2
Américo José da Silva Filho Atco Treinamento e Consultoria E-mail: [email protected] www.atcotc.com.br TEXTO: AMÉRICO JOSÉ DA SILVA FILHO FOTOS: DIVULGAÇÃO Gestão de Negócios 34 | REVISTA ABCFARMA | JANEIRO / 2012 Conta-se a lenda de um rei que vi- veu num distante país há muitos anos. Ele era muito sábio e não poupa- va esforços para ensinar bons hábitos a seu povo. Frequentemente fazia coisas que pareciam estranhas e inúteis, mas tudo era para ensinar o povo a ser tra- balhador e cauteloso. Dizia ele que nada de bom pode vir a uma nação cujo povo reclama e es- pera que outros resolvam seus proble- mas. Deus dá as coisas boas da vida a quem lida com os problemas por conta própria. Uma noite, enquanto todos dor- miam, ele pôs uma enorme pedra na es- trada que passava pelo palácio. Então, foi se esconder atrás de uma cerca e es- perou para ver o que acontecia. Primeiro, veio um fazendeiro com uma carroça carregada de sementes para moagem na usina. – Quem já viu tamanho descuido? disse ele, contrariadamente, enquanto desviava sua parelha e contornava a pedra. – Por que esses preguiçosos não mandam retirar essa pedra da estrada? E continuou reclamando da inutilidade dos outros, mas sem ao menos tocar, ele próprio, na pedra. Logo depois, um jovem soldado veio cantando pela estrada. A longa pluma do seu quepe ondulava na brisa e uma espada reluzente pendia à sua cintura. Ele pensava na maravilhosa coragem que mostraria na guerra. PEDRA NO CAMINHO

A Pedra no caminho

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Matéria da Revista ABCFARMA: A Pedra no caminho

Citation preview

Page 1: A Pedra no caminho

Américo José da Silva FilhoAtco Treinamento e ConsultoriaE-mail: [email protected]

www.atcotc.com.br

TexTo: Américo José dA silvA FilhoFoTos: divulgAção

Gestão de Negócios

34 | revisTA ABCFARMA | JANeiro / 2012

Conta-se a lenda de um rei que vi-veu num distante país há muitos anos.

Ele era muito sábio e não poupa-va esforços para ensinar bons hábitos a seu povo. Frequentemente fazia coisas que pareciam estranhas e inúteis, mas tudo era para ensinar o povo a ser tra-balhador e cauteloso.

Dizia ele que nada de bom pode vir a uma nação cujo povo reclama e es-pera que outros resolvam seus proble-mas. Deus dá as coisas boas da vida a quem lida com os problemas por conta própria.

Uma noite, enquanto todos dor-miam, ele pôs uma enorme pedra na es-trada que passava pelo palácio. Então, foi se esconder atrás de uma cerca e es-perou para ver o que acontecia.

Primeiro, veio um fazendeiro com uma carroça carregada de sementes para moagem na usina.

– Quem já viu tamanho descuido? disse ele, contrariadamente, enquanto desviava sua parelha e contornava a pedra.

– Por que esses preguiçosos não mandam retirar essa pedra da estrada? E continuou reclamando da inutilidade dos outros, mas sem ao menos tocar, ele próprio, na pedra.

Logo depois, um jovem soldado veio cantando pela estrada. A longa pluma do seu quepe ondulava na brisa e uma espada reluzente pendia à sua cintura. Ele pensava na maravilhosa coragem que mostraria na guerra.

PEDRA NO CAMINHO

Page 2: A Pedra no caminho

revisTA ABCFARMA | JANeiro/2012 | 35

O soldado não viu a pedra, mas tropeçou nela e se estatelou no chão poeirento. Ergueu-se, sacudiu a poeira da roupa, pegou a espada e enfureceu-se com os preguiçosos que insensa-tamente haviam largado uma pedra imensa na estrada. Então, ele também se afastou, sem pensar uma única vez que ele próprio poderia retirar a pe-dra.

Assim correu o dia. Todos que por ali passavam reclamavam e res-mungavam por causa da pedra coloca-da na estrada, mas ninguém a tocava.

Finalmente, ao cair da noite, a filha do moleiro por lá passou. Era muito trabalhadora, e estava cansada, pois desde cedo andava ocupada no moinho.

Ao ver a pedra, disse a si mes-ma: – Já está quase escurecendo, alguém pode tropeçar nesta pedra à noite e se ferir gravemente. Vou tirá-la do caminho.

E tentou arrastar dali a pedra. Era muito pesada, mas a moça empur-rou, e empurrou, e puxou, e inclinou, até que conseguiu retirá-la do lugar. Para sua surpresa, encontrou uma caixa debaixo da pedra.

Ergueu a caixa. Era pesada, pois estava cheia de alguma coisa. Na tam-pa, os seguintes dizeres: “Esta caixa pertence a quem retirar a pedra”.

Ela abriu a caixa e descobriu que estava cheia de ouro.

A filha do moleiro foi para casa com o coração feliz. Quando o fazen-deiro e o soldado e todos os outros ou-viram o que havia ocorrido, juntaram-se em torno do local na estrada onde a pedra estava. Revolveram o pó da estrada com os pés, na esperança de encontrar um pedaço de ouro.

– Meus amigos - disse o rei - com frequência encontramos obstáculos e fardos no caminho. Podemos reclamar em alto e bom som enquanto nos des-viamos deles se assim preferirmos, ou podemos erguê-los e descobrir o que eles significam. A decepção é normal-mente o preço da preguiça.

Então o sábio rei montou em seu cavalo e com um delicado boa noite retirou-se.

Meus amigos, escolhi esta fábula como tema de início de ano pois ela permite que façamos uma reflexão sobre nossas ações passadas, os resultados alcançados e também deixa uma lição importante para o futuro.

Todos que passaram pela pedra sentiram-se incomodados e reclamaram mas nada fizeram para tirá-la do caminho, com exceção da filha do moleiro.

Esta, mesmo cansada após um dia de trabalho, pensou no perigo que a pedra representava para outras pessoas, esforçou-se para tirá-la do local e, por isso, foi recompensada com o tesouro que o rei havia deixado sob ela.

Com este pensamento, proponho uma autoavaliação sobre o que aconteceu em nossas vidas e em nossos negócios no ano que terminou:

1. Os planos traçados para 2011 foram realizados?2. Como os desafios deste ano foram enfrentados: com

reclamações ou com ações?3. Foram aproveitadas todas as novas oportunidades que

o mercado ofereceu?4. O que fizemos de contribuição para o bem de outras

pessoas?5. O que fizemos para melhorar nossa qualidade de vida?6. O que foi realizado para melhorar a percepção que os

clientes têm da farmácia?7. Como cuidamos dos nossos tesouros (família, amigos,

bens materiais, etc.)? 8. Qual personagem do conto melhor representa nossas

atitudes em 2011?9. O que deixamos para o “próximo ano”?10. De tudo que fizemos, o que gostaríamos que fazer

diferente em 2012?

Com certeza, sempre há algo que gostaríamos de fazer de outra maneira, se tivéssemos a oportunidade. Pois o início de um novo ano é um momento de ponderarmos sobre isso e começarmos a agir de maneira diferente.

Mas pouco adianta traçar planos se não houver mudanças no próprio comportamento. É muito comum as pessoas pensarem em mudanças que sempre ficam para “a partir de segunda feira”, “no mês que vem” ou “no inicio do ano”. Por que esperar?

A jovem do nosso conto não esperou pela manhã seguinte para retirar a pedra. Se tivesse feito isso, talvez outra pessoa encontraria o tesouro antes dela. Ela agiu no momento que era necessário, mesmo sem saber que ali esta-va escondida uma grande riqueza. Ela fez porque achou que isso era o correto.

“A maneira como você encara a vida é que faz a diferença. A vida muda quando você muda.” (Luiz Fernando Veríssimo)

2012 de muitas mudanças e tesouros para todos!