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A PESQUISA COMO PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DE

QUÍMICA: Construir conhecimentos químicos pela contextualização e

interdisciplinaridade

Autor: Regiane Cristina Mareze Sipioni Castione1

Orientadora: Silvia Costa Beber2

Resumo

As polêmicas, os questionamentos e as discussões com professores da escola de diversas disciplinas, e os relatos dos problemas da comunidade local envolvendo crianças e jovens utilizando drogas cada vez mais cedo, nos fizeram refletir sobre o papel do professor de Química na escola. Percebeu-se que os jovens não possuem conhecimentos suficientes para ter uma opinião critica sobre o tema e nem a compreensão da ação de diferentes drogas no organismo humano. Baseado nestes questionamentos elaborei um projeto como parte integrante do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE). O projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual Prof. Flávio Warken em Foz do Iguaçu/PR com os alunos do 3º ano do ensino médio. A pesquisa é inserida como metodologia de ensino e faz com que o tema “Drogas lícitas e ilícitas: a química das sensações” tenha uma perspectiva interdisciplinar e contextualizada do estudo do carbono. O objetivo é tornar o aluno agente do processo de construção do conhecimento através da pesquisa tendo o professor como mediador, despertando nos alunos meios para contextualizar o conteúdo escolar com o seu cotidiano. Observou-se que após a execução das atividades que a interdisciplinaridade aconteceu efetivamente com diversas áreas do conhecimento, principalmente com matemática, educação física, biologia, geografia, filosofia e português. Com a utilização desta metodologia de ensino constatou-se que os estudantes ampliaram seus conhecimentos a respeito do conteúdo de forma significativa, pois foram agentes do processo de pesquisa, de ensino e aprendizagem.

Palavras chave: drogas; cotidiano; ciência, tecnologia e sociedade – CTS

Abstract

The controversies, inquiries and discussions with school teachers from various subjects, and the reports of the problems from the local community involving children and youngsters using drugs at an earlier age made us reflect on the role of the teacher of chemistry at school. It was noticed that young people have sufficient knowledge to have neither a critic opinion on the issue nor the understanding of the action of various drugs in the human body. Based on these questions a project was conceived as part of Education Development Program (EDP). The project was

developed at the School Professor Flavio Warken in Foz do Iguaçu / PR with the senior high school students. The survey is included as a teaching methodology and makes the theme "licit and illicit drugs: the chemistry of feelings" have an approach which is both interdisciplinary and contextualized in the study of carbon. The aim is to make the student the agent of the construction of knowledge through research - having the teacher as facilitator, awakening in students means to contextualize content in their daily life. It was observed that, after the implementation, interdisciplinary activities happened effectively within diverse areas of knowledge, especially in mathematics, physical education, biology, geography, Portuguese and philosophy. Using this methodology of teaching it was found that students increased their knowledge about the content in a meaningful way because they were agents of the research, teaching and learning process.

Keywords: drugs; everyday life, science, technology and society - STC

1

1 Pós-Graduada em Química, Licenciatura/Bacharel em Química, Colégio Estadual Professor Flávio Warken E.F.M. 2 Mestre em Educação (UPF/RS), Graduação em Química Licenciatura (UNICRUZ/RS), Professora Assistente da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE - Curso de Química Licenciatura – Campus Toledo.

INTRODUÇÃO

A Química é uma ciência que está presente nas transformações do nosso

dia a dia, nas reações e nas sensações produzidas por substâncias sintéticas e

naturais tais como essências, açúcares, drogas lícitas/ilícitas, bebidas, entre outras.

Os neurônios comunicam-se por meio de uma linguagem química na região da

sinapse, liberando moléculas que dão a sensação de prazer, dor, ansiedade, euforia,

decepção, medo, raiva, angústia, depressão, carinho, amor, saudade, entre outras.

Busca-se compreender como e por que cada ser humano percebe de maneira

diferente estes sentimentos que influenciam e agem diretamente em nossa vida.

A tecnologia revoluciona os meios de comunicação, ensino e indústria,

permitindo ao cidadão interagir por meio de equipamentos com uma linguagem de

símbolos, imagens em 3D, que por meio de substâncias químicas cristalinas,

concretiza fantasias que antes era só conhecida em filmes de ficção. O ser humano

vivencia experiências, interpreta e busca compreender os caminhos que levam a

universos diferentes onde verdades deixam de ser verdades (conhecimentos são

superados). A ficção de ontem tornou-se realidade, novas descobertas e novos

conceitos surgiram para esclarecer a incompreensão do ser.

As polêmicas que estão surgindo em torno das drogas, as campanhas de

legalização da maconha, as ações que estão sendo preparadas pelos nossos

governantes para o investimento na recuperação de dependentes químicos e na

prevenção ao uso de drogas nos fizeram refletir sobre o papel do professor de

química na participação destas polêmicas. Sempre ouvimos falar que as drogas são

proibidas, que elas são maléficas, destroem famílias, mas por que a ciência não

explica como isto acontece? Por que a droga vicia? Baseado nestes

questionamentos e trabalhando em uma escola de Ensino Médio na região da vila C

em Foz do Iguaçu/PR, percebeu-se a necessidade de contextualizar o tema drogas

aliado ao conhecimento científico, pois a região apresenta um índice elevado de

consumo de drogas entre jovens e a cidade está na rota do tráfico de drogas, pois

faz fronteira com Argentina e Paraguai. Baseado nestes questionamentos elaborou-

se um projeto de pesquisa como proposta metodológica, que proporcionou aos

estudantes o conhecimento químico sobre as drogas. A metodologia utilizada

permite a busca das informações científicas pelo aluno fornecendo-lhe subsídios

para participar de discussões públicas, tomada de decisões pessoais e até mesmo

orientar pessoas que não estão envolvidas com o tema. A interdisciplinaridade

aconteceu com as disciplinas de matemática, educação física, biologia, português,

filosofia e geografia. Para tal foram importantes o uso de recursos tecnológicos e

aulas práticas. As aulas foram interativas e participativas, com desenvolvimento de

atividades experimentais e palestras. Cada indivíduo tem uma forma de aprender, a

pesquisa, a mediação do professor e a interdisciplinaridade constroem o

conhecimento químico do aluno. Elaboramos um material didático e fomos tutora do

Grupo de Trabalho em Rede (GTR).

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Química e seus aspectos históricos e tecnológicos

A Química é uma Ciência situada historicamente pelos conceitos

apresentados pela alquimia e pelo saber popular. Estes saberes eram oriundos do

domínio do fogo, práticas de cozimento, manipulação de metais, trabalhos com

vidros, da fabricação de medicamentos, entre outros.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica- Química

(DCE, 2008) entre o fim do século XIV e início do século XV, com o fim do

feudalismo a Europa passa por um grande período de conturbação, a fome, pestes e

péssimas condições de higiene e saúde assolam o território europeu. Em meio a

este contexto, entre o século XV e XVI, Paracelso (1493-1541) apresenta seu

trabalho sobre Iatroquímica, antecessora da Química. No século XVII tem início à

expansão da indústria e no século XVIII inicia-se a revolução industrial na Inglaterra.

Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794), considerado o “Pai da Química” foi

um dos cientistas mais importantes do século XVIII. Ele define um novo saber,

chamado de Química. Foi ele que enunciou a lei mais conhecida sobre a

conservação da massa, incorporadas ao saber popular “na natureza nada se cria,

tudo se transforma”. Após a publicação do Tratado de Química em março de 1789, a

Química passa a ter uma linguagem universal.

No século XIX consolida-se a Química moderna com trabalhos de John

Dalton sobre o átomo, Friedrich Wöhler com a obtenção de um composto orgânico a

partir de um inorgânico, Joseph John Thomson com o estudo dos elétrons e Eugene

Goldstein com o próton.

Já, no século XX Ernest Rutherford em 1911 realizou um experimento e

conseguiu provar que o átomo não é uma esfera maciça, que sua massa concentra-

se em uma região central e tem carga elétrica positiva e ao seu redor do núcleo

estão os elétrons. Para a ciência este é um período de grandes descobertas e

desenvolvimento tecnológico. É neste período que se inicia o uso de computadores

e a tecnologia do silício.

Com estas conquistas, o século XXI tem um ganho tecnológico em todas as

áreas do conhecimento, principalmente pela descoberta de partículas nanométricas,

permitindo assim o desenvolvimento de tratamentos, inclusive para a cura para o

câncer, cremes que retardam o envelhecimento, tecnologias como o LED (Light

Emiting Diode), LCD (Liquid Crystal Display), redução do tamanho de computadores

com aumento da capacidade de memória, imagens cada vez mais realistas.

Tecnologias sendo desenvolvidos em setores de vestuário, calçados, tintas,

plásticos, construção civil, entre outros.

Destacamos uma área de estudos muito importante que é a neurociência,

que permite o estudo das substâncias químicas e sua ação no cérebro. O

conhecimento científico nesta área permite compreender as sensações, percepções

e a ação das drogas no organismo.

2.2 O Ensino de Química e a Pesquisa

A educação pela pesquisa traz a ideia de que o aluno pela sua vivência,

aliada ao conhecimento científico, busca aprender a aprender e não a aprender por

aprender (Demo, 1996; Galiazzi, 2003; Maldaner, 2003).

Para o autor:

A pesquisa é aquela que acompanha o ensino, o modifica, procura estar atenta ao que acontece com as ações propostas no ensino, aponta caminhos de redirecionamento, produz novas ações, reformula concepções, produz rupturas com as percepções primeiras, etc. (MALDANER, 2003, p. 243).

O ensino tradicional traz desvantagens que, por vezes, podem causar danos

irreversíveis ao nosso aluno como, por exemplo, impedir que ele expresse sua

opinião ou que faça uma crítica à determinada situação da sala de aula.

Romper a barreira do tradicional de algumas metodologias do ensino de

Química é fundamental para desenvolver nos estudantes habilidades necessária

para viver na sociedade atual. Sobre as metodologias utilizadas no ensino de

Química Maldaner afirma que:

Na essência os professores de ensino médio tendem a manter, tacitamente, as mesmas concepções da ciência química que vivenciaram ou que lhes foi “passada” na universidade, ou seja, conforme a racionalidade técnica derivada do positivismo. (MALDANER, 2003, p. 53)

Ao rompermos barreiras que impedem ao aluno conhecer seu pensamento e

agir por meio de estereótipos, pretende-se, portanto, inovar a práxis do ensino

através da pesquisa. A pesquisa, para nós, é um estudo a partir do qual

confrontamos a realidade vivenciada pelo aluno com os dados obtidos das diversas

formas de aprender sobre um determinado tema. Assim é que discutimos,

interagimos, construímos um novo saber (Maldaner, 2003; Galiazzi; 2003; Demo,

1996).

O que se pretende com a utilização da pesquisa como metodologia de

ensino é buscar alternativas que proporcione ao aluno uma nova maneira de

aprender, tornando o sujeito mais crítico, que lhe proporcione meios para poder

transformar seu pensamento. A pesquisa deve fazer parte da rotina, ser inovadora,

atualizada, definir a participação tanto no coletivo quanto no individual nas diversas

atividades a serem realizadas para aprender a aprender, concretizar um processo

autoavaliativo além de adquirir uma linguagem Química que possa ser utilizada no

seu dia a dia.

Segundo Demo (1996), “a pesquisa desenvolve a consciência crítica e,

associada à realidade, deixa de ser meramente uma cópia e passa a construir

caminhos. No caso da escola os caminhos são construções feitas na interação

professor/aluno e por meio da interdisciplinaridade”.

A pesquisa não é feita somente por palavras, ela necessita de referências,

dados e fundamentação teórica. Sendo assim o professor em sala de aula faz a

fundamentação teórica e o aluno interage com os resultados da sua pesquisa. Cada

componente de um grupo de pesquisa traz uma bagagem cultural e social diferente,

e estas deverão ser equilibradas nas ações coletivas, as interações devem

proporcionar meios para a reconstrução do conhecimento.

Galiazzi considera que:

Um ambiente de pesquisa exige também questionar o questionamento reconstrutivo por meio de estabelecimento de um processo lógico, sistemático, analítico, argumentado, rigoroso. Assim não é apenas estabelecer um bom clima de diálogo em sala de aula. É fundamental o diálogo crítico, que se constrói e reconstrói pelo exercício sistemático e sempre repetido da escrita, da leitura, para chegar na contra-leitura, da argumentação através do diálogo crítico. Esses princípios se relacionam matricialmente. Não há como pesquisar sem fazer perguntas, sem escrever, ler, contra-ler ou sem diálogo. (GALIAZZI, 2003, p. 63).

De acordo com Lüdke (1996, p. 2) ao estudarmos um problema devemos

despertar o interesse da pesquisa por uma porção do saber. Nosso estudo deve,

portanto, estar direcionado a contextualização do conhecimento científico com a

realidade vivenciada.

Sabemos que o aluno é um parceiro na relação pedagógica e que ele tem

um potencial muito grande e que temos de aproveitar as oportunidades visando à

formação de um sujeito crítico e criativo. Para Demo “O que faz da aprendizagem

algo criativo é a pesquisa, porque a submete a teste, à dúvida, ao desafio,

desfazendo a tendência meramente reprodutiva, aprender” (DEMO, 1996, p. 43).

2.3 Ensino contextualizado e a abordagem ciência, tecnologia e sociedade -

CTS

Muitas vezes presenciamos na escola/arredores, situações que podem ser

contextualizadas durante o processo de ensino e aprendizagem, e que observadas

no dia a dia passa a ser considerada como uma rotina, sem grande novidade, sem

excessos ou escândalos, ou seja, sem levar em consideração valores morais e a

ética. Este elemento observado neste cotidiano, substâncias químicas, licita/ilícitas

fornecem informações básicas para construção de novos significados, que

internalizados e socializados serão percebidos num conjunto, onde a oportunidade

para socialização do pensamento será estimulada.

Para Santos:

Na educação comprometida com os valores, com os interesses da sociedade democrática que idealizamos, há igualdade de direitos e deveres para todos os cidadãos, independentemente da posição social que ocupam. Precisamos eliminar, portanto a concepção ingênua de que estaremos educando cidadãos, ao ensinar química. Não basta ensinar conceitos químicos para que formemos cidadãos, pois a questão da cidadania é muito mais ampla, englobando aspectos da estrutura e do modelo da organização social, política e econômica. Sem dúvida alguma, isso passa pela educação de valores morais. (SANTOS, 1997, p. 36).

Esta visão só vem confirmar a importância da aplicação da mudança da

práxis relacionada ao mundo desconhecido do conhecimento, sendo necessário,

portanto, relacionar várias visões, a interdisciplinaridade, neste momento muito

contribuirá.

De acordo com Santos (1997, p. 49) um cidadão necessita ter o

conhecimento químico para que seu aprendizado seja enriquecido culturalmente,

preparando-o para o exercício consciente da cidadania.

O processo de ensino atualmente tem deixado muito a desejar, o avanço da

tecnologia e a globalização trazem alguns pontos a ser considerado, pois a

quantidade de informação é grande, e a internalização deste conhecimento é

pequena. Estimular o rompimento de paradigmas mudando a práxis pedagógica

permitirá ao aluno a oportunidade de desenvolver uma pesquisa cujas as

informações mediadas pelo professor possam ser internalizadas e socializadas

contribuindo para analisar, questionar, vivenciar e informar a realidade relacionando

o conhecimento científico, permitindo, inclusive, influenciar nas decisões do seu dia

a dia.

Segundo Schnetzler:

O pensamento científico, com base na razão moderna, só é possível se houver uma ruptura com o senso comum de pensar os eventos do meio. O simples contato com os bens tecnológicos, mesmo os de alta tecnologia, não proporciona essa ruptura. Isto poderia explicar por que as crianças chegam à escola com muitas informações produzidas pelo conhecimento científico, apresentem concepções pré-científicas, próprias do senso comum, sobre conceitos como calor, temperatura, estrutura mais elementar da matéria, respiração, evolução, energia elétrica, etc. É a forma de conceitualizar, própria da ciência, e a explicação da ciência para além das aparências, que não faz parte do meio cultural, mesmo que as pessoas tenham alta escolarização. (SCHNETZLER, p.14, seminário-FE/UNICAMP).

Mortimer (2000) nos diz que a linguagem e os fatores sociais estão

diretamente ligados na construção do conhecimento sendo necessário para se

analisar o processo de ensino em sala de aula.

Segundo (MARTINEZ apud VÁZQUEZ, 2007, p. 15) “diante da práxis

criativa, a práxis meramente imitativa reduz o caráter de unicidade, irrepetibilidade e

imprevisibilidade do produto, já que ao partir de um determinado modelo a imitar,

considerado não passível de aperfeiçoamento, sua capacidade criativa se anula.”

Santos (1997) relata a um aluno, no prefácio de sua obra o quanto a

Química é importante para compreensão de seu dia a dia, como ela está relacionada

com o meio e que sua participação como aluno numa metodologia diferente é

fundamental para seu aprendizado. Compreendemos que o aluno não precisará

mais recorrer à „decoreba‟, ele terá ação participativa compreendendo assim a sua

realidade.

Schnetzler (2004) faz referência a esta forma de agir:

Os construtores teóricos da ciência, que são produtos de elaboração e criação humana, e que nos permitem explicar, interpretar e prever fenômenos, não provém diretamente da observação e são, portanto, pouco prováveis de serem “construídos” e aprendidos pelos alunos apenas a partir de observação e experimentos, sem o apoio do professor. Ao contrário, os alunos precisam ser introduzidos a ideias validadas por uma comunidade científica, o que leva à consideração de que o professor é um mediador que possibilita o acesso dos alunos às mesmas. (SCHNETZLER, 2004, p. 52).

Wygostsky (2008, p. 70) nos relata que estudos realizados por L. S.

Sacharov, sobre a proposta de um método chamado de “método da dupla

estimulação”, o problema é apresentado ao sujeito no inicio e permanece até o final,

mas as chaves para a solução são introduzidas passo a passo, pois surgirão

oportunidades de estudo, mudanças de atitudes, direcionamentos, questionamentos,

podendo assim trabalhar de forma interdisciplinar os conteúdos abordados,

conseguindo, portanto, a construção do conhecimento. Ao definirmos o estímulo

temos que ter ciência de que o aluno já traz consigo um conhecimento concreto-

empírico, que ele tem vivência de situações, mas que o conceito formado por ele

não é científico e que em virtude disto ele não consegue, muitas vezes,

compreender a realidade e simplesmente a aceita ou revolta-se, ou ainda não sente

a diferença entre saber ou não.

2.4 Mediação Dialética/Linguagem

O professor que utiliza a pesquisa em seu ensino atua como mediador, o

aluno busca o conhecimento e juntos internalizam as ações construindo um novo

saber. (GALIAZZI apud FREIRE, 2003, p. 60) “Nas ações coletivas todos os

participantes são mediadores das aprendizagens do grupo, embora sempre existam

diferenças individuais e mesmo entre o papel do professor e do aluno”.

Para entendermos uma pesquisa assim proposta, devemos compreender o

papel mediador do professor e sua interação com o sujeito, sua forma de articular e

as diversas abordagens epistemológicas e ontológicas que serão analisadas e

discutidas durante o processo. Já, nesta metodologia aqui defendida, que é a

educação pela pesquisa, o aluno irá aprender a aprender e não a aprender por

aprender.

Para Demo (1996) “não basta à qualidade formal, marcada pela capacidade

de inovar pelo conhecimento. É essencial não perder de vista que conhecimento é

apenas meio, e que, para tornar-se educativo, orienta-se pela ética dos fins e

valores”. Demo retrata bem esta realidade escolar do século XXI, cujos valores

éticos estão cada vez mais longe. O excesso de informação não supre a prática da

informação. É preciso ser o mediador para que o aluno possa compreender e

resgatar valores éticos trazendo para sua realidade, pois:

Não basta o professor saber que aprender é também apoderar-se de um novo gênero científico escolar, ele também precisa saber fazer com que seus alunos aprendam a argumentar, isto é, que eles sejam capazes de reconhecer as afirmações contraditórias, as evidências que dão ou não suporte às afirmações, além da capacidade de integração dos méritos de uma afirmação. Eles precisam saber criar um ambiente propício para que os alunos passem a refletir sobre seus pensamentos, aprendendo a reformulá-los por meio da contribuição dos colegas, mediando conflitos pelo diálogo e tomando decisões coletivas (CARVALHO, 2004, p. 9).

A partir do momento que propomos para nossos alunos um tema

diferenciado do conteúdo programático, mas que está intrinsecamente nele, sem o

aluno perceber, ele será estimulado a investigar. Este contato deve despertar

interesse e atenção. A linguagem neste momento transmitida pelo professor trará os

meios para construir o conhecimento científico da Química e fará com que o

educando relacione com seu cotidiano, mostrando que a disciplina tem uma

dimensão que vai além da sala de aula e que muito contribui para o pensamento e

tomada de decisões conscientes e éticas.

Para Retondo & Faria:

A seleção, a organização, a integração e a interpretação de todas essas sensações é o que chamamos de percepção. A percepção está associada à memória, à emoção, ao pensamento, à imaginação, linguagem e à aprendizagem. Ela envolve toda nossa personalidade, história pessoal, afetividade, desejos e paixões, é uma maneira fundamental de entrarmos em contato com o mundo. Mais do que isso, as percepções não são somente construções individuais, já que vivemos em uma sociedade, nascemos em um ambiente que já tem uma determinada cultura, uma linguagem que lhe é própria, um modo de organização de educação, valores éticos e morais, dentre outros aspectos. Assim, nossas percepções de mundo são modeladas, modificadas e constantemente avaliadas, de acordo com as reflexões que fazemos baseadas nas experiências que vivenciamos ao nos relacionarmos com todos esses aspectos do mundo. (RETONDO & FARIA, 2008, p. 16).

É importante lembrar que o aluno estará envolvido na formação de

conceitos, na exploração de um conhecimento que ele tem apenas dos noticiários

dos meios de comunicação, como a televisão, ou da vivência de

colegas/amigos/familiares que estão ao seu redor, e muitas vezes de maneira

deturpada. Este poderá ver que a Química não está somente na teoria da sala de

aula, e sim que ela faz parte do seu corpo, das suas emoções, do comando de seu

organismo, e que isto lhe influencia mais do que ele imagina. Este despertar de

consciência poderá lhe trazer grandes benefícios e criará alicerces sólidos para

vencer as barreiras e obstáculos que surgirão no seu dia a dia, principalmente na

tomada de decisões.

Kant afirma que:

Nossas formas inatas da percepção e no entendimento das coisas que são aprendidas estruturam o mundo perceptivo de nosso senso comum [...] Existe um mundo dos sentidos interno, o das sensações, pensamentos e emoções, e o acesso da mente a esse mundo é mediado por suas próprias contribuições conceituais e estruturais, a partir das representações que faz (KANT apud RETONDO & FARIA, 2009, p. 21).

É importante, ao optarmos por este processo, considerarmos que as ações

serão desenvolvidas com vistas à prática interdisciplinar, e que estas deverão

fornecer meios para que o aluno possa se expressar, questionar e construir seu

conhecimento.

Salientamos que cada indivíduo tem uma forma de aprender, portanto

quando sugerimos a pesquisa, estamos propondo a este que construa o

conhecimento a partir do que já está consolidado na sua concepção de vida, que

haja conflitos e que o faça ter uma nova concepção, transformando o conhecimento

tácito em conhecimento científico.

Mortimer (2006) fala da teoria da equilibração, em que a partir do

conhecimento já existente, este é desorganizado e com a nova informação o sistema

entra em conflito e se reorganiza para um equilíbrio melhor, e que isto não acontece

com todos.

O conhecimento científico e o saber popular necessitam ser compreendidos

em um contexto. Assim concordamos com a análise feita por Oliveira (2007) sobre o

pensamento científico e o discurso do especialista. Ele diz:

O conhecimento imediato, presente na cotidianidade, fundamenta-se no realismo das impressões primeiro, no “achismo” que lhe permite sustentar o pragmatismo e o espontaneísmo que caracterizam a relação prático-utilitária da vida cotidiana. [...] Assim procedendo, o conhecimento imediato explica a realidade por meio de uma abordagem empírica, fruto da nossa impressão primeira, a qual é fixada por meio de estereótipos, analogias e esquemas elaborados sem a menor preocupação de sistematização, organização e problematizarão da realidade, atravessando sucessivas gerações sem ser questionado. (OLIVEIRA, 2007, p. 60).

Este comentário reforça que a metodologia da pesquisa, fornece meios para

que o conhecimento científico seja contextualizado, a mediação do professor

permitirá rompimento de estereótipos e pragmatismo, deixando de ser empíricas.

2.5 INTERDISCIPLINARIDADE

As práticas de ensino de Química, presentes nas escolas estão pautadas

basicamente dentro de uma postura disciplinar. A grande maioria dos professores

trabalha considerando basicamente a área específica, práticas que contemplem a

troca de experiências e conhecimentos com áreas afins e demais áreas geralmente

são pouco desenvolvidas em nossas escolas.

O trabalho do professor em sala de aula reflete sua postura em relação ao

conhecimento e a forma com que deseja contribuir com a formação de seu aluno.

Posturas voltadas ás práticas interdisciplinares estão no foco de atividades

realizadas por professores que pensam no ser humano como um sujeito integrante

de uma sociedade que se relaciona por meio das diferentes dimensões, sejam elas

sociais, econômica, política, ambiental, científica, tecnológica, cultural e todas

aquelas presentes no ambiente humano.

O cenário educacional estabelece por meio de suas leis e diretrizes um

ensino voltado à vivência do estudante, não basta desenvolver conteúdos, hoje é

fundamental partir do que o estudante sabe (Ausubel, 1980) e dentro da abordagem

contextualizada, avançar para a construção de um conhecimento que atribua

capacidades, habilidades e competências necessárias ao mundo do trabalho e da

vida em que vivemos.

A interdisciplinaridade “é uma nova atitude diante da questão do

conhecimento, de abertura à compreensão de aspectos ocultos do ato de aprender e

dos aparentemente expressos, colocando-os em questão”. (FAZENDA, 2002, p. 11)

Um projeto educacional interdisciplinar requer do professor princípios básicos para

sua efetivação. Os professores que planejam ações práticas interdisciplinares são

profissionais ousados, porque conseguem libertar-se das rotinas, pois projetos

neste viés costumam caracterizar-se pela inovação e pela busca do professor em

criar situações de aprendizagem no contexto educacional que provoque nos sujeitos

envolvidos (sejam professores ou estudantes) atitudes reflexivas, críticas, cidadãs,

entre outras, que geralmente não estão presentes nas tradicionais aulas ministradas

nas escolas. Quando promovemos práticas interdisciplinares concordamos com

Fazenda sobre a afirmação de que:

No projeto interdisciplinar não se ensina, nem se aprende: vive-se, exerce-se. A responsabilidade individual é a marca do projeto interdisciplinar, mas essa responsabilidade está imbuída do envolvimento – envolvimento esse que diz respeito ao projeto em si, às pessoas e às instituições a ele pertencentes. (FAZENDA, 2001, p. 17).

Educar por meio da Química é uma tarefa difícil, mas necessária. Utilizar a

interdisciplinaridade neste processo de educação tem sido uma ótima oportunidade

de praticarmos uma docência comprometida com o ensino que possibilite aos jovens

uma ação cidadã e transformadora.

3 METODOLOGIA

A proposta metodológica aqui apresentada foi realizada no Colégio Estadual

Professor Flávio Warken Ensino Fundamental e Médio em Foz do Iguaçu/PR, na Vila

C. Inicialmente foi apresentada a proposta para os professores da escola em uma

reunião pedagógica, depois com o início das aulas para os alunos do 3º ano do

ensino médio nos período de aula.

Elaborei para a implementação desta metodologia, um material didático com

apresentações do conteúdo em slides (multimídia), seleção de vídeos e aulas

práticas solicitei-se aos alunos que dessem a sua definição de “vida”. A partir disto

conceituou-se o significado da palavra “vida” na visão filosófica, fisiológica,

metabólica, bioquímica genética, termodinâmica, até chegarmos ao principal

elemento químico da vida, o carbono e seu ciclo. Foi feito a leitura do capítulo 1 do

livro Química das Sensações e discutido em sala este contexto.

Sobre o elemento químico Carbono foi necessário uma revisão sobre

número atômico, massa atômica, estrutura de Lewis, localização na tabela periódica,

ligações covalentes, alotropia, postulados, e classificação das cadeias carbônicas e

hidrocarbonetos.

Em agosto de 2011 apresentei aos alunos a proposta do projeto de

pesquisa, com as devidas instruções norteadoras para seu desenvolvimento. Os

estudantes dividiram-se em grupos de cinco (5) componentes, cada grupo recebeu

um tema sorteado sobre o assunto, evitando, assim, direcionamento de temas para

um ou outro grupo.

No inicio dos trabalhos os alunos elaboraram 10 questões (questionário)

relevantes para o levantamento estatístico sobre o conhecimento que os alunos da

escola têm sobre drogas. Nele constou-se, ainda, informações como: idade, sexo e

série em que estuda. Nesta etapa foi importante o auxílio do professor de

matemática para a construção de tabelas e gráficos e da professora de português

para a produção das questões.

Para que ficasse claro para os alunos o que é fazer uma pesquisa sobre

drogas, levei-os ao laboratório de informática e indiquei sites confiáveis sobre o tema

entre eles o www.uniad.gov.br, este endereço destaca os resultados de uma

pesquisa com o título “Levantamento nacional sobre uso de álcool, tabaco e outras

drogas entre universitários das 27 capitais brasileiras”. Informei-lhes que este

documento forneceria subsídios para a pesquisa que eles iriam elaborar, e que esta

deveria estar dentro da realidade vivenciada na escola na qual eles estudam. Dei-

lhes um tempo para elaboração das questões e as verifiquei todas antes das

entrevistas. Esta foi levada a cabo nas semanas seguintes.

Para estimular o interesse pelo estudo exibimos para as turmas uma

reportagem do programa da TV Bandeirantes “A Liga” que é sobre crack. Inclusive

este programa está disponível no seguinte endereço:

http://www.youtube.com/watch?v=R6_ZzSOHKZc.

3.1 Aulas práticas

Em setembro iniciamos o estudo da função química álcoois, revisamos

regras de nomenclatura, nomes oficiais e usuais. Questionamos aos alunos se eles

sabiam qual a diferença entre álcool comercial (vendido em supermercados), álcool

70º, álcool combustível e o álcool que está presente nas bebidas destiladas e

fermentadas. A partir disso realizamos uma aula experimental para obtenção de

álcool a partir da fermentação da cana-de-açúcar utilizando fungos do tipo

Saccharomyces cerevisiae. O processo inicial consistiu na observação das células do

fermento, utilizando como recurso tecnológico o microscópio e a projeção da

imagem na TV pendrive. Esta atividade foi desenvolvida com o turno vespertino (em

contra turno) e com o noturno.

As funções químicas aminas e amidas veem agora fazer um complemento

importante para a nossa pesquisa junto aos alunos, pois os compostos nitrogenados

são os principais grupos que constituem os neurotransmissores (substâncias

presentes nas sensações, emoções, estresse). Aqui foi sugerido aos alunos que

fizessem a leitura do capítulo 9 e as páginas 213-215 do capitulo 10 do livro

“Química das sensações” (Retondo & Faria, 2009), o que deu aos alunos, condições

de relacionar os grupos funcionais/sensação e a droga que ele estava estudando.

Durante o mês de Outubro participei como tutora do GTR (Grupo de

Trabalho em Rede) na modalidade EaD.

Em sala de aula exibimos o programa do canal Futura com o título “Um pé

de quê? Maconha”. Este programa encontra-se disponível em

http://www.youtube.com/watch?v=HDjkqaeqsAM e é composto de três partes.

3.2 Palestra sobre o tema

A Unidade Operacional de Cães de Serviços da Polícia Federal que atua no

combate ao tráfico e entorpecentes, através de uma equipe de agentes deu-nos uma

palestra sobre a classificação das drogas, seus efeitos, a sua composição, a

diferença entre cigarro e maconha e sobre as novas drogas que estão surgindo no

mercado, principalmente a ketamina (Special K que causa dependência física,

psíquica e pode levar a morte). Foi dado enfoque à legislação sobre crimes

envolvendo drogas e os artigos que classifica traficante e usuário. Aproveitou-se o

momento para esclarecer a atuação da polícia federal na busca e apreensão na

região das pontes da Amizade e da Fraternidade como também no Aeroporto

Internacional de Foz do Iguaçu/PR. Por fim os palestrantes fizeram uma

demonstração prática sobre a atuação dos animais (cães) na localização das

drogas.

Em outra oportunidade exibimos um vídeo sobre a reunião da Subcomissão

de Políticas Sociais Sobre Dependentes Químicos, que é presidida pelo senador

Wellington Dias. O vídeo foi apresentado no programa “Em Discussão” da TV

Senado em três partes e está disponível em:

http://www.senado.gov.br/noticias/tv/programaListaPadrao.asp?ind_click=1&txt_titulo

_menu=Emdiscussão&IND_ACESSO=S&IND_PROGRAMA=S&COD_PROGRAMA

=291&COD_MIDIA=95004&COD_VIDEO=90242&ORDEM=0&QUERY=&pagina=1.

Sugerimos depois disto duas atividades práticas com o tema: “Sentir emoções,

liberação de neurotransmissores, qual a sensação”?

a) Exibimos um trecho do programa X-Factor (Emanuel Kent) encontra-se

disponível em http://www.youtube.com/watch?v=FTvqnZWw3l8. Vídeo este que

mostra a história de vida de um jovem Iraniano adotado por uma família austríaca.

O jovem sobreviveu à guerra e foi encontrado numa caixa de sapatos, ele

apresenta dificuldade para movimentar-se e tem deformações físicas nos braços.

b) Exibimos uma reportagem sobre apreensão de crack que foi apresentada pela

Rede Brasil Sul (RBS), e está disponível no youtube em:

http://www.youtube.com/watch?v=1-Y6dWiiwAQ. A partir dele discutimos sobre

neurotransmissores e receptores. A professora de biologia contribuiu com

informações relevantes. Propusemos a leitura da matéria da revista eletrônica da

UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) QMC WEB, nº 18 sobre

neuroquímica disponível em: http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/arquivo.html

Para ampliar os conhecimentos dos educandos foi sugerido os filmes: Uma

mente brilhante e Tempo de despertar, e que o fizessem em ambiente fora da sala

de aula. Nas aulas seguintes foram exibidos vídeos que mostram como a cocaína é

produzida na Colômbia e no Peru. Aproveitamos a oportunidade e solicitamos aos

professores de geografia e filosofia que fizessem uma abordagem na questão social.

Uma das atividades a seguir deu-se da seguinte forma: Em uma aula,

mostramos duas imagens, uma referente ao chocolate e outra um pé de laranja e

perguntamos: São maléficos ou benéficos?Podem dar prazer?Fizemos uma relação

entre alimentos e neurotransmissores e debatemos sobre o tema.

Um ex-dependente químico e ex-traficante atualmente morador da “Casa de

Apoio Esperança em Cristo” deu um depoimento na escola para os alunos

envolvidos neste projeto, sobre sua história de vida e seu processo de recuperação.

A última atividade da proposta do projeto centrou-se na apresentação do

trabalho desenvolvido pelos grupos de estudantes sobre a pesquisa com a temática

das drogas.

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO

O início das atividades com os estudantes que participariam do projeto foram

a partir de aulas ministradas no sentido de despertar a curiosidade e o interesse pelo

tema. A primeira consistiu em um questionamento sobre o conceito de “vida”. Na

qual percebi que os alunos não estavam entendendo a discussão sobre este tema

em uma aula de Química, embora mostrassem curiosidade, quando começaram a

falar, sentiam dificuldade em elaborar individualmente ou em grupo um conceito, o

que é compreensível.

Mediamos esse processo para conceitualizar as diversas visões sobre a vida

e os seres vivos até chegar ao ciclo do carbono. Assim a temática “vida” começa a

ter e a fazer sentido numa aula de química. Esta primeira etapa finalizou-se com a

afirmação de que os seres vivos são formados por átomos de carbono e a Química

orgânica estuda os compostos do carbono.

A reação inicial dos alunos sobre o projeto foi de surpresa, pois pensavam

que não teriam condições de executá-lo, “por ele ser muito complexo” além do que

nunca tinham realizado algo semelhante e consideraram que existe uma carência de

informações sobre o tema “drogas”. No entanto trabalhei no sentido de mostrar que

sua realização era um desafio não só para eles, mas também para os professores e

colaboradores, até porque este é um dos problemas que a escola enfrenta, e pode,

inclusive, estar relacionada à problemática da evasão escolar. O professor, nesse

processo, passa a ser um mediador e desperta as sensações/emoções no aluno

estimulando o desenvolvimento da pesquisa científica, o que deixa claro a

importância de discutir e transmitir estas informações.

4.1 As aulas práticas

Abordamos em uma aula prática, questões relacionadas ao princípio ativo e

efeito farmacológico. Para isto utilizamos os seguintes argumentos:

a) a agroindústria alcooleira é contextualizada, uma discussão sobre como é o

processo de produção da cana de açúcar, tipo de solo, adubação e quantidade de

produto que se obtém durante a destilação. A professora de geografia é informada

sobre o tema discutido e colabora com informações sobre produção/trabalhadores e

comercialização do combustível a base de etanol;

b) o etanol está presente nas bebidas destiladas e fermentadas, nos postos

de combustíveis, nas farmácias, hospitais e prateleiras de supermercado, além de

ser utilizado no preparo de alguns medicamentos.

Para complementarmos o estudo da função química dos alcoóis fizemos a

destilação do caldo de cana fermentado, observamos no microscópio e na TV

pendrive a levedura. Pelo aroma do destilado, pudemos discutir a presença de

substâncias químicas presentes ali, entre elas aldeídos, cetonas e ésteres. Os

alunos se decepcionaram com a quantidade obtida, eles tinham uma idéia de que

tudo que colocassem no processo eles obteriam em produto. Assim fica fácil a

compreensão de toda cadeia produtiva do álcool.

A ação do álcool no organismo é visualizada no laboratório de informática

onde pudemos ver as animações da ação do álcool e outras drogas no organismo

no site da UNIAD. A professora de biologia nos ajudou a esclarecer dúvidas sobre a

liberação dos neurotransmissores.

Os alunos do noturno participaram de uma palestra proferida por acadêmicos

do curso de Pedagogia da UNIAMERICA (Universidade União das Américas) sobre

a conscientização dos efeitos do álcool no organismo e suas consequências no

trânsito. Durante a palestra são apresentadas imagens que provocam certo impacto

nos jovens, pela violência e efeitos causados pela imprudência em dirigir após

ingestão de bebida alcoólica. Alguns estudantes comentaram que não haviam visto

imagens como aquelas, isto mostra que é necessário visualizar para compreender

os efeitos de uma substância no organismo.

As funções oxigenadas e seus derivados começam a fazer sentido, pois os

estudantes conseguem relacionar os conceitos trabalhados em Química com

situações vivenciadas e que estão presentes em seu cotidiano.

As funções nitrogenadas são abordadas a partir da leitura de trechos do

capitulo 2, 9 e 10 do livro “Química das Sensações”. Os questionamentos são

muitos, pois nestes capítulos o autor fala dos neurotransmissores e suas fórmulas

químicas (estabelece-se a identificação das funções presentes nela), serotonina,

dopamina, anandamina, adrenalina e outros que são liberados após um estímulo e

que as drogas artificiais acentuam esta liberação exigindo do organismo cada vez

mais para que se tenha a mesma sensação. Outra relação que se estabelece é

referente à forma de ingestão, seja via oral, nasal, aspirada ou injetável e a dosagem

letal. Retomamos as matérias dos programas televisivos para discussão.

Havia sido sugerido aos estudantes que assistissem alguns filmes em casa, e

os que já haviam assistido comentaram que após estudo dos conteúdos químicos

em sala de aula puderam melhor compreender o conteúdo mostrado pelo filme,

entendendo a aplicabilidade de conceitos. É a mensuração do real e irreal.

4.2 O depoimento de um ex-dependente químico

A turma da tarde teve a oportunidade de assistir o depoimento de um ex-

dependente químico, ex-traficante que já estava na fase de ser considerado um

interno de confiança, este relatou aos estudantes que foi abandonado aos dois anos

de idade em um orfanato, a lei que ele vivenciava (ou bate ou apanha), sua

transferência de orfanatos em virtude da idade e o inicio da dependência aos 10

anos, iniciando pelo cigarro, álcool, maconha e cocaína. Tornou-se traficante, e ali

após a morte de sua namorada e o diálogo com o policial, ele resolveu procurar

ajuda para se recuperar. Contou aos alunos que ele conseguiu perceber que todo o

dinheiro que ganhou, não serviu para nada, pois tudo o que ganhava, gastava. O

que mais causou emoção aos alunos foi exatamente o relato sobre tráfico, pois

neste, segundo ele, a lei maior que impera naquele contexto defende que: numa só

“falha” a pena é a morte. Em relação a sua vida atual fez questão de deixar claro

que na Casa de Apoio onde vive, auxilia os idosos, lava suas roupas, dá banho, em

fim executa um trabalho de cuidador de idosos. Atualmente faz curso técnico em

enfermagem.

Os neurotransmissores são liberados quando são estimulados, Esta história

despertou nos estudantes sentimentos e emoções(houve a liberação de

neurotransmissores ) o que pode ser percebido pela reação e pelos olhos curiosos,

na atenção dispensada nas palavras e gestos daquela pessoa que estava ali tão

próximo, contando um pouco das situações vivenciadas quando em contato com as

drogas e o tráfico.

Para que os alunos pudessem entender como algumas substâncias tóxicas

conseguem chegar até o cérebro, houve a necessidade de rever conteúdos da

biologia, pois a abordagem agora envolvia os neurônios e transmissão de

informação. Portanto solicitamos a professora de biologia que fizesse uma revisão

deste conteúdo envolvendo as partes dos neurônios, sinapse, região pré e pós-

simpática, pois a comunicação entre os neurônios é química e elétrica. A liberação

dos neurotransmissores envolve conceitos de química em relação ao potencial de

ação aos íons cálcio, sódio, potássio, cloro e à diferença de potencial da célula que

pode chegar a 40 mv, além dos conceitos de polarização e despolarização que

acontece durante a sinapse.

É importante que determinados conceitos sejam fundamentados pelo

professor de Química ou biologia, para que o aluno consiga compreender as

informações da sua pesquisa e entender o que está lendo.

4.3 Vídeos para ilustração

Nas aulas seguintes foram exibidos vídeos que mostraram como a cocaína é

produzida na Colômbia e no Peru. Nestes países as pessoas de baixa renda (índios)

são os que manipulam as matérias-prima, sem higiene, e sem preocupação com o

uso de EPI (Equipamento individual de proteção). As disciplinas de geografia e

filosofia participaram do processo colaborando com informações que auxiliaram a

compreensão do contexto. O aluno teve, portanto várias visões que lhe proporcionou

meios para fazer uma análise crítica da situação apresentada. A disciplina de

educação física contribuiu com discussão em grupo sobre o tema. Mostrando-lhes

meios para dizer “não” às drogas e “sim” ao esporte.

Tivemos a contribuição de um aluno do noturno que trabalha em um projeto

social do bairro na Escola Municipal Professor Isidoro de Lima, ele ensina crianças

entre 8 e 11 a jogar futebol, o lema é “criança que pratica esporte não usa drogas”, e

fez questão de expor sobre suas atividades, o que veio ao encontro da nossa

proposta interdisciplinar.

Ao finalizarmos as discussões em sala abordando o lado social das drogas,

exibimos a matéria da TV Senado. Esta mostra como o governo federal está agindo

com ações modestas na busca por soluções para auxiliar a população menos

favorecida. Os alunos não tinham conhecimento e ficaram surpresos com a matéria.

O que nos deixou indignada, pois iniciativas neste sentido precisam ser mais

divulgadas.

A última etapa do trabalho representa o esforço pessoal, o interesse e a

aquisição do conhecimento do tema estudado. Para as apresentações determinou-

se que cada grupo teria de 20 a 30 minutos, mas alguns excederam o tempo em 5

ou 10 minutos, que foi admitido.

No encaminhamento das apresentações foi permitido que os alunos da sala

fizessem comentários e perguntas aos membros do grupo que estavam

apresentando o trabalho, alguns grupos se destacaram sobre os demais, entre eles

a turma da tarde que apresentou sobre álcool e cocaína e um grupo do noturno que

expôs sobre a maconha. Observei que algumas informações obtidas por eles e

apresentadas não eram do meu conhecimento (o professor também aprende com o

aluno). A informação é sobre uma nova droga que está na Europa e que é capaz de

corroer a pele, inclusive com possibilidade de amputação de membros.

Alguns grupos realizaram a apresentação por meio de slides e vídeos de

conscientização e outros somente apresentação oral. Destas apresentações às

melhores solicitamos que fossem apresentassem nas turmas que fizeram as

entrevistas. Embora o trabalho com o tema “drogas” tenha sido trabalhado nos três

turnos, os resultados foram diferentes, mas todos satisfatórios.

Na atividade realizada com o apoio dos professores de matemática a partir

das entrevistas que os estudantes planejaram e desenvolveram, pode-se perceber

que cada professor orientou os alunos na elaboração dos gráficos conforme sua

preferência. O professor da manhã, por exemplo, ensinou os alunos a fazerem

gráfico no estilo pizza. Um grupo apenas entregou o gráfico em forma de coluna,

feito em computador, pois fazia parte deste um aluno com formação em informática.

Os alunos da tarde fizeram o gráfico em forma de coluna, utilizando papel,

caneta e lápis colorido, os alunos do noturno também optaram por confeccionar os

gráficos em forma de coluna, alguns feitos à mão e outros em computador. No

desenvolvimento desta atividade participaram três professores de matemática, o que

muito evidenciou o caráter interdisciplinar do projeto.

Alguns resultados chamaram nossa atenção. Se não, vejamos: no período

matutino 39,5% dos alunos é ou tem alguém na família que é usuário de drogas;

30% não sabem que álcool e cigarro são drogas; apenas 1% desconhece esta

classificação do álcool e cigarro (isto no período noturno); 54% concordaram que se

começa a utilizar drogas por influência de amigos ou familiares usuários.

Constatação esta que foi verificada nos três períodos; 80% dos alunos já

presenciaram alguém usando drogas, a mais comentada era a maconha; no período

noturno 80% dos alunos são favoráveis à liberação da maconha; já nos períodos

diurno e vespertino somente 15% é favorável.

Os gráficos abaixo apresentam estes resultados:

Fig. 1 Gráficos elaborado pelos alunos

Durante todo o desenvolvimento do projeto o aluno foi avaliado de forma

direta e indireta. Na forma direta houve a quantificação do trabalho após a entrega

da atividade, e na forma indireta foi observado o resultado das suas ações, entre

elas a socialização dos resultados.

Para os alunos que participaram do projeto, a dificuldade inicial foi entender

a lógica do processo, pois o conteúdo não estava fragmentado e sim integrado nas

demais disciplinas. Com o passar dos meses eles conseguiram estabelecer as

relações intrínsecas do processo (interdisciplinaridade, pesquisa e a

contextualização).

Alguns alunos não se julgavam capazes de falar abertamente sobre o tema,

e se surpreenderam, afinal, eles estavam conseguindo falar de um tema polêmico

que destrói famílias.

Destaco aqui a recepção de uma aluna quando a ela coube o

desenvolvimento da pesquisa sobre drogas sintéticas depressoras do SNC (Sistema

Nervoso Central): No inicio à medida que ia obtendo as informações ela sentia que

não conseguiria ir além, chegando a se recusar a fazer a pesquisa. Isto porque sua

mãe foi dependente de antidepressivos, ficou internada em clínica especializada, a

estudante foi criada por sua avó. Esta aluna não conseguia compreender tal

situação e se sentia abandonada. Com o trabalho realizado na escola a estudante

pode compreender o que sua mãe vivenciou, tendo a partir dos estudos um novo

olhar sobre o problema.

Outro particular a ser anotado aqui, refere-se a uma aluna do curso noturno:

esta chorava durante as aulas, pois dois de seus filhos estavam utilizando drogas e

ela não tinha idéia das consequências. A participação dela ela pode buscar uma

orientação de profissionais especializados que trabalham em casas de recuperação

de dependentes químicos ou em órgãos de Saúde Pública. E isto fez com

informações específicas.

Observou-se quanto ao interesse, que os alunos da manhã e da tarde se

emprenharam e realmente buscaram as informações. Já do noturno somente dois

grupos se empenharam para realizar o trabalho da pesquisa, demonstraram

interesse e levando o trabalho a cabo. Enfim percebeu-se que a maioria dos

envolvidos, adquiriu o conhecimento que lhes servirá para a “vida” toda.

A interdisciplinaridade e a CTS, nos oportunizaram a construir o

conhecimento de química junto ao aluno e interagir de maneira mais participativa na

relação professor/aluno.

O GTR (Grupo de Trabalho em Rede) promoveu uma discussão sobre o

Projeto de Intervenção Pedagógica através da EaD (Educação à Distância) com

nove professoras do Estado do Paraná. A interação entre os participantes e a tutora

trouxe sugestões e troca de idéias relacionadas à temática proposta. Alguns

participantes acharam o tema ousado, sentindo receio por abordar determinadas

informações sobre as drogas em sala de aula, no entanto outros, inclusive, já

estavam fazendo um trabalho similar na escola em que atuavam.

Segue alguns relatos que chamaram atenção nas atividades do fórum.

Observação: não fiz alteração na transcrição das “falas”. Omitimos o nome do

professor cursista, identificando-o apenas por professor e número:

Professor 1

“Regiane, aqui no nosso colégio tivemos experiências ótimas, quando alguns

professores realizam trabalhos em sala de aula, durante toda uma semana.

Começamos com um trabalho de palestras para os professores para

esclarecimentos de alguns tópicos relacionados às drogas lícitas e ilícitas

desconhecidos por alguns. Após palestras foram levados as salas de aulas

documentários, vídeos, filmes, reportagens de revistas, jornais, para que os alunos

de um certo modo pudessem olhar também o efeito negativo que essas substâncias

provocam. Mas o mais interessante foi quando um ex aluno veio até uma sala de

aula e, hoje já livre do uso de drogas, pode falar um pouco de sua experiência aos

seus colegas. Na verdade ele não conseguiu falar pouco, mas ficou por quase três

aulas falando sobre suas vivências, o sofrimento, o tempo perdido. Hoje na sua

igreja trabalha com um grupo de adolescentes e realiza esse trabalho com o maior

prazer. Foi muuuuuiiiittttooooo bom esse contato”.

Professor 2

“Olá! Essa semana fizemos a Feira de Ciências na escola, os meus alunos do 3º ano

trabalharam sobre drogas. Primeiramente refizemos um levantamento estatístico que

já tinha sido efetuado em 2007, com todas as turmas da escola, sobre o uso de

drogas. Posteriormente, eles fizeram os gráficos para fazer as comparações. Daí

solicitei que fizessem alguns slides sobre os efeitos das drogas no organismo e que

também procurassem na net fotos de antes e depois de pessoas que passaram a

fazer o uso das drogas e morte por overdose. Todo esse material eles tiveram que

apresentar para todo a comunidade escolar, bem como, para alunos de outras

escolas que foram convidados para a feira. Olha... gostei dos resultados, tanto para

os que estavam apresentando quanto para os espectadores, geraram muitos

questionamentos e impacto”.

Professor 3

“De fato, é um projeto desafiador, haja visto que você está pondo em risco sua

própria pessoa, quando expõe abertamente aos alunos um assunto delicado como

esse. Seu gesto é digno de pessoa corajosa!

Desejo a você muito sucesso na implantação desse projeto e que sejam colhidos

bons frutos em um futuro próximo”.

Professor 4

“Parabéns pelo seu trabalho, achei muito interessante principalmente pelo tema a

ser abordado, estou muito empolgada acho que vou aprender bastante com você e

os meus colegas. Eu vejo que os nossos alunos, estão cada vez mais

desinteressados, desmotivados e com esse projeto que envolve a construção do

ensino da Química a partir do tema "drogas", e suas relações com a química

orgânica e a interdisciplinaridade, vai estimular à construção do conhecimento

científico com a realidade do dia a dia, e com isso vai levá-lo a analisar, questionar e

principalmente a buscar informações”.

Professor 5

“Tenho certeza de que nós professores quando conseguimos falar abertamente

sobre o problema das drogas, facilita muito o nosso trabalho em sala de aula. Na

verdade, não só fatos relacionados a esse tema mas em todos os outros conteúdos

programáticos do ano letivo. Como comentei com a nossa tutora Regiane, o

problema é somente os professores que não querem ter esse comprometimento

com seus alunos e fazem descaso do todo e qualquer projeto que possa

trabalhar,no sentido de acrescentar algo importante na vida de nossos estudantes”.

Durante este primeiro fórum, destacamos a importância do diálogo virtual

como uma forma de trocar experiências/vivências em várias escolas de diferentes

regiões do Estado do Paraná. Esta primeira atividade do curso proporcionou um

diálogo que permitiu conhecer os professores de química de várias regiões do

Paraná, trocar experiências, materiais didáticos e saber como está sendo abordado

o tema drogas na escola, que recursos estão utilizando e principalmente os

resultados das atividades práticas que estão vivenciando e que possam colaborar

com o nosso projeto.

Os professores participantes do GTR também tiveram acesso ao material

didático que elaborei, desta forma, através de um novo fórum, pudemos discutir

sobre este material e como ele poderia contribuir com o trabalho docente do

professor em curso. Transcrevo na íntegra alguns diálogos reproduzidos sem

alteração de grafia:

Professor1

“O projeto da Professora Regiane, além de contribuir para a qualidade de vida e ser

uma ação social, contextualiza muito bem a Química. O projeto da Professora

Regiane está contribuindo para nosso trabalho e nos aponta alternativas que

podemos usar em sala de aula, além de abordar um assunto delicado”.

Professor 2

“No texto ou slide Química das sensações: A vida começa com: átomos, moléculas,

substâncias, poderia ser acrescentado a célula e/ou uma visão Biológica. Acredito

que para o aluno também é difícil imaginar os átomos, moléculas, íons, substâncias

que constituem as células”.

Professor 3

“A Produção trabalha com temas bem polêmico e de fácil interação entre os

educandos e por terem um conhecimento prévio, é possível levá-los a repensarem

sobres as causas e consequências do uso de drogas. Esse é um assunto a ser

desenvolvido por diferentes áreas do conhecimento. e trabalhado de forma prática

em química, ao analisar os elementos que determinada droga compõe e efeitos de

cada elemento no organismo humano. Levando o aluno a pesquisar, ampliando seu

conhecimento”.

Professor 4

“Desculpe, eu acessar hoje, mas fiquei sem internet no final de semana, hoje

analisei sues slides e adorei o material, gostaria muito de usa-lo com os meus

alunos.Acredito que esse projeto vai causar impacto para os alunos,pois, o tema é

atual e eles tem pouca informação,aqui na minha cidade temos muito problema com

drogas”.

A discussão deste fórum trouxe algumas contribuições importantes, tais

como as aulas que elaborei com recursos didáticos diferenciados.

5 Considerações finais

Esta proposta metodológica trouxe limites e desafios, proporcionou meios

para continuarmos a utilizá-la, indo além das expectativas.

Como na segunda lei da termodinâmica que diz que em um sistema fechado

é necessário que a desordem se faça para que a ordem se estabeleça. como no

nosso trabalho, também se provocou a desordem para depois a ordem. Superamos

assim obstáculos e conflitos; rompemos barreiras; interagimos com os grupos;

aprofundamos nos estudos específicos dos conteúdos.

Através da tutoria proporcionamos meios para subsidiar ao professor de

outros municípios, a utilizarem desta proposta.

Neste contexto tanto o aluno quanto o professor passaram por ações

transformadoras, interdisciplinar e contextualizada, desenvolvemos a competência

dialógica, nos tornamos críticos, construímos assim o conhecimento. Aprendemos a

aprender.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicologia Educacional. Rio de

Janeiro: Editora Interamericana, 1980.

CARVALHO, A. M. P (org.) Ensino de ciências. São Paulo: Thomson, 2004.

DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas: Editora Autores Associados, 1996.

FAZENDA, I. (org.) Dicionário em construção: interdisciplinaridade. 2ª ed. São Paulo:

Cortez, 2002.

__________ Práticas Interdisciplinares na escola. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

GALIAZZI, M. C. Educar pela pesquisa: ambiente de formação de professores de

ciências. Ijuí: Ed UNIJUÍ, 2003.

MALDANER, O. A. A formação inicial e continuada de professores de química:

professor/pesquisador. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 2003.

MINATTI, E. Revista QMCWEB, Neuroquímica: a química do cérebro. Disponível

em:< http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/exemplar18.html>acesso em: 17 jul.2011.

MORTIMER, E. F. Linguagem e formação de conceitos no ensino de ciências. Belo

Horizonte: Editora UFMG, 2006.

RETONDO, C.G. Trajetória complexa: aspectos científicos e educacionais do abuso

de drogas. Campinas: Editora Átomo, 2009.

RETONDO, C.G; FARIA P. Química das sensações. Campinas: Editora Átomo,

2008.

Sugestões de links

www.uniad.gov.br. Acesso em: 17 jul. 2011.

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u=EmDiscussão&IND_ACESSO=S&IND_PROGRAMA=S&COD_PROGRAMA=291

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o em: 06 jul. 2011.

http://www.youtube.com/watch?v=HDjkqaeqsAM acesso em 06 jul. 2011

http://www.youtube.com/watch?v=1-Y6dWjjwAQ acesso em 6 jul. 2011

http://www.youtube.com/watch?v=R6_ZzSOHKZc acesso em 6 jul.2011

http://www.youtube.com/watch?v=FTvqnZWw3l8 acesso em 5 jun. 2011