentido que nos merece tanta credibilidade quanto a primeira autoria. Com autor ou sem ele fica uma certeza, não é minha autoria e tão pouco do Rui. Mas ambos estamos de acordo que merece ser postado ! A questão está em que o que aqui vai no texto ‘não é moleza,

Page 138: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

132

não…’, bem pelo contrário, é dureza mesmo ! Eu conheço alguns… por muito que isso me doa, e dói, podem

crer. É o caminho para a perfeição…? pois será… ! Por isso é tão duro, por isso é dureza ! Aí vai : Tô falando....não param de me perseguir! Estão sempre contraa minha pessoa. E ainda se dizem irmãos. O negócio é que aLoja estava um marasmo. "Tava um saco".Aliás, por falar nisso, sempre preferi AMASSARMARIA à Maçonaria, vocês sabem. Só tem um negócio lá que atrai: O PODER! Foi aí que resolvi: quero ser Venerável! Comecei a conversar com os caras, mas eles me vieram com um papo de que era cedo, que eu não tinha sido secretário...! Função subalterna, trabalha mais do que fala. Jamais! Não

Page 139: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

133

tenho tempo para isso... QUERO MESMO É SER VENERÁVEL! Mas tudo tem seu jeito. Os dias passaram, bati papo com uns e outros, fui enrolando. Fiz um leilãozinho de cargos. Pouco trabalho e muita pose. As Vigilâncias vão para dois alérgicos ao trabalho. Nada de preparar Instruções. Se elas já estão escritas, quem quiser que leia, bolas. A oratória vai para um caso patológico de exibicionismo que precisa de platéia - vai ter sempre! E por ai continuei... Quanto àquelas condições de elegibilidade, atropelei todas. Pra freqüência, atestado médico comprovando ‘Mal de Escroque’. Nada como uns livrinhos misticistas. Dou uma cheirada neles e viajo no esoterês... Bons costumes? Não tem problema, eles ainda não me conhecem direito... Capacidade administrativa? Bah, administração é coisa para jogar em cima do secretário. Meu negócio é bater malhete e usar paramento. O resto, eu leio e só assino. Mas tem uma turminha que se acha dona da Loja só porque não falta, arruma e desarruma o Templo, chega cedo, comparece no Tronco ou na obra de amor e outras besteiras dessas. Eles resolveram lançar um candidato deles. Mesmo que ele não tenha chance, não custa pichar um pouco. Como dizia meu guru, "da calúnia sempre fica alguma coisa..." Fui armando nos bastidores, fazendo cabalas com minha grande capacidade de persuasão... Vocês sabem, ele é muito jovem, não presta para mandar... Comprei presentinhos, fiz longos discursos e botei algumas notas no Tronco (pô que desperdício). Prometi, bajulei e menti. Beijei criancinhas, abracei sogras, fui a batizado e enterro.

Page 140: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

134

Enfim, tornei-me o candidato ideal. O outro boboca, coitado, nem fez campanha. Apresentou umtal plano de trabalho que fazia jus ao nome, só falava detrabalho. Argh! Ninguém deve ter gostado. Chegou o grande dia da eleição, eu lá tranqüilo, já atépensando na reeleição. Aliás preciso até ver quantas vezes épermitido, de repente, dá até para mudar o regulamento... Porfalar nisso, será que venerável é como comprar toca-fitas:instalação é de graça? Não importa. Se não for, ponho naconta da Loja, junto com as dos paramentos, que já mandeifazer, bordados a ouro. Enfim, o grande momento. Começa a apuração. Há Unanimidade, estão dizendo. É a glória. Eu mereço... O quê...? Ganhou o outro? Não absurdo! É roubo! E o meuvoto e os compars..., quero dizer, correligionários? Heim...?Não tínhamos freqüência? Vocês não me merecem. Vou fundaruma outra Loja, para ser Venerável. Vocês ainda vão ver a ‘VIGARICE & PICARETAGEM’ emfuncionamento ainda este ano. Quero meu Quit Placet! O quê?Tem de pagar? Deixa pra lá então! TFA Ir.·. Millôr Fernandes (?) E hoje fica assim. JPSetúbal

Page 141: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

135

Meio por cento

February 17, 2009

Uma das instituições de solidariedade social que é cara aos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues é a CERCIAMA - COOPERATIVA DE EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO DE CIDADÃOS INADAPTADOS DA AMADORA, CRL. A CERCIAMA tem a sua sede e instalações de assistência, guarda, ensino, apoio, formação e reabilitação de cidadão inadaptados, designadamente em consequência de serem afetados pela trissomia 21 (vulgo: mongolismo) ou outras doenças ou insuficiências do sistema cognitivo, na R. Mestre Roque Gameiro nº 12, 2700-578 AMADORA e está reconhecida como instituição de utilidade pública (DR, II Série. n.º 152, de 03/07/1984). No seu blogue , a CERCIAMA faz o seguinte apelo,

Page 142: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

136

que temos todo o gosto em aqui reproduzir e secundar: A partir da declaração de IRS, respeitante ao Ano 2008, atributar em 2009, informa-se que pode consignar 0,5% doImposto Liquidado (Lei nº16/2001 de 22 de Junho, Art. 32º ePortaria nº 80/2003 de 22 de Janeiro) à CERCIAMA. Basta inscrever no Anexo H, caixa 9, coluna 901, o número deIDENTIFICAÇÃO DE PESSOA COLECTIVA, neste caso daCERCIAMA. A CERCIAMA tem como Número de Identificação de PessoaColectiva (NIPC), o seguinte:

500 636 826

Quer no modelo de IRS electrónico, quer no modelo de IRS entregue em suporte de papel à vossa Repartição de Finanças, a vossa consignação deve ser assinalada no Anexo H, caixa 9, coluna 901, marcando um X no quadradinho com que termina a linha que refere: -INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE SOLIDARIEDADE SOCIAL ou PESSOAS COLECTIVAS DE UTILIDADE PÚBLICA (art. 32º, nº4 e 6). Recorda-se que não assinalando nada na Caixa 9, … todo o benefício será directamente consignado à Fazenda Pública! A CERCIAMA AGRADECE o vosso gesto de solidariedade

Page 143: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

137

pessoal, sem descurar que outra possa ser a entidade destinatária do donativo. Seja Solidário uma vez mais! Ajude a CERCIAMA Obrigado Meio por cento é quase nada! Mas lembrem-se que muitos meios por cento ajudam - e de que maneira! - quem, muitas vezes, é a única ajuda de quem dela absolutamente precisa! Portanto, meus caros leitores sujeitos passivos de IRS em Portugal, é assim: basta ter o cuidado de guardar estes dados e, quando preencherem a vossa declaração de IRS, colocar o número de pessoa coletiva da CERCIAMA e o tal "X" no quadradinho da caixa 9 do Anexo H e, sem custos para vós, 0,5 % do IRS que vos é liquidado é entregue pela fazenda Pública à CERCIAMA. Se nada fizerem, se nada cuidarem, se não quiserem ter o pequenininho esforço de se recordarem de assim fazerem e de efetivamente o fazerem, a Fazenda Pública, em vez de ficar apenas com 99,5 % do vosso IRS e entregar 0,5 % dele à CERCIAMA, fica com os 100 % todinhos do vosso IRS. A escolha é vossa! Mas para quem reclama, resmunga ou murmura que o Estado

Page 144: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

138

podia aplicar melhor o dinheiro dos nossos impostos,convenhamos que prescindir de determinar-lhe que entregue apequenina parte do nosso IRS que ele, Estado, aceita que nósdeterminemos a quem deve entregá-la, não será muitocoerente... E a CERCIAMA merece que nos lembremos dela e quetenhamos para com ele este gesto pequeno, fácil e sem custospara nós: determinar à Fazenda Pública que lhe entregue 0,5 %do nosso IRS! Quem porventura duvidar, tem uma maneiramuito fácil e rápida de tirar as dúvidas: é ir visitar a CERCIAMAe ver, com os seus próprios olhos, o fantástico trabalho que alié feito! Leitor de Portugal: não guarde para amanhã o que pode fazerhoje! Imprima este texto e guarde-o na pasta dos documentosque precisará consultar quando fizer a sua declaração de IRS.Assim não se esquece! Rui Bandeira

Page 145: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

139

Um Grupo de Macacos

February 18, 2009

Há algum tempo que não colocava um texto aqui, já que tenhoestado envolvido no desenvolvimento do Website da MestreAffonso Domingues ( www.rlmad.net ), o que não deixa muitotempo livre; contudo, não resisti a partilhar este texto no Blog:

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, tendo no centro colocado uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jacto de água fria sobre os que estavam no chão. Depois de algum tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas. Passado mais algum tempo, nenhum macaco se atrevia a subir a escada, apesar da tentação das bananas. Os cientistas decidiram então substituir um dos cincos macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o agrediram. Depois de algumas agressões, o novo integrante do grupo deixou também ele de subir a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o facto. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele

Page 146: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

140

que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque motivobatiam em quem tentasse subir a escada, certamente que aresposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim poraqui...", ou “sempre que alguém tenta subir a escada, há quelhe bater …”, ou ainda "os que tentam subir a escada, gostamde apanhar; estamos a prestar-lhes um serviço...". Creio que nem sempre nos questionamos sobre por quemotivo "batemos" ou se faz sentido fazê-lo – limitamos aagredir ou a dizer mal, até porque nesta nossa atitude tãoPortuguesa, dizer que está mal (bater), “é uma forma decompetência”.

Page 147: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

141

Casa do maçom

February 18, 2009

Iniciativa da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Fraternidade Paulista, foi inaugurada, em 27 de abril de 2008, na localidade de Barretos, Estado de São Paulo, Brasil, a Casa do Maçom "João Baroni", que recebe pacientes de várias cidades do país. O espaço oferece hospedagem a maçons e familiares de todo o Brasil, que se encontrem em tratamento no Hospital de Câncer da Fundação Pio XII, de Barretos. Localiza-se na rua Paraguai, nº 1.800, a cerca de 800 metros do Hospital. A cerimónia de inauguração reuniu representantes das Maçonarias de vários Estados, bem como o Venerável Mestre da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Fraternidade Paulista e membros das várias Lojas Maçónicas de Barretos. A casa é formada por onze apartamentos totalmente mobiliados, apropriados para receber pacientes com acompanhantes. Cinco deles são adaptados para utilizadores de cadeira de rodas. O espaço conta ainda com receção, lavandaria, área de convívio, sala de TV, cozinha e refeitório, num terreno de 1.100 m2, com um total de 460 m2 de área

Page 148: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

142

construída. A casa, concebida com base nos símbolos usados naMaçonaria (esquadro, compasso e régua), foi projetada peloengenheiro André Ponciano, colaborador do projeto. Aconstrução foi realizada no período de dois anos. A primeirapedra foi colocada no dia 23 de abril de 2006. (Informação obtida através de mensagem de divulgada noGrupo Maçônico Orvalho do Hermon e pesquisada nos sítiosda A.R.L.S. Fraternidade Paulista e A.R.L.S. Cavaleiros de SãoJoão, n.º115 ) Rui Bandeira

Page 149: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

143

Loja azul

February 19, 2009

Por vezes, esquecemo-nos que o que é simples e básico para quem já conhece e está habituado a determinado tema pode não ser assim tão facilmente entendido por quem esteja a iniciar o seu contacto com o assunto. Veio-me este pensamento à tona há alguns dias quando li o texto do José Ruah Música no blogue - uma nova etapa , vi as alterações que efetuou e, sobretudo, assisti a um comentário brincalhão, com água no bico de "futebolês", do simple e à resposta, a sério, do Ruah à "provocação futebolesa" do simple sobre o uso da cor azul para uma das listas de músicas

Page 150: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

144

colocadas no blogue pelo Ruah. Este respondeu, muito a sério, repito: As Lojas são Azuis e o REAA é Vermelho. Não pense o meu caro amigo que as cores foram escolhidas por acaso. Os maçons entenderam perfeitamente o alcance da resposta do Ruah. Mas interroguei-me sobre se um profano que deparasse com este comentário o entenderia. E concluí que, embora porventura muitos profanos o entendessem ou pudessem perceber com uma simples busca num motor de busca, certamente haveria alguns que teriam dificuldade em perceber a alusão. Portanto, vamos lá esclarecer, porque o facto de ser básico para uns não significa que o seja pra todos. Em Maçonaria, designam-se por Lojas azuis as Lojas que trabalham nos três graus essenciais da Maçonaria: Aprendiz, Companheiro e Mestre. Porquê azuis? Simplesmente porque, na sua origem, essa foi a cor escolhida pelos maçons que, no século XVIII, criaram, em Inglaterra, a Grande Loja de Londres. Nesse tempo, havia apenas um rito praticado e a cor que o identificava, a cor principalmente usada nos artefatos dos maçons, era o azul. E assim permaneceu, designadamente nos países anglo-saxónicos, que, praticamente em exclusivo, praticam apenas o Rito de York ou suas variantes. A cor deste rito é o

Page 151: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

145

azul. Como nos países anglo-saxónicos a tendência é para a prática de um único rito, e sendo a cor associada a esse rito, passou a designar-se por Lojas Azuis as lojas dos três graus essenciais da Maçonaria. Com efeito, outras cores são associadas a outras situações em Maçonaria. Por exemplo, os Grandes Oficiais das Grandes Lojas anglo-saxónicas usam, normalmente, colares e aventais orlados na cor púrpura. Após a implantação da Maçonaria, seguiu-se um período de criação e proliferação de ritos. Cada rito era, pelos que o criavam, associado a uma cor. Das dezenas de ritos que apareceram, como é natural só uns poucos subsistiram. De entre estes, o Rito Escocês Antigo e Aceite, cuja cor é o vermelho. Na Maçonaria anglo-saxónica, os três graus básicos são, quase exclusivamente (existe uma exceção célebre, que adiante referirei) trabalhados no rito de York ou suas variantes, cuja cor, como acima referi, é o azul. Existem, para além dos três graus básicos e essenciais da maçonaria, sistemas de Altos Graus, que prolongam o caminho iniciado nesses três graus básicos. Mas todos os maçons, nos países anglo-saxónicos, trabalham na Maçonaria Azul (os três graus básicos, no Rito de York ou suas variantes). Os que o pretendem e a tal são admitidos, podem ainda trabalhar em

Page 152: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

146

Altos Graus, seja do Rito de York, seja do Rito Escocês Antigo e Aceite. Nos países anglo-saxónicos (ressalvada a tal exceção...) não se trabalha no Rito Escocês Antigo e Aceite nos três primeiros graus. Só a partir do quarto grau. Na Maçonaria Continental Europeia, em África e na América Latina, pelo contrário, as Lojas que trabalham no Rito Escocês Antigo e Aceite utilizam-no desde o primeiro grau. Aqui, o Rito não é exclusivamente um rito de Altos Graus, antes é um sistema coerente, que vai desde a iniciação até ao último dos Graus Filosóficos. Apesar de a cor do rito ser a vermelha, continua-se a designar as Lojas dos três primeiros graus do Rito Escocês Antigo e Aceite como Lojas Azuis, em uniformidade com o estabelecido no resto do mundo maçónico. Consequentemente, embora a designação de Loja Azul tivesse originalmente decorrido da cor do rito que no século XVIII se praticava, hoje em dia essa designação aponta as Lojas dos três primeiros graus da Maçonaria, qualquer que seja o rito praticado. Quanto à tal exceção, que é, afinal, uma mera curiosidade. Presentemente, nos EUA, toda a Maçonaria Regular trabalha num único rito, a variante norte-americana do Rito de York, fixada por Preston e Webb (normalmente denominada por Rito Preston-Webb). À exceção de uns irredutíveis gauleses... Não propriamente a aldeia de Astérix, mas algo de parecido. A Louisiana foi originalmente colonizada por franceses e foi

Page 153: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

147

território colonial francês. Foi durante esse período que ali foiintroduzida a Maçonaria, segundo o rito mais praticado emFrança, o Rito Escocês Antigo e Aceite. Ulteriormente, aLouisiana foi vendida pela França aos Estados Unidos epassou a Estado integrante dos Estados Unidos da América.Quando ali se organizou, ao estilo continentalnorte-americano, a Maçonaria, sob a égide da Grande Loja daLouisiana, todas as Lojas a partir daí criadas passaram autilizar a variante local do Rito de York. Mas as Lojaspré-existentes que manifestaram o desejo de continuar atrabalhar segundo o Rito Escocês Antigo e Aceite, mesmo nostrês primeiros graus, foram autorizadas a assim continuar afazer. Até hoje! Subsiste presentemente cerca de uma dúziadessas Lojas. Os maçons americanos chamam-lhe "MaçonariaVermelha" e... são um polo de curiosidade... Rui Bandeira

Page 154: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

148

Le seul Orchestre Symphonique de Kinshasa

February 21, 2009

Embedded File ()

(Por "razões de ordem técnica" este post sai com um dia de atraso) Para fazer inveja ao "Zé da Música" e ao Rui, hoje 6ª feira, que por acaso até é um dia especial para mim, resolvo ser eu a deixar um convite de fim de semana. E logo este que é de Carnaval. Como logo se verá, inveja ao "Zé da Música"... porque se trata de música no blogue, ao Rui porque se trata de desafio para o fim de semana, implicando com as habituais estorinhas que ele aqui costuma deixar para "des-setressar" (?). Pois um caríssimo Mano dos nossos, o AD (até podia ser Affonso Domingues, mas não é) mandou -me numa mensagem uma ligação que resolvi trazer para aqui. Este AD tem dias, é como eu, e de vez em quando abro o correio (à noite como é habitual) e o rapaz (correio, já se vê) até se engasga com um quarteirão bem medido de mensagens dele ! Entretanto é capaz de estar semanas sem dar notícias. Convém notar que o AD passou "pelas Áfricas" e ficou meio "cafrealizado", como quase todos os que por lá passam, razão porque em cada 3 mensagens que manda, 4 têm alguma

Page 155: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

149

ligação àquelas terras. Desta vez é a música supostamente erudita (é coisa que nãoexiste, mas para já facilita o texto), mas em África e de Áfricavem música de espanto. Não é o caso deste vídeo em que a música é tão africana comoeu, que nasci em Lisboa, embora bem melhor do que eu,naturalmente. O que aqui há de significativo é o contraste entre limitações devida e alegria de vida. Como é fácil ser feliz, quando o coração tem dimensão paraisso... E é só isso que é necessário, coração grande e cabeçacom vontade ! Vejam o vídeo, vale a pena. Obrigado ao AD pelo envio JPSetúbal

Page 156: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

150

O perfil e o Segredo de um Venerável justo e perfeito

February 22, 2009

Antes de mais, importa esclarecer que o cargo de V:. M:. nãodeve ser encarado como um passo inevitável no percurso deum maçon. Pretendo com isto dizer que, eventualmente, nemtodos os maçons chegarão a ser VV:. MM:., já que o critério deescolha deve ser o da capacidade e competência e nunca o daantiguidade.Anualmente é eleito pelos seus pares um novo VenerávelMestre que, entusiasmado pelo cargo, cheio de enorme boavontade e responsabilidade, prepara o seu programa deactividades, nem sempre o conseguindo cumprir com o êxitodesejado. Isso pode ser visto através da forma como a Lojaevolui ao longo do Veneralato:

• pelo nível de envolvimento e adesão dos II:. às actividadesda Loja,

• pelo nível de indiferença ou ausências às Sessões;

• pelo nível de não cumprimento de compromissos junto doTes:.,

• pela falta de apoio, comprometimento, incompreensão eafastamento de alguns Irmãos.

Formalmente falando, o V:.M:. deve ser um homem sensato, de conduta irrepreensível, com as qualificações para ensinar e para aprender a desempenhar muito bem a sua função. É preciso iniciar a jornada pela base, pelo estudo, de modo a não

Page 157: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

151

nos faltar a paz, o equilíbrio e a tolerância para discernir quem será o melhor candidato. Um brilhante orador, professor, empresário, médico, juiz ou advogado, nem sempre pode ser qualificado para "guia dos Irmãos" de uma Loja Maçónica. Ter um nome famoso, riqueza e posição social, dispor de força ou de autoridade, não são qualificações para este fim. Devemos ter a certeza de que ele possui conhecimentos maçónicos, compreensão e prática da fé raciocinada que deverá utilizar para facilitar a jornada evolutiva de todo o quadro de obreiros da Loja. Devemos também assegurar-nos de que tem a vontade "correcta" para desempenhar este cargo. A vaidade pode conduzir um homem a considerar-se poderoso e infalível; porém, os mais avisados sabem que na Maçonaria não existem "poderosos e infalíveis" e, sendo uma fraternidade, não há outra Instituição onde melhor se aplique o lema: "liberdade, igualdade, fraternidade". Um dos problemas internos das Lojas é que muitos Irmãos mais presunçosos e despreparados, depois de serem exaltados, deixam de estudar, achando que atingiram a "Plenitude Maçónica". Estes são os primeiros a tentar encontrar vias rápidas e alternativas para serem candidatos ao cargo de V:.M:., tendo sucesso em Lojas que, sem critérios ou cuidados, promovem a sua eleição, propiciando o desrespeito pelas tradições da Ordem por pura omissão, conivência ou até cobardia. Outras vezes Irmãos, por melindres, intrigas, ou apenas pela satisfação de vaidades pessoais ou birra, indicam candidatos para o "trono de Salomão", somente em função dos seus

Page 158: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

152

relacionamentos. Estes candidatos, uma vez eleitos e empossados, poucocontribuem para a Ordem Maçónica e/ou para a Loja, tendem abanalizar a ritualística, ou a achar que mudar e inventarfutilidades é sinónimo de modernização e inovação. É necessário que meditem sobre a disciplina que envolve oestudo, a reflexão em torno dos princípios maçónicos, e oempenho responsável de renovação do verdadeiro maçon. O que devemos fazer para ajudar a impedir o sucesso dessesinsensatos que faltam à fé jurada?

• Percebendo qual será o seu "programa administrativo oude trabalho";

• Vendo o modo como se comportaram nos cargos exercidosnos últimos anos;

• Avaliando se aprenderam a lidar com o diferente;

• Percebendo que grau e que tipo de envolvimento têm com aLoja e com os II:..

• Considerando o seu carisma, ou seja, as suas qualidadesde liderança.

É imprescindível ter também em consideração aspectos como, o conhecimento doutrinário; se chefia a sua família de forma ajustada; se dispõe de tempo disponível que possa dedicar à Loja e à Ordem, sem com isso prejudicar a sua actividade profissional e familiar, etc. Quanto mais claramente conseguirmos ver as qualidades do candidato, mais valioso

Page 159: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

153

ele se torna para nós. Somando o conjunto destas e de outras qualidades, podemos avaliar se, no seu conjunto, o candidato reúne o necessário para assumir este desafio. Uma escolha apressada de alguém desqualificado poderá trazer resultados muitas vezes desastrosos. Não bastam anos de frequência às reuniões ou a leitura de alguns livros maçónicos, para se dominar o conhecimento exigido. Para desempenhar este cargo, é preciso estudar - única forma de alcançar o conhecimento necessário - porque aprender é, evidentemente, um acto de humildade. Mas para adquirir sabedoria, é preciso observar. Só assim conseguiremos, ao invés de colocar o homem no centro de tudo, descobrir o tudo que está no centro do homem. Para desempenhar este cargo, é preciso também "estarmos envolvidos"; é preciso preocuparmo-nos com os nossos II:., com a Loja em si mesma, com a Ordem, etc. Em resumo, é preciso sentirmos que o nosso percurso está intimamente ligado a todos os que de alguma forma se relacionam, directa ou indirectamente, com a Loja. Desempenhar as funções de V:. M:. implica reconhecer quem são estes "stakeholders", e investir no reforço das suas ligações à Loja e entre eles próprios. O candidato, quando preparado e com o perfil adequado, pode desempenhar esta missão, conduzindo-a com mãos suficientemente fortes para afagar e aplaudir; sabedoria para ensinar e modéstia para aprender, e por este conhecimento, fazer-se paciente, puro, pacífico e justo; adquirindo a aptidão para reconhecer o seu limitado poder e abundantes erros; a

Page 160: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

154

sua capacidade e suas falhas; os seus direitos e deveres; dispor de força para, ciente de tudo isso, libertar-se das paixões humanas e assim adquirir a antevisão e o equilíbrio necessários para se livrar dos obstáculos no seu Veneralato, levando Paz, Amor Fraternal e Progresso à sua Loja. O V:. M:. escolhido tem que ser um líder agregador que entusiasme os seus Irmãos pela sua dedicação e abnegação à Maçonaria. Os grandes Mestres sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mais perfeita benevolência. Tratam os Ilr:. da forma como desejam ser tratados e ajudam-nos a serem o que são capazes de ser: filhos amados do Grande Arquitecto do Universo, portanto IRMÃOS. O V:. M:. precisa compreender que assiste ao outro o direito de ter uma opinião divergente da sua. Deve procurar criar uma empatia com o crítico, ver o assunto do ponto de vista dele, manifestando entender o seu sentimento. Sendo todos iguais, ninguém é mais forte ou mais fraco e deixa que perceba isso. Só assim ele compreenderá que o seu direito de opinar (participar) está a ser respeitado. Quando um Irmão necessita falar ouve-o; quando acha que vai cair, ampara-o; quando pensa em desistir, estimula-o. A bondade e a confiança dos seus pares que o elevaram a essa posição de destaque, exige ser usada com sabedoria, aplicando-a no comprometimento da justiça, nunca na causa da opressão. No desempenho de sua função terá sempre em consideração que ninguém vence sozinho, mas jamais permanecerá ofuscado pelas influências dos que o apoiaram ou se deixará dominar por qualquer tentativa de predominância.

Page 161: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

155

Ele, como V:.M:., é responsável por tudo o que acontecer decerto ou de errado em sua Loja. Por mais que se queixe da"herança perversa recebida" do seu antecessor; de Iniciaçõesde candidatos mal seleccionados, fardos que agora estão aseu cargo; de Irmãos que faltam ao sigilo, à disciplina; dadesorganização da Secretaria e da Tesouraria da Loja, quemotivam contrariedades, causam prejuízos de ordem moral emonetária de difícil reajustamento. Perante um cenário destes,deve concentrar-se antes no que tem feito para modificar,agilizar e melhorar este quadro. A condução de uma Loja dá trabalho, requer paciência, é comose fossemos tecer uma colcha de retalhos, tratar de um jardim,cuidar de uma criança. Deve ser feita com destreza, dedicação,vontade e habilidade. Importa também perceber que temos nos nossos Irmãos osreflexos de nós mesmos. Cabe-nos, por isso mesmo tentarcompreendê-los, pela própria consciência, para poder extirparespinhos, separar as coisas daninhas, ruins, que surgem entreas boas que semeamos no solo bendito do tempo e da vida, jáque que se não forem bem cuidadas serão corrompidas. A atitude do V:. M:. pode ser descrita como um conjunto dediversos aspectos complementares:

• Fraternidade - quando o V:. M:. lança a semente da união.

• Consciência - quando nos convida a analisar os nossosfeitos para reconhecer erros cometidos.

• Indulgência - quando aos defeitos alheios pede paciência.

Page 162: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

156

• Amor - quando floresce um sentimento puro de amizadeaos olhos de todos.

• Bondade - quando convive com os nossos erros,incompreensões, medos, desânimos, perdoando de boavontade.

• Justiça - quando deixa que cada um receba segundo osseus actos.

• Felicidade - quando nos lábios de um Irmão aparecer umsorriso, e outro sorri também, mesmo de coisas pequenaspara provar ao mundo que quer oferecer o melhor.

• Instrutor - quando valoriza a ritualística, o simbolismo,utilizando as Sessões Ordinárias como uma forma objectivade instruir o Irmão, incentivando o estudo e a discussão detudo que seja relevante para a Ordem em particular e para asociedade em geral.

• Mestria - quando estimula os II:. a apresentarem trabalhosde conteúdo, elaborados por eles, e recusa simplesmentecópias retiradas de livros, revistas ou Internet, e o que éainda mais inconveniente, insensato e desastroso, orecurso do plágio, ou seja, à cópia ou imitação do trabalhoalheio, sem menção do legitimo autor.

Mestre sim, porque, sempre independente, nunca perde a alegria, nunca se acomoda e, como fiel condutor que representa o grupo, que ocupa a primeira posição de

Page 163: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

157

comando, isto é, comanda (manda com) os seus liderados em qualquer linha de ideia, se assume como o líder. Quando ao sair das reuniões cada um de nós se sentir fortalecido na prática da Arte Real, do bem e do amor ao próximo, podemos apelidar o local de Loja Maçónica Regular, Justa e Perfeita. Acabando a tristeza e a preocupação, surge então a força, a esperança, a alegria, a confiança, a coragem, o equilíbrio, a responsabilidade, a tolerância, o bom humor, de modo que a veemência e a determinação se tornam contagiantes, mas não esquecendo o perigo que representa a falta do entusiasmo que também contagia. E, finalmente, quando se aproximar o final do seu Veneralato, deve fazer uma reflexão sobre quais foram as atitudes reais de beneficência que tomou; referimo-nos não só ao auxílio financeiro a alguma Instituição filantrópica, mas também ao "ombro amigo" na hora necessária, ou o empréstimo do seu ouvido para que as queixas fossem depositadas. O V:. M:. nunca deve deixar de agradecer por ter sido a ferramenta, o instrumento de trabalho criado por Deus, usado como símbolo da moralidade, para trazer luz, calor, paz, sabedoria, beleza para muitos corações e amor sem medida no caminho de tantos Irmãos. Ao encerrar o se mandato, é importante que consiga afirmar a todos os obreiros de sua Loja: "não sinto que caminhei só. Obrigado por estarem comigo. Obrigado por me demonstrarem quanto bem me querem. Eu também vos quero bem. Gostaria de continuar, mas é tempo de "passar o malhete" e dizer: MISSÃO CUMPRIDA!" Nas nossas reflexões, que o amor desperte nos nossos

Page 164: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

158

corações e juntos, com os olhos voltados para frente,consigamos tenacidade para construir o presente e audáciapara arquitectar o futuro, por isso, NUNCA DEVEMOS DEIXARO NOSSO VENERÁVEL LUTAR E CAMINHAR SÓ! Esta não é a enumeração exaustiva de todas as qualidades quedistinguem o Venerável Mestre ideal, mas todo aquele que seesforce em possuí-las, estará no caminho que conduz a todasas outras. Caro leitor, espero tê-lo ajudado a entender "O perfil e oSegredo de um Venerável Justo e Perfeito..."

Adaptado (de forma muito livre) de texto escrito pelo I:.Valdemar Sansão

O Original deste texto pode ser encontrado aqui

A Loja Mestre Affonso Domingues encontrou uma formabastante eficaz de assegurar a continuidade na qualidade, dosseus VV:. MM:. - estabeleceu um percurso que leva oscandidatos designados a percorrerem diversas funções naLoja, até chegarem ao cargo de V:. M:.. No meu entender, estasolução permite atingir diversos fins igualmente importantes:

1. O futuro V:. M:. desempenha diversas funções cujoconhecimento contribui e é importante para o seu trabalhocomo V:. M:.

2. O futuro V:. M:. é envolvido progressivamente na actividadede gestão da Loja, chegando a V:. M:. já com algum domíniosobre os problemas que a Loja possa ter.

Page 165: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

159

3. Os mestres mais antigos (normalmente antigos VV:. MM:.),podem acompanhar a progressão do futuro V:. M:.,aconselhando-o e apoiando-o na sua progressão.

4. "Permite detectar precocemente" se o candidato vai ou nãovai conseguir ser V:. M:. e, em casos extremos, tomardecisões.

Paradoxalmente, no meu caso pessoal, serei eventualmenteV:. M:. dentro de algum tempo, o que significa que osistema que temos não é perfeito - permite ainda erros de"casting". Tenho contudo esperança que, se necessário,haja a coragem de aplicar o ponto 4 (acima), sendo assim aloja consequente com o inicio deste texto - o critério deescolha tem de ser o da capacidade e competência e nuncao da antiguidade. A Loja prevalece sobre os II:. e o conjuntodestes prevalece sobre cada um, mesmo que possa vir aser V:. M:..

Page 166: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

160

Encontros no Pará

February 23, 2009

Organizados pela Grande Loja Maçônica do Estado do Pará , terão lugar, entre 5 e 7 de março de 2009, no município de Santarém (Pará, Brasil), o IV Encontro de Grão-Mestres da Região Norte (do Brasil) e o I Encontro das Damas da Fraternidade do Oeste do Pará (ou seja, o I Encontro das Cunhadas do Oeste do Pará). São objetivos do evento promover a união e o engrandecimento das Grandes Lojas Maçónicas da Região Norte do Brasil e incentivar o encontro de Irmãos e Cunhadas, para troca de experiências, promovendo a união e a fraternidade. Entre as 9 e as 17 horas de quinta-feira, 5 de março, decorrerá, no Hotel Amazônia Boulevard, a credenciação dos e das participantes. Pelas 18 horas, no Palladium, iniciar-se-á a sessão de abertura. Pelas 18,30 horas, decorrerá uma palestra

Page 167: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

161

conjunta, para os maçons e cunhadas, dedicada ao tema Fraternidade e família: Como isso pode mudar o mundo? Pelas 19,30 horas, será a altura de ocorrer um evento regional, a apresentação do boto cor de rosa. Às 21,30, o dia encerrar-se-á com um Cocktail. Na sexta-feira, dia 6, os trabalhos decorrerão em separado, os dos maçons no Salão Alter do Chão e os das senhoras no Salão Tucunaré. Pelas 9 horas, os maçons assistirão à palestra dedicada ao tema Unificação da Ritualística Maçónica , que será proferida pelo Past Grão-Mestre da Grande Loja do Estado do Pará, Irmão Washington Lucena Rodrigues. À mesma hora, as cunhadas assistirão à palestra intitulada As damas da Fraternidade e o trabalho filantrópico , proferida pela Dra. Lenimar de Oliveira Vaz, médica pediatra e vice-presidente da Associação Comunitária Damas da Fraternidade. Às 10 horas, as senhoras assistirão à palestra sobre o tema Quarenta anos de filantropia , sendo palestrante Sheilla de Castro Abdud Vieira, professora de arte, enquanto os maçons dedicarão a sua atenção à palestra intitulada A ética maçónica nos tempos modernos , proferida pelo Juiz Federal do Trabalho Irmão Océlio de Jesus Moraes. Após um intervalo para café, entre as 11 e as 11,20horas, os trabalhos recomeçarão, quanto aos maçons, com uma palestra sobre Fraternidade Maçónica , que será proferida pelo Grão-Mestre do Estado do Acre, Irmão Luiz Saraiva Correia, enquanto as senhoras efetuarão uma mesa-redonda, coordenada por Goretti Miranda e por Patrícia Lima, esta última Presidente da Associação Damas da Fraternidade da Grande Loja Maçônica do Estado do Pará. Da

Page 168: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

162

parte da tarde, pelas 15 horas, no Salão Alter do Chão, terálugar uma reunião com os delegados dos distritos maçónicosdo Oeste do Pará, enquanto no Salão Tucunaré decorrerá umamesa-redonda com os Grão-Mestres dos Estados. Pelas 19,30horas, no Palladium, será proferida uma palestra conjunta paramaçons e cunhadas intitulada A Amazónia e a Biodiversidade ,proferida pelo Irmão Gilberto Pinheiro, Vice-Presidente doTribunal de Justiça Estadual do Amapá. Pelas 20 horas,iniciar-se-á o convívio social, com a apresentação da orquestrajovem Wilson Fonseca e, pelas 21,15 horas, haverá umjantar-dançante, com Walsinho e Banda. O sábado, dia 7, será dedicado a um passeio a Alter do Chão(Pará, Brasil) e no domingo ocorrerá a despedida dasdelegações e o regresso a suas casas. Rui Bandeira

Page 169: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

163

Curso para Aprendizes e Companheiros (2)

February 25, 2009

No dia 10, publiquei aqui o texto Curso para Aprendizes e Companheiros . Verifiquei depois que este texto serviu de fonte para um texto informativo idêntico publicado no blogue italiano Arco Reale Rito de York . A Internet é assim, possibilita que uma notícia corra mundo com grande celeridade. Nas informações incluídas no mencionado texto, constaram apenas os temas dos primeiros módulos de Aprendiz e Companheiro - porque só relativamente a esses obtive informação. Entretanto, posso agora completá-la. O segundo módulo de Aprendiz será dedicado ao tema Arcabouço legal da Maçonaria, Regulamento Geral Federal, Constituição e Landmarks . O segundo módulo de Companheiro tratará o tema Simbolismo do grau e compreensão do ritual . Estes módulos serão ministrados no dia 7 de março.

Page 170: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

164

No dia 4 de abril, lecionar-se-ão os terceiros módulos deAprendiz e de Companheiro, com os temas, respetivamente,Comentários e estudo do ritual e As sete ciências e as seteartes liberais . Finalmente, no dia 9 de maio, os quartos e últimos módulosserão disponibilizados. O tema para os Aprendizes seráSimbolismo e esoterismo do grau . Os Companheirosdedicar-se-ão também ao Esoterismo do grau . Para mais informações, reler o texto acima mencionado ouconsultar o blogue da Grande Secretaria de Cultura eEducação do Grande Oriente de São Paulo . Rui Bandeira

Page 171: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

165

Ritos e rituais

February 26, 2009

José Restolho, um profano atento a este blogue e que tomou a iniciativa de se corresponder comigo, interessa-se, manifestamente, pelo tema do ritual. Já anteriormente me questionara a propósito deste tema, dando origem ao texto Pergunta de profano . Agora, enviou-me um novo e curto texto, no qual regista a sua visão de profano sobre ritos e rituais, algo que os maçons assumidamente praticam. Ao enviar-me este texto, o meu correspondente pretendia um comentário meu sobre o seu teor. Mais do que me limitar a corresponder a esse pedido, entendi por bem fazê-lo aqui no blogue, para tanto tendo solicitado e obtido autorização para publicar o pequeno texto que segue. Bom mais uma vez, aproveito para deixar aqui o meu profano testemunho, desta vez sobre os ritos maçónicos.

Page 172: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

166

Um dos aspectos da maçonaria que mais confusão provoca aos profanos é sem sombra de dúvida a existência de ritos “esotéricos”. Muito se tem especulado sobre a sua natureza, desde conspirações políticas, ritos de carácter satânico, etc. Gostaria então de começar com uma pergunta simples: -O que é afinal um ritual? Fazendo uma busca simples na auto-estrada da informação, conclui que um ritual é nada mais, nada menos do que “um conjunto de gestos, palavras e formalidades, várias vezes atribuídas de um valor simbólico, cuja performance das quais é usualmente prescrita por uma religião ou pelas tradições da comunidade.” Proponho agora ao leitor que pare para reflectir sobre aquilo que o rodeia. Eu propus-me a fazer o mesmo e apercebi-me que no final de contas estamos rodeados por rituais e não me refiro apenas aos ritos religiosos (baptismo, matrimónio, missa, etc). Por exemplo no meio académico, as tão polémicas praxes, que no fundo figuram um rito iniciático da vida académica (muito se pode escrever sobre a praxe, mas prefiro deixar esse tema para outro texto), ou ainda a queima das fitas, um rito de passagem tão carregado de simbolismo (o fim de uma grande caminhada e o início de uma outra ainda maior). Nas artes marciais, todo o cerimonial de entrada no dojo, de início e de fim de aula. Muitos mais exemplos poderiam aqui ser descritos mas, com o produto desta minha modesta reflexão, pretendo apenas fazer uma ponte entre o profano e o maçónico e de alguma maneira

Page 173: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

167

contribuir para o derrubar dos vastos preconceitos existentes em relação à Maçonaria. O texto de José Restolho explana, com acuidade, um ponto de vista possível de um profano, designadamente de um profano que procura conhecer e analisar, sem preconceitos, o fenómeno da Maçonaria. Muito acertadamente, regista que ritos e rituais não são realidades exclusivas da maçonaria, Existem em muitas atividades sociais, de diferente natureza. Por regra, tudo o que assume alguma importância para um conjunto de pessoas é ritualizado. A espécie humana sente-se confortável com rituais. Transmitem-lhe segurança, identificação. Os rituais maçónicos partilham desses desideratos e acrescentam mais outro: forma de preparação para aquisição de conhecimentos, forma de despertar a atenção para aspetos da vida interior, do Homem, da Sociedade e do Universo que, sem eles, seriam mais dificilmente identificáveis. O ritual influencia o humano através de algo a que só muito recentemente a Ciência começou a dar atenção: a inteligência emocional, aquele espaço que está entre a Razão e a Emoção, ou, se quisermos, o ponto por onde os sentimentos e emoções influenciam a Razão. E, inversamente, o território onde, através da Razão,se influenciam as emoções. Um ritual, bem elaborado, bem executado, bem dirigido, pode, à pessoa certa e apta, preparada, para tal, influenciar, desenvolver, abrir horizontes mais largos do que todo um curso com longas e

Page 174: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

168

trabalhosas horas de estudo. Um ritual bem feito, relevante, énormalmente complexo e pormenorizado. E há aspetos que sóse revelam após se ter apreendido noções que previamente seimpunham fossem apreendidas. Executo e assisto a rituais maçónicos há cerca de vinte anos.Alguns rituais já foram por mim presenciados dezenas,centenas de vezes. Não me é incomum, subitamente, umaqualquer passagem, um qualquer gesto ou ato, uma qualquerchamada de atenção, despertar em mim o acesso a um novosignificado, uma distinta relação, um inesperado caminho deanálise ou especulação. Não porque nas dezenas ou centenasde vezes anteriores tenha estado desatento. Mas porque éentão, e só então, que estou preparado para descortinar esseaspeto. Razão e emoção. A sua interligação, a sua mútuainfluência, a forma como cada uma pode potenciar a outra, sómuito recentemente começaram a ser estudadas em conjunto.Os maçons, através dos seus rituais, há muito que,empiricamente, exploram essa relação. Todos os rituais comsignificado para as pessoas existem e afirmaram-se e sãopraticados, porque correspondem a uma necessidade humanade os praticar. Porventura sem se saber porquê, quiçá quemos pratica inconsciente do plano de relação entre a Razão e aEmoção que os torna importantes. Rui Bandeira

Page 175: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

169

AMANHÃ, dar sangue... (conferir na agenda !)

February 27, 2009

Atenção ao dia de amanhã. Há encontro marcado para o ginásio da escola Melo Falcão, na Pontinha. Quem queira ir de carro, tem parque a 20 (vinte) metros ! Quem fôr de Metro tem a estação da Pontinha a 5 (cinco) minutos a pé ! Se a V. saúde o permitir então ultrapassem todas as outras possiveis razões e não faltem, vão à Pontinha ou ao INS e façam a V. dádiva. Alguém, em algum sítio de Portugal, estará à V. espera para continuar a viver. Não é "fado choradinho", é uma realidade nua e crua. Recorram aos Vs. ideais solidários, aos Vs. princípios de cidadania ativa, e cumpram esta função fraterna que é também a demonstração do V. interesse para com os restantes cidadãos portugueses. Lá estaremos. Até amanhã.

Page 176: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

170

JPSetúbal

Page 177: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

171

Ironman ...

February 27, 2009

Um dia, o filho perguntou ao pai: - Pai, embora fazer a Ironmanos dois ?Ao que o pai respondeu: - Sim.

Para os que não saibam, Ironman é o mais duro dos triatlos.A corrida conta com três provas de "endurance" de 2.4 milhas(3.86 kilometros) de natação, seguida de 112 milhas (180.2kilometros) de corrida de bicicleta, e termina com 26.2 milhas(42.195 kilometros) de maratona ao longo da costa da GrandeIlha (Big Island), no Hawaii.Pai e filho foram completar a corrida juntos.

Vejam a corrida em :

Video - My Redeemer Lives - Team Hoyt - tangle.com

Façam o possível para serem felizes.

JPSetúbal

Page 178: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

172

O Orgulho

February 28, 2009

Certo dia, um casal, ao chegar do trabalho, encontrou algumas pessoas dentro da sua casa. Pensando que eram ladrões, ficaram assustados, mas um homem forte e saudável, com corpo de halterofilista disse: - Calma, nós somos velhos conhecidos e estamos em toda parte do mundo. - Mas quem são vocês? - pergunta a mulher. - Eu sou a Preguiça - responde o homem másculo - Estamos aqui para que vocês escolham um de nós para sair definitivamente das vossas vidas. - Como pode você ser a preguiça se tem um corpo de atleta que pratica regularmente desporto? - indagou a mulher. - A preguiça é forte como um touro e pesa toneladas nos ombros dos preguiçosos; com ela ninguém pode chegar a ser um vencedor. Uma mulher velha curvada, com a pele muito enrugada que mais parecia uma bruxa diz: - Eu, meus filhos, sou a Luxúria.

Page 179: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

173

- Não é possível! - diz o homem - Você não consegue atrair ninguém sendo tão feia. - Não há feiura para a luxúria, meus queridos. Sou velha porque existo há muito tempo entre os homens, sou capaz de destruir famílias inteiras, perverter crianças e trazer doenças para todos, até a morte. Sou astuta e posso-me disfarçar na mais bela mulher. E um homem mal cheiroso, vestindo umas roupas sujas e rasgadas, que mais parecia um mendigo diz: - Eu sou a Cobiça. Por mim muitos já mataram, por mim muitos abandonaram pátria e família; sou tão antigo quanto a Luxúria, mas eu não dependo dela para existir. - E eu, sou a Gula - Diz uma lindíssima mulher com um corpo escultural e cintura finíssima. Os seus contornos eram perfeitos e tudo no corpo dela tinha harmonia de forma e movimentos. Os donos da casa assustaram-se, e a mulher disse: - Sempre imaginei que a gula seria gorda. - Isso é o que vocês pensam! - responde ela. - Sou bela e atraente porque se assim não fosse, seria muito fácil livrarem-se de mim. A minha natureza é delicada, normalmente sou discreta, quem me tem, não se apercebe, mostro-me

Page 180: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

174

sempre disposta a ajudar na busca da luxúria. Sentado numa cadeira num canto da casa, um senhor, também velho, mas com o semblante bastante sereno, com voz doce e movimentos suaves, diz: - Eu sou a Ira. Alguns conhecem-me como cólera. Tenho também muitos milénios. Não sou homem, nem mulher, assim como os meus companheiros que aqui estão. - Ira? Parece mais o avô que todos gostariam de ter! - diz a dona da casa. - E a grande maioria tem! - responde o “avô” - Matam com crueldade, provocam brigas horríveis e destroem cidades quando me aproximo. Sou capaz de eliminar qualquer sentimento diferente de mim, posso estar em qualquer lugar e penetrar nas mais protegidas casas. Mostro-me calmo e sereno para lhes mostrar que a Ira pode estar no aparentemente manso. Posso também ficar contido no íntimo das pessoas sem me manifestar, provocando úlceras e as mais temíveis doenças. - Eu sou a Inveja. Faço parte da história do homem desde a sua criação - Diz uma jovem que ostentava uma coroa de ouro cravada de diamantes, usava braceletes de brilhantes e roupas de fino pano, assemelhando-se a uma princesa rica e poderosa.

Page 181: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

175

- Como pode ser a inveja, Se é rica e bonita e parece ter tudo o que deseja. - diz a mulher da casa. - Há os que são ricos, os que são poderosos, os que são famosos e os que não são nada disso, mas eu estou entre todos, a inveja surge pelo que não se tem e o que não se tem é a felicidade. Felicidade depende de amor, e isso é o que mais carece na humanidade... Onde eu estou está também a Tristeza. Enquanto os invasores se explicavam, um garoto que aparentava cerca de cinco a seis anos brincava pela casa. Sorridente e de aparência inocente, característica das crianças, a sua face de delicados traços mostrava a plenitude da jovialidade, olhos vívidos... E você garoto, o que é que faz junto desses que parecem ser a personificação do mal? O garoto responde com um sorriso largo e olhar profundo: - Eu sou o Orgulho. - Orgulho? Mas você é apenas uma criança! Tão inocente como todas as outras. O semblante do garoto tomou um ar de seriedade que assustou o casal, e disse:

Page 182: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

176

- O orgulho é como uma criança, mostra-se inocente e inofensivo, mas não se enganem, sou tão destrutível quanto todos aqui; querem brincar comigo? A Preguiça interrompe a conversa e diz: - Vocês devem escolher quem de nós sairá definitivamente das vossas vidas. Queremos uma resposta. O homem da casa responde: - Por favor, dêem-nos dez minutos para que possamos pensar. O casal dirige-se para seu quarto e lá fazem várias considerações. Dez minutos depois voltam. - E então? - pergunta a Gula. - Queremos que o Orgulho saia de nossas vidas. O garoto olha com um olhar fulminante para o casal, pois queria continuar ali. Porém, respeitando a decisão, dirige-se para a saída. Os outros, em silêncio, iam acompanhado o garoto, quando o homem da casa pergunta: - Vocês também se vão embora?

Page 183: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

177

O menino, agora com ar de severo e com a voz forte de um orador experiente diz: - Escolheram que o Orgulho saísse de suas vidas e fizeram a melhor escolha. Pois onde não há Orgulho não há preguiça, já que os preguiçosos são aqueles que se orgulham de nada fazer para viver não percebendo que na verdade vegetam. - Onde não há Orgulho, não há Luxúria, pois os luxuriosos têm orgulho de seus corpos e nas suas riquezas, julgando-se merecedores. - Onde não há orgulho, não há Cobiça, pois os cobiçosos têm orgulho das migalhas que possuem, juntando tesouros na terra e invejando a felicidade alheia, não percebendo que na verdade são instrumentos do dinheiro. Onde não há Orgulho, não há Gula, pois os gulosos orgulham-se das suas condições e jamais admitem que o são, arranjam desculpas para justificar a gula, não percebendo que na verdade são marionetas dos desejos. Onde não há Orgulho, não há Ira, pois as pessoas cheias de ira condenam com facilidade aqueles que, segundo o próprio julgamento, não são perfeitos, não percebendo que na verdade a sua ira é resultado de suas próprias imperfeições. Os irosos não vêem a realidade pois estão cegos pela ira. Onde não há Orgulho, não há inveja, pois os invejosos sentem

Page 184: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

178

o orgulho ferido ao verem o sucesso alheio, seja ele qual for.Os invejosos precisam constantemente de superar os outrosnas “conquistas”, não percebendo que na verdade sãoferramentas da insegurança. Texto de Autor Desconhecido

Page 185: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

179

Cornerstone Lodge #178 - Grand Lodge of New York

March 02, 2009

Imagem retirada do site da GLNY - Renaissance Room

Estive recentemente em Nova York (NY), por motivos pessoais. Sempre que viajo tento conciliar a agenda para encaixar uma sessão de Loja, qualquer que ela seja, no local de destino. Desta vez não foi excepção. A primeira coisa que tratei foi de pedir a documentação necessária para me poder identificar junto da Grande Loja de Nova York (GLNY) como pertencente a

Page 186: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

180

uma obediência reconhecida. Recorri para tal aos sempre simpáticos, eficientes e eficazes serviços da Milu e da Sandra e obtive assim um passaporte maçónico e uma carta de apresentação dirigida à Grande Loja a visitar. A estes juntei o cartão de Membro da GLLP/GLRP. Com tudo isto no bolso dirigi-me, num belo dia de sol mas frio (muito frio) pelas 9h00 da manhã à GLNY a fim de tratar da parte burocrática e solicitar que me referenciassem uma Loja que reunisse nessa noite e que estivesse disposta a receber um visitante. Cumpridas as formalidades e já com a lista de lojas que reuniam essa noite e conhecedor do “modus faciendi” para assistir a uma sessão, cruzei-me já na saída com um dos Irmãos encarregues de mostrar o edifício a visitantes. Assinei o livro de visitantes e comecei a percorrer uma parte dos 19 andares de um dos prédios que compõe a GLNY. O Irmão guia, ou melhor Right Worshipful Brother A.J.K. (Respeitável Irmão A.J.K. na versão portuguesa) mostrou-me uma parte dos Templos e informando-se das minhas qualidades passou sempre a tratar-me como Right Worshipful Brother e a convidar-me para me sentar na cadeira do Venerável enquanto me mostrava e explicava as particularidades de cada templo. Passamos por uma das salas de reunião do Grão Mestre, e que por especial deferência me foi mostrada por dentro, uma vez que dados os livros aí

Page 187: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

181

existentes (raridades) não está incluída nas visitas. A visita terminou no Grande Templo, com os seus 1200 lugares. Uma sala impressionante não só pelo tamanho mas especialmente pela acústica, pois o mais leve som proferido no Oriente é audível na sala toda. Poderão ver uma apresentação dos vários templos aqui Voltei à minha agenda privada passando o resto da manhã e a tarde em NY. Pelas 17h30 recolhi ao hotel, que por uma coincidência (e não fui eu que o escolhi!!) era apenas 2 ruas da GLNY , onde vesti o fato e a camisa branca colocando logo a gravata apropriada. Pus o avental e as luvas numa pequena mochila e ai fui. Pontualmente às 18h45 apresentei-me ao segurança, a quem expliquei ao que ia. Imediatamente ele decidiu qual a Loja que eu deveria visitar e depois de verificar se estava vestido de fato ou pelo menos de Blazer e calças de fazenda, solicitou a uma empregada que me acompanhasse ao 6 piso, ao Renaissance Room. Aí fui recebido pelo Venerável da Loja Cornerstone #178, Irmão R., que numa primeira instancia verificou os meus documentos todos, informando-me no entanto que seria o “brother Tyler” (Irmão telhador, ou guarda Externo) que faria a ultima verificação. Eis que chega este Irmão e que depois de ver todos os

Page 188: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

182

documentos novamente, e estando satisfeito com a parte burocrática, me solicitou que o acompanhasse conjuntamente com outro Irmão para uma sala contigua, uma espécie de sala de espera, na qual fui testado ritualmente, sendo-me pedidas todas as palavras e todos os sinais dos 3 primeiros graus. Satisfeito com as minhas respostas deu-me então as boas vindas e concedeu-me entrada no templo, para que pudesse assistir a toda a sessão. É hábito na GLNY a sessões decorrerem em Grau de Mestre, e por isso o extenso interrogatório. A Cornerstone Lodge #178 reúne como aliás quase todas as Lojas da GLNY no Rito de York, rito este que não me sendo totalmente estranho, também não me é muito familiar. Assisti então a uma sessão de Instrução dada por um dos Assistant Grand Lecturer (o Grand Lecturer é um equivalente do Grande Inspector) da GLNY, sobre desempenho ritual em sessões de Iniciação. Estava deliciado a ouvir a apresentação, pois o método usado era-me muito familiar, tão familiar que até julguei que quem estava a fazer a apresentação era um tal Grande Inspector da GLLP de nome José Ruah. Eis senão quando que sou convidado para ilustrar como se processava uma determinada parte do ritual de iniciação aqui em Portugal e em especial no Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA). Lá fui para o centro do templo e comecei a exemplificar e a debitar matéria.

Page 189: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

183

Pensei, coitados já não lhes bastava um e hoje levam com dois Zé Ruah. Mas a coisa não ficou por ali, porque deu entrada em cena o “Rui Bandeira” local e logo a sessão se animou mais um pouco. É que a Cornerstone Lodge não é muito diferente da Affonso Domingues, ambas têm nas suas fileiras Maçons muito antigos e outros recentes, têm Irmãos com grande conhecimento e outros ainda em fase inicial de aprendizagem, misturando-se assim experiências e pontos de vista, têm ambas o desígnio de ensinar aos seus membros um correcto desempenho do ritual, e das regras maçónicas. A Cornerstone Lodge também contribui com o seu esforço na campanha de recolha de Sangue da GLNY, e à semelhança das demais organiza refeições de confraternização com as famílias, tal qual a RLMAD o faz. Terminada a sessão, e com uma sensação de aceitação muito maior que no início fiquei com pena de não os acompanhar na refeição que se seguiu, mas outros compromissos estavam já agendados para o jantar. Enquanto arrumava as minhas coisas ia respondendo a Irmãos mais novos que inquiriam sobre os costumes em Portugal e no REAA. Nunca tinha visto aquelas pessoas, mas fui recebido como se

Page 190: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

184

fosse um deles e como se o normal fosse estar presente nassessões daquela loja. E na verdade senti-me em casa, senti-mecom os meus. Foi esta mais uma experiência, que me mostrouque aquela coisa da fraternidade Universal não é só umconceito teórico dos livros, é uma prática entre os Maçons. Da GLNY só guardo boas recordações, tão boas que numapróxima viagem tudo farei para visitar uma loja novamente enão ficaria nada desagradado se fosse a Cornerstone Lodge#178 a Oriente de Nova York. Dear Brethren, Worshipful Master Brother R. It was a great pleasure to visit your Lodge. You have made mefeel like home, and among brothers. Participating in your lodgeand having the possibility to learn about your way and showinga bit of our way here in Portugal, was most interesting andpositive. It was an experience that I’ll keep in my heart forever. Please feel free to call me if ever you are coming this way. Frats José Ruah

Page 191: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

185

ESCÂNDALO! A MAÇONARIA VIOLA AS LEIS LABORAIS!

March 03, 2009

A Maçonaria é uma Fraternidade. Fraternidade pressupõe convívio. Amizade. Vivenciar em conjunto momentos de alegria e boa disposição. E humor! Desengane-se quem porventura pense que os maçons são um grupo de sisudos, constantemente embrenhados em esotéricos pensamentos e elaborados exercícios de aperfeiçoamento. Os maçons são, acima de tudo, homens normais, que tentam ser bons e buscam ser melhores, mas sempre e só normalíssimos homens, de carne e osso e sangue, com alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, dedicando-se ao trabalho, mas também ao lazer, ao estudo, mas também à descontração. E forjam os seus laços de amizade e união no convívio, em que o respeito mútuo se mistura com a brincadeira. E sabem, e praticam-no, que há alturas em que se trabalha e não se brinca e há momentos em

Page 192: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

186

que se brinca e não se trabalha. O humor também é cultivado e apreciado entre os maçons. Asmelhore anedotas de maçons que ouvi... foram inventadas pormaçons. E, como todos aqueles que são equilibrados sabem,uma muito saudável forma de humor é exercê-lo sobre nósmesmos. Portanto, aqui vai!

ESCÂNDALO! A MAÇONARIA VIOLA AS LEIS LABORAIS!

Estudos feitos por investigadores do fenómeno maçónico, querejeitaram suspeitas de serem antimaçons, não obstanteadmitirem integrar o D. I. O. G. O. (Departamento deInvestigação da Ordem do Grande Arquiteto e seus Obreiros),trouxeram à luz do dia que a encoberta instituição daMaçonaria afinal não passa de uma sinistra organização, queviola descaradamente as leis laborais e atenta contra os maiselementares direitos dos trabalhadores.

Segundo o A Partir Pedra apurou, da aprofundada investigaçãoresultaram algumas embaraçosas perguntas:

• Se a lei laboral estipula que o horário de trabalho é de oitohoras diárias e 40 horas semanais, porque é que aMaçonaria obriga os seus Obreiros a trabalhar desde omeio-dia até à meia-noite, todos os dias do ano?

• Sendo proibido o trabalho infantil e estando assente que assim se considera o trabalho de menores de 14 anos, como é possível que a Maçonaria permita em suas Lojas

Page 193: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

187

Obreiros com menos de 4 (quatro) anos?

• Sendo do conhecimento comum que as normas de Higienee Segurança do Trabalho impõem o uso de equipamento deproteção individual, como se justifica que a Maçonariapermita que os seus Obreiros trabalhem partindo,aparelhando e polindo pedras brutas, usando apenas umavental, sem óculos, máscaras e outros equipamentos deproteção?

• A Maçonaria paga subsídio de trabalho noturno pelotrabalho realizado após as 22:00 horas?

• Verificando-se que a Maçonaria não tem representação declasse (sindicato), com que critérios estabelece, semaudição das Centrais Sindicais, o Aumento de Salário deseus Obreiros?

• Porque a Maçonaria permite um Grande Arquiteto nadireção de seus trabalhos que, ao que se saiba, não seencontra inscrito na Ordem dos Arquitetos?

• O ágape servido aos Irmãos é computado como pagamentode salário em espécie?

• Como pode o V. M. aceitar a manifestação dos obreiros deque estão satisfeitos, apenas através de um batimento damão no avental? Por acaso é emitido recibo ou algumadeclaração escrita?

Page 194: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

188

• As Colunas possuem projeto de segurança aprovado ecertificado e sinalização de segurança adequada?

Perguntas baseadas em trabalho elaborado por "JohnGotheyra" e publicado na página 19 da revista CulturalMaçónica brasileira "Engenho e Arte", nº. 1, de outubro de1998, complementado pelo Irmão R. B. P., da A.R.L.S. Acáciade Avaré nº 590, G.L.E.S.P. e com adaptação livre parapublicação neste blogue efetuada por

Rui Bandeira

Page 195: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

189

Retrato caricatural do estado da Justiça

March 04, 2009

Faço hoje uma pausa na temática habitual deste blogue, paradar conta de um extraordinário documento que mão amigahoje me fez chegar. Apesar da minha profissão de Advogado,recebi-o a título pessoal e posso por isso divulgá-o, sem estarpeado pelo segredo profissional (pois é, a minha vida são sósegredos...).

Costumo dizer, em jeito de brincadeira, que, como Advogado, sou especialista em ideias gerais. Sei um pouco de muito e a fundo de quase nada. Tenho de saber um pouco de construção civil, para poder intervir em processos referentes a litígios relacionados com obras, sei um pouco de anatomia e fisiologia humanas, para intervir em processos relacionados com erro ou negligência médica, ou acidentes, e por aí fora... Mas de muito pouco sei verdadeiramente algo a fundo, de A a Z ou, como se diz mais popularmente, de cabo a rabo. Em resumo, muita parra e pouca uva, é o que é... Mas, de uma forma geral, o jurista é suposto ter o que se chama uma cultura eclética, porque o Direito a quase todos os campos abrange e respeita. A tão falada crise da Justiça já deu origem a variados diagnósticos de dezenas de iluminados. Pena é que, havendo tantos diagnósticos, haja tão poucas soluções ou curas - pelo menos, das que resultem e que vejamos que resultam, antes de o doente morrer de velho... Ele é que a culpa é das leis de processo, que só atrapalham e permitem todos os atrasos e mais alguns, ele é que o problema está nos malandros dos

Page 196: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

190

Advogados, que usam e abusam de truques para atrasar os processos em favor dos seus clientes, ele é que a culpa é dos Juízes, que não trabalham, ele é, afinal, que a culpa é de tudo e de todos, que casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. Tenho para mim que as causas são múltiplas e variadas, que todos os que trabalham na Justiça não estão, nem isentos de culpas,nem angelicalmente puros, enfim, que muitos, das várias profissões jurídicas trabalham muito e bem - e todos vêm o seu esforço prejudicado pela brutal quebra de eficiência que o insuficiente dimensionamento do sistema e as culpas no cartório de uns quantos calaceiros e ou incompetentes causam. Mas, acima de tudo, tenho para mim que muito do que de deficiente há na Justiça resulta de males que lhe foram transmitidos do exterior. Desde logo, uma assinalável quebra na cultura geral média de quem opera na Justiça (juízes, procuradores, advogados). Que obriga a um esforço acrescido e a mais tempo gasto a estudar o que se não sabe de todo e se devia saber um bocadinho, porque é assunto sobre que se tem de intervir ou decidir. E gera erros escusados, por vezes infantis, com subsequentes perdas de tempo, trabalho e feitio, para serem emendados. Ou então injustiças flagrantes... O documento que abaixo publico ilustra este meu entendimento. Trata-se de uma cópia de um despacho exarado numa execução (processo pelo qual se dá cumprimento,

Page 197: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

191

coativamente, a uma condenação anterior; se uma sentença condenou A a pagar X a B e A não paga, B executa a sentença e o Tribunal coordena as ações necessárias para apreender bens de A, transformá-los em liquidez e entregar a B a quantia a que este tem direito). Repare-se, antes do mais, que se trata de um despacho de poucas linhas (e sobre questão jurídica não particularmente complexa ou duvidosa...). Mas veja-se que, tendo o processo tido conclusão (isto é, apresentação ao juiz para decisão) em 10 de novembro, só em 12 de dezembro, ou seja, mais de um mês depois, é proferido... Mas, sobretudo, queiram os caros amigos fazer o favor de verificar o que foi pedido e comparar com o que, candidamente, foi decidido. Santa ignorância! Assim se demonstra que até se pode ser um eminente conhecedor de direito, saber de cor, de trás para a frente e de frente para trás, todas as leis, decretos-leis, portarias e quejandas minudências, ser um craque na correta interpretação de todas as normas, palavras, vírgulas e pontos finais, mas isso não chega - nem lá perto anda! - para se ser um sofrível jurista. Tudo isso tem de ser acompanhado de cultura geral, conhecimentos, ainda que superficiais (mas que deem para perceber quando é preciso procurar e estudar mais a fundo determinado assunto e que permitam saber onde e como procurar), de tantas matérias quanto possível. E OBRIGATORIAMENTE DE CONHECIMENTOS MÍNIMOS DE

Page 198: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

192

MATEMÁTICA!!!! Este erro porventura já foi emendado. Mais requerimento, menos promoção, lá se deve ter proferido despacho emendando a mão. Não sem mais algum trabalho e tempo perdido, é certo... A divulgação deste erro não é feita para achincalhar ninguém, para apontar o dedo a nenhuma classe. Este erro foi feito por um juiz, mas eu já vi erros iguais ou piores cometidos por procuradores e por advogados. Nem é feita a título de curiosidade ou de humor, que seria bacoco. Esta divulgação é feita para que se perceba que a crise da Justiça cava muito mais fundo do que umas leis de processo complexas, uns magistrados mais lentos ou menos diligentes, uns advogados mais chicaneiros e cheios de truques. A crise da Justiça, como outras da nossa sociedade, também é potenciada por uma quebra de qualidade na formação das nossas gentes, de que agora estamos a sofrer os efeitos, aqui como na falta de médicos ou na dificuldade de encontrar um canalizador de jeito e disponível para vir fazer uma reparação nos canos lá de casa, sem nos levar os olhos da cara por isso. Quero crer que se está já a remediar o erro e que a nova geração já não sofrerá deste mal. Oxalá! Ah! E, para que não haja dúvidas, isto não tem nada a ver com políticas nem politiquices, nem com velhas ou novas senhoras. Erros, más escolhas, opções deficientes, sempre se fizeram, as velhas senhoras como as novas, os políticos assim como os políticos assado. Isto tem só a ver com tomarmos consciência das causas do que nos aflige, para podermos

Page 199: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

193

tentar remediar o que se puder, como se puder e tão depressaquanto se puder. Isto tem a ver, não com culpas ourecriminações ou aproveitamentos, mas com algo simples masque, por vezes, nos esquecemos de ter em consideração: oserros cometem-se (sempre!); e pagam-se (sempre!); pagamosmenos e por menos tempo quando conseguimos detetar o erroe emendá-lo. O passado já passou e nada podemos fazerquanto a ele. O futuro é o que fizermos dele no presente. Depreferência, cometendo cada vez menos erros de palmatória! Clique na imagem para a ampliar, se necessário.

Rui Bandeira

Page 200: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

194

Oriente

March 05, 2009

Em comentário ao ligeirinho texto ESCÂNDALO! A MAÇONARIA VIOLA AS LEIS LABORAIS! , Diogo perguntou o que é o Grande Oriente e porquê Oriente. Vou procurar esclarecer o melhor que posso e sei. Para tanto, há que inverter a ordem das respostas, isto é, esclarecer primeiro o que, em Maçonaria, é o "Oriente" e seguidamente avançar para a expressão "Grande Oriente". Tenha-se presente que a Maçonaria, como instituição de natureza especulativa, debruçando-se sobre símbolos(e símbolo é algo que não é, mas que representa o que é), facilmente consolida o uso de expressões em associação livre, sendo corrente (diria até que inevitável) que surja o uso de palavras ou expressões com significado maçónico que é

Page 201: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

195

diverso do entendimento comum, embora partindo dele. Entendido isto, é fácil seguir um percurso que, partindo do significado comum de "Oriente", conduz ao seu significado maçónico. PRIMEIRO PASSO: Oriente é o ponto cardeal onde surge o Sol todas as manhãs. Oriente é, pois, o local onde as trevas da noite são primeiro vencidas pela luz do Astro-Rei. É, assim, o ponto de onde nasce a Luz. SEGUNDO PASSO: Por sua vez, a Luz natural ou física permite que os nossos olhos vejam as coisas do mundo físico. Então, similarmente, o que permite que a nossa mente, o nosso espírito vejam o que é imaterial, ou simbólico, ou produto do pensamento, é também Luz. Portanto, Luz sinónimo de Conhecimento. TERCEIRO PASSO: O Oriente é o local onde nasce a Luz do Conhecimento. A Luz do Conhecimento obtém-se em Loja. O local onde reúne a Loja é, pois, o Oriente de onde provém a Luz do Conhecimento que cada obreiro busca, através do seu trabalho e do contributo dos seus Irmãos. Por estes três passos se entra então na noção de como, partindo-se do significado comum de Oriente, ponto cardeal, se chega à noção maçónica de Oriente, lugar de obtenção de Conhecimento. Daqui resulta que, por exemplo, os maçons da Loja Mestre Affonso Domingues dizem que esta foi fundada ao Oriente de Cascais (local da sua fundação) e reúne

Page 202: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

196

presentemente ao Oriente de Lisboa, local onde os seus obreiros se reúnem e buscam aperfeiçoar-se e melhorar os seus conhecimentos, através do método maçónico de estudo de e especulação sobre símbolos. Já quanto à expressão Grande Oriente, a mesma surge num processo semelhante. A Maçonaria Moderna ou Especulativa surge nas Ilhas Britânicas, através da evolução de associações locais de profissionais da construção em pedra (Lojas), decorrente da admissão nelas de intelectuais não profissionais da construção, fortemente influenciados pelos então nascentes princípios do Iluminismo. Vão-se, assim, ao longo do século XVII e início do século XVIII transformando várias Lojas operativas em Lojas especulativas, cultivando o ideário Iluminista, fortemente influenciadas pelo Racionalismo e impregnadas da filosofia de Locke, particularmente sobre o conceito de Tolerância. Em 1717, quatro Lojas de Londres agruparam-se numa organização coordenadora das suas atividades, que denominaram Grande Loja de Londres. A partir daí, temos então que um grupo de maçons se organiza em Loja e um grupo de Lojas organiza-se numa Grande Loja. Em 1725, inicia-se a expansão da Maçonaria para França, com a criação das primeiras Lojas. Em 1737, é criada a Grande Loge de France, que, no entanto, apenas agrupa uma pequena parte das Lojas existentes naquele País. No período de 1755-1766, os Veneráveis Mestres das Lojas de Paris

Page 203: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

197

reúnem-se numa "Grande Loja dos Mestres do Oriente de Paris, dito de França". Temos então uma tentativa de criação de uma Grande Loja, com a peculiaridade de associar os conceitos de "Grande Loja" e de "Oriente". Esta tentativa falha e cessa em 1766. Em 1773, efetua-se uma nova tentativa de dotar a maçonaria francesa de um centro comum e de uma autoridade reconhecida por todas, ou quase, as Lojas então existentes. Realizam-se 17 reuniões de representantes de quase todas as Lojas então existentes, que culminam com a criação do Grand Orient de France. Porquê Grand Orient? Desde logo, porque esta era uma organização diversa da ainda existente, embora de reduzida dimensão, Grande Loge de France. Havia que escolher outra designação. Se tradicionalmente as Lojas se agrupavam numa Grande Loja, parecia natural que, não podendo ou querendo usar-se essa designação, se optasse por designar a organização que pretendia agrupar (quase) todas as Lojas do Oriente (local, país) de França por... Grande Oriente de França. Muito rapidamente, o Grande Oriente de França, envolvido na Revolução Francesa, evolui para posições de intervenção social e política (ao contrário da Maçonaria de inspiração anglo-saxónica). Napoleão Bonaparte usa os seus exércitos como focos de difusão da maçonaria, sempre na conceção mais interventiva na sociedade. Por onde passam os seus exércitos, mais tarde ou mais cedo criam-se Grandes Orientes locais: Grande Oriente de Itália, de Espanha, de Portugal, etc..

Page 204: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

198

Por sua vez, os Grandes Orientes posteriormente criados por estes também assumem a mesma designação. Temos assim o Grande Oriente do Brasil e os vários Grandes Orientes por toda a América Latina. De um modo geral , podemos dizer que, onde a Maçonaria se implanta por influência do Grande Oriente de França ou dos Grandes Orientes criados na sequência da expansão bonapartista, a estrutura coordenadora nacional tende a assumir a designação de Grande Oriente. Onde a Maçonaria é introduzida através da influência mais direta da Maçonaria anglo-saxónica (todo o Império britânico, o Norte da Europa e a Europa central, a África não francófona e um pouco por todo o mundo), a estrutura coordenadora nacional local tende a assumir a designação de Grande Loja. Em Portugal, após uma fase inicial em que reuniram algumas Lojas de inspiração britânica, sem coordenação (reinava então ainda a Santa Inquisição...), a Maçonaria acaba por se implantar sob a influência dos exércitos bonapartistas e dos militares portugueses que integraram os exércitos bonapartistas. Gomes Freire de Andrade foi Grão-Mestre do Grande Oriente português. Entretanto, o mundo maçónico dividira-se entre duas correntes, a Regular e a Liberal (ver, a este respeito, por exemplo, o texto Começo de resposta a outra pergunta ). O Grande Oriente Lusitano(GOL) integra-se na tendência Liberal, na esteira do Grande Oriente de França. Muito recentemente, há escassos vinte anos (o que, em Maçonaria, é muito pouco), um grupo de maçons chamou a si

Page 205: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

199

o encargo de introduzir em Portugal a Maçonaria Regular, queconsideram a vertente original da Maçonaria, e agruparam-seem várias Lojas que, por sua vez, vieram a constituir a entãodesignada Grande Loja Regular de Portugal, hoje Grande LojaLegal de Portugal/GLRP ( GLLP/GLRP ), único Corpo Maçónicointernacionalmente reconhecido como representando aMaçonaria Regular em Portugal. A Loja Mestre AffonsoDomingues é loja fundadora desta Grande Loja, sendo a nº 5do seu registo. Rui Bandeira

Page 206: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

200

A ADDHU apresenta INOCENTE SILÊNCIO na ComunaTeatro de Pesquisa

March 06, 2009

Mais uma vez venho ter com todos Vós (hoje já é a segunda...). A questão é que o Fim de Semana além de dever servir para lavar o "coiro" (veja-se o post anterior) pode muito bem servir igualmente para lavar a cabeça (por dentro...), pelo que depois de me preocupar com o primeiro aqui estou para tratar do segundo. Então sugiro que aproveitem este Fim de Semana para tratarem do espírito, aproveitando para ajudar quem precisa de ser ajudado. E há, pelo menos, duas alternativas: 1 - No Centro Cultural da Malaposta, em Odivelas, têm o Festival dos Sentidos É uma organização da CEDEMA em colaboração com a Malaposta. Para quem não saiba a CEDEMA é uma Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Mentais Adultos, uma IPSS, que de 2 em 2 anos realiza este Festival dos Sentidos (vejam o programa deste ano na Agenda do http://www.odivelas.com/ ). Desde 3ªfeira que têm passado pelo Auditório da Malaposta (mas não apenas pelo Auditório), grandes nomes, neste caso correspondendo a grandes momentos que é uma pena

Page 207: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

201

perderem-se (Olga Prats, St.Dominic Gospel Choir, Joel Xavier,a Roda do Choro de Lisboa, além de Teatro e Cinema paratodos os gostos. Ainda podem aproveitar hoje para ver e ouvir as SopranosIsabel Silva Pereira e Glória Saraiva com Mercedes Cabanachao piano, o Grupo de Danças e Cantares de Goa e o Coro daAssembleia da República (não, não é o que atua durante assessões no hemiciclo, é mesmo o outro, o que canta bem...) eamanhã uma noite de música com os Raptórica (Rap eHip-Hop), os Rendimento Mínimo (Rock) e os Nobody'sBizness (Blues). Pelo que vi até agora (Olga Prats, Joel Xavier e a Roda doChoro de Lisboa) é mesmo de não perder ! É música no seumelhor. 2 - A ADDHU apresenta INOCENTE SILÊNCIO na ComunaTeatro de Pesquisa

Page 208: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

202

Page 209: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

203

Subiu ontem ao palco da Comuna a peça “Inocente Silêncio” de Laura Vasconcelos numa produção da Associação de Defesa dos Direitos Humanos, com o apoio de João Mota e do Gabinete de produção do Teatro da Comuna. A ADDHU, ONGD registada pelo IPAD, MNE de Portugal, nasceu do empenho na luta pela libertação da Birmânia e da Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi. A sua fundadora, Laura Vasconcellos, escritora e professora universitária, após uma viagem a esse país em 1997 regressou com a determinação de responder aos apelos que lhe foram feitos aquando da sua visita de “be our voice outside” (sê a nossa voz lá fora). Para isso começou por escrever um livro baseado na sua experiência pessoal, publicado em 2005 pela Editora Guimarães cujo título é “Do Outro Lado do Mundo – Cartas da Birmânia”. Foi a partir da publicação desse livro que Laura Vasconcellos intensificou a sua actividade como activista pela defesa dos direitos humanos na Birmânia: a realização de sessões de pedidos de assinatura das carta dirigidas, numa primeira fase, ao Ministro dos Negócios Estrangeiros da Birmânia e, mais recentemente, dirigidas ao Secretário-Geral das Nações Unidas; a participação em entrevistas na RTPN e na TVI onde divulgou a situação desse país e a necessidade de acção, bem como no Jornal de Letras no mês de Agosto de 2006; a

Page 210: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

204

participação em Julho de 2006 por convite da organização, noSegundo Fórum Internacional dos Direitos Humanos realizadoem Nantes, França e sobretudo trabalho de contacto directocom o cidadão de forma a informá-lo e a sensibilizá-lo para asituação vivida na Birmânia pelo povo e pela Prémio Nobel daPaz, Aung San Suu Kyi têm sido as acções levadas a cabo pelafundadora da agora criada associação ADDHU que espera,assim, poder alargar a sua acção a outros países da Ásia, bemcomo do resto do mundo. Por sua vez a ADDHU tem por objecto social a concepção,execução e apoio a programas e projectos de informação,educação e desenvolvimento destinados a promover asliberdades e a protecção dos direitos do cidadão em todos osseus aspectos, no respeito pela Declaração Universal dosDireitos do Homem. ( http://www.addhu.org/ ). Ficam com muito para se entreterem além de que só Vos ficabem ajudar a quem precisa. E há muito para ajudar ! Fazem o favor de não me deixar ficar mal. JPSetúbal

Page 211: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

205

6ª feira X fim de Semana

March 06, 2009

Hoje é 6ª feira, dia de Euromilhões...

Se fosse a Vocês não falharia, jogava mesmo, e forte, a ver sesai o Euromilhões e se também conseguem ficar"excêntricos".

Eu é o que farei, pois então !!!

E se ficar excêntrico vão ter que me aturar (é uma ameaça, nãoé uma promessa !)

Bem, excêntrico já eu estou, com o centro de gravidadedeslocado para uma zona impensável há uns anos (!), mas nãoé essa excentricidade que me entusiasma, é a outra, aquelaque, a acontecer, me vai permitir comprar este blog e pô-lo sócom folclore... de Trás-os-Montes pois claro !

Entretanto, e até porque essas cabecinhas pensadoras andammuito à boa vida, aqui vai um "boneco" para entreter... epensar.

Já em pequenino me tinham que fazer bonecos para eu perceber, mas não estou só, não. E esse é o mal, porque um só ainda se come, mas começando a ser muitos é uma chatice. E a precisar de bonecos para perceber, de facto, há muitos. Há mesmo muitos... muitos... E se um já é demais, o que acontece

Page 212: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

206

quando são muitos ? E se se juntam todos ? É outra chaticemuito maior !

Vá lá, vejam o boneco a ver se percebem, e depois vão tomarbanho... porcalhões... ao menos no fim de semana !

Embedded File ()

Grande abraço a todos e façam o favor de ser felizes.Limpinhos, já agora....

JPSetúbal

Page 213: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

207

Eleição do Muito Respeitavel Grão Mestre

March 08, 2009

O processo eleitoral para a escolha do Grão Mestre da GLLPpara os próximos 2 anos ficou hoje concluido com o escrutinioe proclamação do novo titular.

Novo titular, pois não tanto. O Muito Respeitavel Irmão MárioMartin Guia, que havia apresentado a sua candidatura para um2º mandato consecutivo, foi novamente eleito econsequentemente proclamado como Grão Mestre Eleito.

A sua tomada de posse ocorrerá em futuro próximo e deladaremos aqui nota.

A Muito Respeitavel Irmão Mario Martin Guia desejamos umsegundo mandato com, pelo menos, tanto sucesso quanto oprimeiro.

José Ruah

Page 214: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

208

Filme em debate

March 09, 2009

A Loja Maçônica de Pesquisas Quatuor Coronati Pedro Campos de Miranda , de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, vai apresentar, no próximo dia 11 de março, quarta-feira, no Templo Nobre da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, sito na Avenida do Brasil, n.º 478, Santa Efigênia, Belo Horizonte, o polémico documentário do National Geographic Freemasons on trial , em versão dobrada em português . Este documentário foi já transmitido, há dois anos, no canal National Geographic de Portugal, então com o título, bem menos exato, de Dentro da maçonaria e foi objeto de um

Page 215: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

209

minidebate entre o JPSetúbal e eu próprio sobre o seu teor(ver National Geographic , National Geographic -2 , NationalGeographic - 3 e National Geographic - 4 ). Após a visualização do filme, haverá lugar a um debate entreos presentes. A avaliar pelo minidebate que ocorreu entre nósaqui no A Partir Pedra, não faltará pano para mangas nemanimação nesse debate... A reunião será reservada apenas a Mestres maçons. Não seráuma sessão ritual, mas a admissão é condicionada àcomprovação do grau maçónico exigido, através da respetivapalavra de passe. Rui Bandeira

Page 216: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

210

Curso para formação de instrutores para o curso deOficiais eleitos

March 10, 2009

A dinâmica Grande Secretaria de Cultura e Educação Maçônicas do Grande Oriente de São Paulo, Brasil, conjuntamente com a Grande Secretaria de Orientação Ritualística do mesmo Grande Oriente, quanto ao curso de formadores para Mestre de Cerimónias, vai levar a cabo no próximo sábado, dia 14 de março de 2009, entre as 10 e as 17,30 horas, na sede daquela Obediência, sita na Rua São Joaquim, 457 - Liberdade, um Curso para formação de instrutores para o curso de oficiais eleitos. Para frequentar este curso de formadores, é necessária inscrição prévia,

Page 217: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

211

através do endereço de correio eletrónico [email protected] ou do telefone de São Paulo 11.3346.7088, ramal (extensão) 150. O curso é gratuito, mas é solicitada a cada participante a doação de um quilo de alimento não perecível, para fins de beneficência. Providenciando este Grande Oriente cursos de formação para os vários ofícios de Loja, tem necessidade de proceder a formação de formadores, de forma a manter uma estrutura apta à prossecução dos objetivos fixados. O Curso destina-se a Mestres Maçons ativos e regulares do Grande Oriente de São Paulo, preferencialmente que tenham exercido cargos em loja. Os trabalhos tocarão um vasto leque de temas, relativos a diversos ofícios. Os ofícios tratados serão os de Venerável Mestre, 1o. e 2o. Vigilantes, Orador, Secretário, Tesoureiro e Mestre de Cerimónias (este em parceria com a Grande Secretaria de Orientação Ritualística). Eis os temas que serão tratados, relativamente a cada ofício: VENERÁVEL MESTRE E VIGILANTES a. - Participação do Venerável Mestre nas documentações de iniciações, filiações e regularizações. b. - Distribuição das sindicâncias. c. - Importância e acompanhamento das comissões.

Page 218: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

212

d. - Colações de graus: Responsabilidades e funcionamento. e. - Prerrogativas do Mestre Instalado. f. - Sessões e ordem dos trabalhos. g. - Deveres do Venerável Mestre conforme RGF (Regulamento Geral Federal). h. - Deveres dos Vigilantes conforme RGF. i. - MOMENTO ADMINISTRATIVO. j. - Candidatura/Componentes/Falta de Tempo. l. - Planeamento. m. - Tempo de Estudos. n. - Leitura de Rituais. o. - Atividades sociais, culturais e filantrópicas. p. - Os cuidados com a ritualística. ORADOR a. - Deveres e direitos individuais dos maçons, conforme a

Page 219: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

213

Constituição. b. - Deveres e direitos das lojas. c. - Fusão e incorporação de lojas. d. - Mudança de rito. e. - Mudança de oriente. f. - Competência do orador conforme RGF. g. - Datas históricas. h. - Oratória. i. - Postura. SECRETÁRIO a. - Processamento de admissão. b. - Função dos livros negro e amarelo. c. - Sindicâncias. d. - Estatutos. e. - Regimento interno.

Page 220: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

214

f. - Imposto de renda. g. - Competência do Secretário conforme RGF. h. - Importância das Correspondências e Arquivos. i. - Arquivo digital. j. - Internet. l. - Importância da comunicação virtual. CHANCELER a. - Compromisso de frequência. b. - Filiação e Regularização. c. - Ingresso de maçons. d. - Atividade antimaçónica. e. - Competência do Chanceler conforme RGF. f. - Identificação e qualificação dos irmãos do quadro. g. - Controle de aniversários de irmãos, cunhadas, sobrinhos(as) e outras datas importantes para a Loja.

Page 221: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

215

TESOUREIRO a. - Compromisso de pagamento. b. - Inadimplência. c. - Competência do Tesoureiro conforme RGF. d. - Escrituração contábil. e. - Balancetes. f. - Contactos com a Secretaria de Finanças do GOSP/GOB. Rui Bandeira

Page 222: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

216

O décimo sétimo Venerável Mestre

March 11, 2009

O décimo sétimo Venerável Mestre da Loja Mestre Afonso Domingues foi PauloFR, que exerceu o seu ofício de direção da Loja entre o segundo sábado de Setembro de 2006 e o segundo sábado de Setembro de 2007. Conheci PauloFR na ocasião em que este, apadrinhado pelo José Ruah, solicitou a sua admissão entre os maçons. Recordo-me ainda da ocasião em que o Ruah me falou de um tipo "porreiro" e certinho que era seu colega de trabalho e que ele achava que seria uma boa aquisição para a Loja. Não me lembro já, mas possivelmente terei, como segundo

Page 223: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

217

proponente, coapadrinhado a sua candidatura. PauloFR fez o seu percurso na Loja quando esta recuperava da grave crise subsequente à cisão da Casa do Sino e reconstruía e reforçava a sua identidade. Em certa medida, considero que o seu mandato configura o início do período de direção da Loja pela sua segunda geração, aquela que não integrou o grupo daquelas que fundaram ou se integraram no esforço de construção da Loja Mestre Affonso Domingues. PauloFR juntou-se a nós depois desse período de implantação. Viveu o esforço de reconstrução após o escaqueirar resultante da dolorosa cisão. Assumiu os destinos da Loja já com ela estabilizada, entrada na idade adulta, sem problemas de maior. Não sendo um homem particularmente expansivo, antes manifestando uma prudente reserva, que só abranda após se estabelecer alguma confiança e, sobretudo, saudável companheirismo, mas sendo essencialmente um gestor, um organizador, do trabalho de PauloFR à frente da Loja resultou, a meu ver, um reforço e melhoria das capacidades desta a três níveis: organização administrativa, relacionamento com a Grande Loja e ouras Lojas da GLLP/GLRP , e consolidação da atividade de dação de sangue. A nível administrativo, deixou a Loja completamente organizada, em especial na sua Tesouraria e obrigações financeiras perante a Grande Loja. A situação não seria problemática quando ele assumiu funções - até porque, não muito tempo antes, ele assumira o ofício de Tesoureiro e

Page 224: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

218

implantara os procedimentos que ainda hoje são seguidos - mas, quando ele passou o malhete ao seu sucessor, estava exemplarmente organizada e absolutamente em dia. A nível do relacionamento com a Grande Loja e com as demais Lojas da Obediência, o mínimo que se pode dizer é que o trabalho foi cuidado, diligente e perseverante. A Loja esteve sempre exemplarmente representada em Grande Loja, com as posições ali assumidas previamente estudadas, trabalhadas e discutidas. Procurou sempre constituir um ponto de referência em relação a qualquer questão em causa, não pelo improviso, mas pelo apresentar de posições ponderadas, estudadas, equilibradas. Também como consequência disso, paulatinamente vários obreiros da Loja vieram a merecer a confiança do Grão-Mestre para o exercício de vários ofícios na Grande Loja. Quanto ao relacionamento com as demais Lojas, foi ele sempre acarinhado, acalentado e estimulado. Multiplicaram-se contactos e visitas de obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues a outras Lojas da Obediência. Recrudesceram visitas de obreiros de outras Lojas à Mestre Affonso Domingues. A Loja foi convidada e esteve representada em diversos eventos organizados por outras Lojas. Com todas as Lojas se manteve a melhor das relações. Com algumas, estreitaram-se profundamente laços. As ações de dação de sangue foram objeto de especial atenção por parte de PauloFR. Foi no seu mandato que a Loja, até hoje, organizou ou co-organizou maior número dessas ações, três, em 11 de novembro de 2006, 31 de março e 21 de

Page 225: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

219

julho de 2007. A atividade normal de formação e aperfeiçoamento dos obreiros da Loja prosseguiu, nos moldes já implantados e característicos da Loja. PauloFR encontrara já um quadro maduro e transmitiu-o mais apurado ao seu sucessor. Constituíram marcos do ano maçónico sob a direção de Paulo FR as visitas à Sinagoga de Lisboa e à Loja Rigor, no Oriente de Bragança. Nesta última, ficou acordada a geminação entre a Loja Mestre Affonso Domingues e a Rigor, a qual viria a ser formalizada no decorrer do mandato do sucessor de PauloFR. Em resumo, o ano em que PauloFR dirigiu a Loja foi um ano produtivo, bonançoso, de aprofundamento e melhoria dos caminhos trilhados pela Loja e seus obreiros. Correu tudo bem? Não - nunca corre tudo como se deseja! No caso do mandato do PauloFR, verificou-se alguma falha em parte do Quadro de Oficiais. Designadamente, um dos elementos em formação para, a seu tempo, vir a assumir a direção da Loja, começou a fraquejar, a mostrar-se psicologicamente impreparado para o progressivo assumir de responsabilidades na Loja. PauloFR tentou segurá-lo, tentar que ultrapassasse esse seu receio. Veio a verificar-se mais tarde que inutilmente. No mandato seguinte, confirmou-se que esse obreiro não se sentia preparado para as responsabilidades que antevia e veio a pedir escusa das suas funções. Por efeito dessa fraqueza e de menor auxílio de um

Page 226: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

220

ou outro Oficial, PauloFR, sempre zeloso de que as coisas sefizessem o melhor possível, assumiu ele próprio a realizaçãode tarefas que deviam ser executadas por outros e que eleapenas devia coordenar. Conseguiu que as coisas se fizessembem feitas. Mas à custa de um injustamente redobrado esforçopessoal. Disto resulta, a meu ver, uma lição que a Loja e osseus responsáveis futuros devem ter sempre presente: OVenerável Mestre coordena uma equipa, não deve executar ostrabalhos em substituição de quem falha. Se algum dosOficiais, transitória ou prolongadamente, não estiver emcondições de exercer capazmente a sua tarefa, a solução não éo Venerável Mestre assumi-la; é providenciar que algum outroobreiro disponível ajude e cubra a insuficiência. Com o seu sentido de organização, o seu esforço, a sua serenapostura, mas também com a lição a tirar do sobre-esforço querealizou, PauloFR deixou uma Loja melhor do que a recebeu. Eassim cumpriu devidamente o seu papel e é credor de umlugar de destaque na galeria dos Veneráveis Mestres da LojaMestre Affonso Domingues. É um simples ato de justiça frisarque se conta entre os que melhor exerceram a função. Rui Bandeira

Page 227: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

221

Loja ao ar livre

March 12, 2009

As Lojas maçónicas costumam reunir em local "a coberto da indiscrição dos profanos", isto é, em instalações onde só maçons têm acesso. Mas a Maçonaria americana - já o disse várias vezes - tem caraterísticas distintas da europeia. Nos Estados Unidos, ser maçon é integrar um dos pilares da comunidade local. Os maçons americanos gostam de proclamar publicamente a sua condição de maçons. É usual que o Mestre maçon americano use um anel com o esquadro e o compasso, muitas vezes o mesmo anel que pertenceu a seu pai, seu avô e seu bisavô. É também frequente verem-se veículos automóveis com autocolantes anunciando que o proprietário da viatura é maçon. Enfim, outra mentalidade e outra abertura da sociedade americana, em relação à maior parte das europeias.

Page 228: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

222

Ao contrário do que por aí por vezes se clama, os maçons não se escondem nem assumem posturas de discrição, por se considerarem elite ou por conspirarem contra a sociedade ou o que quer que seja. Muitas vezes, os maçons são obrigados por prudente cautela a não divulgarem a sua condição, porque têm razões para temer que, aberta ou subrepticiamente, sofram represálias pela sua condição. Efeitos de uma antiga e ainda subsistente antipatia por parte da hierarquia da Igreja Católica... Nada que me preocupe especialmente. Na minha opinião, tudo evolui, as antipatias hão de acabar por se dissipar e tudo há de ficar no são. É só uma questão de tempo. Mais duzentos, menos duzentos anos, a coisa resolve-se... Da parte da Maçonaria, a postura é de abertura e esclarecimento. Todos aqueles que concluem poder, sem receios de maior, identificar-se publicamente como maçons, fazem-no. É o caso, por exemplo, do José Ruah, de mim próprio e de já um apreciável número de muitos outros. A melhor prova de que a Maçonaria se abre à sociedade é este blogue. Aqui se discute, abertamente e com acesso livre de todos os interessados, sejam ou não maçons, todos os temas maçónicos. Aqui se regista e divulga, abertamente e sem pruridos, o que reservamos para nós próprios e porque o fazemos (conferir os textos A propósito do segredo maçónico , Porque se guarda o segredo maçónico , Reserva de identidade , Reserva sobre as formas de reconhecimento , Reserva sobre rituais e cerimónias , Reserva sobre trabalhos de Loja e O segredo maçónico esotérico ). Acusar-nos de secretismo, hoje e por hoje, só tem cabimento no âmbito de desonestidade ou

Page 229: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

223

cegueira intelectual. Porque o pior cego é aquele que não querver. Também nos Estados Unidos as Lojas maçónicas se reúnemem privado. Mas toda a regra tem exceção! A fotografia queencima este texto ilustra uma reunião, ocorrida em 14 de maiode 2005, da Plymouth Lodge - A. F. & A. M. (Maçons Livres,Antigos e Aceites). E a fotografia é elucidativa. A reunião nãoocorreu no interior das paredes de um Templo maçónico. Pelocontrário, trouxeram-se os artefatos do Templo maçónico parao exterior e aí, ao ar livre, em campo aberto, os maçonsorgulhosa e fraternalmente se reuniram, em Camp Squanto,Miles Standish State Forest! Para ver mais fotografias do evento, seguir este atalho . Com o glorioso clima de que desfrutamos a maior parte do anono nosso País, esperemos que não esteja longe o dia em que aLoja Mestre Affonso Domingues possa reunir-se sem sernecessariamente em local a coberto da indiscrição dosprofanos, mas possa fazê-lo num campo aberto à curiosidadede todos! Rui Bandeira

Page 230: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

224

O tesouro

March 13, 2009

Para meditar este fim de semana, hoje não deixo propriamente uma história, mas um texto que recebi por correio eletrónico e que aqui deixo, muito pouco editado por mim. Leiam-no e, no fim, atentem na pequena nota que acrescento. Há uma história muito interessante, chamada "O Tesouro de Bresa", onde uma pessoa pobre compra um livro com o segredo de um tesouro. Para descobrir o segredo, a pessoa tem que decifrar todos os idiomas escritos no livro. Ao estudar e aprender estes idiomas, começam a surgir oportunidades na vida do indivíduo, e ele lentamente (de forma segura) começa a prosperar. Depois ele precisa de decifrar os cálculos matemáticos do livro. É obrigado a continuar a estudar e a desenvolver-se e a sua prosperidade aumenta. No final da história, não existe

Page 231: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

225

tesouro algum - na busca do segredo, a pessoa desenvolveu-se tanto que ela mesma passou a ser o tesouro. O processo de aperfeiçoamento não deve nunca acabar. A acomodação é o maior inimigo do sucesso!!! Por isso se diz que a viagem é mais importante que o destino. O que cada um é acaba por ser muito mais importante do que o que cada um tem. A pergunta importante não é "quanto vou ter?", mas sim "no que vou me transformar?". Não é "quanto vou ganhar?", mas sim "quanto vou aprender?". Pense bem e notará que tudo o que tem é fruto direto da pessoa que você é hoje. Se não tem o suficiente, ou se acha o mundo injusto, talvez seja hora de rever os seus conceitos. Existe um porteiro de um prédio que o é desde há longos anos. Passa 8 horas por dia na sua sala, sentado atrás da mesa. Nunca ninguém o viu a ler um livro. Está sempre a ver televisão ou a queixar-se do governo, do salário, do tempo. É um bom porteiro, mas em todos estes anos poderia ter-se desenvolvido e hoje ser muito melhor do que é. Continua porteiro, sabendo (e fazendo) exatamente as mesmas coisas que sabia (e fazia) há dez ou vinte anos. Mas queixa-se que não tem o aumento de salário que gostaria de ter. As pessoas não merecem ganhar mais só porque o tempo passou. Ou se aprende e melhora, ou merece-se continuar recebendo exatamente a mesma coisa.

Page 232: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

226

Produz mais, vale mais? Ganha mais. Produz a mesma coisa? Ganha a mesma coisa. É simples. Os rendimentos de uma pessoa raramente excedem o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Às vezes alguns têm um pouco mais de sorte, mas isso é muito raro. Alguém certa vez comentou que se todo o dinheiro do mundo fosse repartido igualmente, em pouco tempo estaria de volta ao bolso de uns poucos. Porque a verdade é que é difícil receber mais do que se é. Como diz Jim Rohn, no que ele chama do grande axioma da vida, "Para ter mais amanhã, é preciso ser mais do que se é hoje". Mas, de acordo com Rohn, existe também um outro axioma, o de não mudar: "Se não mudar quem é, continuará a ter o que sempre teve". Todos aqueles que se interrogam sobre o que fazem os maçons e duvidam quando se lhes diz que procuram aperfeiçoar-se, meditem e revejam as suas dúvidas. Todos aqueles que se inquietam com o segredo maçónico e a influência que os maçons alegadamente têm podem, com este pequeno texto, entender como é afinal simples esse segredo e de onde deriva tudo o que os maçons têm. Aperfeiçoamento, melhoria, sempre. Esta é a chave. Tudo o resto vem por

Page 233: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

227

acréscimo. Rui Bandeira

Page 234: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

228

Tive um sonho

March 16, 2009

Tive um sonho há não muito tempo. E nesse sonho eu tinha passado para a Loja Celestial e encontrava-me mesmo junto ao Portão das Pérolas. Não era S. Pedro quem me aguardava, mas antes um Peregrino de bordão e lanterna, vestido com um manto ou túnica larga, com o capuz puxado por cima da cabeça. Estava tão dobrado que mal se viam os seus olhos ou o movimento dos seus lábios. "Eis um Viajante", disse ele com uma voz rouca. "Sim, sou e acho que fiz uma longa viagem", retorqui. "Podes prová-lo?", perguntou o Peregrino. "Tenho a certeza que posso provar, sem margem para dúvidas

Page 235: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

229

de ninguém, que sou um Mestre Maçon", respondi. "Está bem. Segue-me." "Para onde vamos?" “Para a Loja Celestial.” "A Loja Celestial no além, que bom". "Não, só Loja Celestial; no além já nós estamos." Para iniciarmos o caminho, tentei dar um passo largo, mas permaneci no mesmo sítio. O Peregrino disse: "Aqui, o caminho faz-se em pensamento. Basta que te visualizes a seguir-me." Assim fazendo, movimentei-me sem qualquer esforço, como se estivesse sobre uma passadeira rolante no aeroporto. Chegámos ao nosso destino num abrir e fechar de olhos. Diante de nós, estavam o que parecia serem nuvens vermelhas, azuis e púrpura, nas quais brilhavam, num azul marinho iridiscente, quais salpicos brilhantes, o Esquadro e o Compasso. "É este o aspeto das luzes de néon no Paraíso?", pensei. "É lindo", disse eu, "mas onde está a letra G?"

Page 236: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

230

"Aqui não usamos a letra Gi", respondeu o Peregrino. "O que a letra G simboliza está presente no Oriente. Não é preciso o símbolo do Criador quando o Criador está presente. O Eu Sou Quem Sou é Quem Ele É." "Ena! Bill Clinton ganharia o dia com esta frase", pensei. Quando nos aproximávamos, uma voz estentória inquiriu, "Quem vem lá?" "Um Viajante que atravessou o Portão das Pérolas," respondeu o Peregrino. "Ele tem passe?" Perguntou a voz forte. "Não tem. Respondo eu por ele." "Ele aguardará até que o Todo-Poderoso seja informado da sua presença e a Sua resposta seja recebida." Dentro de pouco tempo, uma mulher com um vestido cor de lavanda onde brilhavam lantejoulas brancas em forma de estrelas, surgiu de entre a massa de nuvens e disse, "Entra pela porta externa para a antecâmara". Lancei um olhar inquiridor ao Peregrino. Lendo os meus pensamentos, ele rapidamente respondeu, "Aqui nós aplicamos integralmente a lição do Nível."

Page 237: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

231

As nuvens dissiparam-se e eu interroguei-me se seria Moisés quem estava do outro lado da porta. Enquanto atrás de nós as nuvens se fechavam novamente, entrámos na antecâmara. Um homem aguardava-me e, antes que eu pudesse falar, disse-me, "Não, eu não sou Moisés, sou Hiram Abiff, e sou o Mestre de Cerimónias que te vai conduzir ao longo do teu próximo grau." "Tenho outro grau para receber?", perguntei timidamente. "Sim, meu irmão, mas primeiro temos de proceder a alguns preliminares, transmitir algumas informações, e então estarás prepararado." O Irmão Abiff solicitou e recebeu todos os passos, sinais, palavras e toques dos graus terrenos através do pensamento. Seguidamente, disse, "devo perguntar-te se vais prosseguir de tua livre vontade e acordo." “Tenho escolha? “, perguntei. "Oh sim, podemos mandar-te de volta." "Mandar-me de volta, PARA ONDE?" "Para onde vieste. Mas haverá uma condição." "E qual é ela?"

Page 238: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

232

"Não vais voltar a ser quem eras lá. Vais começar tudo de novo, como outra pessoa." "Então, quem vou eu ser?" "Não está predeterminado, mas, como se diz na Terra, é uma lotaria. Podes voltar como uma nova pessoa na China, ou na Índia, ou na Alemanha, ou em Cuba, ou no Uganda ou em qualquer lugar." "E o que é que eu vou fazer lá?" "Aquilo que escolheres fazer. Bem vês, com o livre arbítrio tens sempre uma escolha. Más escolhas, no entanto, geralmente geram maus resultados." "Acho que gostaria de continuar aqui." "Muito bem, então assim será." Fiz uma boa escolha?" "Não me compete a mim dizê-lo. O lixo de um homem é o tesouro de outro, como diz o ditado. Como provavelmente terás notado, o teu corpo, bem como o nosso, é apenas uma ilusão. A melhor descrição do que és, neste momento, é pura energia. Como tal, em vez de seres desnudado ou vendado, será diminuída a tua energia, de modo que poderás ouvir, mas não ver ".

Page 239: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

233

"É este então o 34 º grau?" ” "Não", respondeu o Irmão Abiff. "Este é o último grau. Agora,segue quem te guia e não temas nenhum perigo." Texto da autoria do Irmão Frederic L. Milliken, originalmentepublicado no excelente sítio maçónico Freemason Information ,colocado em BEE HIVE, e , com a devida autorização do seuautor, traduzido e aqui publicado por Rui Bandeira

Page 240: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

234

O último grau

March 17, 2009

Quando entrei na sala da Loja, privado de visão, ouvi a mais bela música que alguma vez ouvi. Não era uma música com que eu estivesse familiarizado, nem com o que a produzia, nenhum instrumento que eu pudesse identificar. Mas era, oh, tão pacífica, trespassava a minha alma e criava uma noção de harmonia e de acordo total. Eu era energia arrastada ou conduzida em pensamento em torno da Loja por esta música, seguindo o que parecia um rumo ao acaso, mas, após oito repetições, fui capaz de discernir que havia quatro repetições de duas manobras, uma sendo um círculo e outra um triângulo . A repetição de manobras foi necessária, como mais tarde me foi explicado,

Page 241: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

235

para criar a imagem de um símbolo tridimensional para este grau. E este símbolo era um dos existentes na Câmara do Meio onde recebi este grau. O Esquadro e o Compasso continuavam a adornar o exterior do edifício da Loja, mas dentro deste edifício existia uma Câmara do Meio, onde Pirâmide e Globos eram os símbolos utilizados. Pude mais tarde ver com o que se parecia este símbolo. Era uma pirâmide na qual estavam três Globos alinhados verticalmente, desde a ponta até a base. No Globo superior, havia uma pequena pirâmide apontando para baixo. O Globo do fundo tinha uma pirâmide apontando para cima e o Globo do meio tinha uma estrela de seis pontas tridimensional. O significado deste símbolo era que o espírito do Criador, Redentor e Protetor estava infundido no círculo da vida, o infindável ciclo de nascimento, morte, renascimento, a morte de novo, e novamente e de novo, até à eternidade. Também transportava o sentido da unidade, já que estamos todos juntos como um, unidos como seres que possuem todos uma partícula do Criador. O símbolo não estava preso a nada, antes surgia perante os olhos de quem estivesse em qualquer ponto da Câmara do Meio, sob a forma de um holograma. Não houve nem apresentação de qualquer ferramenta, nem um juramento neste grau. Foi-me explicado que, na minha condição presente de ausente de tempo e de lugar, mas em todo o tempo e todo o lugar, as sanções, juramentos e promessas eram supérfluos.

Page 242: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

236

Fui conduzido para o Sul, para o Oeste e, em seguida, para o Norte da Loja, onde, ainda com a minha energia diminuída e apenas capaz de ouvir, eu teria, no entanto, a visão necessária para ver um filme em holograma totalmente privado, visível apenas para mim. No Sul, recebi uma revisão de toda a minha vida. Foi-me mostrada num holograma retratando pessoas, lugares, eventos, acontecimentos e ocorrências, numa rápida e contínua sequência, terminando no momento da minha morte física. No Ocidente, vi, como anteriormente num filme em holograma, todas as vezes que eu tinha inspirado outros e quando eu tinha sido gentil, compassivo, amoroso e humilde. Muitas vezes fiquei dominado pela emoção, pois o que me foi apresentado era tão vívido como o que eu sentira quando tinha ocorrido no passado e estava acontecendo novamente bem à minha frente. Existe um real significado para a palavra reviver. Depois, no Norte revivi o lado negro de mim próprio, todas as vezes que eu tinha agido com um arrogante ego inchado, para afastar e ferir os outros, todas as minhas fraquezas, os meus pecados e as vezes que eu tinha desiludido os outros. Mais uma vez, foi invadido pelas lágrimas, ao pensar que eu tinha agido de tal forma. E é por isso que estes hologramas eram totalmente privados e só passíveis de serem vistos por mim, pois aqueles reunidos em torno de mim, não estavam ali para julgar, mas para apoiar. E eu sentia o calor do seu amor e carinho fraternais.

Page 243: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

237

Tal como ocorrera nos meus graus terrenos, fui conduzido, sempre através do pensamento, para fora da Câmara do Meio, para a antecâmara, onde fui preparado para voltar a entrar, para a segunda parte do grau, a palestra. O meu condutor, Hiram Abiff, restaurou-me a plena energia e, em seguida, falou-me. "Os teus graus terrenos ensinaram-te os méritos da tolerância e da ausência de preconceito", disse ele. "Mostraram-te a forma de desfrutar da paz, harmonia e convivência entre as pessoas de diferentes raças, religiões, culturas, orientações políticas e condições económicas. Agora vamos levar-te ainda mais longe nesse conceito, na palestra do último Grau. " Fui readmitido na Câmara do Meio e conduzido para junto do Oriente. A imagem da Pirâmide e Globos estava sempre presente diante de mim, num holograma. Acolhendo-me no Oriente, estava uma mulher negra, de meia idade, talvez. O seu sentimento de amor fraterno e afeto era como um calor brilhante, que penetrava o meu espírito. Procedeu à palestra, lentamente e com significado. "A lição do último grau é que a separação que flagela muitos na sua peregrinação terrena, aquela divisão pela qual cada um vê os outros como diferentes, menos dignos ou sem valor, e que o separa dos demais, é realmente uma separação de Deus. Sim, na realidade, existem diferenças reais na Terra. Cada homem e cada mulher na Terra é realmente feito de forma um pouco diferente e respondem de maneiras diferentes. Existem

Page 244: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

238

diferentes raças, culturas, credos e conceitos do Criador. Mas atribuir um valor sinistro a essas diferenças é usá-las para dividir, em vez de reunir e, em seguida, para ostracizar, assim criando uma separação. Levada ao extremo, esta separação progride da desconfiança para a suspeita, conduzindo ao desprezo e ao ódio, e, em última análise, ao extermínio ou limpeza étnica. Esta desunião é fruto do livre arbítrio da humanidade e não reflecte as intenções do Criador. Esta divisão, desunião e separação constituem a verdadeira historia de Adão e Eva e da queda do Homem. Porque é na desunião e separação humanas que reside a separação do Todo-Poderoso." "Reviste na tua Iniciação na Loja Celestial tudo que fizeste na tua vida humana na Terra. Reviveste as alturas em que permitiste que os teus medos dos outros e das suas diferenças te separaram deles. E reviveste as alturas em que não teres ligado a essas diferenças te pôs em harmonia com os demais." "Diz-se que a humanidade foi criada à imagem de Deus. Mas eu digo-te que cada homem é uma parte de Deus e possui uma pequena partícula do Altíssimo dentro dele. Que a partícula cresça e se torne uma parte cada vez maior de um ser humano, depende das escolhas que cada um faz na sua viagem pela vida. O objectivo dessa viagem é alimentar e nutrir a sua alma numa missão terrena, para a qual Deus lhe deu as ferramentas para a realizar. Ao fazê-lo, possibilita-se que o Todo Poderoso Criador, o Mestre do Céu e da Terra, se experimente a si

Page 245: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

239

próprio. Viver a "vida piedosa" é a capacidade de subir acimado que procura dividir e criar o caos." "É agora tempo, meu irmão, de tu te empenhares na crença deque todos somos UM. Não há OUTROS. Quando alguém seafasta ou repudia quem vê como outro, apenas se separa de simesmo e de onde veio e para quem um dia vai voltar. Quandoalguém fere ou prejudica quem vê como outro, só fere ouprejudica a si próprio." "A Pirâmide e Globos são o símbolo deste grau, meu irmão.Ensina que toda a vida, os seus altos e baixos, as suasalegrias e tristezas, os seus amores e medos, é umaexperiência santa e sagrada. Possibilita que visualizes oconceito de que a vida é sem fim e continua a mover-se,começando onde terminou e terminando onde começou. Vai evolta, em redor e sobre e sempre "na unidade do EspíritoSanto." SOMOS TODOS UM. Não há nenhuma parte de nós queesteja separada ou fora da Pirâmide e Globos. Somos todospedaços do mesmo bolo. Deus está em nós e nós estamos emDeus. SOMOS TODOS UM! Agora, vai em paz e harmonia ealegra-te com este conhecimento." Texto da autoria do Irmão Frederic L. Miliken, originalmentepublicado no excelente sítio maçónico Freemason Information ,colocado em BEE HIVE, e , com a devida autorização do seuautor, traduzido e aqui publicado por Rui Bandeira

Page 246: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

240

Do valor da parábola

March 18, 2009

Quem acompanha este blogue sabe que, com exceção das "alegorias" de (algumas) sextas-feiras, privilegio a publicação de textos originais meus. A recente publicação de "Tive um sonho" e de " O último grau " é a exceção que conforma a regra. Estes dois textos - que, afinal, são apenas um, apenas dividido, por razões de extensão, em duas publicações no ótimo blogue The Beehive , do excelente sítio Freemason Information - impressionaram-me quando os li e decidi pedir autorização ao seu autor, Irmão Frederic L. Milliken, para os traduzir e publicar aqui no A Partir Pedra, autorização essa aliás pronta e simpaticamente concedida e que eu agradeço. Duas razões me motivaram ao labor de traduzir e publicar

Page 247: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

241

trabalho alheio. A primeira, resultante de uma identificação com a mensagem constante da "palestra" do "último grau", explico-a neste texto. A segunda ficará para um outro. Escrevi já várias vezes, a última das quais há não muito tempo (O segredo maçónico esotérico ) que o único verdadeiro segredo maçónico, o que importa, o que releva, existe, não porque os maçons o queiram preservar, mas porque não o conseguem revelar. Porque é insuscetível de plena transmissão. Referi, também no mesmo texto, que, em bom rigor, duvido mesmo que haja apenas um verdadeiro segredo maçónico, um único segredo esotérico. Nesta altura do meu entendimento, propendo a considerar que cada maçon atinge a sua própria Luz - a deste com mais brilho, a daquele mais baça, a daqueloutro, qual bruxuleante chama de longínqua vela, mal se vendo -, cada maçon encontra e resgata a sua própria e individual Palavra Perdida - a de um bela e cristalina, a de outro sonora e estentória, a de um terceiro suave e quase inaudível murmúrio. Prossegui concluindo que nessa viagem, nesse trabalho, nessa busca, cada um procura coisa diversa. Eu só posso definir o que neste momento busco. Já me reconciliei - há muito! - com a finitude da vida neste plano de existência, já abandonei, por estulta e estéril, a busca do imenso porquê, a mim nunca me interessou particularmente interrogar-me sobre o cósmico como. Por agora, desde há muito e não sei até quando, concentro-me na busca do sentido da Vida e da Criação. Tenho uma ideia rude e imprecisa desse sentido. Busco o melhor ângulo para obter mais Luz. Espero que consiga obter o Brilho suficiente para, através do sentido

Page 248: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

242

da Criação, entrever o Criador... E tudo isto eu - neste momento - busco, em fantástica viagem, sem outro veículo que não eu próprio, não consumindo outro combustível senão tudo aquilo de que me interiormente despojo, sem outro destino e caminho senão o fundo de mim mesmo. Porque é o conhecimento de mim mesmo, em todas as complexas vertentes que condicionam o meu Eu, que me habilitará a conhecer o Outro, o Mundo e quem o criou e porquê e para quê e como. Eu sou a pergunta, a pergunta sem resposta, a pergunta buscando a resposta e, simultaneamente, a resposta contida na própria pergunta, que me levará a nova pergunta, que gerará nova resposta, em contínuo alargar de horizontes, que espero me permita entrever o que está para além do horizonte e contém todos os horizontes... Percebe-se então facilmente porque me impressionou o trabalho do Irmão Milliken. Nessa busca interior que vou fazendo, a algumas conclusões próprias ia chegando e guardando no meu íntimo e aí as entesourando, por convencimento da minha incapacidade de adequadamente as transmitir. O texto da "palestra do último grau" assemelha-se muito ao meu pensamento e exprime-o muito melhor do que eu seria capaz: "Diz-se que a humanidade foi criada à imagem de Deus. Mas eu digo-te que cada homem é uma parte de Deus e possui uma pequena partícula do Altíssimo dentro dele. Que a partícula cresça e se torne uma parte cada vez maior de um ser humano, depende das escolhas que cada um faz na sua viagem pela

Page 249: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

243

vida. O objectivo dessa viagem é alimentar e nutrir a sua alma numa missão terrena, para a qual Deus lhe deu as ferramentas para a realizar. Ao fazê-lo, possibilita-se que o Todo Poderoso Criador, o Mestre do Céu e da Terra se experimente a si próprio. Viver a "vida piedosa" é a capacidade de subir acima do que procura dividir e criar o caos." "É agora tempo, meu irmão, de tu te empenhares na crença de que todos somos UM. Não há OUTROS. Quando alguém se afasta ou repudia quem vê como outro, apenas se separa de si mesmo e de onde veio e para quem um dia vai voltar. Quando alguém fere ou prejudica quem vê como outro, só fere ou prejudica a si próprio." "A Pirâmide e Globos são o símbolo deste grau, meu irmão. Ensina que toda a vida, os seus altos e baixos, as suas alegrias e tristezas, os seus amores e medos, é uma experiência santa e sagrada. Possibilita que visualizes o conceito de que a vida é sem fim e continua a mover-se, começando onde terminou e terminando onde começou. Vai e volta, em redor e sobre e sempre "na unidade do Espírito Santo." SOMOS TODOS UM. Não há nenhuma parte de nós que esteja separada ou fora da Pirâmide e Globos. Somos todos pedaços do mesmo bolo. Deus está em nós e nós estamos em Deus. SOMOS TODOS UM! Agora, vai em paz e harmonia e alegra-te com este conhecimento." Realmente, há coisas que só as parábolas permitem transmitir!

Page 250: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

244

Rui Bandeira

Page 251: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

245

Do valor da imaginação

March 19, 2009

No último texto, mencionei uma das razões porque decidi publicar aqui no A Partir Pedra o texto, dividido em duas partes de Frederic L. Milliken. Agora é tempo de referir a outra. Quem segue com alguma assiduidade este blogue já terá certamente percebido qual a minha posição quanto à abertura da Maçonaria à Sociedade. Não sou cultor do secretismo absoluto. Terá sido necessário aqui noutros tempos. Será porventura ainda necessário noutros lugares. Na sociedade democrática da informação do século XXI, não me faz sentido. Também já deixei bem claro que não sou adepto das "paredes de vidro", tudo divulgando, tudo deixando devassar. A Maçonaria, como qualquer pessoa ou instituição humana necessita e tem direito a uma zona de privacidade. Reconhecê-lo é uma simples questão de bom senso.

Page 252: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

246

Sou adepto da política de definir e dizer claramente quais os aspetos que reservamos para nós e porquê. Fi-lo já, claramente e sem ambiguidades, neste blogue, designadamente na série de textos A propósito do segredo maçónico , Porque se guarda o segredo maçónico , Reserva de identidade , Reserva sobre as formas de reconhecimento , Reserva sobre rituais e cerimónias , Reserva sobre trabalhos de Loja e O segredo maçónico esotérico . Entendo que as pessoas sérias e bem-intencionadas percebem a razão de ser da reserva, quando esta é claramente afirmada e explicados os seus alcance, limites e motivos. Os outros, aqueles cujos preconceitos os inibem de ser intelectualmente sérios e bem intencionados, não me interessam nem preocupam. Não sou também nem adepto de tudo esconder, para criar ou manter o mito dos "excelsos segredos e conhecimentos", que poderia impressionar uns quantos ingénuos, mas só contribuiria para desiludir quem buscasse a Iniciação, na mira de conhecer tão inefáveis como inexistentes segredos, nem de tudo revelar, dinamitando assim o teor de surpresa, de experiência vivida, que absolutamente deve estar presente no contacto daquele que é Iniciado com a Maçonaria e daquele que nela avança com os ensinamentos postos sob a luz da sua atenção, essencial para ativar e impressionar a sua inteligência emocional, permitindo que não só se aprenda como apreenda, que não só se saiba, como se viva, que não apenas se assista ou veja, mas se experiencie.

Page 253: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

247

Embora alerte todos os que me manifestam interesse na Iniciação contra o perigo de ser a mera curiosidade a fonte do seu interesse, é claro que não sou insensível e compreendo e aceito e acho natural que haja uma componente de curiosidade em quem se interessa pela Maçonaria. Que se goste de saber o que se faz, como se faz, como são os rituais, etc.. É humano, é natural, é saudável. No entanto, a reserva sobre os rituais existe e concordo totalmente em que exista (um dos textos acima indicados explica porquê) e eu, como os demais maçons, cumpro o meu compromisso de manter essa reserva. Não só por ela, embora já tenha declarado entender e concordar com a razão da sua existência. Também porque nisso empenhei a minha honra. Procuro sempre manter o delicado equilíbrio necessário para esclarecer, divulgar, explicar, sem trair o meu compromisso e sem prejudicar os motivos da reserva do que é reservado. Penso ter logrado um bom equilíbrio, por exemplo, nos textos A Iniciação (I) e A Iniciação (II) . Pensava aí ter ido tão longe quanto possível, permitindo que os interessados tivessem a noção do autêntico rito de passagem que é a Iniciação, como ritos de passagem são todas as demais cerimónias que marcam o avanço na Maçonaria. Quando li o texto de Frederic L. Milliken, percebi que afinal podia ir um pouco mais além. Com aqueles dois textos sobre a Iniciação, os interessados ficaram com a noção INTELECTUAL do rito maçónico. Ao publicar o texto de Frederic L. Milliken, podia proporcionar-lhes um pouco mais. Porque o que ali está

Page 254: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

248

descrito é, no fundo, um simples ritual de passagem, com a particularidade de o seu autor ter usados o tipo de linguagem maçónica e procurado descrever alguma da ambiência envolvente que se procura garantir nos "rituais verdadeiros" (ou "graus terrenos", como se dizia no texto). O texto é - ninguém tem obviamente dúvidas disso! - ficção, o fruto da imaginação do seu autor. Mas cada leitor, ao lê-lo, se usar a sua própria imaginação e se colocar na posição do "tomador do último grau" pode ter uma pequena noção do que se procura seja vivenciado por aquele em favor de quem é executada cada cerimónia. Não é verdadeira vivência de verdadeira cerimónia, claro que não é. Não permite marcar a sua inteligência emocional, claro que não. Mas porventura, poderá dar a noção de como isso é feito... No tal delicado equilíbrio entre o que entendo que posso mostrar e o que aceito que devo esconder, o texto de Frederic L. Milliken, permite ir um poucochinho mais além. Por isso mereceu a sua publicação neste blogue! No texto Do valor da parábola , a razão para a publicação que ali adiantei era pessoal, o efeito que o texto de Milliken teve em mim. Terá também tocado a alguns dos leitores, porventura nem por isso a muitos outros. Neste texto, apresentei a razão "institucional" da minha decisão de publicação. Gosto de divulgar, gosto de esclarecer quem quer ser esclarecido (não de terçar armas com quem busque estéreis embates de pretensas habilidades retóricas), gosto de debater Maçonaria com quem quer estiver interessado nesse debate (não em

Page 255: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

249

duelos ao pôr-do-sol...). A divulgação não se faz só com textosmais ou menos profundos, mais ou menos factuais, mais oumenos argumentativos. Também se faz com a ilustração, oestímulo da imaginação. E, neste aspeto, pouco importa o quese diz no texto de Milliken, antes interessa como se diz. Nãoreleva tanto a árvore como a estrutura da floresta. Não sebusca a possível pérola (que o galo de Esopo rejeita), masantes verificar a estrutura da ostra. Rui Bandeira

Page 256: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

250

O lenhador e a raposa

March 20, 2009

Hoje é dia de historieta,como de costume selecionada de entre o que me chega por correio eletrónico, de autor desconhecido e com texto editado por mim. Existiu um Lenhador que acordava as 6 da manhã e trabalhava o dia todo cortando lenha, e só parava tarde da noite. Esse lenhador tinha um filho, lindo, de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimação e de sua total confiança. Todos os dias, o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa cuidando do seu filho. Todas as noites ao retornar do trabalho, a raposa ficava feliz com sua chegada. Os vizinhos do Lenhador alertavam que a raposa era um bicho, um animal selvagem, e portando não era

Page 257: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

251

confiável. Quando ela sentisse fome comeria a criança. O Lenhador, sempre discordando dos vizinhos, dizia que isso era um disparate: a raposa era sua amiga e nunca faria isso. Os vizinhos insistiam: - Lenhador abre os olhos ! A Raposa vai comer o teu filho. - Quando sentir fome, comerá o teu filho! Um dia, o Lenhador, muito exausto do trabalho e muito cansado desses comentários, ao chegar a casa, viu a raposa sorrindo como sempre,mas com a boca totalmente ensanguentada ... O Lenhador pensou o pior e, sem pensar duas vezes, deu com o machado na cabeça da raposa, matando-a... Ao entrar no quarto, desesperado, encontrou o seu filho no berço dormindo tranquilamente - e, ao lado do berço, uma serpente morta ... O Lenhador enterrou o Machado e a Raposa juntos!!! Quando confiar em alguém, não importa o que os outros pensem a esse respeito: siga sempre o que diz o seu coração e a sua cabeça. Não se deixe influenciar ... Desculpem a expressão, mas desde criança que ouvi o meu

Page 258: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

252

pai dizer que uma das piores coisas que se podia fazer eraemprenhar pelos ouvidos... Pensemos pela nossa cabeça. Ouçamos e atentemos nosconselhos que nos dão, mas reservemo-nos o direito de osponderar e decidirmos segundo o nosso juízo e a nossaanálise. Decidamos sempre o mais ponderadamentepossível,sabendo sempre que não podemos evitar de todo oerro- só podemos diminuir a sua frequência e gravidade. E, sobretudo, em momentos de indecisão ou aflição, nuncanos demitamos de pensar e de agir segundo o nosso juízo, sóporque nos encheram os ouvidos de desconfianças ou medos.Um ato realizado sem pensar, influenciado pelo que "ouvimosdizer" pode anular e contrariar centenas de horas de reflexão... Rui Bandeira

Page 259: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

253

Vai uma anedotinha para um bom Domingo

March 22, 2009

Altas horas da madrugada, um casal acorda ao som insistenteda campainha da sua moradia. O dono da casa levanta-se epela janela pergunta:

- O que é que você quer?

- Olá. Eu sei que é tarde. Mas preciso que alguém me empurre.A sua casa é a única nesta região. Você precisa de meempurrar!

Louco da vida, o recém-acordado replica:

- Eu não o conheço. São 4 horas da madrugada e pede-me parao ajudar? Ah!, vá-se catar! Você está é bêbado!

E volta para a cama. A mulher, que também acordou, nãogostou da atitude do marido:

- Exageraste! Já ficaste sem bateria antes. Bem podias terajudado esse indivíduo.

- Empurrá-lo? Ele está é bêbado - desculpa-se o marido.

- Mais um motivo para o ajudar, insiste a mulher. Ele não vai conseguir andar sozinho. Logo tu, que sempre foste tão

Page 260: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

254

prestável...

Tomado por remorsos, o marido veste-se, sai de casa e vaipara a rua:

- Hei, vou ajudá-lo! Onde é que está?

E o bêbado, gritando:

- Aqui, no baloiço!...

Divirtam-se, e cuidado com os baloiços.

JPSetúbal

Page 261: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

255

United Grand Lodge Of England - QuarterlyCommunication

March 23, 2009

Falamos muito dos eventos maçónicos ocorridos do outro lado do Atlântico Sul. Esquecemo-nos de vez em quando dos que acontecem aqui mais perto. Venho hoje falar de um evento que em si é importante mas que se revestiu de importância suplementar se tivermos em conta o discurso do Grão-Mestre (reeleito) local. O escrito de hoje é sobre a United Grand Lodge of Engalnd e sobre o que na sua “Quarterly Communication” de 11 de Março aconteceu. Em finais de 2008 foi a Maçonaria Universal informada que o Marquês de Northampton, Pró Grão-Mestre da UGLE iria renunciar ao seu mandato por se encontrar doente. Convém aqui relembrar que em Inglaterra quando o Grão-Mestre é membro da família Real nunca representa formalmente a Grande Loja, por uma questão de protocolo nacional e internacional. Existe assim regulamentarmente o oficio de Pró Grão-Mestre que tem como função, entre outras, substituir o Grão-Mestre em todas deslocações e missões de representação. Nessa qualidade o Marquês de Northampton visitou Portugal e a GLLP duas vezes em 6 anos o que para uma pequena

Page 262: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

256

obediência como a nossa é algo de notável e indicador do respeito que a Maçonaria Regular Portuguesa angariou na Maçonaria Internacional. Ora como em Maçonaria as coisas são feitas com tempo e preparação para que as mudanças sejam sempre suaves, em Dezembro foi escolhido o novo Pró Grão-Mestre para que nesta reunião de Março pudesse ser instalado na sua nova função o Muito Respeitável Irmão Peter Lowndes. Sendo que este é um evento importante pois no fundo representa um novo interlocutor na UGLE, o mais importante foi o discurso - pode ser lido aqui - do Grão-Mestre, o Duque de Kent, e a sua mensagem de abertura e do trabalho feito e que vai continuar a ser feito no sentido de tornar a Maçonaria Inglesa mais presente na sociedade civil. Este movimento de maior presença na Sociedade Civil é uma tendência que se tem vindo a instalar nas várias Grandes Lojas e Grandes Orientes, em parte porque as sociedades têm evoluído no sentido de serem mais receptivas, em parte porque Obediências são dinâmicas e inseridas. Neste movimento tem influído muito as tecnologias de informação e sobretudo a Internet. Este trabalho de incremento de presença da Maçonaria na sociedade civil inglesa começou há uns anos, como se pode perceber do discurso do Grão-Mestre, mas apenas agora que está consolidado é que aparece anunciado num discurso

Page 263: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

257

oficial. Esta é uma das formas de agir da Maçonaria. Apenas depoisde montar os projectos e de os ter a funcionar é que de formasimples os anuncia. Creio que para a Maçonaria Universal é de fundamentalimportância este sinal dado pela UGLE, tradicionalmente composturas mais conservadoras, no sentido da interacçãopositiva com a sociedade civil.

José Ruah

Page 264: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

258

O segundo Grão-Mestre

March 24, 2009

Coube a Luís Nandin de Carvalho a tarefa de exercer o ofício de Grão-Mestre da então GLRP, como seu segundo Grão-Mestre. A empresa já não se afigurava fácil, uma vez que Nandin de Carvalho sucedia ao carismático Grão-Mestre fundador, Fernando Teixeira. Em circunstâncias semelhantes, assegurar a sucessão, trilhar caminhos que necessariamente serão novos ou diversos, nunca é fácil. O peso institucional do líder fundador era muito. A inevitável comparação entre os estilos de quem fundara e de quem assumia as rédeas da liderança não facilitava nada a tarefa do sucessor: se este mantivesse uma linha semelhante ao seu antecessor, seria considerado um mero executante da vontade do fundador, um discípulo sem autonomia e sem real liderança; se alterasse o rumo, arrostaria com todo o peso dos fiéis do fundador, que não aceitariam bem as mudanças. A sucessão de um líder

Page 265: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

259

carismático é sempre muito complicada e aceitar assegurá-la é sempre um ato de coragem. Se Luís Nandin de Carvalho certamente sabia que sair da sombra do seu antecessor seria difícil e doloroso, não teria porventura a noção de quão grandes viriam a ser as dificuldades. Mal tinha tido tempo de aquecer o seu assento na cadeira de Grão-Mestre, menos de três escassos meses após a sua instalação, foi confrontado com uma sublevação de fiéis de Fernando Teixeira. O tempo muito curto que decorrera desde que iniciara funções demonstrava que não era a sua atuação que estava em causa, antes um propósito de retomar um vão poder perdido. No final de 1996, ocorreu o que veio a ficar conhecido pela cisão da Casa do Sino, através da qual uns quantos pretenderam derrubar o Grão-Mestre eleito e recentemente instalado e substitui-lo por um iluminado de sua confiança. Luís Nandin de Carvalho foi - não poderia deixar de assim ser - reconhecido como o legítimo Grão-Mestre, nacional e internacionalmente. O grupo que se arrogava do iluminado poder de decidir que o Grão-Mestre eleito devia ser derrubado e substituído tentava confundir as coisas e situações, utilizando também a sigla GLRP. Luís Nandin de Carvalho tomou então uma decisão, que, tendo sido na época dolorosa e porventura mal aceite por muitos do que permaneceram fiéis ao Grão-Mestre eleito - incluindo eu próprio -, se revelou acertada: concentrou-se no essencial e nem se preocupou com o acessório. O essencial era manter intocada a prática da

Page 266: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

260

Maçonaria segundo os princípios da Regularidade; era recuperar do golpe sofrido, com a ocupação das instalações da Obediência e a cisão; era manter o Reconhecimento das Potências Maçónicas internacionais. O acessório era terçar armas por um nome e por um específico local. Podia recorrer-se aos Tribunais, ao Poder civil, às instituições do Estado, para reclamar para a Obediência a recuperação das instalações de que fora esbulhada e o uso exclusivo do seu nome. Com isso, ter-se-ia, porém, uma longa e desgastante batalha judicial, que em nada prestigiaria a Obediência. Concluiu que, afinal de contas, espaços para trabalhar há muitos, seria estulto perder tempo e energia a lutar por um específico, ainda por cima nem sequer especialmente adequado para a utilização pretendida, nem tendo propriamente uma localização privilegiada, nem sequer tendo uns custos de utilização baixos. Também entrar numa luta pela designação da Obediência só possibilitaria confusões entre os menos bem informados e no estrangeiro. Decidiu assim, aceitar a solidariedade e disponibilidade do Supremo Conselho dos Altos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceite e, provisoriamente, deslocar a sede da Obediência para instalações cedidas por este Supremo Conselho, num bairro histórico de Lisboa. Ulteriormente, e a seu tempo, a Grande Loja assegurou a utilização das suas atuais instalações, no centro de Lisboa. Quanto ao nome, decidiu frisar bem, interna e externamente, onde residia a legalidade maçónica e alterou o nome da Obediência para Grande Loja Legal de Portugal/GLRP (GLLP/GLRP). Internacionalmente, e por força do espírito

Page 267: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

261

prático americano, a Obediência ficou comummente conhecida por "Grande Loja Regular de Portugal (Legal)". Se a sucessão já era, à partida, difícil, os acontecimentos tornaram a tarefa hercúlea. Havia que recolar todos os pedaços de uma jovem organização que um grupo de ambiciosos de vão e estulto poder escaqueirara. Foi preciso reorganizar, reconstruir, recomeçar. E Luís Nandin de Carvalho dirigiu a reorganização, a reconstrução, o recomeço. Apoiou-se naqueles que permaneceram fiéis ao Grão-Mestre eleito, alguns dos quais nem sequer tinham votado nele, mas reconheciam pertencer-lhe a legitimidade para o exercício do ofício. Limpou a casa. Foi avante. Persistiu. Trabalhou. Insistiu. Debateu. No final, transmitiu o malhete da Regularidade ao seu sucessor, intacto e posto a salvo da borrasca. Só o ter conseguido fazê-lo já tornaria o seu mandato, que decorreu ente 1996 e 2001, merecedor de encómios. Não era, não foi fácil, levar a bom porto uma barca que arrostou com tão inesperada, como violenta tempestade. O seu mandato - ao contrário do que certamente ele próprio desejaria - foi, em grande medida, um trabalhoso período de limitação e reparação dos estragos provocados pela borrasca. Mas, quando chegou a altura de passar a barca a novo timoneiro, esta estava quase integralmente reparada. Todas as Lojas laboravam com normalidade. Internacionalmente, todas as Obediências da Maçonaria Regular reconheciam a GLLP/GLRP como a única e legítima representante da Maçonaria Regular em Portugal, com uma única e temporária exceção, uma das

Page 268: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

262

Grandes Lojas americanas, que, no entanto, logo do início do mandato do seu sucessor, retomou o reconhecimento da GLLP/GLRP. Esse é um mérito que ninguém de boa fé pode retirar ao segundo Grão-Mestre. Mas não foi só no navegar em mar alteroso e na resistência ao infortúnio e más opções alheias que se esgotou o mandato de Luís Nandin de Carvalho. A sua marca mais perene, o essencial da sua maneira de ver a Maçonaria, foi o compromisso que defendeu entre Tradição e Modernidade, o equilíbrio entre recolhimento e abertura que promoveu. Nandin de Carvalho prezava e preza, como todos nós, o valioso espólio de Tradição que constitui um verdadeiro tesouro da Maçonaria. Tradição que se mantém, se deve manter e transmitir: princípios, ensinamentos, práticas ancestrais, hábitos de trabalho individuais e coletivos, enfim, tudo aquilo que faz a Maçonaria ter razão de ser. Mas intuiu e insistiu que, no século XXI, que no seu mandato se iniciou, a forma de a Maçonaria interagir com a Sociedade tinha de acompanhar a evolução desta e dos meios resultantes da Modernidade. Parafraseando o título de um dos seus livros, esta é a época d'A Maçonaria Entreaberta. Não se pense que esta noção teve um caminho fácil. Alterar, modificar, atualizar, arrasta sempre um coro de receios de que se vá depressa demais ou longe demais. E é, obviamente, preciso saber dar tempo ao tempo e dar passos seguros. Mas este compromisso apontado por Nandin de Carvalho fez e vai fazendo o seu caminho. Este blogue é um exemplo disso mesmo...

Page 269: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

263

Rui Bandeira

Page 270: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

264

Liberdade - um ponto de vista de um profano

March 25, 2009

O nosso já conhecido José Restolho enviou-me uma novareflexão. Devidamente autorizado, aqui a publico

Caros amigos e leitores, enquanto os meus olhos deambulavam pelas páginas do livro “O Profeta” de Khalil Gibran, encontrei uma serie de passagens que gostaria de partilhar convosco e de reflectir um pouco sobre elas. Para quem não conhece, Khalil Gibran (1883 - 1931) foi um ensaísta, filósofo, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa, cujos escritos são repletos de profunda e simples beleza e espiritualidade. Infelizmente não consegui apurar se possuiu ou não alguma ligação à Arte Real. Mas, maçon ou

Page 271: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

265

profano, penso que seja indiscutível a sua genialidade e o seuelevado sentido de reflexão. Transcrevo então um excerto d’“O Profeta” sobre a liberdade (pretendo noutras ocasiõespartilhar mais alguns textos deste autor):

“E um orador disse, Fala-nos da Liberdade.

E ele respondeu:

Às portas da cidade e junto à lareira já vos vi prostrados avenerarem a vossa própria liberdade. Tal como os escravos securvam perante um tirano e o louvam enquanto ele os açoita.Ah, no bosque do templo e à sombra da cidadela já vi os maislivres de entre vós usarem a liberdade como grilhetas. E o meucoração sangrou por dentro; pois só se pode ser livre quandoo desejo de encontrar a liberdade se tornar a vossa torta equando deixardes de falar de liberdade como objectivo eplenitude. Sereis verdadeiramente livres não quando osvossos dias não tiverem uma preocupação nem as vossasnoites necessidades ou mágoas. Mas quando estas coisasrodearem a vossa vida e vós vos ergais acima delas, despidose libertos. E como vos podereis erguer para lá dos dias e dasnoites a menos que quebreis as cadeias que, na aurora dovosso conhecimento, apertastes à volta do entardecer? Naverdade, aquilo a que chamais liberdade é a mais forte dessascadeias, embora os seus aros brilhem à luz do sol e vosofusquem a vista. E o que é isso senão fragmentos do vossopróprio ser de que vos libertareis para vos tornardes livres?

Page 272: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

266

Se se trata apenas de uma lei injusta que ireis abolir, essa leifoi escrita com a vossa mão apoiada na vossa frente. Nãopodereis apagá-la queimando os livros das leis, ou lavando asfrontes dos vossos juízos, embora despejeis o mar sobre eles.E se é um déspota que ireis destronar, certificai-vos primeirode que o trono erigido dentro de vós também é destruído. Poiscomo pode um tirano mandar sobre os livres e os orgulhosos,senão exercendo a tirania sobre a liberdade deles esufocando-lhes o orgulho? E se se trata de uma preocupaçãoque quereis fazer desaparecer, essa preocupação foi escolhidapor vós e não imposta. E se é um receio que quereis afastar, aorigem desse receio reside no vosso coração e não na mãodaquele que receais. Na verdade, todas as coisas se movemdentro do vosso próprio ser em constante meia união, odesejado e o receado, o repugnante e o atraente, o perseguidoe o de quem quereis escapar. Estas coisas movem-se dentrode vós como luzes e sombras, aos pares, agarradas. E quandoa sombra se desvanece e deixa de ser, a luz que resta torna-sesombra para uma nova luz.

Por isso, a vossa liberdade quando perde as cadeias torna-seela própria uma cadeia de maior liberdade.”

Ao olhar não só o que nos rodeia como também para dentro mim, apercebo-me que vivemos constantemente “agrilhoados” não conseguindo assim ser verdadeiramente livres. Esses “grilhões”, podem ser vários e de variadas formas. Orgulho, preconceito, preguiça, vaidade, medo (já lá diziam os sábio do país do sol nascente, “o medo tira a fluidez à mente”) … Tantos mais poderiam aqui ser enunciados. Penso que a

Page 273: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

267

questão que devemos de nos propor a responder a nós próprioé se seremos realmente livres. Podermos estar com quemgostamos, fazer aquilo que se gosta, etc, é um excelentecomeço. No entanto, e isto trata-se apenas de uma humildeopinião pessoal, o caminho para a verdadeira liberdade passasem sombra de dúvida pela busca do conhecimento e doauto-aperfeiçoamento (sempre conscientes da perenidade danossa condição de aprendizes nesta vida). Para terminar,gostaria apenas de deixar uma questão no ar:

- Será a verdadeira liberdade algo inatingível? Uma ilusão davida que se materializa apenas quando atravessamos para oOriente Eterno? Será tal como a perfeição que, embora a suabusca nos permita evoluir e construir o nosso templo interior,não passa de uma mentira da vida, um caminho eterno, semfim, que aumenta de tamanho sempre que pensamos queavançamos um pouco? Passo a palavra à reflexão…

Não quero - até pela extensão do texto do José Restolho - fazer grandes comentários. Penso que esta visão é uma visão relativa, não cobrindo - nem porventura pretendendo cobrir - todos os aspetos do conceito. Penso, na esteira do texto, que a maior Liberdade é a liberdade interior, do pensamento. E que é importante que nos libertemos do que nos tolhe para o seu pleno exercício: preconceitos, receios, autocensuras e por aí fora. Mas a Liberdade perante o outro e a sociedade não devem ser apenas palavras vãs. E sobretudo não esquecer, nunca, que a

Page 274: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

268

Liberdade é uma medalha que tem outra face:Responsabilidade. Sobretudo no respeito e garantia daLiberdade dos demais. Não vou estragar o texto do Restolho com maisconsiderações. Rui Bandeira

Page 275: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

269

Divisas

March 26, 2009

No plano individual, no que concerne ao maçon e às suas obras, a Maçonaria exorta a que se busque a simultânea presença da Sabedoria-Força-Beleza, isto é, que toda a obra do maçon seja produto da Sabedoria, tenha Força para subsistir e atingir os propósitos pretendidos s seja dotada da qualidade da Beleza, para que melhor seja apreciada por todos. A Maçonaria de língua inglesa utiliza com frequência a divisa Brotherly Love - Relief - Truth (Amor Fraternal - Auxílio - Verdade) para significar o desejável modo de relacionamento entre maçons. No plano social, uma outra divisa é cara à Maçonaria: Liberdade-Igualdade-Fraternidade. Entende-se que, em todas as sociedades humanas, incluindo a própria Maçonaria e suas Lojas, devem imperar estes

Page 276: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

270

princípios, como indispensável cimento de ligação entre cada um e os seus pares e, portanto, da própria estrutura social em si. A divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade é usualmente associada à Revolução Francesa. Mas não foi nela que a mesma foi criada. A Revolução Francesa apropriou-se desta conjugação de três princípios essenciais à vida social que já era teorizada pela então jovem Maçonaria Especulativa. Não quer isto dizer que a Revolução Francesa foi uma revolução maçónica. Mas que foi uma revolução em que participaram maçons, isso é facto historicamente comprovado. Não há que nos admirarmos pela coincidência de utilização da mesma divisa pelos ideais maçónicos e os revolucionários. A Maçonaria nasceu e implantou-se socialmente na vanguarda do pensamento O Iluminismo, o Racionalismo,o Naturalismo, o Pensamento Científico, eram (e são) linhas de pensamento caras à Maçonaria, na época constituindo novidades, faróis de luz, que rompiam a escuridão dos regimes de pensamento, religiosos e políticos que viam a sua era chegar ao fim. A Maçonaria inseriu-se no movimento social que instaurou a Modernidade nas sociedades ocidentais. E para ele, naturalmente, contribuiu. A Maçonaria da época ansiava pela instauração de regimes sociais em que imperassem a Liberdade, a Igualdade, a Fraternidade. Neste caudal de anseios muitos outros se juntaram. A necessidade social de que as instituições políticas se norteassem por tais princípios

Page 277: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

271

eram de tal forma prementes, que, em crescente caudal,chegou o momento em que romperam o dique das instituiçõesdo Antigo Regime, com a mesma força destruidora ereconformadora da enxurrada. Mas esta divisa, que se tornou simbólica com a RevoluçãoFrancesa e se tornou bandeira de evoluções políticas umpouco por todo o mundo, em termos maçónicos tem umsignificado interno próprio, não menos profundo. É entendidapelos maçons como a trilogia dos princípios essenciais quedevem regular o funcionamento interno das instituiçõesmaçónicas, o relacionamento dos maçons entre si e destescom as estruturas da instituição. Já bem antes da RevoluçãoFrancesa e das demais evoluções políticas e sociais, naMaçonaria se praticavam internamente os princípios daLiberdade, da Igualdade, da Fraternidade. Rui Bandeira

Page 278: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

272

O Chocolate quente

March 27, 2009

Verdade que o tempo mais frio parece ter passado... de factonunca se sabe, mas mesmo com a tradição a não ser o que eraa Primavera anuncia-se esplendorosa renovando a vida.

Está a ser assim e ainda bem.

A Primavera está-se nas tintas para as crises !

Esta constatação vem a propósito de uma boa chávena dechocolate quente...

Page 279: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

273

Quem, de entre Vós se lembra e teve a sorte de beber o "Cacauda Ribeira" ?

Em Lisboa funcionava como o "ide e que Deus vos abençoe"das missas católicas... Era o final inevitável das "noites damalta", aí pelas 5 ou 6 da matina, já abrandava o escuro doCéu quando o pessoal se juntava no Cais do Sodré para o"Cacau da Ribeira", quente, denso, com cacau a sério (não eraplástico, não !) que repunha a ordem no corpo e no espíritoapós uma noitada... de trabalho duro e cansativo que Deussabe... Aquilo é qu'era trabalho... haja Deus !

Ora bem, hoje é dia de "estorinha" (institucionalização do Rui)e como tal aqui vai uma, bem saborosa e doce que recuperaalgo daquela magia das noitadas de Lisboa nos idos de 50's e60's do século XX (caraças, estou velho !)

Um grupo de jovens licenciados, todos bem sucedidos nascarreiras,decidiram fazer uma visita a um velho professor dafaculdade, agora reformado.

Durante a visita, a conversa dos jovens alongou-se emlamentos sobre o imenso stress que tinha tomado conta dassuas vidas e do seu trabalho.

O professor não fez qualquer comentário sobre isso eperguntou se gostariam de tomar uma chávena de chocolatequente. Todos se mostraram interessados e o professordirigiu-se à cozinha, de onde regressou vários minutos depoiscom uma grande chaleira e uma grande quantidade dechávenas, todas diferentes - de fina porcelana e de rústicobarro, de simples vidro e de cristal, umas com aspecto vulgar eoutras caríssimas.

Apenas disse aos jovens para se servirem à vontade.

Page 280: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

274

Quando já todos tinham uma chávena de chocolate quente namão, lhes disse:

- Reparem como todos escolheram as chávenas mais bonitas edispendiosas deixando ficar as mais vulgares e baratas.Embora seja normal que cada um pretenda para si o melhor, éisso a origem dos vossos problemas e stress. A chávena poronde estais a beber não acrescenta nada à qualidade dochocolate quente. Na maioria dos casos é apenas umachávena mais requintada e algumas nem deixam ver o queestais a beber. O que vós realmente queríeis era o chocolatequente, não a chávena, mas fostes conscientemente para aschávenas melhores.

Enquanto todos confirmavam, mais ou menos embaraçados, aobservação doprofessor, este continuou:

- Considerai agora o seguinte: a vida é o chocolate quente; odinheiro e a posição social são as chávenas. Estas são apenasmeios de conter e servir a vida. A chávena que cada um possuinão define nem altera a qualidade da vossa vida. Por vezes, aoconcentrarmo-nos apenas na chávena acabamos por nemapreciar o chocolate quente que Deus nos ofereceu. Aspessoas mais felizes nem sempre têm o melhor de tudo,apenas sabem aproveitar ao máximo tudo o que têm.

Vivei com simplicidade.

Amai generosamente.

Ajudai-vos uns aos outros com empenho.

Falai com gentileza.

E apreciai o vosso chocolate quente!

(fim da estória)

Page 281: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

275

Muito bem, se depois disto tiverem necessidade de pegar noguardanapo para limpar a boca... é bom sinal.

Escolheram o chocolate ! Fizeram bem !!!

Mas não abusem. Cuidado com o fígado.

Bom fim de semana.

JPSetúbal

Page 282: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

276

Fim de ciclo

March 28, 2009

Este vai ser o último texto que, pelo menos durante algum tempo, publicarei no A Partir Pedra. Foi publicado um Decreto do Muito Respeitável Grão-Mestre, pelo qual fui designado para assegurar o ofício de Grande Correio Mor da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP. O Grande Correio Mor é o oficial que tem a seu cargo a execução da política de comunicação, interna e externa, quer nacional, quer internacional, da Grande Loja. É também responsável pela manutenção da página na Internet da Grande Loja ( http://www.gllp.pt/ ). É frequente dizer-se que apenas duas pessoas falam em nome da Grande Loja e a vinculam, através das suas declarações: o Muito Respeitável Grão-Mestre e o Grande Correio Mor. Assim

Page 283: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

277

é, efetivamente. Por este facto, a confiança que o Muito Respeitável Grão-Mestre em mim depositou, ao confiar-me o exercício deste ofício, fez simultaneamente recair sobre os meus ombros uma pesada responsabilidade e a necessidade de fazer uma opção. Ao passar a ser porta-voz da GLLP/GLRP, veiculo a posição institucional da Obediência. Não posso, pois, permitir-me o gesto pessoal de divulgar as minhas opiniões pessoais. E, portanto, decidi que, enquanto exercer este ofício, cessarei a publicação de textos no A Partir Pedra. Dir-se-ia que porventura esta decisão não seria necessária, que seria possível separar a comunicação institucional da opinião pessoal. Não me parece. Desde logo, nunca tive jeito para a duplicidade, invocar que quando disse branco tinha vestido o casaco de Grande Correio Mor e que quanto disse bege, tinha esse casaco despido e estava nas confortáveis mangas de camisa da minha opinião pessoal, que só a mim me vincula. Depois, a assunção de responsabilidades implica, se se está de boa fé, a adequação de comportamentos às exigências das responsabilidades. O responsável pela comunicação institucional de uma organização tem de ter, é imperioso que tenha, a autodisciplina de só veicular as posições institucionais e deixar de debitar opiniões pessoais. Porque, das três, uma: ou a opinião pessoal é coincidente com a posição institucional e então é inútil afirmar pessoalmente o que se disse institucionalmente, ou a opinião pessoal se revela melhor do que a posição institucional e então está a fazer um mau trabalho de porta-voz, apoucando e prejudicando o que deve realçar e promover, ou a opinião pessoal é pior do que a

Page 284: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

278

posição institucional e então o melhor é guardá-la para si e não fazer figura de urso... Portanto, a decisão está tomada! Tudo tem um princípio e tudo, a certa altura, finda ou se suspende. Este blogue, de que fui um dos fundadores, é algo que me deixa satisfeito comigo próprio. Do nada, conseguimos criar obra, ser ponto de referência em matéria de informação e comentário sobre Maçonaria. Pessoalmente, escrever aqui ajudou-me, e muito, a organizar e solidificar as minhas ideias, a aprender um pouco do muito que me faltava e falta aprender. Suspender a minha intervenção nele, virar uma página, encerrar um ciclo, é, para mim, um ato de naturalidade de quem se habituou a entender que a vida é uma sucessão de permanentes, embora às vezes quase insensíveis ou não sentidas, mudanças. Em certa medida, estou grato por este ciclo terminar, não por incapacidade minha, mas devido à assunção de outras responsabilidades. Durante quase três anos, publiquei a maior parte dos textos deste blogue. Mas sempre recusei que o mesmo fosse visto como o blogue do Rui Bandeira e outros. Escrevi aqui que espero que o blogue continue quando (...) já não estiver em condições de nele escrever. Se tiver continuidade, se passar de geração em geração de maçons da Loja Mestre Affonso Domingues, como os princípios maçónicos passam de geração em geração de maçons desde há muitos e muitos anos, terá sido uma boa ideia iniciá-lo. E, se assim for, altura

Page 285: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

279

chegará em que os textos escritos por Rui Bandeira serão uma minoria esquecida no arquivo do blogue, eventualmente um ou outro lido aqui e ali, pelo acaso de aleatória busca num motor de busca, quiçá com a mesma curiosidade e bonomia com que acolhemos uma velharia testemunho de época passada... Um blogue escrito pelo Rui Bandeira seria algo de efémero. Um blogue escrito pelos maçons da Loja Mestre Affonso Domingues tem as sementes da perenidade, que é grandiosa. O fim de um ciclo é também o começo de outro.. Espero, creio, estou certo que se iniciará um novo ciclo no blogue, caracterizado pela mais larga participação de Mestres maçons da Loja Mestre Affonso Domingues. Por ora, o blogue fica nas mãos e sob os cuidados do José Ruah, do JPSetúbal e do A. Jorge. Mas outros se lhes vão juntar, a breve prazo, espero. Uns, apenas ocasionalmente publicando textos, para tal utilizando a identidade Mestre Affonso Domingues, criada precisamente com o objetivo de servir para isso mesmo, para que o Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues que deseje colocar ocasionalmente um texto, tenha uma ferramenta simples para o fazer; outros, tomar-lhe-ão o gosto e publicarão com alguma regularidade, para tanto sendo-lhes atribuída uma identidade própria. E assim o blogue prosseguirá, assim continuará a fazer sentido. A todos os que, ao longo destes quase três anos tiveram a paciência de me lerem e, apesar do meu estilo arrevesado, da minha escrita prolixa e da insignificância das minhas ideias,

Page 286: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

280

tiveram a bondade de aqui voltar, o meu agradecimento pela vossa grande, enorme, imensa paciência. A todos aqueles que comentaram os meus textos - a todos mesmo, sem exceção alguma! - louvando ou criticando, inquirindo ou esclarecendo, concordando ou discordando, mais do que um simples agradecimento, uma pública justiça: cada comentário foi uma incomensurável ajuda. Porque cada comentário permitia concretizar a abstração para quem se escreve, o Leitor, que é ninguém e são todos e que se não sabe quem é, nem quando é, nem porque é. E porque, bastas vezes, um comentário é uma fonte de ideias para novos textos. Se algum valor tem este blogue, não o duvidem: uma parte importante dele resulta dos comentários feitos. A todos peço que prossigam com a vossa colaboração. Serão uma ajuda preciosa para os que continuam a assegurar este espaço. Mais do que imaginam! Ao José Ruah, ao JPSetúbal e ao A. Jorge, apenas duas palavras: a primeira para manifestar a honra e o gosto que foi, para mim, partilhar este espaço convosco; a segunda, para manifestar a minha plena confiança de que não só vão assegurar a gestão e continuação deste blogue, como vão fazê-lo com mais qualidade, diversidade, espontaneidade, enfim, melhor do que eu alguma vez conseguiria fazer. Aos Mestres maçons, atuais e futuros, da Loja Mestre Affonso Domingues, peço agora a vossa atenção: este testemunho, que aqui agora vou deixar de segurar, foi construído pedaço a

Page 287: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

281

pedaço, texto a texto, frase a frase, letra a letra. Aqui e agora opouso, no solo da nossa Loja, junto ao Oriente, em frente aolugar do Venerável Mestre e ao Altar dos Juramentos, entre aPedra Bruta e a Pedra Cúbica. Exorto-os a nele pegarem. Nãotemam! Este testemunho está feito de forma que cada um quelhe pegue, fica com um pedaço, que acrescenta à medida quevai escrevendo, e sobra sempre testemunho para os demais.Trouxe-o até aqui e aqui o deixo! Levem-no adiante, longe emais além! A todos os que aqui me foram lendo, espero que vão visitandoa página da GLLP/GLRP, em http://www.gllp.pt/ . Esperotorná-la melhor do que a recebo do meu antecessor - mas piordo que o meu sucessor dela faça... O seu conteúdonecessariamente que é e será diferente, e mais sóbrio, do queeste blogue - é uma página institucional. Mas espero torná-lamais variada, informativa e , sobretudo, sempre atualizada.Não terá atualizações praticamente diárias, como este blogue,mas proponho-vos o seguinte: marquem na vossa agenda odia 5 de cada mês e, nesse dia, visitem a página: se tudo corrercomo eu espero, haverá sempre algo de novo ou diferente. Até um dia! Rui Bandeira

Page 288: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

282

28 de Março de 2009, DIA DE FESTA

March 30, 2009

Ora aí está, Dia de Festa, com maior verdade, Dia de Grande Festa. Por uma coleção de razões, a saber: - A GLLP/GLRP reconduziu o seu “novo” Grão-Mestre. Contradição ? Nem pensar, está certíssimo, em todos os aspetos. Na recondução tanto como no novo Grão-Mestrado. Grande festa para os nossos lados, cerimónia de enorme significado foi a reinstalação de Mário Martin-Guia como Grão-Mestre da Ordem, com o testemunho das potências maçónicas regulares mais importantes. Cá tivemos as representações ao mais alto grau das potências Maçónicas da Rússia, Israel, Alemanha, Suíça, Roménia, Inglaterra, Brasil, Estados Unidos (Pensilvânia) e França. O Past Grão-Mestre da Grande Loja Nacional Francesa tomou

Page 289: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

283

o malhete como potência que avaliza o reconhecimento da regularidade da GLLP/GLRP e dirigiu pessoalmente a instalação do nosso Grão-Mestre (sempre auxiliado pela presença bem disposta do nosso Irmão da Pensilvânia). Não podia ser simultaneamente mais solene e informal ! Outra contradição ? Outra vez não. É que a solenidade não tem que ser uma chatice. Também se pode rir e bater palmas e festejar e brindar e brincar sem perder o tino ao momento e ao significado da sua representação. E, mais um e, foi o que aconteceu ontem ! No final de quase 4 horas de cerimónia cerca de 400 maçons sairam “contentes e satisfeitos” de uma sessão “justa e perfeita”. - O Rui despediu-se (“até qualquer dia”, bem à portuguesa) Bom, a festa não resulta propriamente da despedida do Rui mas antes da razão dessa despedida. Ele explicou a razão melhor do que ninguém portanto não entro em detalhes. Apenas que mais “altos vôos se alevantam” e o Rui, para alegria nossa e honra de todos, lá está nesse voo. E é essa a razão da nossa festa. - A presença de Mestres da RLMAD na equipa de grandes

Page 290: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

284

oficiais é cada vez maior em número e importância os cargos de Grande Oficialato para osquais os Mestres da Affonso Domingues tem merecido ser convidados cumprindocom honra e dignidade as obrigações inerentes. - O Jantar que se seguiu foi um alegre e agradável convívio eserviu como corolário perfeito de um dia de festa. - Mas a festa não teria sido o que foi sem o trabalho aturado ededicado da Milu e da Sandra que mais uma vez trataram de todos os detalhes relativos àparte administrativa. Para elas os parabéns pelo êxito e o agradecimento pela dedicação. Aqui ficam então as razões porque o dia de anteontem foi umdia de festa. A.Jorge José Ruah JPSetúbal

Page 291: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

285

Atividade Maçónica

March 31, 2009

. Hospital Maçónico de Sorocaba, Brasil

Pegando na “estorinha” da chávena e em algumas outras achegas, especialmente a do nosso Irmão AG que escreveu uma prancha focando a sua preocupação pelo estado “disto”… sendo que o “isto” é, apenas, a sociedade humana, trago ao blog alguns minutos do nosso comportamento. Podemos ser tentados, e somos com enorme frequência (por mim falo !), a considerar que vivemos com dois comportamentos, cada um em seu lugar próprio. Assim, quando em Loja cada um de nós é Maçon, comporta-se como tal, veste, vive e relaciona-se ritualmente de acordo com os regulamentos instituídos e voluntariamente aceites. Uma vez fora da Loja somos profanos, vulgaríssimos, iguais a

Page 292: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

286

todos os restantes humanos que passam por nós ou que connosco convivem socialmente. Na empresa, no transporte, no restaurante, onde quer que estejamos… Ora esta dualidade de estados é totalmente despropositada, mais ainda se a eles fazemos corresponder uma dualidade de comportamentos. Nada explica que dividamos o nosso comportamento como se um deles fosse um heterónimo, ou o nosso outro Eu e o outro fosse o verdadeiro, original. Digo-vos já que se é assim, ou quando é assim, a 2ª versão é sempre prejudicada na verdade que tenta apresentar. Sim, porque em qualquer dos estados (original ou heterónimo) cada um faz questão de querer mostrar a naturalidade da normalidade, só que não é possível enganar todos durante todo o tempo, pelo que a apresentação de duas posturas será sempre, numa delas, com o sacrifício mais ou menos nítido da naturalidade. Quando falamos da guerra, da fome, da iliteracia dos povos, de muitos povos, de muitos milhões de seres humanos, não estamos mais do que a pôr o dedo numa ferida que nos acompanha. Sejamos atentos aos nossos comportamentos. Será que o ser Maçon é um estado de espírito definitivo para todos ? Claro que é durante a aprendizagem permanente que, passo a passo, construímos esse estado de espírito e é passo a passo que nos aproximamos desse objetivo. No entanto a questão primeira está na nossa própria consciência da situação. Porque se não estivermos conscientes de que esse caminho é necessário também pouco

Page 293: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

287

faremos para lá chegar. Acontece que escolhemos demasiadamente a chávena, não dando importância à “qualidade do chocolate” e depois sai-nos “um Porche com motor de Fiat 600”. Para agravar a situação ainda há alguns que mesmo assim vêm para a rua passear o popó todos vaidosos. Quando digo o “popó”, também posso dizer o penacho ! Então qual é o desafio ? Bom, se deixamos os metais do lado de fora é bom que não deixemos a Maçonaria do lado de dentro… apenas. É bom que ela venha connosco ao sair, porque é nossa obrigação integrar todos os Homens na Cadeia de União que formámos enquanto em sessão. O que acontece com frequência excessiva é a Cadeia de União ser exclusivamente interna quando interessa, muito mais, que seja externa. Igualdade, Fraternidade, Solidariedade não são para ficar fechadas. Nesse ambiente murcham e secam… Precisam do ar livre com Sol, Lua, Chuva, Luz… Se a Maçonaria (e portanto os Maçons) for ativa muito dos males da Humanidade poderão ser resolvidos. A comunidade Maçónica tem, ao longo do tempo e por todo o mundo, criado muitas responsabilidades no apoio aos necessitados. Seja criando e gerindo hospitais, sejam escolas e universidades, seja criando e/ou participando em organizações e serviços de apoio social a jovens e velhos, maternidades, lares, e… e…e… Então, como dizia o outro, se está tudo assim tão bem, porque vai tudo assim tão mal ?

Page 294: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

288

Pois é, há uma atuação vastíssima e importantíssima por partedos Maçons ao longo do tempo, mas ainda não chega. É preciso fazer muito mais, é preciso fazer, fazer, fazer…,principalmente fazer, sem anuncio nem anterior nem posterior,simplesmente… fazer ! Em bom português, “que se lixe a chávena !” JPSetúbal

Page 295: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

289

A língua

April 01, 2009

Temos por aqui alguns leitores, acompanhantes,comentaristas que mostram dificuldade, objeção, resistênciaàs alterações trazidas pelo novo acordo, convénio, convençãoestabelecida quanto à nova forma, maneira, configuração deescrever o "português de Portugal".

Pois dando satisfação, alegria, deleite a esses espíritosretrógrados, antiquados, ultrapassados trago aqui a estenosso cantinho, recanto, pedacinho um texto em estilo, feição,modo mais vernáculo, puro, genuíno desse mesmoportuguês... portuguesíssimo.

Este texto é dos melhores registos de língua portuguesa queeu tenho lido sobre a nossa digníssima 'língua de Camões', atal que tem fama de ser pérfida, infiel ou traiçoeira.

Page 296: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

290

Um político que estava em plena campanha chegou a umapequena cidade, subiu para o palanque e começou o discurso:- Compatriotas, companheiros, amigos! Encontramo-nos aqui,convocados, reunidos ou juntos para debater, tratar ou discutirum tópico, tema ou assunto, o qual me parece transcendente,importante ou de vida ou morte. O tópico, tema ou assunto quehoje nos convoca, reúne ou junta é a minha postulação,aspiração ou candidatura a Presidente da Câmara desteMunicípio...

De repente, uma pessoa do público pergunta:- Ouça lá, porque é que o senhor utiliza sempre três palavras,para dizer a mesma coisa?

E o candidato respondeu:- Pois veja, meu senhor: a primeira palavra é para pessoas comnível cultural muito alto, como intelectuais em geral; a segundaé para pessoas com um nível cultural médio, como o senhor ea maioria dos que estão aqui; A terceira palavra é parapessoas que têm um nível cultural muito baixo, pelo chão,digamos, como aquele alcoólico, ali deitado na esquina.

De imediato, o alcoólico levanta-se a cambalear e 'atira': - Senhor postulante, aspirante ou candidato: (hic) o facto, circunstância ou razão pela qual me encontro num estado etílico, alcoolizado ou mamado (hic), não implica, significa, ou quer dizer que o meu nível (hic) cultural seja ínfimo, baixo ou mesmo rasca (hic). E com toda a reverência, estima ou respeito que o senhor me merece (hic) pode ir agrupando, reunindo ou juntando (hic) os seus haveres, coisas ou bagulhos (hic) e encaminhar-se, dirigir-se ou ir direitinho (hic) à leviana da sua progenitora, à mundana da sua mãe biológica

Page 297: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

291

ou à p... que o p.... (hic)!!

Disse, terminei, finei.

Por hoje !

JPSetúbal

Page 298: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

Contents

Pequena nota explicativa 1

L’égalité est la base de toute liberté 3

A língua – 1 10

Atividade Maçónica II 15

Ética e intuição - Intuição e maçonaria 20

Da Loja - Capitulo I 29

Leçon d'un Maitre à son Apprenti 34

Às Senhoras ! 37

A Arte da Amizade 38

Leçon d'un Maitre à ses Compagnons 39

Autores Convidados 42

THE CASTRATION OF FREEMASONRY 48

LINGUA – 2 59

Atividade Maçónica III 65

Atividade Maçónica IV 69

Page 299: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

Closed, Cloistered, Secret Sect Or Open, Fraternal,Society Partner

72

Da incapacidade de escrever um post coerente. 81

Crónicas da Polónia 84

6ª feira com Mozart 93

Colaboração Brasileira 94

O que é uma Loja Maçónica? 98

Pergunta - Resposta versão 2009 105

Republica ou Monarquia 107

Cantando... 109

Autores Convidados - Michael Halleran 110

Tomato , To-mah-to 112

Salvé 2/5/2009 117

Grande Loja - o novo Sitio da Internet 120

Shake Some Hands 122

As 6.ªs da música, com Silêncio... 126

Geminação 128

Page 300: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

Leçon d'un Maitre à son Apprenti - II 130

Abriu a caça aos Pirilampos... 133

Indiferença entre semelhança e diferença 135

Amor ! 137

Reconhecimento Publico 142

Volume da Lei Sagrada 146

A primeira Sessão 149

Antecipação do "fim de semana" 151

Como falamos a democracia? 152

Curso de Pós-Graduação em Filosofia eFundamentação Maçónica - Conclusão

159

Maçonaria Entreaberta - I 161

Maçonaria Entreaberta - II 169

Maçonaria Entreaberta - III 177

A Corrida 182

+ Lusofonia ... 183

Da Regularidade 191

Page 301: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

Da Loja - Capitulo II 195

Ano 3 - balanço 198

As novas tecnologias ! 202

Rui Bandeira 204

Hoje não Há... 206

Solidariedade Pura 207

E TU, QUE FAZES ? 211

Medula Ossea 213

Prince Hall - a outra maçonaria americana 215

Blogueirólico nada anónimo 222

Crónicas da Polónia - Rudyard Kipling 227

O velho é chato... 233

Solsticio de Verão 234

O sítio do poeta que é Grão-Mestre 235

Demagogia ? Dêem-lhe o desconto... 237

Os segredos de Rosslyn (I) 239

Os segredos de Rosslyn (II) 253

Page 302: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

Os segredos de Rosslyn (III) 273

Page 303: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

1

Pequena nota explicativa

April 01, 2009

Antes de proceder à publicação do próximo post, que será amanhãdia 2 de Abril, importa fazer o enquadramento do mesmo.

O seu autor, Mestre Maçon e Antigo Veneravel da Loja MestreAffonso Domingues, é para mim um marco na minha vida maçónicae na vida da Loja.

Corria o ano de 1993 e o VM I.P.C. encarregou-me de fazer umainquirição a um profano. Era a minha primeira inquirição.

Por questões de agenda ficou marcada para o almoço de 22 deOutubro de 1993, num restaurante em Cascais.

Deparei-me com um homem muito experimentado em conversas ereuniões e o inquirido fui eu e não ele. Convem juntar que eu aindanao tinha 30 anos de idade e quem estava a minha frente eraadministrador de uma empresa muito conhecida.

A empatia foi enorme.

Em 1996 convidei-o para ser o 1º Vigilante no meu Veneralato. Foiquem me sucedeu e completou o meu mandato de Março de 1997até ser re-eleito e instalado novamente em Setembro para aqueleque seria de facto o seu mandato, como poder ser lido aqui

Por razões profissionais teve que ir desempenhar funções fora dePortugal, longe da sua loja mas e mais dificil para ele longe da suafamilia.

Continua, ele que sendo francês se radicou em Portugal há muitosanos e aqui constituiu familia ( ja tem netos), a ser um emigrante eestá actualmente em países do Leste Europeu, com maiorincidencia na Polónia.

Page 304: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

2

Maçon convicto e assumido integrou uma Loja na Polónia aRespeitavel Loja La France que trabalha em lingua francesa.

Estou para quem não o conhece a falar do, e escrevo o seu nomeporque para tal ele me deu autorização, Jean-Pierre Grassi.

Contactei-o recentemente incentivando-o a participar neste blog, arelatar-nos a sua vivencia maçonica longe da SUA Loja mãe.

Respondeu-me que o iria fazer. Disse-me que era Orador na LojaLa France e que me mandaria as suas pranchas.

Já começou a mandar. E nos vamos publicar. A prancha está emFrancês e a maioria dos seus textos também o serão.

Os comentários poderão ser em Português ou Francês.

José Ruah

Page 305: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

3

L’égalité est la base de toute liberté

April 02, 2009

Ou serait-ce le contraire? Ou bien alors, est-ce que l’un de ces mots a-t-il un sens sans le second? Ou bien encore, est-ce que ces mots, égalité et liberté, ne sont-ils pas dénués de sens? Du moins dans l’absolu. Serait-ce une hérésie que de dire que Egalité et Liberté sont en soi deux mots abstraits? Voyons. La définition de l’égalité est relativement simple, c’est l’absence complète de distinction entre les hommes sous le rapport des droits: égalité civile, sociale, politique, ... Or nous savons que cet état

Page 306: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

4

d’égalité n’existe pas. Qu’elle soit naturelle, acceptée ou imposée, la différence entre les hommes a toujours existée. La liberté, par définition, est l’absence de contrainte; mais il n’existe pas de liberté absolue. Que se soit la liberté de conscience, la liberté morale, la liberté du culte, la liberté de la presse, la liberté syndicale, ... elle sera toujours limitée, ou conditionnée, par des règles établies par la communauté à laquelle on appartient. En définitive, la liberté, telle qu’on l’entend, est de pouvoir faire tout ce qui n’est pas interdit. Et si ce n’était pas le cas, ce serait l’anarchie, la démocratie directe, comme l’exposait Platon. Cette doctrine qui libère l’individu de toute forme de contrainte. Nous revenons à l’abstraction. Alors? Alors remontons dans le temps, plus précisément les 20, 21, 23, 24 et 26 août 1789. Que se passa-t-il alors? Les représentants du peuple Français, constitués en Assemblée Nationale, ont résolu d’exposer, dans une déclaration solennelle, les droits naturels, inaliénables et sacrés de l’homme. Ce fut la “Déclaration des Droits de l’Homme et du Citoyen” dont la première phrase de l’Article premier est: Les hommes naissent et demeurent libres et égaux en droits. En théorie, cette simple phrase constituée de dix mots résolvait un problème aussi vieux que l’homme est homme. En réalité, et

Page 307: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

5

justement parce que l’homme est homme, il n’a pu réaliser les idéaux contenus dans cette phrase, tout au moins jusqu’en cette veille du XXIème siècle. Et cela malgré cette autre grande affirmation que fut la “Déclaration universelle des droits de l’homme”, adoptée et proclamée le 10 décembre 1948 par l’Assemblée Générale des Nations Unies, et dont l’article premier est: Tous les êtres humains naissent libres et égaux en dignité et en droits. Ils sont doués de raison et de conscience et doivent agir les uns envers les autres dans un esprit de fraternité. Remarquons au passage que, dans ce premier article, apparaît le mot “Fraternité” qui, lié à “Liberté” et “Egalité”, constitue non seulement la devise de la France mais aussi, depuis le milieu du dix-neuvième siècle, le ternaire sacré de la Maçonnerie. Traditionnellement en France, on a toujours opposé la Liberté de 1789 et l’Egalité de 1793. L’égalité de droit a sans cesse progressé. Ce progrès continue, mais semble presque au bout, à son terme, en tout cas dans nombreux pays. Dans le même temps où l’on est arrivé presque à la perfection de l’égalité de droit, on a vu s’aggraver les inégalités de fait. Il y a d’abord les handicaps naturels, ils sont normaux et il ne faut pas chercher à les nier en essayant de cloner les gents intelligents! Il existe et il existera toujours des différences.

Page 308: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

6

D’ailleurs, quand Plantagenêt disait que “l’égalité n’implique pas le nivellement des valeurs”, il sentait bien ce qu’il y avait d’absurde dans cette notion trop absolue d’«égalité». Ces inégalités sont de sources diverses; l’intelligence de l’individu, son hérédité, ses conditions familiales, son aptitude à la scolarisation, sa citoyenneté, la localisation géographique de son habitat et, principalement, ses revenus! Les inégalités sociales sont dramatiques, l’écart entre les revenus les plus élevés et les plus modestes se creuse chaque jour plus, et les inégalités deviennent de moins en moins supportables car le fatalisme n’est plus de mise, les écarts sociaux sont consciemment perçus. Sans compter que d’autres inégalités se sont sans doute aussi aggravées, ce sont les inégalités entre peuples. Jusqu’à présent, on a largement raisonné en termes d’égalité au sein d’une nation, c’est oublier les inégalités entre les pays riches et les pays pauvres, en Europe et dans le Monde, et celles là sont gigantesques. Il suffit de se pencher sur le phénomène européen qui prône la liberté de circulation à l’intérieur de ses frontières mais qui interdit, en même temps, son accès aux gens du Sud. Ce n’est ni l’égalité des droits, ni l’égalité des conditions. C’est également oublier le préambule de la Déclaration universelle des droits de l’homme qui rappelle que les peuples ont proclamé

Page 309: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

7

leur foi dans les droits fondamentaux de l’homme, dans la dignité des valeurs de la personne humaine, dans l’égalité des droits des hommes et des femmes, et qu’ils se sont déclarés résolus à favoriser le progrès social et à instaurer de meilleures conditions de vie dans une liberté plus grande. Cette vision, lorsqu’elle est appliquée, a normalement un caractère fonda- mentalement nationaliste, même si notre Europe joue un rôle positif par sa redistribution et ses fonds de péréquation. Dans ce cas précis, l’Europe est l’image d’une nation globale, limitée à l’espace géographique de ses états membres. Des étudiants portugais écrivaient dans une thèse sur la Révolution Française: “Au long des 200 dernières années, l’égalité, par le biais du développement social, n’a fait que augmenter les inégalités, et la fraternité a été abandonnée en un monde qui a placé l’affirmation des Etats Nationaux au dessus de la solidarité entre les peuples.” L’égalité est-elle la base de toute liberté? Qu’est-ce que l’on entend par «liberté»? Ce qui consiste à faire tout ce qui ne nuit pas à autrui? L’exercice des droits naturels de chaque homme qui n’a de bornes que celles qui assurent aux autres membres de la société la jouissance de ces mêmes droits? L’égalité des conditions est une utopie; elle n’est ni possible, ni d’ailleurs souhaitable car, paradoxalement, négatrice de la liberté.

Page 310: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

8

Ce qui pourrait être même dangereux, c’est l’accent mis sur la liberté; la liberté absolue tue l’égalité de même que l’égalité absolue tue la liberté. Personne n’a encore trouvé le bon point d’équilibre sans que l’un détruise l’autre. Les bornes de cette liberté ne peuvent être déterminées que par la loi. Et la loi, par définition, est égale pour tous. Donc, une certaine égalité est la base d’une certaine liberté. Il n’existe pas d’absolu. Ce qui est souhaitable, comme le réfère la “Déclaration universelle des droits de l’homme”, c’est que ce concept soit humanisé par un sentiment qui parait indissociable de son contenu: la fraternité. Et afin qu’elle prenne tout son sens et qu’elle soit réellement applicable, et appliquée, la devise Maçonnique, “Liberté, Egalité, Fraternité”, devra être toujours associée à la solidarité, à la tolérance et à l’universalité. Mais même en Maçonnerie l’égalité n’est pas la base de la liberté. Du moins, l’égalité n’est pas toujours synonyme de liberté. Dans un Ordre qui prône la Tolérance, il existe des règles auxquelles les Maçons doivent se soumettre. Ce sont les Landmarks (ou Règles, ou Statuts, ou Limites) qui dictent quelle doit être l’attitude du Frère dans la Maçonnerie, et par extension, dans le monde profane.

Page 311: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

9

Même si, comme le dit Jean Boucher, “En Maçonnerie,contrairement à ce qui a lieu dans la plupart des autresgroupements humains, chaque Frère garde une liberté entière; il nepeut ni ne doit recevoir aucun mot d’ordre susceptible d’influencerses actes”, le Maçon devra respecter néanmoins les règles édictéespar les règlements de sa Loge et de sa Grande Loge. Il ne pourraévoquer “au dehors” ce à quoi il a participé “à l’intérieur”, saconscience étant liée, dans ce cas, au jurement qu’il fait lors de lafermeture des travaux de sa Loge de Saint-Jean. L’Initié, lorsqu’il est fait Maçon, cet homme «libre et de bonnerenommée» s’entendra appeler “Frère” par ses nouveaucorreligionaires. Il pourrait imaginer que, de ce fait, il sera leur égalet qu’il jouira des mêmes libertés qu’eux. Il n’en est rien. Il lui faudraattendre d’être Maître pour pouvoir user de la parole en Loge, àl’instar de tous les Apprentis et Compagnons. Pour conclure, rappelons que l’égalité absolue entre les hommesexiste, une fois et une seule, au long de leurs existences. Le jour oùle Grand Architecte de l’Univers nous appellera auprès de lui, àl’Orient Eternel, le jour où, effectivement, nous ne serons plus librede notre choix. C’est l’heure du Jugement Final où l’homme n’estplus maître de son destin Ce jour-là, cette égalité totale finalement obtenue sera synonymed’absence totale de liberté, quelle qu’elle soit. Jean-Pierre GRASSI

Page 312: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

10

A língua – 1

April 03, 2009

O primeiro texto “A língua” foi o pontapé de saída para Vos trazer uma experiência pessoal que considero muito curiosa e que quero partilhar convosco. Claro que o facto de Portugal ter entrado em campanha eleitoral ajudou a recordar aquela anedota do português “vernáculo”, mas não só ! De Espanha nem bom vento, nem bom casamento… e muito menos boas laranjas ! Parece um começo esquisito para um texto escrito por um Maçon… e, como de costume, o que parece é !

Page 313: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

11

Como é devido segue-se a explicação. Há poucas semanas (meia dúzia, se tanto) tomei contacto com um estudioso da língua portuguesa (Roberto Moreno), homem possuidor de um curriculum e tanto, Professor universitário em Universidades várias em Portugal e no Brasil, Palestrante pelo mundo fora, Licenciado e Doutorando em Comunicação Social, Mestre em Ciências da Comunicação, Marketing e Economia... Digo-vos que o RM circula com um "camião" para poder transportar os títulos todos (para desespero do ZéRuah só não inclui o tal de “par de botas”…). Foi um contacto giríssimo e eu, pobre analfabeto e gago quando chega a hora, fico sempre de beiço quando me aparece alguém que fala durante uma hora, como se fosse um minuto. Fico mais ou menos anestesiado ! Esta declaração de interesses serve principalmente para os leitores tomarem a cautela necessária aos descontos de entusiasmo. Pois bem, ouvi em auditório uma dissertação sobre o tema “linguística portuguesa, lusófona e (aqui o grande achado) iberófona” !!! Linguística Iberófona… Nunca me tinha passado pela cabeça, e se isso não constitui nenhuma surpresa tratando-se da minha, já é de tomar alguma atenção quando a esta se juntam mais umas dezenas que também estavam no tal auditório. Após a sessão entendi que devia perceber melhor a coisa e fui falar com o “desafiador”. E aqui estabeleço o contacto com a Fundação Geolíngua !

Page 314: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

12

Maravilhoso o conceito, e tão irritantemente simples que até eu, há anos que ando a dizer o mesmo (bem, quase o mesmo…), mas sem o saber. A base é um axioma: - Os espanhóis são broncos a falar seja o que for diferente do castelhano. Há uma dificuldade natural resultante da estrutura mental/falante dos “hermanos” que lhes retira todo e qualquer ginástica mental/falante capaz da adoção de estruturas linguístico/gramaticais diferentes das deles. Isto é bastante claro no dia a dia prático, mas acontece que nesta teoria da Geolíngua, este facto é teorizado constituindo a base de todo o pensamento daí decorrente. Uma 2ª parte completa aquele axioma: - Os portugueses tem uma capacidade natural para adoção de soluções mental/falantes diferentes das suas originais. Como bem se percebe uma teoria completa a outra. É a base de uma língua de cultura aberta, bilingue como diz o autor (o português) e uma língua de cultura fechada (o castelhano). Agora há que acrescentar as quantidades, isto é, para a “caldeirada” os ingredientes já estão ! Agora é só uma questão de quantidades e de mais algum temperozito para animar o sabor. Na 1ª parte do axioma podemos juntar naturalmente todos os países de língua oficial espanhola (a América Central e do Sul quase toda, o que significa cerca de 480 milhões de pessoas) e na 2ª parte desse axioma os países de língua oficial portuguesa (África, América do Sul, Ásia,… o que significa mais cerca de 220 milhões pessoas). Ora vejamos, se fizermos as contas encontramos cerca de 700

Page 315: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

13

milhões de seres falando estas duas línguas base (castelhano e português). Bom, mas o autor dá mais um passo e acrescenta que na verdade falar português não se fica por falar TAMBÉM 90% do castelhano. A esta operação pode-se juntar como verdadeira (a prática o confirma) TAMBÉM 50% do francês e TAMBÉM 25% do italiano. Somem tudo e ficamos com meio mundo a entender-se em português, pelo menos do ponto de vista geográfico. Ora isto é particularmente interessante, tanto mais que a tentativa de construir uma língua universal (o Esperanto) fracassou por completo e está arrumada na gaveta de baixo das ciências que tratam estas coisas. Outras achegas para esta teorização. A China tem 2 500 milhões de humanos, habitando um território útil razoavelmente reduzido, com dezenas de etnias (56 reconhecidas oficialmente) e dezenas de dialetos incompreensíveis entre si (o mandarim está muito longe da generalização). A Índia tem 1 100 milhões de pessoas espalhadas por 28 estados, 6 territórios e 23 línguas oficiais (vinte e três) faladas por dezenas de raças, castas e religiões. Estas são as duas maiores estruturas nacionais a nível mundial, que em termos do que interessa ao nosso assunto reforçam o peso da relação bilingue daquele. “Apenas” mais de… 700 milhões de falantes que se entendem, só com o português...

Page 316: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

14

Já alguma vez tinham feito esta conta ? Bom, talvez se perceba agora que esta coisa da “Língua e CulturaIberófona” tem pernas para andar, por contraposição da “Língua eCultura Lusófona”. Mas há mais qualquer coisa a dizer sobre isto. JPSetúbal

Page 317: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

15

Atividade Maçónica II

April 04, 2009

Então que temos nós para este fim de semana ? Bom, aparentemente, pelo menos, bom tempo. Já não é mau ! Hoje prefiro retomar o tema “Atividade Maçónica” para moer o juízo aos leitores que não nos deixam sem uma visitinha diária. Um Amigo e Irmão que ainda não escreve no A-Partir-Pedra mas que é responsável involuntário por vários textos que aqui trouxe, mandou-me mais uma mensagem cujo conteúdo eu aproveito para hoje. Devo dizer que o aspeto focado é um dos que mais realce merece, diretamente e profundamente relacionado connosco e com a nossa atitude perante a vida e os que nela nos acompanham. A situação aqui ensaiada deverá ser uma das preocupações permanentes do Maçon. Como escrevi no post temático anterior, ao Maçon cabe “fazer” (um “fazer” substantivo, não o fazer, verbo). No que se refere à sociedade e ao relacionamento com essa mesma sociedade, ao Maçon compete “fazer”, “fazer” pura e simplesmente, “fazer” sem retribuição, sem alardes, sem holofotes. “Fazer” o melhor esperando o pior, e não se contentando quando aquele

Page 318: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

16

“fazer” não resulta. Nessa altura terá de “refazer” ! O relacionamento social humano é complicado, apenas porque oshumanos são complicados. mas não há grande esperança numasociedade que vive de costas voltadas para os seus integrantes. Afloresta de costas voltadas para a árvore vai a caminho do fim. Vailevar tempo mas o caminho será esse, árvore a árvore, cada umase isola, murcha e morre. E quando a última árvore tiver caído, nãohaverá mais floresta e, o que é pior, não haverá possibilidade derecuperação. O que aqui se conta ter-se-á passado durante uma tese demestrado de um curso de Psicologia, no Brasil. E choca que hajamtantos “transparentes” à nossa volta. Saltou-me de imediato à ideia os “intocáveis” na Índia… Naverdade também os temos por cá ! Certamente o termo é conhecido de todos mas, pelo sim, pelo não,sempre esclareço que “gari”, no português do outro lado do rioAtlântico, significa “Varredor de rua”, “Almeida” como se diz emLisboa. “A palavra gari vem do nome de Pedro Aleixo Gari que, durante oImpério, assinou com a Corte brasileira o primeiro contrato delimpeza urbana no Brasil. Aleixo costumava reunir no Rio deJaneiro, cidade onde morava, funcionários para limpar as ruas apósa passagem de cavalos, o que nessa época era muito comum.”(Yahoo-Brasil)

'O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME AEDUCAÇÃO QUE RECEBE'

-'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível.'

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese demestrado da 'invisibilidade pública'.

Page 319: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

17

Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas afunção social do outro. Quem não está bem posicionado sob essecritério, vira mera sombra social.

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme etrabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade deSão Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, ostrabalhadores braçais são 'seres invisíveis, sem nome'. Em suatese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmenteprejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde seenxerga somente a função e não a pessoa.Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia osalário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante queteve a maior lição de sua vida:

-'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari,pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência',explica o pesquisador (Psicólogo).

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto enão como um ser humano.

-'Professores que me abraçavam nos corredores da USPpassavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme.Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedirdesculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostadoem um poste, ou em um orelhão', diz.

- No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o

Page 320: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

18

serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas derefrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, nalatinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande,esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabordo café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, nãolivre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas derefrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga,tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a canecaimprovisada, parece que todo mundo parou para assistir à cenacomo se perguntasse: 'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a bebernessa caneca?' E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece queevaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada,brincar.

1. O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?

-Uma vez, um dos garis me convidou para almoçar no bandejãocentral. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro,passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar,passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centroacadémico, passei em frente a lanchonete, tinha muita genteconhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu.Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eunão o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como seardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti ogosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

2. E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?

-Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer,

Page 321: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

19

porque ele ia passar por mim, podia trocar uma ideia, mas opessoal passava como se tivesse passando por um poste, umaárvore, um orelhão.

3. E quando você volta para casa, para seu mundo real?

-Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que vocêestá inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais.Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doençaBurguesa. Esses homens hoje são meus amigos, Conheço afamília deles, frequento a casa deles nas periferias. Mudei, nuncadeixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de otrabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados piordo que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome.São tratados como se fossem uma 'COISA'. Ser IGNORADO é umadas piores sensações que existem na vida! HOJE MUDEI EAGRADEÇO AO MEU MESTRADO.

Fernando Braga da Costa

Ser “ignorado”, “ ser “esquecido”, ser “deixado para trás”… MeusIrmãos e então para que serve a nossa Cadeia de União ? Cadê osnossos invisíveis, as nossas sombras sociais… ? Que fazemoscom eles ?

Deixo a pergunta para se entreterem durante o fim de semana.Aproveitem e digam pelo menos “bom dia” à sombra que ali vai…

JPSetúbal

Page 322: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

20

Ética e intuição - Intuição e maçonaria

April 05, 2009

Eis aqui uma bela parceria, Intuição e Maçonaria. Quando se buscaautoconhecimento, a Filosofia e o desconhecido unem-se de mãosdadas com os Símbolos e com tudo aquilo que conhecemos. Noentanto, muito do que nos surge em pensamento ou palavras, eque nos faz reconhecer aquilo que há muito já sabíamos ou aindasensações que nos surgem quando precisamos de respostasinternas rápidas, nada mais são do que nuances da tão propaladaIntuição.

No princípio do século passado, expoentes das ciências fizeramuma desconcertante afirmação: A maioria de nós passa a vida emorre sem haver desenvolvido mais do que 10% da nossacapacidade mental.

Page 323: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

21

O objectivo deste trabalho é trazer algumas reflexões sobre ailuminadora capacidade mental, o dom chamado Intuição, analisadano ambiente de conhecimento das instituições iniciáticas, dandoaos nossos Irmãos a oportunidade, quer seja através de debates,de reflexões ou estudos sistemáticos. Isso é Maçonaria, pensar eestimular o outro a também pensar.

A intuição humana é matéria altamente instigante, maravilhosa e aomesmo tempo importantíssima para o desenvolvimento do homemno encontro com seu verdadeiro destino.

Ela parece trazer as mesmas características do ar: é eflúvia,fluídica, é impossível de se tocar com a mão. Nós sentimo-la, masnão a podemos ver, é transparente e subtil como uma leve brisa.Por isso abordar este assunto é um trabalho relativamentedelicado, visto que se pode vaguear para o campo da imaginação.

Despida do seu traje supersticioso, a intuição não é somente umaferramenta no caminho da sabedoria emanada do coração -consciência, mas uma actualíssima matéria no mundo da gestãodos altos negócios, um precioso instrumento nas mais variadasáreas de pesquisas e nas descobertas e invenções maisavançadas das ciências modernas.

Não é sem razão que a intuição é hoje objecto de altos estudos emcentros avançados do primeiro mundo, como o IMD (InternationalInstitute for Management Development) da Suíça, ou da StanfordBusines Scool, ou do Instituto de Tecnologia de New Jersey, ou aKoestler Fundation de Londres, só para citar alguns exemplos.

Page 324: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

22

Cientistas e pensadores sérios e do mais alto nível debruçam-sesobre esta realidade em todo o mundo, revitalizando um saber queos antigos mestres já haviam utilizado. Por tudo isso não é sempropósito prognosticar que após a era da razão estaríamosentrando na era da intuição.

O que é intuição

A primeira coisa que vamos fazer é desmistificar a intuição.Devemos tratar essa poderosa capacidade sem preconceitos e semsuperstição. Clarividência, premonição, psicofonia, daemon, musas,visões, misticismo, percepção extra-sensorial, tais termos, namaioria das vezes insuficientes, procuram denominar aspotencialidades intuitivas e necessitam ser desmistificados,estudados e encorajados em nós.

É um fenómeno psíquico muito natural e presente no quotidiano denossas vidas. A palavra "intuição" é derivada do termo latino intueri(in+tueri), que significa "olhar para dentro". É sempre umalinguagem interna que facilita o "insight" (inspiração).

"Conhece-te a ti mesmo e aumentarás a tua intuição"

O mergulho interior é uma forma de ampliar a intuição.

Não se pode complicar uma coisa simples, porém, regra geral, quando se aborda esta esplêndida dimensão humana, encontramo-nos a utilizar palavras com significados obscuros e muitas vezes ambivalentes como, por exemplo: intuição é revelação, metafísica, fé, êxtase, premonições, sexto sentido,

Page 325: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

23

percepção extra-sensorial, clarividência etc.

O sistema intuitivo é como uma grande antena, que recolheinformações não-verbais. É importante entendermos desde já que aintuição se expressa por uma linguagem não-verbal, isto é,geralmente a sua comunicação não se faz através de palavras,mas de símbolos e sensações.

Qual de nós já não teve uma premonição que nos salvasse decometer algum erro; que não se sentiu inspirado a escrever umapoesia, um texto ou uma pintura? Qual de nós já não descobriu asolução de um problema por pura intuição; que percebeu umacoincidência que teve dificuldade de atribuí-la ao acaso? Qual denós que não ouviu aquela voz interna que nos impeliu em algummomento de nossa vida e, depois de agir sem ter uma explicaçãológica, viu que foi acertado?

A intuição de algo é um conhecimento que parece chegar até nóssem sabermos de onde vem. É uma percepção súbita. A intuiçãonunca adormece.

O átomo, por exemplo, foi intuitivamente conhecido na Grécia hámilhares de anos e só há algumas décadas passou a ser objecto deexperiências dos cientistas.

Einstein já afirmara que as verdades elementares do universosomente são alcançadas através de nossa intuição.

O que é a ética?

Page 326: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

24

A ética é uma característica inerente a toda acção humana e, poresta razão, é um elemento vital na produção da realidade social.Todo homem possui um senso ético, uma espécie de "consciênciamoral", estando constantemente avaliando e julgando as suasacções para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justasou injustas.

Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob aóptica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadascom o agir individual, essas classificações sempre têm relação comas matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedadese contextos históricos.

A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida,mantendo com os outros, relações justas e aceitáveis. Via de regraestá fundamentada nas ideias de bem e virtude, enquanto valoresperseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numaexistência plena e feliz.

Nas nossas relações quotidianas estamos sempre diante deproblemas do tipo: Devo sempre dizer a verdade ou existemocasiões em que posso mentir? Será que é correcto tomar talatitude? Devo ajudar um amigo em perigo, mesmo correndo riscode vida? Existe alguma ocasião em que seria correcto atravessarum sinal de transito vermelho? Os soldados que matam numaguerra podem ser moralmente condenados pelos seus crimes ouestão apenas a cumprir ordens?

Diante dos dilemas da vida, temos a tendência de conduzir nossas acções de forma quase que instintiva, automática, fazendo uso de

Page 327: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

25

alguma "fórmula" ou "receita" presente em nosso meio social, denormas que julgamos mais adequadas de serem cumpridas, porterem sido aceitas intimamente e reconhecidas como válidas eobrigatórias. Fazemos uso de normas, praticamos determinadosactos e, muitas vezes, servimo-nos de determinados argumentospara tomar decisões, justificar nossas acções e nos sentirmosdentro da normalidade.

Ética é um conjunto de valores que deve orientar o nossocomportamento em termos sociais e no nosso relacionamento comos outros. A ética pode ser interpretada como um termo genéricoque designa aquilo que é freqüentemente descrito como a "ciênciada moralidade"; o seu significado derivado do grego, quer dizer'Casa da Alma', isto é, suscetível de qualificação do ponto de vistado bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, sejade modo absoluto.

Em Filosofia, o comportamento ético é aquele que é consideradobom, e, sobre a bondade, os antigos diziam que: o que é bom paraa leoa, não pode ser bom à gazela. E, o que é bom à gazela,fatalmente não será bom à leoa. Este é um dilema ético típico.

Portanto, de investigação filosófica, e devidas subjetividades típicas em si, ao lado da metafísica e da lógica, não pode ser descrita de forma simplista. Desta forma, o objetivo de uma teoria da ética é determinar o que é bom, tanto para o indivíduo como para a sociedade como um todo. Os filósofos antigos adoptaram diversas posições na definição do que é bom, sobre como lidar com as prioridades em conflito dos indivíduos versus o todo, sobre a universalidade dos princípios éticos versus a "ética de situação".

Page 328: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

26

Nesta, o que está certo depende das circunstâncias e não de umaqualquer lei geral.

Ética e intuição na Maçonaria

Se os segredos menores são acessíveis a qualquer um, bastando autilização da capacidade racional, sem a consideração ética docarácter do homem que busca, o mesmo parece não acontecercom os grandes segredos atingidos pela nossa capacidadeintuitiva. A falta de ética é um obstáculo intransponível para quemquer atingir as verdades somente visíveis através do olho intuitivo.A imoralidade é uma venda negra que encobre a visão do homemimpuro.

Sem ética não há intuição, sem intuição não há revelação.

Neste caminho há um lema que deve ser considerado: Antes detudo, honestidade consigo mesmo e para com os outros!

Se há um ponto em comum entre todas as grandes doutrinassapienciais e as milenares religiões são a insistente pregação dasensibilidade e prática do bem por parte do homem.

Nas instituições místicas filosóficas não poderia ser diferente. Não é sem razão que as escolas de ensinamentos reservados em círculos restritos, após um julgamento do Profano, introduz o iniciado no estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto. E para tal mister se utiliza também da sua intuição,

Page 329: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

27

quando lança mão de Ritos e Símbolos, portadores demaravilhosas mensagens como o esquadro e a pedra bruta, sópara exemplificar.

Para poder evoluir nos mistérios, o Iniciado necessita de ter oespírito sensível ao bem, entendido como uma qualidade atribuídaa acções e a obras humanas que lhes confere um carácter moral.

Esta qualidade anuncia-se através de factores subjectivos, como osentimento de altruísmo, fraternidade, utilidade, o sentimento dedever, a disposição da alma que nos induz a praticar o bem, ocombate constante ao vício e o trabalho para acostumar o nossoespírito a curvar-se às grandes afeições e a não conceber senãoideias sólidas de Bondade e de Virtude. Isto porque é só regulandoos nossos costumes pelos princípios eternos da moral, poderemosdar à nossa alma esse equilíbrio de força e de sensibilidade queconstitui a sabedoria, ou antes, a ciência da vida, como ensinam aslições das veneráveis instituições.

Esta é uma das condições sine qua non para o desenvolvimento deuma ampla visão por parte do Iniciado.

Adaptação livre de texto de Autor Desconhecido

BIBLIOGRAFIA:

• "INTUIÇÃO E MAÇONARIA" de Fernando César Gregório -Editora "A TROLHA"

Page 330: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

28

• "O QUE É ÉTICA" de Álvaro L.M. Valls - 7ª edição - EditoraBrasiliense.

• Berrett Koehler - The Moral Advantage - How to Succeed inBusiness by Doing the Right Thing

• IRM Press - Contemporary Issues in Ethics and InformationTechnology

• Wikipedia

Page 331: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

29

Da Loja - Capitulo I

April 06, 2009

Artic Lodge Temple

Em Novembro de 2007 escrevi um post a a que chamei “ Da Loja –Prefácio” e que pode ser lido aqui .

Por uma razão ou por outra não escrevi de então para cá qualquer outro capítulo sobre este tema. Maçonaria, já foi dito aqui no blog inúmeras vezes, é intemporal pelo que os 16 meses que passaram não significam nada em termos relativos, é como se tivesse sido a semana passada. Retomo portanto o tema que abordei há uns tempos e que pretende analisar as Lojas nalgumas das suas vertentes. Hoje falarei do percurso no tempo. As Lojas como qualquer organismo societário têm várias fases de vida, a saber:

Page 332: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

30

Constituição, Instalação e Levantamento de Colunas. Os primeiros anos. A Velocidade de Cruzeiro. O Declínio. O Abate de Colunas. Todas estas fases são importantes e decisivas. Constituição, Instalação e Levantamento de Colunas Começa aqui uma Loja. Alguns Irmãos juntam-se e tomam a decisão de formar uma nova Loja. Reúnem a documentação necessária, seguindo o estipulado no regulamento geral e fazem a petição de Constituição. Esta petição é analisada e a respectiva autorização concedida ou não pelo Grão-Mestre, que para tal emite um decreto de Constituição. É convocada então uma sessão extraordinária de Grande Loja, com o objectivo único de instalar a nova Loja e simbolicamente fazer o Erguer Colunas. Esta Cerimónia, cheia de simbologia se bem executada é de uma beleza fantástica transportando-nos a eras míticas. Nesta altura são investidos os 3 Oficiais principais da Loja ou seja o Venerável e os Vigilantes. Os primeiros Anos

Page 333: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

31

São fundamentais para a consolidação da Loja. É nesta altura que o entusiasmo é maior e que se torna necessário estabelecer as bases do projecto. Toda a gente quer fazer coisas e a estruturação das actividades é importantíssima para que os esforços não se dispersem e a frustração pelo não acontecimento não sobrevenha. Nestes anos o trabalho ritual de iniciação e de subidas a companheiro e a mestre assume uma grande importância e ocupa a maior parte das sessões. A Velocidade de Cruzeiro Esta fase que se quer a mais longa é a da implementação do projecto que foi decidido nos anos anteriores. Nesta fase a Loja já estável no que a quadros e membros diz respeito pode dedicar-se a melhorar a instrução, a discutir assuntos mais delicados, e sobretudo a manter viva a chama. As iniciações continuam, eventualmente a ritmo mais lento e com um maior escrutínio dos candidatos, não porque antes o processo fosse leviano, mas porque agora os mestres também estão mais seguros de si e são mais experientes. O grau de exigência aumentou, não só para a escolha de novos membros mas essencialmente para o tipo de trabalho que permite a progressão até ao grau de mestre. Uma das coisas que é normal acontecer é a Loja aumentar de tamanho e dentro dela nascerem projectos alternativos que levam a que uma parte dos Irmãos se congregue para iniciar outro caminho ou seja fundar uma nova Loja, que será “filha” da primeira.

Page 334: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

32

Nesta fase é fundamental prestar atenção à motivação, pois se ela desaparecer a Loja perderá pujança. O Declínio É isso mesmo. A assiduidade começa a decrescer, o interesse dos membros diminui. Não se fala do assunto, deixa-se ir. Os projectos são abandonados. É frequente acontecerem desentendimentos, há sempre quem não aceite a derrota facilmente e queira lutar por encontrar um novo caminho que relance a Loja. Pode acontecer ou não. Quando acontece a Loja recomeça o ciclo como se fossem os primeiros anos, quando não acontece é o fim. O abate de Colunas Voltamos ao processo administrativo. Aplicam-se o regulamentos e a Loja cessa de existir. Os seus activos passam a ser da Grande Loja. Os membros vão para outras Lojas ou abandonam a Ordem. É o fecho de um ciclo. Como se pode ver uma loja, do ponto de vista evolutivo, não é muito diferente de uma qualquer sociedade, associação, grupo formal ou informal. Nasce, desenvolve-se, atinge a maturidade e termina. Todavia uma loja é muito diferente de uma sociedade, associação

Page 335: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

33

ou grupo, porque uma Loja é mais que um aglomerado de pessoas.

Mas isso fica para um próximo artigo.

José Ruah

Page 336: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

34

Leçon d'un Maitre à son Apprenti

April 07, 2009

Mon très cher Frère A l’instar de millions de Francs-Maçons qui, au long des siècles passés, ont été initiés sur les 5 continents, tu viens de renier ta vie profane pour partir à la recherche de la lumière. Je dois te prévenir que ce sera un chemin long à parcourir, parfois monotone, parfois exaltant, mais ce sera surtout un long travail personnel d’étude et de recherche sur toi-même afin d’atteindre ce que chacun de nous recherche. Ne te décourage jamais, il y aura toujours une main fraternelle qui sera prête à t’aider à franchir les obstacles que tu pourras rencontrer. Notre Ordre est ainsi fait que, où que tu sois, l’universalité de la Maçonnerie sera toujours présente. La Fraternité n’est pas, pour nous, un vain mot, une valeur sans fondements.

Page 337: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

35

Aujourd’hui, tu viens d’être reçu Apprenti Maçon. C'est-à-dire que tu vas apprendre pourquoi et comment sera ta nouvelle vie. Le terme « Apprenti » n’est pas péjoratif, loin de là. D’ailleurs, un de mes maîtres en Maçonnerie me disait qu’il était toujours un apprenti, après tant d’années passées en Loge, car tellement éloigné de la connaissance. Tu vas donc apprendre et c’est ici, dans ce lieu que nous dénommons « Loge » que se fera ton apprentissage. J’ai le devoir de t’informer que tu ne pourras pas exercer le droit de parole lors de nos tenues, avant que nous jugions que tu sois apte à recevoir le 3ème et dernier grade de la Franc-maçonnerie qui est celui de Maître Maçon. Les Frères Apprentis et Compagnons se taisent en Loge. Donc, regarde et écoute, et nous t’aiderons à comprendre et à progresser dans ton travail. Tu dois savoir que nous sommes actuellement dans ce que nous appelons « une tenue de loge », c'est-à-dire, une session de travail rituel qui réunit tous les frères de la Loge. Un mot important, « Rituel » ! Le déroulement de nos travaux de loge dans notre Rite, qui est le Rite Ecossais Ancien et Accepté, respecte une tradition immuable depuis les premiers jusqu’aux derniers mots prononcés par le Vénérable Maître. C’est le Rituel des Travaux. La tenue peut être plus ou moins longue, en fonction de l’ordre du jour, mais elle obéira toujours à la même liturgie. C’est pourquoi, lorsque tu assisteras dans le futur à une tenue d’une autre Loge, ici

Page 338: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

36

ou ailleurs dans le monde, tu ne seras jamais dépaysé car, si lalangue parlée sera différente, le Rituel, lui, sera toujours le même. Pour terminer, je vais te lire le texte suivant : « Les dernières qualités que nous exigeons encore de toi sont unediscrétion à toute épreuve sur tous les secrets qui te seront révélés; une volonté ferme et constante d’aimer tes Frères, de les protéger,de les secourir dans leurs besoins, de les éclairer de tes lumières,de les édifier par tes bons exemples, de sacrifier tout ressentimentpersonnel et de rechercher, en un mot, tout ce qui peut contribuer àla paix, à la concorde et à l’union de la Société. » Tu vois, ces phrases on été écrites en 1772 et ont été prononcées,elles aussi, par l’Orateur, lors de l’initiation d’un profane, tel que tul’as été aujourd’hui. Ce texte contient la référence de toutes les valeurs morales qui,aujourd’hui encore, sont exigées des Francs-maçons. Et je ne doutepas, en te regardant, d’avoir en face de moi un homme quirespectera, tout au long de sa vie, ces valeurs fondamentales. Mon très cher Frère , au nom de tous, je te souhaite la bienvenueau sein de la Maçonnerie Universelle, en général, et parmi nous,dans notre Loge, en particulier.

Jean-Pierre GRASSI

Page 339: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

37

Às Senhoras !

April 08, 2009

De entre os brindes tradicionais há um que se destaca porque nãotem muito a ver com a Maçonaria, ou se calhar tem.

Falo do Brinde às Senhoras, sejam elas a nossa mulher, mãe,irmãs ou amigas.

Este brinde através do qual os Maçons homenageiam as senhoras,e reconhecem a sua importância na estabilidade da vida da família,é talvez o mais significativo de todos.

Os deveres associados à família são muito importantes para aMaçonaria, e sobrepõe-se aos deveres para com a Loja.

Por isso mesmo hoje o meu post é para homenagear a Senhoraque faz o favor de ser minha mulher que festeja nesta dataaniversário importante.

Requisito assim para mim o 6º Brinde.

“Meus Irmãos, por ordem do Venerável peço-vos que levanteis osvossos copos e me acompanheis neste Brinde:

ÀS SENHORAS !!!!! “

José Ruah

Page 340: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

38

A Arte da Amizade

April 09, 2009

Desta vez deixo-vos um desafio.Estão de férias (os que estão, claro...) e precisam de algo para seentreterem (a V. imaginação é uma lástima...) pelo que Vos deixoalgo para tentarem.É aliciante, mas é preciso ser Artista. Também compensa, mas nãoé fácil. Como diz o outro, 90%de trabalho + 10% de habilidade !Ocupem o V. tempo e tentem fazer um Amigo. Vá, mexam-se !Este vídeo não é propriamente uma novidade. Circula por aí, mas...Amigos a sério não há muitos. Vale a pena tentar sempre mais um.

Embedded File ()

Boas férias e divirtam-se.

JPSetúbal

Page 341: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

39

Leçon d'un Maitre à ses Compagnons

April 13, 2009

Mes très chers Frères … Compagnons ! Con panis ! Qui partage le pain ; Le copain, comme nous disons aujourd’hui. Quel beau nom pour un grade qui, souvent, et à tort, est dénigré. Au grade de Compagnon, l’équerre et le compas se presentent de façon differente. C’est-à-dire que vous avez atteint l’équilibre entre la matière et l’esprit. Le travail que vous avez accomplit lors de votre apprentissage, a permis de vous libérer des préjugés qui sont l’apanage des profanes. La pierre sur laquelle vous avez travaillé, comme Apprentis, était brute et informe. Vous l’avez nettoyée et dégrossie et nous, les Maîtres de cette Respectable Loge, nous avons observé avec

Page 342: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

40

attention vos efforts et les progrès que vous avez faits. Satisfaits de votre travail, nous vous avons accordé le juste salaire que vos efforts vous ont mérité. La moitié de votre cheminement vers la lumière est achevée. Rien ne sera plus comme avant car vous avez changé, mes Frères, depuis votre admission en notre sein. Et même si vous en avez peu la conscience aujourd’hui, vous n’appréhendez plus le monde, les hommes ni même les concepts comme autrefois. Mais ne vous réjouissez pas trop vite, le chemin qui doit mener le Compagnon vers la Maîtrise comporte mille détours, mille difficultés. Cette pierre, qui est symbolique et qui est vous-même, devra être travaillée, encore et toujours, sans la moindre complaisance ni répit, jusqu’à ce que vous deveniez « os de vos os et chair de votre chair », ainsi que nous l’enseigne la Genèse. Car c’est par le travail sur soi, et en soi, que l’on progresse sur le chemin qui mène à la lumière. Nous venons de vous fournir de nouveaux outils avec lesquels vous venez d’effectuer vos voyages symboliques. Efforcer vous de méditer sur leur signification réelle. Essayez de comprendre la manière comme vous allez vous en servir afin de

Page 343: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

41

polir cette pierre qui est votre propre existence. S’il vous arrivait de faiblir ou peiner sur le chemin, levez les yeuxvers le ciel, vers la lumière de l’Etoile Flamboyante : elle dirigeravotre marche, elle soutiendra vos efforts et vous guiderainlassablement vers votre destin, vers l’au-delà du miroir, et vousfera découvrir que le centre de l’univers repose dans le cœur del’homme. Mais surtout, pour reprendre ce qu’a dit Pythagore « N’espérez pasdes choses inespérables et plus rien ne vous sera caché ».

Bonne chance et bonne route, mes Frères.

Jean-Pierre GRASSI

Page 344: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

42

Autores Convidados

April 14, 2009

O A Partir Pedra foi criado com o objectivo de escrever sobre maçonaria. Tem sido animado por Mestres Maçons da Loja Mestre Affonso Domingues. Por muito diversa que seja a maneira que estes Mestres pensem, ela acaba por ser também muito parecida pois tiveram mais ou menos a mesma escola e todos têm uma concepção de Maçonaria muito similar. Modéstia à parte, o trabalho produzido até hoje tem sido notável e tem contribuído para que muitos leitores tenham aumentado o seu conhecimento sobre a Maçonaria. É nosso objectivo continuar a proporcionar mais, e se possível

Page 345: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

43

melhor, informação sobre Maçonaria. Uma das formas que encontrámos para tal foi a de tentar terdiferentes maneiras de ver o tema, tendo para tal criado o conceitode “ Autor Convidado” ou se quiserem “Guest Writer”. De entre as várias possibilidades para concretizar este desígnio,escolhemos fazer alguns convites a Maçons de outros países e deconsequentemente de outras Grandes Lojas e Lojas para quenuma base regular nos enviassem textos de sua autoria parapublicação. Os textos serão sempre publicados na língua em que foremescritos e sem qualquer edição, representando a opinião e o pontode vista do respectivo autor. De entre os convites que fizemos, e ainda faremos alguns mais, jános transmitiram a sua aceitação os seguintes escritores: Frederic Milliken do blog: Bee Hive

http://www.freemasoninformation.com/category/bee_hive/e

http://beehive135.blogspot.com/ Michael Halleran do blog: Audi Vide Tace http://www.freemasoninformation.com/category/aude_vide_tace/ e http://audevidetace.blogspot.com/

Page 346: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

44

Estes dois autores juntaram-se no projecto FreemasonryInformation mas os seus blogs constituem e contêm um excelenteacervo de textos. Nick Johnson do blog : Millennial Freemason http://www.millennialfreemason.com/ Chris Hodapp do blog: Fremasons for Dummies http://freemasonsfordummies.blogspot.com/ Assim e dando inicio a este novo ciclo publicaremos amanhã umartigo de Frederic L Milliken, cujo biografia apresentamos é a quesegue:

Frederic L. Milliken III

B.A. in Government & History, Minor in Economics from BostonUniversity.

Past Master Councilor Battle Green DeMolay, Lexington,Massachusetts 1964

Raised in historic Plymouth Lodge AF & AM, Plymouth,Massachusetts – where the Pilgrims landed – 1989

Worshipful Master of Plymouth Lodge 1994

Candidate Instructor for The Plymouth Masonic District

Page 347: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

45

Affiliated with Paul Revere Lodge AF & AM 1991

Worshipful Master Paul Revere Lodge 1999 & 2000

Shriner and 32 degree Scottish Rite Grand Lodge ofMassachusetts

Master in the East for the 2nd degree One Day Class held at theGrand Lodge of Massachusetts 1999

Member of the Paul Revere Colonial Degree Team performingthe 3rd degree in the dress of the 1700s with an added patrioticmessage at the end. A traveling Degree Team.

Booked the Paul Revere Degree Team for a performance inBloomington, Indiana 2001

Squire Bentley in the Masonic play “A Rose Upon The Altar” –performed by the traveling Fellowship Masonic Players

Moderator on the former Masonic Internet ForumLodgeroom.com

Moderator on the Masonic Internet Forumhttp://mastermason.com

Regular column called “The Beehive” for 2 years for MasonicMagazine

Moved from Massachusetts to Texas late 2004

Page 348: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

46

Invited by the Yellowhead MasonicDistrict, Alberta, Canada in2005 to make a one-week speaking tour at various Lodges.Delivered two lengthy papers – “World Peace ThroughBrotherhood” & “Native American Rituals and The Influence ofFreemasonry”

Affiliated with East Trinity Lodge #157, Rockwall, Texas, GrandLodge of Texas 2005

Demitted from East Trinity Lodge #157 2006

Joined Pride of Mt. Pisgah #135, Dallas, Texas, Prince HallGrand Lodge of Texas 2006

Addressed Prince Hall Texas Grand Lodge Session 2007

Knight Templar, York Rite Prince Hall Texas

Masonic blog “The Beehive”-

Moved “The Beehive” blog to the mega Masonic site FreemasonInformation with a consortium of Masonic writers –

Executive Director of the Internet Masonic museum and libraryPhoenix Masonry –

On Facebook as Frederic L. Milliken

On Twitter as Lexlib

Page 349: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

47

Operate a political blog – http://lexingtonlibertarian.blogspot.com

Esperamos assim dar corpo a um dos desígnios da Maçonaria eque consiste numa verdadeira fraternidade Universal.

O A Partir Pedra inicia assim mais uma etapa que se espera venhaa contribuir para uma melhor e mais diversificada comunicaçãosobre Maçonaria.

JPSetúbalA.JorgeJosé Ruah

Page 350: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

48

THE CASTRATION OF FREEMASONRY

April 15, 2009

An American Point of ViewBY

Wor. Frederic L. Milliken

For the past several decades, Freemasons worldwide have beenpreoccupied about the decline in membership. All sorts of reasonshave been advanced for this decline and many different solutionshave been tried to stop it, but to no avail. The line on the graph ofMasonic membership continues its steady downward trend.

Lost in the turmoil of argument of reasons and solutions has beenthe realization that Freemasonry has developed a schism and thatbreaking apart is in reality about who has the best way to rebuildThe Craft. It’s almost as if the Antients and the Moderns were backat it again, but this time it is not over ritual but practice.

Today’s Antients assert that Freemasonry is a personal journey ofmoral improvement that prepares a man to re-enter society as anindividual providing to the outside world an example or role model ofone who has taken the high road in life.

Speaking for Today’s Antients is Provincial Grand Master Lord Northamton, UGLE, who tells us that Freemasonry has no role in society. Speaking for the Grand Lodges of England, Ireland and Scotland he states, “Freemasonry has no role outside Freemasonry and that the only influence it should be seeking is over itself and its members.” He goes on to say that Freemasonry is simply a matter of self improvement through self discovery and education with The Craft pointing the way and that a man who brings the lessons and virtues of Freemasonry into his heart would then be expected to be

Page 351: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

49

an arm of improvement for society as an individual operating assuch outside the Craft. But never should Freemasonry as afraternity take any position on any public issue, he asserts.“Freemasonry is not, and should never be allowed to develop intobeing, a lobby group - no matter how universal and noble thecause.”(1) Today’s “Moderns”, strongest in the U.S.A., promulgate the practiceof “community Freemasonry” whereby Freemasonry as a unit hasundertaken a vow of charity for all mankind and then enters societyas a collective force to uplift the less fortunate.

This view is aptly put forward by MSANA’s Executive Secretary,Richard Fletcher, who acknowledges the Crafts roots in theEnlightenment but then “modernizes” that heritage into communityaction and involvement, code words for Institutionalized Charity. Hetells us, “In my judgment there is nothing Freemasons could do thatwould be more important than undertaking the role of unity builderby being seen in our communities, by doing community outreach,and showing by example what it means to be part of a family, notonly our own family, but the family of our state, the family of ournation. Without fully realizing it Masons used to do these things. Butlike the rest of the country our ‘sense of purpose’ had eroded.”(2)

Another Masonic commentator, Tony Fels, reaffirms this position on increasing Masonic membership when he says, “There seems to be much talk within the Masonic order about what it might take to spark a revival of interest, especially among younger people, in the principles and practice of fraternalism. Certainly the ongoing tendency among many Grand Lodges and local lodges to become more visible in their local communities through sponsoring

Page 352: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

50

scholarship funds, clean-up campaigns, and other benevolentactivities will help bring the Masonic brotherhood to the attention ofpeople who may wish to join in the fellowship of the lodge.” (3)

Absent from this tug of war over Freemason’s hearts is the fact thatFreemasonry consists of

two distinct divisions of actualization and that both are equally validand both are absolutely necessary for the Complete Mason. Simplystated these two parts of the whole are:

1) That private and personal journey whereby a Mason reads and studies on his own and then applies the virtues and lessons of the Craft into his daily life, building that Temple within. 2) That gathering into Masonic community whereby Masons initiate new members, exemplify rituals and customs, cement the bonds of fraternalism through Masonic fellowship and interact with the greater community at large. Freemasonry is then both public and private, singular or group, open or closed. It is not fair to say that the Craft is exclusively one or the other. It is a mixture of practice much as a person’s church is. One may read his Holy Book privately away from church and then apply the lessons of his religion to everybody he meets and he may privately offer his adorations to deity in the solitude of his aloneness. Or one may go to church and pray and worship in the community of believers. And one may participate in a church supper, Bible study or mission work with others, even going forth into the streets and avenues of the public at large. To say that one’s church is only about changing the heart of each individual member and does not involve the reception of spirit or transformation in group interaction is as wrong as to say the same thing about

Page 353: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

51

Freemasonry.

Yet we are not here to take sides and declare a winner, rather todeclare that neither Today’s Antients nor Today’s Moderns have theanswer, both are wrong.

The Antients have totally misinterpreted the prohibition of the Lodgeinvolvement in politics. Politics and religion can be discussed inLodge and Freemasonry as a fraternity can engage in politics andreligion publically. It is only partisan politics and sectarian religionthat are banned. That it is to say it is not the general but the specificapplication that leads to proselytization and the problem. Thismisinterpretation has caused the Antients to practice only half ofFreemasonry. The half they do practice is entirely correct but half aloaf is not the whole thing, it’s like trying to walk with only one leg.Freemasonry is not designed to be practiced like MonasticChristianity with no concern or relationship with the outer world. Weas Freemasons are not Monks of the Craft.

Yet the Moderns, mainly Americans, fare no better in this analysis because not only have they so downplayed the importance of instruction, education and private research and study in Freemasonry as for it to be virtually nonexistent but they have then taken the public charge as to be one that places Freemasonry’s primary role as savior of the world’s poor and less fortunate. The societal mission has been corrupted by Grand Lodges who have turned American Freemasonry into a Service Club in the name of “Masonic Awareness” whereby Masons spend all their time, money and talent on Institutional Charity whose primary purpose is Masonic publicity and the marketing of Freemasonry. This is not caring for society or an attempt to support society’s leaders in their quest for a better nation. Rather it is an attempt to buy or bribe

Page 354: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

52

friends. And in so doing Freemasonry, which touts itself as a nobleand virtuous society, comes across as being hypocritical. It certainlyisn’t a path Dale Carnegie would have chosen. Today’s Antientswould say that the virtues and lessons of Freemasonry teach anindividual Brother to be charitable but they do not teach a Lodgehow to be the same.

To look at the traditional true path of Freemasonry regarding its rolein society one only has to look at its practice shortly after its formalchartering in 1717 and the high preponderance of society’s mostprominent leaders who were Freemasons. For you see there was atime when American Freemasonry counted within its ranksprofessional, intellectual and government leaders as well as ownersand managers of businesses. Prominent men, the makers andshakers of society, were Freemasons. It must be remembered thatFreemasonry was a product of the Enlightenment and the earlypractice of the Craft involved directly influencing society.Freemasons then had no qualms about advocating and working fordemocracy, separation of church and state, religious freedom andpublic school education for everybody. Ben Franklin, Paul Revere,John Hancock, George Washington, and a host of others, wereintimately involved in the American Revolution and thus theremaking of the society of their day. The leaders of society joinedFreemasonry because Freemasonry was involved in working for thebetterment of society. Was that politics and religion or was it merelyan expression and implementation of those inalienable rights givento all mankind by their Creator?

Today under a strict misinterpretation of the politics and religion ban, American Freemasonry does not have anything to do with the workings of society nor will it even comment on any of the freedom

Page 355: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

53

and rights violations made by different nations around the world oradvocated by various groups here and abroad. This has made thepractice of Freemasonry so bland that it has discouraged society’sleaders from becoming members. If American Freemasonrychooses not to be concerned with society why should society beconcerned with Freemasonry? If Freemasonry supported society’sleaders in making a freer, better America then those leaders wouldonce again be part of Freemasonry.

RW Brother A Goncalves of the Grand Lodge of Portugal states this case quite clearly. “We regular masons don't live in caverns or ghettos, out of society. We live within society; we are an intimate part of it. We have special responsibilities that we assume as privileges, because they are moral and ethical obligations”. Masonry is not and cannot be passive,” he says. He goes on to assert that the problems of the individual and the problems of society meet in the commonality of freedom. Freemasonry is forever linked to The Enlightenment, the American Revolution, the Charter of Human Rights, the United Nations Charter, UNICEF and many more. He talks about The Grand Master of Chile, addressing a United States Masonic audience, emphasizing that Freemasonry is not a spokesman for any political party nor should there be any political proseltization in Lodge, yet “Grand Lodges should share some common concepts like: opposition to any tyranny that denies or restricts, in any way, human equality and individual freedom to a complete performance of democratic rights; a clear support to the right of expression and to a fair existence; the respect to the sovereignty of nations; recognition of democracy as system of government and individual aspiration to cultural improvement of any society. Democracy and masonry are substantial and active

Page 356: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

54

systems of social progress of Peoples, because both act as sourceof liberty of speech and conscience and as ferme4nt to interior andexternal peace».”(4)

The path to Masonic Renewal and Growth leads through areconnection with society through a constant affirmation of itsmost humanitarian goals. There are four main areas that I wouldlike to point out where Freemasonry can return a sense of purposein its role with society.

DISCRIMINATION

As a world leader in toleration and acceptance of many differentcultures and peoples this is an area where American MainstreamMasonry needs to get its entire house in order. There is no room ina fraternity that espouses equality among all men, for race,religious, cultural or economic discrimination to exist. Nor is thereany room in American society for it either. Prince Hall Masonry hasfor years been a big supporter of the Civil Rights movement. Theyhave the same prohibition in their Lodges against partisan politicsand sectarian religion as Mainstream Masonry does. Yet they seeno violation of that tradition by working for the same equal treatmentof all men. Championing fully, anti discrimination principles will go along way in convincing leaders of society that Freemasonry issincere in its support.

LIBERTY

American Masons have long been the champions of liberty. It is no coincidence that the phrase “Liberty, Equality & Fraternity” was penned. And advocating the pursuit of happiness unfettered by abridgements to God given freedoms is never unmasonic. American Masons fought to free us from British rule and then played an important role in the framing of the structure and the government of

Page 357: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

55

the longest running free society in the history of the world.

“To avoid politics did not mean to deny the civic. The enjoyment ofsocial harmony by the Lodge members relied upon peace andfreedom as guaranteed by the civil authorities. Each Lodge wasintended as a microcosm of the ideal society.’ A Mason is apeaceable subject to those Civil Powers that guarantee theexpression of fundamental freedom,’ says Giuliano Bernardo.Without Liberty, Freemasonry cannot exist.”(5)

Freemasonry was not allowed to exist under Hitler, Stalin, Mao andother despots. All tyrants have recognized that the principles ofFreemasonry undermine their rule of total control. That being so, itwould not be inappropriate for Freemasonry to let the world knowthat it is actively supporting the freedoms of all peoples. And incases of extreme suppression and ruthlessness Freemasonry is asobligated to speak out and work for Liberty as it did during theEnlightenment for the democratization of government.

HUMAN RIGHTS

Imprisonment without cause, torture, denial of due process,enslavement, ethnic cleansing, prohibition of free speech, refusingfreedom of religion and freedom of association and terrorism arejust a few of the violations of human rights that can be mentioned,all of which run counter to Freemasonry’s belief in the worth of theindividual, thus totally incompatible with Freemasonry. So why notsay so? There is nothing politically partisan about basic humanrights and the dignity of man.

Renowned historian and Masonic chronicler Dr. Margaret Jacob, recently considered a question as to what she thought would be the cause Freemasonry should champion to restore a sense of purpose to the Craft and regain its role in society.(6) She was very reluctant

Page 358: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

56

to answer as she said she was not a Mason but when pressed shesaid her choice would be Human Rights.

PEACE

Freemasonry seeks to unite diverse people not divide them. Itabhors coercion and the use of force except in self-defense. It doesnot advocate one political cause over another, one religion overanother nor one race over another. Every Lodge room is an oasis ofpeace where peace and harmony flows. When you enter a Lodgeroom you leave all your differences outside the door. Freemasonryis the only organization in the world that brings together in peaceand harmony men of different cultures, creeds, races, religions,economic circumstances and political persuasions. It is the biggesthope for peace the world has.This is a favorite subject of Paul Bessel who regards Freemasonry’srole in society to be one that is a vocal proponent of the inalienablerights of man endowed by his Creator.“This idea of Masonry's role being to uplift society, and supportdemocracy and freedom, is not such a radical concept. In the early1900s it appears to have been a dominant concept in AmericanFreemasonry. Mainstream Masonic writers spoke aboutFreemasonry working for the good of society, bringing men of allraces, religions, and backgrounds together and promoting worldpeace.” (7)

Bessel reminds us that Roscoe Pound was adamant in his beliefthat Freemasonry must promote the universality of mankind andthat H.L. Haywood regarded the important byproducts ofFreemasonry to be equality, liberty and democracy. And thenBessel delivers his ringing rally cry of allowing Freemasonry to beall it can be.

Page 359: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

57

Freemasonry could be, and could have been in the past, the onlyinstitution in the world that at all times in every way promotestolerance and meeting on the level. We could be the leaders inseeking racial harmony, religious ecumenism, cooperation amongmen and women, civility between people who believe in differentpolitical philosophies, and friendliness among those who choose tolive their lives differently from others. We could be better than theUnited Nations, Amnesty International, and interfaith organizations,all together, because we could be the prime organization supportingtolerance for all, everywhere, in all circumstances. This would be aunique role for Freemasonry.” (7)

By actively working for and speaking out for the elimination ofdiscrimination, for liberty and freedom for all, for human rights andfor world peace, Freemasonry can regain the respect and theinvolvement of the leaders of today’s society. It can interact withsociety as a partner in promoting what is noble, just and right,furthering the dignity and worth of each individual rather than usingsociety to further its own ends. Freemasonry’s greatness will beacting as a vehicle through which society can improve itself,individually and collectively, for no man is an island and noinstitution exists in a vacuum. We are all traveling this journey of lifetogether; we are all one.

BIBLIOGRAPHY

(1) Lord Northampton

MW The Pro Grand Master

The Most Hon. the Marquess of Northampton, DL

Page 360: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

58

at the European Grand Master's Meeting on 5th & 6th November2007 http://www.ugle.org.uk/news/european-speech.htm

(2) Franklin, Freemasonry and the Enlightenment by Richard E.Fletcher – SHORT TALK BULLETIN, March, 2009

(3) Is Freemasonry A Religion? Learning From A 19th-CenturyMasonic Debate by Tony Fels – HEREDOM, Volume 15, 2007 –page 175

(4) Freemasonry Role On The 21st Century by RWB A. Gonçalves,Secretary of Morning Star Lodge No 7, Grand Regular Lodge ofPortugal

(5) The Masonic Concept of Liberty, Freemasonry and theEnlightenment by W. Bro. Alex Davidsonhttp://www.freemasons-freemasonry.com/Davidson.html

(6) Masonic Central Radio Podcast 3/12/09, part of the megaMasonic site Freemason Information,http://www.freemasoninformation.com/

(7) Masonic Traditions In Our Past And Our Future by Paul M.Bessel, Presentation at La France Lodge #93, F.A.A.M.,Washington, D.C., September 8, 2000

Page 361: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

59

LINGUA – 2

April 16, 2009

Irei hoje regressar ao tema da língua sob estudo do Roberto Moreno. Se derem uma passadinha pelo “Língua-1” recordar-se-ão que “a coisa” anda à volta dos conceitos de “bilinguismo” e, como consequência, de “iberofonia” em contraponto à Lusofonia, Francofonia e Anglofonia. E partimos do princípio da necessidade de uma língua, dialeto ou o que se quiser para entendimento global. Pensemos então no seguinte: - A adoção do português como 2ª língua é uma decisão natural em França onde há 1 milhão de lusófonos e onde o português é a 2ª língua mais falada; - E em Itália, porque o português entende 50% do italiano e porque

Page 362: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

60

o Brasil é a maior colónia de italianos no mundo; - Há uma afinidade natural entre Português e Castelhano; - Há uma aproximação natural entre as línguas latinas, (Português, Castelhano. Francês, Italiano e Romeno às quais ainda podemos juntar o Catalão) da qual o Português tira a vantagem enorme do seu poder de adaptação; - Poder-se-á afirmar sem grande margem de erro que saber Português significa saber também 90% de Castelhano, 50% de Italiano e 20% de Francês. Bom, quem leu até aqui concordou ? Há aqui alguns axiomas que ou são aceites ou a teoria vai por água abaixo, mas se pensarmos um bocadinho nos aspetos da prática do relacionamento dos portugueses com o mundo não me parece difícil aceitar grande parte destes pontos de partida para o resto que aí vem (isto é uma ameaça !). Então lá vamos. Na politica de língua do Mercosul os países hispânicos já tem o português como 2ªlingua por efeito do Brasil ter adotado o castelhano também como sua 2ª língua, o que reforça claramente a Iberofonia. Boutros Ghali já se mostrou favorável à Franco-Iberofonia. O Português é língua oficial de 8 estados em 4 continentes, é língua de comunicação num grupo enorme de organizações internacionais (UE, Unesco, Mercosul, Organização dos Estados Americanos, União Latina, Aliança Latino-Americana de Comércio Livre, União Económica e Monetária da África Ocidental, obrigatório

Page 363: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

61

nos países do Mercosul e língua oficial da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) Nos EUA há 50 milhões de falantes de Português e Castelhano e a ALCA (Aliança de Livre Comércio das Américas) é impensável sem o Brasil, que fala português, obviamente ! Se por estes 2 efeitos os EUA adotarem o português para 2ªlíngua ficarão 1 bilião de pessoas entendendo-se em Português. Agora entramos na parte mais… “virtual” da teoria ! Mais adoções da língua portuguesa como 2ª língua. Na China. Já fizemos uma aproximação em “LINGUA – 1”. A comunicação interna é muito difícil pelas diversidades linguísticas que já referimos, há uma clara aproximação ao Brasil que com a Rússia e a Índia representam a nova “ordem mundial” nos aspetos comercial, científico e geopolítico (dizem eles…). Além disso há uma tradição de mais de 400 anos de contactos com o português, em Macau. Se a China aceitar o português como 2ª língua ficaríamos com mais 2.300 milhões de falantes em português. Na Índia, onde a diversidade de comunicação também já foi referida (23 línguas e 1000 dialetos) a adoção de uma 2ª língua, externa, facilitaria toda a relação. De resto há regiões na Índia onde ainda se ouve falar português (Goa, Damão e Diu, pelo menos). Na Índia ficariam mais 1.100 milhões de falantes. Na Indonésia, por razões semelhantes às da China e da Índia e ainda por ter fronteira com Timor Leste. A Indonésia acabou de pedir a entrada, como observadora, na CPLP.

Page 364: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

62

Por que razão a insistência em que a 2ª língua seja o português e não outra qualquer ? Porque quem aprende português faz um negócio tipo pague 1 e leve 2. O bilinguismo é uma característica do lusófono e é única do mundo. Essa característica é o resultado visível (audível…) da riqueza da sua arquitetura fonética baseada em 7 fonemas orais e 5 nasais. Português é já a 2ªlingua dos paises (30) hispânicos. E agora o “morango” que faltava: “A língua portuguesa é como o software Linux, pois pode ser usada e praticada a custo zero, basta assistir a uma telenovela brasileira na sua língua original”. Confessem que esta não vos passava pela cabeça. Bem, a Fundação Geolíngua está mesmo a trabalhar neste projeto. A imaginação e o Marketing brasileiros dão força ao projeto. E nem lhe falta o argumento Fernando Pessoa: O PROBLEMA DAS LÍNGUAS “Se ter uma grande literatura fosse, por si só, suficiente para impor, não a mera sobrevivência, mas a vasta e duradoura sobrevivência de uma língua, o grego seria hoje a segunda língua da civilização. Mas nem sequer o latim, que também chegou a ser a segunda língua da civilização, conseguiu manter a sua supremacia. Para assegurar a sua permanência no futuro, a língua tem de ter algo mais do que uma grande literatura: ser dona de uma grande literatura é uma vantagem positiva, mas

Page 365: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

63

não efectiva, pois salvará a língua da morte, mas não garantirá a sua promoção na vida. A primeira condição para uma ampla permanência de uma língua no futuro é a sua difusão natural, o que depende do simples factor físico do número de pessoas que a fala naturalmente. A segunda condição é a facilidade com que poderá ser aprendida; se o grego fosse fácil de aprender, todos nós teríamos, hoje, o grego como segunda língua. A terceira condição é que a língua terá de ser o mais flexível possível de modo a poder responder na íntegra, a todas as formas de expressão possíveis, e de consequentemente ser capaz de espelhar com fidelidade, através da tradução, a expressão de outras línguas e assim dispensar, do ponto de vista literário, a sua aprendizagem. Ora, falando não só do presente, mas também do futuro imediato, na medida em que este possa ser considerado como factor de desenvolvimento das condições embrionárias do nosso tempo, só há três línguas com um futuro popular - o inglês (que já tem uma larga difusão), o espanhol e o português. São línguas faladas na América, e como Europa significa civilização europeia, a Europa tem-se radicado cada vez mais no continente ocidental. Assim línguas como o francês, o alemão e o italiano só poderão ser europeias: não têm poder imperial. Enquanto a Europa foi o mundo, estas dominaram, e triunfaram mesmo sobre as outras três, pois o inglês era insular e o espanhol e o português encontravam-se num dos seus extremos. Mas quando o mundo passou a ser o globo terrestre este cenário alterou-se. Será, portanto, numa destas três línguas que o futuro do

Page 366: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

64

futuro assentará.” Fernando Pessoa pág. 148 do livro, A Língua Portuguesa. E pronto, aqui têm com que se entreter. Não quero que vos faltenada !

Como vês, caríssimo Zé, não se trata de te pôr a falar "espanhol",pelo contrário, trata-se de pôr o mundo a falar português... Umpouco louco, verdade ?

JPSetúbal

Page 367: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

65

Atividade Maçónica III

April 17, 2009

Há muito tempo, vários anos, que defendo a existência daMaçonaria tão à luz do dia quanto possível.

Tão à luz do dia quanto possível porque entendo que há aspetos(de facto aspetos menores, mas ainda assim importantes) quedevem manter alguma discrição.

Aquilo que defendo parte do princípio de que não tenho nada queme envergonhe na minha atuação como maçom e isso leva-me aque não encontre qualquer razão para viver escondido.Esta posição não autoriza, seja quem fôr a retirar conclusõesdiferentes do que aqui fica, exatamente ! O facto de pensar assim,e de o declarar publicamente, não me autoriza ao incumprimentodos juramentos feitos ou ao não cumprimento das normasregulamentares da Ordem Maçónica a que pertenço. Mas há umraciocínio básico sobre o qual alicerço esta opinião. e esseraciocínio é:

- Não sou ladrão, não matei nem prejudiquei quem quer que fosse,pelo menos conscientemente, não tenho nada de erradosuficientemente forte para deixar de dormir descansado, entãoescondo-me de quê ? e de quem ? e porquê ?

É por isso que entendo trazer ao blog algumas (apenas algumas !) realizações da Maçonaria Regular, tentando ajudar à desmisticação do muito que por aí anda como "papões" para meter medo a meninos. Comecei em "Atividade Maçónica" há cerca de um mês, trouxe

Page 368: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

66

depois um desafio daquilo que deve ser ação integrante do dia adia dos maçons em "Atividade Maçónica II" e dou agoracontinuidade, esperando trazer ainda mais algumas realizações nofuturo próximo.

Para hoje, véspera de fim de semana e portanto dia para trabalholeve, trago um exemplo que chega da Índia.Devo alertar que o texto original é inglês e a tradução é de minharesponsabilidade.

A Maçonaria é construída sobre 3 grandes princípios, Fraternidade, Solidariedade e Verdade. A característica que distingue um coração maçónico é a Caridade. Perseguindo esses ideais, nós, os Maçons de Coimbatore decidimos fazer alguma caridade e o resultado é este Masonic Medical Centre.

Page 369: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

67

Com um toque dourado do nosso querido Fundador e Administrador Dr.G.K.Devarajulu e o toque mágico do nosso atual Administrador Executivo Dr. D. Jayavarthanavelu, estamos crescendo degrau a degrau ao longo das últimas duas décadas. Em 1978 comprámos um espaço próprio com cerca de 8 mil metros2 com um grande edifício que recuperámos completamente. O edifício original é utilizado para os cuidados de convalescença e para doentes ambulatórios. Construímos um novo edifício hospitalar com 4 pisos acimo do piso de entrada no qual acomodamos 90 camas, bloco operatório, uma Unidade de Cuidados Intensivos para 10 doentes e uma unidade de raiosX. No último andar há um salão de conferências e seminários com ar condicionado e projetor de slides. Em 1982 iniciámos o Hospital para Crianças no edifício antigo, com um médico e uma equipa de enfermagem. Esta clínica foi inaugurada pelo nosso R.W. Regional Grand Master of the Regional Grand Lodge of Southern India R.W. Bro A.S. Rajasabai. Os cuidados clínicos que prestamos atraíram mais crianças para tratamento pelo que fomos obrigados a admitir mais 2 médicos e o correspondente staff paramédico. O aumento do número de doentes tornou as instalações do edifício primitivo pequenas. Então planeamos um novo edifício separado do primeiro para integrar o nosso projeto médico. Com o aval firme de alguns amigos não-maçons como os Sri G. Vekatraman e Sri. V. Jagannathan, arriscámo-nos à construção de um novo edifício hospitalar. Com a bênção do nosso Administrador Dr.G.K.Devarajulu, a cooperação do nosso Diretor Brethren e alguns benfeitores,

Page 370: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

68

pudemos juntar os donativos necessários ao desenvolvimentodeste projeto. Os 2 primeiros pisos do novo edifício do Hospital foraminaugurados em Setembro de 1985. Este novo edifício dispõe de enfermarias gerais com 30 camas,enfermarias particulares com 10 camas, um bloco operatóriocompleto e um centro de raios-X. Todas as enfermarias são equipadas com um sistema centralizadode oxigénio de auxílio às equipas médicas. No princípio de 1990 para poder atender convenientemente todosos doentes, o 1º piso do edifício antigo foi convertido para apoioaos doentes ambulatórios. Com essa recuperação aumentou-separa 90 camas a capacidade para doentes internados.

Mesmo com o tempo a fazer caretas cá ficam os votos de bom fimde semana.

Aproveitem para recuperar o excesso das amêndoas...

JPSetúbal

Page 371: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

69

Atividade Maçónica IV

April 20, 2009

Esta não estava no programa.Caiu-me no correio de "supetão" (lembram-se do D.Camilo ? Eleusava muito este termo...) e não deixo de o incluir naquilo que, paramim, tem de ser o desmascarar da atividade dos maçons.Para não estragar nada apenas comento:

- Quando, em Portugal, os Maçons reconhecidos comoparceiros sociais de pleno direito ?

Governo participa do 14º Encontro Nacional da CulturaMaçônicaRedação ANoticiaMT

Redação/Secom-MT

O vice-governador Silval Barbosa participou, na noite dessa sexta-feira (17.04), da abertura do 14º Encontro Nacional da Cultura Maçônica, no Hotel Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá

Page 372: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

70

(MT). O evento prossegue neste sábado (18.04) com reuniões,palestras, exposição e lançamento de livros. Até a noite, maçons detodo o Estado debatem as bases que a Maçonaria defende para aevolução da humanidade.

Como explicou o professor Medson Janer, palestrante do tema ‘AMaçonaria e as Políticas Públicas’, desde sua origem, a Maçonariatrabalha na evolução social. “Dentro das Lojas se discute umtrabalho social, de que maneira esses formadores de consciência,de políticas públicas, que também estão ocupando cargos etrabalhando em todos os órgãos de desenvolvimento sustentáveldo nosso Estado e do país, podem contribuir para a construção deuma sociedade melhor”, revelou o maçon.

Há mais de oito anos a Maçonaria é parceira das ações dedesenvolvimento do Executivo estadual. Segundo o grão mestre doGrande Oriente do Brasil em Mato Grosso (GOBMT), Júlio Tardin,por isso a importância de trazer a participação do Estado noencontro. A instituição está presente em mais de 50% dosmunicípios mato-grossenses. “Queremos um Estado forte para queas futuras gerações tenham o conforto que tínhamos a merecer hámuitos anos”, completou Tardin, que tem reforçado esse apoiojunto às lojas maçônicas.

“A Maçonaria tem sido uma parceira do Governo em todos os aspectos; nas questões de discussões e sugestões, participando ativamente na governabilidade. Todos os momentos falando de Mato Grosso, vendendo a imagem do Estado para outros Estados”, agradeceu o vice-governador Silval Barbosa. O evento conta ainda com a participação de integrantes de outras instituições do país. Na solenidade, o vice-governador foi saudado pelos maçons que

Page 373: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

71

expuseram o currículo dele, destacando sua importância noprocesso de colonização do Estado, em especial o município deMatupá, e ainda sua contribuição na vida da política estadual. Ogrão mestre Júlio Tardin saudou às demais autoridades presentesna pessoa da representante da Procuradoria Geral do Estado, aprocuradora Maria Magalhães.

Silval Barbosa encerrou a solenidade da noite proferindo a palestra‘Mato Grosso em tempos atuais e perspectivas’, que apresentouuma síntese da administração da gestão Maggi. Ele voltou a falardas diversas oportunidades que o Estado oferece e que têm aindaa oferecer, do trabalho de desenvolvimento sustentável defendido eaplicado pelo Governo do Estado, os números positivos comoexemplo e outras ações, mas, sobretudo, que o governo vemtrabalhando na verticalização da produção.

Participaram ainda do evento, representantes dos PoderesLegislativo, Judiciário e outros do Executivo estadual, além dasesposas dos maçons.

(fim da notícia)

.

E mais não ponho porque seria estragar o que está.

JPSetúbal

Page 374: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

72

Closed, Cloistered, Secret Sect Or Open, Fraternal,Society Partner

April 21, 2009

This article could have been titled “The Castration of Freemasonry, Part 2” but I have chosen a new title so that both articles can stand on their own separately, not that there won’t be a fair amount of repetition between the two. Somehow I just keep seeing more and more material related to this subject, almost if an angelic messenger was shoving new considerations under my nose. The original article, Part 1, has been published by A Partir Pedra and can also be read here, http://www.phoenixmasonry.org/thecastrationoffreemasonry.htm. It will perhaps provide some needed background to a continuation of the same theme. The title of this article has no bearing in reality; rather it is what is perceived by the general public not actually authored by the fraternity. In essence it is an exaggeration that does point to different schools of Masonic practice. A number of Masonic writers and thinkers have mentioned that Freemasonry around the world has different priorities and focus. It has been pointed out that European Masonry’s main focus is philosophical, North America’s social and South America’s political or to put it another way – passive, neutral and proactive in its role with society. All practices are charitable although the U.S.A. carries its mission of relief to an extreme position. Could it be that European Masonry, using Britain as a model, over

Page 375: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

73

time after The Enlightenment became accepted and codified into law and practice, evolved by melding with a governmental structure that promoted an official state religion, and that influenced Freemasonry to remain private? If Freemasonry here is a quasi governmental/religious structure, some say captured by them, might that prevent it from entering into any kind of rebellion, reform or societal change and mold it into an organization which withdraws within itself mirroring that privacy found in English Gentlemen’s Clubs? Perhaps France with its French Revolution is the exception here that might explain their fracture into multiple Grand Lodges. Could it be that North American Masonry, using the U.S.A. as a model, actually became so identified with the overthrow of British rule, reform and remaking and restructuring of the entire society, always placing the leaders of the Craft in the public eye, the end result being a system of checks and balances and separation, separation of church and state, that it actually programmed itself to walk away from being allied with church and state (Washington refused positions as both President for life and national Grand Master)? The United States Constitution, its political, legal and judicial systems were all crafted democratically, with heavy Masonic influence, to be a new way of doing things that reversed and corrected the odious tyrannical despotism of its European heritage. And because of all that, might we be able to say that North American Masonry accomplished its mission of liberty, equality and fraternity and now went on to just develop social relationships? And could it be that South American Freemasonry because it was never able to ally itself with a religion, as most of the area was

Page 376: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

74

Roman Catholic, nor with government because it was most often undemocratic and tyrannical, never developed into the European model? Is it not true that the Roman Catholic Church often did ally itself with the government so that what Masonry fought elsewhere to reform – freedom of religion, free public schools instead of parochial church schools, democracy and separation of church and state – never got implemented in South America until much later? So could we not say that Masonry, a product of the Enlightenment, was still fighting to get the Enlightenment implemented into society in South America? And that of course would explain it being tagged as political. Then perhaps we could say that European Masonry, which implemented the Enlightenment without a complete remake and restructure of church and state, was able to ally or attach itself to these institutions and thus Masonry became passive. And North American Masonry, which became the leading philosophical influence on political thought and actual leadership of a complete societal remake, revolution and writing a Constitution from scratch, accomplished its mission and separated itself according to the rules it drew up and thus became neutral. And South American Masonry, which neither blended with the rulers of society nor was successful in implementing the Enlightenment, fought on and thus became pro active. But these, as you can see, are all only questions. And what I am hoping for are others in the Craft more knowledgeable to offer correction and refinement of these musings. There are so many exceptions to the hypotheses, France and Italy, Canada and Brazil

Page 377: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

75

and others. Perhaps we have really only been talking about British, United States and Mexican Masonry. But it does seem that the course society takes has a direct correlation with the course Masonry takes. But there have been other influences on Masonry besides society. Another influence on how it sees its role is Masonry’s origin. What are Masonry’s roots and how has its traditions made it into what we see today? Heretofore, two schools of thought as to Masonry’s origin held the most public prominence. One school said that Masonry came out of the stonemason guilds while a second postulated that Masonry started with the Knights Templar. Of course there are some who desire the best of both possible worlds by stating that Masonry was an amalgamation of the two. Mark E. Koltko-Rivera, writing in Heredom, formulates another hypothesis. He backs up Mackey in stating that Masonry roots are in esoteric knowledge passed down from generation to generation in many different forms. Mackey’s claim was: Knowledge of the reality of God and the immortality of the soul was transmitted through a line of biblical personages, from Adam to Solomon and beyond. After the biblical period, this knowledge was preserved, over the course of human history, in the civilizations of late antiquity and on until the European Enlightenment, through societies of esoteric knowledge and initiation, culminating in modern Freemasonry.

Page 378: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

76

And the manner of transmission involved imitations employing symbolism and allegory.(1) Koltko-Rivera refines Mackey’s assessment of biblical personages to mean communities of esoteric philosophy operating in the name of those biblical personages, so he talks about the communities of Adam, Seth, Enoch, Noah and Abraham. After the biblical period he talks about the Eleusinian initiatory mysteries, the Qumran sect, Gnostic groups and the rite of Five Seals, Jewish Hekhalot and Merkavah mysticism, Hermetic societies in Egypt, other mystery schools in Greece and Rome, on to the Kabbalah, Elias Asmole, Sir Isaac Newton and the Rosicrucians. Although we might have left out a few groups along the way, we have enough to get a clear picture of where this school of thought is taking us. Perhaps it is quite a stretch to link all these parts into a whole or to say they were all interconnected. Personal genealogy is hard enough to research, but group or organizational genealogy going that far back would seem to many schooled in the scientific method to be a giant guess. What is important, however, is not the veracity of the claim but what kind of influence has this kind of thought had on Masonry? Recently there has been a revival in Gnostic adherence since the discoveries at Nag Hammadi and the Kabbalah especially among Masons. These esoteric teachings and schools steer Masonry into being a philosophical society teaching Gnostic thought, that is that Masonry really does have some secret, special, superior knowledge over and above what the obvious, literal reading of its ritual says. Even Wilmshurst will tell us that. Thus we have in Freemasonry a society that possesses this Gnostic esoteric knowledge of a

Page 379: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

77

superior life making Masonry an elite, closed organization that canonly reveal the secrets of a better life to those who become part ofthe inner circle. This looks close to the European Model of above. But is Masonry another mystery school or is it today a maker ofleaders? Is Masonry perhaps more open, declining any specialsecret or superior knowledge? Can it be that Masonry is mostsuccessful at putting together a complete package of education andethics along with toleration and non-judgmental acceptance of everyschool of thought and practice, race, religion and standing in life?Can it not support justice and freedom and show the world how itcan live together peacefully? Can Masonry not help guide societyand turn out leaders from its ranks to work in society to make for abetter world? This looks closer to the above models of North andSouth America. So the question really is, is Masonry’s purpose to just privatelyimprove its own members who then are keepers of the sacredknowledge or is it to prepare men to be leaders within society in thevarious disciplines of politics, science, business, medicine andreligion etc, to stand for what is just, right and ethical in a fallenworld and to be a beacon of light for peace and harmony among allpeoples and nations and to actively work for such? What is most important, what one believes or what one does?

It sounds like the Christian argument of salvation by faith or by works. We read in Ephesians (2:8-9):

Page 380: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

78

“For by grace you have been saved through faith; and this not your own doing: it is the gift of God – not the result of works, so that no one may boast.” We read in the book of James (2:14-17 & 24) “What good is it, my brothers and sisters, if you say you have faith but do not have works? Can faith save you? If a brother or sister is naked and lacks daily food, and one of you says to them, ‘Go in peace; keep warm and eat your full,’ and yet you do not supply their bodily needs, what is the good of that? So faith by itself, if it has no works, is dead………You see that a person is justified by works and not by faith alone.” An American friend transplanted in Britain almost 20 years ago and raised a British Mason, after reading “The Castration of Freemasonry” E-Mailed me some comments. “There is a real and tangible difference between Freemasonry in England/Wales and Freemasonry in the United states,” he said. “Here there is a slight tinge of stink attached to being a Freemason. People don’t know why they think this, but there has always been the suspicion that Freemasonry is a gentlemen’s club in which one hand scratches the other’s back. Thus many local councils prohibit Freemasons from public employment, and police authorities and the judiciary require that their members and employees disclose Masonic membership.”

Page 381: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

79

“People here generally do not wear Masonic rings or ornaments outside the Lodge. You don’t normally discuss Masonry or your membership with every one of your best friends. You might discuss it with close friends, or mention it if someone shows interest, but you don’t talk about it very much. There are no items such as Masonic number plates for cars, nor are there signs at town and city borders telling you when the local Masonic lodge meets.” “I believe the best way to combat all forms of intolerance is to start from within and work outwards. Each man builds his own Temple inside, making it strong, watertight, and integral within itself. When everyone has done this, the world will be a better place.” From an American viewpoint, I would counter with that there is a certain price to be paid for being so closely associated with the rulers and power structure of society. And that being so private as to be labeled secret arouses all sorts of public jealousy and suspicions. It is the fire that fuels conspiracy theories. And finally if we wait until everyone builds a better Temple for himself, we will wait until hell freezes over. It was Martin Luther King, a friend of Masonry, and Brother Jesse Jackson who saw a need to go public and to openly tweak the conscience of society. So again we ask what is most important what one believes or what one does? And we ask the same question of Masonry. What is most important for Masonry, its privately held knowledge and belief system which one has to be initiated into or its public doings partnered with society thereby bolstering freedom, liberty, equality,

Page 382: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

80

opportunity and justice for all and its positive influence on worldpeace? We as individuals are all products of our traditions, our culture andour upbringing. We are also products of the society we live in. Thesame can be said of Masonry. Can we as individuals change andtake on a different persona? There is nothing we can’t do butremaking yourself is one of the hardest tasks you can attempt. Andso we must conclude the same for Freemasonry.

Wor. Frederic L. Milliken

(1) “The Transmission of Esoteric Knowledge & The Origins ofModern Freemasonry: Was Mackey Right” by Mark E.Koltko-Rivera, Heredom, Volume 15, pg. 184

Page 383: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

81

Da incapacidade de escrever um post coerente.

April 22, 2009

Os últimos tempos têm sido repletos de atribuições maçónicas, familiares, sociais, religiosas, e evidentemente profissionais. Isto tem feito com que o tempo escasseie e mas sobretudo que a capacidade criativa se restrinja a meia dúzia de linhas sem sentido. Estava a digladiar-me com o 2º capítulo da série “ Da Loja”. E francamente estava a perder. As linhas não surgiam e o pouco que aparecia era sem nexo. O pior é que sei o que quero transmitir mas não consigo passá-lo ao papel. Há fases assim. É esperado de nós, os mais antigos, uma capacidade de produção quase sem limites. O nosso passado fez com que nos vissem como os que têm resposta para tudo, os que sabem tudo ou pelo menos mais. Na verdade não sabemos tudo, e provavelmente não sabemos mais. Só temos mais experiência. E por isso mesmo há que saber não combater guerras perdidas, pelo que fui buscar um fragmento produzido há muito tempo numa tentativa de escrever algo que não consegui. “Acrescentar :

Page 384: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

82

Que tem isto a ver com Maçonaria ? Tem tudo ou nada, consoante queiramos ver as coisas por um ou outro prisma. Se formos consultar os manuais nada ou quase nada aparece associado a acrescentar. Ou seja nada nos diz que estamos a acrescentar o que quer que seja ao que quer que seja. Na verdade acrescentar é um dos actos mais importantes pois, ao optarmos por uma via iniciática, optamos por um novo caminho que se sobrepõe ao que trilhamos até ai e o complementa. Quando transmitimos os ensinamentos, acrescentamos algo de nós a esses mesmos ensinamentos, nem que seja as nossas próprias palavras ou as nossas asneiras. Todos acrescentamos qualquer coisa mesmo que não tenhamos a noção disso. Mas também somos acrescentados todos os dias como resultado da nossa interacção com o Mundo. É costume usar a expressão “ os anos passam “. Talvez passem. Mas eu creio que a expressão “ os anos ficam” é mais correcta. Todos somos o repositório do que vivemos e do que passámos.

Page 385: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

83

Esses acrescentos contínuos são a nossa base, que de inicio comotudo é frágil e que com o tempo se vai consolidando e fortalecendoe nos permite encarar os desafios e as realidades com outrasegurança. E a Maçonaria acrescenta ? Como tudo! Nuns casos sim e noutros não.” Não sei bem que conclusão dar a esta arrazoado de palavras, mascreio que o melhor que posso fazer é afirmar que ter duvidas éseguramente uma prerrogativa dos Mestres e que é semprepreferível ir de derrota em derrota até à vitória final que de vitóriaem vitória até à derrota final. Ou seja dias melhores virão e a inspiração e a capacidade deescrita reaparecerão.

José Ruah

Page 386: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

84

Crónicas da Polónia

April 23, 2009

Secret, discret ou ... paranoïaque? (ou la Franc-maçonnerie enPologne)

Je me réfère, bien entendu, au Maçon, à sa condition de membre d’une Obédience, quelle qu’elle soit, et à sa manière de vivre la Maçonnerie dans le pays où il réside. Pour moi, il existe principalement 4 situations distinctes : - Les pays de tradition maçonniques, où l’on pratique les Rites mais sans ostentation particulière (France, Portugal, Suisse, Brésil, ...) ; - Les pays anglo-saxons où la maçonnerie fait partie de la vie quotidienne (Grande Bretagne, USA, Australie, Nouvelle Zélande ...) ; - Les pays gouvernés par des régimes totalitaires (ou autoritaires), avec qui la Franc-maçonnerie n’a jamais fait bon ménage (Chine, Russie, Egypte, Iran, ...) ; - Enfin, les pays dominés par une religion d’Etat, et peu importe laquelle. Parfois, deux situations cohabitent dans le même pays comme, par exemple, au Canada où, à l’entrée de la plupart des municipalités, un grand panneau affiche les logos de tous les organismes caritatifs de la ville et où l’on y voit, entre Lions et Rotary, l’Equerre et le Compas des Shriners. Vous me direz, aux Etats-Unis également

Page 387: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

85

mais, où j’en veux en venir avec le Canada, c’est qu’il y a une exception : le Québec. En effet, l’influence du clergé catholique est encore primordiale dans cette province et il serait préjudiciable de s’y faire reconnaître comme Maçon, au contraire du Canada anglo-saxon. Pourquoi donc le clergé ? Revenons donc aux religions en général et à la mienne, le catholicisme, en particulier. Même si notre Volume de la Loi sacrée est celui des grandes religions monothéistes, même si nous prêtons serment sur l’évangile de Jean, même si grand nombre d’ecclésiastiques ont appartenu, et appartiennent encore aujourd’hui, à la Franc-maçonnerie régulière, nous ne sommes pas en odeur de sainteté au Vatican. Le grand reproche de l’Eglise catholique est qu’elle considère que la Maçonnerie propage le relativisme en matière religieuse, héritage du Siècle des Lumières, c'est-à-dire l'idée selon laquelle aucune religion ne serait supérieure à toutes les autres. D’où l’anathème lancé par Pie VII, en 1821, sur les Francs-maçons. Je prends l’exemple de la Pologne, où je réside depuis plusieurs années. L’église catholique, sans être officiellement religion d’état ... l’est quasiment. Ne croyez pas que Karol Wojtyla est devenu Jean-Paul II para hasard. Ça a été la reconnaissance, par le conclave des Cardinaux, d’une église puissante qui, depuis des décennies, est présente dans les structures politiques et l’espace publique de l’état polonais à tel point que les associations laïques

Page 388: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

86

comparent la situation actuelle à la période de domination stalinienne. Et c’est la présence permanente de l’église catholique dans tous les compartiments de la société qui fait que la maçonnerie est ce qu’elle est au pays de Frédéric Chopin. La première loge a été créée en Pologne en 1730 (à une époque où la carrière des armes n’avait pas un caractère strictement national mais faisait que les soldats se mettaient au service de princes étrangers) sous la forme d'une association de gentilshommes et d'officiers polonais et pas seulement polonais. Il convient de noter que, dès ses origines, la maçonnerie polonaise fut très ouverte, accueillit en son sein une majorité de maçons étrangers, intellectuels, notables ou militaires, et les travaux en Loge furent immédiatement organisés en langue française (ça, c’est pour mon ego) En 1769, Varsovie devint la cinquième obédience indépendante après Paris (1728), Berlin (1744), la Haye (1756) et Stockholm (1760). De cette époque à nos jours, les activités maçonniques en Pologne ont été secouées par les soubresauts dus aux multiples agressions qu’a dû subir l’intégrité de son territoire : - Fin du XVIIIe siècle, la Pologne est rayée de la carte et totalement partagée par la Russie, l'Autriche et la Prusse. Seule la Prusse, qui

Page 389: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

87

occupe la région de Varsovie, tolère la maçonnerie. L'Autriche et la Russie prononcent son interdiction. ; - Début du XIXe siècle, le Tsar Nicolas 1er, hostile à la Franc-maçonnerie, occupe militairement la Pologne ; - Tout au long du XIXe siècle, la Pologne vit écartelée, une fois encore partagée entre la Russie, la Prusse (puis l'Allemagne) et l'Autriche. Durant cette période vont se radicaliser les milieux catholiques contre les Maçons à la suite de la publication de la Bulle papale Ecclesiam Jesus Christi, condamnant la maçonnerie ; - À la fin de la première guerre mondiale, la Pologne recouvre sa souveraineté et, au bout de quelques années, 18 Loges regroupent environ quatre cents maçons actifs; - Après le coup de force de 1930 contre les députés de l'opposition, un projet de Loi très répressif contre les francs-maçons est déposé. L'intention du pouvoir d'interdire la maçonnerie en Pologne culminera le 22 novembre 1938 : le décret d'interdiction est publié, les maçons poursuivis et interdits d'exercer dans la fonction publique ; - L'invasion allemande du 1er septembre 1939 déclenche la Seconde Guerre mondiale. La Pologne est à nouveau partagée entre l'Allemagne nazie et son alliée de circonstance, l'Union Soviétique ; - Après 1945, Le décret portant interdiction de la Franc-maçonnerie

Page 390: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

88

en Pologne, promulgué en 1938, n'a bien évidemment pas été abrogé lors de l'accession des communistes au pouvoir en Pologne et la Maçonnerie a été totalement mise en sommeil jusqu’en 1989 et la chute du mur de Berlin. Lorsque je suis arrivé pour la première fois en Pologne, en 1997, j’ai pris contact avec la Maçonnerie locale et intégré la Loge La France. Si mes informations sont bonnes, environ 200 frères travaillaient à cette époque au sein de la Grande Loge Nationale de Pologne. Remarquez qu’en 1924, le nombre de maçons était évalué à 400, donc la moitié moins, 75 ans plus tard. Aujourd’hui, en avril 2009, et si mes informations sont toujours exactes, nous ne serions qu’un peu moins de 130 à appartenir à la GLNP, ce qui est vraiment peu pour un pays qui compte presque 40 millions d’habitants et, surtout, qui a une histoire maçonnique vieille de presque 3 siècles. Pourquoi cette défection ? A cela, plusieurs raisons. - Historiquement située au carrefour de plusieurs mondes, et dépourvue de frontières naturelles, la Pologne a toujours été extrêmement exposée aux invasions. Il suffit de constater ce qu’il s’est passé depuis la naissance de la maçonnerie, par exemple, pour s’apercevoir que la Pologne, entre 1772 et nos jours, n’a été réellement un pays souverain qu’une soixantaine d’années. Les réflexes d’auto-défense vis-à-vis d’un pouvoir, légitime ou non, sont toujours bien ancrés dans la mentalité polonaise ;

Page 391: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

89

De plus, il existe une spécificité polonaise depuis le milieu du XVIIe siècle, lorsque la Pologne et la Lituanie formaient la République des Deux Nations, qui est le « Liberum Veto », j’interdis librement en latin. C’était un outil parlementaire qui autorisait n'importe quel député de la Diète polonaise à forcer un arrêt immédiat de la session en cours et annuler toutes décisions qui avaient été prises. Si ce droit de veto a disparu avec l’annexion de la Pologne par la Russie, cette possibilité qu’auraient les Polonais de dire non est restée dans les mœurs. Plutôt qu’écouter fraternellement l’autre dans un esprit de dialogue, plutôt que de chercher à nourrir sa réflexion par la réflexion de l’autre, ou bien d’accepter avec une certaine humilité la complémentarité parfois de la réflexion de l’autre ou encore le bien fait de la remise en question d’une réflexion contraire, on dit : non ! Ce qui est la négation de la tolérance. - Socialement, il faut savoir qu’un mot comme « bénévolat » n’existe pas dans la langue polonaise, on emploiera le mot «volontarius », dans le sens large « désigné volontaire d’office ». Le Polonais n’aime pas s’exposer. Il fuit les réunions, les rassemblements, les banquets, même les pique-niques ne trouvent pas grâce à leurs yeux. Alors, les assemblées de Maçons ... Même les agapes sont systématiquement ignorées, alors que l’ont sait l’importance fondamentale de recréer notre chaîne d’union à l’extérieur du Temple. Une anecdote : une des premières planches tracée, après le réveil de la Maçonnerie en Pologne, avait comme sujet : si nos Frères

Page 392: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

90

Anglo-saxons ont le tablier noué sous leur veste, pourquoi pas nous ? Une manière comme une autre de dissimuler un peu plus l’appartenance à l’Ordre, même en Tenue de Loge ? - Religieusement, l’Eglise Catholique a la main mise sur le pays. Et c’est une église radicale, pour ne pas dire fondamentaliste, dans la ligne pure et dure du Vatican. Pas la moindre concession, pas la moindre ouverture sur les sujets sensibles qui font débat. Et, en plus, complètement noyautée par l’Opus Dei. Pour ceux qui ne le savent pas, en 1982, c’est Jean-Paul II qui donne à l’Opus Dei son statut juridique définitif en l’érigeant en prélature personnelle. Cet état de fait renforce, bien entendu, un sentiment antimaçonnique déjà présent dans les sphères du pouvoir et, par voie de conséquence, un sentiment d’insécurité chez nos frères. Paranoïa ou non ? Un exemple parmi tant d’autres, lors de la campagne présidentielle en 2005, la station intégriste catholique et antisémite Radio Maryja - qui supportait le candidat Lech Kaczynski (qui fut élu) - avait traité un concurrent de "franc-maçon" (sic) Et pourquoi cette référence à la Franc-maçonnerie ? Tout simplement parce que la radicalisation de l’Eglise catholique en Pologne a permis l’éclosion de partis d’extrème-droite comme le parti « neo-pilsudkiste » national KPN ou le parti national-chrétien fondamentaliste, qui s’est mué en Ligue des Familles Polonaises à la fin des années 90, et qui n’a jamais caché son soutien aux groupuscules, ligues et autres « Jeunesses Pan-polonaises » dans

Page 393: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

91

leurs bruyantes manifestations contre les « pédés, les communistes et les féministes ». Et quoi de plus naturel que de reprendre à leur compte la fumeuse théorie du « complot judéo-maçonnique » cher au National Socialisme allemand et au régime de Vichy. Inquiétant, non ? Ce que je vais écrire maintenant est pure vérité. Un de nos Frères, étranger travaillant dans une entreprise étrangère à Varsovie, n’a jamais communiqué le numéro de son portable, ni son adresse électronique. Pourquoi ? Parce qu’il sait, et pour cause, que des logiciels performants ont été développés en Pologne, capables d’identifier des mots clefs comme maçon, loge, tenues, mais aussi communisme, avortement, homosexuel, etc, et qui permettent l’enregistrement automatique de conversations téléphoniques et/ou le copiage de courriels. Sans parler des « hackers » bien intentionnés, toujours prêts à s’immiscer dans des disques durs qui ne leurs appartiennent pas. Qui a parlé de « chasse aux sorcières » ? Un rappel, nous sommes au XXIe siècle et la Pologne est membre de l’Union Européenne. C’est pour tout cela que je suis persuadé que la Maçonnerie en Pologne restera ce qu’elle est aujourd’hui, marginale. Bien sûr, il y aura toujours une poignée d’intellectuels, soutenus

Page 394: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

92

dans leurs efforts par la très grande diaspora polonaise que l'onretrouve principalement en France, aux États-Unis et en GrandeBretagne, qui auront à cœur de perpétrer les traditions de l’ArtRoyal, mais ce groupuscule de Frères aura les plus grandesdifficultés a fédérer suffisamment de membres afin de donner aupays la Grande Loge que la Pologne pourrait mériter. Tout est une question de mentalités. Je tiens à préciser que ce texte ne reflète que ma propre vision dela Maçonnerie en Pologne et n’engage, bien entendu, que moi.

Jean-Pierre GRASSI

Page 395: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

93

6ª feira com Mozart

April 24, 2009

Para uma 6ª feira de preparação para a "Festa da Liberdade"deixo-vos com música de Mozart tocada seriamente... a brincar !

O Sábado parece que será de chuva para castigo dos pecadores,dizem !

E eu que não faço mal a ninguém, levo com ela também !

Rima e é verdade. Portanto, para animar os leitores fica o desafio,juntem-se a um Amigo, preparem uma guitarra... e se foremcapazes podem passar pela caixa e receber o "cachet". Eu pago...

Embedded File ()

Éh lá, parem com isso, eu estava a brincar, hein ? Queriam"cachet" ? Com a crise que aí vai ? É já a seguir !

Bom fim de semana. Divirtam-se, se puderem.

JPSetúbal

Page 396: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

94

Colaboração Brasileira

April 26, 2009

Caros visitantes Neste esforço que estamos a fazer no sentido de abrir o Blog a colaborações externas de reconhecida qualidade, faz todo o sentido incorporar Irmãos Brasileiros, dada a sua dedicação à Maçonaria e o nível de algumas das suas produções. Irei disponibilizar um artigo do nosso Irmão Valdemar Sansão, para o qual chamo a vossa particular atenção, dada a sua pertinência. A seguir transcrevo o seu Curriculo: CURRICULUM VITAE (Resumo)

Page 397: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

95

Nome: Valdemar Sansão, filho de João Batista Sansão e PaulinaSansão; Nascimento: Pariquéra-Açu/SP, em 05 de maio de 1.935. VIDA MILITAR

• Praça de 07/02/1954, tendo servido ao Exército Brasileiro por 33anos, 05 meses e 24 dias; passando para a reservaremunerada;

• Exerceu várias funções, percorrendo todas as graduaçõesmilitares, tendo concluído vários cursos de habilitação aooficialato, incluindo o Curso de Aperfeiçoamento e o de Auxiliarde Administração que o habilitaram ao acesso ao oficialato, naativa.

• Serviu em diversas Unidades militares, incluindo GuarniçõesEspeciais de Fronteiras, onde prestou Serviço NacionalRelevante na Amazônia;

Recebeu as seguintes condecorações:

• Medalhas Militar de Bronze, de Prata e de Ouro;

• Medalha de Distinção do Ministério da Justiça, por comprovadoato de bravura, quando salvou piloto e passageiro de aeronaveque caiu e em chamas explodiu;

Page 398: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

96

• Medalhas do Mérito Militar nos Graus de Cavaleiro e de Oficial;

• Medalha do Mérito Aeronáutico no Grau de Cavaleiro.

VIDA MAÇÔNICA

• Nasceu na ARLS.’. Alcides do Valle e Silva, nº 174, na Capitalde São Paulo, em 30 de março de 1979;

• Fundou a ARLS.’. Washington Pelucio, 326, em 27/11/1987.

• Fundou a ARLS.’. Arnaldo Alexandre Pereira, nº 636, em27/11/2005.

• Percorreu os graus que o levaram a presidir Loja nº 326 e porduas vezes a Loja nº 636.

• Nos altos graus atingiu o 33º (Inspetor Geral da Ordem);

• É membro efetivo (1º Tesoureiro) da ABMACLE AcademiaMaçônica Brasileira de Artes, Ciências e Letras.

• Diploma e Medalha Comemorativa dos 75 anos de fundação doConsistório dos Príncipes do Real Segredo “Saldanha Marinho”.

• Diploma e Medalha Comemorativa do Octogésimo Aniversáriode fundação da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo(GLESP).

Page 399: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

97

• Publicação literária: autor do livro O DESPERTAR PARA AVIDA MAÇÔNICA – Editora Maçônica “A TROLHA” Ltda.(Outubro de 2005).

Page 400: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

98

O que é uma Loja Maçónica?

April 27, 2009

Na Loja Maçónica se esquecem as preocupações, calam-se osreceios, perdoam-se os agravos, consolam-se os sofrimentose avivam-se as esperanças.

Loja Maçónica - É da natureza humana encontrar um lugar ao qualpossamos pertencer e nos sentir úteis, mas é de vital importânciaque também nos agrupemos espiritualmente e ajudemos uns aosoutros.

Chama-se Loja o retiro silencioso dos homens de boa vontade, oTemplo augusto da caridade, do amor e da educação cívica, ondese congregam os espíritos honrados, para elaborarem a redençãodos povos e o progresso da humanidade em todas as suasmanifestações.

Page 401: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

99

Efectivamente, o Templo Maçónico é uma reprodução, em pontopequeno, do planeta, com sua abóbada azul, com seu sol, sua luae suas constelações de astros que contam incessantemente agrandeza do Grande Arquitecto dos Mundos.

O forro do Templo tem a forma de abóbada pintada de azul,representa o céu a noite, com uma multidão de estrelas visíveis,como as do céu porque, como ele, abriga todos os homens, semdistinção de classe ou de cor.

O Templo simboliza o Cosmos, representando o céu. Acontemplação de um céu estrelado dá uma grande quietude e umanotável serenidade de espírito; ela incita não ao devaneio, mas àmeditação.

O local em que uma sociedade maçónica realiza suas Sessões e,por extensão, qualquer corporação maçónica (na realidade,prefere-se falar em Templo, para designar o local de reunião,reservando o vocábulo Loja para designar a corporação maçónica,quando os seus membros reúnem-se num Templo; ao final de umaSessão, a Loja é considerada fechada, mas o Templo continuaaberto, inclusive para outras Lojas).

Entretanto, o espaço denominado Loja busca em primeira instânciarepresentar os canteiros de obras do passado e em segundainstância a relação mística entre a Obra perfeita dedicada a"DEUS" e a construção interior do Homem, cujo corpo é o habitatdo espírito.

Page 402: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

100

Nestes dois conceitos, o primeiro é de base originária directamenterelacionada aos Maçons de ofício, ou operativos, querigorosamente desbastavam a pedra e construíam, dentre outros,castelos catedrais, etc..Já o segundo conceito se baseia natransformação operativo-especulativa, quando, por razõeshistóricas, a Maçonaria assumiu o feitio do construtor social,apresentando o Homem como a principal matéria-prima para aconstrução de um Templo dedicado à Virtude Universal. É combase neste segundo conceito que se desenharia a alegoria doTemplo de Jerusalém, originário do misticismo hebraico.

A Loja é o esteio da franco-maçonaria. Quando os membros sereúnem, agrupam-se como em uma loja - é erróneo dizer que estãose reunindo numa loja. Embora eles possam de facto estar sereunindo numa estrutura que chamam de "loja", os membros sãoconsiderados a loja, não o edifício onde se encontram. As primeiraslojas reuniam-se em tavernas e lugares públicos.

Templo é o edifício para funcionamento das Lojas. É o abrigo daschuvas, do calor, do frio. Loja simboliza o mundo ou o universo; é oabrigo do medo, da dor e da solidão.

Uma Loja maçónica não é um Templo misterioso; tampouco é umlocal onde se praticam ritualismos cabalísticos incompreensíveis.Não é um reformatório para recuperar vencidos. Não é uma filial deinstituição de beneficência ou de auxílios mútuos.

Mas o que é, afinal, uma Loja maçónica?

Page 403: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

101

Uma Loja maçónica é um local de reunião pacífica e feliz, ondehomens de boa vontade e bom senso têm satisfação de se reunircomo Irmãos, despidos de títulos e honrarias e são, simplesmente,Irmãos decididos a colaborar e promover boas causas. É o lugaronde o Maçom comparece para "recarregar" as suas bateriasgastas, refazer suas energias, alimentar-se de afecto e encontraracolhimento. Ali, a comodidade e a preguiça são males a seremsuperados; o maçom está sempre em vigília e à espreita daoportunidade de auxiliar os seus Irmãos e a sociedade.

A Loja proporciona ao Maçon a convivência renovadora, posto queali estejam sabiamente proibidas as discussões políticas ereligiosas, pois, abrigando os homens livres e de bons costumesem suas Sessões litúrgicas, as asperezas do mundo profano sãodeixadas de lado e há um verdadeiro revigoramento moral eintelectual vivenciado em sua plenitude.

Os negócios ou o trabalho se tornaram uma doença que debilita ohomem contemporâneo. Se não houver um lugar na suaprogramação semanal para o retiro e a reflexão, provavelmente nãoestaremos nos movendo em uma direcção saudável.

Em uma Loja maçónica reúnem-se homens jovens e maduros;todos convergindo espontaneamente em torno de um ideal comum,como que atraídos por afinidade, tal como a agulha de umabússola, apontando para o Norte.

É na Loja que se esquecem as preocupações, que se calam os receios, se perdoam as ofensas, as injúrias, as afrontas, se consolam os muitos sofrimentos, se educam os caracteres e se

Page 404: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

102

avivam a inteligência e as esperanças, se cultiva o espírito. Ali secaminha sem curvas, se dedica uma recordação a todo o grandefeito, derrama-se uma lágrima por todo o prazer legítimo, envia-seum prémio ou um aplauso a toda acção nobre.

Na Loja, as discrepâncias, contrastes, oposições, as divergênciasde opiniões ou de interesses, os conflitos, existindo, servirão paraesclarecer e engrandecer. Nela frequentam Irmãos que, mesmo nadivergência, se apoiam e nas lutas se solidarizam.

Na Loja sonhamos juntos. Ali se plantam sorrisos, sempre há lugarpara a alegria.

Ela é um santo refúgio, é um ninho que aconchega aonde vamos abusca da paz da alma. È a escola misteriosa que conduz aos Céussem nuvem em toda a grandeza íntima.

Nesse lugar se busca o pão da ciência, o prazer da caridade, oapoio desinteressado e o carinho fraternal. Também ali seconciliam desencontradas ideias, interesses opostos, contráriascrenças, suavizando as asperezas da vida com o bálsamo datemperança. Uma análise básica da atitude maçónica para com areligião é que, longe de ser uma religião em si, é o ensinamentoque capacita homens de diversas crenças religiosas a se reunireme permanecerem juntos em uma Sociedade fraternal.

Esse lugar, portanto, não pode ser a casa do homem, a igreja demera religião errónea, um cassino ou teatro, nada mesquinho. Aliestá o mundo, laboratório permanente do bem.

Page 405: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

103

Ama-se a Loja porque ela é o símbolo da pátria; ama-se a pátriaporque ela é um pedaço desse todo harmonioso que se chamaHumanidade.

Loja é o mundo. O Maçon é o homem em toda plenitude: a família,a honra, a ciência, a liberdade; todas as grandes concepções,todos os amores e todas as esperanças. A Loja é o lugar que oGrande Arquitecto do Universo é sempre convidado especial. NaLoja está Deus, o princípio reitor da Maçonaria no Universo.Trabalhar para a glória do Grande Arquitecto e do Universosignifica trabalhar sob o signo de Deus; ou, então, trabalhar sob ainspiração da consciência colectiva da humanidade; ou, ainda,trabalhar de acordo com o princípio que orienta para o Progresso aevolução do mundo e da humanidade.

Que bom seria que todos os homens íntegros tivessem aoportunidade de, no ambiente propício de uma Loja Maçónicapudessem contribuir com seus esforços em prol da construção deum mundo melhor.

Na Loja almejamos criar um mundo que seja próspero, ondereconhecemos uns aos outros como divinos e iguais; ondecooperamos e compartilhamos momentos de mágoa, pesar, aflição,mas também os de glória, de acções extraordinárias, de grandesserviços prestados à humanidade.

Os maçons não são homens excepcionais. São homens comuns em um mundo em movimento. Homens com aspirações, como quaisquer outros que se realizam através da compreensão, da tolerância, da prática das virtudes; homens que chegaram à

Page 406: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

104

conclusão de que a FRATERNIDADE ENTRE OS HOMENScomeça com o HOMEM NA FRATERNIDADE. Valdemar Sansão - M:. M:.

Page 407: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

105

Pergunta - Resposta versão 2009

April 28, 2009

Os tempos vão dificeis. Há muita coisa de ambito maçónico para fazer nos próximos dias, e de algumas aqui daremos noticia, quando for oportuno. Como as coisas não se fazem sózinhas e o dia continua a ter apenas 24 horas, mesmo para os Maçons, tem sobrado muito pouco para a criação de inéditos para publicação. Entendo que os leitores estejam um pouco tristes, se sintam "abandonados", mas também por outro lado têm tido a oportunidade de ler alguns textos de autores convidados que são inegavelmente de boa qualidade. Como especie de compensação e aproveitando a sugestão de um dos leitores mais assiduos deste espaço reabro o tema de perguntas e respostas. À semelhança do que ja fiz no passado tentarei dentro dos meus conhecimentos responder às perguntas que forem colocadas. O processo é similar ao que já ocorreu, os leitores colocam as suas questões na caixa de comentário ou por mail, e eu farei por responder em Posts colocados para o efeito. Todavia, e como Maçon prevenido vale por dois, desta vez haverá condições. Só serão respondidas questões que achar dignas de resposta. Ou seja provocações e abertura de polémicas

Page 408: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

106

desnecessárias serão simplesmente ignoradas. Por outro lado, agradeço que as questões sejam precisas econcisas, pois como disse o tempo é pouco e não será possivelestar a ler "testamentos" com "links" etc. Fico a aguardar o vosso eventual interesse. José Ruah

Page 409: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

107

Republica ou Monarquia

April 29, 2009

Marco Moreyra, leitor e seguidor deste blog desde há já algumtempo colocou a seguinte pergunta:

"REPÚBLICA OU MONARQUIA?

Qual das correntes políticas é a mais "filo-maçonica"?

Olhando para os exemplos dos EUA e do Reino Unido, podemosdizer que, eventualmente, não existem diferenças no modo como aMonarquia e a República olham a Maçonaria. Inclusivé desde afundação dos EUA os founding-fathers estiveram ligados àmaçonaria e desde os primórdios da mesma a Casa Real Britânicatem tido variados mestres maçons nas sua fileiras.Mas à excepçãodestes dois exemplos, o que dizer dos restantes países...?"

A maçonaria é transversal à corrente politica. É um facto que osdois exemplos mais emblematicos são os mencionados e que defacto a fundação dos Estados Unidos foi pensada entre outros porMaçons, e que em Inglaterra o Grão Mestre é tradicionalmentemembro da Familia Real - embora seja eleito todos os anos - tendomuitas vezes sido o próprio Rei.

A maçonaria existe num grande numero de países sejam elesrepublicas ou monarquias em que vigorem regimes abertos e nãoditatoriais, não existe em países sejam eles republicas oumonarquias em que o regime politico é ditatorial.

No entanto e como em tudo há excepções como sejam a GrandeLoja de Cuba, cuja existencia é tolerada.

Vejamos como exemplo os países da União Europeia.

Page 410: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

108

Holanda, Belgica Luxemburgo, Espanha, Suécia, Dinamarca, ReinoUnido são Monarquias e a Maçonaria existe e é reconhecida comoOrganização. Na Suécia o Grão-Mestre é o Rei. e no Reino Unido oduque de Kent. Nos demais países isso não acontece e oGrão-Mestre é um cidadão como qualquer outro.

Nos demais países da União Europeia, desconheço contudo o quese passa na Eslovenia e na Eslováquia, o regime é o republicano ea Maçonaria também existe e sem problema.

Penso que podemos dizer que não é relevante se o regime éMonarquico ou Republicano para a Maçonaria. É relevante sim se oregime é ou não totalitário ou democratico.

Quanto às opções de cada membro da maçonaria, essas são asindividuais e não são relevantes para a pertença. A condição é acrença no Grande Arquitecto e não num ou noutro regime politico.

Como sabemos e já foi dito aqui no blog muitas vezes uma dasbases de vida da maçonaria são os landmarks. De entre estespenso que é importante destacar o seguinte:

10. Os Maçons cultivam nas suas Lojas o amor da Pátria, asubmissão às leis e o respeito pela Autoridade constituída.Consideram o trabalho como o dever primordial do ser humano ehonram-no sob todas as formas.

Nada aqui refere um sistema politico, apenas refere que qualquerque seja a Maçonaria obedece à Autoridade constituida.

Também ritualmente isto é verdade pois nos Ágapes um dosbrindes é feito ao Presidente da Republica / Monarca do país e umoutro aos Soberanos e Chefes de Estado dos demais países.

Espero que tenha ficado claro o conceito.

José Ruah

Page 411: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

109

Cantando...

April 30, 2009

O Rui habituou-nos a que as 6.ªs feiras são para coisinhas levesTenho trazido aqui, às sextas, alguns vídeos para ouvir.Eventualmente para ver mas sobretudo para ouvir.Desta vez, que é à 5ª porque amanhã é feriado, tem mesmo asduas funções.Um coral de pândegos que em ar de brincadeira cantamlindamente.

Aqui fica para se entreterem.

Embedded File ()

Bom fim de semana.

JPSetúbal

Page 412: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

110

Autores Convidados - Michael Halleran

May 03, 2009

Dando continuidade aos textos escritos por autores convidados , trazemos hoje aqui a biografia do Irmão Michael A. Halleran. Michael A. Halleran 32°, is a freelance writer and a practicing attorney in the Midwestern United States. Bro. Halleran received the Scottish Rite’s (Southern Jurisdiction) Mackey Award for Excellence in Masonic Scholarship for his article in Heredom, vol. 14 (2006), and he is the author of the “Brother Brother” column appearing regularly in the Scottish Rite Journal.

Page 413: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

111

A member of the Board of Directors of the Scottish Rite ResearchSociety, he also maintains membership in the Quatuor CoronatiCorrespondence Circle through which he studies and speaks onmilitary Masonry in both the US and the UK. His first book, TheBetter Angels of Our Nature: Freemasonry in the American CivilWar, will be published in 2010 by the University of Alabama Press. Os artigos deste nosso convidado podem ser encontrados em AudiVide Tace e em freemasoninformation/aude vide tace Os Editores JPSetubal A.Jorge José Ruah

Page 414: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

112

Tomato , To-mah-to

May 04, 2009

TOMATO, TO-MAH-TO; Shibboleths Beyond the Craft By Michael A. Halleran, M:.M:. Emporia Lodge No. 12, Emporia, Kansas, USA. That sore battle, when so many died Without reprieve, adjudged to death For want of well pronouncing Shibboleth. --John Milton A shibboleth is defined as any word, or indeed any usage of language, that identifies one’s region of origin or identifies one as a member of a group. For Freemasons, the concept of shibboleth is important. It forms a part of our rituals, and our fellows are taught about an historical occurrence in which the use of shibboleths originated. In actuality, it is very likely that shibboleths of some kind have been in use since the dawn of Man, but certainly the story found in Judges must be one of the first recordings of the practice. In our order, the newly admitted fellow is told of the story, but he is never told why it is important and is simply left to ponder the significance of the term, and indeed, of the event. Jephthah's shibboleth is by no means the only example we encounter of these verbal tests. In my particular corner of the world, the North American state of Kansas, the word “rural” is a shibboleth

Page 415: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

113

of sorts and if one pronounces it by dropping the middle “r” and ignoring the last syllable – rendering it as “rule” – one proclaims himself a true Western Kansas man, and not at all an Eastern Kansas fop. There are many examples of these harmless shibboleths and our daily lives are full of them. More ominous, however, are the military applications of test-language, and more often than not they are used, as Jephthah used them, to determine life or death. A few examples: In 1002, Saxons tested Danes with the phrase “Chichester Church,” a phrase which certainly would have excluded Americans, as well. In 1282 the Sicilians revolted against the occupying French, and many French men-at-arms were murdered. The Sicilians used the local word for “chick pea” (cicera) as the test word, as it was difficult for the French to properly pronounce it. In the early years of the 16th Century, the Netherlands were embroiled in fierce factional fighting between various warlords, bandits and foreign troops. One of these warrior chiefs was a Frisian strongman named Piers Gerlofs Donia. According to legend, his soldiers used the shibboleth "Bûter, brea, en griene tsiis; wa't dat net sizze kin, is gjin oprjochte Fries", ("Butter, bread, and green cheese, whoever can't say that is no sincere Fries"). The phrase worked as a shibboleth between the Dutch, German and Frisian pronunciations of "butter, bread, and green cheese." In Frisian, these sound like our English pronunciation. But the Dutch would say "Boter, brood, en groene kaas", while the German would pronounce it “Butter, Brot und grüner Käse.” The wrong answer meant no green cheese for you and quite possibly a pole ax to the head.

Page 416: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

114

There are several examples of the practical use of shibboleths among the Arabs. In 1840 Ibrahim Pasha, commander of Egyptian rebels fighting against Turkish rule gathered his forces, many of them Syrians, who were press-ganged to join the rebels. Ibrahim Pasha fought the Turks in the Lebanon, and he was successful at first. However, with the assistance of British, French and Russian naval forces, the Turks put Ibrahim Pasha to flight. He turned about and retreated, coming down through Aleppo and Damascus and crossing the Jordan at the same fords that the Ephraimites had crossed, and met with such disaster in mispronouncing a word. Now, in all retreating armies there are stragglers, and many of them. As I have intimated, the Syrians hated the Egyptians, and when the soldiers, the stragglers, came to the ford the Syrians would ask them: "Are you a Shami (Syrian)?" "Yes, indeed," the Egyptian would say to gain favour and perhaps food. "Then say Jamel (camel)." "Gamel," the Egyptian would inadvertently say. Now there is no "J" sound in the Egyptian dialect of Arabic. The letter that is written the same is in the Syrian dialect sounded like a soft "J," really like the French "J," whereas the Egyptians always pronounce it like a hard "G," and accordingly said "Gamel." … So the Syrian soldiers said "Jamel," they said, "Pass on, my brother"; but when the Egyptians said "Gamel," they said, "Iktul 'ameru," (cut off his life!) and they killed them just as the Gileadites slew the Ephraimites, three thousand years before at the same place.

Page 417: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

115

Shibboleths, it seem, run deep near the Jordan. Seventy-eight years after Ibrahim Pasha’s rout, Lord Allenby’s forces re-enacted the scene with retreating Turkish forces by the famous fords, and the Arabic word for onion (■■■ – Buzszle) became a matter of life or death; The Turks in the Great War drafted the Syrians into their army and most of them were very unwilling soldiers. They were not in sympathy with the Germano-Turkish aims and plans. When Allenby made that wonderfully complete crumpling up of the Ottoman army in Palestine and across the Jordan in September, 1918, many who did not get caught in the net at first tried to escape by crossing from the east of the Jordan to the west side by these same fords of the famous river. There they met many Syrians, some soldiers and some civilians, and each fleeing soldier was asked whether he were Syrian or a Turk. If he said he was a Syrian, they said to him: "Say Buzszle"; and if he were a Turk he would say "bussel," for the Turkish language makes no difference in pronouncing the "Sod" and the "Seen," both varieties of the letter "S." The "Sod" is a heavy "S" sounded with the tip of the tongue down below the roots of the front teeth and the Turks pronounce it just like an ordinary "S." The Syrian ear is very discriminating to these sounds; and when they heard the word for onion come hissing out instead of lisping out like a tongue-tied child, they said "Iktul 'ameru" (cut off his life), and they slew many Turks at the fords of the Jordan. The New World also has its share of shibboleths used in war. In 1937, Rafael Trujillo, the military dictator of the Dominican Republic, launched a pogrom against Haitians living in that country. That

Page 418: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

116

purge, known as The Parsley Massacre, resulted in an estimated17,000 to 35,000 Haitians murdered by death squads. “What is this?” the death squad commander would ask, holding asprig of parsley. If the person could pronounce the word – perejil -with the correctly rolled Spanish “r,” he stood a good chance ofsurvival, if not, death was the inevitable result. Our ritual does not tell us why shibboleths are important, but we canventure a guess. Among other things, they demonstrate a sense ofbelonging, and a means of detecting those who do not belong. Ourritual is full of them, and we are everyday reminded how to knowwho is a Mason and who is profane. Thankfully, none of them involve the application of a pole ax. © 2009 Michael A. Halleran “Then They Took Him, and Slew Him at the Passages of theJordan!,” The Builder, Vol. IX, No. 4, April 1923. Ibid. C.f., Mackey, Albert G. Encyclopedia of Freemasonry, vol. II.Masonic History Co., New York, 1919 p. 686

Page 419: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

117

Salvé 2/5/2009

May 05, 2009

Afinal a frase mais ou menos anedótica do “já chegámos àMadeira…” desta vez aplica-sena perfeição.

Na verdade já chegámos à Madeira.

A 2 de Maio levantou colunas uma nova Loja MaçónicaRegular.

Com a presença do Grão-Mestre da GLLP/GLRP, deGrandes-Oficiais e de Mestres da R.L. Mestre Affonso Domingueslevantou colunas na Madeira, a Oriente do Funchal, a RespeitávelLoja João Gonçalves Zarco, n.º71.

Sendo um sonho antigo foi finalmente possível reunir as condições necessárias a que a Maçonaria Regular pudesse ter representação

Page 420: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

118

portuguesa na Madeira, pela 1ª vez, e com a concordânciaexpressa da autoridade autonómica. De facto têm funcionado na Madeira Lojas Maçónicas sobobediência inglesa, mas nunca houve qualquer Loja de origemexclusivamente portuguesa. Frequentemente temos sido procurados por turistas, de todas asnacionalidades, procurando por uma Loja Maçónica na Madeira jáque na sua passagem pela ilha gostariam de contactar Irmãosportugueses. Pois a partir de agora já será possível indicar a RLJoão Gonçalves Zarco. Finalmente. É mais uma pedra de grande alegria e orgulho para a MestreAffonso Domingues ser origem e dar apoio ao nascimento de mais

uma Loja da GLLP/GLRP.

Estou a pôr estas linhas em ordem ainda sob a emoção dos momentos vividos com os nossos Irmãos que na Madeira irão ficar a dar testemunho do trabalho da Maçonaria Portuguesa. Todas as cerimónias, e foram várias, decorreram em ambiente de

Page 421: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

119

grande fraternidade, alegre fraternidade diga-se, já que tanto o MRGrão-Mestre como os que o acompanharam não são gente paradeixar a alegria à porta do Templo.

Também, e como acontece com alguma frequência entre nós, osprocedimentos rituais foram “ajustados” às emoções que sesoltaram, pelo que as quase 4 horas que os trabalhos demoraramforam passadas como apenas 5 minutos, não fosse essa outra“emoção”, a interna, começar a reclamar pela feijoada.

Belíssima cerimónia que ficará como um marco inesquecível para amemória de todos os presentes.

Como comentário final destas linhas o voto de que os Irmãosmadeirenses consigam, de facto, pôr em prática os princípiosque orientam a maçonaria Regular a que pertencem e que aFraternidade que anunciam seja o cimento agregador entretodos (TODOS) os Irmãos que agora tiveram a oportunidadehistórica de fazer o levantamento da Loja n.º 71, a Oriente doFunchal, sob a obediência da GLLP/GLRP, Respeitável LojaJoão Gonçalves Zarco.

(As fotos são de Acácias em flôr, tiradas Madeira, na levada deS.João de Latrão)

JPSetúbal

Page 422: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

120

Grande Loja - o novo Sitio da Internet

May 06, 2009

Entrou em linha ( online) anteontem o novo sitio da Internet daGrande Loja. Os "nossos" Rui Bandeira e A. Jorge, quaisabelhinhas, andaram no passado mês a preparar a coisa, maisou menos em segredo.

O resultado está à vista AQUI, e o melhor mesmo é que os nossos leitores passem por lá e digam de sua justiça, porque nós aqui somos um pouco parciais, porque do Rui e do A.Jorge conhecemos bem o trabalho e a capacidade. Temos para nós a ideia que por trás desta nova fase está um conceito de comunicação bem mais vasto e estruturado, mas o Grande Correio Mor Rui Bandeira terá sempre a última palavra. Os nossos votos de sucesso nesta nova fase são o minimo que podemos deixar aqui.

Page 423: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

121

Os Editores do A Partir Pedra

Page 424: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

122

Shake Some Hands

May 07, 2009

I want to thank my brothers of the Grande Loja Legal dePortugal who write the blog “A Partir Pedra” for allowing methis opportunity to write an article for their magnificent site.

My name is Nick Johnson and I am a brother from the GrandLodge of Minnesota, AF & AM. I am the Senior Warden of myLodge, Corinthian Lodge #67, yet I am still very much aneophyte in my Masonic journey as I am 26 years and havebeen a Freemason for a little over three years.

The topic on which I will focus is visitation and how importantit is in a Mason’s life and how often it is ignored.

In Minnesota, we follow the Ancient Landmarks of Freemasonry which have been codified in our Grand Lodge regulations of which one of them is the right to travel. (“That to

Page 425: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

123

visit Masonicly is an inherent right of Masons, but no visitor shall be received into a Lodge if any member present objects.” §C2.03(8)) I have always been of the opinion that our Craft arose from the cathedral builders of Europe and the secret traditions that they carried from city to city as they traveled to find work. Our ancient brethren who practiced both operative and speculative Masonry needed this right to find work. These Fellow Craft Masons were cared for by their brothers and given a chance to practice their Craft in any place they found themselves. I can only imagine the welcome that these brothers would receive in places that spoke different dialects or languages yet carried the same secret knowledge that allowed them to be received as brothers. Sadly, this tradition has become rather forgotten in many places of my state and many Grand Lodge jurisdictions throughout the world. The desire to travel has now become the province of Grand Lodge officers and maybe few adventurous souls. Therefore, I propose a challenge: get out and shake some hands. In this fast moving age of information, we have the tools to find Lodges located in nearly all Grand Lodge jurisdictions on this planet. The only major challenge is the willingness to leave the comfortable confines of a brother’s Mother Lodge. Yes, it is true; it’s really cozy in the Lodge Room and yes, there is nothing better than snuggling into one of those sideline chairs, listening to the calming humdrum of Lodge life, ultimately leading down the dimly lit cave to Morpheus’ ebony bed.

Page 426: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

124

Zzzzz… Hrmph… Sorry, I drifted off there thinking about it. We cannot fall into the trap of thinking that the only Masonic life that we have is our local Mother Lodge, Appendant Body, or Shrine Club. We can and should join the greater Masonic world. The Masonic world is huge. My Grand Lodge sent a contingent of brothers to Cuba to meet brothers in that country for fellowship and humanitarian relief. We have made an unbreakable connection with those brothers because of this visit. At the MN Grand Lodge Annual Communication, we got to hear the proposed recognition of different Grand Lodges in other parts of the world. I have never been to Mexico, nor have I been to any of the other places that my Grand Lodge has recognized yet I felt closer to those countries than I could have ever been before. I have been truly fortunate to have visited Lodges near me and it has been a treat. I have always been received warmly. I have also been fortunate to have brothers from other Lodges visit my Lodge. Here is my proposal for all Masonic Officers: create a Masonic Ambassador program. It’s our duty to make friends with the officers of the other Lodges in our jurisdiction and abroad. We can absorb their ideas and take their advice and put it into practice. If a Lodge meets on the same day as yours, create a Lodge Exchange program where half of the brothers of one Lodge visit a different Lodge and vice versa. Promoting inter-Lodge fellowship can promote the exchange of ideas and, in my opinion, lead to the improvement of the overall Masonic

Page 427: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

125

experience of everyone. Even if we cannot meet brothers in physical Lodges due todistances, it is still possible to meet brothers through the“magic” of Internet (I’ve heard that it involves spells cast bythe Google guys.). I am a blogger, and through my experienceswriting my own site, I have made many new friends that Iprobably would have never made otherwise. Facebook andMyspace, or in other parts of the world, Bebo or Orkut, hasaided in helping brothers meet. There is even a Masonic socialnetworking site called Masonic Planet dedicated to bringingFreemasons and OES members together. We now have thetools to connect to any brother in the world. Even if we can’textend our hand physically to another brother online, we canstill extend our figurative hand and make those meaningfulconnections. This paper represents my shaking of the hands of the brothersof “A Partir Pedra” and I want to thank them for thisopportunity. Our world is getting smaller. The universalaspects of Freemasonry give us an edge over many otherorganizations in promoting global perspectives. We are not anational organization but an international movement topromote the brotherhood of man under the fatherhood of G-d.

Nick Johnson

nota: Nick Johnson escreve no blog

Page 428: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

126

As 6.ªs da música, com Silêncio...

May 08, 2009

De verdade podemos começar a anunciar uma rubrica regular, tal como nas programações da rádio ou da TV. Já que tenho dedicado parte das últimas 6.ªs feiras à música, hoje resolvi chamar-lhe isso mesmo. Como diria qualquer apresentador: - Senhoras e senhores, preparem-se porque vamos ouvir um som do outro mundo... Não acreditem. É mesmo deste mundo, mas para quem não conheça ainda o vídeo certamente irá repeti-lo, repeti-lo, repeti-lo... A míuda é sensacional ! Embedded File () Pronto, já está, já podem respirar ! É assim que se ensina o que é "deixar os metais à porta do Templo"... Aí está ! A simplicidade do que é bom, mesmo.

Page 429: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

127

Bom fim de semana. (Vá lá, oiçam outra vez...) JPSetúbal

Page 430: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

128

Geminação

May 11, 2009

As Geminações são um instrumento de extrema importânciapara facilitar a aproximação entre os maçons e entre lojasmaçónicas de diferentes países.

Hoje é um dia de festa para a R:.L:. Mestre Affonso Domingues,já que teve lugar a cerimónia de geminação com a LodgeHippokrates, Loja Regular da Gross Loge von Österreich, A:.F:. A:. M:. (Grande Loja dos Maçons Antigos e Aceites daÁustria) a Oriente de Viena de Austria.

Para o efeito, deslocaram-se a Portugal cerca de uma dezenade Irmãos, tendo sido celebrada uma sessão conjunta, na qualfoi efectuada a geminação entre as duas lojas.

Page 431: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

129

Foi realmente interessante ver dois Ritos (REAA e Schröder),com claras diferenças, a interagir juntos.

Com esta cerimónia, a R:. L:. Mestre Affonso Dominguesreforça a sua vertente de abertura ao exterior, vindo estageminação juntar-se às outras duas oportunamente feitas:

• R:.L:. Fraternidade Atlântica, N.º 1267 da Province deBineau da Grande Loge Nationale Française

• R:.L:. Rigor, N.º 57, a Oriente de Bragança, da GLLP / GLRP.

A sessão foi seguida por um jantar na qual estiverampresentes elementos das duas Lojas, tendo sido feita a entregade diplomas alusivos ao acto.

A Maçonaria está de parabens.

Page 432: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

130

Leçon d'un Maitre à son Apprenti - II

May 12, 2009

Mon Très Cher Frère, Cette cérémonie, dont tu fus l’acteur principal, a fait de toi un Initié. Cette initiation a débuté lorsque tu étais seul, face à toi-même, dans le cabinet de réflexion. Nous t’avons ensuite révélé une partie de nos savoirs car nous t’avons jugé digne de les recevoir. Nous avons décelé en toi, lors de ton passage sous le bandeau, l’aptitude nécessaire pour te joindre à nous. Nous t’avons donc initié. Que signifie le mot « initiation » ? Il vient du latin initiatio et on peut lui donner la signification de « commencer ». Tu laisses derrière toi ta vie profane pour commencer ta vie de Maçon. L’initiation est seulement la première étape sur la route qui te

Page 433: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

131

mènera, si tu en as les capacités, vers la lumière. C’est larestauration de ton état édénique, te replaçant dans un étatd'innocence primitif. Il te reste tout à apprendre. A partir de cet instant, tu vas progresser dans tonémancipation personnelle et spirituelle aidé, pour cela, de tesMaîtres qui seront attentifs à l’application que tu apporterasdans l’exécution des travaux qui te seront confiés.

Ainsi, au fil de ta compréhension des enseignementsésotériques du degré auquel tu appartiens, celui d’apprenti, tuchemineras progressivement d’étape en étape jusqu'à obtenirl'équivalent du degré de ton maître, voire de le dépasser. C’esttout le mal que nous te souhaitons.

Je parle de l’ésotérisme car c’est ainsi que l’on dénommel’enseignement que nous allons te prodiguer au sein de cetteRespectable Loge.

L’ésotérisme fait usage de symboles, qui sont nombreux etdivers dans la pratique de l’Art Royal qu’est la Maçonnerie, quetu auras l’occasion de découvrir auprès de celui qui aura lacharge de ton enseignement, notre frère Second Surveillant.

Tu vas être confronté à des mots, à des objets, à des attitudesqui ont tous une signification particulière. Tout est symbole etrien n’est le fruit du hasard.

- Apprends ces mot et comprends les puisqu’un jour, tupourras les prononcer ;- Sois attentif lorsque tes Frères manient les objets car tuauras, toi aussi, à les utiliser plus tard ;- Observe nos gestes et nos attitudes en Loge, tu devrastoujours t’y conformer.

Page 434: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

132

Une seule recommandation : ouvre tes yeux et tes oreillesmais, et ne l’oublies jamais, ce que tu vois et ce que tu entendsici ne peut, et en aucun cas, franchir la porte de ce Temple.

Bienvenue, mon Très Cher Frère, nous sommes heureux etfiers de t’accueillir parmi nous.

Jean-Pierre Grassi

Page 435: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

133

Abriu a caça aos Pirilampos...

May 13, 2009

Como de costume Maio é o mês do Pirilampo, e 2009 não foge à regra. Desde o fim de semana passado que o Pirilampo anda por aí… desejoso de ser apanhado para poder iluminar muitos seres que ainda vivem na penumbra. O tempo é de dificuldades, todos sabemos, mas os portugueses são solidários, também sabemos. E não é publicidade eleitoral, não ! É comprovadamente assim desde há séculos. Já assim foi nas deambulações pelo mundo que os portugueses tiveram ao longo de muitos séculos. Não há razão para duvidar dessa característica que é bem portuguesa.

Page 436: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

134

Pois bem, vamos todos à caça do Pirilampo Mágico. Se sópudermos caçar um, pois que seja, mas se for possível 2 ou 3,melhor será ! Mas não desperdicemos a oportunidade de dar uma ajuda às“crianças com limitações” que as Cerci’s apoiam. Esta campanha anual é fundamental para a sobrevivênciadestas organizações, constituindo um dos pouquíssimosmeios de financiamento de que dispõem. Não recusemos a ajuda às Cerci’s e às suas crianças. Áh… e não esqueçam os “pinos” ! Também existem e este anosão lindos. Ponham-nos na lapela, ou na blusa, ou na camisa,ou… onde quiserem. Mas comprem e usem-nos. E o Pirilampo é lindo… Já viram ? Bem na côr da moda !!!

JPSetúbal

Page 437: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

135

Indiferença entre semelhança e diferença

May 14, 2009

O nosso leitor e comentarista JPA deixou a seguinte pergunta. "Sendo a Loja formada por irmãos com diferentes formações e interesses, não leva a que uns fiquem aquém do trabalho em loja, i.e. não atinjam os objectivos, e outros achem os objectivos curtos, i.e. pouco para eles. E se tal acontece, não pode levar ao abandono quer de uns quer de outros?" Permito-me começar a responder com uma nova pergunta : Sendo a Loja formada por irmãos com semelhantes formações e interesses, não leva a que uns fiquem aquém do trabalho em loja, i.e. não atinjam os objectivos, e outros achem os objectivos curtos, i.e. pouco para eles. E se tal acontece, não pode levar ao abandono quer de uns quer de outros? Todos os homens são diferentes, e isto independentemente da sua formação. A capacidade de trabalho, não está em meu entender ligada à formação ou aos interesses, é algo intrínseco e logo cada um tem a sua capacidade, velocidade, empenho. Uma Loja deve sempre tentar ter objectivos de grupo. Estes sim deverão ser atingidos, e é através destes que os membros

Page 438: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

136

individualmente se vão melhorando. Quero com isto dizer que o abandono tem pouco a ver com aformação ou interesses de base, mas muito a ver com avontade de cada pessoa, ou às vezes por situaçõesconflituantes. Os abandonos também se devem em parte a“erros de casting” ou seja pessoas que foram iniciadas masque não o deveriam ter sido. Finalmente, em minha opinião, creio que é mais vantajoso paraa Maçonaria que as Lojas tenham pessoas com formações einteresses diferentes pois isso obriga-os a encontrar as pontesque os unem e não quando todos são por exemplo advogados,onde cada um tentará sobressair face aos outros. Aqui fico a aguardar mais perguntas. José Ruah

Page 439: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

137

Amor !

May 15, 2009

Não sei o que Vos possa dizer relacionado com as imagens que aí vão. Quando me entraram pelo mail fiquei estupefacto sem perceber muito bem se era brincadeira ou a sério. Pois bem, é a sério !!! Esta "história aos quadradinhos" trazia como título "Amor". Mantenho-o por não encontrar nada melhor ! Só que para além do Amor há aqui muito (muitíssimo) de solidariedade, persistência, doação ao outro e sei lá que mais. O ser humano tem capacidades que, dizem alguns, são inesgotáveis. Não sei se são ou não inesgotáveis, mas que por vezes parecem sê-lo, isso não há dúvida. Pelo menos para alguns ! Este exemplo de QUERER, de FORÇA e de ALEGRIA está para além daquilo que a imaginação média consegue alcançar. Vejam e apreciem. Já agora um exercício especial para o fim de semana: - Experimentem imaginar-se na mesma situação. Como seria ?

Page 440: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

138

Page 441: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

139

Page 442: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

140

Page 443: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

141

Imaginem só que estas imagens faziam escola e as relaçõeshumanas agarravam o exemplo.

Mundo bom, hein...

Façamos então por isso. Para além do mais, é essa a nossaobrigação.

Tenham um bom fim de semana.

JPSetúbal

Page 444: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

142

Reconhecimento Publico

May 18, 2009

Do nosso leitor José Restolho recebi as seguintes questõesainda no ambito do "desafio" pergunta resposta 2009.

"Para começar gostaria de subscrever o comentário do Nuno_R em relação ao livro que insinua que Oliveira Salazar era maçon. Parece-me algo despropositado e sem sentido dado que ele perseguiu os maçons. Em relação à parte de o livro mencionar partes dos ritos do REAA, deixo esta pergunta: Será errado dizer que a descrição de um rito maçónico, quando este não é vivenciado é como se apenas descrevesse uma encenação +/- teatral, tal como quando nas artes marciais se executa um Kata (sequência de movimentos que simulam um ou vários combates) se não for sentido, não passa de uma mera coreografia vazia e desprovida de sentido? Mas passemos então à questão que eu gostaria de pôr. Segundo li no livro "Freemasons at work", um M:. M:. reconhece outro executando os cinco pontos de fraternidade. Pela descrição que li, não me parece que seja algo que passe despercebida à outra pessoa, sendo ela maçon ou não. Se a suspeita em relação a essa pessoa estiver errada não será um pouco embaraçoso??? Eu sei que esta não é das questões mais brilhantes que se poderia colocar, mas ainda assim foi algo que me deixou extremamente curioso."

Page 445: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

143

Com relação ao livro sobre Salazar devo informar que não o li pelo que não posso comentar sobre o que o autor escreveu. Por maioria de razão também não posso ajuizar sobre as descrições feitas acerca de rituais. Os livros de maçonaria descrevem muitas vezes os rituais, sendo inclusivamente uma fonte de aprendizagem. Estes livros acessíveis nas livrarias e bibliotecas, fazem com que o segredo seja algo relativo e sobretudo algo que neste blog já deu azo a trocas de opinião. Da mesma maneira que se pode ler uma peça teatral e assistir à sua representação, assim acontece nos rituais. A vivência é uma parte importante. Quanto ao reconhecimento. Há reconhecimento e reconhecimento. O que quero dizer é que há múltiplas formas de reconhecimento entre os maçons. Umas são praticáveis ao “ ar livre” e outras apenas a coberto. Ou seja umas são mais discretas que outras. Nesse sentido a forma de reconhecimento de que fala é apenas usada a coberto e depois de respeitados alguns pontos prévios. O reconhecimento publico é sempre difícil e complicado, podendo de facto o outro ao não ser maçon não perceber, mas como não percebeu também não entendeu que se tratava de uma tentativa de reconhecimento. Se percebeu e respondeu

Page 446: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

144

então o reconhecimento mutuo fica feito. A partir daí há que explorar mais um pouco para se poder perceber a que obediência pertence e qual o grau que diz ter. Publicamente o processo não passará de muito mais do que isto. As formas públicas de reconhecimento assentam em pequenos toques ou sinais, ou mesmo na utilização de um determinado tipo de vocabulário, inserido na conversa tida. No entanto quando um maçon pretende visitar uma Loja, e não é conhecido por ninguém dessa mesma Loja, situação que acontece com frequência em visitas no estrangeiro, então o processo de reconhecimento é distinto. Não se pretende saber se quem está em frente de nós é maçon, pretende-se também ter a certeza que o grau que diz ter corresponde à verdade, pelo que é função do Guarda Interno verificar o visitante, solicitando-lhe que se faça reconhecer nos 1º, 2º e 3º graus de forma sucessiva. Compreenderá certamente (aliás compreenderão quase todos os leitores) que não entrarei em detalhes sobre as formas sucessivas de reconhecimento, mas elas permitem com um grau de confiança importante, e sobretudo porque com elas deverão existir documentos, como sejam o passaporte maçónico, cartão de membro, documento da Loja mãe, que corroborem que quem está perante nós é maçon de uma obediência reconhecida e tem o grau que diz ter.

Page 447: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

145

Isto tudo para dizer que os maçons não andam aí pelo meio darua a fazer figuras estranhas para tentar reconhecer / serreconhecidos como tal.

José Ruah

Page 448: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

146

Volume da Lei Sagrada

May 19, 2009

Num dos comentários ao post Indiferença entre semelhanca e diferença o nosso leitor JPA deixou a seguinte questão, todavia precedida ainda de uma consideração sobre o abandono de irmãos. "No final do Ritual de Iniciação, o Neófito, faz o seu juramento sobre o VSL. Como escolhem o Livro, se o candidato acreditar sómente no GADU?" Comecemos pelo assunto mais antigo e que tem a ver com abandonos. As razões do abandono são distintas consoante ele se produz enquanto aprendiz / companheiro ou já como mestre. Nos primeiros casos devem-se essencialmente a uma desadequação entre as expectativas e a realidade, e nisso as responsabilidades podem ter várias origens, nomeadamente o perfil, ou o padrinho nao ter explicado correctamente o que era a Ordem, a expectativa quanto ao tipo de trabalho feito, entre outras, Quando o abandono se dá já enquanto mestre aí as razões tendem a ser resultantes de diferendos, ou muitas vezes apenas de mal entendidos.

Page 449: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

147

Vamos então agora à pergunta de hoje. A iniciação em si é o culminar de um processo pelo qual umprofano se torna maçon. Este processo que dura algunsmeses, ou mesmo anos, o processo mais longo que conheçodurou 9 anos não necessariamente de conversas mas desde omomento em que houve um primeiro convite, inqueritos,pausa, relançamento do convite, novos inqueritos e finalmenteiniciação. Este processo longo e tentativamente exaustivo permite oconhecimento do profano a iniciar, permite saber das suascrenças, e dos seus desejos. As Lojas referem sempre o livro como Volume da Lei Sagradae não como Biblia, Corão, Torá, Bhagavad Gita, etc. Estageneralização permite uma maior abrangencia. As Lojas não estão obrigadas a ter um exemplar de cada umdos Livros da Lei Sagrada, aliás nalgumas grandes Lojas ounico volume que existe é o Volume da Lei Sagrada editadopela propria Grande Loja e com fim unico de se ser usado nasLojas. Nestes casos os candidatos são informados que é assim queestá determinado e é-lhes perguntado se isso lhes causaalgum problema. Mas mesmo nestes casos nada obriga a quesó haja um VLS em Loja

Page 450: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

148

Noutras Grandes Lojas não há um livro unico e as Lojaspodem escolher qual o que usam, ou mesmo quais os queusam.

Há assim um grau de liberdade para cada Loja, no que ao VLSdiz respeito.

Todavia a pergunta tem mais uma pertinencia, e que é o factode o candidato sendo crente no Grande Arquitecto, nãoreconhecer como Volume da Lei Sagrada nenhum dospropostos.

Temos aqui tres soluções:

O Candidato indica o livro que pretende, este é avaliado pelaLoja, que deverá contudo solicitar um parecer à Grande Loja, ese tudo estiver certo a cerimonia é feita.

O Candidato aceita prestar os seus juramentos sobre o(s)livro(s) existentes na Loja e o problema deixa de existir.

O Candidato não apresenta alternativa e não aceita o(s) VSL(s)existentes. Caso em que a decisão da Loja só pode ser a determinar o processo e não proceder à iniciação.

Ao longo dos quase 18 anos que estou na Maçonaria, e tendoassistido a centenas de iniciações directamente, e por viaindirecta saber de todas as que acontecem - quanto mais nãoseja porque nada soube sobre elas o que quer dizer quecorreram sem problemas - não tenho noticia que similarproblema se tenha posto alguma vez.

José Ruah

Page 451: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

149

A primeira Sessão

May 19, 2009

Por “sornice” (50%), por dificuldade de tempo (50%), por faltade disposição (50%) e por falta de outras coisas (50%), aindanão trouxe ao blogue as minhas últimas notícias da Madeirarelacionadas com os nossos Irmãos da nova Loja JoãoGonçalves Zarco.

(Vejam só em que estado anda a minha matemática. Façam ascontas… 200%.Não tenho desculpa !)

O que tenho para Vos trazer, e não tenho saber nem engenho para reproduzir com o realismo que gostaria, é a 1ª sessão ordinária desta nova loja a Oriente do Funchal. Dei-Vos em momento oportuno uma ideia do que foram os trabalhos do levantamento de colunas da R. Loja João Gonçalves Zarco e as impressões que as cerimónias me deixaram. Acontece que entretanto tive a possibilidade adicional de acompanhar os nossos Irmãos madeirenses na 1ª sessão da Loja e isso é mais um momento que ficará no meu espírito para sempre, dure esse “sempre” aquilo que durar. Foi outra oportunidade única. Como é natural uma 1ª sessão absoluta, tem de ser uma sessão de organização, de aferição das funções dos Irmãos e do funcionamento da Loja, de treino do ritual indispensável. Há dúvidas, há hesitações que é necessário esclarecer, há arestas para limar.

Page 452: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

150

Obviamente foi isso que aconteceu e o VM tomou as suasdecisões, fez a formação necessária, tratou do enquadramentodos cargos e das funções, deixou o regulamento interno daLoja como grande orientador de todo o funcionamento futuro.

As instalações são exemplares em termos de adequação àfunção de Templo Maçónico. Infelizmente estão muitodegradadas, e os nossos Irmãos vão ter muito que trabalhar (eque pagar…) para tornar aquelas instalações verdadeiramenteapropriadas às sessões da Loja.A instalação elétrica precisa de ser cuidadosamente revistaantes de ser ativada e esse facto teve uma consequência.Mesmo tendo iniciado a sessão bem cedo, com muito dia pelafrente, os últimos atos foram já cumpridos à luz das velas.Apeteceu-me comparar, e tive a oportunidade de o fazer, ostrabalhos que ali decorriam com os trabalhos de construçãodo Templo de Salomão.É que por lá também não havia eletricidade e após o Pôr do Sola iluminação possível teria de corresponder a algo semelhanteao que ali tivemos.Participei numa das Cadeias de União mais emocionantes daminha existência maçónica.

Votos de longa vida e uma existência justa e perfeita para anova Loja João Gonçalves Zarco.

JPSetúbal

Page 453: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

151

Antecipação do "fim de semana"

May 21, 2009

Desta vez por arranjo editorial temos a coisinha leve do fim desemana com um dia de avanço.Assim trago esta semana um curioso exercício musicalprovando que os pés não servem só para andar ou chutar abola.São capazes de muitas e brilhantes atuações musicais. Sóprecisam do instrumento adequado.

Ao fim e ao cabo nada que não aconteça com os outros"artistas", desde que o instrumento seja adequado... até eutoco bem as campaínhas das portas !

Vejam, ouçam e divirtam-se.

Embedded File ()

Eu não disse que com os pés era fácil ?

JPSetúbal

Page 454: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

152

Como falamos a democracia?

May 22, 2009

Sou um amante de África ! Quando aos 20 e poucos anos desembarquei em Luanda e fui a correr beber, pela primeira vez na vida, uma Coca-Cola (no Portugal da Europa era proíbido comercializar a Coca-Cola e mais todas as outras "colas") fiquei apanhado. Foi assim uma espécie de "tiro e queda" cuja explicação só é localizável no conceito de espaço, naquele momento completamente pulverizado. Entendi de repente que um "metro" é muitissimo "mais comprido" do que eu tinha percebido antes. O conceito de distância era outro, e recebi por essa via um valente e violento soco mental que me fez alterar por completo a visão do mundo. Não sei se me orgulho disto. A constatação da "saloíce" bacoca que antes enchia a minha visão do mundo não me parece que possa constituir exatamente uma glória. Mas era assim e portanto não há volta a dar-lhe. Terá sido então esse choque que me fez apaixonado por aquela terra ? Agora penso que sim, embora encontre várias outras razões complementares que ajudaram à festa. O clima é outro componente. A forma de relacionamento aberto entre as pessoas, totalmente diferente da mesquinhez

Page 455: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

153

continental é ainda outro a ajudar à paixão. A não utilização de dinheiro inferior a um escudo (os "tostões" não interessavam a ninguém, não valia a pena gastar tempo a contá-los !) também ajudou. Para quem não saiba o que é isso dos "tostões" adianto que foram, na época, os "cêntimos" atuais. Portanto o que acontecia naquela terra supostamente atrasada, existente num continente supostamente atrasadíssimo (era a ideia ensinada no continente), era que tudo se passava a uma dimensão 100 vezes maior. A unidade mais pequena, lá, valia 100 vezes mais do que a unidade mais pequena do pequeno Portugal europeu. Esta ideia não foi materializada de imediato mas foi esta a realidade encontrada. Bem, toda esta explicação para explicar uma paixão... como se as paixões tivessem explicação. Burro ! Não melhorei nada !!! Finalmente, como apaixonado por África vou lendo e contactando tudo o que as oportunidades do dia-dia me vão permitindo. Foi assim que apanhei este texto de Mia Couto, curiosamente no dia a seguir a tê-lo encontrado e trocado uma conversa breve com ele, numa passadinha que deu pela Malaposta onde foi ver a apresentação local de "Chuva

Page 456: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

154

pasmada", coisa assim a modos que uma autobiografia decriança, conforme me disse que era. E porque em textos anteriores "brinquei" um pouco com alingua portuguesa (lembram-se do "bilinguismo" e da"iberofonia" ? Vão lá atrás meia dúzia de textos e verão)encontrei neste comentário do Mia Couto uma aproximaçãocuriosa da ideia central que o tal de Roberto Moreno apresentano seu conceito de "geolíngua". Repare-se que um é moçambicano e outro brasileiro e nãotenho qualquer indicação de que se conheçam. Desde logo são personalidades de tal forma diferentes que hámesmo uma forte probabilidade de não saberem um do outro. Aqui Vos deixo para se entreterem: Como falamos a democracia?

Os nacionalistas africanos não ficaram à espera que umvocabulário apropriado nascesse nas línguas maternas dosseus países.

Page 457: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

155

Na bela cidade de Durban, falávamos eu e outros escritoresafricanos da surpresa do modo como, no Zimbabwe, tantosainda apoiam Robert Mugabe. Havia, no grupo, escritores devários países de África. Aproveitámos o que melhor há nasconferências literárias: os intervalos.

A nossa perplexidade não se limitava ao caso zimbabweano.Como é que povos inteiros, em outras nações, se acomodaramperante dirigentes corruptos e venais. De onde nasce tantaresignação?

Uma das razões dessa aceitação reside na forma como aslínguas se relacionam com conceitos políticos damodernidade. Por exemplo, um zimbabweano rural designa osseus líderes nacionais como entidades divinizadas, fora dascontingências da História e longe da vontade dos súbditos. Omesmo se passa em quase todas as línguas bantus.

A questão pode ser assim formulada:

Page 458: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

156

- Como pensar a democracia numa língua em que não existe apalavra «democracia»?

- Num idioma em que «Presidente» se diz «Deus»?

Nas línguas do Sul de Moçambique, o termo para designar ochefe de Estado é «hossi».

Essa mesma palavra designa também as entidades divinas naforma dos espíritos dos antepassados, traduzindo umasociedade em que não há separação da esfera religiosa.Parece uma questão de ordem linguística. Não é.

Trata-se do modo como se organizam as percepções e asrepresentações que uma sociedade constrói sobre si mesma.A sacralização do poder não pode casar com regimes em quese supõe que os líderes são escolhidos por livre votação,numa sociedade em que os súbditos se convertem emcidadãos.

Esse assunto escapa muitas vezes a quem se especializou emorganizar seminários sobre cidadania e modernidade emÁfrica. A problemática política é vista, quase sempre, na suadimensão institucional, exterior à intimidade dos cidadãos.Quando o participante do seminário explicar à sua comunidadeo conteúdo dos debates usará a sua língua materna. E sempreque se referir ao Presidente ele fará uso do termo «deus».

Como pedir uma atitude de mudança nestas circunstâncias?

O que se pode fazer?

Será que os falantes destas línguas estão condenados àimobilidade por causa desta inércia linguística?

Na realidade, existem tensões entre a lógica interna de algumas destas línguas e a dinâmica social. Estas tensões não

Page 459: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

157

são novas e sempre foram resolvidas a favor da adaptaçãocriativa e da criação de futuro.

Já no passado, as culturas africanas (e todas as outras emtodos os continentes) tiveram que se moldar e se reajustarperante aquilo que surgia como novidade.

Eu mesmo testemunhei o modo veloz como as línguasmoçambicanas se municiaram de instrumentos novos,roubando e apropriando-se de termos não próprios. Com o usogeneralizado esses termos acabaram indigenizando-se. Semdrama linguístico, sem apoio de academias nem de acordosortográficos os falantes dessas línguas «pediram» deempréstimo palavras de outros idiomas.

Moçambique é, nesse domínio, um caldeirão dessasmestiçagens.

Os nacionalistas africanos não ficaram à espera que umvocabulário apropriado nascesse nas línguas maternas dosseus países. Eles começaram a luta e essa mesma dinâmicacontaminou (mesmo com uso de termos e discursos inteirosem português) as restantes línguas locais.

Tudo isto nos traz a convicção do seguinte: a capacidade dequestionar o presente necessita de língua portadora de futuro.A necessidade de sermos do nosso tempo e do nosso mundoexige línguas abertas ao cosmopolitismo.

África – tantas vezes pensada como morando no passado – jáestá vivendo no futuro no que respeita à condição linguística:quase todos africanos são multilingues. Essa disponibilidade éuma marca de modernidade vital.

O destino da nossa espécie é que cada pessoa seja ahumanidade toda inteira.

Page 460: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

158

(Crónica de Mia Couto, escritor moçambicano, publicada naedição de Abril da revista África 21 )

Como viram aqui está outro defensor do bilinguísmo sendoque, para mim, este é bem mais representativo.

Mas de facto há uma enorme aproximação no conceito base.

JPSetúbal

Page 461: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

159

Curso de Pós-Graduação em Filosofia e FundamentaçãoMaçónica - Conclusão

May 25, 2009

O nosso escriba em pousio, Rui Bandeira, deu aqui noticia em 22/10/2007 e em 16/04/2008 sobre o Curso de Pós-Graduação em Filosofia e Fundamentação Maçónica idealizado pelo Grande Oriente do Estado de Mato Grosso (GOEMT), em parceria com o Centro Universitário Cândido Rondon (Unirondon) e com o Instituto Creatio. Chega-nos por via electrónica a informação da sua conclusão através do seguinte texto: "Com muita alegria que escrevo ao irmão para informá-lo de que concluímos o curso de pós "Lato sensu" em Filosofia e Fundamentação Maçônica. Onde chegaram ao final 14 alunos mestres maçons. O que nos deu muita alegria, que fizemos o lançamento de um livro em dois volumes com os artigos das monografias dos formandos. O primeiro volume, foi lançado no XIV Encontro Nacional de Cultura Maçônica, ocorrido em Cuiabá-MT nos dias 17 e 18 de abril. O segundo volume será lançado na cerimônia de entrega dos certificados de pós aos mestres maçons, no dia 20 de agosto na UNIRONDON, com a presença da Reitora e dos três Grãos Mestres, ou seja, do GRANDE ORIENTE DO BRASIL; GRANDES LOJAS DE MATO GROSSO E GRANDE ORIENTE DO ESTAO DE MATO GROSSO. Em anexo a capa do I volume do livro lançado em abril. Desde

Page 462: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

160

já nossos agradecimentos, pela palavras publicadas a nós em2008, que nos serviu de estimulo a continuar e concluir estecurso. S.'.F.'.U.'.. TFA. Ir.'. Medson Janer da Silva. Coordenador do Curso." Queremos concelebrar com os nossos Irmãos de AlémAtlantico este sucesso com o nosso aplauso apropriado. José Ruah

Page 463: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

161

Maçonaria Entreaberta - I

May 26, 2009

Iniciamos hoje a publicação de primeira de 3 partes de umtexto que cremos ter qualidade para estar neste espaço. Estetexto que nos chegou por via indirecta, mas queimediatamente foi reconhecido como tendo sido escrito porLuis Nandim de Carvalho, 2º Grão Mestre da GLLP/GLRP, em1997 época conturbada para a Maçonaria Regular Portuguesa.Solicitada a devida autorização para publicação, que nos foiconcedida, ficou ao critério do editor, e dada a grandedimensao do mesmo, a respectiva separação em 3 partes aserem publicadas em dias consecutivos.

Relembramos que este texto data de 1997 e é um artigo deopinião pessoal .

Maçonaria Entreaberta

Quando um maçon usa ritualmente da palavra, em Loja, emsessão ritual, fá-lo a Bem da Ordem. Isto é, o maçon nunca seexprime por uma motivação pessoal e egoística, antes devesempre preocupar-se e identificar-se com a organizaçãoiniciática que é a Maçonaria, assumindo pois uma posturaaltruísta e filantrópica.

Por natureza, o maçon é pois solidário na sua espiritualidade,o que resulta da sublimação da sua dimensão meramenteterrena e materialista.

É esta atitude que alguns cínicos chamaram já de "insanidademaçónica", conceito anti-maçónico, porque anti-institucional, eque pretende ridicularizar os valores maçónicos,considerando-os só próprios de insanos.

Page 464: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

162

Também na vida profana, isto é no seu quotidiano cívico, omaçon deve actuar de acordo com as suas responsabilidadespróprias, isto é a bem da Ordem, o que significa nada fazer queponha em causa a sua respeitabilidade e dignidade deinstituição milenária, por via da contenção e da discrição. Epor outro lado, pela via activa, tudo deve fazer para que osideais universais dos valores da Paz, da Harmonia,solidariedade, fraternidade e tolerância, sejam efectivamentedifundidos, aceites e praticados pelo maior número depessoas, sejam ou não crentes no Grande Arquitecto doUniverso.

Quer isto dizer, que não se pode ser maçon sem se respeitar aordem democrática e da moral vigente, que aliás devem estarem consonância nas sociedades civilizadas contemporâneas.Um maçon que não se identifique nesses termos com asociedade em que se integra, dificilmente poderá ser manter asua condição de Maçon, porquanto nenhum legítimo deverprofano deve estar em contradição com o juramento maçónico.

O maçon contemporâneo deve pois actuar de acordo com umacultura maçónica espiritualista consequente, isto é, quecompatibilize os valores humanistas universais, com osvalores espirituais universais. Numa síntese, o maçon deve teros pés na terra, a cabeça no céu, e o coração com o do dosoutros... O que significa que o maçon deve sempre procurarsuperar as suas limitações, auto aperfeiçoar-se na busca deser melhor do que é, especialmente em relação aos outros,qual bom samaritano. Correlativamente, cabe à Maçonariaproporcionar-lhe as condições objectivas para que tal lhe sejapossível.

Page 465: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

163

Esta postura é a exigida aos maçons regulares, também ditostradicionais ou de via sagrada, aqueles que trabalham nassuas Lojas sob invocação de Deus, Grande Arquitecto doUniverso, sobre o livro sagrado, o esquadro e o compasso.

Quanto aos outros, ditos maçons irregulares, ou liberais, ou devia substituída, que se reúnem segundo a aparência dosmesmos ritos, decorações e ideais, já dispensam a viaespiritual, e trabalham sobre a Constituição de Andersen, a doPaís da sua nacionalidade, enfim sobre a própria declaraçãoUniversal dos Direitos do Homem, e sem necessariamenteinvocarem Deus, o Grande Arquitecto do Universo. Isto é: uns,os regulares, partem de um pressuposto que é o da crença noCriador, os outros partem do postulado da liberdade de crençaou não no Criador, uns e outros, sem se remeterem a umaposição contemplativa, buscam o seu próprioaperfeiçoamento, "não faças aos outros aquilo que nãogostavas que te fizessem", mas com efeitos diversos ao nívelde intervenção na sociedade.

De facto, enquanto os regulares se situam no plano dosagrado, os outros colocam-se no campo do laicicismo, econsequentemente envolvem-se mais directamente na vidaprofana que procuram aperfeiçoar, senão mesmo transformar.

Para um maçon "regular" a sociedade só será mais perfeita se isso decorrer do processo de aperfeiçoamento individual, de cada um, enquanto para um maçon "irregular", o essencial é ser ele o agente da transformação da sociedade. Isto é, passa o maçon em vez de ser o destinatário das suas reflexões e consciência, para procurar o auto aperfeiçoamento, a considerar-se o agente de transformação e da perfeição da

Page 466: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

164

sociedade.

Bem se compreende que esta atitude possa gerar desde logo,a quebra de harmonia entre os maçons. Ultrapassada aintimidade de cada um, em que só cada qual é juiz de sipróprio, e de acordo com os parâmetros da sua autodefinição,sendo portanto responsável pela sua própria consciência, osmaçons irregulares confrontam-se exteriormente sobre asvárias actividades que poderão contribuir para transformaçãoe aperfeiçoamento da sociedade...e estas serão tantas quantasas percepções do que é a perfeição da sociedade.

Uma outra questão que pode lançar alguma confusão quantoao termo maçon, para além da referida distinção entre maçonsregulares e irregulares, na terminologia mais amplamenteconsagrada, é a possibilidade de existirem maçons quetrabalham regularmente mas em situação institucional deirregularidade, e a de maçons institucionalmente irregulares,mas que trabalhem regularmente nos seus templos e Lojas.

De facto, para se ser maçon não basta uma auto proclamação. É necessário que "os seus irmãos o reconheçam como tal", isto é, é essencial que se tenha sido iniciado, por outros maçons, cumprido com as suas obrigações de maçon, esotéricas, simbólicas e incluindo as materiais, e que se integre numa Loja, integrada regulamentarmente numa Grande Loja ou num Grande Oriente, devidamente consagrados, consoante as terminologias tradicionais. Ora, desde logo se pode vislumbrar a possibilidade de maçons integrados numa Grande Loja ou um Grande Oriente irregular (nomeadamente por não ter sido regularmente constituído, respeitar globalmente a crença em Deus, Grande Arquitecto do

Page 467: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

165

Universo, nem obedecer a outros landmarks), praticarem numadeterminada Loja uma actividade em tudo igual aos queactuam numa Loja regular, integrada numa Grande Loja ouGrande Oriente Regular.

Todavia tal não basta, e uma prática maçónica, só se podeadmitir como regular, se reconhecida como tal, por quem dedireito, ou seja, por uma Grande Loja, ou Grande Orienteregularmente constituído e em regularidade de funcionamento.

Aos que se consideram maçons regulares, para queefectivamente o sejam, é necessário serem reconhecidoscomo tal, é indispensável que tal estatuto lhes sejareconhecido. De facto o reconhecimento é essencial paraatestar um dos requisitos fundamentais e integradores daregularidade, que é o da legitimidade da transmissão daprópria regularidade. Só assim se constitui legitimamente aregularidade.

Um pouco à semelhança do próprio processo dereconhecimento da independência dos Estados, em que nãobasta a proclamação unilateral de independência, é crucial quea comunidade internacional a reconheça, e depois, para se serverdadeiramente membro de pleno direito da comunidadeinternacional, ou de comunidades regionais (como os Estadosmembros da União Europeia), é ainda necessário o respeito dalegalidade universal, que tem como referência a declaraçãouniversal dos direitos do homem.

Um maçon que respeite as regras da regularidade, tem pois de respeitar as suas regras essenciais: Os landmarks, as constituições, os regulamentos, a regularidade da transmissão maçónica, enfim o próprio cumprimento das leis civis. Um

Page 468: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

166

maçon que portanto seja irregular quanto à sua filiação numaGrande Loja ou Grande Oriente irregular, não pode serconsiderado regular pela comunidade maçónica regular... nãopode pois aceder a sessões rituais regulares. Só o poderáfazer se, e quando por um processo dito de regularização,deixar a sua obediência irregular e for recebido como regularpor uma obediência maçónica com estas características. E quanto ao inverso? Um maçon iniciado regularmente, atrabalhar regularmente, integrado numa Grande Loja ou numGrande Oriente que perdeu o seu reconhecimento comoregular pela comunidade maçónica universal? A resposta ésimples... passa a ser incluído na irregularidade. Este só temtambém uma solução à sua disposição, se não quiserpermanecer na irregularidade e afastado do convívio maçónicoregular universal: é ingressar numa obediência maçónicareconhecida como regular.

Caso ainda diverso e que não merece comentário, é o dosprofanos e/ou, ex-maçons que se integram na anti-maçonaria,quer contra a maçonaria regular, quer contra a maçonariairregular, desrespeitando a leis civis, e quanto aos primeirosos seus valores espirituais, e quanto aos segundos o seusvalores humanísticos. Os anti-maçons estão fora damaçonaria.

Não se trata de um jogo de palavras. É essencial e constitutivo da regularidade maçónica o seu reconhecimento. Não pode haver maçonaria regular ao arrepio dos landmarks, com violação da constituição de uma obediência, dos seus regulamentos, com violação das leis civis, com a prática de crimes assim considerados pela sociedade profana

Page 469: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

167

democrática. A comunidade maçónica internacional condena edenuncia estas situações, que merecem denúncia pública detodos os maçons e homens de boa vontade.

Resta acrescentar, que não existe possibilidade de ummovimento que se pretenda espiritualista, esotérico,simbólico, iniciático e universalista se desenvolver contra aspróprias leis democráticas de um Estado de Direito, que seintegre na comunidade internacional democrática.

A Maçonaria laica, humanista mas materialista, profana porquenão sagrada, resvala com grande facilidade em dois dos maistemíveis desvios que podem fazer perigar a excelência da ideiae filosofia maçónicas: a politização e o negocismo.

De facto, grande é a tentação da opção pela via política directa,como suporte e instrumento directo da acção maçónica, parase implantar na sociedade ideias e ideais de liberdade, justiçasocial, igualdade, solidariedade... só que ao fazê-lo, faz-seperigar inexoravelmente a paz, a harmonia, a tolerância... a viamaçónica torna-se pois irregular, na medida em que as lojasdeixam logo de ser os locais de serena elevação espiritual,para passarem ao lado do esoterismo iniciático e simbólicoque as caracterizam na sua pureza, para se assumiram comomais um local a profanar pelo imediatismo da gestão políticados interesses materiais.

Além da politização, o outro risco é o negocismo, a pretexto da solidariedade a estabelecer com os irmãos mais necessitados, ou para viabilizar ideais de solidariedade para com terceiros, ou mesmo para fortalecer financeiramente a instituição maçónica. O afastamento das preocupações de elevação espiritual cedo cedem passo ao "primum vivere, deinde

Page 470: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

168

philosophare..." Daqui à tentação do materialismo do "valetudo" é um pequeno passo.

Dir-se-á que a maçonaria regular sofre também destas duastentações. Decerto que sim, mas em menor grau, porque de talmodo infringiria um dos seus landmarks e consequentemente,arriscaria a perder a sua própria natureza. A maçonaria regular,que não pode por definição ser política, sofre antes, e maisgravemente de um potencial risco de desvio, que é o de setransformar em seita, pelo sectarismo messiânico, oupseudo-esotérico de que os seus adeptos possam ser levadosa reclamarem-se como iluminados.

De facto alguns, seduzidos pela aparência temporal do poderespiritual, enveredam por caminhos insondáveis de mistério,lado a lado com fórmulas de cultos iluminados de ilusionismo,cartomancia, bruxaria, satanismo, e seus similares de magianegra. Estão a um passo de enveredarem por seitas,naturalmente anti-maçónicas.

Fim da 1ª Parte

Editado porJosé Ruah

Page 471: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

169

Maçonaria Entreaberta - II

May 27, 2009

Maçonaria Entreaberta - 2ª parte

Cabe recordar o conceito de seita como foi definidorecentemente pelo Parlamento francês , e que identifica"grupos que visam, mediante manobras de desestabilizaçãopsicológica, obter a adesão incondicional dos adeptos, adiminuição do seu espírito crítico, a ruptura com as referênciascomummente aceites (éticas, cientificas, cívicas,educacionais)...estes grupos utilizam coberturas filosóficas,religiosas ou terapêuticas para dissimular os objectivos depoder, submissão e exploração dos adeptos".

Neste conceito de seitas, aparecem como elementoscaracterizadores e indiciadores da existência da marginalidadedo grupo, os atentados ou ameaças à integridade física... odiscurso com características anti-sociais... perturbações daordem pública... tentativas de infiltração dos poderespúblicos... etc.

Nada disto tem a ver com maçonaria, nem com religião.Exemplos de seita antimaçónica temos historicamente emItália a loja P2 (propaganda due). Desde logo antimaçónica,porque secreta, porque não realizando iniciações, porausência completa de observância dos landmarks, por nãoreunir regularmente, não cumprir com constituições ouregulamentos maçónicos, por ter objectivos materialistas eilegais.

Page 472: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

170

Os maçons regulares devem reunir-se em lojas regulares,exclusivamente masculinas, que estão congregadasinstitucionalmente em Grandes Lojas, ou mesmo GrandesOrientes que globalmente trabalham à glória do GrandeArquitecto do Universo. Não é possível entender-se naMaçonaria Universal a existência de Lojas regulares que o nãosejam pela legitimação da transmissão da regularidade, eacrescente-se, pela manutenção, dos "standards" dessaregularidade, fixados nos "landmarks".

Para os regulares também não é pois possível a existência delojas regulares autónomas - estas serão lojas selvagens, nãoreconhecidas pela comunidade maçónica universal. Mastambém não é possível, existirem dentro da mesma GrandeLoja ou Grande Oriente, se pretender obter o reconhecimentointernacional, lojas a funcionarem regularmente de acordo coma Tradição, e lojas irregulares a funcionarem liberalmente, istoé sem aceitação unânime do landmark da crença no GrandeArquitecto do Universo.

Neste quadro o que é possível então?

Os maçons regulares consideram que a Maçonaria, como substantivo, só pode ter uma acepção que é a do sentido de uma organização masculina, iniciática deísta e simbólica. Não se reclamam do exclusivismo esotérico nem do exclusivismo iniciático que reconhecem poder existir em outras organizações. De facto, o termo maçonaria como adjectivo, tem sido usado para qualificar outras organizações de base humanista e que pretendem por uma via iniciática substituída (não a sagrada), desenvolver igualmente a filosofia de fraternidade, igualdade e liberdade, valores cívicos essenciais

Page 473: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

171

ao pleno desenvolvimento dos valores espirituais daMaçonaria, como é o caso, entre outros dos Rosa Cruzes.

Deste modo, não é possível a cooperação ritual, em loja, oumesmo em Grande Loja, entre maçons regulares e irregulares,ou entre maçons regulares e quaisquer outro grupo deiniciados, não maçons, ou mesmo mulheres que se reclamemda Maçonaria.

Mas não deixa de ser possível a colaboração em iniciativas decarácter profano em que maçons regulares, e outros homens emulheres de bem, pretendam desenvolver iniciativas quevisem proporcionar à sociedade uma divulgação de valoresque sejam universais, como a Paz, a Harmonia, aSolidariedade, a Fraternidade e a Tolerância. De facto algo deessencial aproxima todos os que se reclamam da Maçonaria:as preocupações humanistas, e o envolvimento em acçõeshumanitárias. Uns os regulares, porque crentes em Deus,Grande Arquitecto do Universo são espiritualmentehumanistas, outros porque irregulares, e laicos, cientes nanatureza do Homem, são igualmente humanistas. Por viaespiritual ou existencialista, aceitam todos o Humanismo.

A cooperação dos maçons com outras entidades, parte porémde pressupostos mínimos que são essenciais, e até tãonaturais em consciências civicamente bem formadas quequase seria desnecessário referi-lo. De facto, não há nenhumprojecto no mundo cívico ou profano, que possa envolvermaçons, se não for compaginável com o respeito pelalegalidade e liberdade democráticas. Nem se concebe quepudesse ser de outro modo.

Page 474: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

172

Por isso, um dos pontos porventura mais salientes da criseque alguns dos ex-maçons regulares em Portugal ocasionarampublicamente, em finais de 1996, e que se auto excluíram damaçonaria regular, a partir do dia 7 de Dezembro, com ausurpação das instalações de Cascais da obediência iniciática- Grande Loja Regular de Portugal - e depois, pela tentativa dedomínio dos altos graus maçónicos, é o da sua ausência decultura democrática, moral e maçónica.

As autoridades maçónicas internacionais ou estrangeirasdepositárias das tradições iniciáticas da maçonaria regular játomaram aliás, posição iniludível. Seja ao nível das GrandesLojas, seja ao nível dos sistemas dos Altos Graus, em especialdo Arco Real, dos Grandes Priorados, e dos SupremosConselhos do grau 33º : - Em Portugal, só existe uma GrandeLoja Regular legítima, e que se insere na associação sem finslucrativos denominada Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

A própria opinião pública, que condenou aqueles actos,surpreendeu-se, e com razão, com o facto de tal ter podidoocorrer desencadeado por quem se dizia maçon, e semprepublicamente se tinha apresentado como tal!

Quer com isso dizer-se, que muitos dos que se lançaram na aventura anti-maçónica da "casa do sino", como ficou a ser conhecida a instalação administrativa da Grande Loja Regular de Portugal, em Cascais, se esqueceram, ou nunca tinham interiorizado os ensinamentos que deveriam ter recebido na sua iniciação, e posteriormente com o simbolismo das demais subidas de grau, ou, ainda mais grave, na ascensão nos altos graus, ditos de perfeição. Ou seja, aqueles ex-maçons, ou pior, anti-maçons, que são hoje, violaram a importância dos seus

Page 475: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

173

juramentos, e com isso tornaram-se perjuros; renegaram a suacondição de maçons, e auto-excluíram-se da maçonariaregular e universal.

Uns intencionalmente, e perseguindo projectos de poderpessoal só possíveis pela pérfida violação da lei civil, da moralsocial e da tradição maçónica; outros, que os acompanharam,fizeram-no, uns, por ingenuidade ou falta de preparaçãomaçónica, outros ainda porque não eram livres, e dependentesde salários, de relações familiares, e de empregos, nãopuderam libertar-se do jugo dos seus amos e senhores, ou, namelhor das hipóteses de relações de amizade possessivas.

Esqueceram-se, que mais valia ter a garganta cortada, nosimbolismo expressivo de um dos juramentos maçónicos, doque faltar aos sãos propósitos de escolher os caminhos davirtude, de praticar o bem, assim, resvalaram nos caminhos dovício, ou seja decidiram praticar o mal.

Esqueceram-se, que no próprio catecismo de muitos ritosmaçónicos, se exemplifica, para além do simbolismo: - maisgrave ainda do que ter a garganta cortada, é ficar a serconsiderado como perjuro, e passar a ser conhecido entre osmaçons de todo o mundo, como homem indigno, sem palavrae sem honra...

Mas para tanto é preciso que se tenha honra. Que se seja livre,e de bons costumes...

Ora a questão essencial da cultura maçónica, começa por se colocar desde logo no momento da iniciação: - Só homens livres e de bons costumes podem ser iniciados, e desde que sejam crentes, em Deus, Grande Arquitecto do Universo. Não se trata de frases feitas para recitar como ladainhas, mas antes

Page 476: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

174

de conceitos que só fazem verdadeiro sentido seinteriorizados, apreendidos, e assim sentidos na profundidadede um compromisso solene e sagrado, porque sob a suahonra, e sobre o livro sagrado.

O que quer dizer livre? De maior idade? Auto-suficienteeconomicamente? Não dependente de vícios que condicionemou até anulem a nossa vontade? E de bons costumes? Quequer dizer? Que não se achem condenados pela sociedadecivil, quer dizer apenas uma conformidade formal com a moralsocial dominante e vigente? Ou, antes terá o significado debons costumes no sentido do respeito dos elementaresdeveres contidos na declaração universal dos direitos dohomem?

Estas questões cruciais deveriam ser sopesadas aquandocada um que deseje ingressar na Maçonaria, se decidepreencher o formulário de pedido de admissão. Por issomesmo, há que favorecer a uma maior abertura ao mundoprofano, e divulgação contida, daquilo que se pode entreabrirda Maçonaria... para que se saiba ao que se vai, pelo menosquanto a requisitos mínimos. E para que a sociedade nãotenha, por receio ao secretismo do desconhecido, o impulsode o combater e de condenar.

Aliás, o verdadeiro segredo maçónico consiste na percepçãointerior da consciência do processo iniciático. É por isso e pornatureza intransmissível, por qualquer outro que não seja opróprio, e mesmo assim, se encontrar palavras com que sepossa exprimir de forma inteligível para quem não tiver sido,por sua vez, também iniciado.

Page 477: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

175

Não há revelação de segredo maçónico por divulgação dequaisquer fotografias, frases, e até mesmo gestos quecarecem de significado para quem não foi iniciado. Se de outromodo houvesse entendimento possível, todos os segredos damaçonaria estariam já revelados nos mais de 90.000 livrosrecenseados, que foram publicados sobre o tema, dos váriosfilmes e vídeos editados pelas Grandes Lojas Regulares,incluindo a Grande Loja Unida de Inglaterra, e das milhares depáginas que se encontram na Internet, quer assumidasoficialmente por várias obediências maçónicas, quer pelaspáginas pessoais de vários internautas maçons. Não sejamoshipócritas... Hoje, a Maçonaria não se pode contentar empromover a iniciação daqueles que lhe batem à portafascinados pelo sobrenatural do secretismo do mistério, pelaenganosa ambição de negociatas mirabolantes só reservadasaos eleitos das suas imaginações, pelo pseudo poder ocultodo domínio de coisas e de outros. Não e não.

A Maçonaria deve sim, ser uma resposta e uma via iniciática eredentora para aqueles que procuram um auxilio solidário nodespertar e formar da suas consciências. Dos que pretendemascender a um saber milenário e iniciático, que acreditam equerem continuar a acreditar no Criador, na Paz, na Harmonia,na Solidariedade, na Fraternidade e na Tolerância de todos oshomens.

A Maçonaria deve ser uma escola de escol, de virtudes, uma oportunidade de auto aperfeiçoamento fraterno e universalista, para quem a procura, um caminho consequente de sublimação e de superação de limitações. Para tanto, é preciso maturidade de idade e de consciência, é preciso que se tenha uma

Page 478: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

176

percepção espiritualista da condição humana derivada dacrença no Grande Arquitecto do Universo, é preciso enfim,ter-se já uma consciência suficientemente evoluída quepermita a cada um dos maçons contribuir para que o profanoiniciado se integre perfeitamente no caminho maçónico, queconsiga sublimar os seus objectivos meramente materialistas,para se colocar numa posição ou patamar de espiritualidadeactuante.

Fim da 2ª parte

Editado por

José Ruah

Page 479: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

177

Maçonaria Entreaberta - III

May 28, 2009

Maçonaria Entreaberta - 3ª e ultima parte

Caso não se atinja essa dimensão, estarão sempre os maçonsdominados pelas suas paixões visando objectivos materiaissem projecção espiritual... serão perfeccionistas do ritual,serão grandes doadores para obras de caridade, serãoimpecáveis nos seus atavios, medalhas, cordões econdecorações, mas pouco terão contribuído para overdadeiro despertar das suas consciências, ou das dosoutros. Pouco poderão contribuir, se a tão pouco se limitarem,a favorecer que a sociedade venha a ser de facto melhor.

Para se chegar a um tal nível, é necessário que tenhamos avisão das três idades que todos atravessamos: a do Pai ou dadependência, a do Eu, ou egocêntrica, e a do Nós ou dasolidariedade.

Isto é, o ser humano quando nasce, e quantas vezes atémorrer, nunca passa da fase inicial de dependência ousubordinação, primeiro dos pais ou do pai, depois dosprofessores ou tutores, depois dos amigos, dos patrões, dosleaders, enfim de quem não o permite ser livre por si próprio.

Outros há, que ultrapassam esta fase, entram na do Eu, egocêntrica e competitiva, normalmente com aspectos estimulantes de realização pessoal e profissional em função de

Page 480: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

178

metas materiais, atingindo quantas vezes os chamadospadrões de sucesso e de convergência europeus, de felicidadee qualidade de vida, mas quantas vezes espezinhando os queencontram no seu caminho.

Não são todos, aqueles que conseguem ascender à terceirafase, a do Nós. A da solidariedade, que pressupõeresponsabilidade social, sublimação de interesses materiais,conciliação entre objectivos individuais legítimos, e objectivosde interesse colectivo. Na fase do Nós, a espiritualidade éconsequente, é actuante, e não apenas um rictus exterior parasalvar aparências, ou apaziguar temores do desconhecido.

O momento da iniciação deveria ser, para aqueles que aindanão atingiram o terceiro degrau das suas vidas, o primeirodegrau de subida a esse nível de consciência, o verdadeiroprimeiro dia do resto da suas vidas... A iniciação deveria sersempre uma porta, um porta mais larga, com mais luz para oNós, para consciência dos valores universais e espirituaismilenários, que a Maçonaria regular representa.

A partir daqui, abre-se ao maçon regular, um caminho... eleaprenderá a comunicar pela palavra, e desde logo pelojuramento; ele aprofundará a capacidade de comunicar pelogesto, e desde logo pelo colocar-se à ordem de aprendiz;enfim ele conseguirá com a ajuda dos seus irmãos aprender acomunicar pela mente, desde logo, pela primeira vez que seencontre numa cadeia de união.

Assim, ascenderá triplamente, oralmente, gestualmente ementalmente, a uma nova forma de conhecimento, de sipróprio, e dos outros, que como ele iniciados, passará areconhecer e a tratar por Irmãos.

Page 481: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

179

Se aqueles, que estiveram com a Grande Loja Regular até aosinfaustos acontecimentos de 7 de Dezembro e depois adecidiram abandonar, tivessem mais cultura maçónica, seestivessem todos na fase do Nós, se tivessem ultrapassado asfases do Pai, e do egocentrismo do Eu, se já soubessemcomunicar não só pela palavra, pelo gesto, mas também pelamente, não teriam afrontado a Maçonaria como o fizeram.

Não teriam eles sido, sim como foram, as vítimas da suainsaciável sanha anti espiritual, porque deixaram prevalecer assuas mesquinhas motivações profanas de interesses de podermaterial, sobre a responsabilidade do dever maçónico, quenão compreenderam, que renegaram e que abandonaram.

Durante a crise aliás, verificou-se a simpatia senão mesmo aadesão aos valores da maçonaria universal pela reacçãopositiva de vários sectores da sociedade civil, e por umaopinião pública mais conhecedora dos fenómenos iniciáticos.Cedo se compreendeu, pela exposição à comunicação social,que o conflito tinha por génese a purificação da Maçonariaregular, de desvios que a viciavam, contrariando a suaabertura legítima ao mundo profano.

Os ex-maçons, que pelo uso da força e da mentira, violaram alei civil e a tradição maçónica cometeram em auto-autópsia,um autêntico suicídio maçónico.

Ficou pois, finalmente claro depois da crise da maçonariaregular, quem ficou do lado da legalidade, da moralidade, daregularidade. Enfim, quem é Maçon...

Hoje, sem qualquer dúvida, a nível nacional ou internacional, a Maçonaria regular e universal está representada em Portugal pela Grande Loja Regular de Portugal, designação da

Page 482: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

180

assembleia geral da associação cultural sem fins lucrativos,constituída notarialmente segundo a lei portuguesa, sob adenominação de Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

A Grande Loja, que prosseguiu sem soluções dedescontinuidade a sua actividade, congrega múltiplas lojas emtodo o País, e mantém relações fraternas com a larga maioriadas obediências maçónicas estrangeiras que integram amaçonaria universal, e continua a sua actividade ritual eespiritual, como é dos landmarks, no respeito das leisdemocráticas portuguesas, das suas autoridades legítimas, damoral social, e da Tradição ancestral maçónica universal.

A Maçonaria regular tem em Portugal, como tem em todo omundo, um amplo horizonte de serviços a prestar à sociedadeem que se insere, e à Humanidade em geral, pois os maçons,na vida profana, e pelo seu exemplo, devem constituir valoresseguros de referência.

Devem os maçons envolver-se individualmente, que não emnome da Maçonaria, em projectos sociais, culturais,científicos, económicos e de solidariedade que sob o ânguloda responsabilidade e exigências de profissionalismo e justiçasocial contribuam para o avanço espiritual da sociedade.A Sociedade, a Humanidade, só progride se conseguiremcondições generalizadas de Paz, de Harmonia, deFraternidade, de Solidariedade e de Tolerância entre aquelesque partilhem destes valores. As sociedades e a Humanidadeserão tanto mais justas quanto menos excluídos sociaishouver... só que a exclusão e a marginalidade social não afectasó os pobres de bens materiais, afecta, e de que maneira, ospobres de espírito.

Page 483: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

181

Cabe em geral aos homens de boa vontade, e em especial aosmaçons regulares, entre outros iniciados, tudo fazerem paraque o advento do III milénio represente um efectivo progressopara a condição humana, para que cada vez haja menosexcluídos de um processo de espiritualidade ascendente àcompreensão do nosso destino críptico.

Apela-se pois a todos os que lerem estas linhas, Homens deBoa Vontade, e Meus Irmãos:

Confiemos no Grande Arquitecto do Universo, prossigamos aobra infindável do despertar das consciências, sejamos todosmelhores num mundo que só assim melhorará, pelageneralização da prática dos valores espirituais universais. Aporta da Maçonaria fica pois, mais uma vez, entreaberta.....atodos Nós....em particular, aos que têm os pés na terra, acabeça no céu, e o coração com o dos outros...

Luis Nandim de Carvalho - 1997

Editado por

José Ruah

Page 484: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

182

A Corrida

May 29, 2009

Ora bem, cá estamos em véspera de fim de semana.Aqui Vos deixo um vídeo para meditar.É bom que haja quem fixe estas imagens e as apresente apúblico para as vermos. Só não sei se são vistas por quemmais precisaria de as ver... mas isso é outra "guerra".No dia em que os homens percebam que não existem parapassar rasteiras uns aos outros mas antes, para se apoiarem esalvarem, teremos todos ultrapassado a crise.

A verdadeira, claro !

Embedded File ()

Gabriel Garcia Marquez - Aprendi que um homem só temdireito a olhar outro de cima para baixo, quando vai ajudá-lo alevantar-se.

Bom fim de semana

JPSetúbal

Page 485: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

183

+ Lusofonia ...

June 01, 2009

Já confessei aqui (e noutros locais...) que sou um apanhadinho por África. Pela África continental tanto como pela insular.

Hoje dei de caras com um artigo escrito por pessoal amigo e fixe de Cabo Verde, e embora não tenha qualquer relação direta com Maçonaria não deixa de ter o maior interesse para nós (na minha modestíssima opinião) na medida em que tudo o que significa relacionamento com "portugueses de outras nacionalidades", o seu bem-estar e a convivência fraternal que é mantida tem o maior significado para nós. Ao fim e ao cabo falamos de uma outra "Irmandade", provavelmente não tão vasta, mas certamente com laços universais também. E Cabo Verde faz bem a transição entre a África profunda e a Europa. Nas suas cidades espalhadas pelas ilhas Cabo-Verdeanas encontramos a África mais tipicamente

Page 486: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

184

africana para logo depois, é só saltar de ilha, entrarmos emcidade que só não está na Europa porque o Atlântico se meteude permeio.

Mas o nacionalismo sentido dos Cabo-Verdianos não interfere,em nada, com o amor por Portugal e pelos portugueses. Pelomenos no que se refere aqueles que eu conheço.Transporto então para aqui um artigo publicado no "Expressodas Ilhas" de Cabo Verde referente a um encontro queaconteceu no Porto.

A «constituição da diáspora», a «cidadania democrática», oassociativismo emigrante, o semipresidencialismo fraco e aparticipação política dos não residentes: a propósito de uma

agradável estada na Invicta

1. Voltamos a um tema que, há cerca de mês e meio, mereceu a nossa atenção neste mesmo espaço: o da participação na vida do país de origem das nossas comunidades emigradas ou, de uma forma geral, dos nacionais não residentes. Fazemo-lo depois de uma experiência muito gratificante num encontro com cabo-verdianos na cidade do Porto, a convite de uma muito empreendedora Associação cabo-verdiana do Norte de Portugal, dirigida por Martinho Ramos. Desde logo, surpreenderam-nos a capacidade organizativa e de mobilização da Associação – com o apoio de outros grupos, como o Clube dos Estudantes Africanos - , a par de impressionantes vitalidade e vontade de participar nos assuntos que dizem respeito ao país de origem. O que

Page 487: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

185

favorece uma forte ligação a Cabo Verde, aos seus problemas de desenvolvimento, à actividade das instituições e responsáveis políticos, às minudências do viver crioulo nas ilhas, sem esquecer – o que é deveras expressão inequívoca de uma alma cabo-verdiana imensa, de uma comum mátria quiçá congenitamente (ou quase) avessa a amarras territoriais – uma funda e, portanto, indelével marca cultural autónoma. 2. Para além de ilustres convidados da comunidade académica do Porto e de autoridades municipais e consulares (estas, em representação dos países africanos de língua portuguesa), uma plateia constituída por cerca de duas centenas de estudantes, dirigentes associativos, académicos e quadros superiores originários de Cabo Verde pôde dialogar connosco sobre a temática que nos foi sugerido abordar, qual seja a do quadro constitucional das comunidades no exterior, em particular no que toca à participação política em Cabo Verde. 3. Quadro constitucional – o nosso -, diga-se, bem mais tributário, na regulação que faz, de um país de diásporas, do que muitos outros países de emigração ( por exemplo, Portugal), atravessado por uma concepção abrangente e alargada de cidadania, que parece até normativizar o que IOLANDA ÉVORA chamou a criação de «metáforas nacionais», através da constituição de uma cultura nacional sem fronteiras e de uma identidade cultural como sinónimo de identidade nacional [«… Na formação de um Estado-nação para além das fronteiras territoriais, procura-se o reforço do prolongamento dos elos entre o «eu» do emigrante e a nação num espaço

Page 488: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

186

mais alargado do que aquele fornecido pelos limites insulares; torna-se necessário garantir o duplo reconhecimento entre emigrantes/imigrantes e o Estado cabo-verdiano…»]. Assim se explica que, por exemplo, se tenha constitucionalizado a participação dos não residentes nas eleições legislativas e presidenciais; que os cidadãos cabo-verdianos havidos também como cidadãos de outros Estados não percam, por esse facto, a capacidade eleitoral activa [ como diz um reputado jurista luso, OLIVEIRA ASCENSÃO, o Estado de origem não é prejudicado pelo facto de os seus nacionais exercerem direitos políticos no Estado de destino. Pelo contrário, a duplicação de direitos é a projecção natural da dupla integração em que os emigrantes se encontram»]. Poderia, assim, dizer-se, seguramente com alguma propriedade, que uma tal evolução (da cidadania, do seu teor ou exigência) corresponde de alguma forma à evolução da visão do Direito, do Estado e da Constituição que vai, no nosso caso, do nacionalismo revolucionário à irrupção da democracia e no que se lhe segue. De uma cidadania, ao fim e ao cabo, acantonada numa dimensão jurídico-formal e consubstanciada numa ideia de pertença a um estado soberano e pela via do substrato político-ideológico daquele, a uma determinada perspectiva de identidade, melhor, leitura de «identidade» nacional (uma nação soberana com um destino ligado à África) a uma dimensão cidadã que acentua a componente individualista-liberal de matriz setecentista e, sobremaneira, a de participação. Diríamos, uma noção de cidadania que afina pelo diapasão do cosmopolitismo, que,

Page 489: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

187

designadamente, permite a compatibilização do ser cabo-verdiano com a titularidade de múltiplas nacionalidades. 4. Falou-se (e discutiu-se) sobre a dimensão da participação dos não residentes nas eleições nacionais em Cabo Verde, das dificuldades e dos condicionalismos a uma mais forte participação, verificando-se – se compararmos as eleições e 2001 e as de 2006, seja nas legislativas, seja nas presidenciais – um crescimento de recenseados e de votantes, em números absolutos, mas igualmente um aumento da abstenção. Falou-se (e discutiu-se) sobre a revisão constitucional em curso, particularmente no que se refere à diáspora, salientando-se a possibilidade de remoção (o que mereceu o nosso acordo, aliás, vindo já de alguns anos e manifestado em escritos diversos) ou não da regra constitucional vigente que limita apenas – numa fórmula discutível do ponto de vista do princípio da igualdade do voto – o impacto do voto dos emigrantes, desde que ultrapassem um quinto dos votos apurados no território nacional (art.º112.º, n.º 2). 5. Abordou-se, de forma particular, a participação nas eleições presidenciais, salientando-se o facto de nenhuma outra eleição justificar tanto a participação de todos os cidadãos, tendo sobremaneira em consideração o sistema de governo vigente (o famigerado semipresidencialismo fraco, que, por sinal, vimos advogando, de forma notória e convicta, inclusivamente em escritos de cariz académico, para quem esteja atento e não tenha a memória enfraquecida ou dominada por fantasmas, desde os primeiros momentos da Constituinte, em 1992), os

Page 490: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

188

poderes presidenciais e as funções essenciais de representação, de unidade e de influência política e moral que cabem ao Chefe de Estado, pois fica irremediavelmente mitigado o argumento segundo o qual se corria o «risco» de os não residentes decidirem a sorte do país e não sofrerem as consequências das opções de política adoptadas («não parece justo que sejam pessoas nessas condições – que directamente não sofrerão as consequências da escolha – a determiná-la, impondo-a aos cidadãos residentes no país, esses, sim, directamente afectados por ela» - diz-se). 5. Falou-se (e discutiu-se), enfim, sobre uma hipotética (futura) participação em eleições municipais, na integração social e cultural nos países de residência, a dimensão, a natureza e a suficiência (ou não) das instituições existentes – ao nível do Estado e da administração pública cabo-verdiana, incluindo das que estão sediadas nos estados de acolhimento – e até das vantagens da participação política nos países de acolhimento. Falou-se e discutiu-se com interesse vivo, com paixão muitas vezes, amiúde na base de pressupostos indemonstrados ou falsos, mas, diga-se também, com elevação e respeito pela diferença (não é assim, Silas Leite e Iolando?). 6. Concluiu-se que, se somos realmente diáspora, temos de ser uma diáspora de cidadãos. Rematámos que (nosso entendimento) o quadro de participação política deve apenas estar condicionado pela regra da incompatibilidade com a ausência do território

Page 491: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

189

nacional. Mas a exigência de realização de uma diáspora decidadãos, a imposição (constitucionalizada) de uma noção decidadania que não tem como critério as fronteiras físicas doEstado mas que ainda se mantém e alarga aos que mantêm atéoutra nacionalidade (a do estado de residência) – o«re-significar o ser cabo–verdiano» (IOLANDA ÉVORA) -implica que seja excepção o limite à participação e, não, aregra. Tudo deve ser, pois, feito, para que se reduzam asdificuldades de realização dos princípios fundamentais de umprocesso eleitoral genuíno, transparente e justo, de forma agarantir, nomeadamente, a seriedade do voto. 7. Bem, houve depois o porto de honra, o convíviogeneralizado, as perguntas menos discretas, as respostasdiplomáticas por vezes, as confidências e as queixas, asmantenhas e a sessão das batucadeiras-estudantes a criar umambiente de comunhão e de festa, a desaguar no jantar e saraumusical em Gondomar, na demonstração da capacidade deintervenção e de diplomacia dos nosso anfitriões, o Martin, oKeita, o Marco, o Garcia, a Betânia, a Edna, o Mariano, o Caló,a Filomena Paiva e tantos outros que agora recordo comamizade e a quem dedico esta crónica singela e prazenteira.

PS: Meu caro Ludgero, essa cuidada e singelíssima arrumaçãoque fez da direita e da esquerda, francamente… achei piada.Mas fica para depois, que a redacção já não espera

Nas legislativas de 22 de Janeiro de 2006, num horizonte de 51.602 eleitores (muito longe da realidade demográfica da

Page 492: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

190

nossa emigração - 15,97% do total de eleitores), só exerceramo seu direito de voto 11.270 eleitores, o que equivale a umataxa de abstenção de 78,16%, superior à de 14 de Janeiro de2001 que era de 73,01% (No total de 28.004 eleitores sóvotaram 7558). Nas Presidenciais de 12 de Fevereiro de 2006,num total de 51.534 eleitores, votaram 11.344, correspondendoa 77,99% de abstenção, quando em 2001 ela tinha sido de67,3% (No total de 28.004 eleitores votaram 9157). Ela não condiciona a participação dos emigrantes nas eleiçõespresidenciais, como o faz, por exemplo, a Constituiçãoportuguesa segundo a qual: «a lei regula… devendo ter emconta a existência de laços de efectiva ligação à comunidadenacional». A ideia de «comunidade nacional», como éformulada na CRP, não é a histórica e culturalmente ligada àexistência da diáspora cabo-verdiana; a CRCV parece sufragarnão uma noção territorial mas cultural de comunidadenacional.

Agradeço ao "Djibla", Amigão, cidadão cabo-verdiano,ex-campião nacional (português) de ténis de mesa, que merecebeu como um príncipe quando o visitei, as notícias que mevai mandando de S.Vicente.

Aquela "Baía das Gatas"... aquela "Baía das Gatas" é umpedaço único de mundo !!!

Mas não está só, não... Parece contradição mas não é, há porlá mais... pedaços únicos de mundo. Eu vi !

JPSetúbal

Page 493: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

191

Da Regularidade

June 02, 2009

No sitio( como o Rui Bandeira gosta de Dizer) da GLLP publicou o Grande Correio Mor a sua nota do mês de Junho. Dado o tema que aborda e tendo em conta também os textos trazidos aqui a semana passada penso que faz todo o sentido publicar aqui, também, esta nota. " Não é maçon quem quer. Não é por alguém se proclamar maçon regular que efetivamente o é. Não é por uma organização se arrogar de integrar a Maçonaria que na realidade nela se integra. Não é por uma organização se pretender ou anunciar ser regular que realmente o é. Um maçon deve ser reconhecido como tal por seus Irmãos - os demais maçons. Um maçon é maçon regular se assim for reconhecido pelos maçons regulares. Uma Obediência, uma Grande Loja ou um Grande Oriente, é regular se como tal for reconhecida pelas Potências regulares da Maçonaria. O ato que identifica, aceita, proclama, uma Grande Loja ou um Grande Oriente como regular é o Reconhecimento. Alguns - geralmente aqueles que não são reconhecidos como regulares ou que se integram em organizações que não são reconhecidas como Obediências Maçónicas Regulares - por

Page 494: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

192

vezes clamam que o reconhecimento é um mal, uma inutilidade, uma burocracia, uma forma de algumas Potências se arrogarem poder que não têm ou não deviam ter, porque - bradam esses - ser maçon é ou deveria ser um estado de espírito, uma postura ética, e tal seria do foro íntimo de cada um. e como cada um é livre de se associar a quem quiser, como quiser, quando quiser, todas as organizações que se reclamam de maçónicas deveriam como tal ser aceites. Convém este raciocínio a quem não é reconhecido maçon regular ou às organizações que não são aceites como regulares... Mas a Regularidade não é uma palavra nem um conceito oco. A Maçonaria regular é uma organização iniciática que segue princípios estritos - e que devem ser escrupulosamente seguidos. Ninguém é obrigado a ser maçon regular. Mas quem o quiser ser tem de seguir e praticar os Princípios da Regularidade - e fazê-lo de forma inequívoca, de forma a que os demais maçons regulares... reconheçam que assim é! A Maçonaria Regular é o modelo original, instituído desde tempos imemoriais e organizado na sua forma moderna desde o início do século XVIII. É o produto genuíno. Aquele por que as imitações aspiram a ser tomadas. As imitações por vezes arrogam-se de serem o produto genuíno ou, pelo menos, de serem como o produto genuíno. Mas não o são! Daí que as Grandes Lojas e Grandes Orientes efetivamente seguindo escrupulosamente os princípios da Maçonaria Regular tenham

Page 495: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

193

que garantir que só quem cumpra essas regras seja aceite no honroso grupo daqueles que são reconhecidos pelos seus pares como regulares. Ser maçon regular é difícil. Ser reconhecido como maçon regular implica o contínuo e incansável cumprimento das regras da regularidade, sempre, em todos os momentos e circunstâncias. E sujeitar-se ao escrutínio dos seus pares quanto a esse contínuo e efetivo cumprimento. Daí que não seja regular quem se afirma como tal, mas apenas quem é reconhecido como tal pelos maçons e pelas Obediências regulares. Daí a necessidade de regras, de princípios de reconhecimento. Daí a imprescindibilidade do Reconhecimento - por muito que isso desagrade a quem não é reconhecido como maçon regular! A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP é a única Obediência maçónica portuguesa reconhecida como regular pela Maçonaria Regular Universal. Pelas sete partidas do Mundo, por quase duzentos Grandes Orientes e Grandes Lojas. E integra-se de pleno direito e de corpo inteiro nesse restrito e honroso grupo das Potências Regulares. E ela própria reconhece como regulares perto de duzentas Obediências Regulares sedeadas nas sete partidas do Mundo. Na parte do sítio dedicada ao Reconhecimento divulgam-se os princípios universalmente seguidos para que uma Potência Maçónica seja reconhecida pelas demais como Regular e a

Page 496: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

194

lista das Grandes Lojas e dos Grandes Orientes quereconhecem a GLLP/GLRP e são por esta reconhecidos comoRegulares. Rui Bandeira - Grande Correio Mor - sitio da GLLP " Editado por José Ruah

Page 497: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

195

Da Loja - Capitulo II

June 03, 2009

Aproveitando uma questão posta por um dos leitores habituais deste espaço, relativa à numeração das Lojas, aproveito para mais um post sobre as Lojas. Confesso aos leitores que não pesquisei sobre o que acontece na generalidade das Grandes Lojas, e por isso aqui vos deixo com o que penso ser o critério mais lógico. Por deformação profissional, acredito que numa base de dados uma vez criado um número de ordem, este ficará indefinidamente associado à informação original, e se por acaso foi criado por erro (repetição de nome - vulgar por exemplo na saúde mas não vulgar em Maçonaria) então deverá ser queimado.

Page 498: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

196

A cada Loja é atribuído um número, que conjuntamente com o nome distintivo escolhido e com o Oriente de reunião completam a identificação da mesma. Os números são sequenciais e crescentes e acompanham a Loja do início ao fim. Quero com isto dizer que não faz, para mim, qualquer sentido o aproveitamento do número de uma Loja que tenha abatido colunas no sentido de o atribuir a outra. Uma Loja é um projecto de actuação. Que sentido faria a reatribuição do mesmo numero a uma Loja diferente com um projecto diferente. Uma Grande Loja constrói a sua história, e esta é feita também de insucessos. Insucessos como sejam o desaparecimento de Lojas. Do ponto de vista histórico há que manter uma certa coerência e logo a necessidade de manter inalterável o registo da existência em determinado momento de uma determinada Loja. Do ponto de vista prático, quando vemos o número da Loja podemos perceber se ela é recente ou não pelo “tamanho” do mesmo. Ora se fizermos reaproveitamentos isto deixa de ser possível.

Page 499: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

197

Indo um pouco mais fundo, creio que uma vez que a uma Lojaabata colunas, elas não devem mais ser reerguidas pois oprojecto não é seguramente o mesmo, os actores são outros,etc. Por tudo isto é minha convicção que os números de ordem dasLojas não deverão nunca ser reutilizados.

José Ruah

Page 500: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

198

Ano 3 - balanço

June 04, 2009

Afastado do blogue desde que assumi a responsabilidade dosítio na Internet da GLLP/GLRP , fui “intimado” pelo José Ruaha escrever o texto que assinala o terceiro aniversário desteespaço. Faço-o com gosto, aproveitando a oportunidade deescrever o primeiro texto do quarto ano deste blogue.

Procedo, como fiz nos textos com que assinalei os doisprimeiros anos do blogue, a um pequeno balanço desteterceiro ano, desde o dia 4 de Junho de 2008 a 3 de Junho de2009.

Page 501: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

199

365 dias passados, publicámos 283 textos, mais 4,8 % do queno ano anterior. Desses, 154 (54 %; o ano anterior tinham sido63 %) foram publicados por Rui Bandeira, 53 (19 %; o anoanterior tinham sido 17 %) por José Ruah, 49 (17 %, contra 20% do ano anterior) por JPSetúbal, 17 (6 %, no seu primeiro ano– e em acumulação com a responsabilidade pelo sítio da LojaMestre Affonso Domingues, além de ter montado o sítio daGLLP/GLRP, estar a montar o sítio do Arco Real e ter aindaoutros projetos na área da Internet em carteira, em preparaçãoou execução...), por A. Jorge, 5 (2 %, também no seu primeiroano e vindos da Polónia...) por Jean-Pierre Grassi e osrestantes 5 (2 %), distribuídos por três autores convidados(Frederick L. Milliken, 2 textos, Nick Johnson e Michael A.Halleran, 1 texto cada) e por um outro obreiro da Loja MestreAffonso Domingues, J. F., que publicou um texto.

O mês em que Rui Bandeira publicou mais textos foi o deoutubro de 2008 (22) e aqueles em que menos publicou foramagosto de 2008 e abril e maio de 2009 (0). Quanto a José Ruah,teve o seu pico de produção em Agosto de 2007 (14 textos) eesteve falho de inspiração em outubro de 2008 e janeiro de2009 (nenhum texto em cada um desses meses). JPSetúbalteve a pena mais ocupada em abril de 2009 (9 textos) e deu-lhemais descanso em junho de 2008 (nenhum texto). A. Jorgecontribuiu mais em setembro de 2008 (5 textos) e não escreveuno blogue, desde que o começou a fazer, em agosto, nosmeses de novembro, dezembro, janeiro e março. Finalmente,Jean-Pierre Grassi iniciou colaboração regular de formafulgurante, com quatro textos em abril, e em maio publicou umtexto.

Page 502: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

200

O mês em que foram publicados mais textos foi o de setembrode 2008 (31); aquele em que menos textos foram publicados foiagosto (19).

164 dos textos publicados receberam comentários (58 % dototal - mais do que os 55 % do ano anterior). O texto que maiscomentários mereceu foi o de 25 de março intitulado"Liberdade – um ponto de vista de um profano " (24comentários).

Até ao final do dia de ontem, recebemos 157.335 visitas, pelo que, descontando as 79.519 visitas recebidas nos dois primeiros anos, registámos neste terceiro ano de publicação do blogue, o interessante número de 77.816 visitas - um aumento de 47,5 % em relação ao ano anterior! -, com o pico no mês de março (8.298). Acresce que temos presentemente 159 inscritos para receberem mensagens de correio eletrónico com os textos publicados no blogue. No terceiro ano do blogue, 75 % das visitas chegaram do Brasil. De Portugal registámos 20 % do total. 3 % das visitas foram oriundas dos Estados Unidos. Os restantes 2 % distribuíram-se pelos restantes países de onde recebemos visitas. O top -25 completa-se, por ordem descendente do número destas, com Itália, França, Suíça, Polónia, Japão, México, Grã-Bretanha, Bélgica, Grécia, Alemanha, Canadá, Moçambique, Argentina, Holanda, Uruguai, Colômbia, Austrália, Chile, Luxemburgo, Dinamarca, Espanha e Noruega. Os três textos directamente mais vezes acedidos neste ano

Page 503: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

201

foram O sítio das tatuagens maçónicas , Cinco motivos paraNÃO SER maçon e O mundo de Cláudia . Os três marcadores mais consultados foram maçonaria,Acácia e aprendiz. As três palavras-chave que mais visitantes trouxeram aoblogue foram "partir pedra", "como entrar na maçonaria" e"gomes freire de andrade".

Estes dados continuam a ser muito agradáveis. A todos os quenos lêem o nosso Bem Hajam. A equipa responsável pelo APartir Pedra procurará, no quarto ano do blogue, continuar amerecer o vosso interesse.

Rui Bandeira

Page 504: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

202

As novas tecnologias !

June 05, 2009

O que é que o nosso pombo correio eletrónico me trouxe esta semana para eu postar na 6ªfeira ? Bom, trouxe-me e eu transporto para divertimento geral, uma bela lição sobre as dificuldades com as "novas tecnologias"... em época de tecnologias velhas. Como dizia há algum tempo (realmente há muito tempo já) um amigo meu: - Que sucesso teriam tido os fósforos se tivessem sido inventados depois dos isqueiros... Neste pequeno vídeo temos também as dificuldades com a introdução das "novas tecnologias" (?) com um pequeníssimo "pormaior". É que a atitude aqui caricaturada não é uma raridade. Pior, é o dia a dia do desenvolvimento e da inovação. Nada, mas nada mesmo, que seja diferente, tem aceitação pacífica. A imagem dos "Velhos do Restelo" de Camões é tão real e permanente que poderia servir de logotipo a qualquer universidade ou campo de investigação. Em tempos de dificuldade generalizada (globalizada, é como se diz, não é ?), em que milhões de novos desempregados se juntam aos muitos milhares de famintos que já existiam pelo mundo, nos "Darfur's" que se espalham por África, Ásia, América... e Europa (claro !), temos sempre, teremos sempre, os espíritos que trabalham para a inovação da mesquinhez e para o agravamento do que está, por falta de iniciativa, por teimosia estúpida, por egoísmo patético e sem sentido.

Page 505: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

203

Talvez eu esteja hoje um tanto azedo, mas acontece. Começo a não ter paciência para aturar a estupidez. Até aminha ! Como numa expressão popular (creio que inventada edivulgada pelo Artur Agostinho) aqui vai o meu desejo paratodos: - Bom fim de semana. "Sorte, saúde e dinheiro para gastos..."Divirtam-se, se puderem.

Embedded File ()

JPSetúbal

Page 506: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

204

Rui Bandeira

June 06, 2009

É extremamente grato sentir o carinho e interesse com que os visitantes do Blog reagiram aos posts que o Rui Bandeira colocou nos últimos dias. Creio que podem ser interpretados como um reconhecimento pelo excelente trabalho que ele desenvolveu enquanto participante regular neste espaço.

Dadas as suas novas funções, a sua participação fica desde logo condicionada, já que a opinião que possa emitir, pode ser confundida com a opinião institucional inerente ao cargo que desempenha, o que implica redobrados cuidados. Creio contudo que a sua participação continua a ser uma mais valia para este Blog, dado o seu profundo conhecimento das temáticas maçónicas e a abordagem didáctica com que as costuma expor. Compete-nos portanto a todos (a nós restantes participantes e aos visitantes) incentivar a sua participação, mais que não seja, como “visitante”. O Rui envolveu-se intensamente no projecto de reestruturação do Website da GLLP/GLRP e já são visíveis os efeitos do seu trabalho – o Website começa a ter uma dinâmica totalmente

Page 507: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

205

diferente o que se reflecte por exemplo no número devisitantes diários. Claramente, começa a valer a pena visitarregularmente este espaço, já que passou a ter uma sucessãode conteúdos muito interessante. Apoiemos o Rui nesta nova iniciativa. Como?

• Divulgando o website da GLLP/GLRP ,

• Enviando-lhe sugestões e/ou propostas (nem todas podemser adoptadas, dado o carácter institucional do Website),

• Visitando o Website,

• Deixando-lhe mensagens reconhecendo o excelentetrabalho que está a fazer.

Resta-me desejar que um dia, quando as novas funçõesterminarem, o Rui volte a este espaço, já que é claramenteuma peça fundamental do “puzzle”.

Page 508: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

206

Hoje não Há...

June 08, 2009

... POST - o de hoje apareceu no Sábado.

Page 509: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

207

Solidariedade Pura

June 09, 2009

O texto que se segue não é da minha autoria, como aliás peloestilo de escrita poderão facilmente perceber.

Encontrei-o no Blogue Hormonas Adolescentes e uma Tabletede Chocolate que é escrito por uma jovem de 16 ou 17 anos edo qual sou leitor assiduo desde o primeiro post. É um blogsimples de uma pessoa que se procura a ela própria como énatural para quem tem a idade que "To Be or not To Be" tem,aliás o pseudónimo que escolheu é em si revelador.

Na verdade procuramos-nos todos a nós próprios todos osdias.

A mensagem que retirei deste texto, para além da "descoberta da solidariedade" por parte da autora, é que basta um quase nada para fazer uma pessoa feliz, ou se quisermos um pouco menos infeliz. Parafraseando uma amiga minha que por sua

Page 510: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

208

vez cita autor cujo nome me falha "Temos pelo menos aobrigação de tentar ser felizes".

A sua procura começa a dar resultados e o seu exemplo nasimplicidade dos gestos relatados deverão ser de inspiraçãopara os leitores, mesmo para os menos atentos.

Por tudo isto imediatamente solicitei autorização para publicaraqui este texto, autorização essa que me foi concedida

"

Banco Alimentar

No passado fim de semana fui como voluntária para o BancoAlimentar. Foi a primeira vez (o que é um bocado vergonhosotendo em conta a minha já avançada idade) e até tive sortepois fui parar ao supermercado Pingo Doce mesmo por detrásde minha casa (o que, diga-se de passagem, poupou umagrande parte do tempo que teria perdido em deslocações).Inscrevi-me para as tardes de sábado e domingo ficando atrabalhar em ambos os dias das 17h às 21h. Com um grandeespírito positivo comecei o meu sábado. Conheci pessoasporreiras e estive em situações ligeiramente constrangedorasmas correu tudo às mil maravilhas.

Logo ao início, no meio de risos e muito divertimento, foi-me apresentada uma pessoa cuja cara não me era nada estranha. De dentes pretos, olhar seguro, alto, cabelo grisalho e comprido, uma grande barba e um ar muito sujo, foi-me apresentado o Teodoro (aparentemente um sem abrigo da minha zona). Olhou-me com um ar altivo e superior, deu-me

Page 511: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

209

completo desprezo e acho que nem sequer ouviu as minhasprimeiras frases. Isto irritou-me logo profundamente e penseicá com os meus botões: "Idiota do homem que é sem abrigomas ainda se dá ao luxo de me olhar de lado!". Armei-me entãoem "amiga dos pobrezinhos", decidi fazer o sacrifício e dar aoTeodoro o privilégio de ser meu amigo.Ao longo do dia fuiconhecendo pouco a pouco a vida desta personagem estranhaque só bebia "leite de vacas ruivas" (vinho portanto). Descobrique é romeno, que há 16 anos que vive em Portugal cujosúltimos 8 têm sido passados na rua e que esperaansiosamente pelo dia 31 de Fevereiro. Acabou por simpatizarcomigo e acho que até me começava a achar alguma piada. Odia foi-se desenrolando...

Já para o final da tarde, depois de muitos sacos entregues mastambém algumas caras que nem se deram ao trabalho de meresponder, vejo um belo dum Tuareg entrar a 100km/h na zonae estacionar mesmo em cima da passadeira. De dentro doTuareg, claro está, sai a boazona da tia com uns grandassaltos, unhas arranjadas, cabelo como se acabado de sair docabeleireiro e mais "bling-blings" que o 50 cent. Pensei queagora sim iriamos ter uma boa contribuição... burra! Ao entrarchinelando nos seus sapatos Gucci, estendo-lhe o meu braçopara lhe entregar um saco e com um sorriso pergunto-lhe:"Boa tarde, deseja contribuir para o Banco Alimentar?", ao queobtenho um sorriso de gozo e um "EU?! A menina deve estar"masé" a brincar!". Extremamente frustrada, desiludida e comvontade de lhe arrancar os "bling-blings" todos continuei aminha missão de entregar sacos...

Page 512: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

210

O dia seguiu-se, sempre acompanhado pelo desconfiado doTeodoro para quem já começava a não ter pachorra nenhuma.Às tantas este levanta-se e olha para mim, estende-me a mão ediz:" Dá-me um saco", ao que eu respondi: "Sabe que não sepodem usar sacos fora do supermercado não sabe?", ao queele me respondeu: "Ora, eu vou entrar. Tenho ou não tenhodireito a um saco?". Lá me vi obrigada a dar-lhe o maldito dosaco de plástico. Para meu espanto, com os poucos trocosque recebeu, o Teodoro foi comprar um pacote de leite quepôs dentro de um saco e entregou ao Banco Alimentar. Nempodia crer... Ele era o único que teria alguma vez a justificaçãopara ser egoísta e não partilhar! Crise?? Mais crise do que istonão há e mesmo assim há espaço para dar aos outros.

Antes de me ir embora (de lágrima no canto do olho) oTeodoro chama-me para o lado, entrega-me uma flor e diz-me:"Porque tu és a menina mais bonita que já alguma vezconheci.". A minha alma estava parva! Privilégio tinha eu dealguma vez na vida ter tido a sorte de me cruzar com umapessoa como o Teodoro.

To Be Or Not To Be "

Tenham dois belissimos feriados, e pensem que um sorriso,uma palavra, um gesto, um qualquer coisa com sentimento emdirecção a outrem pode ser a coisa mais importante de cadadia para quem dá e para quem recebe.

José Ruah

Page 513: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

211

E TU, QUE FAZES ?

June 12, 2009

Estamos no final de uma "não semana"... Pelo menos no quese refere a trabalho !

Para finalizar esta semana de "Stos. Antónios" escolhi paradeixar como prenda a todos os nossos queridos "bloguistas" 2vídeos, sendo que por caminhos muito diferentes, que nãodivergentes, temos exemplos extraordinários das vitórias quea "vontade de ser" pode conseguir e até que ponto é possívelrefinar a beleza.

James Cook – Eu tinha de chegar não só mais longe do quequalquer homem alguma vez chegara, mas tão longe quantoera possível a um homem chegar.

Este lema de vida deve constituir um ensinamento para todosnós. É importante chegar ao record, mas mais importante ébater o record. Chegar mais longe, sempre mais longe, nafraternidade, no desenvolvimento da humanidade, na pesquizade soluções para o que está errado... Se esse pudesse ser oobjetivo de todos os homens teriamos dado o passo definitivopara a correção da injustiça e para o fim da guerra.

Claro que é utópico, mas é perseguindo utopias que secaminha para o progresso. É perseguindo utopias que sechega mais longe, "tão longe quanto é possivel a um homemchegar".

Page 514: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

212

Embedded File ()

Embedded File ()

E agora que já se encontraram com a força e a belezaaproveitem e procurem a alegria.

Vá, está na hora de irem regar o manjerico !

Bom fim de semana.

JPSetúbal

Page 515: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

213

Medula Ossea

June 15, 2009

Volto ao tema que me é querido. Não que tenha precisado, felizmente e graças a Deus nem eu nem a minha familia tivemos necessidade, mas porque creio que é uma das causas mais nobres que se podem abraçar. Requer quase nada como trabalho e tempo. Se para doar sangue é necessária uma certa regularidade, isto é, torna-se necessário ir a uma unidade de recolha uma ou duas vezes por ano, já para ser dador de medula apenas é requirida uma visita a centro de recolha de sangue para ser tipado. Ou seja uma unica deslocação na vida do dador, e depois ficar à espera que seja compativel. Isso pode nem sequer acontecer, pois as probalidades de compatibilidade são pequenas. O organismo português de registo de dadores de medula o CEDACE que funciona no Centro de Histocompatibilidade do Sul é o centro desta vasta operaçao de recolher amostras de sangue para tipologia, e depois a inserção desses dados numa vastissima base de dados Mundial. Por Curiosidade o nosso país tem o 4º melhor rácio de dadores por habitante do Mundo e o 3º da Europa. Actualmente "exportamos" mais medula para páises terceiros

Page 516: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

214

que a que "importamos", mas tudo isto poderão ler, eaconselho que o façam no Relatorio de Actividades de 2008publicado pelo CEDACE. Importa aqui clarificar que o transplante de medula não é agarantia absoluta de cura do transplantado. Aliás muitos dostransplantados podem não resistir e falecer. No entanto o transplante é conceder a HIPOTESE de cura, oumelhor aumentar a Hipotese de cura. Se tem entre 18 e 45 anos pense que eventualmente carregaconsigo a hipotese de cura de um qualquer enfermo por essemundo fora. Livre-se desse peso, inscreva-se como dador. Não sabe como ? " No Problem" veja aqui COMO SER DADORDE MEDULA no tempo de um clique de rato José Ruah

Page 517: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

215

Prince Hall - a outra maçonaria americana

June 16, 2009

Uma das areas da maçonaria americana menos faladas são as Grandes Lojas Prince Hall que coexistem com as Grandes Lojas Estaduais sendo estas ultimas consideradas a "Mainstream". Eu próprio sei pouco desta maçonaria que congrega quase só exclusivamente homens de cor negra ou como os americanos chamam no politicamente (in)correcto - African American. Estas Grandes Lojas, absolutamente regulares e reconhecidas pela United Grand Lodge of England têm uma história própria curiosa. Sabendo pouco do assunto mas estando absolutamente convencido do interesse do mesmo, pedi ao nosso amigo Frederick Milliken, a quem agradeço, que me mandasse informação sobre a Maçonaria Prince Hall e ele mandou-me bastante mais que o que esperava. Assim, publico aqui hoje a História do próprio Prince Hall de quem as Grandes Lojas retiraram o nome, as minhas

Page 518: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

216

desculpas mas o texto está em inglês.

The Prince Hall StoryCompiled from various sources

by

Robert E. Connor, Jr., MWGM of Texas

Page 519: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

217

"Prince Hall"September 12th, 1748 - December 4th, 1807

Prince Hall, our founder, was one of our greatest Americans; aWorthy Grand Master associated with our first black MasonicGrand Lodge and its expansion. His name is carried and borneby Masonic Organizations throughout the United States andthousands of Masons who regard themselves as descendantsfrom the Grand Lodge of England from which he received hisauthority more than two centuries ago. America, celebrated in1976 the two hundredth anniversary of our Declaration ofIndependence. This year Prince Hall Masons will celebrate thetwo hundred and twenty fourth (224th) anniversary of thefounding of Prince Hall Masonry in the United States. PrinceHall Masons of Texas will celebrate their 124th year of PrinceHall Masonry in the State of Texas. This article is a monumentto Prince Hall’s life, career and leadership. It shall further serveas information about Prince Hall Masonry.

A significant event happened in Masonry on March 6, 1775. John Batt, working under the authority and the Constitution of the Grand Lodge of Ireland, initiated Prince Hall and fourteen (14) other free black men into Masonry in Army Lodge No. 44. The other candidates were Cyrus Johnson, Bueston Slinger, Prince Rees, John Canton, Peter Freeman, Benjamin Tiler, Duff Ruform, Thomas Santerson, Prince Rayden, Cato Speain, Boston Smith, Peter Best, Forten Howard and Richard Titley. When the British Regiments left Boston on March 17, 1776, a dispensation was issued by Batt authorizing Prince Hall and his brethren to meet as a lodge under restrictions. Under this permit, African Lodge No. 1 was formed July 3, 1776. Official acknowledgment of the legitimacy of African Lodge No. 1 was

Page 520: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

218

almost immediately made by John Rowe of Boston, aCaucasian and provincial Grand Master of North Americaholding authority from the premier Grand Lodge ofFreemasons, the Grand Lodge of England. He, too, issued apermit authorizing African Lodge No. 1 to appear publicly inprocession as a Masonic Body for the purpose of Celebratingthe Feasts of Saints John and to bury its dead.

For nine years these brethren, with other free black men whohad received their degrees in Europe, assembled together andenjoyed their limited privileges as Masons, distressed thatPrince Hall’s attempts to formally associate African Lodge withCaucasian Grand Lodges were frustrated by bigotry andracism. It was an ironic period in American history whencolonists embraced the doctrine of independence, liberty, andequality to justify the revolt against English rule whilepromoting and condoning the economic and social exploitationof blacks debased by slavery.

Finally, in March, 1784, Prince Hall petitioned the Grand Lodgeof England through Worshipful Master William Moody ofBrotherly Love Lodge No. 55 (London, England) for a warrantof Constitution. The Charter was prepared and issued onSeptember 29, 1784, although it would be three years beforeAfrican Lodge could actually receive it.

Moddy sent a letter to Hall on March 10, 1787, stating the Charter was delivered to James Scott, Captain of the ship, Neptune, and brother-in-law of John Hancock. Hancock was a signer and President of the Continental Congress. The Charter, signed by Deputy Grand Master Roland Holt and witnessed by

Page 521: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

219

Grand Secretary William White, reconstituted African LodgeNo. 1 as African Lodge No. 459 and thus began the parallellines of black and Caucasian Freemasonry which continues toexist in America.

Some white Masons say that Blacks were not deniedadmission to white lodges and they point to the very few andthe presence of others by invitation as proofs. D. Bentley, acontemporary who wrote in his diary, available to all, "Thetruth is they are ashamed of being equal with blacks. Even thefraternities of France, given to merit without distinction of colordo not influence Massachusetts’s masons to give an embraceless emphactical or tender affectionate to their Black Brethren..It is evident that a preeminence is claimed by whites." Thesame situation exists in Texas today but not in all States. ManyTexas Caucasian masons refuse to recognize Prince HallMasons however they do consider permitting a limited numberof black men, thought to be prestigious and financially solvent,to join their local lodges. Texas Prince Hall Masons are proudof their legacy and history that our ancestors such as , NorrisWright Cuney, I.H Clayborne, Thomas H. Routt and manyothers worked so hard for. We are not actively seeking anyoneto recognize us.

Before 1815, exclusive territorial jurisdiction was not an active and recognized doctrine of English Masonic Custom. The African Lodge of Boston exercised its right to establish other lodges, making itself a Mother Lodge, its Master Prince Hall having the authority to issue warrants on the same basis as Masters of Lodges in Europe!

Page 522: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

220

African Lodges were constituted in Pennsylvania, RhodeIsland, and New York. On June 24, 1791, the African GrandLodge of North America was organized in Boston with PrinceHall as Grand Master. This was one year before theorganization of the United Grand Lodge of Massachusetts(Caucasian). In 1827, 45 years after the (Caucasian) GrandLodge of Massachusetts had done so, African Lodge of Bostondeclared itself independent of the Grand Lodge of England.

Prince Hall died December 4, 1807. His successors were NeroPrince who sailed to Russia in the year 1808, GeorgeMiddleton, Peter Lew, Samuel H. Moody and the well-knownJohn T. Hilton.The original charter of African Lodge of Boston is in thepossession of the Most Worshipful Prince Hall Grand Lodge ofMassachusetts and is the only know original 18th CenturyCharter in existence issued to any American Lodge by theGrand Lodge of England. It proudly represents the indisputablelegitimacy and regularity of 45 Prince Hall Grand Lodges andtheir subordinate lodges and affiliated bodies.

In 1869 a fire destroyed Massachusetts Grand Lodge headquarters and a number of its priceless records. The Charter, in its metal tube, was in a Grand Lodge chest. The tube saved the Charter from the flames but the intense heat charred it. The Charter was saved when Grand Master S.T Kendall crawled into the burning building and saved the Charter from complete destruction. Thus a Grand Master’s devotion and heroism further consecrated this parchment to

Page 523: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

221

us, and added a further detail to its history.

The descendent Grand Lodges of African Grand Lodgechanged their names to "Prince Hall Grand Lodge" with twoexceptions. Today, throughout the world, there are 44 "MostWorshipful Prince Hall Grand Lodges", some 5000 subordinateLodges and more than 300,000 Prince Hall Masons.

The Church and Prince Hall Masonry for many years were thetwo strongest organizations in the black communities for manyyears. In fact, they were the only organizations that black menand women could participate in or join. Masonic Lodge Hallswere used as locations for church services and teachingblacks how to read and write. Prince Hall Masons utilized theirresources to provide young black men and womenscholarships to college, to provide various forms of charity intheir local communities, and to assist in many other programsin the black communities. Ninety percent of the founders ofblack Greek Fraternities and Sororities were either Prince HallMasons, Heroines of Jericho or Order of Eastern Stars.

De entre todos os documentos que recebi sobre o assunto,tentarei fazer resumos para aqui publicar mais sobre estafaceta da maçonaria.

José Ruah

Page 524: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

222

Blogueirólico nada anónimo

June 17, 2009

("Blogueirólico" acabei de inventar. Significa "escrevinhador compusivo de textos de blogue". Se a palavra pegar, se se tornar neologismo, se porventura chegar a, ainda que de forma obscura, ter lugar no vocabulário da língua portuguesa, já sabem: reivindico a paternidade da sua invenção. Para que conste na Enciclopédia dos Conhecimentos Inúteis...) Pois é! Estava eu, como há séculos o grande Camões escreveu sobre a bela Inês (de Castro, pois claro!), naquele engano de alma, ledo e cego, gozando o meu merecido repouso de quase três anos de muitos e variegados textos, parcimoniosamente matutando na melhor maneira de ir gerindo o institucional sítio

Page 525: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

223

da GLLP/GLRP , quando o José Ruah - amigo da onça! - matreiramente me atira, assim como quem não quer a coisa: Olha lá, o texto do aniversário do blogue fazes tu! Isso podes, não tem nada a ver com a Grande Loja... E eu, pobre de mim, alma ingénua e pura (pelo menos, de vez em quando, sobretudo quando estou distraído...), nem me apercebi da armadilha, da ratoeira, da rede que subrepticiamente aquela raposa lançava sobre mim, para pilhar meu sossego! E, qual confiante criancinha de olho azul e louros caracóis, disse que sim! Oh, destino cruel! Ai, que imprudência tamanha! Como pode um momento de desatenção mudar toda uma vida! Um certo leitor deste blogue diria - que digo eu? Insistiria, teimaria, repetiria - que assim estava destinado, que tudo está determinado. Pensando nisso, intuí porque o determinismo tantos e tão abnegados defensores tem. No fundo, é um descanso, uma paz para a alma e a consciência, uma desculpa sempre à mão: a culpa não foi minha, o disparate não fui eu que o cometi, estava determinado, escrito nas estrelas e no Livro de Todos os Sucessos desde o Big até ao Bang, entendendo-se aquele como o estoiro inicial e este como o suspiro final de tudo o que existe, existiu e existirá... Mas, ai de mim!, eu sempre tive a - vejo-o agora! - imprudência de acreditar firmemente no livre arbítrio - e na inerente responsabilidade que tal implica para cada um de nós. Não há

Page 526: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

224

desculpa possível para o disparate individual. Quem o faz, fê-lo. Por si. Por sua conta e risco. Por sua imprudência, pouco siso ou menos esperteza. Não há maneira de me poder consolar. Não estava nada escrito! O disparate fi-lo eu, por minha única e exclusiva culpa e imprevidência! E, no entanto, bem poderia eu ter evitado tamanho trambolhão, tão aziago mau passo! Bem sabia eu que o alcoólico em recuperação, aquele que, anónimo ou não, conseguiu arranjar forças para se desintoxicar e consegue - quantas vezes há anos e anos - resistir ao chamamento da traiçoeira garrafa de bebida com álcool, não cede à tentação nem de um saudoso gole, muito menos de um desejado copo, porque sabe que, se ceder, o gole não será o único e o copo será apenas o primeiro. Bem sabia eu - ex-fumador inveterado e permanentemente saudoso do inenarravelmente saboroso cachimbo - que quem consegue deixar de fumar, ainda que os anos tenham passado depois que se sobrepôs ao doentio hábito e conseguiu parar, se ceder à tentação de "dar só uma passa" é meio caminho andado para, a breve trecho, voltar a gastar mais em tabaco do que em combustível para o automóvel, enegrecer os pulmões, estreitar as artérias e apressar o conhecimento do que está para além da Derradeira Viagem... Bem sabia eu que o vício, traiçoeiro, espreita, manso e escondido, a oportunidade para se reapossar de nossa vontade!

Page 527: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

225

Apesar disso, apesar de tudo isso saber - oh! suprema imprudência! - disse que sim! Pior! Cumpri! Escrevi mesmo o texto do terceiro aniversário do blogue. Todos são testemunhas! Mas, se alguém duvida da minha desgraça, cavada com as minhas próprias mãos, torneada com o meu próprio teclado, revelada pelo meu próprio monitor, confira aqui a prova do meu deslize, da minha imprevidência! Pois. Cedi. Não pensei. E agora, pobre e desgraçado blogueirólico nada anónimo, para aqui estou, tremendo, com os neurónios excitados, ansiando por mais e mais textos, com os dedos frementes de excitação alongando-se para o teclado, com cãibras nos olhos de tanto os virar para o monitor e de lá os afastar! Toda a minha abstinência, todo o esforço que me convenci ter tido sucesso, crente de me ter conseguido libertar da compulsão da escrita, foi então em vão? Cedo? Desisto? Jogo tudo no vermelho, esperando que não saia preto? Ah! A tentação é grande! A volúpia da palavra, o veludo da frase, assolam-me todos os sentidos! Mas eu sou maçon! E que faz o maçon? Pratica a virtude e cava masmorras aos vícios! Há que resistir ao vício! Lutar... Mas eu não sou perfeito! Por isso sou maçon. Porque reconhecço que necessito de me aperfeiçoar. E o ótimo é

Page 528: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

226

inimigo do bom. Lutar contra o vício, lutarei. Mas só na medidaem que seja vício. Afinal de contas, o segredo está namoderação. Não me deixar cair em excessos. Não escrevernada é fugir do vício. Escrever com moderação é combatê-lo. Eos maçons combatem os vícios... Por isso, eu blogueirólico nada anónimo me confesso: decidicombater o meu vício e... só para mostrar que não tenho medodele... escrever este texto! (E quem não percebeu que, como sempre, o tema da escrita éa Maçonaria, faça o favor de ler outra vez, para perceber! Hámuitas maneiras de escrever sobre maçonaria. Tambémlevezinhas. Também brincando. Porque, ao contrário do que sediz por aí, a melhor maneira de lidar com as coisas sérias éconseguir brincar com elas. Porque, às vezes, aprende-se maisa brincar do que em muitas horas de aturado estudo.Perguntem a qualquer criança!) O blogueirólico, Rui Bandeira

Page 529: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

227

Crónicas da Polónia - Rudyard Kipling

June 18, 2009

A minha Loja em Varsóvia é composta por obreiros francófonos (Europeus, Africanos e alguns Polacos) e trabalhamos no REAA com os Rituais da GLNF Temos Irmãos radicados na Polónia e outros, expatriados pelas suas empresas. Estes últimos, dos quais faço parte, irão permanecer somente alguns anos antes de voltar para os seus países de origem ou, então, para outra expatriação. O nosso Segundo Vigilante, de nacionalidade Belga, deixará a Polónia nos próximos dias para um novo desafio profissional no Líbano. Decidi, na ocasião da última sessão na qual o nosso Irmão irá

Page 530: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

228

participar, ler um texto de Rudyard Kipling, «a Loja-Mãe» Tenho de confessar que R. Kipling é um dos autores Inglesesque me dá mais prazer ler e sempre encontro, nas interlinhasdos seus textos, a sua sensibilidade de Maçon. Kipling, que nasceu em Bombaim, foi iniciado na Loja «Hopeand Perseverance» de Tahore e escreveu a poesia que sesegue alguns anos após o seu regresso na Inglaterra.

Mother-Lodge

There was Rundle, Station Master,

An' Beazeley of the Rail,

An' 'Ackman, Commissariat,

An' Donkin' o' the Jail;

An' Blake, Conductor-Sargent,

Our Master twice was 'e,

With 'im that kept the Europe-shop,

Old Framjee Eduljee.

Outside -- "Sergeant! Sir! Salute! Salaam!"

Inside -- "Brother", an' it doesn't do no 'arm.

We met upon the Level an' we parted on the Square,

An' I was Junior Deacon in my Mother-Lodge out there!

We'd Bola Nath, Accountant,

An' Saul the Aden Jew,

An' Din Mohammed,

draughtsman Of the Survey Office too;

There was Babu Chuckerbutty,

Page 531: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

229

An' Amir Singh the Sikh,

An' Castro from the fittin'-sheds,

The Roman Catholick!

We 'adn't good regalia,

An' our Lodge was old an' bare,

But we knew the Ancient Landmarks,

An' we kep' 'em to a hair;

An' lookin' on it backwards

It often strikes me thus,

There ain't such things as infidels,

Excep', per'aps, it's us.

For monthly, after Labour,

We'd all sit down and smoke

(We dursn't give no banquits,

Lest a Brother's caste were broke),

An' man on man got talkin'

Religion an' the rest,

An' every man comparin'

Of the God 'e knew the best.

So man on man got talkin',

An' not a Brother stirred

Till mornin' waked the parrots

An' that dam' brain-fever-bird;

We'd say 'twas 'ighly curious,

An' we'd all ride 'ome to bed,

With Mo'ammed, God, an' Shiva

Page 532: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

230

Changin' pickets in our 'ead.

Full oft on Guv'ment service

This rovin' foot 'ath pressed,

An' bore fraternal greetin's

To the Lodges east an' west,

Accordin' as commanded

From Kohat to Singapore,

But I wish that I might see them

In my Mother-Lodge once more!

I wish that I might see them,

My Brethren black an' brown,

With the trichies smellin' pleasant

An' the hog-darn passin' down;

An' the old khansamah snorin'

On the bottle-khana floorLike a Master in good standing

With my Mother-Lodge once more!

Outside -- "Sergeant! Sir! Salute! Salaam!"

Inside -- "Brother", an' it doesn't do no 'arm.

We met upon the Level an' we parted on the Square,

An' I was Junior Deacon in my Mother-Lodge out there! No seu texto, Rudyard Kipling evoca a composição da sua Loja: todas as profissões estão representadas, das mais humildes às mais prestigiosas, todas as religiões e todas as raças. Mas, concluiu «sabíamos os antigos landmarks e observamo-nos escrupulosamente».

Page 533: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

231

A diversidade sociológica nas Lojas é um factor essencial de identidade para a maçonaria. Efectivamente, se o recrutamento se fizesse unicamente dentro da elite social, nada seria verdadeiramente diferente do Rotary, dos Lions ou outras organizações de caridade, e a iniciação não teria outro interesse se não a curiosidade. Se se tratasse de uma elite financeira, logo as acusações de fazer negócios dentro da Ordem voltariam a aparecer, como de costume. Então, devemos ser uma elite intelectual? Se assim fosse, seria ligar a iniciação ao quociente intelectual quando sabemos que qualquer um não está apto a ser iniciado, intelectual ou não. Para o ser, é preciso ter em si uma aspiração, um desejo. O escritor Paul Valery definiu este pensamento na inscrição realizada na fachada do Palácio de Chaillot em Paris: « II dépend de celui qui passe, que je sois tombe ou trésor, que je parle ou me taise ; ceci ne tient qu'à toi. Ami, n'entre pas sans désir. » De facto, o elitismo é subconstancial da iniciação. O iniciado se sente legitimamente membro de uma elite por que a iniciação singulariza, torna diferente. Hoje, as pessoas

Page 534: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

232

sentem-se cada vez mais massificadas, integradas emmultidões, identificadas por número, e procuram umaidentidade através das tatuagens, dos piercings, roupasextravagantes ou cortes de cabelos pelo menos curiosos. Ora,sentir-se iniciado dá sentido à vida, oferece precisamente aoego a possibilidade de ser, revela em si a pessoa. Porque, para se tornar uma pessoa de parte inteira, é preciso,antes de tudo, aprender a amar-se. Nem demais, nem pouco oumal. Nas nossas sociedades, nas quais a aparência exteriorgera uma apreciação definitiva sobre o que somos, amar o seupróximo é começar por amar-se a si próprio. É o que nosensina a fraternidade maçónica. No REAA apresentamos trabalhos em Loja, «pranchas», sobreaspectos simbólicos ou directamente ligados à maçonaria. Éuma incitação, em casa ou em Loja, ao trabalho, aoaperfeiçoamento. Permite a cada um exprimir-se em função dasua história pessoal, da sua profissão ou da sua cultura. Jáque o enriquecimento de todos vem do que somos realmente,pelo menos tanto, e provavelmente mais, do que sabemos. Jean-Pierre Grassi

Page 535: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

233

O velho é chato...

June 19, 2009

O tempo está quente e não sopra uma aragem.Mesmo bom para um tempinho no parque.

O Jean Pierre trouxe-nos à recordação o Kipling a propósito doqual o Nuno Raimundo recordou o famosíssimo "IF"...

Vem mesmo a "talhe de foice" !

Para um fim de semana que se prevê muito quente e aconvidar às sombras dos parques (os que as têm) aqui ficauma página do "diário" que certamente é comum a muitos.Na certa é comum a todos os que são Pais.

Embedded File ()

No parque, na praia ou a trabalhar (é... vai acontecer a vários,vai !), tenham um bom fim de semana.Cuidado com o Sol, com o fogo... e com o resto.

JPSetúbal

Page 536: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

234

Solsticio de Verão

June 22, 2009

Este ano quase que coincidia, o dia do Solsticio com arealização da reunião de Grande Loja. Quase porque a Reuniãoaconteceu no sabado.

Este ano e com uma simplicidade absoluta, reunião decorreusem sobressaltos nem problemas. Trataram-se os assuntosque careciam de atenção, resolvendo-os.

As Lojas fizeram-se representar de acordo com o definido e oGrande Templo não tinha um unico lugar vazio, estando assimpresentes mais de 150 Irmãos.

O MRGM Mario Martin Guia na sua breve alocução abordou otrabalho realizado desde o inicio do seu segundo mandato,dando indicações sobre o trabalho a realizar de agora emdiante.

Foi também assinalado mais um aniversário da constituição daGLLP / GLRP.

José Ruah

Page 537: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

235

O sítio do poeta que é Grão-Mestre

June 24, 2009

Ser Grão-Mestre da GLLP/GLRP não impede Mário Martin Guiade manter a sua atividade de criação.

Maçonaria é também amor pela cultura.

Mário Martin Guia é, além de um homem (muito) bemhumorado, um poeta bem disposto. Vale a pena lê-lo. E agoranem sequer é preciso ir procurar e adquirir os seus livros.Conforme a informação abaixo, Martin Guia criou o sítiowww.martinguia.com , onde, além de poder ler e ouvir algunsdos seus poemas, pode descarregar os livros que até agorapublicou.

Do texto de divulgação do sítio:

Informamos que o nosso I:. Mário Martin Guia tem desde o dia 10 de Junho o Site "www.martinguia.com" onde poderão encontrar todos os livros que já publicou completos e no formato em que foram editados. Se quiser um dos livros bastará fazer o seu download.

Page 538: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

236

Contém também poemas seus ditos por diversos poetas e umasecção de foto poemas com fotografias tiradas pelo autoracompanhadas de poemas que as mesmas suscitaram. Além destas Secções tem uma outra para poemas de Amigosdo Autor disponível para qualquer Irmão que deseje fazer adivulgação da sua Obra, bastando para o efeito contactarFrancisco Queiroz ([email protected]) paraque no Site seja aberta uma Secção Específica encabeçadapela respectiva fotografia. Qualquer comentário poderá ser recebido de volta clicando emComentários. Quem quiser receber a notificação das novidades do Site deveregistar-se para o efeito (ver Front Page). Rui Bandeira

Page 539: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

237

Demagogia ? Dêem-lhe o desconto...

June 26, 2009

Demagogia ? Pois, se calhar há alguma. Em todo o caso desafio-vos a darem um desconto, mesmo que seja grande, e ainda ficarão com muita, muita verdade. Às 6ª.s feiras começa a tornar-se uma fatalidade terem de levar comigo para o fim de semana. A questão está na crise... É..., também estou em crise. É assim, toca a todos, mesmo aos que gostam de rir e de levar numa levezinha mesmo quando as coisas são um tanto mais pesadas. E o blog serve também para isto. Esta semana não correu bem ! Na 2ª. feira entrei num restaurante cá do burgo (para o Rui é o das iscas...) e dei de caras com um amigo de curta data, mas a quem devo um dos empurrões mais desinteressados que já tive na vida. Sem me conhecer, sem nunca me ter visto (pelo menos que eu saiba) entendeu defender uma causa em que me meti, resolvendo-a num "berro", ele que é uma pessoa calma, muito pacato, nada de ribalta. Só que no momento em que a coisa tomou ar de escândalo (teve a ver com o direito à liberdade de informação) entendeu meter-se e a sério, de tal forma que tudo se calou e o assunto ficou resolvido. Pois foi esse amigo que encontrei no tal restaurante, almoçando com a esposa e uma amiga, aparentemente sem qualquer problema (estavam sentados à mesa). A questão surgiu-me de repente quando ao levantar-se teve de ser amparado pelas 2 mulheres e mais um empregado do

Page 540: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

238

restaurante. Aí percebi que algo se passara no último mês,intervalo de tempo em que o encontrara na rua, sózinho, empasseio higiénico como ele me disse. Não é um homem novo, mas os Homens não têm idade. E estetem a idade da quantidade de rasteiras que a vida lhe foipassando. Passemos ao nosso "bonequinho" do fim de semana. É ao conteúdo deste "bonequinho" que eu me refiro no título.Muitos políticos pagariam para serem eles a aparecer no vídeo(no lugar da Allanis) mas desta vez ficaram de fora. Em época de eleições seria um bombom ! Seria uma caixainteira de bombons ! Embedded File ()

Façam o favor de ser felizes. Bom fim de semana.

J.P.Setúbal

Page 541: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

239

Os segredos de Rosslyn (I)

June 29, 2009

Iniciamos hoje a publicação em três partes de um artigobastante curioso e cujo conteúdo pode ser polémico. Nãoreflete a opinião dos membros do Blog, mas unicamente a dosseus autores. As partes restantes serão publicadas na terça ena quarta-feira

==//==

A pequena vila de Roslin localiza-se a aproximadamentequinze quilómetros ao sul de Edimburgo através da estradapara Penicuik, sendo famosa por três razões:

• uma fazenda estatal experimental que tem produzido paresde ovelhas geneticamente clonados;

• as ruínas de um castelo que foi destruído pelo Exército dosRoundheads quando a Guerra Civil Inglesa se espalhou atéà Escócia;

• uma não muito usual capela medieval.

A construção da Capela de Rosslyn foi iniciada em 1440 e temdemonstrado ser o mais antigo monumento que possui clarasconexões com a Maçonaria moderna, os Cavaleiros Templáriose a Jerusalém do primeiro século.

Page 542: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

240

Para compreender Rosslyn, temos que compreender osCavaleiros Templários que eram, sem dúvida, a mais famosaordem de guerreiros cristãos surgida no período medieval ouem qualquer outro. Estes monges guerreiros possuíam umaimprovável concepção, uma existência controversa e umlegado espectacular; todas essas características asseguraramque eles encontrassem o seu lugar dentro de mais de umalenda. Factos extraordinários a respeito das façanhas dosTemplários têm levado a que a fantasia e a realidade seconfundam, não se sabendo exactamente qual é uma e qual é aoutra.

Do mesmo modo que é completamente verdadeiro que muitode absurdo tem sido escrito a respeito dos Templários, seriaabsurdo admitir que eles eram apenas uma ordem comum queapenas surgiu para captar a imaginação de um número semfim de tipos esotéricos. No mínimo, os Templários seriamqualquer coisa, menos comuns.

Page 543: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

241

De acordo com avaliações aceites, esta bem sucedida eenorme ordem surgiu quase que por acidente em 1118, logoapós a morte do primeiro rei cristão de Jerusalém, Balduíno I,e a sucessão por seu primo, Balduíno II. Costuma-se dizer queeste novo rei foi procurado por nove Cavaleiros franceses queaparentemente o informaram que desejavam ser voluntárioscomo uma audaciosa força de defesa para proteger osperegrinos dos bandidos e assassinos que havia nas estradasda Terra Santa. A história regista que o recém empossado reiimediatamente os alojou no sítio do Templo de Salomão epagou o seu sustento por nove anos completos. Em 1128,apesar do grupo nunca ter se afastado do Monte do Templo,foram elevados à categoria de Ordem Santa pelo Papa pelosseus valorosos serviços na protecção dos peregrinos por todauma década. Foi neste memento, que eles formalmenteadoptaram o nome de Ordem dos Pobres Soldados de Cristo edo Templo de Salomão, ou simplesmente, "Os CavaleirosTemplários". Este reduzido grupo de homens medievais foirepentinamente posicionado como o exército de defesa oficialda Igreja Romana na Terra Santa. As hostes sarracenasdevem-se ter divertido muito com isto!

As coisas mudaram rapidamente. Dentro de poucos anos, obando de maltrapilhos que tinha acampado nas ruínas doTemplo dos judeus, miraculosamente transformou-se numaesplendorosa, fabulosa e saudável Ordem que viria a ser osbanqueiros dos reis da Europa.

Nós acreditamos que os registos dos livros de História sobre o surgimento dos Cavaleiros Templários são demasiado

Page 544: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

242

"simples" e, deste modo, precisávamos descobrir o querealmente ocorreu na segunda década após a PrimeiraCruzada.

No nosso último livro, chegamos à conclusão de que osTemplários não tinham protegido peregrinos, pois gastaram oseu tempo a escavar debaixo do Templo arruinado, à procurade algo, possivelmente o tesouro de Salomão. De facto, outroschegaram a conclusões similares antes de nós.

A verdadeira tarefa dos nove Cavaleiros era empreender

Page 545: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

243

buscas na área, de modo a obter certas relíquias emanuscritos que contivessem a essência da tradição secretado Judaísmo e do antigo Egipto, alguns dos quaisprovavelmente remontassem à época de Moisés.

Em 1894, quase oitocentos anos após os Templários tereminiciado a escavação sob as ruínas do Templo de Jerusalém,os seus túneis secretos foram novamente sondados, nestaépoca por um contingente do exército britânico liderado pelotenente Charles Wilson, membro dos Engenheiros Reais. Elesnada descobriram sobre os tesouros escondidos pela Igreja deJerusalém, mas nos túneis cavados séculos antes,encontraram parte de uma espada templária, uma espora,restos de uma lança e uma pequena cruz templária.

Todos esses artefactos estão agora em poder de RobertBrydon, um arquivista templário na Escócia, cujo avô foraamigo de um certo Capitão Parker que tomou parte nesta enoutras expedições que escavaram debaixo do sítio do Templode Herodes. Numa correspondência escrita enviada ao avô deRobert Brydon em 1912, Parker relata a descoberta de umacâmara secreta debaixo do Monte do Templo com umapassagem que ligava à Mesquita de Omar. Ao surgir dentro damesquita, o oficial do exército britânico teve que fugir dosirados sacerdotes e fiéis para não morrer.

Não há dúvida de que os Templários de facto realizaram escavações maiores em Jerusalém e a única questão que nós precisávamos considerar era: o que é que os levou a empreenderem tal enorme projecto e o que é que

Page 546: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

244

descobriram? Quando estávamos a escrever o nosso últimolivro, embora estivéssemos convencidos de saber o que elestinham descoberto, apenas podíamos especular que amotivação para toda esta aventura deveria ter sido uma caçaao tesouro.

Considerámos o mútuo juramento de aliança que os noveCavaleiros estabeleceram no início de sua escavação, dezanos antes de se estabelecerem como a Ordem dos CavaleirosTemplários. Diversos livros sobre os Templários usualmenteestabelecem que o compromisso era uma promessa de"castidade, obediência e pobreza" - que soa mais como umvoto para monges do que para um pequeno grupoindependente de Cavaleiros. Contudo, quando o juramento éanalisado na sua origem latina, é traduzido por "castidade,obediência e manutenção de toda propriedade em comum".

Existe uma clara diferença entre jurar nada possuir e jurarcompartilhar toda a prosperidade em comum - e prosperidadeé o que eles obtiveram em pouquíssimo tempo!

Nós, entretanto, permanecemos intrigados pela natureza muitoreligiosa deste mútuo juramento. Outros observadores têmcomentado sobre isto, pois sabem com certeza que osTemplários, de facto, se tornaram uma ordem de mongesguerreiros, mas como é que estes nove Cavaleiros saberiam oque iria ocorrer dez anos mais tarde? Muitas questõesprecisavam ser respondidas:

Page 547: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

245

1. Por que eles precisavam abraçar a "castidade" numa épocaem que os padres católicos romanos não o faziam?

2. Porque é que um pequeno grupo de homenscompletamente independente precisou realizar umjuramento de obediência e a quem é que eles planeavamserem obedientes?

3. Se eles eram meros caçadores de tesouros, porquepretenderiam compartilhar toda a propriedade em comumquando o método usual seria o de dividir o espólio?

Para responder apropriadamente a estas questões, serianecessário conhecer um pouco mais a respeito dascircunstâncias deste pequeno grupo de cavaleiros que sereunira em Jerusalém em 1118. Nós claramente sentimos quealgo estava errado e nosso principal temor era que a verdadepudesse ter-se perdido ao longo dos séculos e que nós nuncaconseguiríamos esclarecer as motivações destes homens.

Sentíamos que a conclusão razoável a respeito da segunda questão sobre a necessidade de "obediência" fortemente sugeria que outras pessoas deveriam estar envolvidas e que deveria haver um plano mais elaborado do que uma simples caça ao tesouro. Os três votos quando colocados juntos serviam mais aos padres do que aos Cavaleiros. Convem relembrar rapidamente o estilo de vida dos homens da comunidade dos Essénios descritos nos Manuscritos do Mar Morto: uma existência ascética que igualmente se aplicava aos

Page 548: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

246

líderes da Igreja original de Jerusalém que originalmente haviaenterrado os manuscritos e os tesouros que os Templáriosdescobriram.

A partir de nossas pesquisas prévias, acreditamos que osmanuscritos encontrados pelos Templários agora residemdebaixo da Capela de Rosslyn na Escócia.

Um Santuário Templário

A Capela de Rosslyn está protegida por uma pequena estradalateral passando por entre duas excelentes estalagens quesomente pode ser notada por aqueles que se aventuram pelavila de Roslin. É difícil ver muito da edificação à primeira vista,uma vez que ela está obstruída por árvores e muros altos aolongo do lado norte, mas que estranhamente proporciona umarápida visão da parede ocidental com as suas duas bases decolunas no ponto mais alto.

Page 549: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

247

A entrada faz-se através de uma pequena cabana, ondelembranças podem ser compradas e onde é servido chá combiscoitos. Assim que se cruza a porta dos fundos da cabana, oesplendor desta curiosa e única capelinha é imediatamenteóbvio e leva-se nada menos que alguns minutos para seperceber que esta é nada menos que um texto medieval escritoem pedra.

A proeza artística de William St. Clair não é semelhante a nadaque nós já tenhamos visto anteriormente e nunca nostinhamos encantado tanto com a aura gerada no interior eexterior celestialmente esculpidos. Como uma obraarquitectónica, ela não é particularmente graciosa, nem assuas dimensões físicas impressionam, mas mesmo assiminstintivamente sente-se que este é um lugar muito especial.

Nós não encontramos nada de cristão nesta assim chamada "capela", uma observação que tem sido realizada por muitos observadores conhecidos por nós, desde então. Há uma

Page 550: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

248

estátua de Maria com um menino Jesus, um baptistério comfonte, alguns vitrais com alegorias cristãs, mas tudo isto sãointrusões vitorianas ocorridas quando a capela foi consagradapela primeira vez. Estes actos de "vandalismo" foram muitosignificativos, mas mal concebidos, uma vez que eles nãopuderam retirar a magnificência anterior da celestial edificaçãooriginariamente esculpida.

Esta construção cuidadosamente planejada não foi somenteconstruída sem um baptistério, não possuía nenhum espaçopara um altar no seu lado oriental e uma mesa de madeira hojeem dia serve para esse propósito no centro de um simplessalão. A História regista que não foi consagrada até que aRainha Vitória a visitasse e sugerisse que a mesma fossetransformada em uma igreja.

Construída entre os anos de 1440 e 1490, a estrutura é cobertapor uma combinação de motivos celtas e templários que sãoinstantaneamente reconhecidos pelos modernos Maçons.Preparados com um detalhado senso das antigas origens daMaçonaria, nós começamos a perceber que existem pistasprecisas e secretas impressas na construção da edificaçãoque estabelecem uma ligação sem qualquer dúvida entre oTemplo de Herodes e esta maravilha medieval.

Há apenas dois salões: um salão principal e uma cripta que é acessível via uma escadaria no lado oriental. O salão possui catorze pilares, doze dos quais são iguais, mas os localizados no sudeste e no nordeste são únicos, ambos esplendorosamente esculpidos com diferentes desenhos.

Page 551: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

249

Frequentemente tem sido dito que estes pilares representamaqueles que existiam no átrio interior do Templo de Jerusaléme que são hoje em dia muito importantes para os Maçons.

Um exame mais atento revela-nos que a parede ocidental e atotalidade do piso foram projectados como uma cópia dasruínas do Templo de Salomão e a super estrutura acima dopavimento térreo e além da parede ocidental era umainterpretação da visão sobre a Jerusalém Celeste feita peloprofeta Ezequiel.

Os pilares principais - Boaz e Jachin - são posicionadosprecisamente do mesmo modo que aqueles existentes emJerusalém. Nós sabíamos que o ritual do grau maçónicoconhecido como Santo Real Arco descreve a escavação dasruínas do Templo de Salomão e claramente estabelece quedeveriam haver dois esplendorosos pilares no lado oriental emais doze de concepção idêntica exactamente comoencontramos em Rosslyn.

Percebemos então, que o layout dos pilares formava umperfeito tríplice Tau (três formas de "T" unidos), exactamentecomo o descrito no ritual maçónico. Além do mais, de acordocom o grau do Santo Real Arco, também deveria haver um"Selo de Salomão" (idêntico à Estrela de David) fixado aotríplice Tau e uma inspecção mais acurada revelou que toda ageometria da edificação era de facto construída em tornodesse desenho.

Page 552: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

250

Quando construiu Rosslyn, William St. Clair inseriu estaspistas e colocou o significado da descodificação deles dentrodos então rituais secretos do grau do Santo Real Arco. Atravésdo ritual maçónico, ele explicou anos mais tarde o que eleestava a tentar dizer:

O tríplice Tau significa, entre outros significados ocultos,Templum Hierosolyma - o Templo de Jerusalém. Ele tambémsignifica Clavis ad Thesaurum - uma chave para um tesouro - eTheca ubi res pretiosa deponitur - Um lugar onde algo preciosoestá oculto - ou Res ipsa pretiosa - A própria coisa preciosa.

Esta era uma profunda confirmação de nossa tese de queRosslyn era uma reconstrução do Templo de Herodes. Nósimediatamente imaginamos se este ritual da Maçonariacontinha essas palavras para o único propósito de revelar osignificado de Rosslyn ou se Rosslyn havia sido projectadaneste formato para se confrontar com os conhecimentos maisantigos? Nesse momento isto não importava, pois estava claropara nós que William St, Clair era o homem que tinha estadoenvolvido em ambos. A definição maçónica do "Selo deSalomão" transcreve-se a seguir:

A Jóia de Companheiro do Real Arco é um triângulo duplo,muitas vezes chamado de Selo de Salomão, inscrito numcírculo de ouro; na base há um rolo de pergaminho ondeconstam as seguintes palavras Nil nisi clavis deest - Nada édesejada a não ser a chave - e no círculo aparece escrito, Sitatlia jungere possis sit tibi scire posse - Se vós pudestescompreender estas coisas, vós conhecestes o suficiente.

Page 553: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

251

William St Clair tinha cuidadosamente escondido esta escritasecreta dentro dos rituais da Maçonaria, que devem terexistido anteriormente a 1440. Neste ponto, nós sabíamos queera certo que o arquitecto deste "Templo de Yahweh" escocêstinha inserido as suas próprias definições para estes antigossímbolos para que alguém num futuro distante pudesse "virara chave" e descobrir os segredos de Rosslyn.

Os nove Cavaleiros originais que cavaram debaixo dos escombros do Templo de Herodes cuidadosamente mapearam as fundações abaixo do solo, mas eles não possuíam nenhuma

Page 554: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

252

condição para saber como a principal super estrutura separecia, excepto pela secção da parede ocidental que aindaexistia em pé naquele tempo. As principais paredes de Rosslynequiparavam-se exactamente com a linha de paredes doTemplo de Herodes descobertos pela expedição do exércitobritânico liderada pelo tenente Wilson e pelo tenente Warren,membros dos Engenheiros Reais.

(Continua...)

Page 555: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

253

Os segredos de Rosslyn (II)

June 30, 2009

(... continuação)

Plano de Rosslyn

Wilson iniciou um levantamento de toda a cidade de Jerusalémpara a padronização do Levantamento de Artilharia em 1865 e,em Fevereiro de 1867, o tenente Warren chegou paraempreender uma escavação dentro das galerias debaixo daárea do Templo. Um dos diversos diagramas produzidos porWarren Ilustra o grau de dificuldade que eles encararam eajuda a explicar o porquê dos Cavaleiros Templários teremlevado nove anos para realizar as suas escavações.

A maior parte da edificação de Rosslyn foi projectada como uma interpretação da visão de Ezequiel da Jerusalém reconstruída ou "celeste" com suas muitas torres e pináculos. Uma das partes da edificação que é claramente diferente é a parede ocidental que foi construída em proporções maiores. A explicação oficial para esta escala maior é a de que a própria "capela" seria somente uma capela lateral de uma igreja colegiada muito maior. Os actuais guardiões de Rosslyn admitem que esta explicação é uma suposição, uma vez que não existem evidências de que esta fosse a intenção de William St Clair. Certamente, qualquer parede que permanecesse sozinha poderia ser parte de uma edificação que tenha sido praticamente demolida. Neste caso há uma

Page 556: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

254

terceira opção: a de que a parede seja uma réplica de umaedificação praticamente demolida, deste modo, nunca haveriauma outra parte - nem actual, nem pretendida.

Inicialmente, parecia ser assim, embora fosse impossívelencerrar de modo conclusivo o debate.

Após a publicação do nosso livro anterior, estivemos emcontacto com um grande número de pessoas, muitas dasquais possuíam informações para nós ou estavam em posiçãode nos ajudar. Entre estas pessoas encontrava-se EdgarHarborne que é um conceituado Maçon, sendo um Past GrandeMestre de Cerimónias Assistente da Grande Loja Unida daInglaterra.

Edgar é também um estatístico e integrava uma sociedade depesquisa na Universidade de Cambridge, onde era patrocinadopelo Ministro da Defesa para analisar a rendição e os pontoscruciais dos campos de batalha. Ele foi capaz de confirmar quea nossa tese a respeito da morte de Seqenenre Tao, o rei dadécima sétima dinastia do Antigo Egipto, era altamenteplausível devido aos ferimentos que não eram totalmentetípicos daqueles encontrados em antigas batalhas.

Edgar foi perspicaz ao visitar Rosslyn em companhia do seubom amigo Dr. Jack Millar que é o director de estudos de umafamosa universidade. Felizmente para nós, Jack é um geólogode considerável fama, com aproximadamente duzentaspublicações académicas em seu nome.

Page 557: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

255

No inicio de Agosto de 1996, Edgar e Jack voaram atéEdimburgo onde nos encontrámos, numa sexta-feira à tarde, eimediatamente nos dirigimos para Rosslyn para uma avaliaçãodo terreno como precursora de uma investigação de solo maisprofunda. Lá, encontrámo-nos com Stuart Beattie, o director deprojecto de Rosslyn, que gentilmente nos abriu o edifício.Edgar e Jack passaram algumas horas absortos pela beleza ecomplexidade da obra de arte, e então retirámo-nos para ohotel para discutir o nosso plano de acção para o dia seguinte.Ambos os homens estavam muito excitados e conversámosmuito sobre o que tinhamos visto. Entretanto, Jack esperouaté o café da manhã do dia seguinte para nos contar que eletinha notado algo sobre a parede ocidental que ele acreditavaque acharíamos interessante. Quando voltámos a Rosslyn eleexplicou:

"Este debate sobre se a parede ocidental é uma réplica de umaruína ou uma secção inacabada de uma edificação muitomaior...", disse Jack, apontando para o lado do noroeste."Bem, há somente uma única possibilidade - e eu possoassegurar-lhes que vocês estão correctos. Aquela paredeocidental é um disparate".

Nós ouvimos atentamente as razões que poderiam provar os nossos argumentos. "Há duas razões do porquê de eu poder assegurar que isto é um disparate. Inicialmente, enquanto aqueles suportes possuem uma integridade visual, os mesmos não possuem nenhuma integridade estrutural; a cantaria não está presa completamente à secção central principal. Qualquer tentativa de construir além teria resultado em um colapso

Page 558: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

256

estrutural... E o povo que construiu esta "capela" não era tolo.Eles simplesmente nunca pretenderam ir além". Nós olhámospara onde o Jack estava a apontar e pudemos ver que eleestava absolutamente certo.

Ele continuou: "Ainda mais, venham até aqui e dêem umaolhada nas pedras de canto". Jack andou até o canto e nósseguimo-lo, de modo que todos estivéssemos diante dasdesiguais paredes arruinadas que possuíam pedrasprojectando-se na direcção do ocidente. "Se os construtorestivessem interrompido o trabalho por causa da falta dedinheiro ou apenas para completarem posteriormente, elesteriam deixado um trabalho de cantaria perfeitamenteesquadrinhado, mas estas pedras tinham sidodeliberadamente trabalhadas para aparentar estaremdanificadas - exactamente como uma ruína. Estas pedras nãoforam expostas às intempéries como aquela... Elas foramcortadas para parecerem com uma parede arruinada".

A explicação de Jack foi brilhantemente simples.

No início daquele ano, nós tinhamos trazido o Professor PhilipDavies, do Departamento de Estudos Bíblicos da Universidadede Sheffield e o Dr. Neil Sellors, um colega de Chris, até aEscócia onde fomos convidados do Barão St Clair Bonde, umdescendente directo de William St Clair e um dosconservadores da Capela de Rosslyn.

Nós dirigimo-nos à inacreditavelmente bela moradia do Barão em Fife onde nós fomos muito bem recebidos por ele e pela

Page 559: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

257

sua esposa sueca, Christina, e onde nos foi servida umaesplêndida refeição sueca e nos foi apresentado um outroconservador, Andrew Russell e sua esposa Trish.

Na manhã seguinte, fomos todos visitar Rosslyn onde oProfessor Davies tinha marcado um encontro com seu velhoamigo o Professor Graham Auld, o Reitor da Divindade daUniversidade de Edimburgo. Os dois pesquisadores bíblicosestudaram a edificação por dentro e por fora e entãodirigiram-se ao longo do vale para a ver de uma certadistância. Ambos os homens conheciam muito bem Jerusaléme de facto concluíram que a construção era um notávelremanescente do estilo herodiano.

Olhando a partir do exterior da parede norte, Philip repetiu assuas impressões: "Este não se parece com qualquer lugar deveneração cristã. A impressão esmagadora é a de que foiconstruída para abrigar algum grande segredo medieval".

Juntando os argumentos destes conceituados académicos dasuniversidades de Cambridge, Sheffield e Edimburgo, pareceque nós tinhamos provado o nosso argumento de que Rosslynfoi projectada como uma réplica do Templo de Herodes.

O Barão St Clair apontou que mais de 50% do grande número de figuras esculpidas na edificação seguram rolos de pergaminhos ou livros e um pequeno friso é arrematado com uma cena que parece mostrar algo como rolos de pergaminhos a serem colocados em caixas de madeira com uma sentinela colocada portanto uma chave encimada com um esquadro. O

Page 560: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

258

esquadro é uma peça fundamental do simbolismo maçónico.Esta e outras evidências a partir das esculturasconvenceram-nos de que os manuscritos dos Nazoreanos quenós já sabíamos terem sido removidos debaixo do Templo deHerodes pelos Cavaleiros Templários estavam aqui emRosslyn.

Uma Linha de Conhecimento

Sempre nos impressionou, como uma forte curiosidade, que onome da "capela" é escrita como Rosslyn, enquanto que o davila em torno desta é escrita como Roslin. Ao pesquisarmossobre esta diferença, foi-nos dito que se passou a escrever onome com um duplo "s" e com "y" somente a partir da décadade 1950 como uma forma de tornar o lugar um pouco maiscelta.

Nós sabemos que os lugares com nomes celtas possuem sempre um significado, mesmo sendo estes muito cumpridos, como a vila gaulesa de Llanfairpwllgwyngethgogerwyllyndrobwllllantisiliogogogoch, e que contém uma completa descrição do lugar. (esta última significa: A Igreja de Santa Maria próxima ao rápido moinho d'água ao lado da côncava aveleira branca oposta à caverna vermelha de São Sílio). Assim, ficámos curiosos sobre o significado gaélico de "Roslin" que frequentemente tem sido explicada como uma queda dágua ou promontório, apesar desta não descrever o local nem agora e nem em qualquer época passada. As palavras comuns em gaélicos para promontório são roinn, rubha, maoil ou ceanntire e para queda

Page 561: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

259

d'água são eas ou leum-uisge. Um significado adicional paraRoss, ocorrendo apenas em nomes de origem irlandesa, épromontório de madeira, que somente se poderia formarusando esta definição, se o nome possuísse conexõesirlandesas (ou se os pesquisadores anteriores tivessem usadoum dicionário gaélico-irlandês por engano).

Com fluência em gaélico, Robert sabia que o som fonético"Roslin" poderia ser escrito como "Rhos Llyn" que significa"lago acima do pântano". Sem ser surpreendente, entretanto,estas palavras oriundas de Gales não descrevem o lugar deforma melhor que as irlandesas e, deste modo, procuramos asduas sílabas num dicionário gaélico-escocês que nos forneceua seguinte definição:

• Ros: um substantivo que significa conhecimento.

• Linn: um substantivo que significa geração.

Parece que em gaélico, Roslinn poderia ser traduzido porconhecimento das gerações.

Estamos certos de que confiar em dicionários resulta sempreem traduções curiosas e sendo assim, decidimos recorrer aalguém que realmente conhecesse a língua gaélica(correctamente conhecida por gaélica e nunca como gaulesa).

Durante uma visita à Grande Loja da Escócia em 1996, fomos apresentados à Tessa Ransford, a directora da Biblioteca de

Page 562: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

260

Poesia Escocesa em Edimburgo. Nós ficámos extremamentelisonjeados ao descobrir que ela, uma notável poetisaescocesa, tinha escrito um poema para louvar o nosso livroanterior. Um dos propósitos principais da Biblioteca é tornaracessível ao público a poesia da Escócia em qualquer línguaque tenha sido escrita; isto significa que Tessa, que é casadacom uma pessoa fluente em gaélico, se reunia regularmentecom um grande número de pessoas que possuíam umconhecimento detalhado da língua.

Nós contactamos a Tessa e pedimos para ela verificar se anossa interpretação do nome Roslin estava correcta e elagentilmente concordou em discuti-la com especialistas destalíngua. Alguns dias mais tarde, ela procurou-nos dizendo que anossa tradução não tinha considerado uma significante pistacontida na palavra "Ros" que mais correctamente carrega umsignificado que a faz ser mais especificamente ser "antigoconhecimento"; deste modo, a tradução que ela confirmavaera mais precisamente: antigo conhecimento passado aolongo das gerações.

Tessa e os seus colegas estavam realmente excitados e nósestarrecidos com esta ainda mais poderosa interpretação queaparentava encaixar-se perfeitamente com o propósito deRosslyn ser considerada como um santuário de antigosmanuscritos.

A próxima questão era: quando é que a palavra "Roslin" ou "Roslinn" (uma vez que não havia uma padronização da escrita naqueles dias) foi usada inicialmente? Nós sabíamos que ela

Page 563: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

261

era anterior à construção da "capela" de William St Clair, o quepoderia indicar que os manuscritos removidos debaixo doTemplo de Herodes tinham sido mantidos no castelo antes da"capela" ter sido construída.

Através de uma breve investigação, rapidamente descobrimosque a história dos St Clair, na Escócia, iniciara-se com umcavaleiro chamado William St Clair que popularmente eraconhecido como William, o Gracioso. William era natural daNormandia e a sua família era conhecida oponente do ReiGuilherme I, o normando que conquistou a Inglaterra em 1066.William St Clair considerava que ele possuía um bom motivopara reivindicar o trono da Inglaterra através de sua mãeHelena, que era filha do quinto Duque da Normandia, uma vezque Guilherme, o Conquistador, era o filho ilegítimo deRoberto, Duque da Normandia, com a filha de um curtidor quese chamava Arletta. A família St Clair ainda se refere ao ReiGuilherme I simplesmente como Guilherme, o Bastardo.

William, o Gracioso, foi o primeiro St Clair a mudar-se daNormandia e naturalmente falava apenas o francês, mas o seufilho Henri foi educado sob a forte regra celta de Donald Brane, deste modo, falava o gaélico tão bem como o francêsnormando (assim como todos os St Clair posteriores até otempo de Sir William, o construtor da "capela"). Nósdescobrimos que foi este Henri St Clair quem primeiro portouo título de Barão de Roslin, logo após ter voltado da PrimeiraCruzada.

Page 564: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

262

Esta data foi um grande desapontamento para nós uma vezque ela desestruturou a nossa bela teoria. Henri teria voltadoda Cruzada por volta do ano 1100, oito anos antes dosTemplários iniciarem suas escavações, e deste modo o nomeRoslin (antigo conhecimento passado ao longo das gerações)não poderia ser uma referência aos manuscritos que nemainda tinham sido descobertos. Contudo, nós reflectimos epensámos que tinhamos descoberto algo novo e muitoimportante para a nossa pesquisa. Nós recusávamo-nos aacreditar que seria uma mera coincidência o facto de Henri terusado um nome de tal significado para o seu novo título e,sendo assim, começámos a pesquisar em busca de novaspistas.

Logo após, descobrimos que Henri St Clair tinha lutado nasCruzadas e marchado para Jerusalém ao lado de Hugues dePayen, o fundador dos Cavaleiros Templários. Além disso,após Henri ter escolhido "Roslin" como seu título, Hugues dePayen casou-se com a sobrinha de Henri e foram-lhe dadasterras na Escócia como um dote. As conexões estavam alémda controvérsia, mas o que é que elas significavam? Henriestava, através da escolha de seu título, sinalizando quepossuía um conhecimento especial da antiga tradição, ou era,talvez, apenas uma partida pregada por Henri para seu própriodivertimento? Parece que a nossa intuição de que o os noveCavaleiros que formavam os Templários sabiam o que estavamprocurando estava correcta, mas nós não poderíamosimaginar como eles poderiam saber o que estava enterradosob o Templo de Herodes. Talvez, um melhor estudo daedificação revelaria alguma pista.

Page 565: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

263

Os Cavaleiros da Cruz Vermelha da Passagem daBabilónia

A nossa descoberta de que Rosslyn possuía conexõesincontestáveis com os graus da Maçonaria moderna causoumuito interesse após a publicação d'A Chave de Hiram e muitopesquisadores nos procuraram. Um deles era um historiadormaçónico da Bélgica chamado Jacques Huyghebaert. Jacquesenviou-nos um e-mail perguntando-nos sobre a origem dainscrição em latim gravada no arco da Capela de Rosslyn quetinhamos mencionado no nosso livro. Traduzida ela significa:

O VINHO É FORTE,

UM REI É MAIS FORTE,

AS MULHERES SÃO AINDA MAIS FORTES.

MAS A VERDADE CONQUISTARÁ A TODOS.

Este estranho lema é a única inscrição original em todaconstrução e era claramente de muita importância para WilliamSt Clair na década de 1440.

A mensagem electrónica de Jacques dizia:

Vocês poderiam me fornecer a versão original em latim destainscrição que está esculpida no Santuário de Rosslyn? Vocêsseriam capazes de a datar?

Page 566: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

264

... Vocês conhecem um grau [maçónico] complementar que seocupa da relação entre Vinho, Reis, Mulheres e a Verdade?

Este grau é chamado de "Ordem dos Cavaleiros da CruzVermelha da Babilónia" ou da "Ordem do Caminho daBabilónia" e na Inglaterra está intimamente relacionado aoReal Arco.

... O seu ritual é baseado no Livro de Esdras e os eventos queocorreram durante o Cativeiro da Babilónia... De acordo com alenda maçónica deste grau, Zorobabel, o Príncipe de Judá,solicitou uma audiência no Palácio na Babilónia, de modo aobter permissão para reconstruir o Templo do Altíssimo emJerusalém.

O Rei da Pérsia, demonstrando a sua boa vontade sobre estapermissão, disse "que tem sido um costume desde temposimemoriais, entre os Reis e os Soberanos desta região, emocasiões como esta propor certas questões". A questão queZorobabel deveria responder era: "Qual delas é a mais forte, aForça do Vinho, a Força dos Reis ou a Força das Mulheres?"

Nós estávamos muito empolgados com as boas novas erespondemos a Jacques, dizendo que a existência destainscrição em Rosslyn e o seu uso num alto grau da Maçonariadeveria estar além da coincidência. Ele respondeu-nos:

Page 567: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

265

Como vocês disseram, isto deve estar além da coincidência.Entretanto, eu recomendaria sermos cautelosos... Vocêspoderiam verificar se esta inscrição não foi esculpida por um"espertinho" no século XIX ou XX, que tinha conhecimentodeste grau, e a adicionou discretamente durante um recentetrabalho de restauração?

Se, entretanto, por acaso a inscrição em latim em Rosslyn provar ser mais ANTIGA do que 1700, então não haverá dúvida de que vocês fizeram uma GRANDE DESCOBERTA, pois esta seria a primeira prova irrefutável de que os rituais dos altos

Page 568: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

266

graus eram trabalhados na Escócia tempos antes do seu lugargeralmente aceito e do seu período de criação: em França,após o ‘Discurso" do Chevalier Ramsay, isto é, a partir dadécada de 1740.

Imediatamente contactámos Judy Fisken, que era a curadorade Rosslyn àquela época, para estabelecer a origem dainscrição. Judy informou-nos que a pedra na qual a inscriçãose encontrava gravada era uma parte intrínseca da estrutura daedificação e que ela estava certa de que as palavras gravadasdatavam da construção da "capela", em meados de 1400.Assim, escrevemos a Jacques:

"As hipóteses da inscrição em latim ser uma adição posteriorsão iguais a zero. Nenhuma área do interior foi deixada semser esculpida e estas palavras não foram certamentesobrescritas a qualquer outra existente. O tipo de fontecertamente corresponde a do século XV. Também até 1835, aconexão maçónica com o edifício não era ainda amplamenteconhecida para que alguém tivesse embocado sobre o pilarJachin, fazendo parecer exactamente como os demais pilares,de modo que o significado maçónico dos pilares gémeos fosseescondido".

Uma noite, nós discutimos esta abordagem com Philip Daviese na manhã seguinte dirigimo-nos ao escritório de Chris comuma fotocópia dos dois Livros de Esdras que fazem parteapócrifa da Bíblia. Nós mantivemos Jacques a par das nossaspesquisas.

Page 569: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

267

O Professor Philip Davies veio junto de nós com uma traduçãocompleta do Livro de Esdras. A parte que nos interessou não émuito extensa, mas muito curiosa! Acredita-se que no textooriginal não havia o termo a "verdade" que fora adicionadoposteriormente por um autor judeu.

O Rei tinha pedido à sua guarda pessoal para dizer o que era acoisa mais forte e contou-lhes que aquele que fornecesse aresposta mais sábia tornar-se-ia um igual ao Rei e desfrutariade grandes riquezas. O homem que disse "a verdade é a maisforte" é feito nobre e então diz ao Rei:

"Lembrai de vosso juramento que fizestes um dia quando vósvos tornastes Rei, construir Jerusalém, e que enviaria de voltatodos os vasos sagrados que foram tomados de Jerusalémque Ciro havia protegido quanto destruiu Babilónia e queprometera enviar para lá. Vós também jurastes construir oTemplo que os Edomitas queimaram quando a Judeia caiudiante dos Caldeus".

Isto era importante para William St Clair, pois Rosslyn era asua reconstrução do Templo, baseada no modelo do Templode Herodes e na visão de Ezequiel da Nova Jerusalém.

Como você disse, tudo isso não pode ser coincidência.

Page 570: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

268

Neste meio tempo, nós tinhamos inquirido os nossoscompanheiros Maçons por qualquer informação sobre o ritualdos Cavaleiros da Passagem da Babilónia e descobrimos anossa primeira referência numa publicação maçónica.

Cruz Vermelha da Babilónia: O mais profundo e místico dosGraus Maçónicos

Page 571: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

269

Associados, este grau é similar aos graus 15º (Cavaleiro daEspada ou do Oriente), 16º (Príncipe de Jerusalém) e 17º(Cavaleiro do Oriente e do Ocidente) do Rito Escocês Antigo eAceito. Os três pontos ou partes da cerimónia descendem detrês dos graus praticados nos meados do século XVIII. Parteda cerimónia é semelhante à Passagem dos Véus dos ritosescoceses e do Campo de Balduíno... Para ser um membro dosGraus Maçónicos Associados você deve ter sido tanto umMaçon do Real Arco, como um Mestre Maçon da Marca.

Agora que sabíamos que o grau existia sob os auspícios doGrande Capítulo, rapidamente localizámos o ritual e este erauma fascinante leitura. O "Campo de Balduíno", pensámosinicialmente, parecia ser uma referência ao acampamento dosCavaleiros Templários no terreno arruinado do Templo deHerodes sob os auspícios do Rei Balduíno de Jerusalém, maslogo aprendemos que estava associado com um antigo grupode Maçons de Bristol.

O título completo do grau é Cavaleiro da Cruz Vermelha daBabilónia ou da Passagem da Babilónia. Ele consiste em trêsdramas ritualísticos, ou pontos, que narram três incidentesretirados dos capítulos 1-6 do Livro de Ezra, dos capítulos 2-7do Livro de Esdras e dos capítulos 1-4 do Livro 11 d'AsAntiguidades dos Judeus, de Josephus.

Este grau narra detalhadamente os motivos e os propósitos dareconstrução do Templo de Jerusalém. O líder do grau,conhecido como Mui Excelente Chefe, marca o exacto pontona abertura do grau quando ele propõe a seguinte questão:

Page 572: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

270

• Excelente Primeiro Vigilante, que horas são?

Ele recebe a seguinte resposta:

• A hora da reconstrução do Templo.

O ritual prossegue dizendo que Dario concordou em apoiarZorobabel, o Príncipe de Judá, e emite um edito que permite areconstrução do Templo e "ainda mais, os vasos de ouro eprata que Nabucodonosor tinha tomado serão restaurados ecolocados em nos seus devidos lugares". Neste ponto dacerimónia, Dario nomeia o candidato, que faz o papel deZorobabel, um cavaleiro do Oriente, e dá-lhe uma fita verdeornada com ouro o que significa a iniciação nos mistériossecretos.

Antes de ser permitido a Zorobabel deixar a corte de Dario eretomar a sua tarefa de reconstrução do Templo, é-lhecolocado (e a mais dois companheiros) um enigma por partede Dario, cuja resposta correcta os cobrirá de grande prestígioe honra:

O grande Rei faz através de mim conhecido o seucontentamento e deste modo cada um de vós três dará a suaopinião em resposta à questão. O que é mais forte, o Vinho, oRei ou as Mulheres?

O ritual então conta-nos as três respostas que foram dadas ao enigma de Dario. O primeiro jovem disse que o vinho era o

Page 573: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

271

mais forte porque ele podia alterar a mente e o humor dequalquer um que o bebesse; o segundo jovem disse que o Reiera o mais forte, pois, mesmo os soldados eram obrigados alhe obedecer. Na vez do candidato Zorobabel falar, o ritualcoloca as seguintes palavras na sua boca:

Ó, Senhores, é verdade que o vinho é forte, bem como oshomens e o Rei; mas quem controla a todos? Certamente, asMulheres. O Rei é o presente de uma mulher. As mulheres sãoas mães daqueles que trabalham nos vinhedos que produzemos vinhos. Sem as mulheres, os homens não podem existir.Um homem faz de facto coisas tolas pelo amor de uma mulher;dá a ela valiosos presentes e, algumas vezes, mesmo vende-sea si mesmo à escravidão por sua saúde. Um homem deixará olar, o país e os títulos de nobreza pelo seu bem.

Ó, Senhores, não são as mulheres fortes, haja visto o que elaspodem fazer?

Mas nem as Mulheres, o Rei ou o Vinho são comparáveis àpoderosa força da Verdade. Como todas as outras coisas, elessão mortais e transitórios; mas somente a Verdade é imutávele eterna. Os benefícios que dela recebemos não variam com otempo e com a fortuna. No seu julgamento não há injustiça; eela é a sabedoria, a força, o poder e a majestade de todas asépocas.

Abençoado seja o Deus da Verdade.

Grande é a Verdade e poderosa é sobre todas as coisas!

Page 574: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

272

Em face de tal evidência, ninguém pode negar que William StClair era conhecedor deste grau maçónico que, até o presentemomento, se acreditava inicialmente ter sido praticado após1740. Ele é pelo menos trezentos anos mais antigo - e nós embreve descobriríamos evidências que o dataria para mais longeainda.

(continua ...)

Page 575: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

273

Os segredos de Rosslyn (III)

July 01, 2009

(... continuação)

O Segredo das Pedras

Tendo descoberto irrefutáveis evidências que um alto grau daMaçonaria era conhecido por William St Clair, começámos aolhar mais atentamente do que antes para os mínimos detalhesdo intrincado interior e exterior esculpido de Rosslyn. Umapequena, porém fantástica descoberta, era a gravação de doishomens, lado a lado. Apesar desta escultura exterior estardanificada pelas intempéries e possuir aproximadamente trintacentímetros de altura, pudemos observar muito bem a maiorparte dos seus detalhes. Ela mostra um homem vendado comvestimentas medievais, ajoelhado e segurando na sua mãodireita um livro com uma cruz na capa, tendo os seus péscolocados de modo a formar um esquadro. Em torno dopescoço do homem há um nó corrediço, sendo a ponta destesegurada por um segundo homem que estava veste um mantotemplário com a cruz distintiva mostrada no seu peito.

Quando descobrimos esta pequena gravação, procurámos Edgar Harborne, uma autoridade da Grande Loja Unida da Inglaterra. Somados, tínhamos aproximadamente setenta anos de experiência maçónica e sabíamos exactamente o que estávamos a olhar. Edgar estava empolgado e surpreso, assim como nós, pois não havia qualquer dúvida; esta era a imagem

Page 576: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

274

de um candidato à Maçonaria durante o processo de suainiciação no ponto crítico de seu juramento de obrigação. Aforma dos pés, o cordame, a venda, o volume da lei sagrada -esta imagem mostra um homem sendo admitido na Maçonariacinco séculos e meio atrás! Ainda mais, esta pequena estátuaera a primeira representação visual de um Templárioconduzindo uma cerimonia que nós agora consideramos serunicamente maçónica.

O facto de ela apresentar um Templário conduzindo umcandidato implica que a escultura estava a demonstrar umevento histórico que datava do período templário, deste modoela poderia estar a mostrar-nos uma cerimónia maçónica desetecentos anos de idade.

Dentro da edificação, nós analisamos cada uma das pequenasesculturas. Isto era difícil, devidoa, em algum ponto dopassado recente, alguma alma caridosa ter cobrertocompletamente o interior com uma massa de areia e cal numamal sucedida tentativa de proteger o trabalho de cantaria, oque obscureceu os pequenos detalhes.

No alto de dois meio pilares construídos na parede meridional, com uma altura de aproximadamente três metros, nós descobrimos pequenas representações que eram extremamente interessantes. Uma destas com apenas alguns centímetros de altura mostra um grupo de figuras com uma pessoa transportando uma peça de tecido, que tem no centro a face de um homem barbado e com cabelos longos. A figura que transporta o tecido não tem cabeça e, uma vez que há

Page 577: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

275

poucos danos ao edifício, parece, como pensamos, que ela foideliberadamente removida. Isto fez-nos olhar para outrascabeças e ficámos impressionados pela distintiva aparência decada uma delas. As faces não são amenas ou anónimas, comonormalmente se vêem em edifícios semelhantes; elas dão aimpressão de que eram deliberadamente semelhantes aindivíduos conhecidos - quase como máscaras mortuárias emminiatura.

Só nos restava especular: esta pequena estatueta representaalguém segurando o Sudário de Turim?

Só existem duas explicações para tal imagem: é o Sudário deTurim que está sendo transportado ou é aquilo queconhecemos por "Veránica"?.

A lenda não-bíblica de Santa Verónica narra como uma mulher(frequentemente associada à Maria Madalena) deu o seu manto(em algumas versões o seu véu) a Jesus para enxugar a suaface quando ele estava a deixar o Templo ou no caminho doCalvário transportando a sua cruz. Quando esta tomou omanto de volta, neste havia a imagem da face miraculosamenteimpressa no tecido. Estudiosos modernos acreditam que onome "Verónica" é derivado do latim vera e do grego eikon,significando "a verdadeira imagem". O nome e a ideia são umtanto suspeitos, uma vez que a Igreja Católica Romana nãoreconhece uma santa chamada Verónica. Apesar destanegação de beatificação, o "manto original" pode serencontrado na Basílica de São Pedro na Cidade do Vaticano.

Page 578: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

276

Isabel Piczek, uma artista que tem estudado o Sudário deTurim e que provou que este não poderia ser uma pintura,esteve numa visita não oficial para ver a Verónica na Basílicade São Pedro. Ela descreveu esta experiência ao pesquisadordo Sudário, Ian Wilson:

Sobre ele estava um pedaço de tafetá colorido do tamanho deuma cabeça, do mesmo tipo do sudário, levementeacastanhado. Ele não parecia estar remendado, apenas umamancha de cor ferrugem acastanhada. Parecia um poucodesigual, excepto por algumas descolorações trançadas...Mesmo com a melhor das imaginações, você não é capaz dedeslumbrar qualquer rosto ou imagem dele, nem mesmo amais leve sugestão disto.

Estávamos cientes que esta antes inexpressiva relíquia"sagrada", ou a ideia por trás dela, possa ser anterior aoadvento do Sudário, mas não era certamente logo após asexibições públicas do Sudário de Turim em Lirey que apopularidade de uma imagem do rosto sagrado cresceu. OPadre Thurston, um historiador cristão, categoricamenteestabelece que a lenda da Verónica, como apresentada naactual Estações da Via Dolorosa, não pode ser datada de antesdo final do século XIV. Tal datação significaria que a lendasurgiu após a primeira exibição pública do Sudário de Turimem 1357.

A cabeça de Cristo tem sempre sido representada nos ícones como tendo longos cabelos repartidos ao meio e com uma barba espessa e quando um pedaço de tecido surgiu com tal

Page 579: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

277

representação poderia ter difundido a ideia de uma "Verónica".

A coluna seguinte em Rosslyn possui uma cena igualmentepequena que mostra uma pessoa sendo crucificada, masestranhamente, uma vez mais a cabeça foi removida. Osúnicos danos aparentemente deliberados que nósconhecemos na edificação são as das cabeças portando orosto no tecido e da pessoa crucificada. É como se alguémsentisse a necessidade de ocultar a identidade por detrásdestas imagens. Nós imaginamos se a pessoa que encobriu opilar de Jachin com gesso também removeu as cabeçasdessas figuras chaves?.

Se estes eram uma simples Verónica e uma representaçãopadrão de Jesus na cruz, não haveria necessidade dedesfigurar os principais rostos.

A figura crucificada não está pregada numa ideia normal dacruz cristã, onde a parte superior continuava afim da travehorizontal, mas numa cruz na forma de um Tau judaico quepossuí a forma de um T. As representações cristãs medievaisfrequentemente mostram uma segunda trave representando aplaca que com zombaria, proclamava Jesus como sendo o Reidos Judeus - mas nunca mostra uma cruz Tau.

"Tau" é a última letra do alfabeto hebraico e, como a letra grega "Omega", representa o fim de algo, especialmente a vida. É também verdade que a maioria das crucificações romanas eram feitas em estruturas com este formato, mas nenhum construtor do século XV teria condições de saber isto.

Page 580: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

278

Parece que o criador desta pequena gravação ou era muitobem informado a respeito da metodologia das crucificaçõesromanas ou estava deliberadamente utilizando a simbologiajudaica para a morte. Aquando da pesquisa para o nosso livroanterior, nós tinhamos trabalhado com a ideia de que aimagem do Sudário de Turim poderia ser a do últimoGrão-Mestre dos Templários e, se as nossas suspeitas de queo Sudário de Turim é a imagem de Jacques de Molay estivercorrecta, nós poderíamos esperar que William St Clairestivesse atento a este facto, uma vez que a sua família esteveintimamente envolvida com os Templários que tinham fugidopara a Escócia após a queda da Ordem - mas por que é que eleestá representado desta forma? Talvez o Sudário seja muitomais importante do que tinhamos pensado.

O corpo governante da Maçonaria Inglesa e Gaulesa, a GrandeLoja Unida da Inglaterra, é enfático sobre o facto de nada serconhecido ao certo sobre a história da organização anterior àfundação da Grande Loja de Londres em 1717. Tem sido críticopara nós sugerir que há uma história a ser descoberta paraaqueles que escolheram procurar, e aqui, em Rosslyn, nóspossuíamos provas positivas de que os rituais maçónicos sãopelo menos duzentos e setenta e cinco anos mais antigos doque a história oficial da Maçonaria, como definida pela GrandeLoja Unida da Inglaterra.

O nosso próximo passo de pesquisa era olhar atentamente para como e porque a Maçonaria Inglesa perdeu contacto com seu passado e estabelecer o que está sendo escondido, se for o caso, por trás de uma cega recusa em conhecer qualquer

Page 581: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

279

história anterior a 1717.

Conclusão

Parece que os Cavaleiros Templários conheciam o queestavam à procura quando iniciaram sua escavação de noveanos e o seu voto de obediência fortemente sugere que outrosestavam envolvidos por detrás disto tudo.

Rosslyn é uma cópia deliberada das ruínas do Templo deHerodes com um projecto que é inspirado na visão de Ezequielda nova "Jerusalém Celeste". As pistas para a compreensãoda edificação estavam colocadas dentro do então secreto ritualdo Grau do Santo Real Arco da Maçonaria. William St Clairutilizou este método para nos contar que a edificação é "oTemplo de Jerusalém", "uma chave para um tesouro" e "umlugar onde algo precioso está oculto", ou "a própria coisapreciosa".

A grande parede ocidental de Rosslyn pode serconclusivamente encarada como uma reconstrução de partedo Templo de Herodes, e o nome "Roslin" possui osurpreendente significado "o antigo conhecimento passado aolongo de gerações", quando compreendido a partir do gaélico.A razão para este nome não está clara, mas Henri St Clair deRoslin era excepcionalmente íntimo de Hugues de Payen, olíder dos primeiros Templários.

Uma gravação no exterior claramente mostra um candidato sendo iniciado na "Maçonaria" por um homem usando um traje

Page 582: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

280

templário, e uma inscrição dentro da edificação demonstra queos construtores estavam familiarizados com um dos altosgraus da Maçonaria, trezentos anos antes da dataanteriormente aceita de sua origem.

Uma gravação dentro da edificação parece mostrar o Sudáriode Turim sendo transportado por alguém e uma outra quemostra a crucificação de uma pessoa sem cabeça numa cruzTau judaica. Talvez o Sudário de Turim esteja directamenteconectado à história que Rosslyn narra em pedra.

Tradução livre de Texto de Dr. Robert Lomas e ChristopherKnight

Os autores:

• Christopher Knight nasceu em 1950 e em 1971 concluiu osseus estudos formando-se em publicidade e desenhográfico. Demonstrou um forte interesse no comportamentosocial e no sistema de crenças tendo por muitos anosactuado como analista de consumo envolvido noplaneamento de novos produtos e nas suas estratégias devendas. Em 1976 tornou-se Maçon e actualmente épresidente de uma agência de publicidade e marketing.

• Dr. Robert Lomas nasceu em 1947 e graduou-se com honra em engenharia eléctrica, dedicando-se após isso a pesquisa no campo de física dos estados sólidos. Mais

Page 583: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

281

tarde trabalhou no sistema de direcção para os mísseisCruise e esteve envolvido no desenvolvimento decomputadores pessoais mantendo sempre o seu interessesobre história da ciência. Actualmente lecciona no Centrode Administração da Universidade de Bradford. Em 1976tornou-se Maçon e rapidamente se tornou um conceituadoorador e palestrante sobre a história da Maçonaria nasLojas da região de West Yorkshire.

Page 584: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

Contents

O Silêncio dos Aprendizes 1

Porque hoje é Sábado ! 7

Maçonaria = Geometria = Arquitetura 9

Modernices... 13

Continuidade - Vem aí o 20º Veneravel. 15

G de... Maçonaria 16

Só sei que nada sei ? 21

Consagração da Grande Loja de Moçambique 24

Quando um jovem sonha 29

Entrevista esclarecedora 31

O grande desperdício 34

A Lenda do Ofício - 1.ª parte: Antiguidade 36

Sigam... mas primeiro escolham ! 42

A Lenda do Ofício - 2.ª parte: a Idade Média 45

Mexigal... ou Portuguéxico ? 50

A Lenda do Ofício - análise crítica: Introdução 52

Page 585: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

E Como acontece a cada 57

Hoje é dia do Maçom (referência a dia 20 de Agosto) 58

O Acordo Ortográfico segundo Millôr Fernandes 61

A Lenda do Ofício - análise crítica: antes do Dilúvio 64

Animação para fim de férias 68

A Lenda do Ofício - análise crítica: Hermes 69

Make peace, not war... 73

A Lenda do Ofício - análise crítica: A Torre de Babel 76

Sorria... Você está a ser filmado ! 83

O Vigésimo 90

Lançamento do livro "The Lost Symbol" 92

A Lenda do Ofício - análise crítica: Nimrod 94

Os velhos são tramados ! 98

A Lenda do Ofício - análise crítica: Abraão 100

Uma prenda em período de reflexão 104

Quem tudo quer... 106

A Lenda do Ofício - análise crítica: Euclides 107

Page 586: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

1

O Silêncio dos Aprendizes

July 02, 2009

O Silêncio dos Aprendizes

Ao escolher este tema presto homenagem ao silêncio dosaprendizes em loja e em particular ao seu significado e objectivos,dado considerar que ele contribuiu decisivamente para a minhaaprendizagem e para a minha evolução como pessoa e, esperoque, como Maçon.

Nas conversas prévias que tive com os Irmãos Mestres J:. R:. e R:. B:., integradas no meu processo de admissão à Maçonaria, houve desde logo algo que me causou alguma apreensão – como iria eu conviver com o silêncio que se impunha aos aprendizes em Loja.

Page 587: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

2

Ter uma opinião para transmitir e não o poder fazer, só poderia seruma forma sofisticada de praxe ou de tortura, para ver se eu meaguentava....

Sendo normalmente uma pessoa interventiva, o ficar caladosignificava para mim quase que uma prova de fraqueza ouignorância, e isso era algo que não estava habituado. No mundoprofano, nomeadamente nas esferas empresariais, é normalmentepreferível dizer alguma coisa, mesmo que inútil, do que não dizernada, já que isso parece ser apreciado.

As minhas primeiras sessões em loja foram muito conflitivas – senão podia falar e só podia ouvir, o que é que eu estava ali a fazer?Durante este período, passei por várias fases evolutivas:equacionei ir-me embora, já que não queriam ouvir o que eu tinhapara dizer e eu tinha muito para dizer; ponderei os inconvenientesde desrespeitar a regra, rompendo o silêncio; efectuei comparaçõesentre os argumentos que eram utilizados e os que eu utilizaria namesma situação, etc.. Creio que posso afirmar que a minhapermanência na Maçonaria se deve a um acto de teimosia, já quedecidi não desistir e ir até ao fim.

Gradualmente, fui começando a alterar a minha atitude perante o silêncio, principalmente a partir do momento em que conclui ser inútil preocupar-me em construir uma argumentação que depois não teria continuidade. Já que não podia falar, talvez existissem outras formas de rentabilizar o tempo que ali passava e a forma mais lógica e imediata parecia ser, ouvir e assimilar o que estava a ser dito. Tal “descoberta” fez-me começar a escutar de forma consciente, o que efectivamente se dizia, o que me conduziu a uma

Page 588: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

3

nova descoberta acerca de mim próprio: tinha tendência para sóescutar os outros em função da resposta que teria de lhes dar enão por aquilo que tinham para me dizer.

Esta constatação levou-me a começar a tentar escutar os outros deforma desinteressada e sem reservas ou intenções. Foi umprocesso intencional, lento, com avanços e retrocessos masextremamente agradável - sentir que começava a descobrir osoutros e ver que a atitude destes se alterava gradualmente. Deforma tímida no inicio, primeiro nos círculos familiares e depoisentre amigos e em ambientes profissionais, foi encorajante ouvirfrases como “não sei porquê, mas agora é mais agradávelconversar contigo”...

No campo estritamente profissional e nomeadamente nosprocessos negociais, em que cada argumento antecipado podeconstituir uma vantagem para os outros, descobri também que oescutar me permitia analisar melhor a situação e sobretudopreparar melhor a argumentação necessária à consecução deestratégias ganhadoras.

E no entanto toda esta simplicidade parece ser fruto de umasabedoria milenar que já Hiram utilizava quando formava os seusaprendizes e companheiros, para os preparar para a construção doTemplo de Salomão.

Quando o recém iniciado é advertido de que não poderá falar emloja, desde a sua iniciação até à sua passagem a mestre, devendoapenas ouvir e observar, está-se simplesmente a dar continuidadea um dos mais antigos costumes das ordens iniciáticas: o silêncio.

Page 589: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

4

Voltado para si mesmo, calado, numa postura de reflexão erecepção, o Aprendiz Maçon deverá evitar resvalar para umaatitude passiva ou desinteressada. Pelo contrário, todos os seussentidos devem estar atentos para o que se passa em loja. Ver,ouvir, receber, reflectir e guardar, são as palavras chave desteprocesso de aprendizagem e evolução interior. Juntar e interligartodas as informações que lhe chegam ao cérebro, estranhas ediferentes das que já conhece, formulando hipóteses e conclusõesque lhe permitam uma visão cada vez mais elevada dasobservações que faz. Esta deve ser a maior preocupação doiniciado.

O ainda candidato é exposto pela primeira vez perante a regra desilêncio quando é introduzido na Câmara de Reflexão,permanecendo sozinho e ladeado por símbolos, palavras e frases,estimulado a pensar e a penetrar no fundo do seu interior. Nosilêncio da meditação, vai ao encontro de si mesmo, examinandominuciosamente o que lhe vai na alma. É então confrontado com asigla Vitriol (Visita Interiora Terrae, Retificandoque, InveniesOccultum Lapidem), que na sua tradução para português significa:"desce ao interior da terra, e perseverando na rectidão, poderásencontrar a pedra oculta".

Após toda a cerimónia de iniciação, o candidato profano transforma-se em recipiendário silencioso, o recém iniciado assume o papel do hermetista, ou do alquimista na sua busca incessante da Pedra Filosofal, que uma vez descoberta, o transformará no homem perfeito. Este é o sentido que o maçom busca quando luta para transformar a sua Pedra Bruta na Pedra Cúbica, que poderá utilizar e encaixar perfeitamente na construção do seu novo Templo

Page 590: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

5

interior.

O conselho "lege, lege, relege, ora, labora et invenies", quesignifica lê, lê, relê, ora, trabalha e encontrarás, era dado ao eleitopara conhecer e assimilar os mistérios da Alquimia. Hoje, continuasendo este o conselho dado ao iniciado. O maçon afastalentamente todas as suas paixões, os seus vícios, os seus desejosincontroláveis, para vê-los transformarem-se em virtudes, domíniode si mesmo, tolerância e prudência, alcançadas no silêncio e naintrospecção. O iniciado reconhece como fundamentais, aspalavras "Vigilância e Perseverança" nas metodologias do seuestágio de observação. Quem fala muito pensa pouco, ligeira esuperficialmente, e a Maçonaria quer que seus membros sejammelhores pensadores do que faladores.

Todo este processo pretende, na sua essência, preparar e induzirao Aprendiz a necessidade da reflexão como método detransformação interna. Embora indirectamente, é possívelestabelecer vários paralelismos e interacções com o Catecismo do1º grau, nomeadamente:

• Quando o Aprendiz afirma vir “vencer as suas paixões,submeter a sua vontade e realizar novos progressos naMaçonaria”, logo seguido de “Porque um Maçon devedesafiar-se a si próprio e evitar juízos de valor antes deconsultar a sabedoria dos irmãos”. O silencio proporciona-lheum método de progressão e impõe-lhe uma prática de reflexãoque o levará a ponderar os seus juízos de valor em função deconhecimentos que deve reconhecer como mais profundos.

Page 591: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

6

• Na resposta “Antes queria ter a garganta cortada do que revelaros segredos que me foram confiados”, que pressupõe não sódedicação e respeito pela Ordem, mas também a capacidade deresponder ou reagir após um processo de interiorização evaloração, que a pratica do silencio poderá ajudar a tornarinconsciente e natural.

• Na resposta “Porque todas as forças destinadas adesenvolverem-se utilmente no exterior devem primeiroconcentrar-se em si mesmas”, em que claramente transparece anecessidade de um trabalho interior prévio em que o silenciopode e deve ser uma peça fundamental.

Se mais não houvesse para aprender na Maçonaria, o terconhecido o valor do silencio e tudo aquilo que este meproporcionou, já teria valido a pena.

Partindo de um silencio imposto, cujas motivações se fundamentamna sabedoria milenar do grupo e que constitui como que umtirocínio para o recém iniciado, passa-se para uma fase deutilização em termos interiores do silencio, evoluindo finalmentepara um estadio de admiração pelo silencio em que a imposição setransforma em voluntariado que assim se transforma em sabedoria,fechando o círculo e preparando o iniciado para novas fases da suaevolução e do seu crescimento interior.

A. Jorge em 27.04.6000

Page 592: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

7

Porque hoje é Sábado !

July 04, 2009

Pois é, porque eu me "distraí", porque eu me "atrasei", porque euando metido em 24 coisas ao mesmo tempo (é..., eu reconheço,sou burro...!) deixei passar a 6ª feira.Sei que os habituais deste espaço ficaram a esfregar as mãos decontentes. Desta vez é que o "chato" cedeu ! Ficamos com um fimde semana limpinho.Desenganem-se.Mas porque hoje é Sábado ponho no blogue uma lufada de arfresquíssimo, bem disposto, capaz de Vos deixar a pensar se mevão perdoar ou não...Já não é mau ! Fica criada a dúvida, o que já é ganho.

Meus Caros, oiçam, reoiçam, trioiçam... e depois concluam comoeu:- BRILHANTE !Vamos aplaudir de pé, mesmo.

Além de não acreditar que não ficaram, pelo menos, com um levesorriso, seus mal encarados.

Queridos Irmãos, Amigos, Leitores, Bisbilhoteiros e demaisocasionais, para todos bom fim de semana.E como disse o grande Vinicius "porque hoje é Sábado", aqui ficaa nossa imagenzinha semanal:

Embedded File ()

Page 593: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

8

JPSetúbal

Page 594: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

9

Maçonaria = Geometria = Arquitetura

July 08, 2009

Albert G. Mackey

Estou agora a ler um livro que um dos meus Irmãos me ofereceu vai já para quatro anos e que os afazeres da vida, o imenso que há

para ler e prioridades de leitura de outras obras relegaram para esta ocasião. É uma obra notável de um autor notável. O autor é

Albert Gallatin Mackey. O nome dirá pouco a quem não for maçon- Trata-se do autor da conhecida Enciclopédia de Maçonaria (que está a ser publicada no sítio da Loja Mestre Affonso Domingues), um médico americano de Charleston, Carolina do Sul, também

Page 595: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

10

erudito historiador da Maçonaria. A obra é The History ofFreemasonry - Its Legendary Origins (A História da Maçonaria - as

suas Origens Lendárias).

A leitura desta obra permite-me relembrar algo aprendido em outrasleituras, mas sobretudo permite-me aprender algumas coisas quenão sabia. É assim, o Mestre maçon, se há algo que aprende, é

que tem sempre mais a aprender...

A leitura desta obra oferece-me assunto para partilhar as minhasdescobertas em vários textos. Começo hoje por algo que, sendobásico (depois de se saber...), permite compreender e interpretar

melhor o significado real de algumas passagens dos textosprimitivos da Maçonaria, anteriores à instauração da primeira

Grande Loja de Londres e às Constituições de Anderson.

Existem diversos manuscritos que vêm do tempo da Maçonaria Operativa. O mais antigo de todos é o manuscrito Halliwell, que contém o chamado Poema Regius, que se crê datar de cerca de

1390. O manuscrito Cooke calcula-se que seja de um século depois. Do século XVI, segundo se crê, encontraram-se os

manuscritos Downland e Landsdowne. Do século XVII, foram descobertos e estudados os manuscritos York, n.ºs 1, 2, 5 e 6, Harleian, n.ºs 1942 e 2054, Grand Lodge, Sloane, n.ºs 3323 e

3848, Aitcheson-Haven, Edinburgh-Kilwinning e Lodge of Antiquity. Já do século XVIII, mas anteriores à criação da primeira Grande

Loja de Londres, descobriram-se os manuscritos, Alnwick, York, n.º 4 e Papworth.

Page 596: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

11

Estes manuscritos contêm diversas informações sobre o que era aMaçonaria Operativa, entre elas a chamada Lenda do Ofício, a

Lenda da criação e evolução da Maçonaria.

Uma das coisas interessantes desses manuscritos, vinda dos maisantigos e mantida nos mais recentes (que, em grande parte, eram

cópias dos anteriores) é que a palavra Maçonaria era, nessestempos, usada como sinónimo de Geometria. Assim, quando nelesse escreve que Euclides é fundador da Maçonaria, o que se está

realmente a dizer é que Euclides foi o criador da ciência daGeometria.

Por sua vez, a Geometria aplicada à construção, ou seja, aArquitetura, também era designada por Maçonaria nesses

manuscritos.

Ou seja, nos tempos da Maçonaria Operativa, dos construtores empedra, a palavra maçonaria tinha três significados: a associação deconstrutores em pedra, que preservava e transmitia os segredos da

profissão e regulava esta; a ciência da Geometria; a arte daArquitetura.

Estes três significados, naturalmente, interligavam-se, porquanto ossegredos da construção eram noções geométricas (tirar ângulos

retos, a 47.ª Proposição de Euclides, mais conhecida entre nós porTeorema de Pitágoras, etc.), aplicadas à arte da Arquitetura e sua

execução prática.

Page 597: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

12

Não tinha ainda deparado com esta noção de que a palavraMaçonaria, nos documentos antigos, tinha também os significados

de Geometria e de Geometria aplicada à construção, isto é,Arquitetura.

E esta noção permite compreender melhor os relatos dessesdocumentos primitivos. Lidos com esta noção, talvez alguns pontos

da Lenda do Ofício não sejam tão lendários como isso ecorrespondam a relatos, necessariamente imprecisos, da

pré-história da Maçonaria, da ciência da Geometria e da arte daArquitetura.

Pelo menos é uma interessante tese exposta pelo insignehistoriador da maçonaria que foi Albert Mackey.

Fonte: The History of Freemasonry - Its Legendary Origins, AlbertGallatin Mackey, Gramercy Books, New York.

Rui Bandeira

Page 598: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

13

Modernices...

July 10, 2009

Desta vez não deixo passar a 6ªfeira sem Vos deixar uma prenda.

Vou fugir de novo das coisas sizudas, mas não menos sérias, para Vos trazer o resultado de uma daquelas modernices que andam

para aí, que o pessoal agora inventa e impinge à malta, a "bué da malta", que fica "fixe à brava" com estas "manifs".

É assim, o mundo não pára e as sociedades vão assim de glória

em glória até à... glória final. Isto digo eu que sou otimista.

A imagem que junto hoje, dizem, disseram já vários entendidos na matéria, que não se repetirá.

- Olha que novidade... Se se repetisse é que eu ficava "estúpido",

disse o "Lecas", "os cotas já malharam... áh, com'é que podem repetir ?"

Vejam e não fiquem invejosos por não serem capazes de fazer o

mesmo. Pensem que há mais assim. Não é Vosso exclusivo.

Embedded File ()

Sabem quem eram ? Quem eram, não, quem são, porque estes

"não malharam, não...!" O enorme par, com muito mau feitio, mas com uns pés de

Page 599: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

14

estarrecer.

Fred Astaire e Eleanor Powell aqui ficam para recordar... os quese recordarem, claro !

Ia esquecendo um pormenor. A "voz off" é... essa mesmo, "The

voice" ! (Frank Sinatra).

Abração. Bom fim de semana.

JPSetúbal

Page 600: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

15

Continuidade - Vem aí o 20º Veneravel.

July 13, 2009

Acontece todos os anos na primeira sessão do mês de Julho aeleição do Veneravel Mestre e do Tesoureiro.

A estabilidade da Loja permite que o processo eleitoral decorra semquaisquer problemas ou dificuldades e consequentemente se eleve

o espirito de união da loja.

Para os cargos de Veneravel e Tesoureiro foram eleitosrespectivamente Rui C.L. e Alberto J.G. ambos mestres.

Se Alberto é um mestre recente e assume aqui o seu primeirocargo de Loja, já Rui é um mestre com muitos, muitos anos de

maçonaria. É do tempo da fundação da Grande Loja e não fosse tertido que se ausentar durante uns anos já teria sido seguramente

Veneravel há muito mais tempo.

Junta-se assim a experiencia de um com o desafio a outro nosentido de levar a Loja Mestre Affonso Domingues para mais um

ano de trabalho que se espera gratificante.

A instalação decorrerá, previsivelmente, na primeira sessão deSetembro.

José Ruah

Page 601: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

16

G de... Maçonaria

July 15, 2009

Embora a Maçonaria Continental use o símbolo do esquadro e compasso apenas com estes dois elementos, a Maçonaria

anglo-saxónica, de tradição e língua inglesa, usa como símbolo notoriamente reconhecido como o da Maçonaria uma imagem

similar à que encima este texto, com o esquadro, o compasso e a letra "G".

É inevitável! O neófito, o recém-iniciado, uma das primeiras

perguntas que coloca é qual o significado desta letra.

Também eu, naquele tempo em que era Aprendiz, fiz essa

Page 602: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

17

pergunta. Mas como eu sempre gostei de "beber do fino", não fui de modas e, quando se apresentou a oportunidade, fiz a pergunta ao Grão-Mestre! Era então Grão-Mestre, Fundador, o já falecido e,

independentemente de infelizes sucessos posteriores, por mim muito admirado, Fernando Teixeira. Já noutro escrito o classifiquei como um vero príncipe da Renascença. Governava a Obediência com mão ferro envolta em luva de veludo. Experiente, sabedor - muito sabedor! -, inteligente e matreiro, bonacheirão na hora do descanso e ferreamente sério na altura do trabalho, era um líder

carismático. Carisma que cultivava. E parte do cultivo desse carisma fazia-o com a disponibilidade que manifestava para

ensinar, esclarecer, iluminar os Aprendizes com quem gostava de confraternizar.

Portanto, para mim não foi nada de mais fazer a pergunta que -

imagino-o hoje - antes de mim dezenas ou centenas de outros lhe tinham feito: o que significa o "G"?.

O Fernando sorriu, recostou-se na cadeira e, mais uma vez, deu a resposta que já dezenas ou centenas de vezes dera: havia vários

significados possíveis; uns defendiam que o "G" significava Gnose; outros que aludia a Geometria ou Geómetra, e por aí fora. Matreiro

que era, nunca dizia o que se esperava que também dissesse e aguardava que a "brilhante sugestão" viesse do Aprendiz: e não

significaria simplesmente "God" (Deus em inglês)? Mais um sorriso confirmava que a pergunta era aguardada e lá esclarecia que a Maçonaria era Universal, inerente a todas as línguas, que não

parecia muito curial que um símbolo tão universal respeitasse a uma língua, e lá repisava as teses da Gnose (que lhe era cara,

Page 603: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

18

estudioso como era dos Mistérios Mitraicos) e da Geometria ou Geómetra.

Pese embora a minha admiração por ele, na altura pensei cá para os meus botões, aproveitando na íntegra o silêncio do Aprendiz, que "tá bem, abelha, a Maçonaria teve origem em Inglaterra, os

ingleses são aqueles tipos que têm a mentalidade de pensar que, quando existe uma tempestade no Canal ds Mancha e a

navegação tem de ser ali suspensa, é o Continente Europeu que fica isolado deles, queriam lá saber da língua dos outros; o "G" era

de God e não se falava mais nisso!" A solução mais simples costuma ser a correta, para quê complicar?

Os anos passaram, a Mestre cheguei e Mestre sou e, cá para mim,

embora, quando perguntado, exponha a tese da Geometria ou Geómetra (a da Gnose nunca foi do meu agrado, demasiado

rebuscada que a acho), sempre que do meu interlocutor lá vinha a referência ao "God" eu lá admitia como possível, se calhar

provável. Não podia eu desmerecer do que intimamente eu próprio pensava...

Pois bem! Aprender até morrer! Só os burros não mudam de

opinião!

Estou finalmente convencido que o "G" significa Geometria.

No texto da semana passada referi como aprendi que, nos antigos manuscritos da Maçonaria Operativa, a palavra Maçonaria era

comummmente usada como sinónimo de Geometria e da

Page 604: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

19

Geometria aplicada à construção, a Arquitetura. Pois bem, se "Maçonaria" era sinónimo de "Geometria", a inversa também era verdadeira. Na Maçonaria Operativa, falar-se de maçonaria era

falar-se de geometria, falar-se de geometria era falar-se de maçonaria. Então, nada mais simples do que criar o símbolo da

Ordem com os artefatos da profissão e a letra inicial da ciência em que se baseava: o esquadro, o compasso e o "G".

Portanto, afirmo e proclamo, abjurando das minhas antigas dúvidas

e reservas: o "G" do símbolo da Fraternidade simboliza a Geometria. O que é o mesmo que dizer que... simboliza a

Maçonaria!

Está assim explicado o título: "G" de... Maçonaria!

(E quanto a ti, meu caro Fernando Teixeira, meu sempre lembrado Grão-Mestre Fundador, que só por isso e pelo teu carisma

obnubilas divergências posteriores, bem o sinto: se lá do assento etéreo em que subiste, memória deste mundo se consente... estou a ver o teu sorriso bonacheirão, contente e vitorioso! O "rapaz" foi teimoso, demorou vinte anos a lá chegar, mas finalmente acabou de te reconhecer a razão... - Não, meu caro, quanto à Gnose, não insistas... Já era um exagero... Concordemos em discordar... - Fica prometido: no próximo ágape ritual em que eu estiver, depois dos sete brindes rituais, chegada a hora dos brindes livres, eu proporei um brinde à tua memória. Porque de ti guardo e guardarei sempre

enquanto por aqui andar a memória do teu carisma, da tua inteligência, da tua sabedoria, do muito de bom que fizeste e

deixaste. Do resto, da divergência final, não cura a minha memória:

Page 605: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

20

já não eras tu, já era a doença final que te levou daqui. É assim quese constroem e se lustram as memórias daqueles que prezamos e

admiramos!)

Rui Bandeira

Page 606: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

21

Só sei que nada sei ?

July 17, 2009

Conta-se (ou cantava-se) nos meios académicos, pelo menos de Lisboa e Coimbra, uma historinha, mais ou menos "anedotificada", mas que retratava uma situação real passada numa aula de uma

das várias "Matemáticas" pelo qual passaram os que andaram pelo Técnico ou pela Faculdade de Ciências de Lisboa nos idos de 60

do século XX (t'ou mesmo velho...!).

A coisa aconteceu com um professor de Matemática, conhecido e excelente cientista (está fora de dúvida), mas um tanto bronco no que tocava a sua vaidade pessoal, e rezava da seguinte forma:

- Meus senhores, no Congresso do último fim de semana só sábios

eramos 14 !

Com toda esta modéstia é de prever que outras broncas sairiam de vez em quando, e saiam mesmo. Mas foi um excelente "prof" a

quem muita gente da minha geração deve muito, do muito pouco que sabe.

Isto a propósito do vídeo/musiquinha de hoje, estilo "palavras

cruzadas pensantes" para o fim de semana.

É que esta coisa de ponderar sobre o que se sabe ou não sabe, muitas vezes complica-se e damos connosco a pensar se de facto

sabemos alguma coisa e que coisa é essa do saber.

Page 607: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

22

Assim a modos como as "certezas" ácerca das quais eu sempre gosto de reproduzir um diálogo:

- Toda a gente que tem a certeza absoluta do que diz é estúpido...

- Tens a certeza ? - Absoluta !

À hora a que habitualmente alinhavo estes pequenos introitos aos

vídeos com que vou preenchendo as 6ªs feiras já não tenho paciência para dissertar sobre a relatividade do saber e do

conhecimento, tanto mais que cada vez com maior frequência as “sardinhas assadas com pimentos” que ontem eram um veneno

para tudo, hoje são um bálsamo para uma quantidade de maleitas perigosíssimas… !

O que significa que quanto mais certo estou de alguma coisa, mais perto estarei de um qualquer génio-novo vir provar que o quadrado

é redondo e o círculo tem, nada menos do que quatro lados em bico concavo cruzados com semi-retas elíticas…

E quando um génio-novo diz… é porque é verdade, seja lá o que fôr !

Até aparecer o próximo génio-novo.

Portanto aqui Vos deixo um muito ligeiro alerta para as vossas convicções inabaláveis, tanto mais que a fixação das ideias está

cada vez mais em risco.

Embedded File ()

E como diria o Rui, "G's" há muitos (!) e todos "G's".

Page 608: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

23

Como sempre, desejo-vos a todos, a todos mesmo, um bom fim de

semana cheio de boas e verdadeiras certezas. Abraços.

JPSetúbal

Page 609: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

24

Consagração da Grande Loja de Moçambique

July 22, 2009

Quem nos últimos dias passou pelo sítio da Grande Loja Legal dePortugal/GLRP, verificou estar lá publicado, com inusual destaque,um texto informativo com o mesmo título do que encima estearrazoado.O inusual destaque indicia a particular importância que aGLLP/GLRP e o seu Grão-Mestre atribuem ao evento noticiado.Mas a institucionalidade do sítio em causa, que obriga a que o queali é publicado como notícia seja sobretudo factual e objetivo,evitando-se os comentários e opiniões, não permitiu destacar,assinalar e enquadrar alguns aspetos significativos do evento e doque ele representa.

Page 610: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

25

Em primeiro lugar, importa destacar a importância em si mesma dofacto. Há muito, muito tempo que inexistia atividade maçónicapublicamente conhecida em território moçambicano, em especial daMaçonaria Regular.

Em segundo lugar, é asado assinalar que a consagração daGrande Loja de Moçambique, sendo um início, é também umculminar de um processo preparatório minucioso, sério, discreto epersistente. Desde há vários anos que funcionavam, primeiro uma,depois outra, logo outra, Lojas sob a égide da Grande Loja Legal dePortugal/GLRP, ali estabelecendo as sementes e difundindo osprincípios da Regularidade Maçónica. As sementes germinaram, osprincípios consolidaram-se, o interesse foi crescendo, aaprendizagem foi-se fazendo. Sempre com a discreta ajuda eenquadramento da GLLP/GLRP. Foi um trabalho realizado longedos holofotes, de formiguinha, de paciência, de método. Levado abom porto. A gestação da Regularidade em Moçambique terminouno tempo próprio e agora é altura de os Irmãos daquele paísseguirem o seu rumo administrando-se a si próprios, sem tutelas,sem protecionismos. Chegou a altura de uma nova PotênciaMaçónica Regular ser proclamada. Como é apanágio daMaçonaria, a nova Grande Loja de Moçambique é reconhecidacomo igual por todas as demais Potências Maçónicas queintervieram na sua Consagração e, paulatinamente, vai serrconhecida como igual por todas as demais Potências MaçónicasRegulares do Mundo.

Em terceiro lugar, deve-se enquadrar devidamente o sucedido, quer pelo lado da Potência Maçónica consagrada, quer relativamente à consagrante. Estiveram presentes e intervieram na Consagração da Grande Loja de Moçambique e na Instalação do

Page 611: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

26

seu primeiro Grão-Mestre, nada mais, nada menos, do que quatroGrão-Mestres: o da GLLP/GLRP, Grão-Mestre Consagrante eGrão-Mestre Instalador, o da Grande Loja da Costa do Marfim, queexerceu os ofícios de Primeiro Grande Vigilante Consagrante ePrimeiro Grande Vigilante Instalador, o da Grande Loja dasMaurícias, que exerceu os ofícios de Segundo Grande VigilanteConsagrante e Segundo Grande Vigilante Instalador e o da Rússia,que, simbolicamente, tomou a seu cargo a imposição do Avental deGrão-Mestre ao recém-instalado Grão-Mestre de Moçambique.Estiveram ainda representadas, ao mais alto nível, a Grande LojaNacional Francesa, através do Grão-Mestre Provincial da Ilha daReunião, que exerceu as funçóes de Grande Orador, o GrandeOriente do Brasil, através do seu Grande Secretário Geral dasRelações Exteriores, que assegurou o ofício de GrandeHospitaleiro, a Grande Loja da África do Sul, com uma numerosadelegação presidida pelo seu Past Grande Porta Espada, que,adequadamente, exerceu o ofício de Guarda Interno, e a GrandeLoja do Gabão, através do seu Assistente do Grão-Mestre eGrande Secretário, que tomou a seu cargo a imposição da Joia edo Colar de função ao recém-instalado Grão-Mestre deMoçambique. Qual cereja em cima do bolo, esteve ainda presenteo Secretário da Conferência Mundial de Grandes Lojas Regularesque, significativamente, procedeu à Proclamação da Grande Lojade Moçambique e do seu Grão-Mestre.

Esta comparência e cooperação de altos representantes de várias Potências Maçónicas representa um alto significado, quer para Grande Loja de Moçambique, quer para a GLLP/GLRP. Para aquela, a garantia do fácil, tranquilo e rápido reconhecimento de todo o Mundo Maçónico Regular. Foi consagrada pela Potência

Page 612: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

27

Maçónica Regular de Portugal, na presença da única PotênciaMaçónica Regular brasileira de nível supra-estadual, o GOB.Intervieram na sua consagração representantes, ao mais alto nível,de várias e importantes Potências Maçónicas africanas. Estiveramainda representads duas outras indubitavelmente importantesPotências Maçónicas europeias, a GLNF e a Grande Loja daRússia. Finalmente, foi proclamada pelo Secretário da ConferênciaMundial de Grandes Lojas Regulares. Se isto não é demostrativode consenso generalizado em torno da nóvel Grande Loja, não seio que porventura será...

Também esta larga constelação de estrelas maçónicas presentesconstitui um agradável conforto para a GLLP/GLRP. AConsagração por esta da Grande Loja de Moçambique foirespaldada, apoiada consensualmente, pelas principais PotênciasMaçónicas mundiais, algumas estando presentes e outras, emboranão o estando, por princípios de atuação internacional próprios,como a UGLE (Grande Loja Unida de Inglaterra), apoiando a ditaConsagração e que a mesma tivesse lugar através da GLLP/GLRP.A direção da tarefa de implantação da Maçonaria Regular nospaíses de língua oficial portuguesa em que esta ainda não estáoficialmente implantada foi assumida pela GLLP/GLRP, com oconsenso das demais Potências Maçónicas Regulares. E ageneralizada prova da confiança no trabalho efetuado por estaleva-a, e aos seus obreiros, a perseverar na qualidade futura desseseu trabalho, no cumprimento estrito dos princípios daRegularidade e na sua divulgação.

Por tudo isto, foi um Grão-Mestre muito feliz, visivelmente contentee extraordinariamente satisfeito que encontrei no seu regresso dadeslocação a Moçambique!

Page 613: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

28

E tudo isto - por escolha própria - entendi não ser apropriadoescrever no institucional sítio ds GLLP/GLRP. Mas considero podere dever aqui ser publicado!

Rui Bandeira

Page 614: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

29

Quando um jovem sonha

July 24, 2009

Quando um jovem sonha...: "o mundo pula e avança, como bola colorida... " Foi o nosso querido professor de Física/Poeta que ensinou e uma geração aprendeu. Só que infelizmente a velocidade do desenvolvimento da sociedade humana não acompanha a velocidade de desenvolvimento dos sonhos nem da vontade de alguns (quero acreditar que cada vez em maior número) e o resultado faz com que a distância entre o que acontece em grande parte do mundo e o que gostariamos que acontecesse em toda a humanidade é cada vez maior. Esta pequena interpretação deste pequeno jovem (bela voz !) vale o que vale (esta expressão é das coisas mais inteligentes que os nossos políticos, dirigentes desportivos, técnicos de sondagens e mais génios disparam a torto e a direito... com o ar inteligente que convém a estas declarações. Se estivessem ao pé de mim constatariam o ar intelectual que fiz nesta fase do texto...) e como tal é necessário ouvi-la com o distanciamento que fôr possível a cada um. Mas trago-a para aqui porque a oportunidade é bem adequada ao que vemos nos jornais diários. É mais um pequeno desafio ao pensamento "no outro" que o fim de semana pode ajudar a concretizar. Se isso acontecer... valeu a pena !

Page 615: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

30

Embedded File () E, como sempre... grande abraço e bom fim de semana. JPSetúbal

Page 616: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

31

Entrevista esclarecedora

July 29, 2009

François StifaniMuito Respeitável Grão-Mestreda Grande Loge Nationale Française

A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP tem uma ligação especial com a Grande Loge Nationale Française. Foi esta Grande Loja que a consagrou, então ainda com o nome de Grande Loja Regular de Portugal. Vamos, pois, estando atentos ao que se passa com os nossos Irmãos Regulares de França. E um dos sítios que regularmente consulto é o sítio da Grande Loge Nationale

Page 617: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

32

Française. Deparei recentemente nesse sítio com um vídeo de uma entrevista do Muito Respeitável Grão-Mestre da GLNF, François Stifani que, apesar da sua grande extensão - 27 minutos - vale a pena ver. Em primeiro lugar, pela naturalidade e simplicidade como o Grão-Mestre Stifani fala, com clareza, de assuntos tão diversos como o segredo maçónico, o que buscam os maçons regulares, a espiritualidade, a diferença entre a Maçonaria Regular e a Maçonaria da orientação do Grande Orient de France, a posição da Maçonaria Regular perante a religião católica e a Igreja Católica, a efetiva aplicação no seio da Maçonaria da divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, etc.. Uma verdadeira lição, em poucos minutos, do que é Maçonaria. Trata-se de uma entrevista concedida à TV 7, uma televisão regional francesa, de Bordéus. Mas não se pode deixar de notar que, se aqueles 27 minutos são verdadeiramente esclarecedores, sobretudo para os profanos, tal se deve também ao profissionalismo e qualidade do entrevistador. Perguntou o que precisava de perguntar para esclarecer os espectadores e deixou falar o entrevistado. Conduziu a entrevista como se de uma agradável conversa se tratasse, passando de tema a tema com a propósito, sem interromper malcriadamente o seu entrevistado, sem mostrar tomar partido a favor ou contra. O resultado foi um programa interessante, bem conduzido e elucidativo. Bem poderiam alguns e algumas profissionais da nossa praça, que se julgam estrelas do jornalismo televisivo, pôr os olhos e aprender

Page 618: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

33

com aquele profissional francês... É que, afinal, uma entrevistatelevisiva não tem propriamente como objetivo - exceto, parece,para algumas cabecinhas pensadoras que para aí andam... - fazerbrilhar o entrevistador, qual estrela com aspirações a supernova...Uma entrevista televisiva é informação e o seu destinatário é opúblico. Não se destina a fazer brilhar nem entrevistador, nementrevistado. Destina-se a INFORMAR. E, por isso, é-se bomprofissional quando se conduz a entrevista, não com o propósito decontradizer, examinar, achincalhar, provocar, interromper, oentrevistado, não com o objetivo de encher o écran, mas com oúnico e reto propósito de criar as condições para que o entrevistadopossa esclarecer a sua posição sobre os temas propostos. Edepois o público faz o seu juízo: uns concordam, outros discordam,outros ainda ficam indiferentes... Querem saber o que é, o que faz, como se situa perante a vida e asociedade a Maçonaria Regular? Pois bem, desde que entendam o francês, reservem 27 minutos dovosso tempo e... sigam este atalho: http://www.glnf.fr/video2.asp . Às vezes, é pela forma mais simples que melhor se esclarece e seé esclarecido! Rui Bandeira

Page 619: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

34

O grande desperdício

July 31, 2009

Mais um exemplo espantoso de força moral, transformada em física. Na Física aprende-se que existe uma energia potencial transformável em cinética sob determinadas leis, conhecidas e enunciadas. Só que as leis da Física têm pouco a ver com o que é preciso para explicar os verdadeiros milagres de força de vontade que aqui são representados. Vão aparecendo estes exemplos e de alguma forma vamos encontrando no nosso Portugal algumas melhorias no apoio a pessoas que de uma forma ou de outra necessitam mais dos outros. Os exemplos que me vão entrando no correio e que depois eu vou aproveitando para trazer ao blog são lufadas de ar fresco no reconhecimento da força que cada um de nós tem por dentro. É só querer, e ela aparece ! O lamento que resta é constatarmos que esta capacidade só aparece em casos de grandes dificuldades. Que bom seria podermos desenvolvê-las para aplicação generalizada na transformação da Humanidade, independentemente da sua aplicação a necessidades próprias. Pelo menos ficamos a saber aquilo que estamos a desperdiçar que é muito mais do que aquilo que estamos a aproveitar.

Page 620: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

35

Embedded File ()

E por agora, grande abraço e bom fim de semana.

JPSetúbal

Page 621: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

36

A Lenda do Ofício - 1.ª parte: Antiguidade

August 05, 2009

Euclides

O manuscrito Downland, que se pensa datar de cerca do ano 1.500, é um dos manuscritos da maçonaria operativa que foram encontrados e estudados. Nele está, além do mais, transcrita a Lenda do Ofício a lenda da origem da Maçonaria (não esquecer que, conforme assinalei em Maçonaria = Geometria = Arquitetura, naqueles já remotos tempos Maçonaria e Geometria eram sinónimos). Dada a sua extensão, vou divulgá-la em dois textos. Eis a primeira parte, em tradução livre minha:

Page 622: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

37

(...) Pode um homem verificar que a ciência do trabalho sefunda na Geometria, pois a Geometria ensina ao homem adimensão e a medida, a forma e o peso, de todas as coisas naTerra, e por isso não existe homem algum que execute algumaciência, sem que utilize alguma dimensão ou medida, nemnenhum compra ou vende sem que compre ou venda algo commedida ou peso, e tudo isto é Geometria. (...) Daí que se penseque a ciência da Geometria é a mais valiosa e que contémtodas as outras.

Vou contar-vos como estas valiosas ciências apareceram.Antes do Dilúvio de Noé, havia um homem, chamado Lamech,tal como está escrito na Bíblia, no quarto capítulo do Génesis;e este Lamech tinha duas mulheres, uma chamada Ada e outrachamada Sella; da sua primeira mulher, Ada, teve dois filhos,Jabell e Tuball e da sua outra mulher, Sella, teve um filho euma filha. E estes seus quatro filhos criaram o princípio detodas as ciências no mundo. O seu filho mais velho, Jabell,fundou a ciência da Geometria. (...) E o seu irmão Tuballfundou a ciência da música (...). E o terceiro irmão, Tuball Cain,fundou a ciência de trabalhar ouro, prata, cobre, ferro e aço(...). Esses filhos sabiam bem que Deus iria tirar vingança dospecados, ou pelo fogo, ou pela água; portanto, escreveram assuas ciências em dois pilares de pedra, que pudessem serencontrados após o Dilúvio de Noé. E uma das pedras eramármore, pois essa não arderia com o fogo; e a outra pedraera argila cozida em tijolos e não afundaria na água de Noé.

O nosso propósito é contar-vos com verdade como e de que maneira foram encontradas as pedras em que estas ciências

Page 623: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

38

estavam escritas. O grande Hermarynes, que foi filho de Cuby,o qual foi filho de Sem, que foi filho de Noé, mais tardechamado de Hermes, o patrono dos homens sábios, encontrouum dos dois pilares de pedra e encontrou a ciência nele escritae ensinou-a a outros homens. E na construção da Torre deBabel se fez o primeiro uso da Maçonaria. E o rei da Babilónia,que se chamava Nimrod, era ele próprio um maçon; e amavabem a ciência, e isto é dito pelos mestres em História. Equando a cidade de Nínive e outras cidades do Oriente foramconstruídas, Nimrod, o rei da Babilónia, enviou para lá três milmaçons a pedido do rei de Nínive, seu primo. E, quando osenviou, deu-lhes um Dever do modo seguinte: Que deveriamser verdadeiros uns com os outros e que deviam gostar deestar uns com os outros e que deviam servir lealmente o seusenhor em troca do seu salário (...). E outros deveres deconduta lhes deu. E esta foi a primeira vez que aos Maçonsforam impostos Deveres da sua ciência.

Mais tarde, quando Abraão e Sara, sua mulher, foram para o Egito, ali ele ensinou as sete ciências aos egípcios; e teve um valioso discípulo, chamado Euclides, que aprendeu bem e foi Mestre das sete ciências liberais. E no seu tempo, sucedeu que o senhor e os nobres do reino tinham tido muitos filhos, alguns das suas mulheres, outros de outras senhoras do reino; porque aquela terra é uma terra quente e propícia a gerar. E eles não tinham encontrado modos de vida satisfatórios para os seus filhos, de que muito gostavam, e então o rei do país convocou um grande Conselho e Parlamento para decidir como poderiam encontrar um modo de vida honesto para os nobres seus filhos, e não

Page 624: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

39

conseguiram encontrar boa maneira. E então anunciaram portodo o reino que se houvesse algum homem que osinformasse, então deveria comparecer perante eles e seriarecompensado pelo seu trabalho, de forma a deixá-losatisfeito.

Depois que este pregão foi feito, veio então o valorosoEuclides e disse para o rei e todos os seus nobres: "Se meentregarem os vossos filhos para que eu os governe e lhesensine uma das sete ciências, de forma que eles possam viverhonestamente como nobres, deverão dar-me a mim e a elesuma carta-patente, de que eu tenho o poder de lhes determinaro modo como essa ciência deve ser regulada." E o rei e o seuConselho concederam-lhe isso e selaram a sua carta-patente.Então o valoroso Doutor levou consigo os filhos dos nobres eensinou-lhes a ciência da aplicação da Geometria ao trabalhode construção em pedra de igrejas, templos, castelos epalácios; e deu-lhes Deveres da seguinte forma.

O primeiro era que deviam ser verdadeiros para o Rei e para o Senhor de quem dependiam. E que deveriam gostar de estar juntos, ser verdadeiros uns com os outros. E que deviam chamar-se uns aos outros Companheiro ou Irmão, não por servo, ou escravo, ou outros nomes tolos. E que deveriam merecer o salário pago pelo Senhor ou pelo Mestre que servissem. E que deveriam designar o mais sábio deles para Mestre do trabalho e não deixar que essa designação fosse afetada por linhagem, riqueza ou favor, pois então o senhor seria mal servido e eles desonrados. E também que deveriam tratar o responsável pelo trabalho por Mestre, durante o tempo em que trabalhassem com ele. E muitos mais deveres de

Page 625: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

40

conduta que seria longo contar. E a todos estes Deveres fezjurar um grande juramento que naquele tempo se usava; edeterminou que deveriam receber salários razoáveis, com osquais pudessem viver honestamente. E também que deveriamreunir-se anualmente, para discutir como poderiam trabalharmelhor e melhor servir o seu senhor, para ganho dele e delespróprios; e para corrigirem no seu próprio seio aquele quetivesse errado contra a ciência. E assim ali foi implantada aciência; e o valoroso senhor Euclides deu-lhe o nome deGeometria. E agora é chamada em toda esta terra porMaçonaria.

Muito depois deste tempo, quando os filhos de Israel chegaram à Terra Prometida, que agora é chamada entre nós de Jerusalém, o rei David iniciou a construção do Templo que é chamado entre nós de Templo de Jerusalém. E o rei David apreciava os maçons e tratava-os bem e dava-lhes bom salário. E deu-lhes os Deveres pela forma que tinha aprendido no Egito, dada por Euclides, e outros deveres de conduta de que ouvirão falar mais tarde. E depois da morte do rei David, Salomão, que era filho de David, concluiu o Templo que o seu pai começara; e mandou vir maçons de diversos países e várias terras; e juntou-os, de forma a ter 40.000 trabalhadores em pedra e chamou-lhes maçons. E escolheu de entre eles 3.000 que determinou fossem Mestres e responsáveis pelo trabalho. E, para além disso, havia um rei de outra região que os homens chamavam Hiram, que era amigo de Salomão e que lhe deu madeira para a sua construção. E ele tinha um filho chamado Aynam (hoje designado por Hiram Abif) e ele era Mestre de Geometria e foi o Mestre Chefe de todos os maçons e foi o

Page 626: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

41

Mestre de todos os aparelhamentos e gravações das pedras ede toda a espécie de Maçonaria que dizia respeito ao Templo; eisto é testemunhado pela Bíblia, no Livro dos Reis, capítuloterceiro. E Salomão confirmou, quer os Deveres, quer asdisposições que o seu pai tinha dado aos maçons. E assim foia valiosa ciência da Maçonaria confirmada na terra deJerusalém e em muitos outros países.

Fonte: The History of Freemasonry, Albert G. Mackey, GramercyBooks, New York

Rui Bandeira

Page 627: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

42

Sigam... mas primeiro escolham !

August 07, 2009

Estamos em fase de férias gerais, ou quase. E a propósito "do caminho" também em férias é bom que sigam o V. caminho, pensado primeiro, cumprido a seguir. Como na vida !!! E férias são vida ! Claro que a afirmação inicial é destinada aos que têm férias. Infelizmente nem todos. Infelizmente nem serão para os que mais precisam. De qualquer forma em tempo de calor sempre há algum relax... Os sentidos relaxam, os corpos dilatam, umas vezes por causa do calor, outras vezes por outras razões menos naturais (!). Mas o Verão é assim, até mesmo um Verão em que a política portuguesa teria tanto para trabalhar. Para animar o fim de semana supostamente quente, supostamente de Verão, supostamente de férias deixo-vos uma pérola tripla. E quanto ao caminho a seguir... ... Quanto ao caminho a seguir, cada qual tem o seu. Há que reconhecê-lo, estudá-lo (como os corredores dos ralies fazem em treinos para as provas), e depois , depois é andar pelo caminho descoberto, de preferência sem hesitações. Se surgirem dúvidas (acontece aos melhores), há que ter a honestidade e a humildade de perceber que houve um engano e

Page 628: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

43

que é preciso corrigir. E sendo caso disso recomeçar. Mas sempre por caminho próprio ! Nada de imitações nem de seguidismos. Cada Homem é um ser único e, até ver, o Criador ainda não repetiu a combinação. Como tal cada Homem tem um caminho próprio para andar... O seu caminho e não outro. Já agora acrescento um detalhe geométrico. Os caminhos que percorremos não são paralelos. Por tal razão eles cruzam-se em algum(ns) ponto(s), e é aqui que se vê a habilidade de cada um para conduzir na vida. Nestes cruzamentos não há sinais, nem avisos prévios. Que acontece neles ? Pois para alguns ocorrem acidentes que até podem ser graves, conflitos, quem passa primeiro, quem tem prioridade... Outros aproveitam e fazem Amigos !!! É outra das escolhas que temos que fazer ao longo do percurso e consoante as escolhas que forem sendo feitas assim o esforço vai sendo maior ou menor. E se o percurso escolhido puder ser cheio, melhor. Cheio de vida digo eu ! Como diz o Professor Moniz Pereira, que no fim possamos ter, não uma vida com muitos anos, mas muitos anos cheios de vida ! Para este fim de semana cá fica um caminho... para ouvir e encher !

Page 629: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

44

Embedded File () E como de costume... Bom fim de semana para todos e boas fériaspara os que estiverem de férias e boa semana de trabalho para osque, como eu, têm trabalho pela frente. JPSetúbal

Page 630: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

45

A Lenda do Ofício - 2.ª parte: a Idade Média

August 12, 2009

Rei Athelstan ou Athelstone

Continuo a divulgação, em tradução livre minha, da Lenda do Ofício, a lenda da origem da Maçonaria, tal como consta no manuscrito Downland, um manuscrito da maçonaria operativa, que se considera datar de cerca do ano 1.500. Relembro que, ao tempo, e conforme se verifica de vários manuscritos da maçonaria operativa que foram descobertos e estudados, as palavras Maçonaria e Geometria eram consideradas sinónimos entre os maçons operativos, os construtores em pedra reunidos em associações profissionais, que preservavam e transmitiam aos mais novos os segredos da construção, nomeadamente as regras geométricas que lhes permitiam facilmente determinar com acerto ângulos retos, alinhar paredes na vertical, etc..

Page 631: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

46

No texto anterior, a Lenda evolui desde os primórdios da Humanidade, na era pré-diluviana, até à época do rei Salomão. O texto que segue prossegue a partir daí. Homens da Fraternidade curiosos viajaram por diversos países, uns para aprenderem mais da arte de construir e aparelhar, outros para ensinar aqueles que tinham poucos conhecimentos. E assim sucedeu que houve um curioso Maçon, chamado Maymus Grecus, que esteve na construção do Templo de Salomão e que veio para França e aí ensinou a ciência da Maçonaria aos homens de França. E houve um, da linhagem real de França, chamado Carlos Martel; e ele era um homem que gostava muito desta ciência e aproximou-se deste Maymus Grecus, acima referido, e aprendeu com ele a ciência e obteve através dele os Deveres e as Regras; e mais tarde, pela graça de Deus, foi escolhido para ser Rei de França. E quando ele estava nessa função, contratou Maçons e ajudou a fazer Maçons de homens que não eram nada; e pô-los a trabalhar e deu-lhes os Deveres e as Regras e bom salário, tal como tinha aprendido de outros Maçons; e confirmou-lhes uma determinação de se reunirem anualmente; e acarinhou-os muito; e assim chegou esta ciência a França. A Inglaterra em todo este tempo manteve-se alheia, quanto a qualquer assunto de Maçonaria, até ao tempo de Santo Albano. E nos dias deste o rei de Inglaterra, que era pagão, edificou as muralhas da cidade que agora se chama Saint Alban. E Santo Albano era um valoroso cavaleiro e nobre da corte do Rei e tinha a direção dos assuntos do reino e também da edificação das muralhas da cidade; e gostava dos Maçons e

Page 632: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

47

acarinhava-os muito. E fixou o seu salário bem, de acordo com os padrões do reino; pois deu-lhes dois xelins e seis dinheiros por semana e três dinheiros para as suas refeições. E antes desse tempo, por toda esta terra, um Maçon recebia apenas um dinheiro por dia e a sua refeição, até que Santo Albano emendou isso e deu-lhes uma carta-patente do Rei e do seu Conselho para reunirem em conselho geral e deu-lhe o nome de Assembleia; e, a partir daí, ele próprio ajudou a fazer Maçons e deu-lhes Deveres, tal como ouvirão mais tarde. Pouco tempo depois da morte de Santo Albano, houve diversas guerras no reino de Inglaterra entre diversas nações, pelo que a boa regra da Maçonaria foi destruída até ao tempo dos dias do Rei Athelstone, que foi um valoroso Rei de Inglaterra e trouxe a esta terra descanso e paz; e construiu muitas grandes obras de Abadias e Torres e muitos outros tipos de edifícios; e gostava muito dos Maçons. E ele tinha um filho chamado Edwin, que gostava dos Maçons muito mais do que o seu pai. E era um grande praticante da Geometria; e dedicou-se muito a falar e a confraternizar com Maçons e a aprender a sua ciência; e depois, pelo amor que dedicava aos Maçons e à ciência, ele foi feito Maçon e obteve do rei seu pai uma carta-patente para realizar todos os anos uma assembleia, onde lhes conviesse, no reino de Inglaterra; e para corrigirem os erros uns dos outros e os atropelos que fossem feitos dentro da ciência. E realizou ele próprio uma Assembleia em York, e estes fez maçons e deu-lhes Deveres e ensinou-lhes as regras e ordenou que esta norma seria seguida para todo o sempre, e guardou então a carta-patente para a conservar e deu ordem para que fosse renovada de rei para rei.

Page 633: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

48

E quando a Assembleia estava reunida, anunciou que todos os Maçons, velhos e novos, que tivessem alguma notícia ou conhecimento dos Deveres ou das regras que foram feitos antes nesta terra, ou em qualquer outra, deveriam deles dar conhecimento. E quando assim se fez, foram encontrados alguns em francês e alguns em grego e alguns em inglês e alguns em outras línguas; e o seu propósito foi de reunir todos num único. E fez um livro deles e de como a ciência foi fundada. E ele próprio proclamou e determinou que deveria ser lido ou contado sempre que um Maçon fosse feito, para lhe dar a conhecer os seus Deveres. E desde esse dia até agora as regras dos Maçons mantiveram-se dessa forma, tanto quanto os homens as podem executar. E a partir daí diversas Assembleias tiveram lugar e ordenaram certos Deveres, segundo o melhor juízo dos Mestres e Obreiros. Por natureza, uma lenda não é realidade histórica. Nesta Lenda da Ordem é fácil, por exemplo, detetar anacronismos evidentes: Abraão contemporâneo de Euclides, um obreiro do Templo de Salomão contemporâneo de Carlos Martel. Outros anacronismos não serão tão evidentes a quem não conheder profiundamente História e a História de Inglaterra, mas estão lá. Mas, anacronismos à parte, imprecisões expectáveis de uma estória que passa de geração em geração por tradição oral, se analisarmos bem a Lenda tendo sempre presente que Maçonaria é palavra utilizada como sinónimo de Geometria e que maçon é palavra utilizada tanto para significar o trabalhador de construção em pedra, como o estudioso de Geometria, como aquele que aplica

Page 634: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

49

noções de Geometria à arte de construir, como ainda aquele que seinsere numa corporação organizada de construtores em pedra,poderemos verificar que esta Lenda tem mais correspondência comfactos históricos do que, à primeira vista, se poderá supor. Faço notar que, embora em inglês moderno se faça a distinçãoentre "mason" e "freemason", significando o primeiro termo"pedreiro" ou "construtor em pedra" e o segundo o que hoje sedesigna por maçon, aquele que se integra na Maçonariaespeculativa, tal como existe desde o século XVIII, tal distinçãoinexistia, obviamente na época da maçonaria operativa, em que ostermos "mason" e "freemason" eram indistintamente usados. Nestatradução livre, optei por utilizar sempre indistintamente o termomaçon. Numas passagens do texto, significará o oficial do ofício daconstrução, noutras o cultor da ciência da geometria, noutras aindao membro da corporação de construtores, e também porventuranalgumas delas assumirá simultaneamente dois ou mais destessignificados. Procurarei distinguir os vários significados do uso do termo, aolongo da análise crítica da Lenda do Ofício que me proponho levara cabo. Sempre seguindo de perto os ensinamentos de Mackey,essa análise crítica será o objeto da série de textos que se seguirá. Fonte: The History of Freemasonry, Albert G. Mackey, GramercyBooks, New York Rui Bandeira

Page 635: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

50

Mexigal... ou Portuguéxico ?

August 14, 2009

Hoje o monstro bloguista ataca de outro lado ! Ainda se lembram do monstro das bolachas ? Pois aqui é o monstro dos blogues que ataca de novo... Mantenho este vídeo há muito tempo na esperança de que algo aconteça que faça com que eu possa apenas lamentar a situação mexicana. Infelizmente não prevejo a breve prazo essa possibilidade. Convém dizer que gostei do México as vezes que lá fui, e fui por razões diversas e a locais bem diferentes. Gostei da maior Praça de Touros do mundo (impressionante, e eu não gosto de touradas !), gozei com a estátua do "pajarito" e do que ela representa (um touro que salto para as bancadas e marrou em tudo quanto era gente...), diverti-me com os mariachis e com a minha amiga Lupita (cantora mexicana de bela voz, mesmo com o prazo de validade a acabar...) e muito, muito mais que tive a oportunidade de ver, ouvir e... andar, andar, andar... porque tudo aquilo é muito grande e as piramides são altas e... Bom, percebem que gostei do México ! Uma ressalva para a maior favela do mundo, que essa não tem graça nenhuma ! Mas num País onde tudo é o maior do mundo (segundo eles, claro) até o buraco do ozono é o maior do mundo. Aqui acabam as diferenças com Portugal e os portugueses !!! Não somos os maiores do mundo, não temos nada de maior do

Page 636: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

51

mundo, para o bem e para o mal somos assim. De facto não é bem verdade que assim seja, porque no mar,acredito que fomos e podemos continuar a ser os maiores domundo. Pelo menos isso, embora a situação portuguesa esteja emconversão na área do saber aplicado, coisa que nos faltava porcompleto mas que na última década tem mostrado que existe e emprogresso bem animador. Agora, calmamente, vejam, ouçam e comparem (mais ou menoscomo o "pare, escute e olhe"... da CP). Comparem connosco, traduzam do "castelhanês" para português,ponham os nomes com as adaptações convenientes... e façam oque puderem em frente ao espelho.

Embedded File ()

Bom fim de semana e como diria um amigo meu... "Sorte, Saúde edinheiro para gastos" !

JPSetúbal

Page 637: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

52

A Lenda do Ofício - análise crítica: Introdução

August 19, 2009

Uma análise do ponto de vista histórico da Lenda do Ofício deve ser feita segundo as regras da Ciência da História. E regra básica desta ciência é que a História é constituída por FACTOS - não lendas, nem mitos, nem hipóteses, nem probabilidades. Factos! Este o alimento da História e os factos são estabelecidos por DOCUMENTOS. Traços ou registos inequívocos de que algo sucedeu mesmo. O documento pode ser um registo de um facto ou um relato sério e credível. Tanto mais sério quanto maior crédito merecer o seu autor. Tanto mais credível quanto mais contemporâneo for o seu narrador. Este princípio ou regra da Ciência Histórica coloca um problema sério, quiçá insolúvel, quanto a um grande período de sucessos da Humanidade Primitiva. Tudo o que sucedeu antes de haver escrita não está registado. Daí que se chame ao (imenso) período anterior

Page 638: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

53

à invenção da escrita Pré-História. Em relação à Pré-História, por força da natureza das coisas, a fixação de factos não se faz mediante a sua comprovação documental, mas em face de indícios credíveis. Daí que sejam importantes todas as descobertas arqueológicas, que permitem analisar "livros não escritos" que indiciam como era a vida dos nossos longínquos antepassados dessas primitivas eras. Mas se os indícios arqueológicos nos permitem deduzir as condições de vida genéricas de um determinado período, não nos possibilitam estabelecer um dado facto concreto - à míngua de registo contemporâneo, ou próximo disso. No entanto, sucessos existem que estão marcados nas culturas de vários povos de muitos lugares. Os mitos primitivos, com algumas variantes, mais ou menos acentuadas, são comuns, na sua essência às culturas ocidentais como orientais, mediterrânicas como nórdicas, africanas, asiáticas ou europeias. Mesmo em alguns mitos dos povos primitivos do continente americano podemos reconhecer traços comuns com mitos do resto do globo. A ciência dos nossos dias estabeleceu que o homem terá deixado de ser símio em África. Daí ter-se-á espalhado para a Ásia, desta para a América e a Europa, em movimentos diversos e momentos distintos e autónomos. O conjunto de mitos primitivos dos vários ramos de distribuição geográfica do bicho que se tornou Homem é, quando dotado de similitudes essenciais, significativo. Corresponde, pensa-se com foros de lógica, a memórias de factos

Page 639: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

54

relevantes efetivamente ocorridos, memórias passadas oralmente de geração em geração, alteradas quer por virtude do decurso do tempo, quer em face das diferentes condições geográficas e evoluções culturais dos diversos povos ou tribos. Os relatos míticos de sucessos ocorridos milhares de anos antes da sua fixação escrita são, obviamente, inaceitáveis enquanto fonte histórica. Mas são significativos de uma dada tradição cultural - e tanto mais significativos e merecedores de atenção quanto comuns a diversas tradições. Os Livros Sagrados de todas as religiões não terão sido ditados ou dados diretamente pela Divindade ou Divindades. Mas esses Livros Sagrados, enquanto repositórios de tradições, de contos, de lendas, de lembranças alteradas e adulteradas pelo decurso do tempo e do acrescentar de um ponto por quem conta um conto, são elementos indiciários de panos de fundo, de factos memoráveis ou extraordinários que, pela sua magnitude, importância, bizarria ou incapacidade de serem compreendidos, marcaram os imaginários primitivos. O que de similar existe nas várias tradições das diferentes civilizações ou, simplesmente, povos primitivos é elemento fortemente indiciário de que algo dessa natureza comum efetivamente sucedeu. Não sabemos quando, nem onde, nem como, nem concretamente o quê (não há registos documentais...). Mas temos por indiciado que algo da natureza da essência dos diferentes mitos comuns terá sucedido e terá sido tão importante que impressionou, ao ponto de o seu relato ser transmitido e

Page 640: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

55

alterado e adulterado, de geração em geração, até ser fixado em escrita, milhares de anos depois da ocorrência. Um desses sucessos é o que na Bíblia é descrito como Dilúvio. Não podemos saber se terão sido chuvas prolongadas e fortes, se alterações geológicas, se inundações fortes e inesperadas. Mas a existência de um mito primordial e comum a diversas civilizações de que existiu um alagamento, uma destruição de lugar ou civilização importante - tão importante que, no registo bíblico, é descrito como universal - é indício seguro de que algo cataclísmico relacionado com a água e a sua força destruidora ocorreu. Que muitos pereceram e só poucos sobreviveram. E que os poucos sobreviventes tiveram como que recomeçar de novo. A Bíblia chamou-lhe o Dilúvio. Outras tradições e mitos chamam-lhe, por exemplo, a destruição da mítica Atlântida... Quanto mais recuados os tempos, menos provas existem, de menos indícios dispomos. Recuando aos primórdios do bicho feito Homem, muitas vezes, para além de ossadas aqui e ali descobertas - que de pouco, em termos factuais, servem - os únicos elementos que restam ao estudiosos são os relatos míticos dos ditos Livros Sagrados. Os relatos dos Livros Sagrados, particularmente da Bíblia, não sendo fontes documentais históricas, assumem, à falta de melhor, o papel de registos de mitos correspondentes a sucessos muito antes ocorridos, seguramente adulterados, quiçá embelezados, porventura exagerados. Mas indiciam que algo do género ocorreu, algures nas profundezas do passado do primitivo bicho que se

Page 641: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

56

tornou Homem e se agrupou em tribos e se fixou aqui e acolá econstruiu e viu destruído, e vagueou e lutou e algo fez e viu e viveue achou memorável - e por isso passou de geração em geração,alterando, adulterando, acrescentando, embelezando, imaginando,relatando, contando, derivando, criando uma estória que não seráHistória, mas que se baseia numa história efetivamente ocorrida. Relativamente à Antiguidade profunda verdadeiramente antiga, tãoantiga que já era antiga e imemorial nos primitivos tempos em queos textos bíblicos - e outros textos sagrados - foram escritos,apesar dos pesares o registo bíblico é um indício de que algo dogénero, parecido, tendencialmente da mesma natureza, ocorreu,repito, não se sabe quando, nem onde, nem exatamente o quê ecomo. A Lenda do Ofício inicia-se nessas profundezas do tempo que foi aAntiguidade da Antiguidade, o tempo que os Primitivos, se delestivessem consciência, considerariam primitivo. O relato bíblico nãoé - longe disso! - elemento histórico. Mas é o menos longínquo quepossuímos para deduzir o que terá acontecido nessa infância daHumanidade. Por aí - com todas as limitações para que neste texto alerto -começarei a minha análise crítica da Lenda do Ofício. Rui Bandeira

Page 642: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

57

E Como acontece a cada

August 21, 2009

dia 21 de Agosto

PARABÉNS RUI

São os votos cá da malta que te estima e te quer bem.

Cumpras muitos com a felicidade da tua familia por perto, e jáagora que nós vejamos.

Um grande abraço

A.Jorge, JPSetubal, Jose Ruah

Page 643: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

58

Hoje é dia do Maçom (referência a dia 20 de Agosto)

August 22, 2009

Midia News é um sítio noticiosos em publicação desde há 10 anos no estado do Mato Grosso (Brasil), http://www.midianews.com.br De lá retiramos este texto assinado por OTACÍLIO PERON, advogado da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Cuiabá e da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso (FCDL/MT). Só hoje o trazemos ao Blog porque o aniversário do Rui é "sagrado" e merece obviamente ser referido sem qualquer concorrência aniversariante, ainda que não coincidente na data. Hoje é dia do Maçom Hoje, dia 20 de Agosto, comemora-se o Dia do Maçom. Várias homenagens estarão sendo prestadas neste dia, inclusive o Senado Federal, que estará realizando uma Sessão Especial para reverenciar a Maçonaria Brasileira. A meu sentir, uma justa homenagem, pois, não existe história do Brasil sem a história da Ordem Maçônica neste pais. Muitos desconhecem, mas a maçonaria teve participação intensa nos principais acontecimentos políticos e sociais do Brasil. A independência do nosso país teve a participação efetiva da maçonaria capitaniada por Dom Pedro I, então Grão - Mestre do GOB. Dois outros fatos históricos relevantes merecem destaques os quais tiveram a participação marcante da ordem

Page 644: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

59

maçônica, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. A história brasileira nos deixou não só um legado de fatos, mas de grandes homens como José Bonifácio de Andrade e Silva, Gonçalves Ledo, Dom Pedro I, Deodoro da Fonseca, Beijamin Constant, Castro Alves, Rui Barbosa e Quintino Bocaiúva. É notório o crescimento da maçonaria brasileira, e atualmente o GOB é uma das maiores potencias da América Latina, tendo como lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Hoje, tantos outros maçons ilustres, contribuem para o engrandecimento do Brasil, quase sempre no anonimato, como a Ação Paramaçonica Juvenil, Maçonaria Contra as Drogas, e mais recentemente a defesa da Amazônia, contando sempre com a Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul. Não podemos deixar de lembrar as ações de combate à miséria, a luta contra a degeneração de caráter e a corrupção de valores, enaltecendo sempre a probidade e o amor à Pátria. Mato Grosso faz parte integrante da história maçônica brasileira, e os feitos dos maçons de hoje farão parte das páginas da história futura. Por isso, nossas homenagens a todos os Obreiros da Arte Real no Dia do Maçom. São alguns dados históricos importantes e vê-se o orgulho que é ser Maçon no Brasil. Daqui vai um Abraço Fraterno e festivo a todos os nossos Irmãos.

Page 645: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

60

JPSetúbal

Page 646: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

61

O Acordo Ortográfico segundo Millôr Fernandes

August 25, 2009

Já anteriormente dei conta do meu apreço especial por MillôrFernandes.

Não vale a pena fazer qualquer apresentação de quem é, desdehá 70 anos (nasceu em 1923) um símbolo da irreverência e umpregador da liberdade.

Sou admirador do Millôr e é sempre um gozo a leitura dos seustextos aos quais nem a provecta idade do autor tira venenocrítico, concorde-se ou não com ele.

E não pede licença a ninguém para utilizar o "vernáculo" maispuro.

Dei com uma entrevista no "DN Artes"(http://dn.sapo.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1342820 )na qual Millôr Fernandes define à sua maneira o acordoortográfico luso-brasileiro.

O Rui na sua santa paciência estudou e aprofundou o texto do acordo e trouxe-nos para aqui uma série de lições inestimáveis, dando de imediato o exemplo com a utilização

Page 647: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

62

corrente dos termos desse "novo" entendimento.

Sendo o Rui também um confessado admirador de MillôrFernandes quis trazer para o blog esta pérola sob a forma deentrevista, como contraponto ou complemento do trabalho doRui.

Aqui fica para apreciação dos "A-Partir-Pedrenses"...

"O acordo ortográfico é uma merda"por S.B.M.Hoje

Homenageou Raul Solnado na Veja com um texto de 1984.Agora, o que diria sobre ele?Minha opinião é a de antes, e agora será de sempre. Grandeamigo, grande profissional, uma estima envolvida no meucarinho por Portugal.

É mais fácil ou mais difícil fazer humor actualmente? Por umlado, o Brasil apresenta muita matéria-prima, mas, por outro,há o politicamente correcto e ainda a constante ameaça daindemnização por dano moral...O humorismo, o meu, pelo menos, nasce do indivíduo mais ascircunstâncias. Não é fácil em mim, como não seria noSolnado. É inevitável.

Tem algum plano em relação a Portugal: visita, peça paramostrar, comentário ou algo assim?Não tenho planos de vida. Vivo. Portugal, porém, está sempreem mim.Considero Lisboa a cidade mais amável do mundo.

Page 648: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

63

Acha que o acordo ortográfico vai colar ou não? Foi justo ouuma imposição das Academias de Letras?O acordo ortográfico é uma merda. A Academia é umaexcrescência de velhos tempos.

Por falar em Academia, você costumava dizer que poderiaentrar para a Academia Brasileira de Letras na cadeira de JoséSarney. Mantém a ideia?É a cadeira de número 38. Torço pra que ele dure muito. Poisse morre, serei um mentiroso nacional. Como ele, alías.

Como vê o Brasil de hoje?Extraordinário. Não me pergunte em que sentido.

Como vê a área de comunicação, com twitter, internet,mensagem por telemóvel etc?Quanto mais meios de comunicação se criam, mais longe ficaa comunicação. No twitter ainda não entrei, mas alguém pôsum twitter com meu nome e neste momento, olho, já tem49.780 entradas. Cada vez mais me levam a essa supremavulgaridade: ser popular.

A propósito de acordo ortográfico...

"e prontes, cá fica uma intervenção bué da gira do cota !"

JPSetúbal

Page 649: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

64

A Lenda do Ofício - análise crítica: antes do Dilúvio

August 26, 2009

Lamech, as suas duas mulheres e Tubalcain, trabalhandometal

Tendo presente os limites e condicionalismos que apontei no texto anterior, vamos então tentar proceder a uma análise crítica do início da Lenda do Ofício. Para que estejamos identificados, recordemos, então, o que nessa Lenda reza quanto aos tempos antediluvianos: Vou contar-vos como estas valiosas ciências apareceram. Antes do Dilúvio de Noé, havia um homem, chamado Lamech, tal como está escrito na Bíblia, no quarto capítulo do Génesis; e este Lamech tinha duas mulheres, uma chamada Ada e outra chamada Sella; da sua primeira mulher, Ada, teve dois filhos, Jabell e Tuball e da sua outra mulher, Sella, teve um filho e

Page 650: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

65

uma filha. E estes seus quatro filhos criaram o princípio de todas as ciências no mundo. O seu filho mais velho, Jabell, fundou a ciência da Geometria. (...) E o seu irmão Tuball fundou a ciência da música (...). E o terceiro irmão, Tuball Cain, fundou a ciência de trabalhar ouro, prata, cobre, ferro e aço (...). Esses filhos sabiam bem que Deus iria tirar vingança dos pecados, ou pelo fogo, ou pela água; portanto, escreveram as suas ciências em dois pilares de pedra, que pudessem ser encontrados após o Dilúvio de Noé. E uma das pedras era mármore, pois essa não arderia com o fogo; e a outra pedra era argila cozida em tijolos e não afundaria na água de Noé. Obviamente que nenhum documento histórico suporta esta parte da Lenda. O único elemento em que se baseia é a Bíblia, no Livro do Génesis. No Génesis, existe a referência a dois personagens com o nome de Lamech. Um era descendente em sexta geração de Caim, filho de Methusael e a primeira referência a um polígamo na Bíblia, com duas mulheres, Ada e Tselah (na Lenda, Sella). O outro era descendente de oitava geração de Seth (Abel), filho de Methuselah, e foi o pai de Noé. Alguns estudiosos consideram que estes dois personagens corresponderão a um único ser, apontando a semelhança dos nomes dos respetivos progenitores e, sobretudo notando que, na coletânea rabínica Genesis Rabba, refere-se que Na'amah, a filha de Tselah e Lamech, filho de Methushael (Methusael), foi a mulher de Noé, alegadamente o filho do outro Lamech, filho de

Page 651: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

66

Methuselah. Seja como seja, a Lenda do Ofício não se perde em rabínicassubtilezas e toma como personagem Lamech, o primeiropolígamo referenciado na Bíblia, descendente em sextageração de Caim. A Lenda do Ofício parte, portanto, do mito bíblico,acrescentando-lhe os elementos da fundação das ciênciaspelos filhos de Lamech e a premonição de que o castigador evingativo Jehovah do Antigo Testamento iria punir duramenteos pecados humanos, fosse pela água, fosse pelo fogo - osdois grandes elementos com capacidade destruidora daAntiguidade Primitiva. E, anacronicamente - pois a escritaainda não tinha sido inventada - relata a escrita do registo detodas as ciências em dois pilares, concebidos para resistir àágua, um, e ao fogo, o outro. Mito, evidentemente! Lenda, obviamente! No entanto, quededuções ou ilações de natureza histórica (melhor dito:proto-histórica) podemos tirar desta parte da Lenda? Albert Mackey, na sua História da Maçonaria, informa-nos queesta história, na parte não bíblica, deriva de um registo deJosephus (historiador romano do Povo Judeu da Antiguidade,autor das Antiguidades dos Judeus), que conta a história dofabrico dos dois pilares como tendo ocorrido comdescendentes de Seth (Abel).

Page 652: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

67

Não sendo de presumir que os autores medievais da Lendaestivessem familiarizados com os textos rabínicos e fossemdados às subtilezas dos estudiosos que defendem serem os"dois" Lamech um único personagem, verifica-se que a Lendaparte da história relatada por Josephus, mas alterando ospersonagens.

Segundo Mackey, tal ter-se-á devido a uma adulteração dotexto de Josephus ocorrida numa obra intituladaPolychronicon, da autoria de um monge beneditino, RanulphHigden, que viveu no século XIV.

Portanto - e não esqueçamos que a Lenda do Ofício seestruturou na época medieval - esta parte da Lenda do Ofícioradica num relato de um historiador, adulterado por outro. Masresulta do que, na época da sua construção, era tido como umfacto histórico. Esta parte da Lenda do Ofício terá, assim, sidoincluída na mesma não antes do século XIV - altura daadulteração, no Polychronicon, do que Josephus escrevera. Ecorresponde ao que, na época, era tido como um factohistórico.

Fontes:

Wikipedia - LamechWikipedia - JosephusThe History of Freemasonry, Albert G. Mackey, GramercyBooks, New York

Rui Bandeira

Page 653: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

68

Animação para fim de férias

August 29, 2009

Vamos lá ver...Esta 6ªfeira, que por acaso esta semana até calhou ao Sábado,em fase final de férias (!) e na fase final da "crise" (?) resolvidar uma ajudinha à banca, esses nossos amigões com quempodemos contar sempre que tivermos dinheiro disponível.O vídeo que Vos deixo hoje pertence a uma campanha demarketing de um banco, só que não é um anúncio qualquer.Primeiro por estar bem feito, depois por estar completamenteconstruido sobre o movimento de corpos humanos.São pessoas que constroem as imagens, dando corpo àmensagem que se pretende fazer passar.É um videozinho de fim de férias.Fica só como curiosidade.

Embedded File ()

JPSetúbal

Page 654: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

69

A Lenda do Ofício - análise crítica: Hermes

September 02, 2009

Prosseguindo a análise crítica da Lenda do Ofício e da sua compatibilidade com a História, deparamos, após a referência aos filhos de Lamech e aos pilares por eles construídos, com a seguinte passagem. O nosso propósito é contar-vos com verdade como e de que maneira foram encontradas as pedras em que estas ciências estavam escritas. O grande Hermarynes, que foi filho de Cuby, o qual foi filho de Sem, que foi filho de Noé, mais tarde chamado de Hermes, o patrono dos homens sábios, encontrou um dos dois pilares de pedra e encontrou a ciência nele escrita e ensinou-a a outros homens. O Hermes aqui referido não é o deus da mitologia grega com o

Page 655: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

70

mesmo nome, correspondente ao Mercúrio da mitologia romana. Trata-se aqui de uma divindade de segunda ordem egípcia, também referido por Hermes Trimegisto, o nome dado pelos neoplatónicos, místicos e alquimistas ao deus Thot que, tal como o Hermes grego, era o deus da escrita e da magia. Thot simbolizava a lógica do universo, era o deus da palavra e da sabedoria. Os egípcios atribuíam-lhe a autoria de um conjunto de livros sagrados (provavelmente na realidade escritos por diversos autores, ao longo de muitas gerações...), contendo ensinamentos sobre artes, ciências, religião e filosofia. Era, na cultura egípcia da antiguidade, considerado o depositário do Conhecimento. Albert Mackey refere que, nos tempos medievais, Hermes Trimegisto era considerado generalizadamente o inventor de todas as ciências e, de entre elas, evidentemente, a Geometria e a sua aplicação prática na construção, a Arquitetura. Mais uma vez, a corporação de construtores em pedra constroi a Lenda do seu ofício com base num mito, mas um mito histórico, isto é, aquilo que era, na época, considerado verdade histórica. Nesta passagem da Lenda do Ofício perpassa também o que são algumas das suas características mais evidentes, o anacronismo e o sincretismo. É assim que Hermes é dado como bisneto de Noé e enxerta-se no mito do Dilúvio um personagem advindo da cultura egípcia, obviamente diversa e muito posterior.

Page 656: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

71

Na Lenda, o papel atribuído a Hermes é apenas o de transmissor. Encontrou um dos pilares - não refere a Lenda qual - e os ensinamentos nele gravados e transmitiu-os a outros homens. Obviamente que o que transmitiu foi a Geometria, conjuntamente com as outras ciências. Não deixa de ser de alguma forma irónico que esta medieval apropriação de um re-humanizado deus de segunda ordem egípcio por parte dos maçons operativos venha, muito mais tarde, nos séculos XVIII e XIX a ter uma nova versão nos delírios dos ocultistas, neo-alquimistas e demais esotérico-birutas que pululavam por essa época. A variante da ligação da Maçonaria ao Ocultismo, Hermetismo, Alquimia e quejandas correntes foi uma moda com alguma expressão no século XIX, que deixou alguns resquícios, aqui e ali, em segmentos rituais de alguns dos Altos Graus, mas que sobretudo deixou uma nefasta herança de um não negligenciável conjunto de escritos do Mago disto e do Cavaleiro daquilo, espuriamente ligados a uma determinada conceção, que então floresceu, da Maçonaria como integrante do Conhecimento dito Hermético e Oculto. Herança nefasta, na medida em que, quer o profano, quer mesmo aquele que ainda pouco progrediu no seu trabalho de aperfeiçoamento pessoal pelo método maçónico, têm os seus esforços de obtenção de material publicado de consulta e estudo sobre Maçonaria

Page 657: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

72

dificultados por um poluidor acervo de escritos e publicaçõesesotérico-birutas, que só complicam a vida de quem buscaconhecer e entender o que é a Maçonaria e o seu método deaprendizagem e evolução. Os maçons operativos medievais "desgraduaram" um deusmenor egípcio em homem. Os intelectuais românticos,embalados nas suas ilusões e crendices, "elevaram" homens a"magos"... Ironias da vida... Por mim, confesso que, entre uns e outros, prefiro os simplesconstrutores medievais. Ao menos esses construíram a suaLenda do Ofício com base no que na época se pensava serverdade histórica, enquanto que os "magos", ocultistas eoutros cultores de esotérico-birutices pretenderam elevar osmeros produtos da sua imaginação à categoria de verdade... Fontes: Wikipedia: Hermes ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Hermes )

Wikipedia: Hermes Trimegisto (http://pt.wikipedia.org/wiki/Hermes_Trismegisto )

The History of Freemasonry, Albert G. Mackey, GramercyBooks, New York

Rui Bandeira

Page 658: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

73

Make peace, not war...

September 04, 2009

Vamos tendo tantos seguidores que os conteúdos que trago para aqui às 6ª.feiras são, certamente, do conhecimento de muitos dos nossos leitores. Na sua grande maioria são textos/vídeos que Amigos me fazem chegar e que eu entendo dever partilhar com outros. Hoje trata-se de um pequeníssimo texto, todo ficção... Áh... será mesmo ficção ? Será que não é apenas a miniaturização de uma tristíssima realidade, monstruosa realidade, responsável por milhões de mortos e por incontáveis estropiados ? Como começam as guerras ? Por que razão começam as guerras ? Aqui fica, um pequeno relato, ficcionado. Entretanto aconselho a que não lhe juntem água, porque se estiver liofilizado irá crescer, aumentar e podem perder-lhe o controlo. Este conselho aplica-se igualmente no caso de se tratar, apenas..., de uma relação de facto e objetivamente a 2, sem qualquer outra intenção nem subjetivismo ! Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo, bem como o caminho que ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro.

Page 659: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

74

Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita... Discutem. Percebendo que além de atrasados poderão ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado. Embora com dificuldade admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados. Ele questiona: - Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, por que não insististe um pouco mais? Ela diz: - Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz!!! Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite! MORAL DA HISTÓRIA: Esta pequena história foi contada por uma empresária, durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente, de tê-la ou não. Desde que ouvi esta história, tenho-me perguntado com mais frequência: -'Quero ser feliz ou ter razão?'

Page 660: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

75

Outro pensamento parecido, diz o seguinte: -'Nunca se justifique. Os amigos não precisam e os inimigosnão acreditam'. Ora aqui fica como pensamento de fim de semana. Como complemento junto um "boneco" do tipo "made inChina". É uma daquelas artes em que eles parecem imbatíveis. Cá vai também como entretenimento para os dois dias queseguem. Embedded File () E como de costume... "façam o favor ser felizes" (RaulSolnado) JPSetúbal

Page 661: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

76

A Lenda do Ofício - análise crítica: A Torre de Babel

September 09, 2009

A Torre de BabelPieter BruegelOriginal no Museu Boijmans Van Beuningen, Roterdão

No último texto, vimos como a Lenda do Ofício relata o achado por Hermes Trimegisto de um dos pilares contendo os ensinamentos de todas as ciências registados antes do Dilúvio e que este divulgou esses ensinamentos. Mas ainda estamos no domínio da teoria, da "ciência pura". Só subsequentemente a Lenda nos confronta pela primeira vez com a aplicação prática desses ensinamentos. E fá-lo em grande estilo: nada mais, nada menos do que trazendo à colação a Torre de Babel. O fragmento da Lenda a que hoje me dedico é singularmente

Page 662: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

77

pequeno, uma singela frase: E na construção da Torre de Babel se fez o primeiro uso da Maçonaria. No entanto, esta frase de catorze palavras apela a um dos mitos mais arreigados da Bíblia: a fantástica construção do primeiro "arranha-céus", da Torre destinada a unir a Terra dos Homens ao domínio de Deus (ou dos deuses), a passagem do conhecido para o imaginado, a ligação entre o terreno material e o domínio do divino. O mito bíblico da Torre de Babel culmina com o desagrado divino pela prosápia humana e com um castigo "exemplar": para além da destruição da construção, a quebra do entendimento universal entre os humanos, mediante a sua separação em várias línguas. O mito é interessante, na medida em que mostra a busca de uma explicação para algo que, manifestamente, intrigou os nossos longínquos antepassados: como coadunar a sua similitude essencial (e a pretensa origem única, no casal do Éden) com a variegada confusão de línguas e dialetos que os nossos antepassados distantes verificaram existir? Da unidade primitiva à multifacetada diferença, o caminho terá parecido óbvio: os estouvados humanos já então davam mostras do génio criativo da espécie e, quais crianças insensatas, mais uma vez (a lição do Dilúvio foi rapidamente esquecida...) deram um passo maior que a perna e aspiraram

Page 663: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

78

para além do que deviam... E o Poder Divino, simultaneamente desagradado e temeroso (!), não se limitou a destruir o instrumento do atrevimento: tratou de minar o que, pelos vistos, seria uma ameaçadora força dos ex-símios, a sua capacidade de se entenderem e de cooperarem, condenando-os ao perpétuo desentendimento através de uma multitude de línguas. No fundo, dividir para reinar... Esta perceção da relação do humano com o divino, embora reiterando o Poder do Inentendível, sofre do mesmo pecado que alegadamente teria sido punido e resolvido com a introdução da algaraviada de muitas línguas (sim, algaraviada, pois, embora os povos bíblicos desconhecessem ainda o Algarve, o seu Sol e praia e a mistura de línguas que por ali campeia no Verão, o Criador, omnisciente, dizem, já antecipava que lá por alturas dos séculos XX e XXI, a confusão multilingue, associada ao dialeto autóctone da região, originaria um substantivo que na perfeição ilustrava o resultado da sua punição pelo atrevimento do alçamento da Torre de Babel). Com efeito, o mito bíblico reduz o alegadamente Omnipotente ao (humilhante?) papel de se sentir ameaçado pela união humana e... ter necessidade de tomar providências! O mito bíblico é, claramente, o resultado de uma tradição oral em que a Divindade é criada e descrita à luz da capacidade de entendimento humana, em que Deus, mais que Criador, é criatura criada pelas criaturas que terá criado, com as limitações e defeitos que a limitada inteligência das criaturas

Page 664: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

79

não pôde evitar... Este mito porventura ter-se-á baseado numa difusa, desconhecida e limitada realidade, a construção de uma torre de tamanho nunca visto e o fracasso do projeto, por incapacidade técnica de o levar até à pretendida conclusão, quiçá com o recurso a mão-de-obra de diferentes paragens, tornando visível e aparente a diversidade de linguagens e o potencial de desentendimento que daí advinha, que impressionou um povo que, unilingue, manifestamente não teria sido ainda seriamente confrontado com a diversidade linguística e os problemas daí decorrentes. Note-se que o mito bíblico não é único, em termos de narrativa com contornos similares. Conforme se lê na Wikipédia em português, e cito, com pequenas alterações, na mitologia suméria, a rivalidade entre dois deuses, Enki e Elil, acaba por resultar, como que em subproduto das suas lutas, na confusão da Humanidade em diversas línguas. Também o Alcorão descreve uma história similar, mas alegadamente ocorrida no Egito de Moisés, em que o Faraó pede a Haman para lhe construir uma torre de barro para que ele possa subir até ao céu e confrontar o Deus de Moisés. Outra história, em Sura 2:96, menciona o nome de Babil, mas dá poucos detalhes adicionais sobre isso. Contudo, o conto aparece mais completo em escritos Islâmicos de Yaqut e de Lisan el-Arab , mas sem a torre: os povos foram varridos por ventos até à planície que foi depois chamada "Babil", onde lhes foram designadas as suas línguas separadas por Alá, e foram depois

Page 665: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

80

espalhados da mesma forma. Na História dos Profetas e Reis, pelo historiador muçulmano Tabari, do século XIX, é dada uma versão mais completa: Nimrod faz a torre ser construída em Babil, Alá destrói-a, e a língua da humanidade, previamente o siríaco, é então confundida em 72 linguagens. Abu Al-Fida, outro historiador Muçulmano do século XIII, relata a mesma história, adicionando que o patriarca Éber (um antepassado de Abraão) tinha sido autorizado a manter a língua original, neste caso o Hebraico, porque ele não participava na construção. Lê-se ainda no mesmo artigo da Wikipédia - e continuo a citar com pequenas alterações - que várias tradições similares à da Torre de Babel são encontradas na América Central. Uma diz que Xelhua, um dos sete gigantes salvos do dilúvio, construiu a Grande Pirâmide de Cholula para desafiar o Céu. Os deuses destruíram-no com fogo e confundiram a linguagem dos construtores. Outra lenda, atribuída pelo historiador nativo Don Ferdinand d'Alva aos antigos Toltecas, diz que depois dos homens se terem multiplicado após um grande dilúvio, eles erigiram um alto zacuali ou torre, para se preservarem no caso de um segundo dilúvio. Contudo, as suas línguas foram confundidas e eles foram para diferentes partes da terra. Outra lenda ainda, atribuída aos Índios Tohono O'odham ou Papago, afirma que Montezuma escapou a uma grande inundação, depois tornou-se mau e tentou construir uma casa que chegasse ao céu, mas o Grande Espírito destruiu-a com relâmpagos. Rastos de uma história um pouco parecida também têm sido citados entre os Tarus do Nepal e do Norte da Índia; e, de acordo com David Livingstone, os africanos que

Page 666: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

81

ele conhecera e que viviam junto ao Lago Gnami, em 1879 tinham uma tradição assim, mas com as cabeças dos construtores a serem partidas pela queda da construção. Finalmente, o mito estónio do "Cozinhado das Línguas" também tem sido comparado com o mito bíblico, assim como a lenda australiana da origem da diversidade das falas. Enfim, como referi na introdução a esta análise crítica, "sucessos existem que estão marcados nas culturas de vários povos de muitos lugares. Os mitos primitivos, com algumas variantes, mais ou menos acentuadas, são comuns, na sua essência às culturas ocidentais como orientais, mediterrânicas como nórdicas, africanas, asiáticas ou europeias. Mesmo em alguns mitos dos povos primitivos do continente americano podemos reconhecer traços comuns com mitos do resto do globo." Mas este mito, do ponto de vista dos construtores, tinha ainda uma insuspeitada virtualidade: era a primeira referência "histórica" (recordemos que, para a mentalidade da Idade Média, a Bíblia era um documento histórico) a algo de grandioso construído em pedra. Empreendimento que não podia deixar de ter apelado ao uso dos conhecimentos da Geometria aplicados à Arquitetura e à Construção. Isto é: era a visível primeira aplicação da Maçonaria! Não poderia, obviamente, a corporação medieval de construtores em pedra deixar de sublinhar tão insigne facto, referenciando-o na sua Lenda do Ofício! Que a referência se tenha limitado a uma singela linha e menos

Page 667: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

82

de duas dezenas de palavras, não é, apesar de tudo, deadmirar. Tenhamos em mente que a Torre de Babel, apesar deprojeto ambicioso, revelou-se um fracasso... E, por outro lado,os mais auspiciosos inícios merecem ser recordados com asingeleza da simplicidade! Mas importa reter que, nas insondáveis voltas do espíritomedieval, duas certezas avultam: o episódio da Torre de Babelera considerado realidade histórica - e, mais uma vez, a Lendado Ofício, continua, segundo a mentalidade e conhecimentosda época da sua criação, a basear-se em factos históricos; eexprime-se a difusa, mas acertada, noção medieval de que aciência aplicada nasce em terras de Babilónia (Babel), noberço de civilização que, entre os rios Tigre e Eufrates, foidenominada por Mesopotâmia - e hoje denominadas porIraque. Voltas que a História dá! Fontes: Wikipedia: Torre de Babel (http://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_de_Babel#Modelo_proposto_pela_Hist.C3.B3ria) The History of Freemasonry, Albert G. Mackey, GramercyBooks, New York Rui Bandeira

Page 668: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

83

Sorria... Você está a ser filmado !

September 11, 2009

Como de costume aproveito imagens que Amigos me fazem chegar para Vos deixar entretidos à sexta-feira. Umas vezes mais pensantes outras certamente menos sérios. É essa a intenção. Se a de hoje Vos deixa sérios ou sorridentes, será escolha Vossa. Hoje ponho uma coleção de fotografias de um heroi, cuja história não conheço para além daquilo que possa ser imaginado a partir das imagens. Mas HEROI, é com certeza ! Querem sorriso mais profundamente humano do que o deste miudo ? Vejam só, e já agora comparem com as Vs. queixumes e desgostos... Não tenho muito mais para escrever sobre o tema de hoje, porque de facto nem vale a pena, nem a minha imaginação dá para "literaturas" àcerca do caso. As imagens dizem tudo. Não há nada para acrescentar.

Page 669: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

84

Page 670: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

85

Page 671: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

86

Page 672: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

87

Page 673: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

88

E agora aproveitem bem o fim de semana.

Page 674: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

89

Divirtam-se... e sorriam. Provavelmente têm menos razões doque julgam para se lamentarem.

JPSetúbal

Page 675: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

90

O Vigésimo

September 14, 2009

Não é um bilhete de lotaria, antes pelo contrário espera-se que seja tudo menos o acaso da Sorte. É o 20º Veneravel Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues. Rui de seu nome, mas não o Bandeira, foi o primeiro Vigilante o mandato passado, e em julho foi eleito por unanimidade. Rui é um mestre muito antigo, mais antigo na maçonaria que os Marretas aqui do blog. Passou uns anos ausente, voltou e mostrou que vinha para trabalhar, para ajudar. No sabado passado foi instalado na cadeira de Veneravel, dando inicio ao seu mandato. Dele se espera que seja Veneravel, mas sobretudo que seja ele

Page 676: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

91

próprio e que nos brinde com a sua alegria de viver e de fazercoisas. Para ele a nossa disposiçao de fazer mais coisas. José Ruah

Page 677: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

92

Lançamento do livro "The Lost Symbol"

September 15, 2009

Hoje, 15 de Setembro de 2009, é a data do lançamento do novolivro de Dan Brown intitulado "The Lost Symbol".

Não sendo um livro maçónico, é um livro que envolve aMaçonaria, ou mais expecificamente o Rito Escocês Antigo eAceite, na sua história ficcionada. Se houver perante este livro,uma reacção semelhante à que houve perante o Código de DaVinci, então teremos mais uma situação em que a realidade e aficção se confundirão.

Será de esperar também um aumentar do interesse pela OrdemMaçónica, tal como ocorreu em situações anteriores:

Page 678: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

93

• Após o lançamento do Código de Da Vinci, uma LojaAmericana (Wasatch Lodge) promoveu um Dia Aberto, semque tenha feito qualquer esforço para o divulgar -apareceram 600 pessoas.

• A Capela de Rosslyn, na Escócia, costumava ter cerca de30.000 visitantes por ano. Nos meses que se seguiram àpublicação do Código de Da Vinci, chegou a ter 3.000visitantes por dia.

Face a esta situação, a Maçonaria Americana começou já apreparar-se para lidar com toda a curiosidade que se irá gerar,tendo até sido disponibilizado um Website(http://www.freemasonlostsymbol.com ) para o efeito.

Page 679: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

94

A Lenda do Ofício - análise crítica: Nimrod

September 16, 2009

NimrodDepois da Torre de Babel, mas continando por terras entre oTigre e o Eufrates, prossegue a Lenda do Ofício:

E o rei da Babilónia, que se chamava Nimrod, era ele próprio um maçon; e amava bem a ciência, e isto é dito pelos mestres em História. E quando a cidade de Nínive e outras cidades do Oriente foram construídas, Nimrod, o rei da Babilónia, enviou para lá três mil maçons a pedido do rei de Nínive, seu primo. E, quando os enviou, deu-lhes um Dever do modo seguinte: Que deveriam ser verdadeiros uns com os outros e que deviam gostar de estar uns com os outros e que deviam servir

Page 680: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

95

lealmente o seu senhor em troca do seu salário (...). E outrosdeveres de conduta lhes deu. E esta foi a primeira vez que aosMaçons foram impostos Deveres da sua ciência.

Nimrod é referido na Bíblia (Génesis, 10:8 e 1 Crónicas, 1:10)como o primeiro poderoso na Terra. É identificado como filhode Cush, neto de Cam, bisneto de Noé. O seu reino incluia ascidades de Babel, Arac, Acad e Calene, na Babilónia. Dominoutambém a Assíria e aí construu Nínive, Reobote-Ir, Calá eResem.

O historiador da Antiguidade Josephus não o descreve deforma agradável. Declara-o um tirano e imputa-lhe a decisão daconstrução da Torre de Babel, como um desafio a Javeh, poisseria tão alta que nenhum novo Dilúvio a poderia inundar. Oplano correu-lhe mal...

Seja como seja, o desafiador e rebelde Nimrod (escritosrabínicos defendem que o nome Nimrod deriva do verbohebraico ma-rádh, que significa "rebelar"; Nimrod seria entãoaquele que se rebelou contra o Deus de Noé... e sobreviveu,mesmo derrotado no seu projeto) criou o primeiro impérioreferenciado na Bíblia, unificando sob o seu domínio as terrasda Babilónia e da Assíria.

A Lenda não lhe assaca, porém, faceta de conquistador. Pelo contrário, declara-o cooperante com o seu primo, rei de Nínive, na Assíria, enviando-lhe três mil trabalhadores (maçons) para o auxiiarem na construção desta e de outras cidades. Afasta-se a Lenda da fonte bíblica de que é tão manifestamente tributária? Nem por isso. A Bíblia não apoda Nimrod de conquistador, apenas refere que ele estendeu o seu domínio à Assíria e aí construiu Nínive e as outras cidades. Se aquele

Page 681: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

96

territóri foi conquistado ou povoado, é matéria omissa. Se o reide Nínive era seu vassalo ou aliado, também nada nosesclarece.

Curiosamente, a Lenda acaba por ser mais esclarecedora -mantendo-se na esteira do que se registou na Bíblia.

A denominação de Assíria deriva de Assur. E quem foi Assur?Foi filho de Sem. E Sem foi filho de Noé, irmão de Cam. Assure Nimrod foram então primos (Assur foi primo direito de Cush,pai de Nimrod e, logo, segundo primo deste).

Eis como o relato da Lenda confere com o ensinamentobíblico!

Que Nimrod terá sido um grande construtor (de váriascidades), confirma-o a Bíblia e o historiador da Antiguidade.Claro que não foi pessoalmente um trabalhador da construção.Foi quem ordenou, financiou, organizou, a construção dascidades. A referência da Lenda de que foi ele próprio ummaçon não quer dizer que tivesse sido um construtor ouarquiteto, antes que foi o patrono, o patrão das construções.Teremos oportunidade de ver que mais vezes a Lenda atribuiao patrono de construções a designação de maçon. No fundo,maçon aceite, como, séculos mais tarde, veio a realmentesuceder, originando a transição da Maçonaria Operativa para aEspeculativa...

Mas a Lenda vai bem mais longe. Nimrod não foi apenas quem decidiu construir, não foi apenas um maçon aceite. Foi efetivamente o primeiro Grão-Mestre! É que a Lenda expressamente refere que foi por ele que aos maçons foram pela primeira vez impostos Deveres da sua ciência. Ora, quem tem o Poder de impor deveres aos maçons é unicamente o

Page 682: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

97

Grão-Mestre...

A Lenda prossegue na sua senda de encarar - como era usualna época medieval da sua criação - a Bíblia como fontehistórica. E também realça algo que só a Ciência Históricamoderna veio a apurar: que a Ciência, enquanto tal, nasceu naCaldeia - a região que venho designando por Babilónia.

Continua a confirmar-se que a Lenda é lenda - mas tem maispontos de contacto com a História do que se pensaria...

Fontes:

Wikipédia:

Nimrod ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Nimrod_(rei ));

Assur ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Assur_(filho_de_Sem ))

Sem (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sem )

The History of Freemasonry, Albert G. Mackey, GramercyBooks, New York

Rui Bandeira

Page 683: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

98

Os velhos são tramados !

September 18, 2009

Este fim de semana é especialmente dedicado aos queridos leitores velhotes, seja de idade seja da cabeça. Corre aí à boca cheia que "a tradição já não é o que era". Pois não ! Confirmo !!! A tradição brindava os velhos com uma peúguitas de lã e uns chinelos, uma cadeirinha, tabaquito e, algumas vezes uma bagaceirazinha para "a sossega"... Aos 60 anos era assim... para aqueles para quem era assim, porque para muitos nem peugas, nem pantufas, nem cadeirita, nem nada. Na verdade não é que na maioria dos casos não continue a ser assim. Continua, mas vão surgindo exceções, cada vez em maior número, cada vez mais... radicais. Os Velhos perderam o tino e o respeito aos anos que passaram. Vocês que aos 40 já estão velhos e caducos, todos podres (só não cheiram mal porque o Lux vai disfarçando as coisas...) não se podem mexer porque os "rinzes" não deixam ou porque as "cruzes que têm ali na ilharga" não deixam que se mexam, andam de esguelha, chutam para canto e sei lá mais do que são capazes... ou incapazes !!!

Page 684: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

99

Pois bem, ponham os olhos nestes exemplos e tratem-se... dacabeça, porque o Vosso mal, seus caducos, é a carola.

Agora vou -me sentar um bocadinho. É que o "costrol" dá-mecabo dos nervos !

Embedded File ()

Embedded File ()

E "prontes"... bom fim de semana, e "bué" d'alegria !!!!

JPSetúbal

Page 685: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

100

A Lenda do Ofício - análise crítica: Abraão

September 23, 2009

O Sacrifício de AbraãoCapela Palatina do Palazzo dei Normanni, em Palermo

Depois de ter referido o estabelecimento da Maçonaria na Caldeia, a Lenda do Ofício efetua uma rápida transição para a sua introdução no Egito. Fá-lo através da invocação de um personagem que a Bíblia efetivamente regista ter estado no Egito, Abraão, mas, como se verá, com a exteriorização de mais um evidente anacronismo. Recorde-se o texto desta passagem da Lenda do Ofício: Mais tarde, quando Abraão e Sara, sua mulher, foram para o Egito, ali ele ensinou as sete ciências aos egípcios; e teve um valioso discípulo, chamado Euclides, que aprendeu bem e foi Mestre das sete ciências liberais.

Page 686: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

101

A Bíblia refere Abraão, designadamente no Génesis, como pertencendo à nona geração de Sem, filho de Noé, e ser originário de Ur, cidade do Sul da Mesopotâmia. Relativamente à sua estada no Egito, a Bíblia refere que, tendo ocrrido uma seca e fome em Canaã, onde Abraão se havia estabelecido, este levantou o seu acampamento e rumou ao Egito. Aí, temendo ser morto, em virtude da grande beleza de sua esposa, Sara, combinou com esta que ela se dissesse sua irmã, e não sua cônjuge. O Faraó apaixonou-se pela beleza de Sara e levou-a para o seu palácio. Porém, Deus castigou o Faraó e este, bem mais prudente do que viria a ser o seu sucessor, no tempo de Moisés, mandou chamar Abraão e devolveu-lhe Sara, ordenando que ambos deixassem o país, com todos os seus bens. Abraão não é referenciado na Bíblia pela sua sabedoria, antes pela sua piedade, crença, obediência a Deus. Exenplo maior disso é o episódio do Sacrifício de Abraão (melhor seria dizer sacrifício de Isaac...), ilustrado pela pintura que acompanha este texto. Os autores da Lenda foram beber essa reputação de sapiência em Josephus e nas suas Antiguidades. Ali, Josephus escreveu que Abraão foi considerado pelos egípcios um homem muito sábio e que, para além de ter reformado os seus costumes, lhes ensinou aritmética e astronomia. Esta passagem da Lenda é interessante precisamente por

Page 687: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

102

ilustrar diretamente duas das fontes de que os autores medievais da mesma se socorreram, em relação à Antiguidade: A Bíblia e as Antiguidades de Josephus. Outras fontes dos autores da Lenda, em relação à Antiguidade, terão sido também as Etimologias, de Santo Isidoro e o Polychonichon, de Ranulph Higden. Aliás, provavelmente, quer as Antiguidades , quer as Etimologias, terão sido conhecidas em segunda mão, através precisamente das transcrições delas feitas no Polychonichon. A passagem hoje analisada contem um evidente anacronismo, a alegada contemporaneidade de Abraão e Euclides. Este, na realidade, viveu dois mil anos depois de Abraão! O anacronismo só se resolve se considerarmos que a relação de Mestre-discípulo invocada pela Lenda não foi uma relação física e contemporânea, mas antes uma relação de influência. Isto é, Euclides, que não foi contemporâneo de Abraão, inspirou-se, recolheu, os ensinamentos deste e desenvolveu, a partir daí, os seus grandes conhecimentos na Ciência da Geometria. Por este processo, a Lenda transfere, assim, a sua atenção da Caldeia para o Egito e, partindo do personagem bíblico de Abraão, associa-lhe o grande geómetra que foi Euclides e passa seguidamente a narrar a introdução lendária da Geometria, sinónimo de Maçonaria, no Egito. Mas essa é já matéria para o próximo texto.

Page 688: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

103

Fontes: Wikipedia: Abraão: http://pt.wikipedia.org/wiki/Abra%C3%A3o The History of Freemasonry, Albert G. Mackey, GramercyBooks, New York Rui Bandeira

Page 689: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

104

Uma prenda em período de reflexão

September 26, 2009

Em fim de semana de reflexão resolvi pôr o correio em dia, passando por todas as mensagens, e são muitas, que o dia a dia me vai obrigando a deixar... para o momento seguinte. E nesta tarefa salta-me uma historinha preciosa, qual coelho da cartola. Oferta do meu querido PR (não é "Presidente da República" !) a quem agradeço e que me serve aqui para vos servir um bombom em fim de semana especial. O carro de um vendedor que viajava pelo interior avariou e conversando com um fazendeiro local eles descobrem que são Irmãos.'. O vendedor está preocupado porque tem um compromisso importante numa cidade próxima. - "Não se preocupe, diz o fazendeiro, você pode usar o meu carro. Vou chamar um mecânico amigo e pedir-lhe que conserte o carro enquanto vai ao seu compromisso." E lá foi o vendedor. Umas duas horas mais tarde ele voltou, mas infelizmente o carro precisava de uma peça que só chegará no dia seguinte. - "Sem problemas, diz o fazendeiro, use o meu telefone e

Page 690: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

105

reprograme o seu primeiro compromisso de amanhã, fiquehoje connosco e providenciaremos para que o carro estejapronto logo cedo!" A esposa do fazendeiro preparou um jantar maravilhoso epuderam tomar um malte puro no meio de uma conversaagradável. O vendedor dormiu profundamente e quando acordou láestava o seu carro, consertado e pronto para seguir. Após um excelente café da manhã o vendedor agradeceu aambos a hospitalidade. Quando seguiam para o carro, o vendedor voltou-se eperguntou: - "Meu irmão, muito obrigado, mas preciso perguntar-lhe, vocêajudou-me porque sou Maçom?" - "Não, foi a resposta, Eu ajudei-o porque EU sou maçom." Aqui fica. Talvez esclareça algumas das mentes "cheias denevoeiro" que andam por aqui. JPSetúbal/PR

Page 691: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

106

Quem tudo quer...

September 26, 2009

Queridos Acompanhantes deste espaço num "fim de semanade introspeção política", mesmo falhando a 6ªfeira não deixopassar o voto de um bom fim de semana para todos com um"boneco " que pode servir, também ele, para nos passar amensagem do "Tio Patinhas", ou simplificando para portuguêscorrente "quem tudo quer... tudo perde".

Cada vez mais é preciso poupar, mas como sempre tudo o queé exagerado é... exagero, pois claro !

Divirtam-se e arranjem um cofre grande, sem buracos...

Embedded File ()

E amanhã votem ! É o vosso dever.

JPSetúbal

Page 692: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

107

A Lenda do Ofício - análise crítica: Euclides

September 30, 2009

Euclides

Chegados ao Egito, a Lenda do Ofício apresenta uma históriatão desenvolvida e pormenorizada que bem merece umaautonomização como a Lenda de Euclides. Relembremo-la,tendo em consideração que imediatamente antes da passagemora transcrita, se introduziu Euclides, que aprendeu bem e foiMestre das sete ciências liberais:

E no seu tempo, sucedeu que o senhor e os nobres do reino tinham tido muitos filhos, alguns das suas mulheres, outros de outras senhoras do reino; porque aquela terra é uma terra

Page 693: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

108

quente e propícia a gerar. E eles não tinham encontradomodos de vida satisfatórios para os seus filhos, de que muitogostavam, e então o rei do país convocou um grande Conselhoe Parlamento para decidir como poderiam encontrar um modode vida honesto para os nobres seus filhos, e nãoconseguiram encontrar boa maneira. E então anunciaram portodo o reino que se houvesse algum homem que osinformasse, então deveria comparecer perante eles e seriarecompensado pelo seu trabalho, de forma a deixá-losatisfeito.

Depois que este pregão foi feito, veio então o valorosoEuclides e disse para o rei e todos os seus nobres: "Se meentregarem os vossos filhos para que eu os governe e lhesensine uma das sete ciências, de forma que eles possam viverhonestamente como nobres, deverão dar-me a mim e a elesuma carta-patente, de que eu tenho o poder de lhes determinaro modo como essa ciência deve ser regulada." E o rei e o seuConselho concederam-lhe isso e selaram a sua carta-patente.Então o valoroso Doutor levou consigo os filhos dos nobres eensinou-lhes a ciência da aplicação da Geometria ao trabalhode construção em pedra de igrejas, templos, castelos epalácios; e deu-lhes Deveres da seguinte forma.

O primeiro era que deviam ser verdadeiros para o Rei e para o Senhor de quem dependiam. E que deveriam gostar de estar juntos, ser verdadeiros uns com os outros. E que deviam chamar-se uns aos outros Companheiro ou Irmão, não por servo, ou escravo, ou outros nomes tolos. E que deveriam merecer o salário pago pelo Senhor ou pelo Mestre que servissem. E que deveriam designar o mais sábio deles para

Page 694: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

109

Mestre do trabalho e não deixar que essa designação fosseafetada por linhagem, riqueza ou favor, pois então o senhorseria mal servido e eles desonrados. E também que deveriamtratar o responsável pelo trabalho por Mestre, durante o tempoem que trabalhassem com ele. E muitos mais deveres deconduta que seria longo contar. E a todos estes Deveres fezjurar um grande juramento que naquele tempo se usava; edeterminou que deveriam receber salários razoáveis, com osquais pudessem viver honestamente. E também que deveriamreunir-se anualmente, para discutir como poderiam trabalharmelhor e melhor servir o seu senhor, para ganho dele e delespróprios; e para corrigirem no seu próprio seio aquele quetivesse errado contra a ciência. E assim ali foi implantada aciência; e o valoroso senhor Euclides deu-lhe o nome deGeometria. E agora é chamada em toda esta terra porMaçonaria.

Euclides viveu entre 360 e 295 antes de Cristo. Terá sido educado em Atenas e frequentado a academia de Platão. Foi convidado por Ptolomeu para integrar o quadro de professores da recém-fundada Academia de Alexandria, a segunda maior cidade egípcia, tornou-se o mais importante autor de matemática da Antiguidade greco-romana e talvez de todos os tempos, com seu monumental Stoichia (Os elementos), uma obra em treze volumes, sendo cinco sobre geometria plana, três sobre números, um sobre a teoria das proporções, um sobre incomensuráveis e os três últimos sobre geometria no espaço. Escrita em grego, a obra cobria toda a aritmética, a álgebra e a geometria conhecidas até então no mundo grego e sistematizava todo o conhecimento geométrico dos antigos.

Page 695: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

110

Intercalava os teoremas já conhecidos então com a demonstração de muitos outros, que completavam lacunas e davam coerência e encadeamento lógico ao sistema por ele criado. Após sua primeira edição foi copiado e recopiado inúmeras vezes e, traduzido para o árabe, tornou-se um influente texto científico. Depois da queda do Império Romano, os seus livros foram recuperados para a sociedade europeia pelos estudiosos muçulmanos da Península Ibérica. Escreveu ainda sobre a ótica da visão e sobre astrologia, astronomia, música e mecânica, além de outros livros sobre matemática. Como se vê desta resenha, a Lenda do Ofício de novo se apropria de um personagem histórico comprovadamente existente, mas coloca-o em tempo e circunstâncias diferentes dos que efetivamente foram os seus. Embora residindo e ensinando no Egito, na academia de Alexandria, Euclides não foi propriamente um mestre da cultura egípcia, antes um produto da cultura helenística. Também a sua introdução como personagem da Lenda sofre de um duplo anacronismo: por um lado, coloca-o como contemporâneo de Abraão, que o antecedeu em dois milénios; por outro, coloca-o em tempo anterior à edificação do Templo de Salomão, quando viveu em tempo bem posterior, cerca de seiscentos e cinquenta anos depois de tal edificação, e até cerca de dois séculos depois da destruição do dito Templo por Nabucodonosor, em 586 a. C.. Este enxerto da obviamente fantasiosa Lenda de Euclides na

Page 696: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

111

Lenda do Ofício ter-se-á devido essencialmente a dois fatores: por um lado, a óbvia importância enquanto Mestre de Geometria de Euclides, bem conhecida na Idade Média, época de criação da Lenda; por outro, o reconhecimento da existência de algumas semelhanças entre o método de ensino existente entre os maçons operativos e o método esotérico de ensino seguido pelos sacerdotes do Antigo Egito. Assim, mais do que um relato factual historicamente consistente, devemos interpretar esta passagem da Lenda do Ofício como o repositório amalgamado de crenças realmente tidas pelos maçons operativos da Idade Média: - Que a Geometria é a base da Maçonaria; - Que Euclides foi o maior dos Mestres de Geometria; - Que os sacerdotes do Antigo Egito utilizavam um método esotérico de transmissão de conhecimentos similar ao método utilizado pelos maçons operativos. Neste aspeto, a Lenda simboliza o bem conhecido facto de que, no Antigo Egito, existia uma íntima conexão entre a ciência da Geometria e o sistema religioso daquela sociedade, que esse sistema religioso incluía também a transmissão de instrução científica, de forma secreta e apenas após uma iniciação. Esta analogia entre o sistema religiosa do Antigo Egito e a

Page 697: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

112

maçonaria operativa da Idade Média, mais do que estaenviesada referência na Lenda do Ofício, acabou por, já nafase da Maçonaria especulativa, dar origem a ritos deinspiração egípcia e teorias - a meu ver, fantásticas einconsequentes - que colocam a origem da Maçonaria nosAntigos Mistérios Egípcios. Como se vê, os rudes e menos incultos do que se poderiapensar trabalhadores da construção em pedra medievais nãoeram tão diferentes assim dos seus cultos e conhecedores dehistória e filosofia sucessores dos séculos XVIII, XIX e XX... Fontes: Wikipedia: Euclides: http://pt.wikipedia.org/wiki/Euclides Alexandria: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandria Templo de Salomão:http://pt.wikipedia.org/wiki/Templo_de_Salom%C3%A3o The History of Freemasonry, Albert G. Mackey, GramercyBooks, New York Rui Bandeira

Page 698: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

Contents

Homenagem aos nossos Irmãos brasileiros 1

A Lenda do Ofício - análise crítica: O Templo deSalomão

2

Quem tudo quer... 7

A Lenda do Ofício - análise crítica: Carlos Martel 8

Direitos... adquiridos ? 14

A Lenda do Ofício - análise crítica: Santo Albano 20

A hora mudou ! E os homens ? 25

A Lenda do Ofício - análise crítica: Athelstan 28

A Água 34

A Lenda do Ofício - análise crítica: conclusão 35

Você sabia que... 40

O Símbolo Perdido 42

O MURO 47

Versão brasileira de "Cinco motivos para NÃO SERmaçom"

52

O obstáculo no nosso caminho 59

Page 699: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

Extra! Extra! 63

Maçonaria e Política 65

O Gato 72

Amigos... AMIGOS ... sempre 73

Fanfarra para o homem comum 75

Qual o Papel dos Maçons na Guerra Civil Americana ? 77

Texto 1001 79

O milésimo (e um) é da Fraternidade (Atlântica) 82

Bom, então seja... 1002 ! 87

Criar e fabricar 91

Semana da preparação 95

A festa do solstício de dezembro 97

O BONECO 101

E chega... 104

Page 700: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

1

Homenagem aos nossos Irmãos brasileiros

October 03, 2009

O Brasil (através da cidade do Rio de Janeiro) ganhou a realizaçãodos Jogos Olímpicos 2016.

Por mim fiquei feliz com a decisão principalmente porque teremosuns Jogos Olímpicos falados em português e porque sendo oreconhecimento da capacidade organizativa daqueles nossosIrmãos é, por outro lado, uma ajuda ao desenvolvimento brasileiro.

Além de ser um excelente pretexto para um Carnaval extra, coisaque brasileiro que se preze não perdôa.

Pois é com o sentido de uma homenagem aos nossos Irmãos daoutra banda do Atlântico que hoje dedico este espaço.

Vejam só "que coisa mais linda... lá por Ipanema"... e depois umagrande recordação dos "bons velhos tempos" !

Embedded File ()

Embedded File ()

Grande abraço a todos, bom fim de semana prolongado e... nãodeixem roubar a bandeira da Praça do Município... t'á bem ?

JPSetúbal

Page 701: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

2

A Lenda do Ofício - análise crítica: O Templo de Salomão

October 07, 2009

Do Egito, a Lenda salta para a Judeia e para a construção doTemplo de Salomão. Recorde-se o texto da Lenda do Ofício, nestaparte:

Muito depois deste tempo, quando os filhos de Israel chegaram à Terra Prometida, que agora é chamada entre nós de Jerusalém, o rei David iniciou a construção do Templo que é chamado entre nós de Templo de Jerusalém. E o rei David apreciava os maçons e tratava-os bem e dava-lhes bom salário. E deu-lhes os Deveres pela forma que tinha aprendido no Egito, dada por Euclides, e outros deveres de conduta de que ouvirão falar mais tarde. E depois da morte do rei David, Salomão, que era filho de David, concluiu o Templo que o seu

Page 702: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

3

pai começara; e mandou vir maçons de diversos países e várias terras; e juntou-os, de forma a ter 40.000 trabalhadores em pedra e chamou-lhes maçons. E escolheu de entre eles 3.000 que determinou fossem Mestres e responsáveis pelo trabalho. E, para além disso, havia um rei de outra região que os homens chamavam Hiram, que era amigo de Salomão e que lhe deu madeira para a sua construção. E ele tinha um filho chamado Aynam (hoje designado por Hiram Abif) e ele era Mestre de Geometria e foi o Mestre Chefe de todos os maçons e foi o Mestre de todos os aparelhamentos e gravações das pedras e de toda a espécie de Maçonaria que dizia respeito ao Templo; e isto é testemunhado pela Bíblia, no Livro dos Reis, capítulo terceiro. E Salomão confirmou, quer os Deveres, quer as disposições que o seu pai tinha dado aos maçons. E assim foi a valiosa ciência da Maçonaria confirmada na terra de Jerusalém e em muitos outros países. Em primeiro lugar, importa relembrar o anacronismo, já anteriormente denunciado, de na Lenda se datar a construção do Templo de Salomão de muitos anos depois do tempo de Euclides, quando é a inversa que é historicamente verdadeira. Mas, excetuado este anacronismo, esta passagem da Lenda reproduz, com razoável exatidão, o texto bíblico constante do primeiro Livro dos Reis. Segundo este texto, o Templo de Salomão foi construído ao longo de sete anos (1 Reis 6:37, 38). Em troca de trigo, cevada, azeite e vinho, Hiram, rei de Tiro, forneceu madeira do Líbano e operários especializados em madeira e em pedra. Ao organizar o trabalho, Salomão convocou 30.000 homens de Israel,

Page 703: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

4

enviando-os ao Líbano em equipas de 10.000 em cada mês. Convocou 70.000 dos habitantes do país que não eram israelitas, para trabalharem como carregadores, e 80.000 como cortadores (1 Reis 5:15; 9:20, 21; 2 Crónicas 2:2). Como responsáveis pelo serviço, Salomão nomeou 550 homens e, ao que parece, 3.300 como ajudantes. (1 Reis 5:16; 9:22, 23). O templo tinha uma planta muito similar à tenda ou tabernáculo que anteriormente servia de centro da adoração ao Deus de Israel. A diferença residia nas dimensões internas do Santo e do Santo dos Santos, sendo estes, no Templo, maiores do que as do tabernáculo. O Santo tinha 40 côvados (17,8 m) de comprimento, 20 côvados (8,9 m) de largura e 30 côvados (13,4 m) de altura. (1 Reis 6:2) O Santo dos Santos era um cubo de 20 côvados de lado. (1 Reis 6:20; 2 Crónicas 3:8). Os materiais aplicados foram essencialmente a pedra e a madeira. Os pisos foram revestidos a madeira de junípero ou cipreste ( conforme as traduções da Bíblia) e as paredes interiores eram de cedro entalhado com gravuras de querubins, palmeiras e flores. As paredes e o teto eram inteiramente revestidos de ouro. (1 Reis 6:15, 18, 21, 22, 29). Para a época, era indubitavelmente um Templo imponente, embora não particularmente grande nas suas dimensões. Aliás, a sua edificação não foi especialmente demorada - apenas sete anos. Escusado é relembrar que, na época da criação da Lenda, o texto bíblico era aceite e considerado como fonte histórica. Mais uma vez se assume o conceito de Maçonaria como Geometria, em particular Geometria aplicada à construção, isto é,

Page 704: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

5

Arquitetura. A referência na Lenda ao Templo de Salomão assume particular importância, em virtude de, pela primeira vez, se aludir expressa e especificamente à construção de um edifício de culto religioso, em ligação com a forma de organização dos construtores. A Maçonaria Operativa da Idade Média desenvolveu-se, não totalmente, mas significativamente, mediante a construção de catedrais, por essa Europa fora, pelos pedreiros livres, isto é, os profissionais da construção em pedra (canteiros, mas também escultores, cinzeladores, mestres projetistas, etc..) livres de amarras feudais, com autorização para trabalharem onde muito bem entendessem. Neste sentido, compreende-se que os maçons operativos tenham dado lugar de destaque ao episódio da construção do Templo de Salomão, na sua Lenda do Ofício. Afinal de contas, aí remonta o primeiro registo, comummente conhecido na sua época, de construção de um edifício de culto... Embora este episódio tenha um lugar de destaque na Lenda, sendo o último episódio dedicado à Antiguidade, dele se prosseguindo para a introdução da Maçonaria=Geometria=Arquitetura na Europa, desconhece-se ainda hoje, mesmo entre os investigadores maçónicos, a relevância que este episódio da construção do Templo de Salomão efetivamente teve, em termos simbólicos, para a Maçonaria Operativa - se é que alguma de especial teve. Sabe-se apenas que no mais antigo manuscrito maçónico conhecido, o Manuscrito Halliwell, nenhuma referência lhe é feita. Só cerca de um século depois, no Manuscrito Cooke, deparamos com a primeira, e desenvolvida, referência ao Templo de Salomão e à sua

Page 705: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

6

inclusão na Lenda do Ofício - situação que se repete nosmanuscritos posteriores. Na Maçonaria Especulativa, desenvolvida e sistematizada a partirdos finais do século XVII, início do século XVIII, o episódio daedificação do Templo de Salomão e a interação de váriospersonagens nela envolvidos tem um papel simbólico central. Masesta importância não decorreu necessariamente dedesenvolvimento de igual tendência já prosseguida pela MaçonariaOperativa. Fontes: Wikipedia: Templo de Salomão:http://pt.wikipedia.org/wiki/Templo_de_Salom%C3%A3o The History of Freemasonry, Albert G. Mackey, Gramercy Books,New York Rui Bandeira

Page 706: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

7

Quem tudo quer...

October 10, 2009

É muito antiga a expressão "Quem tudo quer, tudo perde".Nasci e cresci ouvindo esta expressão e acontece que o tempo davida tem-se encarregado de me mostrar que de facto é assim nagrande maioria dos casos.Como sempre alguns escapam... mas na grande maioria (nagrande maioria, mesmo !) das situações que conheço o resultado émesmo o do título que escolhi.

A ponderação das possibilidades, o senso das oportunidades, osaber-se onde e quando parar são princípios básicos de equilíbrioque nem todos conseguem desenvolver.Depois há o velho Peter, com o seu Princípio a marcar o ponto deviragem para a asneira.

Em mais um período reflexivo/eleitoral (?) escolhi um exemplo...exemplar ! para vos entreter.E se calhar relacionado com alguns dos personagens principaisdeste fim de semana.

Embedded File ()

Bom fim de semana... e até pode ser que Portugal vá ao Mundialda África do Sul...

JPSetúbal

Page 707: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

8

A Lenda do Ofício - análise crítica: Carlos Martel

October 14, 2009

Estátua de Carlos Martel no Palácio de Versailles

Finalmente, a Lenda do Ofício chega à introdução do mesmo na Europa. Relembremos esta parte do texto: Homens da Fraternidade curiosos viajaram por diversos países, uns para aprenderem mais da arte de construir e aparelhar, outros para ensinar aqueles que tinham poucos conhecimentos. E assim sucedeu que houve um curioso Maçon, chamado Maymus Grecus, que esteve na construção do Templo de Salomão e que veio para França e aí ensinou a

Page 708: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

9

ciência da Maçonaria aos homens de França. E houve um, da linhagem real de França, chamado Carlos Martel; e ele era um homem que gostava muito desta ciência e aproximou-se deste Maymus Grecus, acima referido, e aprendeu com ele a ciência e obteve através dele os Deveres e as Regras; e mais tarde, pela graça de Deus, foi escolhido para ser Rei de França. E quando ele estava nessa função, contratou Maçons e ajudou a fazer Maçons de homens que não eram nada; e pô-los a trabalhar e deu-lhes os Deveres e as Regras e bom salário, tal como tinha aprendido de outros Maçons; e confirmou-lhes uma determinação de se reunirem anualmente; e acarinhou-os muito; e assim chegou esta ciência a França. Esta passagem confirma-nos uma já anteriormente verificada característica da Lenda: o anacronismo. Neste caso, particularmente evidente por indicar a convivência de um trabalhador que teria participado na construção do Templo de Salomão, Maymus Grecus, com Carlos Martel, coisa notável, se tivermos presente que o Templo de Salomão foi construído no século XI antes de Cristo e Carlos Martel viveu entre 688 e 741 depois de Cristo. Só dezassete séculos de diferença... Mas, como já anteriormente tivemos oportunidade de ver, o anacronismo reincidente na Lenda funciona como elemento de ligação dos personagens da estória. No caso, avultam nesta passagem dois elementos: a crença na introdução na Europa da ciência da Geometria e da arte da construção em pedra aplicando os princípios descobertos por essa ciência através de França e a admiração que, manifestamente, existia por Carlos Martel na Idade

Page 709: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

10

Média. Ao primeiro destes elementos não são, seguramente, alheios os factos de ter sido em território francês que existiu grande atividade de construção de catedrais em tempos medievais e de, manifestamente, ter existido uma categoria de trabalhadores que muito beneficiou e se desenvolveu com essa construção, que ciosamente guardaria para os seus elementos os segredos da arte de construir. Basta notar a importância que tinha, para a construção de uma catedral com dezenas de metros de comprimento, a correta e exata determinação dos ângulos retos entre a sua fachada e as paredes laterais: um ínfimo erro na determinação dese ângulo e resultaria uma catedral com as paredes laterais alargando-se ou estreitando-se, formando um grotesco paralelogramo, tanto mais visível quanto maior fosse a extensão das paredes laterais... Não se pode asseverar que a introdução da Arte Real na Europa se fez via França. Mas num ponto a Lenda indiscutivelmente acerta com a realidade histórica: a História da Arquitetura mostra-nos que, na Alta idade Média, circulavam pela Europa grupos de construtores, buscando emprego na construção de edifícios religiosos, palácios, torres, praças-fortes, etc.. Personagem aparentemente misterioso é o mencionado Maymus Grecus. Nenhuma referência histórica existe a este nome. Mas não se afigura particularmente difícil estimar a origem deste nome, se estivermos atentos a que, numa passagem posterior da Lenda se refere que o Princípe Edwin publicou ua proclamação no sentido de que que qualquer maçon que tivesse em seu poder quaisquer

Page 710: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

11

textos contendo Deveres ou práticas da Arte Real deveria apresentá-los e que, em resposta, reuniram-se textos, "alguns em francês e alguns em grego e alguns em inglês e alguns em outras línguas ". Se alguma referência existia a um arquiteto grego num texto em alemão, seria algo como "ein Maurer Namens Grecus)" (um maçon=construtor de nome grego). Se tal texto fosse em francês conteria provavelmente a expressão "un maçon nommé Grecus" (um maçon chamado Grecus). É fácil entender que, na transcrição para inglês e com a corruptela propiciada pelo voar do tempo, qualquer destas referências conduzisse a que se designasse tal putativo arquiteto grego de Namus Grecus (versão do nome em vários antigos manuscritos maçónicos contendo versões da Lenda do Ofício) ou Maymus Grecus (versão do manuscrito Downland, que utilizei para traduzir e neste blogue publicar a dita Lenda). É, pois, razoável inferir-se que, mais do que um nome, Maymus Grecus constitui a referência a um qualquer arquiteto ou artista grego, que tenha estado em Jerusalém e ou tenha aprendido os princípios da arquitetura bizantina e tenha viajado para França, no tempo de Carlos Martel. Esta inferência é confirmada pelo facto histórico de que, no século VIII (época em que viveu e reinou Carlos Martel), houve um afluxo de arquitetos e artífices gregos à Europa do Sul e Europa Ocidental, em consequência de perseguições infligidas pelos imperadores bizantinos. O anacronismo denunciado resolve-se assim se considerarmos que a referência na Lenda é feita a um dos arquitetos gregos que, tendo

Page 711: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

12

contactado e aprendido os princípios da arquitetura bizantina, que na época eram aplicados em todo o Médio Oriente, chegou e trabalhou em França, aí aplicando e difundindo esses princípios. E assim se congraça a Lenda com a História... Uma referência final a Carlos Martel. Embora usualmente referido como um importante rei merovíngio de França, não terá propriamente alguma vez usado esse título, antes os de prefeito do palácio e duque dos francos. Prefeito do palácio era o título utilizado pelo funcionário merovíngio que representava o rei franco no palácio. No século VII, na Austrásia, um dos reinos francos, os prefeitos do palácio passaram a deter de facto o poder político, em nome do rei, que se limitava a um papel cerimonial, tendo-se o cargo de prefeito tornado hereditário. O pai de Carlos Martel, Pepino de Herstal, foi prefeito do palácio da Austrásia. Após derrotar um exército da Nêustria (região que hoje corresponde ao Norte de França, onde está situada Paris) e da Borgonha, foi o primeiro prefeito a estender a sua autoridade sobre todo o domínio franco e assumiu o título de Duque (dux, chefe) dos Francos. Carlos Martel herdou os títulos e manteve e reforçou a sua autoridade sobre todos os reinos dos Francos (Austrásia, Nêustria e Borgonha). Um ano antes da sua morte, dividiu os seus territórios por dois dos seus filhos adultos: a Carlomano (não confundir com Carlos Magno) entregou a Austrásia e a Alamânia (com a Baviera como vassala); a Pepino o Breve a Nêustria e a Borgonha (com a Aquitânia como vassala). Carlos Martel tinha deixado o trono de rei dos Francos vago desde a morte de Teodorico IV em 737. Os dois irmãos seus

Page 712: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

13

sucessores decidiram instalar rei dos Francos (teórico senhor deambos os prefeitos, mas na realidade mero detentor de podernominal, sem qualquer poder real, totalmente assumido pelosprefeitos) Childerico III, que veio a ser o último rei merovíngio. Em747, Carlomano, um homem profundamente religioso, retirou-separa um mosteiro, renunciando ao cargo de prefeito da Austrásia,assumido também por Pepino o Breve. Este então entendeu queera tempo de fazer coincidir o título com o poder de facto e depôs orei. Foi ele próprio coroado rei dos Francos em Soissons einaugurou a dinastia carolíngia. Fontes: Wikipedia: Templo de Salomão:http://pt.wikipedia.org/wiki/Templo_de_Salom%C3%A3o Carlos Martel: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Martel Prefeito do palácio:http://pt.wikipedia.org/wiki/Prefeito_do_pal%C3%A1cio Duque dos Francos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Duque_dos_francos Carlomano:http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlomano,_filho_de_Carlos_Martel Pepino o Breve: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pepino_o_Breve The History of Freemasonry, Albert G. Mackey, Gramercy Books,New York Rui Bandeira

Page 713: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

14

Direitos... adquiridos ?

October 17, 2009

Nas deambulações via Net, cruzadas com mensagens que Amigosme vão fazendo entrar na caixa do correio, vou apanhando dequando em vez com notícias referentes a acontecimentos que "jápassaram", a maior parte das vezes com muita pena minha por nãoter dado por eles mais cedo.

Se esse conhecimento estivesse comigo a tempo e horas poderiasegui-los com maior atenção.

Assim estou pendurado no "acaso" de uma descoberta durante anavegação ou no "acaso" de um alerta chegado por mensagemamiga.

Este foi o caso.

Trago-vos uma peça já posta em blog (outro, com motivações e objetivos diferentes do nosso "A-Partir-Pedra") que fiquei a

Page 714: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

15

conhecer agora.

Para fim de semana parece-me interessante.

Dá que pensar e como estamos em período fresquinhopós-eleitoral, com as equipas políticas em reconstrução, pode bemser que alguém dessas novas equipas dê por este texto e façaalguma coisa com o seu conteúdo.

Como de costume limito-me a ser o copista de serviço (apenas !).

No Sábado 19/09/2009 realizou-se no Porto uma conferência dehomenagem à Professora Leonor Vasconcelos Ferreira.Abrindo a conferência, a Profª Manuela Silva apresentou um textonotável que, pela sua extensão, não vou transcrever na íntegra.

O conceito de pobreza como violação de direitos humanos

O conceito de pobreza mais frequente nos estudosacadémicos ou nos relatórios institucionais continua a ser ode pobreza monetária, que consiste em considerar comopobres os indivíduos ou agregados familiares cujo rendimentoou despesa é inferior a um certo limiar.Por outro lado, não basta dispor de certo rendimentomonetário para deixar de ser pobre.

O reconhecimento desta realidade tem levado a adoptar umconceito de pobreza assente no grau efectivo de privação, emque a privação do rendimento é apenas um elemento de umindicador compósito que contemple os diferentes défices desatisfação relativamente a um conjunto de necessidadesessenciais correspondentes ao estilo de vida corrente.

Deve-se a Peter Townsend, recentemente falecido, a ideia original do conceito de privação expresso nestes termos: são

Page 715: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

16

pobres os indivíduos, famílias e grupos de população que nãodispõem de recursos suficientes para obterem os tipos dealimentação, participarem nas actividades e terem ascondições de vida e conforto que são comuns, ou pelo menoslargamente encorajadas e aprovadas, na sociedade a quepertencem. (Townsend, 1979) Por outro lado, não pode considerar-se indiferente o facto deas pessoas poderem - ou não - satisfazer as suasnecessidades pelos seus próprios meios.

Dispor de um subsídio de assistência social ou ter umaremuneração devida pelo seu trabalho ou por reforma, mesmoque de valores equivalentes, não é o mesmo.

A dependência em relação à assistência social configura, sópor si, uma situação de pobreza.

Para dar conta de mais esta perplexidade, é particularmenterelevante o contributo dado por Amartya Sen que recorre aoconceito de capacitação (entitlement) para definir a pobreza.Segundo este prestigiado economista indiano, prémio Nobelda economia, não são as características dos bens em simesmos e a respectiva privação que definem a situação depobreza, mas sim a ausência de capacidades próprias paralevar uma vida segundo os padrões correntes na sociedade.(Sen,1983)

Este conceito tem o mérito de, além de acomodar melhor a complexidade do fenómeno da pobreza nas suas várias dimensões, veicular também a ideia de que a pobreza não se combate apenas com medidas compensatórias da escassez de rendimento monetário, ou seja por meio do recurso à subsidiação, mas sim através do reforço da dotação de

Page 716: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

17

recursos ao dispor das pessoas e famílias em situação depobreza, afim de que alcancem capacidades para, por sipróprias, assegurarem uma vida digna.

Daí a ênfase posta no combate à pobreza através das políticaseducacionais e de qualificação profissional, promoção dasaúde, inserção no sistema produtivo e no mercado detrabalho, remuneração por serviços prestados à família e àcomunidade, etc...Todos estes conceitos, que, até agora, têm servido de baseaos estudos sobre a pobreza, partilham um mesmo ângulo devisão que é o de considerar a pobreza como um infortúnio dealguns dos membros da sociedade a que esta, por razões desolidariedade, deve prestar auxílio, através de políticaspúblicas generosas e eficientes e de organizações privadas desolidariedade social.

Está, porém, em curso um novo conceito de pobreza quepoderá alterar profundamente este paradigma.Com efeito, desde o início do Milénio, tem vindo a impor-se aideia de que a pobreza involuntária constitui uma violação dedireitos humanos fundamentais e como tal deve ser colocadana agenda política, nomeadamente da responsabilidade dosgovernos nacionais e das instâncias internacionais, a par deoutras matérias como a segurança ou a paz.

De algum modo, já foi esta a ideia que esteve subjacente aoPacto dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio,assinado em 2001 pela generalidade dos Estados que integrama ONU.

Podemos perguntar-nos:

Page 717: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

18

- Que valor acrescenta este enfoque ao conhecimento dapobreza e, sobretudo, às estratégias para sua erradicação ?

... Em primeiro lugar, este conceito traz para primeiro plano ovalor da dignidade de toda a pessoa humana, fundamento dosdireitos humanos universalmente reconhecidos, e afirma que apobreza involuntária ofende esta dignidade e põe em causa ovalor da vida humana.

... Em segundo lugar, porque a existência de um amploconsenso universal em torno deste princípio abre caminho aque os governos e as organizações internacionais secomprometam com a definição de estratégias de eliminação dapobreza e encontrem os adequados suportes institucionaispara fazer valer estes direitos e sancionar o respectivoincumprimento.

Apesar de reunir um amplo consenso político, não tem sidofácil, porém, implementar esta ideia e encontrar osinstrumentos adequados para a transpor para a agendapolítica e a prática dos governos.Aproveito para lembrar que, em Portugal, por força de umapetição promovida pela Comissão Nacional Justiça e Paz,apresentada à Assembleia da República em Outubro 2007,aquele Órgão de soberania veio a aprovar uma Resolução (n.º31/2008) na qual se dispõe o seguinte:

- declara-se solenemente que a pobreza conduz à violação dosdireitos humanos;

- recomenda-se ao Governo a definição de um limiar depobreza em função do nível de

Page 718: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

19

rendimento nacional e das condições de vida padrão na nossasociedade;

- determina-se a avaliação regular das políticas públicas deerradicação da pobreza;

- afirma-se que o limiar de pobreza estabelecido sirva dereferência obrigatória à definição e à

avaliação das políticas públicas de erradicação da pobreza.

Como se deduz do teor desta Resolução da Assembleia daRepública de Julho 2008, há uma intencionalidade por partedeste Órgão de soberania de dar passos neste caminhoinovador de introduzir na agenda política da governação doPaís o conceito de pobreza como violação de direitoshumanos.

(Publicada por Jorge Bateira em No blogue"ladroesdebicicletas" )

Muito bem, aqui fica então para leitura atenta e meditaçãodomingueira.Um abraço. Bom fim de semana.

JPSetúbal

Page 719: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

20

A Lenda do Ofício - análise crítica: Santo Albano

October 21, 2009

Santo Albano

No texto anterior, analisou-se a chegada da Maçonaria=Geometria=Arquitetura=Arte da Construção em pedra à Europa, segundo a Lenda do Ofício. A partir do texto que hoje se destaca, a Lenda centra-se em Inglaterra, país onde foi criada. A Inglaterra em todo este tempo manteve-se alheia, quanto a qualquer assunto de Maçonaria, até ao tempo de Santo Albano. E nos dias deste o rei de Inglaterra, que era pagão, edificou as muralhas da cidade que agora se chama Saint Alban. E Santo Albano era um valoroso cavaleiro e nobre da corte do Rei e tinha a direção dos assuntos do reino e também da edificação das muralhas da cidade; e gostava dos Maçons e

Page 720: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

21

acarinhava-os muito. E fixou o seu salário bem, de acordo com os padrões do reino; pois deu-lhes dois xelins e seis dinheiros por semana e três dinheiros para as suas refeições. E antes desse tempo, por toda esta terra, um Maçon recebia apenas um dinheiro por dia e a sua refeição, até que Santo Albano emendou isso e deu-lhes uma carta-patente do Rei e do seu Conselho para reunirem em conselho geral e deu-lhe o nome de Assembleia; e, a partir daí, ele próprio ajudou a fazer Maçons e deu-lhes Deveres, tal como ouvirão mais tarde. À primeira vista, depara-se-nos mais um dos frequentes anacronismos da Lenda, na medida em que, após falar de Carlos Martel, que viveu entre 688 e 741, refere Santo Albano, que viveu no século III. Mas aqui o anacronismo pode ser apenas aparente, por duas razões. A primeira, por esse anacronismo ter existido, sim, mas em relação a Carlos Martel, declarado, na Lenda contemporâneo de um dos que participaram na edificação do Templo de Salomão, Maymus Grecus, portanto "puxado" para uma época muito anterior à da sua real existência; a segunda, porque a Lenda, nesta passagem, não afirma que a Maçonaria foi introduzida em território inglês via França e, portanto, não declara a sequencialidade das duas passagens - pode muito bem interpretar-se que a Lenda relatou a introdução da Arte Real em França como episódio demonstrativo de que a sua aparição em Inglaterra não se tratou de um facto isolado, mas, de alguma forma, apenas como episódio marginal, sendo entendível e admissível a sua colocação entre o fim da Antiguidade e o ponto de interesse fulcral da Lenda, a

Page 721: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

22

Maçonaria em Inglaterra. Aliás, como referirei um pouco mais adiante, a passagem da Lenda ora em análise deve levar-nos a considerar um outro tipo de influência para a introdução da Arte de Construir em Inglaterra. Portanto, na dúvida, use-se aqui o princípio basilar do Direito Penal e... "absolva-se" a Lenda da suspeita do "crime" de anacronismo, nesta passagem. Santo Albano foi o primeiro mártir cristão britânico. Segundo Mackey, nasceu, assim reza a tradição, no século III em Hertfordshire, Inglaterra, perto da cidade de Verulanium. Então, o território inglês fora conquistado pelas legiões de Roma e estava integrado no Império Romano. Albano foi para Roma, onde serviu sete anos como soldado sob o comando do Imperador Diocleciano. Regressou a Verulanium pouco antes de ter sido desencadeada uma perseguição de cristãos. Ter-se-á apresentado às autoridades como cristão e foi preso, torturado e morto. Quatro séculos depois do seu martírio, foi erigido um mosteiro em Holmeshurst, a colina onde foi enterrado e, pouco tempo depois, na vizinhança deste mosteiro nasceu e cresceu a cidade de St. Albans, substituindo a antiga Verulanium romana. A Lenda embeleza a vida e importância do primeiro mártir e santo britânico, de óbvia importância numa sociedade medieval em que ainda predominava o catolicismo (Henrique VIII só mais tarde viveria e iniciaria o cisma que originou a Igreja de Inglaterra). Declara-o nobre cavaleiro da corte do rei pagão de Inglaterra (seria Carausius, que se revoltou contra o

Page 722: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

23

Imperador Maximiliano e usurpou a soberania de Inglaterra) e teria sido sob sua direção que foram edificadas as muralhas de Verulanium, futura St. Albans - pelos vistos, havendo boas razões para tal edificação, em função da revolta de Carausius e da expectável reação imperial... A introdução da Arte de Construir em Inglaterra é assim relacionada com a construção de equipamento militar de defesa. Os maçons - os construtores - foram, diz a Lenda, protegidos por Santo Albano e viram aumentado o seu salário, aumentada a sua importância social e estabelecida a forma de autorregulação da sua profissão. Esta passagem da Lenda, a exemplo de outras passagens e de outros personagens e épocas e lugares, personifica em Santo Albano uma realidade histórica verificada: que a Arquitetura foi introduzida em Inglaterra pelos artífices romanos que, como era usual então, seguiam as suas legiões nos territórios por estas conquistados e ocupados. Esses artífices não só construíam nos territórios ocupados campos fortificados e fortificações como, uma vez restabelecida a paz - a Pax Romana - se dedicavam a edificar templos e edifícios privados. Ruínas e inscrições latinas ainda hoje encontradas por toda a Inglaterra testemunham esse labor dos artífices romanos e sustentam a ideia de que a Arquitetura, sinónimo na Lenda de Maçonaria, foi introduzida em Inglaterra no período da colonização romana. Fontes:

Page 723: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

24

Wikipedia: Santo Albano: http://en.wikipedia.org/wiki/St_Alban St. Albans: http://pt.wikipedia.org/wiki/St_Albans The History of Freemasonry, Albert G. Mackey, GramercyBooks, New York Rui Bandeira

Page 724: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

25

A hora mudou ! E os homens ?

October 25, 2009

Pois é, esta coisa das mudanças de hora tem uma influência danada na psique do povo, e eu sou povo sofro enormemente com estas alterações. Por que raio se hão-de lembrar de mudar a hora para mais cedo se, pouco tempo depois a tornam a mudar para mais tarde ? Não seria mais sensato deixar os "reloginhos" tal qual e em vez disso dar um geitinho à velocidade da terra ? (ou do Sol como preferissem...) Parece que não é assim e esta gente prefere as soluções mais complicadas. Hoje já tive que dar à roda de uma boa dúzia de ponteiros e vários outros ficarão para quando reparar que cheguei com uma hora de avanço à reunião. Nessa altura ficarei admiradíssimo, procurarei uma boa razão para o atraso dos outros todos e constatarei com o ar inteligente que me caracteriza que afinal não acertei o meu relógio na altura certa. Paciência... há coisas piores ! Bom, mas pela confusão que estas mudanças me provocam vejam bem com que atraso chego ao blog este fim de semana... Tenho este texto comigo há muito tempo mas nunca me deu nem para o desenvolver nem para o trazer para o "grupo" dos

Page 725: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

26

blogueiros. Não é novidade. Mais assim ou mais assado é um texto conhecido, mas como estamos em "fim de semana" de mudança de "paradigma" horário resolvi fazer ressaltar a capacidade de "não mudança" do Homo Sapiens Sapiens (apetece-me acrescentar Sapiens Sapiens Sapiens Sapiens...) COMO NASCE UM PARADIGMA: Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jacto de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancada. Passado mais algum tempo, mais nenhum macaco subia a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que lhe bateram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o facto. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.

Page 726: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

27

Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacosque, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavama bater naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam emquem tentasse subir a escada, com certeza que a respostaseria: -'Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui... ' E agora um videozinho para... atrasar o relógio. Embedded File ()

Bom fim de semana e não se esqueçam. A hora mudou... hámuitos, muitos anos !

JPSetúbal

Page 727: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

28

A Lenda do Ofício - análise crítica: Athelstan

October 28, 2009

Chegamos finalmente ao epílogo da Lenda do Ofício. Esta última parte da Lenda tem um fundo histórico há muito conhecido. Registos históricos comprovam que, no tempo do rei saxão Athelstan, foram reguladas por lei as frith-gildan (free guilds em inglês moderno), ou corporações livres de artífices de diversas profissões, entre eles os construtores. Mas, sendo uma construção lendária, a base histórica entrelaça-se com alguma imprecisão, embelezamento, modificação, gerada pela transmissão oral ao longo dos tempos.

Page 728: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

29

Mas, antes do mais, relembremos o último trecho da Lenda doOfício, que alguns estudiosos maçónicos autonomizam sob adesignação de Lenda de York:

Pouco tempo depois da morte de Santo Albano, houve diversas guerras no reino de Inglaterra entre diversas nações, pelo que a boa regra da Maçonaria foi destruída até ao tempo dos dias do Rei Athelstone, que foi um valoroso Rei de Inglaterra e trouxe a esta terra descanso e paz; e construiu muitas grandes obras de Abadias e Torres e muitos outros tipos de edifícios; e gostava muito dos Maçons. E ele tinha um filho chamado Edwin, que gostava dos Maçons muito mais do que o seu pai. E era um grande praticante da Geometria; e dedicou-se muito a falar e a confraternizar com Maçons e a aprender a sua ciência; e depois, pelo amor que dedicava aos Maçons e à ciência, ele foi feito Maçon e obteve do rei seu pai uma carta-patente para realizar todos os anos uma assembleia, onde lhes conviesse, no reino de Inglaterra; e para corrigirem os erros uns dos outros e os atropelos que fossem feitos dentro da ciência. E realizou ele próprio uma Assembleia em York, e estes fez maçons e deu-lhes Deveres e ensinou-lhes as regras e ordenou que esta norma seria seguida para todo o sempre, e guardou então a carta-patente para a conservar e deu ordem para que fosse renovada de rei para rei. E quando a Assembleia estava reunida, anunciou que todos os Maçons, velhos e novos, que tivessem alguma notícia ou conhecimento dos Deveres ou das regras que foram feitos antes nesta terra, ou em qualquer outra, deveriam deles dar conhecimento. E quando assim se fez, foram encontrados

Page 729: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

30

alguns em francês e alguns em grego e alguns em inglês e alguns em outras línguas; e o seu propósito foi de reunir todos num único. E fez um livro deles e de como a ciência foi fundada. E ele próprio proclamou e determinou que deveria ser lido ou contado sempre que um Maçon fosse feito, para lhe dar a conhecer os seus Deveres. E desde esse dia até agora as regras dos Maçons mantiveram-se dessa forma, tanto quanto os homens as podem executar. E a partir daí diversas Assembleias tiveram lugar e ordenaram certos Deveres, segundo o melhor juízo dos Mestres e Obreiros. Que, após o século III, época em que viveu Santo Albano, a Inglaterra foi palco de um largo e persistente período de instabilidade, guerras, invasões, sortidas e ataques, nada propício à arquitetura, atividade mais próspera em tempo de paz do que de guerra, é uma verdade histórica conhecida. Daí que, com acerto, a Lenda refira que a boa regra da maçonaria foi destruída até ao tempo do rei Athelstone. Athelstone é uma das formas do nome do rei saxão Athelstan, o Glorioso, rei de Inglaterra entre 924 e 939. É considerado o primeiro rei inglês de facto. Estendeu os seus domínios a York e Nortúmbria, a Gales e à Cornualha. Teve várias vitórias militares, inclusivamente sobre os vikings. Não obstante, foi considerado também um hábil diplomata, preferindo, sempre que possível, as alianças à guerra, sobretudo forjadas através de casamentos de várias das suas meias-irmãs. Não se casou e não teve filhos, mas criou como seu filho Haakon, mais tarde rei da Noruega.

Page 730: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

31

Foi um patrono da Arquitetura e da construção, que procurou desenvolver. Foi também um legislador. Legalizou e regulou as corporações profissionais, incluindo a dos construtores. A referência a Athelstan na Lenda é, portanto, manifestamente tributária da verdade histórica. Não existem registos históricos da Assembleia de York, mas a sua realização, naquele local e naquele tempo, é plausível, atenta a regulação das corporações profissionais a que este rei procedeu e o facto de efetivamente York ter sido incorporada nos seus domínios. A assembleia de York e a sua importância no estabelecimento das regras de regulação do ofício de construtor é uma forte tradição da Maçonaria Operativa, que tem certamente raiz em evento ou conjunto de eventos efetivamente ocorridos. A ocorrência de assembleia ou assembleias em York parece merecer foros de confiança. Já a época em que tal ocorreu pode ter sido a de Athelstan ou num tempo anterior. O que nos leva à parte reconhecidamente inexata deste trecho da Lenda: o alegado filho de Athelstan, o Príncipe Edwin. Já acima foi referido que Athelstan não teve filhos. Mackey sustenta que o Edwin referido na Lenda terá sido o rei desse nome da Nortúmbria, que teve um reinado de dezasseis anos e morreu em 632 - portanto, anterior, em cerca de 300 anos, a Athelstan. Foi o primeiro rei cristão da Nortúmbria e também

Page 731: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

32

considerado um patrono da arte da construção. Mackey explica este desacerto histórico com a existência de duas variantes da Lenda, geograficamente implantadas. Os maçons operativos do sul de Inglaterra criaram a Lenda atribuindo a Athelstan o mérito do estabelecimento da regulação da construção e, portanto, atribuiram-lhe o restabelecimento da maçonaria em Inglaterra. A Nortúmbria fica no norte de Inglatrra. Os maçons operativos do Norte de Inglaterra teriam criado a sua própria versão da Lenda, atribuindo esse restabelecimento a Edwin da Nortúmbria - até com a "vantagem" de trezentos anos de avanço... As duas tradições orais terão coexistido até que as voltas e reviravoltas da transmissão oral terá propiciado a fusão das duas versões, mantendo o Edwin do Norte (e atribuindo-lhe o mérito da Assembleia de York, retirado a Athelstan), mas "fazendo" de Edwin filho (historicamente inexistente) de Athelstan... Enfim, a Realidade embelezada pela Lenda... Fontes: Wikipedia:

Page 732: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

33

Athelstan: http://pt.wikipedia.org/wiki/Athelstane_de_Inglaterra Edwin:http://pt.wikipedia.org/wiki/Edu%C3%ADno_da_Nort%C3%BAmbria The History of Freemasonry, Albert G. Mackey, GramercyBooks, New York Rui Bandeira

Page 733: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

34

A Água

November 01, 2009

Apenas os votos de bom fim de semana, sem mais.

Está tudo aí. É só ver !

Embedded File ()

JPSetúbal

Page 734: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

35

A Lenda do Ofício - análise crítica: conclusão

November 04, 2009

Feita a viagem pelos caminhos da Lenda do Ofício, com paragens nos vários apeadeiros que o fluir do tempo foi proporcionando, é tempo de fazer o balanço do que se aprendeu com a jornada, recolhendo esses ensinamentos para uso no prosseguimento da exploração da vereda de nossa vida. Já em vários dos específicos comentários aos diversos trechos da Lenda chamei a atenção para uma das suas caraterísticas: o aparecimento frequente de anacronismos históricos, no entanto explicáveis por refletirem concretizações de arquétipos, personificações de factos

Page 735: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

36

praticados por anónimos, reflexos de evoluções coletivas. Os anacronismos detetados constituem, evidentemente, entorses (ou quiçá mesmo valentes caneladas...) em relação à verdade histórica. É por isso que se trata da Lenda do Ofício, não da História do dito... Mas, se essas entorses existem e são visíveis, pudemos verificar que normalmente corresponderam, porém, a artifícios de narrativa condizentes com o plano de fundo da evolução histórica. Cobriu-se, várias vezes, a nudez forte da Verdade Histórica com o manto diáfano da Fantasia, embelezando, compondo, agrinaldando, imaginando o que mais seco, duro, quiçá desinteressante, ou até não perfeitamente conhecido, realmente terá ocorrido. Enfim, a Lenda não é, seguramente História, mas reflete-a. A modos que um Romance Histórico. Todos, ao lê-lo, sabemos que não constitui a exata Verdade Histórica, mas com ela se aparenta, dela flui e com ela se relaciona. E, afinal, há horas para tudo: horas para ler e estudar a História pura e dura e horas para ler e apreciar Lendas, Narrativas e Romances, que bem sabemos não corresponderem inteiramente à verdade factual, mas que apreciamos pela acrescida graça e pelo estímulo da nossa fantasia e imaginação. Não sabemos exatamente como as coisas se passavam no lugar X, no tempo Y, com a pessoa Z, mas porventura terá sido assim, nas circunstâncias assado, com a atuação frito e os resultados cozido... Não sabemos se é exatamente correto, mas, pelo menos é mais nutritivo para a nossa Imaginação...

Page 736: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

37

Outra caraterística a realçar na Lenda é a progressiva concretização e focalização que dela decorre. Adverti que, para os maçons operativos medievais, era comum utilizar-se Maçonaria como sinónimo de Geometria, pura ou aplicada em Arquitetura, por si ou concretizada em Construção. Mas se verificarmos bem, não só o termo Maçonaria é, na Lenda, sucessivamente utilizado com esses significados, como evolui na sua utilização ao longo da mesma, das épocas mais distantes para as mais recentes e à medida que a narrativa se aproxima do lugar da sua criação, a Inglaterra. É assim que, no início da narrativa, dedicado aos tempos antediluvianos, Maçonaria é sinónimo de Geometria, e assim continua até à narrativa de Euclides. Quando se chega à narrativa da edificação do Templo de Salomão, o termo Maçonaria começa a ser utilizado com o significado de Arquitetura e construção. E, com a entrada da narrativa pela Europa, cada vez mais o termo se refere a Construção, pura e dura e já nem sequer tanto a Arquitetura. Quando a narrativa desagua em Inglaterra, é já, claramente, este o uso do termo, detendo-se então a Lenda na descrição da criação da organização das regras da arte de construir, da organização do agrupamento profissional dos construtores "oficiais", regras e deveres que deviam cumprir. A Lenda evoluiu da Antiguidade mais longínqua para os tempos mais recentes, com um similar movimento de evolução da utilização do termo Maçonaria do geral para o particular do

Page 737: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

38

ofício da construção propriamente dito. Finalmente, ressalta de toda a narrativa o Orgulho que constituía para os construtores em pedra o estarem integrados num grupo profissional organizado, com regras, com princípios, com conhecimentos recebidos e acrescentados e aperfeiçoados desde tempos imemoriais. A Lenda do Ofício foi a narrativa de exaltação de uma associação de profissionais e da sua atividade. Com a evolução da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa, deixando as Lojas de serem locais de trabalho, ou de regulação do trabalho ou das respetivas regras, e passando a ser locais de convívio fraterno e de trabalho, já não de construção de coisas, mas de construção e aperfeiçoamento dos autores das coisas, de Homens, esse legítimo Orgulho dos maçons operativos não é esquecido. E a Lenda do Ofício continua a ser lembrada pelos Maçons modernos, especulativos, como narrativa respeitante a um ofício que foi, mas sobretudo como símbolo da evolução humana. Na Lenda fala-se de conhecimentos para construir palácios e templos, castelos e cidades, muralhas e torres. E com ela aprendemos que também similar evolução existiu, ao longo dos tempos, na ética dos Homens, que idênticos princípios de cooperação e organização podem inspirar o trabalho de aperfeiçoamento de cada Homem, que também a construção do Templo dentro de cada um de nós se faz, embora sem pedras nem ferramentas para as aparelhar e

Page 738: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

39

pousar, com regras, com o cumprimento dos deveres queaprendemos e apreendemos serem imanentes aos homensjustos e leais e de bons costumes. O Ofício será porventura já de outra natureza; mas a Lenda,essa, permanece e continua a ser motivo de Orgulho paratodos nós, maçons, como lembrança do que a Humanidade foie do que cresceu, e do que evoluiu e esperança do que,melhorando cada um de nós a si próprio, a Humanidademelhorará e evoluirá. A Cadeia de União entre os maçons é constituída pelos elosexistentes em todo o globo, mas vem sendo forjada eaperfeiçoada desde tempos imemoriais - desde os tempos emque analfabetos trabalhadores construíam, por suas mãos,incríveis edifícios, que hoje nos espantam como puderam serconstruídos sem os meios técnicos hoje conhecidos. Nós, os maçons, orgulhamo-nos de descender dessesconstrutores de antanho. De todos, desde os mais sabedoresaos mais rudes e incultos. Rui Bandeira

Page 739: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

40

Você sabia que...

November 09, 2009

Este "Você sabia que..." vem com um atraso considerável (3 dias !). Para os que já se habituaram à minha lenga-lenga pr'ó fim de semana terão desta vez um novo paradigma (esta está tão na moda que não resisti... "um novo paradigma"... não digam que não é bonito !) que é uma lenga-lenga prá semana. Como de costume trata-se de um vídeo/texto enviado por um amigo do tempo dos calções para o qual peço a Vossa paciência para a adaptação à realidade portuguesa. É da autoria de um brasileiro (escrito em brasilês...) e naturalmente com números e exemplos da realidade brasileira, mas em todo o caso muito interessante. É a chamada de atenção para uma realidade que ninguém põe em destaque, mesmo constituindo a parametrização de toda a nossa vida próxima futura. Políticos de todos os setores, técnicos de todas as profissões, população em geral interessada ou distraída, todos... mas todos mesmo passam ao lado das questões que aqui são afloradas. Uns por desinteresse, outros por desconhecimento puro e simples, mas outros (e não são poucos) por comodismo preferem assobiar para o ar e ir andando como se nada se estivesse a passar no mundo. Mas passa !

Page 740: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

41

Digamos que preferiria oferecer-Vos um tema mais simpáticopara a semana de trabalho, chuva e frio que aí vem, mas"prontes", sei que é "bué da chato", mas às vezes convém serassim, "bué da chato". Como dizia o Zeca... "o que faz falta é avisar a malta " ! Estou a avisar ! Embedded File () Hoje vão votos de boa semana, se possível com pouca chuva,pouco frio e muito trabalho produtivo. JPSetúbal

Page 741: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

42

O Símbolo Perdido

November 11, 2009

O Símbolo Perdido, da autoria de Dan Brown e recentementepublicado, conta uma história que se desenrola em torno daMaçonaria e dos seus símbolos existentes na capitalamericana.

Desde o megassucesso de O Código Da Vinci que os livros deste autor americano, até aí relativamente desconhecido, são objeto de grande curiosidade por parte do público. Estou em crer que se venderam mais exemplares de livros anteriores ao Código da Vinci (Anjos e Demónios, Fortaleza Digital, A

Page 742: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

43

Conspiração) depois da publicação da emblemática novela de aventuras sobre os alegados segredos escondidos na Última Ceia, de Leonardo da Vinci, do que aquando da publicação original dos respetivos volumes... Hoje por hoje, juntar uma novela de Dan Brown e a temática da Maçonaria é êxito editorial garantido. Os exemplares do livro vendem-se como pãezinhos quentes. A historieta decorre ao estilo do escritor, em ritmo rápido, de leitura fácil e viciante. Na minha opinião, a trama de O Símbolo Perdido tem uma qualidade superior à de O Código Da Vinci. Este, aliás, pese embora o enorme sucesso que teve, em meu entender não passa de uma cópia da estrutura do anterior Anjos e Demónios. Já O Símbolo Perdido revela uma estrutura narrativa diferente, mas igualmente atrativa, embora não isenta de inconsistências (sem revelar o enredo, para quem ainda não leu, a intervenção da alta funcionária da CIA, que se revela fundamental no desenvolvimento da história, não está logicamente justificada: não se entende como teve ela acesso ao vídeo que a alerta para a "emergência de segurança nacional", que estava guardado no computador portátil do vilão e não fora ainda por este enviado para a Internet, pois o mantinha em rigoroso sigilo até ao momento que projetava ser o adequado...). Mas, inconsistências à parte, é uma história que prende o leitor e se lê com algum agrado. Dan Brown não é maçom - ele próprio o declarou, nas entrevistas de divulgação e lançamento deste seu livro. No

Page 743: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

44

entanto, ressalta do seu livro que simpatiza com os princípios maçónicos e que reconhece valor à instituição. Este seu livro é simpático para a Maçonaria, dando dela uma visão completamente diferente das distorcidas e mentecaptas teorias da conspiração que por aí campeiam. No entanto, enquanto maçom, entendo que, em relação à Arte Real, o mais importante, neste livro, não é a trama aventurosa da história, nem sequer a visão positiva da Maçonaria que o seu autor dá. Dois outros aspetos captaram a minha atenção e considero relevantes. O primeiro é o profundo conhecimento que o profano Dan Brown revelou da Maçonaria. Com exceção de uma pequeníssima imprecisão (aliás anotada pelo revisor da edição portuguesa), o que Dan Brown descreve, refere, explica, é basicamente... certo! O que confirma uma tese que há muito venho defendendo: pese embora toda a repetida lengalenga de que a Maçonaria é uma sociedade secreta, pesem embora as numerosas variações sobre o sempre repetido tema do segredo maçónico, tudo o que respeita à Maçonaria está publicado e ao alcance de qualquer interessado em saber, em conhecer, os profundos e excelsos segredos dos maçons. É certo que, como também normalmente refiro, tudo o que está certo encontra-se rodeado de impressionante quantidade de lixo, mentiras e irrelevâncias... É certo que a grande dificuldade está em conseguir distinguir o certo e relevante da fantasia, da invenção, da picuinhice sem interesse nenhum... Mas Dan Brown, ao escrever este livro, provou que um profano

Page 744: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

45

estudioso, determinado e dotado de bom senso consegue aceder ao que verdadeiramente é a Maçonaria. O segundo aspeto que captou a minha atenção é que a trepidante história... acaba para aí umas cinquenta páginas antes do fim do livro! As sortes do vilão, da "emergência de segurança nacional", dos protagonistas, ficam todas reveladas cerca de cinquenta páginas antes do fim do livro. Pois bem: porventura alguns não concordarão, de todo, comigo (e estarão no seu pleníssimo direito, sem qualquer ponta de vestígio de desapontamento da minha parte) mas, na minha opinião, são estas cerca de cinquenta páginas depois de a aventura acabar que valem a pena! A aventura, o suspense, o ritmo cinematográfico, ficaram para trás, a nossa curiosidade ficou satisfeita e... para quem quiser ler com olhos de ler, quem quiser refletir e não apenas olhar... é nessas cerca de cinquenta páginas que está matéria que merece reflexão. Quem o fizer, quem refletir, quem aprofundar dentro do interior de seus pensamentos e meditação, algumas passagens do que naquelas cerca de cinquenta páginas "sem" ação está, chegará porventura a conclusões inesperadas - ou não... Quiçá cada um chegue a conclusões diferentes do parceiro do lado. Mas talvez deva ser assim mesmo! Gostei, por isso, de ler O Símbolo Perdido. Não por falar de Maçonaria. Mas por se me ter revelado não ser apenas uma história de aventuras, apta a dar uma adaptação jeitosa para o cinema. Ser também um pouco de alimento para o espírito, de

Page 745: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

46

elemento para reflexão. E isso, na minha cartilha, é que defineum bom livro! Rui Bandeira

Page 746: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

47

O MURO

November 15, 2009

Festejou-se no dia 10, com toda a pompa e circunstância a chamada “Queda do Muro de Berlim”. Juntaram-se Presidentes e Primeiros Ministros, fizeram-se discursos, cantou-se vitória sobre o fim da divisão física da Alemanha. É bom que se lembre o muro de Berlim, o que ele significou enquanto existiu, todos os que morreram por se aproximarem dele na ânsia da fuga a um regime ditatorial, policial, opressor. É bom que se faça isso. A memória dos homens é fraca demais e a tendência para o laxismo é constante.

Page 747: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

48

Por isso é bom que se provoquem estas recordações, mesmo que com a pompa e circunstância que, se calhar, seria dispensável. Quem viveu em Portugal antes de Abril de 1974 sabe interpretar bem o que significou, para os alemães, o derrube do muro de Berlim. A questão é: - e será que o muro foi mesmo abaixo ? - completamente ? Quem vai à Alemanha e aborda o assunto com alemães (especialmente com os que viviam na parte Ocidental) apercebe-se facilmente que ainda há "muito muro para derrubar". Não vai ser fácil, não… e já lá vão 20 anos ! Entretanto outras preocupações nos ocorrem ao assistir a estas cerimónias, preocupações que decorrem de ver que vários dos que festejam esta vitória da liberdade estão, eles mesmos, a construir os seus próprios muros de opressão (não há volta a dar, estes muros são e serão, sempre, uma opressão sobre os povos !). Como Maçons temos a Liberdade como base. Claro, a Fraternidade e a Igualdade também. É dos livros. Está nas regras básicas. Quem não aceitar estes princípios não pode ser reconhecido como Maçon.

Page 748: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

49

Os problemas relacionados com a estas três grandezas da natureza humana são problemas maçónicos e, pelo menos como tal, devem constituir uma preocupação de todos nós. Daí eu vir aqui ao assunto. E venho porque me assaltaram dúvidas relativamente à validade de algumas ações e discursos que foram anunciadas. Soube-me a muito pouco o que se disse, a quase nada o que se fez e a zero o resultado. Não ouvi qualquer referência aos outros “muros da vergonha” que se vão construindo por toda a parte. O Sr. Bill Clinton esteve na cerimónia. O que disse ele acerca dos muros construídos e em construção na fronteira USA/México, nas fronteiras Israel/Cisjordânia ou Gaza ? E os restantes Presidentes que compareceram à fotografia que palavras (e já não vou ao ponto de perguntar por ações) tiveram para condenar os muros em Espanha, em Marrocos, na Rússia, entre as Coreias, no Iraque, na Índia, na China, na Brasil entre favelas…, …, … E muitos, muitos outros ! E mais, e mais importantes. Os muros invisíveis ao olhar que acabam justificando os anteriores. Quais são ? O muro da injustiça; O muro das desigualdades;

Page 749: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

50

O muro da corrupção, dos compadrios; O muro das vaidades, da arrogância, da desresponsabilização; O muro do analfabetismo; O muro da miséria moral e física que anda (?) pelas esquinas, túneis e buracos das grandes cidades; Os muros… tantos, tantos… tantos são os muros a que nenhum daqueles dirigentes se referiu. Brindaram a um que está em vias de ir completamente abaixo (dizem que já foi) e não falam naqueles que estão, diariamente, a ser erguidos. Porquê ? E não há muro que não seja uma prisão ! Esta é, tem que ser, uma preocupação maçónica. Muitos mais muros da vergonha que poderíamos nomear e que nos rodeiam diariamente, sem que façamos seja o que for para os derrubar. Pelo contrário, até os acrescentamos com “tijolo” da nossa laia. Sob que direito humano se fazem as coisas assim ? Meus Amigos, todos estes muros são para derrubar. Urgentemente. E nós temos responsabilidades nisso. Não é fácil ? Pois não ! Até é mesmo muito difícil. Mas se fosse fácil nós não faríamos cá falta nenhuma. Outros tratariam de resolver o problema.

Page 750: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

51

Se cá estamos é porque há dificuldades. E na nossa tarefa detrabalhar a pedra que finalidade mais humana (mais Livre, maisFraterna, mais Igual) do que esta de abrir horizontes, nãofechá-los ? JPSetúbal

Page 751: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

52

Versão brasileira de "Cinco motivos para NÃO SERmaçom"

November 18, 2009

Publicado no A Partir Pedra em 10 de abril de 2007, o texto Cinco motivos para NÃO SER maçon vem, desde então, e ano após ano, a ser o texto mais lido do blogue. Sugiro que o leitor siga agora o atalho que coloquei no seu título e o leia ou releia, para melhor apreciar o que vem aí. E o que vem aí é uma versão criada especificamente para o Brasil e a realidade brasileira desse texto. É seu autor o Irmão N.·. A.·. S.·. (ele, se assim o entender, mais completamente se

Page 752: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

53

identificará; eu não o faço, pois respeito o compromisso denunca revelar a identidade de um maçom, que não se tenhaantes publicamente identificado como tal e não sei se talsucedeu com este Irmão), Mestre Instalado da A.·. R.·. L.'. M.·.Justiça e Liberdade, nº 13, a Oriente de Aracaju - Sergipe. O autor desta versão teve a fineza de ma enviar e deu-meautorização para aqui a publicar, o que muito lhe agradeço. Aqui deixo, pois, a versão para o Brasil e realidade brasileirade

CINCO MOTIVOS PARA NÃO SER MAÇOM

1. INFLUÊNCIA POLÍTICA - PODER Ao contrário do que muitos pensam, a Maçonaria Universal, pelo menos a Maçonaria Regular, não detém mais influência junto ao Poder Político, como ocorreu no passado, do que qualquer outra instituição social, a exemplo das igrejas praticantes dos mais variados credos religiosos, sindicatos classistas, movimento dos "sem terra" e outros do gênero, porque a maçonaria nada tem a ver com política partidária, nem com os políticos inescrupulosos que infestam a sociedade, nos dias de hoje. A única influência que a Maçonaria pode exercer, nesse sentido, quando age e pensa como maçonaria, é apenas a influência de ordem moral, pelo exemplo efetivo dos seus membros, através da aplicação dos seus princípios fundamentais, apregoados ao longo dos

Page 753: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

54

séculos. Engana-se, pois, quem pensa que, ao agregar-se à Maçonaria, através dela, pelo respeito que ela ainda inspira, terá livre acesso aos corredores do Poder. Aliás, uma das coisas que o maçom logo observará, quando fizer uso do bom senso e da sabedoria maçônica, é que esse famigerado Poder é mais ilusório do que real, além de efêmero e corruptor dos bons costumes, com o esclarecimento adicional de que, num ambiente democrático qualquer, conscientemente, deverá ficar bem claro que o Poder só conferirá autoridade àquele que os demais indivíduos membros admitirem reconhecer e permitir. Em Loja Maçônica Regular, entretanto, o detentor do Poder e condutor das decisões, em razão da autoridade conferida pelos seus membros ativos, é o Venerável Mestre, com a observação oportuna, de que todos os Mestres que sentam na Cadeira do Rei Salomão, paradoxalmente, não possuem mais direitos do que o Aprendiz mais recente, mas têm, em contrapartida, mais responsabilidades e deveres de que todos os demais Mestres. Ante o exposto, conclui-se, então, que quem busca o perfume do Poder, sem a busca, em primeiro plano, do fiel cumprimento dos seus deveres maçônicos, inclusive sem a consciência de quais sejam as suas responsabilidades, como "parcela ativa" da sociedade, esse certamente não encontrará apoio e guarida na maçonaria, porque na maçonaria, ao contrário do que ocorre no mundo profano, a maior autoridade tem o nome de humildade e é reconhecida como aquela que serve, que transpira fraternidade, age com honestidade e

Page 754: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

55

fomenta a harmonia. 2. INFLUÊNCIA ECONÔMICA - NEGÓCIOS E DINHEIRO Quem pensar que o ingresso na Maçonaria possa representar uma "porta aberta", para se obter contato com as pessoas economicamente influentes, realizar bons negócios e, desse modo, propiciar condições para "subir na vida", pense outra vez, pense melhor até, pois se esse for mesmo o seu propósito, poupe-se ao trabalho e às despesas consequentes, porque dentro da Maçonaria jamais conseguirá fazer negócios diferentes daqueles que faria, estando fora dela. O que todos lhe pedirão, aqui na maçonaria, é que dê algo de si, continuadamente, em prol dos seus semelhantes, sem mesmo cogitar em retorno algum de ordem material e benefícios de ordem pessoal, de qualquer natureza, porque todos os negócios praticados na maçonaria, estão sempre relacionados com a elevação moral e espiritual dos seus membros, através da busca incessante pela sublimação do espírito sobre a matéria e engajamento efetivo dos seus obreiros, no projeto de se construir um mundo social melhor, mais fraterno e mais justo. 3. INFLUÊNCIA SOCIAL - HONRARIAS E RECONHECIMENTO Na Maçonaria Regular, como se sabe, todos os seus membros ativos usam aventais, colares, jóias, emblemas e comendas diversas, mas o verdadeiro maçom considera todos esses utensílios, uns como vestimentas úteis e necessárias à prática

Page 755: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

56

da ritualística maçônica, outros como meros adereços pessoais, sem qualquer significação simbólica ou esotérica, com a observação oportuna, inclusive, a bem da verdade, que o único avental que todos os maçons podem usar, independentemente do seu grau e qualidade, no âmbito da maçonaria simbólica, é o avental do Aprendiz Maçom, com a sua simbologia única, cuja brancura e pureza deve ser preservada, nunca conspurcada pela prática de ações censuráveis, ilícitas ou indignas, de qualquer natureza. As diferenças entre o avental mais rico, o avental bordado e o mais colorido deles, se comparado com o avental branco utilizado pelo Aprendiz Maçom, são só os preços cobrados pelos seus fabricantes, porque todos eles são igualmente importantes e indispensáveis, de uso obrigatório, em todas as solenidades ritualísticas. Por outro lado, um maçom regular não deve ser diferente do outro, no cumprimento dos seus deveres maçônicos, tampouco deve utilizar a autoridade de que é detentor, para usufruir de privilégios especiais, que não sejam os de reconhecimento fraterno e de respeito à autoridade conferida pelo seu cargo, sem a reprovável prática de culto à sua profissão, distinção econômica ou posição cultural, exceto nas múltiplas relações iniciadas ainda no mundo profano, porque o tratamento a ser dispensado, nessas ocasiões, será mesmo o apropriado à sua autoridade profana, mesmo quando se tratar de maçom. Ser reconhecido simplesmente como "irmão maçom", em todos os casos, enfim, é a maior honraria recebida pelo obreiro, independentemente do seu status

Page 756: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

57

social, profissional ou cargo maçônico que ocupe na instituição. 4. BENEFICÊNCIA - AJUDA AO PRÓXIMO O maçom bem intencionado, que, porventura, no seio da maçonaria, insista na procura de instrumento ou maneira de como dar vida ao seu desejo impulsivo de ajudar ao próximo, através de movimentos eminentemente beneficentes, se essa for a principal razão que o move em direção da maçonaria, se é só isso que vê, esse maçom também está muito enganado, porque a beneficência maçônica deve ser vista como mera consequência de um trabalho organizado e comprometido com o bem-estar da humanidade, nunca a causa principal da sua existência, sob pena de se ver prejudicada a sua finalidade primordial. O bem intencionado, seja maçom ou não, ele pode desenvolver esse trabalho meritório junto às organizações beneficentes vocacionadas, sem nunca esmorecer, contudo, no são propósito de auxiliar sempre ao seu irmão necessitado, em tudo aquilo que for necessário e justo. 5. CURIOSIDADE - CONHECER O "SEGREDO MAÇÔNICO" Se a curiosidade, estimado irmão, tem sido o combustível que tem alimentado o seu desejo de continuar maçom, em detrimento da busca permanente pela sua elevação moral e espiritual, através do aperfeiçoamento dos costumes e prática constante da verdadeira fraternidade, como tem ensinado a Sublime Instituição, então não se iluda mais, mude de atitude

Page 757: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

58

logo, porque enquanto pensar desse modo, será um obreirofadado ao insucesso e à indiferença, essa doença insidiosa eletal, que tem atacado as nossas colunas e ceifado a muitos,sem esquecer de que, distante desse espírito maléfico decuriosidade que o envolveu, somente o trabalho, apersistência, a determinação e o querer converter-se emlegítimo construtor social, aliado ao respeito pelas nossastradições, autoridades legalmente constituídas e sistemanormativo em uso, somente nessa condição, o irmão poderáincorporar o modelo de maçom vitorioso e de obreiro que sabepraticar, eficazmente, a verdadeira maçonaria. Rui Bandeira

Page 758: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

59

O obstáculo no nosso caminho

November 21, 2009

De acordo com os meus queridos Manos entrei hoje... emtempo "extra" !

Não sei se é uma fina alusão ao futebol e ao período extra queos árbitros sempre dão após o tempo regulamentarsignificando que o meu "tempo de jogo já acabou", mas se é...tudo bem, eu tratarei de ir preparando o caldeirão para quandoVocês chegarem não ficarem à espera !!!

Entretanto chegou-me, sob a forma de lição (esta é uma de 5)mais um "continho" que Vos passo.

Page 759: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

60

O obstáculo no nosso caminho Em tempos antigos, um rei mandou colocar um enorme pedregulho num caminho. Depois escondeu-se e ficou a ver se alguém retirava a enorme pedra. Alguns dos comerciantes mais ricos do Rei passaram e simplesmente se afastaram da pedra, contornando-a. Alguns culpavam em alta voz o Rei por não manter os caminhos limpos. Mas nenhum fez nada para afastar a pedra do caminho. Apareceu então um camponês, carregando um molho de vegetais. Ao aproximar-se do pedregulho, o camponês colocou o seu fardo no solo e tentou deslocar a pedra para a berma do caminho. Depois de muito empurrar, finalmente conseguiu. O camponês voltou a colocar os vegetais ás costas e só depois reparou num porta-moedas no sitio onde antes estivera a enorme pedra.

Page 760: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

61

O porta-moedas continha muitas moedas de ouro e uma nota a explicar que o ouro era para aquele que retirasse a pedra do caminho. O camponês aprendeu aquilo que muitos de nós nunca compreendem! Cada obstáculo apresenta uma oportunidade para melhorar a nossa situação. Ora bem, para mim trata-se de uma lição bem interessante e que me deixa a pensar. 1 - Primeiro porque sendo gordo não sou propriamente um Obelix; 2 - Segundo porque nunca dei por um pedregulho destes. Uns calhauzitos de quando em vez e vá lá... 3 - Terceiro porque tenho a certeza que se encontrasse mesmo o tal pedregulho e o afastasse, acabava encontrando uma carteira de crise, ... sem chêta ! Ou então, o que não sei se seria mais inteligente, sentava-me e punha-me a lascar a pedra, ponto aqui, ponto acolá, até ela ficar ao meu jeito. E depois, como ainda por cima sou republicano, concluiria que debaixo da pedra estava... nada. Ou será que não é debaixo da pedra que devo procurar... ?

Page 761: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

62

Pois se calhar é isso... não é debaixo da pedra não. Talvez dentro de mim. A ver vamos, "como diz o cego". Tenho esperança que este tempo extra tenha a dimensãodaqueles que os árbitros arranjam quando o Porto está aperder... aquilo dura até eles meterem o golito do empate ! E se fôr assim até pode ser que consiga mesmo encontrarainda alguma coisa. Mesmo que não seja uma carteira. Cá vai. Vou apagar as velas. Grande abraço e bom fim de semana. JPSetúbal

Page 762: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

63

Extra! Extra!

November 21, 2009

O JPSetúbal faz hoje

69 anos!

Como disse certa vez um Presidente da Asssembleia da República... curioso número! Aliás, quando buscava uma imagem para ilustrar este texto, encontrei uma razoável percentagem de imagens brejeiras. Mas este blogue é temático e.. nada recusando das coisas

Page 763: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

64

boas da vida, que os maçons prezam o esoterismo, mas nãosão monges e, portanto, não consideram esoterismoincompatível com erotismo... não é dado a brejeirices! Bembasta pisar (levemente?) o risco com as voltas que o texto deuaté aqui... Portanto, a imagem escolhida para ilustar este texto é alusiva àfamosa "Route 69" americana. Pretende-se com ela simbolizarque este aniversário do JPSetúbal é essencialmente um marcona estrada da vida que ele percorre. Completa agora o JPSetúbal o último ano da década dos"sessenta". Para o ano, entrará na década dos "setenta",desejamos todos que com a mesma boa disposição, agilidadee lucidez, física e mental , com que faz o favor de alegrar evalorizar as vidas dos seus familiares e dos seus amigos. Um Feliz Aniversário e um aprazível novo ano de vida é o quetodos desejamos ao reformado mais ocupado queconhecemos. Três triplos abraços fraternos aqui deixam ao JPSetúbal osamigos Rui Bandeira José Ruah A. Jorge

Page 764: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

65

Maçonaria e Política

November 25, 2009

Em comentário ao texto Versão brasileira de "Cinco motivospara NÃO SER maçom" , Diogo perguntou:

Porque estará tão disseminada a noção de que a integração naMaçonaria confere «influência junto ao Poder Político», queserve para «subir na vida» e «usufruir de privilégiosespeciais»?

De tal forma que leva maçons a escrever - «CINCO MOTIVOSPARA NÃO SER MAÇOM»?

A pergunta é pertinente e é daquelas que merece resposta, nãoapenas em outro comentário mas em texto no espaço principaldo blogue.

Page 765: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

66

Comecemos por aferir da justeza dos pressupostos. É exatoque está tão disseminada a noção de que a integração naMaçonaria confere «influência junto ao Poder Político» ?

Está! É inegável que está! Pelo menos na "opinião publicada".Seguramente nos azedos comentários de anti-maçons ou,mais elucidativo ainda, de adversários políticos dedeterminado partido político português, que, certa ouerradamente, ganhou fama de ser muito influente entre osmaçons.

É óbvio, é evidente que não me agrada esta "tão disseminada"noção. Mas o facto de assim ser não faz com que ela nãoexista e que esteja menos "disseminada". Não o reconhecer éequivalente ao inútil ato, atribuído, quiçá injustamente, àavestruz, de esconder a cabeça na areia. E com os mesmosineficazes resultados!

Penso que as várias centenas de textos de minha autoria queeste blogue leva publicados mostra bem que essa não é aminha postura. Pode concordar-se ou discordar-se das ideiasque aqui exponho. mas, com justiça, não posso ser acusadode fugir ao debate ou às questões incómodas! Vou portantoensaiar aqui dar a minha resposta, não sem antes deixar bemclaro que, na mesma, não se deve ver qualquer juízo de valorem relação a outras organizações que não aquela em que meintegro, nem aos seus aderentes. Vou limitar-me a referirfactos, tal como os conheço, e a extrair deles as minhasconclusões.

A Maçonaria Universal tem duas grandes variantes.

Uma delas é a Maçonaria Regular, por alguns também designada "de inspiração anglo-saxónica". Considera-se a

Page 766: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

67

verdadeira Maçonaria. Reclama-se de ser a seguidora direta das quatro Lojas que, em 1717, fundaram a Grande Loja de Londres, que declara a Grande Loja fundadora da moderna Maçonaria especulativa, erigida sobre as fundações da antiga Maçonaria operativa. Não abdica de dois princípios essenciais: a crença num Criador, qualquer que seja a designação que cada um lhe dê ou a religião que cada um professe, que designa por Grande Arquiteto do Universo, e a sua vocação exclusiva de se destinar ao aperfeiçoamento individual, moral e espiritual, dos seus membros. Como corolários destes dois grandes princípios, resultam a proclamação do eminente valor da Tolerância, no sentido de que se deve reconhecer ao Outro o direito às suas ideias e à expressão delas, ainda que delas profundamente se discorde, pois as ideias rebatem-se com argumentos, não com proibições ou ostracismos; a consideração de que as mudanças a que o maçom deve aspirar são as que reconhece dever haver em si próprio, não havendo lugar, enquanto maçom e enquanto Maçonaria, a intervenção na Sociedade, muito menos de caráter revolucionário, limitando-se a única intervenção do maçom na sociedade ao exemplo que der pela sua conduta, atuando o maçon e a Maçonaria sempre no estrito respeito da Legalidade vigente em cada lugar; a recusa de intervenção política, enquanto maçom ou enquanto Maçonaria, pois a luta política deve ser estranha à Fraternidade entre maçons e o respeito pelas ideias do Outro implica que cada maçon é livre de, individualmente, ter as posições que entender e, enquanto cidadão, intervir politicamente como quiser, não havendo lugar a qualquer "indicação" política ou "congregação" de vontades

Page 767: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

68

políticas. Outra variante é a que costumo designar de Maçonaria Liberal, ancorada na evolução sofrida pelo Grand Orient de France, na sequência de vários fatores: rivalidade franco-britânica, evolução das condições sociais em França (Revolução Francesa), inserção dos atores políticos na Maçonaria. Esta outra variante é em quase tudo consentânea com a primeira, com duas importantes exceções: por um lado, aceita a presença de agnósticos e ateus nas suas fileiras, fundamentando tal opção no princípio da Liberdade de Consciência e na não ingerência na convicção alheia (elevando o corolário da Tolerância ao primado de princípio, gerador, por sua vez, de um outro corolário, o laicismo); o entendimento de que a missão principal da Maçonaria é a melhoria da Sociedade (e não apenas dos seus membros, individualmente considerados), cabendo à Maçonaria pugnar pela realização da trindade essencial dos princípios políticos (Liberdade-Igualdade-Fraternidade) e trabalhar pela sua aplicação na Sociedade, mesmo por meios revolucionários, se tal se justificar, designadamente por inexistência de regime político democrático. Como é sabido, a evolução histórica em Portugal ocorreu no sentido de que, muito cedo, a Maçonaria que se implantou e, durante muitos anos, em exclusivo existiu no País, foi a desta última variante. Não é segredo para ninguém que o Movimento Republicano foi

Page 768: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

69

fortemente influenciado pelos Maçons da época, podendo mesmo dizer-se, creio que consensualmente, que a Revolução Republicana de 1910 foi fortemente influenciada, para não dizer mais, pela Maçonaria da vertente liberal. Os principais políticos da I República foram - é sabido - maçons liberais. A esta luz, percebe-se melhor que, no dealbar do salazarismo, uma das medidas tomadas tenha sido a proibição da Maçonaria. Esta, sempre na sua vertente liberal, no entanto, foi conseguindo existir clandestinamente, com ligações aos opositores do regime de Salazar e, mais tarde, de Caetano. Restaurada a Democracia e novamente legalizada a Maçonaria, liberal, esta era constituída essencialmente por velhos republicanos e políticos e outros opositores ao regime derrubado. A nova ordem política pós-25 de Abril incluiu, em lugares de destaque, maçons liberais. Que se rodearam de quadros mais jovens que, atraídos para a política, também inevitavelmente o eram para a Maçonaria liberal. A vocação de intervenção política e social da Maçonaria Liberal pôde voltar a concretizar-se, após o derrube da Ditadura. Só há cerca de 20 anos, foi introduzida formalmente em Portugal a Maçonaria Regular. Esta não tem, enquanto tal, qualquer intervenção política. Não é, assim, um local especialmente apetecível para políticos e candidatos a políticos. Mas mais de um século de intervenção política da Maçonaria liberal deixaram marcas. Não admira que o comum das

Page 769: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

70

pessoas associe uma Maçonaria, a liberal, que assumidamente considera ter um campo de intervenção útil na Política, a «influência junto ao Poder Político» - particularmente quando, historicamente, a teve! Quanto ao "subir na vida" e aos "privilégios especiais", são fatores associados, no imaginário corrente, aos políticos, seus privilégios e idiossincrasias e, inevitavelmente, foram, nesse imaginário comum, por associação também aplicados à Maçonaria com atividade política, a liberal. A Maçonaria Regular, aquela em que me incluo e se incluem os elementos da Loja Mestre Affonso Domingues, integrante da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, contrariamente ao ramo liberal, não tem intervenção política. Postula como seu objetivo o aperfeiçoamento individual dos seus membros. Forma consciências. E cada um, segundo a sua consciência, como livre-pensador que é, intervém onde entende, como entende, se entende. Agrupando livre-pensadores, a Maçonaria Regular não tem a pretensão (logicamente votada ao fracasso...) de pretender que esses livre-pensadores pensem todos de forma igual - por isso considera não ser sua vocação a intervenção política que, para existir de forma minimamente eficaz, implica alguma concordância de pensamento. Atento o lastro histórico que existe decorrente da antiguidade da implantação da Maçonaria liberal no nosso País, é inevitável a existência da associação entre Maçonaria (liberal) e Política. A Maçonaria Regular, tendo uma firme orientação diferente, necessita de esclarecer bem a sua posição. Não quer que

Page 770: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

71

ninguém se interesse pelos seus princípios induzido em erropelos condicionalismos históricos. Daí que esclareça,cuidadosamente, a questão. Daí que escreva e publique textoscomo Cinco motivos para NÃO SER maçom! Rui Bandeira

Page 771: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

72

O Gato

November 27, 2009

Todas as noites, quando o guru se sentava para fazer aspreces, o gato do ashram entrava e perturbava os presentes.Por isso, o guru mandou que o gato ficasse amarrado duranteo serviço da noite.Depois de o guru morrer, o gato continuou a ser amarradodurante o serviço da noite.E, quando o gato morreu, foi trazido outro gato para o ashram,para que pudesse ser devidamente amarrado durante o serviçoda noite.Séculos depois, eruditos tratados foram escritos pelosdiscípulos do guru sobre o significado liturgico de se amarrarum gato durante a realização do serviço religioso.

Page 772: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

73

Amigos... AMIGOS ... sempre

November 28, 2009

Estamos a falar de Amigos. De AMIGOS !E amigos são todos os que aqui vêm.E os amigos não têm de concordar sempre.E os amigos também discutem.Mas... os amigos não deixam de ser amigos.

Este pequeno vídeo dá-nos uma indicação de como é possívelos animais entenderem-se.

Os animais de 4 patas... quanto aos de 2... muita água tem decorrer ainda.

De qualquer forma a minha intenção às 6. feiras (ou aoSábado... ou ao domingo... consoante a oportunidadedisponível) é deixar um toque de boa disposição para o fim desemana.

Eu repito... "intenção" ! Se o objetivo é conseguido ou não, éoutra conversa e depende mais dos leitores do que do escriba.

Se for possível, ótimo, se não for assim... continuemos atentar.

Há milhões de vídeos, power-point's, sonetos, poemas, versos soltos e "presos", cantigas e músicas, pimbas e óperas,... eu sei lá o que há por esse universo à volta para glorificação da Amizade, e para mostrar exemplos, e para ensinar a ser amigo (como se isso se aprendesse em curso com manual e tratado), e para mais uma data coisas que não têm nada a ver com a

Page 773: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

74

Amizade de verdade que simplesmente se cria ou não se cria,se merece ou não se merece, e ponto final.

A sugestão agora é uma voltinha no vídeo que aí vai:Embedded File ()

Posta esta estorinha do vídeo, segue um complemento.

Convém esclarecer que tudo (ou quase...) do que para aquitrago é material fornecido gratuitamente por... ... amigos, claro,que diariamente e muitas vezes noturnamente, me enchem acaixa do correio com "tretas" de grande utilidade e algumas deenorme beleza.

Obrigado a todos..

Caros Amigos... bom fim de semana. Divirtam-se e cuidadocom os amigos.

JPSetúbal

Page 774: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

75

Fanfarra para o homem comum

December 02, 2009

Aaron Copland, compositor

Esta é uma das peças musicais minhas preferidas. Não édemasiado longa - menos de três minutos. Transmite umasensação de solenidade. É executada sem a intervenção donaipe "nobre" da orquestra - as cordas -, que cede a primaziaaos usualmente secundários metais e à percussão. É umapeça musical que se destina a ser executada, não pelas"estrelas", mas pelos "carregadores do piano" (instrumentoque, afinal, nem sequer faz parte da orquestra sinfónica...).

Mas o que me atrai primordialmente nesta peça musical é o seu nome: FANFARRA PARA O HOMEM COMUM. Não para o especialista, não para o melómano, não para o solista, não para o génio executante, não para o emblemático compositor.

Page 775: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

76

Simplesmente para o homem comum! Para mim, que istoescrevo, para si, que isto lê, para o analfabeto e para o culto,para o rico e para o pobre, para o novo e para o velho - para ohomem comum, em todas as suas vertentes. Não para o que sedestaca - para o que se mistura e confunde na imensa multidãoda Humanidade!

A que propósito vem isto num blogue temático sobre aMaçonaria?

Muito simplesmente porque esta - ao contrário do que porvezes se pensa - também não se destina aos iluminados, à"nata" da sociedade, aos privilegiados. A Maçonaria - que éessencialmente um método e um meio de aperfeiçoamentopessoal, nas vertentes moral e espiritual - destina-seessencialmente ao Homem Comum! Ao Homem Comum deboa vontade, interessado em melhorar, em evoluir, em crescer.A Maçonaria recebe, e ajuda a desenvolverem-se, homenscomuns. Para que se tornem melhores! Provavelmente, porassim se tornarem, para se transformarem em homensincomuns. Mas com o propósito último de que, de tantos vir amelhorar, fazer com que os incomuns venham a ser,verdadeiramente, e simplesmente, comuns!

Rui Bandeira

Embedded File ()

Page 776: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

77

Qual o Papel dos Maçons na Guerra Civil Americana ?

December 04, 2009

Sabe o Leitor ? Eu tambem não. Mas Michael Halleran sabe. E como sabe, aliás essa é uma das suas especializaçoes, decidiu publicar um livro a sair em março de 2010. Como Michael é nosso amigo fez o favor de nos informar desse facto e mandou-nos o site onde iniciou a divulgação do Livro. Mas o autor é mesmo muito nosso amigo, e decidiu obsequiar este blog ( através de mim) com a possibilidade de publicarmos em fevereiro uma peça sobre o livro pelo que vai mandar um exemplar. Quem estiver interessado pode desde ja fazer a encomenda no site do livro e que é: http://michaelhalleran.com José Ruah PS: esta mensagem é a 999 publicada neste blog ( se ninguem

Page 777: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

78

publicar nada entretanto)

Page 778: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

79

Texto 1001

December 06, 2009

O Zé Ruah fez questão de alertar para o número de ordem do texto em que refere o livro sobre a "influência dos maçons na guerra civil americana". E esse texto tem o número de ordem 999 ! Daí este ser o 1001 !!! Óh meu querido leitor, até podia ter razão. Não lhe levo nada a mal essa de me chamar burro por, aparentemente, não saber contar até 1000. As minhas qualidades natas levam-no, naturalmente, a pensar assim, mas desta vez não tem razão. Sei contar até 1000 sim senhor... Enfim, não saberei muito mais... mas até 1000 ainda lá vou. O que acontece é que o texto 1000 tem de ser, de direito mais que pleno, do Rui. Portanto, façam o que quiserem com a Matemática, com a Adição e as suas propriedades (na verdade não sei se isso ainda existe !), mas tem de ser.

Page 779: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

80

Neste Blog vai ser 999+1= 1001 . O 1000 vai ter que esperar o regresso do Rui, que foi até Paris (aquele "Paris da França", sabem qual é ?) de visita aos nossos Irmãos da R:. Loja:. Fraternidade Atlântica, e quando vier fará então a edição do post 1000. Ele merece-o mais do qualquer outro de nós, portanto ficam a saber que desta vez o texto 1001 irá ficar antes do 1000. O respeitinho é muito bonito e o "chefe" é que manda... É assim ! A nossa vontade pode bem surpreender a Matemática. É só querermos ! E para não se armarem em espertos (sim, porque vocês são muito capazes disso), eu considero que esta regra (passageira) que aqui imponho é, enquanto durar, um axioma. Escusam de vir com pedidos de demonstração porque não se safam. Era o que faltava. Pronto, explicada que está a sequência numérica dos textos nesta fase do "A Partir Pedra" aqui vos deixo mais um entretem para o fim de semana, que desta vez até é prolongado considerando a hipótese de uma "pontezinha" na 2ªfeira. E a "laracha" desta vez tem mesmo a ver com o respeitinho... que é muito bonito, e Domingo só há um por semana ! Ora vejam com atenção o vídeo e digam lá se é, ou não, como

Page 780: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

81

eu digo. Embedded File () E posto o respeitinho na ordem aqui vos deixo o meu votohabitual: - Bom fim de semana, mesmo com a chuva toda que aí vem.Aproveitem, fiquem no quentinho do borralho, atenção àscorrentes de ar... Não se esqueçam que a gripe anda aí.Cuidado com ela. Isto parece conversa da minha Avó... Abraço. JPSetúbal

Page 781: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

82

O milésimo (e um) é da Fraternidade (Atlântica)

December 09, 2009

O nosso sempre muito apreciado JPSetúbal dispôs-se,magnanimamente, a efetuar provisória torcedela nasimemoriais regras da Aritmética (uma das ciências que, porgosto, tradição e inerência os maçons cultivam), de forma aque a 999 anunciasse que se seguia 1001, deixando"reservado" o (simbólico) milésimo texto para o meu humildeteclado.

Assim simbolicamente (outro algo em que os maçons trabalham) se suspendeu o milésimo texto até à minha

Page 782: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

83

anunciada chegada de Paris, não no bico de lendária cegonha(que sou demasiado grandinho e... "usado" para tal meio detransporte), mas em prosaica viagem de avião.

Agradeço penhoradamente a atenção e a intenção, mas julgoasado repor aqui a normalidade aritmética, por duasigualmente importantes razões, que de imediato exponho.

A primeira é que o número 1000 não deve, a meu ver, serapenas encarado como um mero número redondo; devetambém ser visto como a pedra (laboriosa, persistente einteressadamente partida) de fecho do ciclo constituído peloprimeiro, espero que de muitos, milhar de textos. E, nessesentido, quem precisamente foi adequado para, muijustamente, colocar essa pedra de fecho foi o mesmo que tevea iniciativa de, acolhendo ideia consensualizada a três,avançar com a criação deste blogue e nele publicar o seuprimeiro texto , no dia 4 de junho de 2006. Faça o leitor o favorde seguir o atalho e verificar com os seus próprios olhos quemfoi: é isso mesmo, foi o nosso estimado JPSetúbal!Assentemos, pois e então, que o magnanimamente intituladoTexto 1001 é, afinal, com toda a Justiça e o devido rigoraritmético, o milésimo texto, a tal pedra de fecho da abóbadado primeiro milhar de textos, adequadamente colocada poraquele que partiu e pôs no seu devido sítio a primeira pedra.

A outra, e não menos importante, razão é que este texto que agora lê é dedicado à nossa muito estimada Loja-gémea, a Respeitável Loja Fraternidade Atlântica , n.° 1267 da Grande Loge Nationale Française . Ora, a esta nossa apreciada Loja-gémea não se dedica um texto de fim de ciclo. Tem ela todo o direito e todo o nosso carinho de lhe ser dedicado um

Page 783: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

84

texto de INÍCIO de ciclo, de início de novo milheiro, um texto virado para o futuro e não apenas encerrando um, ainda que agradável, passado. Portanto, este é o texto que inicia o novo milhar, o primeiro dos que estão para vir, não o último dos que já foram escritos. Este é - reivindico-o! - o milésimo primeiro texto deste blogue! Fui então visitar a Respeitável Loja Fraternidade Atlântica ao Oriente de Neuilly-Bineau, próximo de Paris. Trata-se de uma Loja de língua portuguesa em terras de França, mas em que o português e o francês alternam com a naturalidade dos bilingues. E quem ali não é bilingue aspira a sê-lo. Fiquei particularmente impressionado com o Irmão Guy que, nos seus vetustos, mas rijos, 85 anos (isso mesmo: oitenta e cinco!) resolveu que era tempo e de sua vontade aprender a falar português e, além das lições que toma... juntou-se à Fraternidade Atlântica! Afirmo já aqui pública e solenemente: quando for grande, gostava de ser como o Irmão Guy (e como o nosso Alexis, igualmente jovem com os seus similares 85 anos...). Aprendi muito com a Loja. Algo faz como nós, algo faz diferente de nós. Alguma dessa diferença merece ser analisada por nós, para passarmos a fazer como eles. E é esse o propósito e interesse das visitas a outras Lojas: aprender com as semelhanças e diferenças; colher o que fora do nosso grupo se faz de bom, confirmar o que dentro do

Page 784: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

85

nosso grupo se faz bem. A Respeitável Loja Fraternidade Atlântica é, sobretudo, uma Loja alegre, coesa e organizada. Foi um gosto vê-la trabalhar, com o desenrolar dos trabalhos em suave harmonia e discreta eficácia. Foi uma lição ver a sua organização e rotina. Foi um enorme conforto ver e sentir como ali a harmonia impera, a cooperação tem lugar, a busca da qualidade e da melhoria individual e coletiva é uma constante. Os obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues têm razão para se sentirem honrados e muito satisfeitos por a sua Loja estar geminada com a Respeitável Loja Fraternidade Atlântica. E os laços entre as duas Lojas vão-se estreitando. Sou portador do convite para que a Loja Mestre Affonso Domingues esteja presente, no próximo dia 13 de maio de 2010, na comemoração dos 15 anos da Fraternidade Atlântica. Recebi deles o propósito de estarem representados, em junho seguinte, na comemoração do vigésimo aniversário da Loja Mestre Affonso Domingues. O melhor que posso dizer da minha visita à Respeitável Loja Fraternidade Atlântica é, no fundo, algo muito simples, mas sentido: senti-me lá como na Mestre Affonso Domingues! Nós, os da Mestre Affonso Domingues e da Fraternidade Atlântica sabemos tudo o que de bom isso significa! Um grande bem-hajam pela exemplar hospitalidade, meus Irmãos, um triplo, fraterno e sentido abraço de satisfação e

Page 785: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

86

harmonia vos dei e de vós recebi. Até à próxima e até sempre.Aí e aqui! Para todos, mais avião, menos hotel, é igual! O nosso passado comum foi bom. O nosso futuro em conjuntoserá certamente melhor e enormemente gratificante para todosnós! Rui Bandeira

Page 786: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

87

Bom, então seja... 1002 !

December 12, 2009

Bom, rompamos então com os salamaleques matemáticos para um apontamento curtíssimo. (Tinha mais umas coisas para incluir neste texto mas confronto-me com uma dificuldade que não estou a perceber e que se assemelha muito a uma daquelas birras em que as "novas tecnologias" são ferteis. Como costumo dizer, esta treta das "Novas Tecnologias" foi inventada para nos moer o juizo, e agora é o que está a acontecer. Já gastei mais tempo às voltas à "procura desta rolha" do que o que gastei na maior parte dos posts que cá deixei. Adiante, hei-de descobrir e depois conto.) O Rui deu-nos uma grande notícia com o seu exercício de pura lógica matemática. Nada de completamente inesperado, mas sem dúvida bem melhor lido assim... escrito pelo próprio. O exercício lógico do Rui leva-me a uma conclusão: - Garantidamente tê-lo-emos a escrever no blog durante mais 1000 posts, pelo menos ! É fácil de demonstrar. Se quem escreveu o 1, deve escrever o 1000, então quem escreveu o 1001 deverá escrever o 2000... !!!

Page 787: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

88

Elementar meu caro Watson... diria o do boné aos quadradinhos. Ficamos todos de parabéns ! Então preenchendo o 1002, quanto a este não há dúvidas, e ocupando este período de fim de semana (vai ser frio, cuidem-se) selecionei 2 momentos. No primeiro temos uma aplicação prática dos modelos de "Maçonaria" a que nos temos referido ao longo destes 1001 textos. Assim numa primeira fase, temos o exemplo gritante, no verdadeiro sentido da palavra, de uma versão de "Maçonaria Especulativa"... Após diagnóstico passa, na maior parte das vezes, a "Maçonaria Operativa"... (sempre gritante, diga-se...!!!), particularmente na altura do pagamento da conta.

Page 788: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

89

É assim, há sempre uns tipos dispostos a dar uns chutos na bola e depois... ... ... não digo (quero dizer, não escrevo !) o resto. Mas acontece-lhes mais ou menos como ao mexilhão ! Bom e agora entraria o tal 2º momento (eu anunciei dois, verdade ?) mas estamos naquele impasse, eu e o "Blogger", de desentendimento profundo. E não estou para lhe dar mais confiança por agora. Sorte a vossa que acabo mais depressa. Estão a ver ? Já está Gozem o fim de semana, descansem, divirtam-se mas tenham

Page 789: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

90

cuidado com o frio. Ele anda por aí. JPSetúbal

Page 790: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

91

Criar e fabricar

December 16, 2009

Jean Staune

A Loja Nacional de Investigação da Grande Loge Nationale Française tem o nome de Villard de Honnecourt , um arquiteto gaulês do século XIII. Esta Loja publica trimestralmente Les Cahiers Villard de Honnecourt. No decorrer da minha recente visita à Respeitável Loja Fraternidade Atlântica, o seu Venerável Mestre teve a amabilidade de me oferecer o último volume então publicado, o n.º 69, dedicado genericamente ao tema Aspetos do sagrado. Logo nas páginas iniciais deste volume, encontrei e li uma interessante entrevista concedida por , fundador da Universidade Interdisciplinar de Paris e professor convidado em duas Universidades Pontificais em Roma e na Universidade de Shandong, na China. Considera-se um filósofo das ciências, trabalhando na encruzilhada entre a filosofia, a teologia, as ciências e a gestão. O seu último livro foi um sucesso editorial em França e tem um título significativo: A nossa existência tem um sentido? Na entrevista, toca temas como a a necessidade humana da transcendência, em pleno século XXI, o papel de Deus no seu pensamento filosófico, o choque de civilizações, a busca iniciática, a Tradição.

Page 791: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

92

Uma passagem da sua entrevista chamou-me particularmente a atenção e aqui a publico, em tradução livre minha: A minha conceção de Deus foi muito influenciada por autores judeus, como Hans Jonas e o seu O Conceito de Deus depois de Auschwitz. Ele demonstra bem que a ideia de um Deus Omnipotente é contraditória com a ideia de uma verdadeira liberdade. Deus abdicou de uma parte da sua omnipotência, dando-nos uma verdadeira liberdade. Se Deus pudesse agir permanentemente para nos impedir de fazer esta ou aquela coisa, é claro que não seríamos livres. E se Ele não pode intervir, não é Omnipotente. Ele pode intervir, mas não pode suprimir a nossa liberdade, entre outras, a de fazer o mal. Este conceito da abdicação parcial da Omnipotência em virtude da Criação não o tinha ainda encontrado e, na sua simplicidade, parece apto a responder ao paradoxo invocado a propósito dos atributos de Deus (Deus Omnipotente e Deus Omnisciente são conceitos incompatíveis entre si: se Deus, tudo sabe, sabe o que acontecerá até ao fim da eternidade e então não pode mudar o que vai acontecer; se pode mudar, não pode saber o que vai acontecer) e, sobretudo, ao entendimento de que só o ateísmo é compatível com o Livre-Arbítrio, pois a crença no Criador e na Criação implica que aquele, tendo Criado e podendo Mudar, a seu bel-prazer, tudo determina e, portanto, impede que haja verdadeiro Livre-Arbítrio. Criar não é sinónimo de fabricar. Fabricam~se artefatos, que

Page 792: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

93

deverão ser como nós queremos, enquanto quisermos, como quisermos. O ato da criação implica algo mais profundo, mais dinâmico (muito mais interessante...): implica que o que criamos não fique sob o nosso absoluto controlo, que cresça e evolua por si, mesmo contra a nossa vontade. Fabricam-se automóveis ou frigoríficos ou colheres. Tudo que se fabrica é estático. É e será o que foi fabricado, como foi fabricado, para o que foi fabricado. Nem mais, nem menos, nem diferente. O que é criado tem potencial de evolução próprio e independente do seu criador. Uma criança como um cachorro, como uma planta, como uma obra de arte, que será vista, entendida e interpretada por mil maneiras diversas e imprevistas pelo seu criador (ou então não será uma obra de arte, antes qualquer coisa verdadeiramente não criada, apenas fabricada...). O ato de criar implica então abdicar da possibilidade de determinar, do controlo, da decisão. Implica admitir que a criatura vai desenvolver-se, não como nós quereríamos, mas como ela própria se desenvolver, vai agir, não como gostaríamos, mas como ela própria decidir agir. Para o bem e para o mal. Criar é, inevitavelmente, um ato de Liberdade e, mais do que isso, um hino à Liberdade. Porque usamos a nossa Liberdade para possibilitar que algo exista com Liberdade própria.

Page 793: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

94

Deus só pode ter sido Omnipotente ANTES da Criação.Continuaria a ser Omnipotente se nada tivesse criado. Quandomuito, se tivesse apenas... fabricado... Mas, quando optou porCriar, aceitou (quis aceitar, usou o seu poder de aceitar,sabendo qual a sequela de o fazer e querendo e aceitando essasequela) a inevitável consequência de que tal ato implicava aabdicação da sua Omnipotência, em favor do Livre Arbítrio quecriava e do que criava. Este conceito não se me tinha ainda mostrado e descobri-ocom esta passagem da entrevista de Jean Staune. Os ateuscontinuarão a dizer que nada prova sobre a existência deDeus. Eu continuarei a defender que a melhor prova daexistência do Criador é a simples e mera observação do queestá por cima da nossa cabeça ao ar livre numa noite de Verãosem nuvens... Aos que acenam com o Big Bang, continuarei eua inquirir-lhes sobre o que e quem o despoletou... Esta ideiaque encontrei nada resolve, sobre nada é definitiva. Mas, paramim, serviu para pensar um pouco, sob uma perspetiva emque não tinha ainda pensado. Esta ideia que encontrei é apenas uma pedra que, por si só,nada constroi, nada acaba. Mas é uma pedra que encontrei epontua o MEU caminho. Tanto me basta! Rui Bandeira

Page 794: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

95

Semana da preparação

December 19, 2009

Estamos no penúltimo fim de semana anterior à "festa daFamília (?)", chame-se-lhe Natal ou outra coisa qualquer, deacordo com a cultura e convicções de cada um.

Os míudos ficaram de férias e há muita gente a fugir, ou apreparar-se para fugir das cidades, quem sabe procurando oquê.

Há casos em que se procuram os familiares mais chegadosque restam (cada vez menos) nos locais de origem, outrosprocuram sossego (leia-se, silêncio), outros procuram adiferença e outros ainda procuram sem encontrar e semsaberem o que procuram.

Como o tempo não está para grandes festas (está um friodanado e andam por aí a barafustar por causa doaquecimento...), mantenho a minha tentativa de Vos animar(não faz mal tentar...) com um pouco de música bem disposta.

Se depois de verem os bonequinhos (os que os virem, claro)puderem dizer: - T'á giro... já fico satisfeito.

Se não acharem piada nenhuma... azar. O tempo gasto não foimuito.

O primeiro é dos antigos, daqueles que já não se fazem agora:

Page 795: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

96

Embedded File ()

O segundo é dos modernos, daqueles que não se faziamantigamente:

Embedded File ()

Aqui estão com os votos de bom fim de semana, sem fatias,filosofias e chatas tias.

Abraço.

JPSetúbal

Page 796: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

97

A festa do solstício de dezembro

December 23, 2009

A 21 de dezembro ocorre o solstício de inverno, o dia mais curto do ano no hemisfério norte. A partir daqui, dia a dia, o dia ganha mais uns minutos. Ao fim de um mês, mais coisa menos coisa, é uma hora de Sol a mais - o que faz a sua diferença e é notado. Desde tempos imemoriais que a Humanidade celebra este dia, este período. À angústia de ver cada dia o Sol (a primeira divindade do homem primitivo) a desaparecer mais cedo e por mais tempo, dando lugar às trevas e ao frio da noite, sucede-se, a partir do solstício, o alívio de notar que o processo se inverte, que cada dia nos traz um pouco mais de tempo de luz.

Page 797: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

98

Desde os primitivos tempos que a humanidade celebra esta ocasião, ligando o receio de ver desaparecer, esvair-se, o Sol ao outro grande receio primitivo do bicho-homem, o do seu desaparecimento físico, a morte, e anunciando a esperança de que a vitória do Sol sobre as trevas que, a partir do solstício, sensivelmente se vê, dia a dia, simbolize também a vitória sobre a morte, numa esperada, ansiada, ressurreição. O solstício de inverno marca, no ciclo da vida e das estações, a decadência como meio, como etapa, como estágio, para a recuperação, o renascer, o reflorescer, que virá a ter o seu clímax por alturas do equinócio da primavera. Assim é, ano a ano. Assim desde os tempos do Homem Primitivo, se assinala o período. O mito de Osíris é talvez, da Antiguidade, a sua variante mais conhecida. Nos dias de hoje, permanecem as celebrações da época. As religiões reservam uma festividade para este período, em consonância com o primitivo sentir do bicho-homem. Na religião judaica, celebra-se o Hanukkah, festividade que comemora a rededicação do Templo de Jerusalém, no tempo da Revolta dos Macabeus, no século II a. C.. Celebra-se durante oito noites, com início no vigésimo quinto dia do mês Kislev, que é o terceiro mês do ano civil e o nono mês do ano eclesiástico do calendário hebreu e que, no calendário gregoriano, aquele que usamos presentemente no nosso dia a dia, ocorre entre finais de novembro e finais de dezembro.

Page 798: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

99

Nas religiões cristãs, celebra-se o Natal, o nascimento de Jesus Cristo. Na antiguidade, o Natal era comemorado em várias datas diferentes, pois não se sabia com exatidão a data do nascimento de Jesus. Foi somente no século IV que o 25 de dezembro foi estabelecido como data oficial de comemoração. Na Roma Antiga, o 25 de dezembro era a data em que os romanos comemoravam o início do inverno. Portanto, acredita-se que haja uma relação deste facto com a oficialização da comemoração do Natal. Esta época é também assinalada, por todo o mundo cristão, pela Árvore de Natal e pelo Presépio. Acredita-se que a tradição da Árvore de Natal começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. Certa noite, enquanto caminhava pela floresta, Lutero ficou impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a compor a imagem, que Lutero reproduziu com ramos de árvore em sua casa. Além das estrelas, algodão e outros enfeites, utilizou velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta. Esta tradição foi trazida para o continente americano por alguns alemães, que emigraram para a América durante o período colonial, e daí difundida um pouco por todo o Mundo. O presépio mostra o cenário do nascimento de Jesus, ou seja, uma manjedoura, os animais, os reis Magos e os pais do menino. Esta tradição de montar presépios teve início com São Francisco de Assis, no século XIII.

Page 799: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

100

A época é de festa, de recolhimento familiar, no fundo derelembrança dos valores que fazem a vida valer a pena servivida. Solstício, Hanukkah, Natal, seja como se festeje, deveser uma época em que nos recolhemos ao interior de nósmesmos e nos reunimos com os nossos, fortalecendo a noçãode que é em conjunto, em família, no nosso grupo central, quea vida deve ser vivida, em paz e harmonia. Festejemos, pois! A todos, Boas Festas! Rui Bandeira Fontes: Wikipedia: Hanukkah Wikipedia: Kislev Professor Gabriel Campos de Oliveira: Origem do Natal e osignificado da comemoração (mensagem privada)

Page 800: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

101

O BONECO

December 27, 2009

Meus Caros, o funcionário de serviço ao fim de semana chegou atrasado, culpa de um "gripalhado" (junção dos genes da gripe com o "atrapalhado") que me deixou um tanto às avessas durante dois dias. E depois não sei como passariam o fim de semana completo sem esta intervenção sempre tão oportuna e valiosa... (digo eu... claro) Certamente que poderiam passar o fim de semana sem mim... mas não seria a mesma coisa ! O Rui conta tudo direitinho quanto ao período que estamos a atravessar. E neste período aquilo que mais se ouve falar é em auxílio, fraternidade, solidariedade, companhia, combate à solidão e não sei mais quantas coisas boas. É bom que esta época festiva sirva para isso, já que passando este período tudo regressará invariavelmente ao isolamento cada vez maior em que cada ser humano se vai distanciando dos outros, num movimento que, se bem entendo o sentido de preservação da existência, é completamente contraditório. Mas de facto aquilo que sinto é um egoísmo mesquinho, crescente, que nos isola e nos faz mandar às urtigas tudo o que significar "chatice". Seria bom, seria desejável, que desta época ficassem sementes.

Page 801: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

102

Isso significaria a esperança de que um dia pudessem germinar e trazer aos humanos um pouco de capacidade de aceitação das diferenças, porque é aí que bate o ponto. Estou pessimista ! Entretanto a minha querida amiga Cristina Sampaio fez-me a surpresa de me enviar (e autorizar a publicar) um boneco daqueles... A Cristina é uma renomadissíma caricaturista (cartonista como dizem os americanos) com vários prémios nacionais e internacionais ganhos com os magníficos traços que "rabisca" e nos quais consegue definir uma história completa em meia dúzia de traços. Julgo que já trouxe ao blog um boneco dela quando ganhou o 1º prémio do World Press Cartoon em 2007. Pois este ano a Cristina enviou-me mais um boneco "super" que passo a partilhar convosco... porque vocês merecem !

Sobre este desenho de "meia dúzia de traços" (repito) poder-se-ão escrever manuais inteiros sobre o comportamento humano e em particular dos portugueses. A Cristina, sabe dizer isso tudo assim. Um lápis e meio bico... não precisa de mais.

Page 802: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

103

Desejo que tenham tido esta época com a alegria que ésuposto ter e com a Paz que é desejável para todos. Boas Festas e Excelente 2010. JPSetúbal

Page 803: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

104

E chega...

December 30, 2009

Encadeada com a festa do solstício de dezembro, o Hanukkah, o Natal, a Festa da Família, segue-se o período da comemoração do Ano Novo. A necessidade de compartimentação do tempo, desde tempos imemoriais sentida pelos humanos, levou à criação dos calendários. A compartimentação do tempo não se fez ao acaso, antes seguiu e reproduziu o ciclo da vida na natureza, nos países temperados. Desde cedo que o bicho-homem se apercebeu que a natureza se repetia ciclicamente, que ao frio sucedia o calor, que o brotar das plantas, o seu florir, era seguido pelo crescimento dos frutos, que à colheita se seguia

Page 804: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

105

o tempo de pousio, em que nada crescia e a natureza parecia reservar um tempo para ganhar forças e tudo recomeçar. Desde cedo que o bicho-homem se apercebeu do ciclo natural e da sua repetição. Um ano corresponde, assim, ao desenrolar dos processos desde o repouso da Natureza até novo repouso - ou, conforme as culturas, desde um florescer a outro, ou desde uma época de colheita a outra. No calendário gregoriano que atualmente utilizamos, poucos dias após o solstício de dezembro, inverno no hemisfério norte, tem lugar o início do novo ciclo. O Sol reinicia o seu ciclo e, poucos dias depois, a Natureza começa a reemergir do Nada para a Vida, as plantas germinam, a seu tempo brotarão e crescerão, os animais preparam e efetuam o acasalamento, as crias nascerão e crescerão. Enfim, do Nada aparente a Vida brota e cresce, até ao seu declínio - e novo renascimento. O Ano Novo simboliza para nós, humanos, o Recomeço. Um novo período que se inicia, que será genericamente semelhante ao que terminou, mas, como novo início que é, que cada um de nós espera "formatar" ao seu gosto, corrigindo o que de mal fez no período anterior, alterando o que mau resultado deu. Um novo começo, uma nova oportunidade! Uma nova corrida, uma nova viagem, dentro da Grande Viagem da nossa Vida. No fundo, o que nós celebramos em cada Ano Novo é esta oportunidade de Recomeço, é a Esperança de que faremos ou

Page 805: A PARTIR PEDRA - cld.pt · O cão velho, o leopardo e o macaco 89 As quatro dimensões do blogue 93 Bodes do Asfalto em Portugal! 97 Pergunta de profano 99 Música no Blogue - Uma

106

conseguiremos mais e melhor neste novo período que seinicia, do que conseguimos no que termina. Afinal, o que celebramos em cada Ano Novo é a nossacapacidade de nos reinventarmos, de sonhar, de construir ereconstruir, enfim, de fazermos o nosso próprio progresso ede corrigirmos os nossos erros e infelicidades. Ao celebrarmos o Ano Novo, celebramos a nossa capacidadede FAZER, de CONSTRUIR, de PERSEVERAR. No fim de contas, o que celebramos em cada Ano Novo é aVida e a nossa capacidade de nela influirmos e derecuperarmos das nossas desilusões e fracassos, alçando osolhos para novos desafios e objetivos. Celebremos, pois, o Novo Ano, enquanto indivíduos eenquanto espécie! A todos desejo um próspero 2010! Rui Bandeira