É muito forte a ligação de Almada Negreiros a Lisboa.A partir de 1910, produz frescos, vitrais, tapeçarias, azulejos, murais em grandes edifícios, como as duas gares marítimas, todos marcados por um inconfundível traço de virtuosismo e um sentido exato da presença teatral das figuras. Projeta também decorações para casas de habitação, interpretando o espírito do Modernismo enquanto modo de tornar próximo e arejado o que era pesado e académico. E termina em 1970, no átrio principal da Fundação Gulbenkian, com a obra-prima que se chama Começar. Eis, pois, um roteiro que é uma aventura pelas ruas de Lisboa e pela história da grande arte moderna do século xx português, nos passos de Almada Negreiros.

The connection between Almada Negreiros and Lisbon is very strong.From 1910 onwards he produced frescos, stained glass, tapestries, glazed tiles, murals in large buildings, like the two maritime stations, all marked by an unmistakable trace of virtuosity and an exact sense of the theatrical presence of the figures. He also designed decoration for houses, interpreting the spirit of Modernism as a means of making more intimate and lighter what was heavy and academic. And in 1970, in the main atrium of the Gulbenkian Foundation, he finished the masterpiece known as Começar (Beginning).Here, then, is a guide that is an adventure through the streets of Lisbon and through the story of the great modern art of 20th-century Portugal, in the steps of Almada Negreiros.

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Apoio:

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Seminário Maior deCristo-Rei

Escola Patrício

Prazeres

A Brasileira do Chiado

Torreão Este (antigo Tribunal de Contas)

Reminiscência de Almada Negreiros

Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos

Igreja do Santo Condestável

Alma Moderna

Edifício das Águas Livres

Edifício na Rua do Vale de Pereiro

Edifício do Diário de Notícias

Estação Saldanha

Tribunal de Contas

Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

Fundação Calouste Gulbenkian

Hotel Ritz

Cidade Universitária

Casa na Rua de Alcolena

Gare Marítima de Alcântara

O PRINCÍPIO DA PARTIDA: «COMEÇAR» (A ÚLTIMA DÉCADA)

Retrato de Fernando Pessoa (1964)Começar (1968-1969)

HOMENAGENSAlma Moderna (1993)Estação de metropolitano do Saldanha (2009)Reminiscência de Almada Negreiros (2013)

UM ENCONTRO NO TEMPO OU UM PERCURSO POSSÍVEL (CRONOLOGIA)

NOTAS

BIBLIOGRAFIA

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INTRODUÇÃO

A presente abordagem à obra de José de Almada Negreiros, germinada no âmbito das comemorações dos 120 anos do seu nascimento — uma irresistível oportunidade de revisitar e apreciar o envolvente universo da sua produção artística —, visa salientar e refletir o percurso singular deste autor referente à sua obra pública visível em Lisboa e, simultaneamente, a um conjunto de monumentos ou estruturas que celebram e evocam a presença e intervenção de Almada na cidade.

Figura incontornável do movimento modernista português, sobressai desde logo a necessidade de destacar esta sua faceta artisticamente tão profícua e interventiva quanto a sua produção literária, pela sua importância tanto em termos estéticos como no enriquecimento do património arquitetónico da cidade de Lisboa, onde cresceu e viveu grande parte da sua vida, e cujas manifestações de obra pública, desdobrando-se ao longo de cinco décadas, acompanharam o ritmo de desenvolvimento do panorama citadino com a sua visão e forma de expressão únicas.

É através destes pressupostos que se procurou conceber uma reedição revista e ampliada — e substanciada em edição bilingue (português/inglês) — da obra homónima editada em 1993, pelo então IPPAR e pela INCM, com texto de Maria Augusta Maia, atualizada por uma nova recolha e produção fotográfica, bem como pela inclusão de novos elementos alusivos a obras de homenagem a Almada, ajustando-a ao hiato temporal que separa ambas as edições e ampliando também o espetro do público abrangido por este guia.

Deste olhar construtivamente mais demorado espera-se que possa, para além do vital propósito informativo a que se presta, suscitar no público interessado o desejo de deslocação aos edifícios e locais citados, os quais constituem uma das mais expressivas memórias da cidade.

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p. 1Autorretrato tinta da china sobre papels. d.

p. 9Almada Negreiros na 1.ª Conferência Futurista, no Teatro da República, em 14 de abril de 1917

p. 10Autorretrato óleo sobre tela45,5  × 38 cm1927

p. 12Duplo Retrato

com Sarah Aff onso

óleo sobre tela146 × 101 cm1934-1936

p. 1Self-portrait Indian ink on paper n. d.

p. 9Almada Negreiros at the 1st Futurist Lecture at the Teatro da República on 14 April 1917

p. 10Self-portrait oil on canvas45.5  × 38 cm1927

p. 12Self-portrait with Sarah Aff onsooil on canvas146  × 101 cm1934-1936

A variedade das técnicas de composição e a diversidade dos materiais utilizados, bem como a sua localização e âmbito, quer se trate dos frescos da Gare Marítima de Alcântara e da Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos ou dos painéis incisos em pedra para os edifícios da Cidade Universitária, dos vitrais e mosaicos da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima ou dos frescos do Edifício do Diário de Notícias, das tapeçarias e desenho inciso em mármore para o Hotel Ritz, dos mosaicos murais para o Edifício das Águas Livres, das tapeçarias, quadros a óleo e desenho para o Tribunal de Contas ou do simbólico painel Começar, gravado em pedra calcária no átrio principal da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, conferem-lhe um caráter tão abrangente e significativo quanto a própria dispersão do autor pelos vários campos da Arte.

Julho de 2013

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Autorretrato num

Grupo

Pintura decorativaóleo sobre tela130  × 197 cm1925

Self-portrait in a Group Decorative paintingoil on canvas130  × 197 cm1925

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No conturbado ano do regicídio de D. Carlos (1908), A Brasileira do Chiado transformava-se em «sala de café», mobilada ao gosto renascença, vindo a sofrer profunda remodelação decorativa, sob a traça de Norte Júnior, entre 1923 e 1925.

Na sua origem está a introdução de hábitos e gostos «exóticos», possibilitada pela forte emigração para o Brasil, que, no seu retorno, não só empresta carisma às próprias casas como origina novos hábitos e costumes.

Vibrava-se, nesses anos 20, com a «Questão dos Painéis […] até ao extremo da bengalada» ¹ e a ideia transmitida pelo jornalista Norberto de Araújo ao proprietário do café, o Teles, era fazer dali um «museu» da «última escola» de pintura em Portugal.

Foram seis os artistas contactados, cujas obras ali permaneceram até 1971, data de nova remodelação do edifício e encomenda de novos quadros a outra geração de artistas.

As obras de Almada foram colocadas à esquerda de quem entra, em primeiro e terceiro planos: um Autorretrato num Grupo e As Banhistas, respetivamente.

A lembrar Paris, onde estivera em 1919, ao Autorretrato caberia maior relevância na nossa história da arte: Almada Negreiros representa-se a si e a alguns amigos, sob um fundo de diferentes verdes iluminados ou enegrecidos. O pintor observa um desenho enquanto o amigo lê. As figuras parecem estar num palco e sugerem movimentos sucessivos de um bailado. Os rostos são máscaras recobertas por camadas espessas de tintas brancas em que, à maneira

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Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A.Av. de António José de Almeida1000-042 Lisboa

www.incm.ptwww.facebook.com/INCM.Livroseditorial.apoiocliente@incm.pt

© Direção-Geral do Património Cultural,Diogo Fernandes, Sílvia Laureano Costa, Fernando Cabral Martins e Imprensa Nacional-Casa da Moeda

Título [Title]: Almada Negreiros — Um percurso possívelAlmada Negreiros — A possible route

Texto original (edição IPPAR/INCM, 1993) [Original text (edition IPPAR/INCM, 1993)]:Maria Augusta Maia

Investigação, atualização do texto inicial e autoria dos novos textos [Research, updating

of the original text and author of the new texts]:Diogo Fernandes (Introdução, Homenagens) [Introduction, Tributes]

Sílvia Laureano Costa (legendas e revisão de conteúdos) [captions and content review] Fernando Cabral Martins (texto na contracapa)[backcover text]

Coordenação dos novos conteúdos [coordination of new content]:Rita Almada Negreiros

Design gráfi co e paginação [Graphic design and layout]: Barbara says...

Coordenação editorial e revisão [Editing and proofreading]:INCM — Imprensa Nacional-Casa da Moeda

Tradução [Translation]:David Cranmer

1.ª edição [1st edition]:IPPAR — Instituto Português do Património Arquitetónico e Arqueológico /INCM — Imprensa Nacional–Casa da Moeda, 1993

2.ª edição, revista e ampliada [2nd revised edition]:junho de 2017 [June 2017]

ISBN: 978–972–27–2229–2

Depósito legal [Legal deposit]: 363 947/13

Edição n.º [Edition no.]: 1019753

Este livro contém um mapa [This book includes a map].

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É muito forte a ligação de Almada Negreiros a Lisboa.A partir de 1910, produz frescos, vitrais, tapeçarias, azulejos, murais em grandes edifícios, como as duas gares marítimas, todos marcados por um inconfundível traço de virtuosismo e um sentido exato da presença teatral das figuras. Projeta também decorações para casas de habitação, interpretando o espírito do Modernismo enquanto modo de tornar próximo e arejado o que era pesado e académico. E termina em 1970, no átrio principal da Fundação Gulbenkian, com a obra-prima que se chama Começar. Eis, pois, um roteiro que é uma aventura pelas ruas de Lisboa e pela história da grande arte moderna do século xx português, nos passos de Almada Negreiros.

The connection between Almada Negreiros and Lisbon is very strong.From 1910 onwards he produced frescos, stained glass, tapestries, glazed tiles, murals in large buildings, like the two maritime stations, all marked by an unmistakable trace of virtuosity and an exact sense of the theatrical presence of the figures. He also designed decoration for houses, interpreting the spirit of Modernism as a means of making more intimate and lighter what was heavy and academic. And in 1970, in the main atrium of the Gulbenkian Foundation, he finished the masterpiece known as Começar (Beginning).Here, then, is a guide that is an adventure through the streets of Lisbon and through the story of the great modern art of 20th-century Portugal, in the steps of Almada Negreiros.

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Reminiscência de Almada Negreiros

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Alma Moderna

Edifício das Águas Livres

Edifício na Rua do Vale de Pereiro

Edifício do Diário de Notícias

Estação Saldanha

Tribunal de Contas

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Fundação Calouste Gulbenkian

Hotel Ritz

Cidade Universitária

Casa na Rua de Alcolena

Gare Marítima de Alcântara