A Pessoa Humana No Pensamento de Edith Stein

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  • 7/23/2019 A Pessoa Humana No Pensamento de Edith Stein

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    A pessoa humana no pensamento de Edith Stein

    Gabriel Mauro da Silva Rosa

    [email protected]

    uma grande alegria poder refetir um pouco sobre opensamento antropolgico losco de Santa Teresa Benedita da

    Cruz, mais conhecida no meio acadmico como Edith Stein, ela, que

    modelo para os intelectuais do mundo inteiro, que !i!em uma busca

    constante da "E#$%$E, que para ns o

    C#&ST', caminhoe vida( Edith Stein tambm um modelo para os

    religiosos e educadores( E para entendermos a riqueza de seu

    pensamento antropolgico losco, necess)rio *azer um bre!e

    percurso por sua !ida pessoal, assinalando os pontos que

    contribu+ram na sua eperincia antropolgica( Comecemos desde

    seusprimeiros passos.

    Stein pro!m de uma *am+lia -udia pro*undamente religiosa(

    % m.e, Sra( %uguste, um espelho de !irtudes( Com a morte do

    esposo, Sr( Sieng*reld Stein, ela assume o comrcio de madeira, o*+cio

    que era eercido pelo *alecido marido( Com isso, Edith ! que uma

    mulher tambm pode ter uma pross.o /le!emos em conta o

    per+odo em que Edith !i!eu scs( 0&0 e 00, pocas em que a mulher

    tinha poucos direitos, como o de !otar e o de trabalhar1( % lso*atambm passa por !)rias crises pessoais, inclusi!e em rela2.o 3 *,

    declarando4se ateia at os !inte e um anos de idade(

    % *am+lia te!e um papel muito importante na sua *orma2.o(

    %prendeu com a m.e e com os irm.os mais !elhos, !)rias !irtudes(

    &sso infuenciar) na sua educa2.o e no seu car)ter, !isto que mais

    tarde trabalhar) como pro*essora, no colgio das $ominicanas, em

    Espira( Sua personalidade moldada na 5%678&% /!e-amos como

    importante o papel da *am+lia na sociedade e na *orma2.o de nossocar)ter1( %os 9: anos abandona os estudos, pois segundo ela, eles

    n.o lhe o*erecem as respostas que tanto busca( ;.o a est) ensinando

    !i!er( Ela pergunta a si mesma< =ue sentido tem ir 3 escola> Em

    suma, o per+odo da adolescncia marcado por crises interiores(

    Stein !i!e uma busca incessante da "E#$%$E, e por isso,

    retorna a escola(

    Em 9?9@ ingressa na chamada Ani!ersidade de Breslau(

    Edith impressiona por sua grandeza intelectual e sua rara inteligncia/quem l seus escritos sente a !i!acidade de sua sabedoria e de seu

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    car)ter1( "i!e com intensidade< luta pelos direitos da mulher e opta

    pelas questes pol+ticas( 6ais tarde, abandona o curso de psicologia,

    pois no *undo, ela partia da concep2.o da pessoa sem alma( ara

    Edith, o curso ainda esta!a Dnas *raldas( Ela n.o podia aceitar essa

    !is.o reducionista do ente humano, -) que ela tem um carinho muitoespecial por esta parte da estrutura humana( or sorte, a lso*a

    encontra cita2es das Desquisas 8gicas de Edmund Fusserl, pai da

    *enomenologia( %tra+da por ele e por esta *amosa corrente, trans*ere4

    se para a Ani!ersidade de Gottingen, onde se encontra o chamado

    C+rculo de Gottingen, constitu+do pelo mestre Fusserl e seus

    disc+pulos< %dol* #einach, 6a Scheler, %leandre *ander, FedHig

    Conrad46artius, Iean Fering, Feidegger e !)rios outros disc+pulos(

    Stein apaiona4se pela chamada Ein*uhlung /empatia1 que Fusserlemprega no curso D;atureza e esp+rito(

    5az sua tese de doutorado sobre a empatia, conquistando

    nota m)ima( Esta ser) importante na constitui2.o de suas refees,

    desde *enomenloga at intelectual crist.( ;.o podemos deiar de

    citar que Edith trabalhou como en*ermeira, que mais do que na

    Ani!ersidade, a le!ou a ter uma eperincia pessoal do !erdadeiro

    !alor da pessoa humana( Tambm n.o podemos deiar de assinalar

    que o per+odo em que !i!eu a -udia4crist., o per+odo marcado pelaprimeira guerra mundial( % humanidade n.o conhece o !alor da

    pessoa humana e por isso *az guerraJ Se ela conhecesse o que

    realmente o homem, tal!ez respeitasse melhor sua dignidade( &sso

    acelera ainda mais a busca de Edith pela "E#$%$E(

    Edith, que se declarou ateia at os !inte e um anos, te!e

    !)rias eperincias religiosas e aos poucos *oi se con!ertendo( ;uma

    noite /etapa decisi!a de sua con!ers.o1, !isitando a biblioteca de sua

    amiga /e com o batismo se torna sua madrinha1, Conrad46artius,

    encontra o li!ro de santa Teresa de K!ila, t.o di!ulgada entre os

    *enomenlogos por sua grande capacidade de

    relatar vivnciasinteriores. 8eu o li!ro 3 noite toda e ao terminar de

    l4lo eclamou< Eis a "E#$%$EJEsta !erdade tinha uma *ace e um

    nome< IESAS C#&ST'J % eemplo de Edith Stein pode4se armar que

    nos dias de ho-e o ate+smo tambm bastante atual, !isto que

    !i!emos em mundo !azio da transcendncia, le!ando muitas pessoas

    3 *alta de *, por !i!ermos em uma sociedade materialista, onde a

    espiritualidade, a !ida asctica e a busca constante de $eus tm sido

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    banaliza( ' ter in!ade o ser, impedindo o ente humano de ser, de

    !i!er, de refetir, le!ando4o 3 aliena2.o ao toc)!el(

    Edith se con!erteu ao cristianismo e como era muito

    inteligente colocou seus dotes intelectuais a ser!i2o da &gre-a, tendo

    muita infuncia entre os intelectuais crist.os de sua poca( 6aistarde se tornou uma mon-a carmelita adotando o nome de Theresia

    Benedicta a Cruce, epress.o que traduzida do latim para a nossa

    l+ngua signica, Teresa aben2oada pela cruz( 6orreu -unto com sua

    irm. #osa no dia no!e de agosto de 9?LM, !+timas do nazismo( ;o dia

    onze de outubro de 9??N o apa Io.o aulo &&, por ocasi.o de sua

    !isita 3 %lemanha, a proclamou santa, padroeira da Europa( Celebra4

    se seu dia em no!e de agosto(

    Como se !iu, Stein recebeu sua *orma2.o intelectual naescola *enomenolgica( Ela Dsempre reconheceu esta dependncia

    intelectual do mestre, mas isso n.o signica que ela n.o tenha uma

    originalidade prpria, mas que a abordagem -ustamente aquela da

    escola *enomenolgica de Fusserl /BE88'1( 6ais do que uma

    corrente, a *enomenologia uma escola, de!ido 3 amizade que ha!ia

    entre os seus membros( 5enomenologia !em de D*enOmeno /aquilo

    que se mani*esta a ns, seres humanos, patente imediatamente na

    conscincia1 e Dlogia /do grego D8ogos que signica pensamento,discurso, refe.o acerca de((( PalgoQ1( D% *enomenologia que usamos

    , na !erdade, uma losoa, uma postura losca, e para *azer isso,

    utilizamos da a-uda de E( Stein particularmente /BE88'1( #eunindo a

    pala!ra, podemos dizer que a *enomenologia o discurso daquilo que

    se mani*esta a ns, Dpartindo do mundo *+sico das coisas que podem

    se mani*estar a ns, at todas as produ2es culturais do ser humano,

    e em particular um *enOmeno muito importante que somos ns

    mesmos /BE88'1(

    D' homem uma mani*esta2.o para ele mesmo, e ns

    sabemos que Edmund Fusserl ha!ia *alado de um paradoo, isto ,

    que o ser humano capaz de analisar a si mesmo, e, portanto ele

    contemporaneamente su-eito e ob-eto da an)lise /BE88'1( %qui n.o

    ser) poss+!el descre!er este mtodo, que requer muito estudo e

    aten2.o, atentando com rigor nos seus aspectos( ara compreend4lo

    necess)rio seguir as obras de E( Fusserl( % prpria Edith nos a-uda a

    compreender muito deste mtodo( %penas destacamos que este, bem

    como o pensamento de Santo Tom)s de %quino, *oi *undamental no

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    pensamento antropolgico da Stein( Tambm *azemos quest.o de

    en*atizar que Dum dos pontos *undamentais desta escola

    -ustamente a an)lise que o homem *az sobre ele mesmo, e essa

    an)lise busca ir 3 pro*undidade, como que uma esca!a2.o

    *enomenolgica, Dpara compreender como que ele *eito /BE88'1(Em nosso sculo 00&, a pessoa humana tem perdido cada

    !ez mais o seu !alor( Cada !ez mais dominada pela tcnica e pelos

    bens materiais, ela tem sido impulsionada pelo ter, se esquecendo de

    seu ser( ' ter in*elizmente tem tido predominRncia sobre o ser, e o

    homem se esquece de si mesmo, de buscar saber quem ele (

    %lienado pelo trabalho, pelas tare*as do dia4a4dia e ainda pelos bens

    materiais, ele se esquece de tirar um tempo para si mesmo e refetir(

    ;o meio de tanta correria, parece que estamos no meio de m)quinas,que in*elizmente tem sido controlada por tantas coisas /pelo go!erno,

    pelo poder, pelas ideologias, etc(1( Feidegger dizia que Do homem o

    pastor do ser e Gabriel 6arcel, que Dser mistrio( Sendo assim, no

    mundo, por ser o homem o pastor do ser, ele um mistrio, e por

    isso, por mais que in!estiguemos sobre o que se-a o homem, nosso

    conhecimento permanecer) sempre limitado, pois ele um ser que

    !ela e se des!ela /alethia1(

    com a nalidade de resgatar o !alor do ser humano querecorremos 3 lso*a Edith Stein, com o ob-eti!o de encontrarmos

    respostas sobre o que o homem,mas sem a pretens.o de esgotar

    todo o pensamento da re*erida lso*a, apenas assinalando alguns

    pontos do seu pensamento antropolgico, com a nalidade de

    resgatar o !alor e a dignidade da pessoa humana( Edith Stein, desde

    sua -u!entude, procurou buscar respostas sobre si mesma e sobre o

    outro humano( E conseguiu este intento atra!s das an)lises que *ez

    sobre o tema da empatia, que uma eperincia intersub-eti!a que

    permite sentir o que o outro sente /cal2ar o sapato apertado do outro

    para sentir o quanto o calo de outrem di1, alm de reconhecer o

    outro como um outro eu /um alter ego1( Ela *oi lso*a, con*erencista,

    pesquisadora, pro*essora, pregando muito sobre a dignidade da

    pessoa( Tudo o que en!ol!ia o ente humano lhe chama!a a aten2.o< a

    comunidade, o direito, a estrutura da pessoa humana, o ser nito em

    rela2.o com o Ser eterno, enm, tudo o que en!ol!e a pessoa

    humana lhe atrai( Sua antropologia losca uma costura que

    en!ol!e *enomenologia, e, aps sua con!ers.o, a losoa crist. /com

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    base nos autores< Santo Tom)s, Santo %gostinho, $uns Scoto e

    seudo4$ionisio1 bem como a m+stica carmelita apoiada em Santa

    Teresa de K!ila e S.o Io.o da Cruz( uma mara!ilhosa losoa crist.,

    tal como a lso*a o dene(

    Edith quer saber sempre mais sobre o homem, por issodeia sempre em aberto em suas obras, !)rias questes com a

    nalidade de respond4las( %ssim, cada obra da lso*a !isa

    responder as di!ersas questes que en!ol!em o ente humano( or ter

    sido pro*essora, Stein acredita!a que o *ormador de!eria ter uma

    base slida de antropologia losca, integrada com a antropologia

    teolgica( %credita!a que somente aquele que *oi !erdadeiramente

    *ormado de!eria ser um *ormador( Seu pensamento a respeito do ente

    humano -) aparece no seu primeiro trabalho D' problema daempatia( ;a etensa obra, DSer nito e Ser eterno, ela resume todo

    o seu pensamento(

    % interioridade um dos temas *ortes de Edith( ara ela, o

    que eplica o ente humano sua interioridade, a sua espiritualidade

    como um ser chamado a transcender a si mesmo, na rela2.o pessoal,

    aberta ao %bsoluto de $eus( % criatura humana esclarece, a seu

    modo, o problema do ser( % essncia do homem ser pessoa( or ser

    espiritual, tanto Stein quanto Fusserl usam o termo ESS'%( %tradi2.o aplica este termo ao homem, esta pala!ra que, em sua

    plenitude, con!m somente a $eus( ode4se aplica4la somente por

    analogia( essoa eige espiritualidade( E nela h) um centro, no qual

    ela se pertence plenamente, podendo entrar e sair de si mesma(

    Cada ente humano encontra a si mesmo como um Deu( or ser

    pessoa, assim como o Criador /!eremos que o homem a imagem

    mais per*eita das essoas $i!inas1 ele sagrado e tudo o que

    humano tem um imenso !alor, partindo deste ncleo original( 6as

    n.o podemos reduzi4lo somente a este ncleo, porm, imposs+!el

    prescindir dele( ' homem D e Dse *az( Ele aspira 3 plenitude, est)

    aberto a tudo o que nobre, grande e belo, para aper*ei2oar4se

    progressi!amente(

    $os temas da antropologia steiniana, o da di*erencia2.o

    entre homem e mulher merece ser destacado( ;a poca de Stein, a

    *orma2.o das -o!ens esta!a submetida aos mesmos padres dos

    homens, por isso, Edith insiste que tanto as *un2es biolgicas como

    espirituais das mulheres, s.o di*erentes das dos homens, propondo

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    desta *orma, pro-etos de re*orma( % -udia4crist. tambm resgata o

    !alor da mulher, t.o banalizada em sua poca( Com a di*erencia2.o

    dos seos, Stein n.o quer reduzir o homem ou a mulher, mas resgatar

    a dignidade de pessoa presente em cada um( ;a obra, D6ulher, sua

    miss.o segundo a natureza e a gra2a ns encontramos suaseposi2es acerca deste assunto(

    ;a di*erencia2.o dos seos, a losoa chamada a

    perscrutar a essncia, -) a teologia diz quais s.o as *un2es

    masculinas ou *emininas e as cincias positi!as se ocupam em

    estabelecer os *atos naturais, como ocorre com a siologia e com a

    psicologia( ara *azer a di*erencia2.o, a lso*a parte do conceito

    *enomenolgico Dhle, que signica matria( artindo deste conceito,

    a disc+pula de Fusserl encontra no homem e na mulher um *eie dedi*eren2as, tanto nos aspectos anatOmicos, quanto nos aparelhos

    biolgicos( E por um instante a lso*a deia a *enomenologia e

    acrescenta a m)ima tomista< anima forma corporis. E ainda,

    a!an2ando nas suas pesquisas, ela descobre o chamado ethos,que

    uma atitude de alma, tambm chamado pelos escol)sticos de h)bito(

    Tanto o homem como a mulher possui ethos.

    Eis suas caracter+sticas( % mulher !isa o pessoal !i!ente e o

    todo( "elar, cuidar, conser!ar e alimentar seu dese-o natural,genuinamente maternal( ' inanimado lhe interessa( Est) a ser!i2o do

    pessoal !i!ente, menos em si mesma( Ela a!essa a abstra2es em

    qualquer sentido( % mulher tem como caracter+stica a

    disponibilidade em ser!ir( ;ela, se re!ela claramente a empatia, o que

    n.o signica que esta tambm se re!ele no homem( % mulher

    aberta aos outros seres humanos e tem a capacidade de se colocar

    no lugar de seus outros semelhantes( =uanto ao homem, seu corpo e

    sua mente est.o equipados para a luta e a conquista submetendo a

    terra e tornando4se seu senhor e rei( Ele se apropria dela pelo

    esp+rito, mas a adquire tambm como posse( Tem como ob-eti!o

    trans*ormar a terra em sua prpria cria2.o e a2.o *ormadora( '

    homem est) !oltado para as coisas do seu interesse( % luta, a

    eplora2.o, a conquista, o dom+nio e a prote2.o s.o caracter+sticas da

    sua !oca2.o natural( Em suma, o homem !isa abra2ar o todo(

    Com estas caracter+sticas podemos perceber que a pessoa

    humana, bem como a humanidade, gira em torno da harmonia entre

    estes dois plos< homem e mulher( Am n.o eclui o outro, mas se

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    integram e se complementam( Com a m)ima tomista, E( Stein

    conclui que o corpo e a alma da mulher *oram *ormados para uma

    miss.o espec+ca, destinada a ser a m.e de todos os !i!entes( Em

    rela2.o 3 estrutura da pessoa humana, desde sua tese doutoral a

    -o!em aluna de Fusserl se encanta pela constitui2.o do ser humano Ucorpo4!i!o, alma e esp+rito, pois para que possa ocorrer a empatia,

    preciso ha!er um indi!+duo estruturado( Cada ser humano possui um

    corpo, porm um corpo animado onde reside a sua alma( ' homem

    n.o possui plena liberdade sobre seu corpo, pois n.o pode sair dele

    para contempl)4lo sob di!ersos Rngulos( 6as ele n.o se prende a

    obser!a2.o eterna, pois constitu+do pela alma que d) !ida a seu

    corpo(

    osso me separar de meu corpo pela imagina2.o, pormestarei sempre ali onde est) o meu corpo( Stein concebe uma

    imagem muito positi!a do corpo humano, di*erentemente de muitos

    lso*os que o desprezam, como por eemplo, lat.o( ara ela, o

    corpo o que dene a pessoa, *onte de !ida espiritual, ou se-a, tudo

    que a*eta a pessoa humana( ' homem, porm, 3s !ezes sente seu

    corpo como um D*undo escuro, no sentido de que este o limita( Ele

    recebe essa domina2.o porque epressa o lado da eperincia

    negati!a( ' homem reside no seu corpo como num domic+lio inatotendo conscincia do que se passa nele( ;a sua integra2.o

    harmOnica, o corpo encontra4se no eterior(

    %lm do corpo, o ente humano possui uma alma, di!idida

    em partes ps+quica e espiritual( ' aspecto ps+quico est) ligado 3s

    rea2es do mundo eterior( Se eu receber um susto, por eemplo, a

    parte ps+quica ir) reagir( ;.o sou eu quem escolhe ter susto, mas

    algo que me acontece, que eu encontro( I) a parte espiritual a parte

    em que eu escolho, refito, tomo decises( $iante do susto, por

    eemplo, eu posso tomar a decis.o de me proteger( % alma aberta e

    tende para o alm( Edith demonstrou isso na sua tese doutoral sobre

    a ein*uhlung( ' esp+rito me permite colocar bondade ou maldade em

    meus atos( ;a sua tr+plice estrutura, o esp+rito encontra4se no alto(

    's entes humanos podem participar do reino da natureza, o

    que t+pico somente dos animais, ou somente do reino do esp+rito, o

    que prprio deste( Se eles decidem aniquilar seus semelhantes, n.o

    reconhecendo neles um Dalter ego, o que aconteceu no nazismo, por

    eemplo, no eterm+nio de uma grande massa de -udeus e n.o

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    arianos, eles se encontram somente no reino da natureza, mas

    quando h) um acordo de paz entre os indi!+duos de uma comunidade,

    eles est.o no reino espiritual, o que t+pico somente do ente

    humano( % pessoa humana pode seguir sua tendncia instinti!a, mas

    gra2as ao reino espiritual ele tambm pode super)4la( % !ida moraln.o algo que se acrescenta no homem, mas algo que o acompanha(

    ' ente humano n.o apenas corpo4!i!o, alma ou esp+rito

    separadamente, mas -untas, estas partes constituem a pessoa

    humana( %mbas as partes est.o interligadas umas 3s outras(

    Como -) se !iu, por analogia, dizemos que o homem

    ESS'%( ;o mundo, o ser nito a imagem mais per*eita do Ser

    eterno( um espelho trinit)rio( ;a rela2.o entre ai e 5ilho, surge o

    Esp+rito Santo, que $eus, saindo de si, suma epress.o deespiritualidade( %o mesmo tempo, um ser plenamente li!re, que se

    entregando continuamente n.o perde seu ser, sua essncia( 'bser!a4

    se, portanto, na Trindade, a +ntima liga2.o entre as dimenses

    indi!idual e relacional em sua plenitude( Trs pessoas, porm um s

    $eus( Trs pessoas com sua realidade indi!idual, mas que n.o podem

    se separar de sua relacionalidade( %ssim como as essoas $i!inas, a

    pessoa humana um ser espiritual, algum que se realiza somente

    na transcendncia( Edith demonstrou isso na sua tese doutoral sobrea empatia( ' homem tambm conser!a em seu ser a liberdade, que

    condi2.o, algo que o acompanha( tambm um ser indi!idual e

    relacional, algum que tm uma identidade prpria, o que se chama

    personalidade( ' ser nito, n.o uma realidade *echada, mas aberta(

    Seu ser espiritual lhe abre continuamente para o outro, *azendo com

    que com sua identidade ganhe sentido na relacionalidade, na

    comunidade( % indi!idualidade n.o o encerra em si mesmo, mas o

    abre e *az com que adquira plenitude e sentido na rela2.o(

    ;a concep2.o da lso*a, a imagem da Trindade est)

    presente em toda a cria2.o, porm no ser humano a ! mais intensa,

    principalmente nos processos dinRmicos( Entretanto, importante

    armar que o ser nito n.o totalmente semelhante ao Ser eterno,

    sen.o ocorreria o que chamamos de pante+smo /tudo $eus1( ;a

    concep2.o de E( Stein, a criatura nada menos do que uma Dimagem

    parcial, um Draio quebrado( $eus, o Eterno, o &ncriado e o &nnito

    n.o poderia criar nada absolutamente semelhante a si mesmo, posto

    que n.o h) um segundo Eterno, &ncriado e &nnito(

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    $urante a sua !ida, a essencialista procurou apro*undar no

    tema da estrutura da pessoa humana, pois para que pudesse o*erecer

    uma boa *orma2.o 3s suas alunas, ela n.o poderia car na super*+cie

    do ente humano, mas ancorar4se nas suas pro*undezas, 3 procura da

    essncia( ;esta perspecti!a, a lso*a procura apro*undar no tema daconstitui2.o do indi!+duo psico*+sico( Atilizamos a sua obra D%

    estrutura da essoa Fumana bem como a obra DSer nito e Ser

    eterno( Ensaio de uma ascens.o ao sentido do ser( ara Edith Stein e

    todos os *enomenlogos o homem corporeidade e ele pode sentir

    isso atra!s da sensa2.o( Somos corpo !i!o( ara isso Fusserl e Stein

    *azem uma di*erencia2.o rigorosa do nosso corpo( Eles chamam de

    DVorper, o nosso corpo material, sem !ida /um cad)!er, por

    eemplo1( ;s n.o somos pura materialidade, pois possu+mos a !ida eeste o *enOmeno que mais chama a aten2.o do ente humano, pois

    ele sente em si este !i!er( ara designar nosso corpo como corpo

    !i!o, os dois *enomenlogos utilizam o termo alem.o Dleib que

    signica eatamente corpo !i!o(

    ' corpo o que nos torna !is+!eis, e segundo Edith, na sua

    tese sobre a empatia, o que nos permite ter um contato com a !ida

    interior da pessoa /quando ela chora, por eemplo, sei que ela est)

    passando por um sentimento de tristeza1( ' corpo o que nos torna!is+!eis( ;o corpo !i!o reside a alma, que o lugar dos sentimentos,

    da !ontade, das tomadas de decises( %tra!s do corpo, ns tambm

    podemos ter !)rias percep2es, que para o pai da *enomenologia a

    porta de entrada para adentrar na pessoa, a m de compreender

    como ela *eita( Em suma, n.o somos somente Vorper, mas leib(

    artindo da *enomenologia, suspendendo os nossos preconceitos e

    colhendo aquilo que primeiro salta aos nossos olhos, !emos que a

    pessoa uma coisa material, carregando consigo di!ersas

    caracter+sticas como, *orma, cor, altura, peso, etc(

    =uando encontramos uma pessoa desconhecida, ela nos

    chama a aten2.o pela sua cor, sua altura, sua *orma( ortanto, pela

    sua constitui2.o corporal o homem uma coisa material( 6as Stein

    *az uma di*erencia2.o muito importante( Se *ossemos pura

    materialidade, estar+amos reduzidos a uma pedra, a uma mesa,

    enm, pelo *ato de ambas serem coisas materiais( or isso, Edith

    arma que o homem Vorper / matria1, mas tambm leib, ou

    se-a, um corpo animado( ;a *enomenologia, o que muito comum

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    *azer compara2es entre o mundo humano e o mundo animal, a

    lso*a *az !)rias compara2es em suas an)lises( =uando estamos

    em rela2.o com um outro humano, sentimos sua !ida corprea,

    ps+quica e espiritual, e sabemos que ele como ns /ocorre a

    empatia de *orma completa1( 6as quando estamos com um animal,sentimos nele a !ida corprea e ps+quica, mas n.o captamos nele a

    parte espiritual, bem como sabemos que n.o se trata de um outro

    como ns /com o animal tambm ocorre a empatia, porm de *orma

    limitada1(

    ' Deu est) ligado ao ente humano e n.o poss+!el que ele

    se des!incule dele, a n.o ser atra!s da !i!ncia da *antasia e da

    recorda2.o( Stein arma que ns somos matrias, mas

    di*erentemente das demais, ns n.o podemos ser partidos e depoisunidos a outros peda2os, com a nalidade de *ormar uma massa

    homognea( Edith utiliza a audi2.o e a !is.o para colher

    caracter+sticas do corpo humano( $i*erente das demais coisas

    materiais, o homem re!ela sons interiores, como por eemplo,

    quando est) com *ome( Ele tem mo!imentos prprios di*erente dos

    ob-etos, que s se mo!em se empurrados pelo homem( Atilizando das

    refees do %quinate, Edith n.o deia de considerar que o corpo do

    homem congurado pela *orma interna( E partindo de %risttelespodemos chamar esta *orma interna de alma, entendida aqui como

    alma !ital /Danima !egetati!a1( ' corpo humano matria

    *ormalizada /anima *orma corporis1( % *orma o que comunica

    eistncia ao nosso corpo( Sem a *orma somos coisas mortas(

    odemos designar o homem como um microcosmo /um pequenino

    mundo dentro do mundo1, pois nele se renem a alma animal, !egetal

    e racional( Ele tambm an-o, animal, planta, de *orma unit)ria(

    %gora !amos partir para a concep2.o de homem como

    organismo( $eni2.o muito cara a Edith( ' homem um organismo,

    pois possui em si a alma, que o direciona a um processo de

    desen!ol!imento( $urante seu crescimento, podemos !ericar

    di!ersas ati!idades que ser!em de base para que a pessoa possa

    alcan2ar a maturidade do seu ser, como a alimenta2.o, a respira2.o,

    etc( 6as h) os estados mut)!eis, como a doen2a, a sade, a

    *raqueza, o !igor, que compro!am que h) no homem uma P*or2a !italQ

    presente no organismo infuenciando nos processos dinRmicos da

    pessoa humana( % *or2a !ital o que *az do ente humano um

  • 7/23/2019 A Pessoa Humana No Pensamento de Edith Stein

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    organismo e segundo Edith, quando nele n.o h) essa *or2a, ele passa

    a ser uma coisa material morta como qualquer outra coisa(

    ara Stein h) um ncleo no homem /corpo U almaU

    esp+rito1( % alma do homem especicamente distinta da alma dos

    seres !i!os, por ser racional( Como sabemos, a alma da planta classicada de alma !egetati!a e a do animal sensiti!a( ' homem,

    assim como as plantas e os animais, tambm possui em seu ser a

    alma !egetati!a e a alma sensiti!a, porm de *orma unit)ria( ' ente

    humano o que de!ido sua alma racional( % alma da planta /anima

    !egetati!a1 D*orma corporis e nada mais que isso( ;ela *alta a

    abertura interna e na concep2.o de Stein, a *alta de conscincia, bem

    como est) desprendida de si mesma, dando um aspecto de inocncia(

    % pessoa humana em rela2.o 3 planta conser!a em seu ser a posi2.o!ertical( W um triun*o sobre a matria( Comparado a uma for, o rosto

    humano a mais per*eita re!ela2.o de si mesma( ara a lso*a e

    con*erencista, n.o uma imagem meramente potica quando se

    compara as crian2as com as fores, pois elas nos d.o mais do que o

    -o!em e o adulto, um aspecto de pureza e inocncia, certo

    desprendimento de si mesmas(

    Edith era apaionada pela alma humana( $enir o que se-a a

    alma parece ser algo totalmente *ora de nosso alcance, pois ns n.opodemos toc)4la, mas podemos senti4la em ns e no outro humano(

    Fusserl e seus disc+pulos di!idiram a alma em dois aspectos< a parte

    ps+quica, chamada de Dseele e a parte espiritual denominada

    Dgeist( % parte ps+quica /seele1 a parte dos nossos instintos( Se por

    eemplo, eu escuto um barulho muito *orte, terei uma rea2.o de

    medo( ;.o sou eu que pro!oco ou escolho ter medo, mas como

    arma Stein, eu o encontro( % parte espiritual, denominada Dgeist,

    a es*era que refete, decide, toma decises( $iante do *orte barulho,

    no eemplo acima, eu posso tomar a decis.o de me proteger, de me

    controlar, tendo uma rea2.o espiritual(

    %ps a con!ers.o de Stein, a alma ganhar) um sentido

    especial( Ela dene a alma, no eemplo de Teresa de Iesus, um

    espa2o interior ou ainda um castelo interior, no qual o Deu pode se

    mo!er li!remente( ;a obra DSer nito e Ser eterno h) bonitas

    refees em torno desta parte do ser humano( ara Edith, a alma

    um ser em e!olu2.o( Ela D e Dse *az( ' homem tem a miss.o de

    plasmar a imagem de $eus em sua alma, por isso o homem de!e

  • 7/23/2019 A Pessoa Humana No Pensamento de Edith Stein

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    apro*undar em sua !ida +ntima, com a nalidade de conhecer sua

    dimens.o an+mica( or isso, no DCastelo &nterior, ir) apresentar os

    caminhos de acesso 3 realidade +ntima da alma(

    %t aqui, considerou4se dois aspectos do ente humano