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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Administração Ana Paula Monteiro Martins Cano Eliana da Silva Pereira Ravena Jady Kairine do Amaral Taísa Rodrigues dos Santos A PRODUÇÃO ENXUTA AUXILIANDO NA MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO DA CACHAÇA Destilaria Córrego Azul Promissão - SP LINS SP 2013

A PRODUÇÃO ENXUTA AUXILIANDO NA MITIGAÇÃO DOS … · Que Deus abençoe sempre você, te amo. Ao Irmão de Coração e cunhado, Celestino João, que sempre ... quer que eu vá

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Administração

Ana Paula Monteiro Martins Cano

Eliana da Silva Pereira Ravena

Jady Kairine do Amaral

Taísa Rodrigues dos Santos

A PRODUÇÃO ENXUTA AUXILIANDO NA

MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NO

PROCESSO PRODUTIVO DA CACHAÇA

Destilaria Córrego Azul

Promissão - SP

LINS – SP

2013

ANA PAULA MONTEIRO MARTINS CANO

ELIANA DA SILVA PEREIRA RAVENA

JADY KAIRINE DO AMARAL

TAÍSA RODRIGUES DOS SANTOS

A PRODUÇÃO ENXUTA AUXILIANDO NA MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS

AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO DA CACHAÇA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração, sob a orientação da Profª Ma. Máris de Cássia Ribeiro Vendrame e orientação técnica da Profª Ma. Heloísa Helena Rovery da Silva.

LINS – SP

2013

P49g

Cano, Ana Paula Monteiro Martins; Ravena, Eliana da Silva Pereira; Amaral, Jady Kairine; Santos, Taisa Rodrigues

A Produção Enxuta auxiliando na mitigação dos impactos ambientais no processo produtivo da cachaça / Ana Paula Monteiro Martins Cano; Eliana da Silva Pereira Ravena. Jady Kairine do Amaral; Taisa Rodrigues dos Santos. – – Lins, 2013.

78p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Administração, 2013.

Orientadores: Máris de Cássia Vendrame; Heloisa Helena Rovery da Silva

1. Produção Enxuta. 2. Sistema Toyota de Produção. 3. Impactos ambientais. 4. Processo produtivo da cachaça. I Título.

CDU 658

C229p

ANA PAULA MONTEIRO MARTINS CANO

ELIANA DA SILVA PEREIRA RAVENA

JADY KAIRINE DO AMARAL

TAÍSA RODRIGUES DOS SANTOS

A PRODUÇÃO ENXUTA AUXILIANDO NA MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS

AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO DA CACHAÇA

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Aprovada em: ____/____/____

Banca Examinadora

Profª Orientadora: Máris de Cássia Vendrame

Titulação: Mestre em Administração pela Unimep

Assinatura: ____________________________

1° Prof (a): ______________________________________________________

Titulação________________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ____________________________

2° Prof (a): ______________________________________________________

Titulação________________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ____________________________

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado força para

conquistar esta alegria e por sempre me guardar e seguir

comigo em minha caminha.

Aos meus pais José Roberto e Rogélia, pela educação que me

foi dada, por sempre estarem ao meu lado, agradeço por tudo

que fizeram. Hoje vejo e sou muito grata! Obrigada à vocês

que são a razão da minha existência, eu amo vocês! Tudo que

consegui até hoje foi graças ao apoio de vocês.

Agradeço especialmente aos meus tios Fernando e Vera que

sempre me apoiaram, e me ajudaram quando precisei

obrigado por acreditarem em mim!

Aos meus irmãos Fabio e Juliana, que sempre estavam ali do

meu lado, amo vocês!

Agradeço ao meu namorado, que desde o começo esteve do

meu lado, dia a dia ali! Sabia que sempre poderia contar

com ele, nas horas difíceis e nas horas de alegria, me ajudou

a conquistar este diploma me apoiando e incentivando a

todo tempo.

Aos meus avós, em especial a minha vovó Therezinha que

sempre me disse que lá na frente isso tudo ia valer a pena, e

agradeço a memória do meu amado Vovô Vicente que hoje

não esta mais entre nós, mas tenho certeza que de onde ele

estiver estará olhando por mim, e com certeza, muito

orgulhoso de sua netinha “Paulinha”.

As minha amigas de trabalho, é gente conseguimos! Depois de

muitos finais de semana, livros, pesquisas, estágios e visitas

esta aqui o resultado do nosso desempenho e suor, com

perseverança nós conquistamos muito!

Hoje vejo que tenho uma família maravilhosa, amigos

incomuns e do meu lado uma pessoa muito especial, amo

todos vocês.

Muito Obrigado Senhor, sou muito grata por tudo que tenho e

peço que continue seguindo comigo em minha caminha.

Ana Paula Monteiro Martins Cano

Agradeço a Deus, pelo milagre da vida, por seu amor

incondicional, pelo carinho, pelo cuidado com minha

família, por nunca desistir de mim, por me amparar em meus

momentos tristes, pelas oportunidades que me deu ao decorrer

deste curso e pela realização desse trabalho.

...”Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele

confiarei”. (Sl 91,2)

Ao meu esposo, quero expressar a minha gratidão e alegria

por estar ao meu lado, um grande companheiro. Em nenhum

momento lhe vejo fora do que faço, e só tenho a agradecer a

Deus e a você, responsável por tudo de bom que me acontece.

Esse grande homem que com sabedoria e alegria conquistou o

meu coração, obrigada por tudo. Te amo!

A minha filha Ana Clara, por existir e fazer da minha vida

uma eterna felicidade. Meu amor por você é incondicional,

pois você é a razão da minha vida. Te amo, minha princesa.

A minha mãe, que é o meu alicerce, meu porto seguro, que

sempre me apoiou muito e nunca me deixou desistir, me

incentivando e dando forças para ir adiante. Te amo, mãe.

Ao meu pai, (in memorian), que me educou, me ensinou a

andar por caminhos certos, que junto com a minha mãe, me

transformou nessa pessoa boa que hoje sou. Sei que onde

estiver, estará feliz por mais essa conquista, pois a luta foi

grande, mas enfim consegui vencer. Te amo pai e sinto muito

a sua falta, essa vitória é nossa!

Aos meus irmãos, Maria Lúcia, Paulo, Luciene pelo apoio e

dedicação. Amo vocês. Em especial, agradeço ao meu irmão

José, que abriu mão de sua vida, para me ajudar a cuidar da

minha filha, nos momentos que mais precisei. Muito

obrigada! Que Deus abençoe sempre você, te amo.

Ao Irmão de Coração e cunhado, Celestino João, que sempre

me deu força e apoio, foi como um pai para mim. Muito

obrigada, por fazer parte da minha vida.

Aos meus sobrinhos: Jéssica, Álvaro, Amanda, e afilhada

Júlia, por fazerem parte da minha vida, me trazendo muitas

alegrias e felicidades. Amo vocês e contem sempre comigo.

A minha cunhada Elizabete Mota, pelo apoio, dedicação e

compreensão, sempre me incentivando com palavras de

carinho.

Ao amigo Geraldo R. Castro, que me incentivou a dar o

pontapé inicial, voltar a estudar. Me deu apoio e força. Muito

Obrigada!

As minhas amigas de monografia: Ana Paula, Jady e Taisa,

é um privilégio quando temos ao nosso lado pessoas tão

maravilhosas como vocês. Agradeço o apoio que vocês me

deram no momento em que eu tanto precisei. “Bons amigos

sempre ficam de modo especial em nossos pensamentos. Fazem

parte do nosso dia a dia, mesmo não estando presentes, pois

as experiências que foram uma vez compartilhadas estarão

sempre vivas em nossa lembrança”. Obrigada, pela nossa

amizade, cercada de confiança e amor.

A todos os professores que com dedicação, paciência e

entusiasmo nos ensinaram com perfeita exatidão e

comprometimento. Obrigada a todos vocês.

A professora, coordenadora e orientadora, Máris, que é um

exemplo de dedicação, competência e garra! Sem a sua ajuda

e orientação não teríamos chegado até aqui. Muito obrigada

por tudo, você é maravilhosa! Que Deus te conserve sempre

assim e guie sempre o seu caminho, para que seja sempre

muito feliz.

A professora Helô, pela dedicação, compreensão e pelos seus

ensinamentos. Muito Obrigada!

Ao professor Irso, que é um exemplo de vida, uma pessoa que

admiro muito, um excelente professor e amigo. Um Mestre na

arte de ensinar. Te adoro, e que Deus te ilumine cada vez

mais.

Ao grupo São Lucas, pelo apoio e força durante todo o meu

curso, e por acreditar em meu trabalho. Em especial ao Dr.

Orrélio J. Rocha, uma pessoa brilhante, com uma sabedoria

incrível, muito paciente durante a minha gestação, me

transmitindo segurança e paz, e ao lado de Deus me deu o

maior presente, minha filha.

Ao Dr. Bruno Sammarco, pela paciência, dedicação e

carinho, que teve durante a minha gestação e com sua

sabedoria e profissionalismo permitiu que conciliasse a

minha gestação ao meu curso, durante um período. E me

proporcionou o momento único e maravilhoso em minha

vida, ser mãe. Muito Obrigada por tudo.

A todos os meus amigos: da faculdade, do trabalho, pessoais

que me deram apoio, incentivo, carinho e sempre estiveram

do meu lado. Em especial, Renata Pitas, Zélia Rocha, Ruy

Alvarenga, Camila Moura, Kellen Cristina, Gislaine e Alfredo.

Muito obrigado a todos vocês, sou muito feliz por fazerem

parte da minha vida.

Eliana S. Pereira Ravena

A DEUS

Pelo dom da vida, sabedoria, entendimento, força, saúde,

paciência, perseverança, e acima de tudo muita fé, obrigada

meu Pai por sempre estar ao meu lado iluminando meus

caminhos. Obrigada meu Deus pela conquista.

AOS MEUS FAMILIARES

Que acompanharam minha luta diária sempre me apoiando

e incentivando e que ao longo da minha vida ajudaram a

me tornar o que sou hoje, a todos vocês o meu muito

obrigada.

AO MEU IRMAO

Que durante todos esses anos sempre me ajudou, mesmo sendo

do seu jeitinho peculiar (risos), obrigada por sempre poder

contar com você em todos os momentos da minha vida, você

meu irmão faz parte dessa conquista. Te Amo!

AOS MEUS AMIGOS

Muito obrigado a cada um de vocês por fazerem parte da

minha vida, em especial minhas companheiras de TCC, Ana

Paula, Eliana e Taísa que me aturaram (risos) durante todos

esses meses, essa conquista é nossa, a todos vocês queridos

amigos o meu muito obrigada, com certeza os levarei onde

quer que eu vá. “Amigos, pra sempre, bons amigos que

nasceram pela fé, amigos, pra sempre, para sempre amigos

sim, se Deus quiser.”

AO MEU NAMORADO

Que sempre esteve ao meu lado me incentivando e

encorajando a nunca desistir, me dando força e conselhos

nos momentos de dificuldade, obrigada pela paciência e

dedicação que sempre me deu. A você meu amor meu muito

obrigada. Te amo!

EM ESPECIAL A MINHA MÃE

Que não mediu sacrifícios para que eu realizasse meus

sonhos, Mãe agora eu devolvo sua vida, pois sei que mesmo

sem nunca se queixar durante esses anos a senhora deixou de

vivê-la para que eu pudesse realizar meus sonhos, muito

obrigada por estar sempre ao meu lado, me apoiando, me

dando forcas para continuar e nunca desistir, obrigada pelo

carinho, amor, confiança e atenção. Não tenho palavras

para agradecê-la e sei que jamais vou conseguir expressar a

minha gratidão. Agradeço a Deus por te ter como mãe. Te

Amo muito minha lindinha, obrigada por fazer do meu

sonho o seu.

Jady Kairine do Amaral

À Deus

Primeiramente, que permitiu que eu estivesse aqui hoje para

realizar este sonho, e preparou todos os caminhos para que eu

chegasse até aqui. Te agradeço Senhor, pois não faltaram

momentos difíceis em que pensei em desistir, mas sempre

renovaste minhas forças. Sem ti sei que não conseguiria meu

Deus, meu Papai, muito obrigada por cumprir tua promessa

em minha vida.

Aos meus pais

Que nunca mediram esforços pra verem meus sonhos se

concretizarem. Sei que por muitas vezes deixaram de fazer

suas vontades para dar o melhor para mim e para meus

irmãos. Mamãe... papai... vocês são verdadeiros anjos que

Deus colocou em minha vida, eu amo muito vocês. O principal

aprendizado que irei levar para minha vida não foi

conquistado na faculdade, mas sim de seus preciosos

conselhos, que formaram a minha moral e conduta.

Obrigada por tudo!

À minha segunda família

Meus sogros: Elizabeth e Nilson que me acolheram como uma

filha nesta linda família, e são para mim como pai e mãe.

Obrigada por tudo.

Aos meus familiares

Que direta ou indiretamente estiveram do meu lado, e têm

participação na minha vitória. O meu “muito obrigada” à

todos vocês. Em especial meus irmãos: Thayna e Thiago, a

“Táta” ama muito vocês.

Gostaria também de dedicar um carinho muito especial à Tia

Sandra, você titia que é minha companheirinha de todos os

dias, que teve que aguentar meus pânicos pré-TCC, que me viu

descabelar (risos), e sempre torceu por mim. Obrigada!

Aos meus amigos

Gostaria de agradecer em geral à todos aqueles que são mais

que amigos....irmãos de mães diferentes, os que tenho na

verdade são poucos mas são verdadeiros.

Em especial, agradeço à vocês: Ana Paula (Aninha); Eliana

(Líca), e Jady....muito obrigada de coração, me sinto

honrada de ter feito parte de um grupo de TCC tão

maravilhoso. Peço desculpa se em algum momento as magoei

por algum motivo, e agradeço por terem me suportado, vou

levá-las para a vida, lhes desejo também muito sucesso: que

Deus realize os seus sonhos.

“Mesmo que os anos passem, e até mesmo que a distância nos

separe ficarão dentro de mim... os momentos que felizes nós

passamos, tantas guerras enfrentamos: a angústia e o que

levantou enfim. Com o Mestre aprendemos ser valentes, vindo

a guerra de repente jamais vamos recuar (...) Posso

dizer...ninguém é mais feliz que nós!”

Em especial, ao amor da minha vida...

À você meu esposo: Lucas, anjo lindo que Deus colocou no meu

caminho, que veio pra me ensinar o que é o amor, que mais

do que um esposo é amigo... é irmão. Agradeço pela

compreensão, afinal, quantas vezes a correria do dia-a-dia e

da faculdade me afastou de você, principalmente com o TCC

(risos). Obrigada por tudo, por estar ao meu lado meu amor.

Taisa Rodrigues dos Santos

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus por nos ajudar dando-nos entendimento e

paciência para que pudéssemos realizar esse trabalho.

As nossas famílias, pelo apoio, força e incentivo, que nos permitiu que

chegássemos até aqui.

A nossa orientadora Ma. Máris de Cássia Vendrame e orientadora

técnica Heloisa Helena Rovery da Silva, pelo conhecimento a nós transmitido,

pela paciência, dedicação e incentivo.

A todos os professores do curso que com perseverança e

comprometimento nos passaram todo conhecimento e experiências que

adquirimos hoje.

A Destilaria Córrego Azul por nos ceder o espaço, com muita atenção e

disposição para o desenvolvimento da nossa pesquisa e conclusão de nosso

trabalho.

Ana Paula Monteiro Martins Cano Eliana da Silva Pereira Ravena

Jady Kairine do Amaral Taisa Rodrigues dos Santos

RESUMO

Atualmente, as empresas precisam ser enxutas para sobreviverem no mercado e atingirem lucros, outro pré-requisito para a sobrevivência das mesmas é a sustentabilidade, pois diante dos impactos ambientais causados pelo homem o mundo encontra-se em estado crítico e pede socorro. O sistema de Produção Enxuta, desenvolvido no Japão, na fábrica de automóveis Toyota Motor Corporation, surge como ferramenta capaz de auxiliar no processo de melhor gestão de recursos e minimização das perdas, e, consequentemente, também está apto a mitigar impactos ambientais. Este trabalho teve por finalidade analisar os processos produtivos da cachaça em uma empresa do setor de destilados e verificar se a Produção Enxuta adotada pela empresa pesquisada é aplicada de maneira eficaz de forma a contribuir para a mitigação dos impactos ambientais no processo produtivo da cachaça. A pesquisa foi realizada na empresa real Destilaria Córrego Azul, responsável pela plantação da matéria-prima a cana-de-açúcar, pela extração do álcool e fabricação da aguardente, e pela venda de bagaço, que é um subproduto da cana. Através da pesquisa realizada foram coletados dados por meio de pesquisa de campo, entrevistas com funcionários e revisão bibliográfica. A partir destes dados coletados foram feitas várias análises confirmando que a Destilaria Córrego Azul aplica a Produção Enxuta em todos os seus processos produtivos e ao mesmo tempo, tem grande preocupação e responsabilidade na área ambiental, trabalhando de forma sustentável, diminuindo os impactos ambientais.

Palavras-chave: Produção Enxuta. Sistema Toyota de Produção. Impactos ambientais. Processo produtivo da cachaça.

ABSTRACT

Nowadays, companies need to be lean to survive in the market and

achieve profits, another prerequisite for their survival is sustainability, because of the environmental impacts caused by man the world is in critical condition and needs some help. The lean production system, developed in Japan in the factory Toyota Motor Corporation, emerges as a tool to assist a better resources management and minimization of losses, and therefore is also able to mitigate environmental impacts. This paper aims to analyze the cachaça production processes in a company of distilled alcoholic beverages and verify whether lean production adopted by the company studied is applied effectively so as to contribute to the environmental impacts mitigation in the production process of cachaça used by the company Destilaria Córrego Azul, responsible for planting the raw material, the sugar cane, alcohol extraction and cachaça production and the bagasse sale, which is a by-product of sugar cane. Through the survey data were collected through field research, interviews with employees and literature. In the data collected from these analyzes it could be concluded that Destilaria Córrego Azul applies lean production in all its production processes and at the same time, has great concern and responsibility to the environmental area, working in a sustainable way, reducing environmental impacts. Key Words: Lean Production. Toyota Production System. Environmental Impacts. Cachaça Production Process.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esteira de Moagem ............................................................................ 22

Figura 2: Escritório ............................................................................................ 23

Figura 3: Montagem da Caldeira ....................................................................... 23

Figura 4: Carregamento .................................................................................... 24

Figura 5: Descarregamento de Cana ................................................................ 24

Figura 6: Aplicação de vinhaça ......................................................................... 25

Figura 7: Esteira de bagaço .............................................................................. 25

Figura 8: Colheitadeira ...................................................................................... 26

Figura 9: Layout atual ....................................................................................... 29

Figura 10: Organograma ................................................................................... 30

Figura 11: O Diagrama "Casa do STP" ............................................................. 38

Figura 12: Chegada da Cana ............................................................................ 58

Figura 13: Descarregamento ............................................................................ 59

Figura 14: Ternos de Moenda ........................................................................... 60

Figura 15: Dornas de Fermentação .................................................................. 61

Figura 16: Centrífugas ...................................................................................... 62

Figura 17: Destilação ........................................................................................ 63

Figura 18: Caldeira ........................................................................................... 64

LISTA DE SIGLAS

AIA: Avaliação de Impacto Ambiental

CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente

EIA: Estudo Impacto Ambiental

IBRAC: Instituto Brasileiro da Cachaça

JIT: Just-in-time

RIMA: Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente

SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

STP: Sistema Toyota de Produção

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 20

CAPÍTULO I – DESTILARIA CÓRREGO AZUL LTDA .................................... 22

1 A EMPRESA .................................................................................... 22

1.1 Localização ...................................................................................... 26

1.2 Missão .............................................................................................. 27

1.3 Visão ................................................................................................ 27

1.4 Valores e Objetivos .......................................................................... 27

1.5 Produtos Comercializados ............................................................... 27

1.5.1 Cachaça ........................................................................................... 27

1.5.1.1 História da cachaça .......................................................................... 27

1.5.2 Bagaço da cana-de-açúcar .............................................................. 28

1.6 Clientes ............................................................................................ 28

1.7 Concorrentes ................................................................................... 28

1.8 Estrutura física ................................................................................. 29

1.9 Mercado da cachaça ........................................................................ 29

1.10 Organograma ................................................................................... 30

1.11 Organização Administrativa ............................................................. 31

CAPÍTULO II - A PRODUÇÃO ENXUTA E A GESTÃO AMBIENTAL ............ 32

2 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ............................................... 32

2.1 Produção .......................................................................................... 32

2.2 Produção Enxuta.............................................................................. 33

2.2.1 O modelo Toyota.............................................................................. 34

2.2.1.1 Os princípios do modelo Toyota ...................................................... 36

2.3 O Diagrama “casa do STP” .............................................................. 38

2.3.1 Eliminação das perdas ..................................................................... 39

2.3.2 Just-in-time (JIT) .............................................................................. 41

2.3.3 O Princípio de autonomação (JIDOKA) ........................................... 44

2.4 Gestão ambiental ............................................................................. 45

2.4.1 Desenvolvimento sustentável .......................................................... 47

2.4.2 As empresas e o meio ambiente ...................................................... 49

2.5 Ambiente .......................................................................................... 50

2.5.1 Impactos ambientais ........................................................................ 50

2.5.2 Licenciamento ambiental ................................................................. 51

2.5.3 A avaliação de impacto ambiental.................................................... 51

2.5.4 Mitigação dos impactos ambientais ................................................. 52

2.6 Produção mais limpa e a ecoeficiência ............................................ 53

CAPÍTULO III – A PESQUISA .......................................................................... 55

3 INTRODUÇÃO ................................................................................. 55

3.1 Uma visão geral sobre a Produção Enxuta ...................................... 56

3.1.1 O processo produtivo da cachaça adotado pela Destilaria Córrego

Azul ......................................................................................................... 57

3.1.1.1 Preparo do solo, irrigação e plantio da cana-de-açúcar ................... 57

3.1.1.2 Colheita da cana-de-açúcar ............................................................. 57

3.1.1.3 Chegada da cana-de-açúcar ............................................................ 58

3.1.1.4 Descarregamento mecânico no Hilo ................................................ 59

3.1.1.5 Moagem ........................................................................................... 60

3.1.1.6 Separação de impurezas ................................................................. 60

3.1.1.7 Fermentação do caldo ..................................................................... 61

3.1.1.8 Centrifugação do vinho .................................................................... 62

3.1.1.9 Destilação e armazenagem da cachaça .......................................... 63

3.1.1.10 Bioeletricidade ................................................................................. 64

3.2 Parecer Final .................................................................................... 65

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO I ................................................................... 66

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO II .................................................................. 67

CONCLUSÃO ................................................................................................... 68

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 69

APÊNDICES ..................................................................................................... 72

20

INTRODUÇÃO

No mundo globalizado e com o mercado cada vez mais competitivo,

empresas têm buscado os mais diversos recursos para que assim consigam se

destacar e aumentar sua competitividade perante seus concorrentes.

O Sistema de Produção Enxuta é conhecido também como Sistema

Toyota de Produção, pois surgiu na fábrica de automóveis Toyota Motor

Corporation, na década de 50. Neste período, o Japão sofria os efeitos

causados pela Segunda Guerra Mundial, onde havia sido totalmente

devastado. (REIS, 2011)

Com o intuito da eliminação das perdas e redução de custos, o conceito

de sistemas de Produção Enxuta é o mais adequado ao mercado de hoje; este

conceito concentra-se em estratégias de operações, processos, tecnologia,

qualidade, capacidade, arranjo-físico, cadeias de suprimentos, estoque e

planejamento de recursos. Os sistemas de Produção Enxuta agrupam tudo

para criar processos eficientes.

Afinal, qual é a real contribuição do Sistema Toyota de Produção e por que as empresas desejam tanto adotar essa prática de gestão? A Produção Enxuta tem se destacado como diferencial competitivo, pois se relaciona à capacidade que as empresas possuem de planejar estrategicamente suas operações produtivas. (MILANI; OLIVEIRA, 2010, p. 5)

Os princípios ligados ao sistema de Produção Enxuta propõem a

eliminação dos desperdícios que ocorrem no processo produtivo. A

minimização dos impactos ambientais de uma forma concreta beneficia-se

dessa metodologia, pois através de ferramentas exclusivas da origem do

Sistema Toyota de Produção, esse processo consegue tornar-se evidente.

O objetivo da Destilaria Córrego Azul é fornecer com qualidade até o

cliente o melhor produto com mais de 45 anos de história, preocupando-se com

tudo que envolve no processo, desde o trato com o solo até o destino final do

produto.

E o Sistema Toyota de Produção é uma ferramenta que auxilia na

mitigação dos impactos ambientais bem como contribui na eliminação de

perdas e na redução de resíduos, minimizando os impactos ambientais

causados no processo produtivo da cachaça.

21

Em qualquer empresa os resíduos de produção representam um grave

problema. Diante disso, o gerenciamento desses resíduos deve ser tratado

como assunto de primeira necessidade nas empresas. Sendo assim, a

Produção Enxuta auxilia a mitigar os impactos ambientais, pois ajuda a

empresa a desenvolver uma forma de reaproveitar os resíduos da produção, no

caso de uma destilaria, o bagaço que sobra da cana pode se tornar

bioeletricidade para alimentar a indústria.

As vantagens das empresas que adotam as práticas de gestão

ambiental são significativas, pois reduzem os gastos com matéria-prima e

energia, e apresentam menor dependência de instalações de tratamento e

destinação final de resíduos; reduzem ou eliminam custos futuros com

decorrentes processos de despoluição de resíduos ou de contaminação

causadas por eles; evitam complicações legais; diminuem os custos

operacionais e de manutenção. (DIAS, 2009)

Para a constituição deste trabalho foi realizada uma pesquisa de campo

na empresa Destilaria Córrego Azul. O objetivo deste estudo foi verificar a

importância da Produção Enxuta na mitigação dos impactos ambientais.

Durante a pesquisa exploratória chegou-se a questão:

Até que ponto a Produção Enxuta contribui na mitigação dos impactos

ambientais no processo produtivo da cachaça?

Em resposta a tal questionamento surgiu a seguinte hipótese: os

benefícios ambientais são uma consequência das melhorias dos processos

operacionais por meio da adoção de práticas da Produção Enxuta.

Para a realização da pesquisa utilizou-se de métodos e técnicas

minuciosamente descritos no capítulo III deste trabalho.

O trabalho está estruturado da seguinte forma:

Capítulo I: descreve a empresa desde sua fundação até os dias atuais.

Capítulo II: discorre sobre a fundamentação teórica sobre Produção

Enxuta e Gestão Ambiental.

Capítulo III: demonstra a pesquisa realizada na Destilaria Córrego Azul,

ressaltando as técnicas de Produção Enxuta utilizadas pela empresa de forma

a mitigar os impactos ambientais.

O trabalho é finalizado com a proposta de intervenção apresentada à

empresa e a conclusão.

22

CAPÍTULO I

DESTILARIA CÓRREGO AZUL LTDA

1 A EMPRESA

A Destilaria Córrego Azul foi fundada em 1966 por Gilberto Lamonato

que adquiriu em sociedade com Francisco V., ambos transportaram um

pequeno alambique que, anteriormente localizava-se na Fazenda Amália no

bairro Córrego Rico para a fazenda São Brás na cidade de Promissão.

Com a parceria total da família, os anos passaram, e a empresa foi

crescendo. Em 1972, a empresa implanta uma esteira de moagem ao

alambique.

Figura 1: Esteira de Moagem

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 1972.

Em 1975, com muito trabalho, dedicação e melhorias o então engenho é

transferido para a fazenda Córrego Azul, e em 1978, ganha um escritório.

23

Figura 2: Escritório

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 1978.

Em 1994, a empresa ampliou sua dependência física montando uma

caldeira e adicionando o carregamento às atividades industriais.

Figura 3: Montagem da Caldeira

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 1994.

24

Figura 4: Carregamento

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 1994.

A Destilaria Córrego Azul vem crescendo a cada ano, adicionando

melhorias as suas atividades; em 2008, monta um novo sistema de

descarregamento de cana.

Figura 5: Descarregamento de Cana

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 2008.

25

Em 2010, inicia a aplicação de vinhaça como fertilizante. Lagoa e

carregamento de vinhaça.

Figura 6: Aplicação de vinhaça

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 2010.

Ainda em 2010, implanta colunas de álcool e de cachaça, mesa de

alimentação e esteira de bagaço.

Figura 7: Esteira de bagaço

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 2010.

26

Em 2011 adquire colheitadeiras e treminhões para realizar colheita

mecanizada; adiciona refeitório e vestiário para seus funcionários.

Figura 8: Colheitadeira

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 2011.

A empresa tem sua própria frota de caminhões adaptados para colheita

mecanizada, e já implantou um novo conjunto de turbo gerador, também possui

sua própria área de cultivo.

A Destilaria Córrego Azul já tem desenvolvido o planejamento

estratégico de curto, médio e longo prazo de expansão e crescimento da

caldeira. Para esse ano de 2013, tem a pretensão de mudar o local do tanque

de vinhaça. Para 2014, pretende realizar a troca da caldeira.

1.1 Localização

A Destilaria Córrego Azul está localizada na Fazenda Córrego Azul, SN,

Cx. Postal: 44, na cidade de Promissão – SP. A empresa possui uma área total

de 36.400 m², sendo que 200 m² são ocupados pela parte administrativa e a

área de cana plantada da usina é de 1.200 hectares. Toda cana-de-açúcar é

utilizada para produção própria da Destilaria.

27

1.2 Missão

Fornecer com qualidade até o cliente o melhor produto com mais de 45

anos de história, preocupando-se com tudo que envolve no processo, desde o

trato com o solo até o destino final do produto.

1.3 Visão

Buscar o pleno gerenciamento ambiental da empresa minimizando os

impactos ambientais ocasionados pela atividade.

1.4 Valores e Objetivos

Busca minimizar ao máximo os possíveis impactos ambientais

decorrentes das atividades de queima de bagaço e da aplicação da vinhaça.

1.5 Produtos Comercializados

1.5.1 Cachaça

Cachaça é a bebida obtida através do mosto fermentado e destilado da

cana-de-açúcar.

1.5.1.1 História da cachaça

A produção de aguardente teve início quando se observou que a borra

separada do processo de concentração da garapa, denominada cachaza, para

a produção de pães de açúcar, armazenada em recipiente de um dia para

outro, fermentava, produzindo um líquido com cheiro e sabor diferente. Isto,

submetido à destilação, resultava em líquido transparente, brilhante e ardente.

Considerando que parecia água, optou-se por chamá-la de água-ardente.

Outro nome atribuído foi cachaça, por ser originária da borra ou cachaza e,

considerando que durante a destilação o líquido pingava sempre, surgiu o

nome de pinga.

28

No início, a quantidade consumida era menor que a produzida e o

excedente era armazenado em pipas ou tonéis de grande capacidade.

Verificou-se que bebidas de safras anteriores resultavam em sabor, cor e

aroma variados, com melhores características sensoriais que a recém-destilada

e assim deu-se o gosto pela bebida envelhecida, o que é costume até os dias

atuais. (SILVA et al., 2007)

1.5.2 Bagaço da cana-de-açúcar

O bagaço da cana é o material orgânico que sobra depois do processo

de moagem, após a extração do caldo para produção da cachaça. Cada

tonelada de cana produz aproximadamente 280 quilos de bagaço, o mesmo é

usado para a geração de bioeletricidade.

1.6 Clientes

A Destilaria Córrego Azul conta com dois principais clientes para a

venda da cachaça, tais como; Velho Barreiro que é uma das marcas mais

renomadas e conhecida mundialmente pertencente às Indústrias Reunidas de

Bebidas Tatuzinho 3 Fazendas Ltda., originalmente fundada em 1950 na

cidade de Piracicaba, interior de São Paulo; e também, Cachaça Jamel uma

das mais tradicionais cachaças produzida no Brasil e uma das primeiras

cachaças a serem produzidas industrialmente pertencente a indústria Missiato

de bebidas.

Quanto ao bagaço da cana-de-açúcar a Destilaria Córrego Azul vende

apenas ao Grupo Marfrig, que compra todo o excedente de bagaço da cana-

de-açúcar da mesma.

1.7 Concorrentes

Os concorrentes da Destilaria Córrego Azul são as usinas que ficam

mais próximas aos clientes na região de Rio Claro, mas por ser tratar de uma

empresa com mais de 45 anos de tradição, o mercado é forte.

29

1.8 Estrutura física

Figura 9: Layout atual

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 2012.

1 – Casa Colonial 1

2 – Casa Colonial 2

3– Casa Colonial 3

4 – Escritório

5 – Barracão da Cana

6 – Controle de Comando Moendas

7 – Barracão Moendas

8 – Caldeira

9 – Destilaria

10 – Casa de Força

1.9 Mercado da cachaça

30

O Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) estima que a capacidade

instalada no Brasil seja de 1,2 bilhões de litros, esse mercado é composto por

mais de 40 mil produtores, sendo que essas empresas são responsáveis por

cerca de quatro mil marcas de cachaça existentes. Desse total, 99% das

empresas são de micro e pequeno porte. (SEBRAE, 2012).

O mercado de bebidas alcoólicas no Brasil é representado por bebidas

destiladas (como cachaça, whisky e vodca) e fermentadas (cerveja e vinho).

Em relação ao volume, de um total de 14,9 bilhões de litros, a maior

participação é da cerveja (88,9%), seguida pelos destilados (7,5%), ficando o

restante do mercado para as demais bebidas (3,6%). Apesar desse domínio da

cerveja na participação total do mercado de bebidas alcoólicas, a cachaça

ocupa a segunda opção entre as bebidas mais consumidas no país. (SEBRAE,

2012).

1.10 Organograma

Figura 10: Organograma

Fonte: Elaborado pelos autores, 2013.

31

1.11 Organização Administrativa

A empresa apresenta uma administração familiar, onde a presidência é

ocupada pelo senhor Gilberto Lamonato, que fica a cargo das decisões

estratégicas e operacionais que serão executadas, definindo políticas e

objetivos de cada área, visando otimizar os esforços para execução dos

objetivos da empresa.

A vice-presidência é ocupada pelo senhor Eduardo Lamonato que

responde na ausência do Presidente e responsável pelos departamentos

operacionais de produção, suprimentos e ambiental.

A Controladoria fica a cargo do senhor Gabriel Lamonato responsável

pelas tomadas de decisões das rotinas administrativas da empresa.

A empresa apresenta um quadro de pessoal enxuto, as demais rotinas

administrativas e operacionais são executadas pelos responsáveis de cada

departamento, sendo Recursos Humanos e Contabilidade por João Pastor,

Indústria por Gilvan Simões, Agrícola, Logística e Colheita por Marcos Annuto,

Suprimentos por Fernando Vaz e Ambiental por Anderson Lopes.

Os departamentos de Produção, Suprimentos e Ambiental respondem

diretamente para o senhor Vice Presidente Eduardo Lamonato que fica a cargo

das tomadas de decisões junto à presidência e a área de Recursos Humanos e

Contabilidade que respondem direto a Administração, que por sua vez

responde a presidência e vice-presidência.

32

CAPÍTULO II

A PRODUÇÃO ENXUTA E A GESTÃO AMBIENTAL

2 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO

2.1 Produção

No mundo globalizado e com mercado cada vez mais competitivo,

empresas têm buscado os mais diversos recursos para que assim consigam se

destacar e aumentar sua competitividade perante seus concorrentes,

procurando compreender como sobreviver em um mercado com disputas cada

vez mais acirradas.

A função produção é central para a organização porque produz os bens

e serviços que são a razão de sua existência, não é a única nem,

necessariamente, a mais importante. É, entretanto, uma das três funções

centrais de qualquer organização, que são: marketing, desenvolvimento de

produto, e produção.

A função de produção (ou simplesmente função produção) na organização representa a reunião de recursos destinados à produção de seus bens e serviços. Qualquer organização possui uma função produção porque produz algum tipo de bem e/ou serviço. (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p. 32)

Para Martins e Laugeni (2006), a função produção é entendida como

conjunto de atividades que levam à transformação de um bem tangível em

outro com maior utilidade e acompanha o homem desde sua origem,

empregando a atividade produtiva como meio de subsistência e de forma

organizada, assim surge o artesanato que, posteriormente, evoluiu para as

fábricas, logo após o advento da revolução industrial. Os artesãos que até

então trabalhavam em suas próprias oficinas, começaram a serem agrupados

nestas primeiras fábricas.

O sistema de produção é a maneira pela qual a empresa organiza seus

órgãos e realiza suas operações de produção, adotando uma interdependência

lógica entre todas as etapas do processo produtivo, desde o momento em que

33

os materiais e matérias-primas saem do almoxarifado até chegar ao depósito

como produto acabado.

Administrar o sistema produtivo é utilizar, da melhor forma, os recursos

destinados à produção de bens e serviços para geração de valor ao

consumidor, sempre ressaltando a importância da avaliação da capacidade

produtiva e da demanda de mercado.

2.2 Produção Enxuta

O conceito de sistemas de Produção Enxuta concentra-se em

estratégias de operações, processos, tecnologia, qualidade, capacidade,

arranjo-físico, cadeias de suprimento, estoque e planejamento de recursos. Os

sistemas de Produção Enxuta agrupam tudo para criar processos eficientes.

Segundo Ritzman e Krajewski (2004), os sistemas de Produção Enxuta

são importantes para:

a) o setor de contabilidade: que frequentemente tem a necessidade de

ajustar suas práticas de faturamento e de contabilidade de custos

para beneficiar-se com os sistemas de Produção Enxuta;

b) a engenharia: que precisa projetar produtos que usem mais peças

comuns de modo que um menor número de preparações de

máquinas seja necessário e possam ser empregadas fábricas

especializadas e tecnologia de grupo;

c) o setor de finanças: que é responsável por assegurar o capital de

giro necessário para um sistema de Produção Enxuta;

d) o setor de recursos humanos: que recruta, treina e avalia os

funcionários necessários para operar de modo bem-sucedido um

sistema de Produção Enxuta;

e) os sistemas de informação gerencial: que têm a missão de integrar o

sistema econômico a outros sistemas de informação existentes na

empresa;

f) setor de marketing: que depende de sistemas de Produção Enxuta

para fornecer produtos de alta qualidade ou prestar serviços

pontualmente, apreços razoáveis;

34

g) operações: que é responsável por utilizar o sistema de Produção

Enxuta na produção de bens ou serviços.

A Produção Enxuta, por atacar sistematicamente os desperdícios dentro

dos processos produtivos, busca a maximização da eficácia operacional dos

mesmos, e por essa razão, tem-se mostrado como uma opção bastante exitosa

dentro da competição globalizada.

Segundo Shingo (1996), o único método aceitável para reduzir custos é

a eliminação total das perdas, e como a Produção Enxuta na sua essência

prevê o combate sistemático aos desperdícios, pode-se admitir que a adoção

de seus princípios constitui uma estratégia adequada na busca da

competitividade, o que pode ser visto e comprovado através dos resultados de

um grande número de empresas que têm aplicado, embora às vezes

parcialmente, estes conceitos.

O surgimento da Produção Enxuta na indústria automobilística japonesa

viabilizou uma maneira inteiramente nova de produzir, cujos princípios aplicam-

se igualmente à todas as indústrias do mundo e têm potencial para transformar

o mundo industrial, exercendo, inclusive, profundo efeito sobre a sociedade

humana.

A Produção Enxuta foi implementada em companhias ao redor do

mundo e desde a publicação de A máquina que mudou o mundo (Machine that

changed the world), enxuta é a palavra que tem sido usada para referir-se ao

Sistema Toyota de Produção (STP), que significa fazer mais com menos:

menos esforço humano, menos espaço, menos invenção, menos investimento

em novas ferramentas. (FERNANDES et al., 2012)

2.2.1 O modelo Toyota

A Toyota no Japão foi a pioneira na aplicação dos métodos de Produção

Enxuta e o pensamento enxuto destila a essência da abordagem enxuta para

qualquer empresa ou organização, em qualquer setor ou país.

Para enxugar a empresa é preciso entender os clientes e o que eles

valorizam. Para manter a empresa focada nestas necessidades deve-se definir

as atividades dentro da empresa e mais tarde, da mesma forma as atividades

na cadeia maior de abastecimento. Para satisfazer os clientes, é necessário

35

eliminar ou pelo menos reduzir as atividades com perdas e que os clientes não

desejariam pagar por elas. (HINES; TAYLOR, 2000)

Segundo Liker (2005), a Toyota chamou a atenção mundial pela primeira

vez em 1980, quando notaram a eficiência e qualidade japonesa e por volta de

1990 ficou evidente que havia algo mais especial em relação a Toyota, quando

comparada com outras indústrias automobilísticas do Japão. Os carros não

surpreendiam pelo design ou desempenho, embora rodassem com suavidade e

seu design fosse bastante sofisticado. O modo como a Toyota concebia e

fabricava seus veículos levava a uma inacreditável consistência nos processos

e produtos e seus carros planejados eram velozes e mais confiáveis, a um

preço competitivo, mesmo pagando salários altos aos seus funcionários.

Igualmente impressionante era o modo como a Toyota resolvia seus problemas

e ressurgia ainda mais forte.

Henry Ford, no início do século XX, criou o sistema de produção em

massa, porém os engenheiros da Toyota constataram a ineficácia deste

sistema para o Japão no período pós-guerra, e para competir novamente no

mercado automobilístico, a Toyota necessitava de um modelo que fosse capaz

de otimizar a produção reduzindo custos. Foi criado então: o Sistema Toyota

de Produção (STP). A Toyota foi revolucionária, pois não havia outro modelo

como este no Japão e, o único modo de vencer era trabalhar junto aos

funcionários, mostrando como e o que deveria ser feito. Então, aos poucos,

com dedicação e colaboração de todos, os resultados e benefícios do novo

sistema começaram a surgir.

O problema naquela época estava em como reduzir custos e

simultaneamente produzir em pequenas quantidades, sendo então os

princípios fundamentais do STP desenvolvidos a partir dessas necessidades.

(COSTA; LIMA; VEIGA, 2008)

Hoje, a Toyota é um exemplo de excelência na indústria automobilística.

Ela está presente em todo o mundo, possui um investimento total de 12 bilhões

de dólares em dez fábricas que empregam 30.500 funcionários somente na

América do Norte. A Toyota esteve na vanguarda das empresas que

desenvolveram sistemas de Produção Enxuta para a produção e, atualmente, o

Sistema Toyota de Produção (STP) é um dos sistemas de Produção Enxuta

mais admirados. (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004)

36

No Modelo Toyota, são as pessoas que dão vida ao sistema:

trabalhando, comunicando-se, resolvendo questões e crescendo juntas. À

primeira vista de excelentes empresas japonesas que praticam a Produção

Enxuta, fica claro que os trabalhadores são participantes ativos nas sugestões

de melhorias. Mas o Modelo Toyota vai muito além; ele estimula, ampara e de

fato exige o envolvimento dos funcionários. (LIKER, 2005)

Segundo Liker (2005), o STP e o Modelo Toyota são sistemas criados

para oferecerem ferramentas para as pessoas continuamente melhorarem seu

trabalho. O Modelo Toyota significa mais dependência das pessoas, não

menos, trata-se de uma cultura, muito mais do que um conjunto de técnicas

para eficiência e melhoria. Você depende dos funcionários para reduzir

estoque, identificar problemas ocultos e solucioná-los. Os funcionários

trabalham com comprometimento, propósito e em equipe.

Ao aplicar o STP, você começa examinando o processo de produção a partir da perspectiva do cliente. A primeira questão do STP é sempre “o que o cliente quer com esse processo?” (tanto o cliente interno, dos próximos passos da linha de produção, quanto o cliente externo final.) Isso define valor. Pelos olhos do cliente, você pode observar um processo e separar os passos que agregam valor dos que não o fazem. Você pode aplicar isso a qualquer processo – produção, informação ou serviço. (LIKER, 2005, p. 46)

Diariamente, engenheiros, trabalhadores especializados, especialistas

em qualidade, vendedores, líderes de equipes e mais importante: os

operadores estão todos envolvidos no contínuo aperfeiçoamento e solução de

problemas. (LIKER, 2005)

2.2.1.1 Os princípios do modelo Toyota

O Sistema Toyota de Produção não é o modelo Toyota. O STP é o

exemplo mais sistemático e mais altamente desenvolvido daquilo que os

princípios do Modelo Toyota podem atingir. O Modelo Toyota consiste nos

princípios fundamentais da cultura Toyota, que permite que o STP funcione tão

eficazmente. Embora sejam diferentes, o desenvolvimento do STP e seu

impressionante sucesso estão intimamente conectados com a evolução e o

desenvolvimento do Modelo Toyota. (LIKER, 2005)

37

De acordo com Liker (2005), existem 14 princípios que constituem o

Modelo Toyota, e são o alicerce do STP:

a) princípio 1: basear as decisões administrativas em uma filosofia de

longo prazo, mesmo em detrimento de metas financeiras de curto

prazo;

b) princípio 2: criar um fluxo de processo contínuo para trazer os

problemas à tona;

c) princípio 3: usar sistemas puxados para evitar a superprodução;

d) princípio 4: nivelar a carga de trabalho (Heijunka) - trabalhar como a

tartaruga, e não como a lebre;

e) princípio 5: construir uma cultura de parar e resolver os problemas,

obtendo a qualidade logo na primeira tentativa;

f) princípio 6: tarefas padronizadas são a base para a melhoria

contínua e a capacitação dos funcionários;

g) princípio 7: usar controle visual para que nenhum problema fique

oculto;

h) princípio 8: usar somente tecnologia confiável e completamente

testada que atenda aos funcionários e processos;

i) princípio 9: desenvolver líderes que compreendam completamente o

trabalho, que vivam a filosofia e a ensinem aos outros;

j) princípio 10: desenvolver pessoas e equipes excepcionais que sigam

a filosofia da empresa;

k) princípio 11: respeitar sua rede de parceiros e de fornecedores

desafiando-os e ajudando-os a melhorar;

l) princípio 12: ver por si mesmo para compreender completamente a

situação (Genchi Genbutsu);

m) princípio 13: tomar decisões lentamente por consenso, considerando

completamente todas as opções; implementá-las com rapidez;

n) princípio 14: tornar-se uma organização de aprendizagem através da

reflexão incansável (hansei) e da melhoria contínua (kaizen).

É possível utilizar uma variedade de ferramentas do STP e ainda assim

estar seguindo apenas alguns princípios do Modelo Toyota. O resultado será

salto de curto prazo nas medidas de desempenho, que não serão sustentáveis.

38

Por outro lado, uma empresa que segue os princípios do Modelo Toyota,

está agindo de acordo com o STP e a caminho de uma vantagem competitiva.

Ser enxuto é desenvolver princípios corretos para a sua organização e

praticá-los com atenção para alcançar um alto desempenho que continue a

levar valor para os clientes e para a sociedade, que significa ser competitivo e

lucrativo. (LIKER, 2005)

2.3 O Diagrama “casa do STP”

Figura 11: O Diagrama "Casa do STP"

Fonte: LIKER, 2005, p. 51

O diagrama “Casa do STP” (figura 11) tornou-se um dos símbolos mais

facilmente reconhecíveis na indústria moderna. O diagrama é representado por

uma casa porque a casa é um sistema estrutural, ela só é forte se o telhado, as

colunas e as fundações são fortes. Uma conexão fraca fragiliza todo o sistema.

(LIKER, 2005)

Os princípios fundamentais da casa são sempre os mesmos: começa

com as metas de melhor qualidade, menor custo e menor lead time – o telhado.

Há duas colunas externas: Just-in-time, provavelmente a característica mais

visível e mais popularizada do STP, e autonomação, que essencialmente

39

significa nunca deixar que um defeito passe para a próxima estação e liberar as

pessoas, das máquinas – automação com um toque humano. (LIKER, 2005)

No centro do sistema estão as pessoas. (LIKER, 2005)

Finalmente, há vários processos e também nivelamento da produção,

que significa nivelar a programação de produção tanto em volume quanto em

variedade. Uma programação nivelada, ou heijunka é necessária para manter a

estabilidade do sistema e permitir um mínimo de estoque. Grandes picos na

produção de certos produtos com a exclusão de outros criarão escassez de

peças, a menos que muito estoque seja acrescentado ao sistema. (LIKER,

2005)

2.3.1 Eliminação das perdas

Fujio Cho, o presidente da Toyota Motor Corporation, afirma que muitas

empresas americanas de qualidade respeitam os indivíduos e praticam Kaizen

ou outras ferramentas do STP. Mas o que é importante é ter todos os

elementos juntos como um sistema. Deve ser praticado de uma maneira muito

consistente – não como um ímpeto – e de uma forma concreta todos os dias no

chão-de-fábrica. (LIKER, 2005)

MUDA é uma palavra japonesa que você não pode deixar de conhecer. Soa estranho, pois muda significa “desperdício”, especificamente, qualquer atividade humana que absorve recursos, mas não cria valor: erros que exigem retificação, produção de itens que ninguém deseja, e acúmulo de mercadorias nos estoques, etapas de processamento que, na verdade, não são necessárias, movimentação de funcionários e transporte de mercadorias de um lugar para outro sem propósito, grupos de pessoas em uma atividade posterior, que ficam esperando porque uma atividade anterior não foi realizada dentro do prazo, e bens e serviços que não atendam às necessidades do cliente. (WOMACK; JONES, 1998, p. 3)

Segundo Silva (2002), as perdas são obstáculos que impedem a

eficiência plena da produção industrial, podendo ser divididas em:

a) perdas esporádicas – são facilmente detectáveis, geralmente é bem

clara a relação causa/efeito e a sua solução normalmente é

encaminhada através de providências corretivas, tais como

restauração do maquinário às suas condições originais;

40

b) perdas crônicas – a sua eliminação apresenta-se mais difícil,

exigindo, portanto, soluções inovadoras, uma vez que a relação

causa/efeito costuma ser obscura, tendo suas causas e origens

diversificadas e de difícil detecção.

Segundo Liker (2005), a eliminação das perdas é considerada o coração

do Sistema Toyota de Produção.

Liker (2005) enfatiza que existem sete grandes tipos de perdas sem

agregação de valor em processos administrativos ou de produção, identificados

pela Toyota. Os mesmos podem ser aplicados no desenvolvimento de

produtos, no recebimento de pedidos e no escritório, não só em uma linha de

produção. O oitavo tipo de perda foi incluído pelo autor. Segue os tipos de

perdas:

a) superprodução: produção de itens para os quais não há demanda, o

que gera perda com excesso de pessoal e de estoque e com os

custos de transporte devido ao estoque excessivo;

b) espera (tempo sem trabalho): funcionários que servem apenas para

vigiar uma máquina automática ou que ficam esperando pelo próximo

passo no processamento, ferramenta, suprimento, peça, etc., ou que

simplesmente não têm trabalho para fazer devido a uma falta de

estoque, atrasos no processamento, interrupção do funcionamento

de equipamentos e gargalos de capacidade;

c) transporte ou movimentação desnecessários: movimento de estoque

em processo por longas distâncias, criação de transporte ineficiente

ou movimentação de materiais, peças ou produtos acabados para

dentro ou fora do estoque ou entre processo;

d) superprocessamento ou processamento incorreto: passos

desnecessários para processar as peças. Processamento ineficiente

devido a uma ferramenta ou ao projeto de baixa qualidade do

produto, causando movimento desnecessário e produzindo defeitos.

Geram-se perdas quando se oferecem produtos com qualidade

superior à que é necessária;

e) excesso de estoque: excesso de matéria-prima, de estoque em

processo ou de produtos acabados, causando lead times mais

longos, obsolescência, produtos danificados, custos de transporte e

41

de armazenagem e atrasos. Além disso, o estoque extra oculta

problemas, como desbalanceamento de produção, entregas

atrasadas dos fornecedores, defeitos, equipamentos em conserto e

longo tempo de setup (preparação);

f) movimento desnecessário: qualquer movimento inútil que os

funcionários têm que fazer durante o trabalho, tais como procurar,

pegar ou empilhar peças, ferramentas, etc. Caminhar também é

perda;

g) defeitos: produção de peças defeituosas ou correção. Consertar ou

retrabalhar, descartar ou substituir a produção e inspecionar

significam perdas de manuseio, tempo e esforço;

h) desperdício da criatividade dos funcionários: perda de tempo, ideias,

habilidades, melhorias e oportunidades de aprendizagem por não

envolver ou ouvir seus funcionários.

2.3.2 Just-in-time (JIT)

Os sistemas de Produção Enxuta são conhecidos por muitas

designações diferentes, incluindo estoque zero, fabricação em sincronia,

produção sem estoque (Hewlett-Packard), material conforme o necessário

(Harley-Davidson) e fabricação de fluxo contínuo (IBM), cada um com suas

diferenças operacionais. Portanto, o sistema mais difundido, que incorpora os

elementos genéricos dos sistemas de Produção Enxuta é o sistema Just-in-

time (JIT).

O sistema Just-in-time é um exemplo básico dos sistemas de Produção

Enxuta e concentra-se em reduzir ineficiências e tempo improdutivo nos

processos, a fim de aperfeiçoar continuamente o processo e a qualidade dos

produtos fabricados ou dos serviços prestados. O envolvimento dos

funcionários e a redução de atividades que não agregam valor são essenciais

para as operações JIT.

O Just-in-time pode ser entendido tanto como uma filosofia, quanto

como um método para o planejamento e controle das operações, embora, na

prática, ele tenha implicações muito mais amplas no que se refere ao

42

aprimoramento do desempenho da produção. (SLACK; CHAMBERS;

JOHNSTON, 2002)

Os princípios do Just-in-time, utilizados na prática de operações

enxutas, consistem em uma mudança radical, em relação à pratica tradicional

de produção, e nos dias atuais é considerado uma esperança em gestão de

operações.

Martins e Laugeni (2006) afirmam que o JIT procura não apenas eliminar

os desperdícios, mas também, colocar o componente certo, no lugar certo e na

hora certa. As partes são produzidas em tempo, ou seja, no prazo de

atenderem às necessidades de produção, ao contrário da abordagem

tradicional de produzir para caso as partes sejam necessárias. O JIT leva a

estoques bem menores, custos mais baixos e melhor qualidade do que os

sistemas convencionais.

O JIT é uma abordagem disciplinada, que visa aprimorar a produtividade

global e eliminar os desperdícios. Ele possibilita a produção eficaz em termos

de custo, assim como o fornecimento apenas da quantidade correta, no

momento e locais corretos, utilizando o mínimo de instalações, equipamentos,

materiais e recursos humanos. O JIT é dependente do balanço entre a

flexibilidade do fornecedor e a flexibilidade do usuário, e é alcançado por meio

da aplicação de elementos que requerem um envolvimento total dos

funcionários e trabalho em equipe. Uma filosofia-chave do JIT é a simplificação.

O JIT é um termo utilizado para indicar que um processo é capaz de

responder instantaneamente a uma demanda, sem necessidade de qualquer

estoque adicional, seja na expectativa de demanda futura ou como resultado

de ineficiência no processo. A principal meta do JIT é o atingimento de estoque

zero, não apenas limitado ao estoque da empresa, mas sim pensando em toda

a cadeia de suprimentos. Deve-se pensar sempre em questões como: Por quê,

afinal, mantém-se estoque? ou por quê tem-se estoques intermediários em vez

de apenas produto sendo efetivamente processado em cada instante?. Pois,

assim, causas se tornam evidentes, das quais cada uma pode ser

pormenorizada em detalhes ou subcausas.

“O JIT visa atender à demanda instantaneamente, com qualidade

perfeita e sem desperdícios.” (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p.482)

43

A produção just-in-time, ou JIT, tem recebido maior atenção que

qualquer outro novo conceito ou técnica de manufatura e isto pode ser

atribuído à filosofia do JIT ter sido um sucesso impressionante de produção do

Japão.

A técnica do JIT foi desenvolvida para combater o desperdício, pois toda

atividade que consome recursos e não agrega valor ao produto é considerada

um desperdício. Sendo assim, estoques, os quais ocupam espaço e custam

dinheiro, transporte interno, paradas intermediárias devido esperas no

processo, refugos e retrabalhos, são formas de desperdício e

consequentemente devem ser eliminadas ou reduzidas ao máximo.

O retrabalho (termo usado em relação aos produtos que podem ser

consertados fora da linha) deveria ser encarado como forma de perda e cada

item deveria representar uma forma de estoque excessivo. Segundo Hutchins

(1993):

a) eliminar desperdícios significa analisar todas as áreas e as atividades

realizadas nelas para que possam ser eliminadas aquelas que não

agregam valor à produção: Entregas imprevisíveis ou não confiáveis:

quanto menos confiáveis são as entregas, maior é a necessidade de

estoques; Estes estoques comprometem o capital da empresa. Este

problema está relacionado a falhas na entrega do fornecedor,

possibilidade da falta de matéria prima, dimensionamento do estoque

de segurança;

b) má qualidade dos fornecedores: estabelecer relacionamentos

colaborativos de longo prazo com fornecedores, baseados no mútuo

interesse na quantidade das vendas do produto final;

c) estoques de materiais em processo na fábrica: se forem melhor

estimados diminuindo o material em processo, o resultado

representará o grau de oportunidade de melhoramento através do

JIT.

Tanto acadêmicos quanto jornais profissionais na área de produção e

gerenciamento de inventários têm apresentado muitas discussões sobre as

características do JIT e embora não haja uma definição universal do que o

constitui, as seguintes afirmações são geralmente aceitas como os 4 dos mais

importantes componentes do JIT:

44

a) funcionários flexíveis e mais envolvidos no processo da tomada de

decisão;

b) redesenhar o layout da planta a fim de melhorar o fluxo de produtos e

componentes compartilhados;

c) relacionamentos mais estreitos com fornecedores, como por

exemplo, o desenvolvimento de parcerias;

d) flexibilidade de equipamentos, que inclui a troca de equipamentos

para outros menores, mais simples e padronizados ou reduzir os

tempos de produção.

Conforme Martins e Laugeni (2000), os dez mandamentos do JIT são:

a) jogue fora velhos e ultrapassados métodos de produção;

b) pense em formas de fazê-lo funcionar;

c) trabalhe com as condições existentes;

d) não espere a perfeição – 50% está muito bom no começo;

e) corrija imediatamente os erros;

f) não gaste muito dinheiro com melhorias;

g) a sabedoria nasce nas dificuldades;

h) pergunte Por quê? pelo menos cinco vezes até que encontre a

verdadeira causa;

i) é melhor a sabedoria de dez pessoas ao conhecimento de uma;

j) as melhorias são ilimitadas.

2.3.3 O Princípio de autonomação (JIDOKA)

A Produção Enxuta tem duas características básicas: produção com

estoque zero e reduções do custo de mão-de-obra. Autonomação, embora não

seja o único, é o principal meio para a obtenção da redução do custo de mão-

de-obra.

Sendo a mão-de-obra um insumo importantíssimo no custo das

empresas, em especial nas de manufatura, pode-se dizer que a Autonomação

ou automação com toque humano pode ser usada para a obtenção da

competitividade nesse tipo de empresa. (SILVA, 2002)

Segundo o pilar do STP, autonomação remete-nos a Sakichi Toyoda e

sua longa rede de invenções que revolucionaram o tear automático. Entre

45

essas invenções, estava um dispositivo que detectava quando um fio havia se

partido e, quando isso acontecia, fazia com que o tear parasse imediatamente.

O tear era então ligado novamente, e, o mais importante, o problema era

resolvido para evitar que o defeito se repetisse, gerando perda. (LIKER, 2005)

A Autonomação impede a fabricação de produtos defeituosos e elimina a

superprodução, fatores que são, na ótica da Produção Enxuta, os principais

obstáculos na luta contra os desperdícios e a favor da consequente redução de

custos, que por sua vez vão permitir a lucratividade superior e, por fim, a tão

almejada competitividade. É possível, então, afirmar que se pode utilizar a

aplicação da Autonomação nos processos de produção ao pretender-se atingir

um nível competitivo que vai garantir a sobrevivência e o crescimento no

mercado globalizado.

Jidoka também é chamado de autonomação – equipamento dotado de inteligência para desligar-se quando apresenta problema. A qualidade na estação de trabalho (que impede que os problemas passem adiante ) é muito mais eficaz e onera menos do que a inspeção e o conserto posteriores dos problemas de qualidade (LIKER, 2005, p. 137)

2.4 Gestão ambiental

Durante os últimos 200 anos é que se agravou o problema ambiental na

Terra, com a intensificação da industrialização e o consequente aumento da

capacidade de intervenção do homem na natureza. Essa situação é facilmente

verificável pela evolução do quadro de contaminação do ar, da água e do solo

em todo o mundo e pelo numero crescente de desastres ambientais

A preocupação com o meio ambiente deixou de ser uma função

exclusiva de proteção para tornar-se também uma função da administração.

Contemplada na estrutura organizacional e interferindo no planejamento

estratégico organizacional, passou a ser uma atividade importante, seja no

desenvolvimento das atividades de rotina, seja na discussão dos cenários

alternativos, e a consequente análise de sua evolução acabou gerando

políticas, metas e planos de ação.

Essa atividade dentro da organização passou a ocupar interesse dos

presidentes e diretores e a exigir uma nova função administrativa que pudesse

46

abrigar um corpo técnico específico e um sistema gerencial especializado, com

a finalidade de propiciar à empresa uma integração articulada e bem conduzida

de todos os seus setores e a realização de um trabalho de comunicação social

moderno e consciente.

As mudanças de paradigmas para a questão ambiental exigem transformações de velhos hábitos e formas de estruturas burocráticas por organizações mais flexíveis e adaptáveis ao momento real. Neste sentido, três fatores precisam ser considerados: criatividade, fortalecimento institucional, motivação e formação de pessoal para a gestão ambiental. Porque é fundamental, cada vez mais, que o gestor do meio ambiente se relacione bem com as técnicas de administração: planejamento, organização, coordenação e direção. Estes fatores continuam sendo os pilares da democratização de fato, necessários para unir capital e trabalho no objetivo comum da instituição. (SEIFFERT, 2011, p. 50)

De acordo com Seiffert (2011), a gestão ambiental integra em seu

significado:

a) a política ambiental: que é o conjunto consistente de princípios

doutrinários que conformam as aspirações socias e/ou

governamentais no tocante à regulamentação ou modificação no uso,

controle, proteção e conservação do ambiente;

b) o planejamento ambiental: que é o estudo prospectivo que visa à

adequação do uso, controle e proteção do ambiente ás aspirações

sociais e/ou governamentais expressas formal ou informalmente em

uma política ambiental, através da coordenação, compatibilização,

articulação e implantação de projetos de intervenções estruturais e

não estruturais;

c) o gerenciamento ambiental: que é o conjunto de ações destinado a

regular o uso, controle, proteção e conservação do meio ambiente, e

a avaliar a conformidade da situação corrente com os princípios

doutrinários estabelecidos pela política ambiental.

Conforme Dias (2009), entre as vantagens competitivas da gestão

ambiental, pode-se identificar as seguintes:

a) com o cumprimento das exigências normativas, há melhoria no

desempenho ambiental de uma empresa, abrindo-se a possibilidade

de maior inserção num mercado cada vez mais exigente em termos

47

ecológicos, com a melhoria da imagem junto aos clientes e a

comunidade;

b) adotando um design do produto de acordo com as exigências

ambientais, é possível torná-lo mais flexível do ponto de vista de

instalação e operação, com um custo menor e uma vida útil maior;

c) com a redução do consumo de recursos energéticos, ocorre a

melhoria na gestão ambiental, com a consequente redução nos

custos de produção;

d) ao se reduzir ao mínimo a quantidade de material utilizado por

produto, há redução dos custos de matéria-prima e do consumo de

recursos;

e) quando se utilizam materiais renováveis, empregando-se menos

energia pela facilidade de reciclagem, melhora-se a imagem da

organização;

f) com a otimização das técnicas de produção, pode ocorrer melhoria

na capacidade de inovação da empresa, redução das etapas de

processo produtivo, acelerando o tempo de entrega do produto e

minimizando o impacto ambiental do processo;

g) com a otimização do uso do espaço nos meios de transporte, há

redução nesse tipo de gasto com a consequente diminuição do

consumo de gasolina, o que diminui a quantidade de gases no meio

ambiente.

2.4.1 Desenvolvimento sustentável

Em virtude da percepção dos desequilíbrios ambientais, que foram

crescendo ao longo dos anos, as pessoas vêm apresentando maior

preocupação com a conservação da qualidade ambiental. Essa preocupação

gerou a necessidade da implantação de alternativas de instrumentos de gestão

ambiental com diferentes enfoques a fim de implantar a visão do

desenvolvimento sustentável.

Para Dias (2009), embora seja um conceito amplamente utilizado, não

existe uma única visão do que seja o desenvolvimento sustentável. Para

alguns, alcançar o desenvolvimento sustentável é obter o crescimento

48

econômico contínuo através de um manejo mais racional dos recursos naturais

e da utilização de tecnologias mais eficientes e menos poluentes. Para outros,

o desenvolvimento sustentável é antes de tudo um projeto social e político

destinado a erradicar a pobreza, aumentar a qualidade de vida e satisfazer às

necessidades básicas da humanidade que oferece os princípios e as

orientações para o desenvolvimento harmônico da sociedade, considerando a

apropriação e a transformação sustentável dos recursos ambientais.

Segundo Dias (2009), o desenvolvimento sustentável nas organizações

apresenta três dimensões, que são: a econômica, a social e a ambiental.

Do ponto de vista econômico, a sustentabilidade prevê que as empresas

têm que ser economicamente viáveis. Seu papel na sociedade deve ser

cumprido levando em consideração esse aspecto da rentabilidade, ou seja, dar

retorno ao investimento realizado pelo capital privado. (DIAS, 2009)

Em termos sociais, a empresa deve satisfazer aos requisitos de

proporcionar as melhores condições de trabalho aos seus empregados,

procurando contemplar a diversidade cultural existente na sociedade em que

atua, além de propiciar oportunidade aos deficientes de modo geral. Além

disso, seus dirigentes devem participar ativamente das atividades

socioculturais de expressão da comunidade que vive no entorno da unidade

produtiva. (DIAS, 2009)

Do ponto de vista ambiental, deve a organização pautar-se pela

ecoeficência dos seus processos produtivos, adotar a produção mais limpa,

oferecer condições para o desenvolvimento de uma cultura ambiental

organizacional, adotar uma postura de responsabilidade ambiental, buscando a

não-contaminação de qualquer tipo do ambiente natural, e procurar participar

de todas as atividades patrocinadas pelas autoridades governamentais locais e

regionais no tocante ao meio ambiente natural. (DIAS, 2009)

O mais importante na abordagem das três dimensões da

sustentabilidade empresarial é o equilíbrio dinâmico necessário e permanente

que devem ter, e que tem de ser levado em consideração pelas organizações

que atuam preferencialmente em cada uma delas: organizações empresariais

(econômica), sindicatos (social) e entidades ambientalistas (ambiental). Deve

ser estabelecido um acordo entre as organizações de tal modo que nenhuma

delas atinja o grau máximo de suas reivindicações e nem o mínimo inaceitável,

49

o que implica num diálogo permanente para que as três dimensões sejam

contempladas de modo a manter a sustentabilidade do sistema. (DIAS, 2009)

2.4.2 As empresas e o meio ambiente

Conforme Dias (2009), as empresas são as principais responsáveis pelo

esgotamento e alterações ocorridas nos recursos naturais, de onde obtêm os

insumos que serão utilizados para obtenção de bens que serão utilizados pelas

pessoas. Essa atividade de grande utilidade realizada pelas organizações, no

entanto, nos últimos anos está quase ficando num segundo plano em função

dos problemas ambientais causados pelas indústrias; estes problemas se

tornam o aspecto mais visível, na maioria das vezes, de sua relação com o

ambiente natural.

A contaminação industrial é fruto da impossibilidade da formação total dos insumos em produtos, e essas perdas formam resíduos que contaminam o ar, a água ou o solo. Quando uma empresa enfrenta o desafio de reduzir emissões contaminantes, possui, de modo geral, duas opções: instalar tecnologias no final do processo produtivo para reter a contaminação gerada, ou realizar atividades de prevenção da contaminação ao longo de todo o processo produtivo.(DIAS, 2009, p. 50)

Há vários benefícios financeiros que podem ser obtidos pelas empresas

ao reduzirem os resíduos lançados no meio ambiente. Entre esses benefícios

financeiros, Dias (2009) destaca:

a) menores gastos com matéria-prima, energia e disposição de

resíduos, com menor dependência de instalações de tratamento e de

destinação final de resíduos;

b) redução ou eliminação de custos futuros decorrentes de processos

de despoluição de resíduos enterrados ou de contaminação causada

por eles;

c) menores complicações legais (que representam ganhos obtidos pelo

não pagamento de multas ambientais);

d) menores custos operacionais e de manutenção;

e) menores riscos, atuais e futuros, a funcionários, público e meio

ambiente e, consequentemente, menores, despesas.

50

2.5 Ambiente

Segundo Sánchez (2008), o conceito de ambiente na gestão ambiental e

planejamento é amplo, multifacetado e maleável. Amplo, pois pode incluir tanto

a natureza como a sociedade. Multifacetado porque pode ser apreendido de

diversas formas. Maleável, pois pode ser reduzido ou ampliado conforme

necessidade do analista ou interesses envolvidos.

2.5.1 Impactos ambientais

Qualquer ação causada pelo homem que modifica o meio ambiente

natural trazendo consequências diretas ou indiretas para os seres humanos,

como poluição das águas, solo e ar, é considerada impacto ambiental.

O crescimento econômico e as perspectivas de maior geração de

riqueza tiveram início na Inglaterra no século XVIII com a Revolução industrial

que se espalhou rapidamente para outros lugares do planeta. O crescimento

desordenado, utilizando grandes quantidades de recursos naturais e energia,

acabou degradando o meio ambiente, e assim, trouxe vários problemas

ambientais como: consumo excessivo de recursos naturais, alta concentração

nas zonas urbanizadas, contaminação do ar, do solo, das águas e

desflorestamentos. (DIAS, 2009)

Tal exploração se manteve até maior parte do século XX, o

questionamento de que os recursos naturais não eram ilimitados começou a

partir da década de 1970, quando se tornou mais evidente o esgotamento de

alguns recursos naturais. (DIAS, 2009)

Um dos principais problemas visíveis da industrialização, é o destino dos

resíduos sólido, gasoso ou líquido que sobram do processo produtivo.

Ao longo do tempo, ocorreram vários acidentes e contaminações que se

tornaram assuntos públicos, que ajudaram a construir a conscientização dos

problemas causados pela má administração dos resíduos.

Atualmente, a problemática ambiental é pauta de vários encontros

mundiais e tornou-se uma preocupação crescente na maioria das empresas.

51

2.5.2 Licenciamento ambiental

Para atividade modificadoras do meio ambiente é necessário o

Licenciamento ambiental.

Para Dias (2009) o licenciamento ambiental dependerá de um Estudo

prévio de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto sobre o Meio

Ambiente (RIMA). O licenciamento é competência de autoridade pública. E

assim, o licenciamento só será autorizado dependendo do porte ou do impacto

produzido. A legislação prevê as seguinte licenças ambientais, que são

definidas em resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) do

seguinte modo:

a) licença prévia: concedida na fase preliminar do planejamento de

empreendimento ou atividade;

b) licença de instalação: autoriza a instalação de empreendimentos ou

atividade de acordo com as especificações constadas no plano;

c) licença operacional: concede o início das operações da atividade ou

empreendimento, após a verificação do efetivo cumprido.

2.5.3 A avaliação de impacto ambiental

A avaliação de impacto ambiental (AIA) é um processo para identificar

as consequências futuras de uma ação presente ou que será realizada.

A AIA é um instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente, que tem

por objetivo a preservação, recuperação e melhoria do meio ambiente, visando

o desenvolvimento socioeconômico e a proteção da dignidade da vida humana.

É uma ação governamental para a manutenção do equilíbrio ecológico. (ABSY;

ASSUNÇÃO; FARIA, 1995)

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é considerada um instrumento

de política ambiental preventivo, pois pretende identificar, quantificar e

minimizar as consequências negativas sobre o meio ambiente, antes que o

empreendimento inicie suas atividades. Deste modo, este instrumento permite

a aplicação de medidas que evitem ou diminuem os impactos ambientais

inaceitáveis ou fora dos limites previamente estabelecidos, levando em

52

consideração os limites de assimilação, dispersão e regeneração dos

ecossistemas e como afetarão a sociedade.

A avaliação de impacto ambiental constitui um instrumento que busca minimizar os custos ambientais e sociais de um projeto determinado e maximizar seus benefícios, através da adoção de condicionantes que o conduzam a maior eficiência possível em termos ambientais. (DIAS, 2009, p. 64)

A AIA é um meio de ampliar a participação popular nas questões

ambientais, com a divulgação do EIA/RIMA e a realização de audiências

públicas de avaliação e discussão dos documentos de licenciamento.

2.5.4 Mitigação dos impactos ambientais

Mitigação é o ato de diminuir, aclamar, suavizar algo. Quanto à

mitigação no meio ambiente consiste numa intervenção humana com o intuito

de reduzir ou remediar um determinado impacto ambiental, nocivo.

Segundo Seiffert (2011), esses impactos problemáticos podem, por sua

vez, ser mitigados através da seleção de alternativas de intervenção

consideradas efetivas e prioritárias para cada aspecto ambiental, sendo elas:

a) reduzir a pobreza e a desigualdade: o que inclui fatores como

melhorias na saúde, longevidade e alfabetização; aumento da oferta

de empregos; participação política; extensão das oportunidades às

mulheres e minorias;

b) praticar a agricultura sustentável: o que inclui evitar a erosão com a

adoção de boas práticas de cultivo do solo, reduzindo o uso de

produtos químicos. É importante, para limitar a degradação do solo, o

consumo e a poluição da água, reduzir o consumo de energia e a

eliminação de espécies animais e vegetais. É uma ação menos

relevante, mas significativa, para satisfazer às necessidades básicas

humanas e reduzir a poluição atmosférica e os conflitos;

c) proteger as florestas e outros habitats: o que inclui reflorestamento e

proteção de outros recursos vivos, de modo a diminuir a destruição

das espécies, limitar a degradação do solo, reduzir a poluição

atmosférica e o esgotamento dos suprimentos de água doce. É uma

53

ação considerada menos importante, porém significativa, para a

redução da destruição das fontes renováveis de energia e para

satisfação das necessidades básicas;

d) tornar sustentável o uso de energia: o que inclui melhorias na

eficiência energética e conservação de energia através de incentivos

econômicos e desenvolvimento de fontes renováveis de energia é

essencial para a redução da poluição do ar, degradação do solo,

esgotamento dos suprimentos de energia e minerais e conflitos entre

países. É uma ação menos relevante, mas significativa, para a

redução da destruição das espécies e para a satisfação das

necessidades básicas do ser humano;

e) praticar o uso sustentável da água: o que inclui melhorar a eficiência

do uso da água e proteger a qualidade da água; é fundamental a

limitação do esgotamento e poluição dos suprimentos da água. É

uma ação menos importante, mas significativa, para limitar o

esgotamento dos recursos energéticos, degradação da terra,

conflitos e satisfação das necessidades básicas;

f) reduzir a geração de lixo: o que inclui melhorias nos processos de

produção, a reciclagem dos restos líquidos e sólidos é determinante

para a redução da poluição do ar e das águas, a exaustão das

reservas de energia, minerais e água. É uma ação pouco importante,

mas significativa, para a satisfação das necessidades básicas.

2.6 Produção mais limpa e a ecoeficiência

Segundo Dias (2009), a produção mais limpa complementada com a

ecoeficiência é uma estratégia ambiental preventiva e integrada, que envolve

processos, produtos e serviços de maneira a prevenir e reduzir os riscos ao

meio ambiente e ao ser humano, criada por um programa das Nações Unidas

para o Meio Ambiente. Em resumo são feitos os seguintes procedimentos:

a) processos de produção: redução de resíduos e gases tóxicos,

conservação das matérias primas e energia;

b) produtos: reduzindo os impactos negativos da vida do produto,

através de um design adequado;

54

c) serviços: incorporar as preocupações ambientais no fornecimento do

serviço.

A produção mais limpa, portanto, deve estar no centro do pensamento

estratégico de qualquer empresa, pois de um lado, ela traz comprovadamente

benefícios econômicos, sendo que a mesma evita perdas quase sempre

danosas ao meio ambiente, e reduz custos, o que por sua vez influencia a

posição competitiva do negócio e também por outro lado, a empresa que

produz limpo tem sua imagem em harmonia com a comunidade e a cidadania.

55

CAPÍTULO III

A PESQUISA

3 INTRODUÇÃO

Os princípios ligados aos sistemas de Produção Enxuta propõem a

eliminação dos desperdícios que ocorrem no processo produtivo. A

minimização dos impactos ambientais de uma forma concreta beneficia-se

dessa metodologia, pois através de ferramentas exclusivas da origem do

Sistema Toyota de Produção, esse processo consegue tornar-se evidente.

Segundo Vaz, Oliveira e Resende (2008), a aplicação da Produção

Enxuta e da Produção Limpa contribui efetivamente para: a melhoria da

competitividade das indústrias, pois ambas tem como benefícios, o aumento da

produtividade; melhoria da qualidade; otimização na utilização da matéria-

prima, dos insumos, fatores esses de importância relevante à necessidade da

busca contínua da excelência empresarial no mundo atual.

Com o objetivo de verificar a importância da Produção Enxuta no

processo produtivo da cachaça foi realizada uma pesquisa de campo no

período de fevereiro a outubro de 2013 na Destilaria Córrego Azul.

Para a realização da pesquisa utilizou-se dos seguintes métodos:

Método de estudo de caso: foi realizado um levantamento de dados da

Produção Enxuta utilizada no processo produtivo da cachaça, auxiliando na

mitigação dos impactos ambientais, na Destilaria Córrego Azul.

Método de observação sistemática: foram observados, analisados e

acompanhados os procedimentos realizados pela empresa, como suporte para

o desenvolvimento do estudo de caso.

Método histórico: foram analisados os dados e a evolução histórica da

empresa.

Para a eficácia da aplicação dos métodos foram utilizadas as seguintes

técnicas:

Roteiro de estudo de caso (APÊNDICE A)

Roteiro de observação sistemática (APÊNDICE B)

Roteiro de histórico da empresa (APÊNDICE C)

56

Roteiro de entrevista para o líder ambiental da empresa (APÊNDICE D).

Segue relato e discussão da pesquisa.

3.1 Uma visão geral sobre a Produção Enxuta

A Produção Enxuta engloba uma série de práticas e técnicas e tem

como objetivo eliminar atividades que não agregam valor e causam

desperdícios. O STP é uma ferramenta que auxilia na mitigação dos impactos

ambientais bem como contribui na eliminação de perdas e na redução de

resíduos, minimizando os impactos ambientais causados no processo produtivo

da cachaça.

De acordo com Jesus (2012), o planeta é limitado em quantidade de

recursos e matéria prima. Enquanto a demanda por novos produtos e bens

aumenta, os recursos disponíveis diminuem. Diante disso faz-se necessário

cada vez mais a construção e aplicação de novos modelos produtivos,

envolvendo o racionamento de recursos naturais e restrição dos padrões de

emissão de resíduos, sendo importante produzir bens e serviços sem esgotar

recursos naturais e sem despejar poluentes em quantidades superiores à

capacidade natural de reciclagem do planeta.

A eliminação das perdas e a preocupação com o meio ambiente inicia-se

desde o plantio até o produto final, com dedicação e colaboração de todos,

para que se possa alcançar o melhor resultado, tornando assim a Destilaria

Córrego Azul uma marca de exigência em produtos e exemplo no combate aos

desperdícios.

Segundo Liker (2005), o STP é um sistema de produção em que todas

as partes contribuem para o todo. O todo em sua base concentra-se em apoiar

e estimular as pessoas para que continuamente melhorem os processos com

que trabalham.

Quanto à cachaça, de acordo com Jerònimo e Silva (2005), a cachaça

ainda tenta desfazer preconceitos e continua no caminho da apuração de sua

qualidade, sendo que atualmente várias marcas figuram no comércio nacional

e internacional e estão presentes nos melhores restaurantes e adegas das

residências pelo Brasil e pelo mundo.

57

3.1.1 O processo produtivo da cachaça adotado pela Destilaria Córrego Azul

3.1.1.1 Preparo do solo, irrigação e plantio da cana-de-açúcar

O processo produtivo da cachaça inicia-se com a escolha da cana a ser

plantada, de acordo com o solo e o clima da região, buscando produtividade e

resistências às pragas. No Brasil existem mais de 600 variedades de cana-de-

açúcar, sendo o maior produtor de cana do mundo. E responsável por 35% de

toda produção da cana ocupando cerca de 8 milhões de hectares ou 2,5% das

terras aráveis. As mudas são pequenos pedaços de cana que são utilizadas

como sementes, puxadas por trator, onde as máquinas abrem o suco na terra,

separam os toletes e depositam a cana. Em média o replantio é necessário a

cada 5 anos.

Slack, Chambers e Johnston (2002) afirmam que o just-in-time (JIT) é

uma abordagem disciplinada, que visa aprimorar a produtividade e eliminar os

desperdícios. Ele possibilita a produção eficaz em termos de custo, utilizando o

mínimo de instalações, equipamentos, materiais e recursos humanos.

Neste processo de preparo do solo, irrigação e plantio da cana-de-

açúcar, o just-in-time é apresentado na reutilização dos resíduos do processo

produtivo da cachaça no plantio, diminuindo assim, o uso de fertilizantes.

Um dos sub-produtos do processamento da cana utilizado pela Destilaria

Córrego Azul é a vinhaça, um líquido altamente rico em potássio e outros

nutrientes. A aplicação da mesma como fertilizante é conhecida como

fertirrigação. A prática é liberada por órgãos ambientais que reduz a utilização

de fertilizantes químicos à base de petróleo e contribui para a diminuição dos

gases que causam o efeito estufa.

Tachizawa (2011) afirma que as tecnologias limpas, os projetos de

desenvolvimento sustentável, a gestão de resíduos sólidos e industriais, bem

como a reciclagem de materiais transformaram-se na última década no

principal foco de negócios das empresas.

3.1.1.2 Colheita da cana-de-açúcar

58

A colheita da cana é realizada no período de abril a dezembro,

coincidindo com o período mais seco. Nesta época, permite que a cana

alcance o melhor ponto de maturação.

Por vários anos, os produtores nacionais de cana se utilizaram da

prática da queima da cana-de-açúcar antes da colheita, mas o uso da queima,

além de acelerar a deterioração da cana antes mesmo do início do transporte,

reflete na fermentação e na qualidade final da cachaça, em especial no seu

sabor. Além disso, gera impactos não só na produtividade, mas também nas

características e na preservação dos nutrientes do solo, podendo afetar a

longevidade da própria cultura. (SEBRAE, 2012)

Um acordo assinado entre o governo paulista e a indústria de cana deve

encerrar o corte manual no estado definitivamente até 2017 sendo que desde

2010 a Destilaria já adota essa prática. Ao poder público coube a

responsabilidade de fiscalizar as indústrias e implantar medidas com o intuito

de reduzir a poluição. (SEIFFERT, 2011)

Após a colheita, a palha é separada da cana pela máquina e deixada

sobre o solo, isto aumenta o teor de matéria orgânica e protege o solo quanto à

erosão. A cana é picada e depositada no caminhão e encaminhada à

Destilaria.

3.1.1.3 Chegada da cana-de-açúcar

Figura 12: Chegada da Cana

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 2013.

59

Depois de colhida, a cana-de-açúcar torna-se perecível e deve chegar o

mais cedo possível à usina para evitar a perda de qualidade. Após o

recebimento é feita a pesagem do caminhão e a mesma é encaminhada para o

descarregamento.

3.1.1.4 Descarregamento mecânico no Hilo

Figura 13: Descarregamento

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 2013.

O descarregamento mecânico é feito por guindastes laterais

denominados sistema Hilo, ou seja, é a descarga da cana que está no

caminhão para a esteira de lona, onde é feita a preparação da cana, que tem

por finalidade destruir a resistência das partes duras dos colmos de cana,

desintegrando-os, aumentando assim, a capacidade de trabalho das moendas

e, consequentemente, a extração.

Liker (2005), afirma que todo profissional que tem um pensamento

enxuto deseja livrar o mundo das perdas, aplicando este método a todos os

processos, desde a administração até a engenharia. Com base nesse

pensamento enxuto, o cuidado para eliminar perdas neste processo é

basicamente simples, porém não menos importante: toda matéria prima que cai

para fora do sistema Hilo é devolvida manualmente para a produção,

eliminando as possíveis perdas do processo.

60

3.1.1.5 Moagem

A cana preparada é submetida à ação dos ternos de moendas com o

objetivo de separar a fração líquida conhecida como caldo, ou garapa do

resíduo fibroso, que é o bagaço, para obter um melhor resultado e para se

conseguir uma maior recuperação de caldo. O mesmo bagaço passa por três

ternos de moendas.

Segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), os objetivos do JIT são

normalmente expressos como ideais: “atender à demanda no momento exato

com qualidade perfeita e sem desperdício”, também conhecida como Kaizen,

este método busca o aprimoramento contínuo, a partir de coisas simples, mas

que trazem melhorias. Uma técnica foi desenvolvida pela própria Destilaria, que

consiste em uma cuia de ferro, abaixo das esteiras de moagem, que faz com

que o bagaço que poderá ser derrubado para fora dos ternos, possa voltar

novamente ao processo produtivo.

Figura 14: Ternos de Moenda

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 2013.

3.1.1.6 Separação de impurezas

A separação de impurezas é extremamente importante, pois esta etapa

é a responsável pela retirada de impurezas, isso porque o caldo que é extraído

61

pelas moendas arrastam várias impurezas grosseiras, tais como: bagacilho e

terra, que aumentam o desgaste de equipamentos, diminuem a capacidade de

produção e dificultam a recuperação do fermento, podendo comprometer a

qualidade do produto final. Na Destilaria Córrego Azul essa separação é feita

através da passagem do caldo pelas peneiras de Naylon.

Segundo Ritzman e Krajewski (2004), por toda a organização os

sistemas de Produção Enxuta são necessários, sendo importantes também

para as operações que são responsáveis pela utilização do sistema de

Produção Enxuta na produção de bens ou serviços.

3.1.1.7 Fermentação do caldo

Figura 15: Dornas de Fermentação

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 2013.

O caldo extraído da cana de açúcar tem uma concentração muito alta de

açúcares onde não permite a atuação de leveduras e assim, deve ser diluído

em água potável. Para que a fermentação ocorra, à necessidade de alguns

cuidados quanto aos açúcares totais, sólidos solúveis, acidez e PH, em alguns

casos é necessário a suplementação do caldo com anti-sépticos, adição de

nutrientes ou aumento da temperatura.

62

Para que o processo se inicie o caldo que pode também ser chamado de

mosto deve estar no ponto exato para a inoculação dos micro-organismos

responsáveis pela fermentação que são conhecidas como leveduras.

As leveduras utilizada pela Destilaria Córrego Azul são as naturais da

própria cana de açúcar e a levedura química Fleischmann.

Depois de preparados, serão misturados em dornas de fermentação,

onde ficarão por volta de 12 horas, a adição de mosto é contínua e controlada

através de sua concentração. As leveduras transformam os açúcares em álcool

e gás carbônico.

Ritzman e Krajewski (2004), defendem a ideia de que as operações just-

in-time no sistema de Produção Enxuta concentram-se em reduzir ineficiências

e tempo improdutivo nos processos, a fim de aperfeiçoar continuamente o

processo e a qualidade dos produtos fabricados e dos serviços prestados.

3.1.1.8 Centrifugação do vinho

Figura 16: Centrífugas

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 2013.

63

O processo consiste em separar o vinho do fermento. Depois de ocorrida

a fermentação, o fermento fica depositado no fundo da dorna, por uma

canalização lateral, onde o vinho que fica na superfície é filtrado e levado a

uma centrifuga para sofrer o processo de destilação.

Slack, Chambers e Johnston (2009), enfatizam que a qualidade deve ser

alta porque distúrbios na produção devidos a erros de qualidade irão reduzir o

fluxo de materiais e a confiabilidade interna de fornecimentos. O vinho para ser

de excelência não deve conter nenhum resíduo, pois pode comprometer o

produto final. O fermento depositado no fundo da dorna é recolhido e

reaproveitado em uma nova fermentação.

3.1.1.9 Destilação e armazenagem da cachaça

Figura 17: Destilação

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 2013.

A destilação é a separação de componentes voláteis e não voláteis, que

no caso da cachaça é a separação da água, etanol, leveduras e sólidos.

Na Destilaria Córrego Azul a destilação é feita em colunas de destilação,

que são caldeiras subpostas, onde cada caldeira existe sifões de comunicação

com as próximas. A destilação começa com a entrada do vinho nas caldeiras,

que ao atingir a base, o caldo começa a vaporização e ao atingir o topo da

64

coluna o vapor é rico em álcool, que será condensado e encaminhado à outra

etapa.

Na destilação aparece a vinhaça, que é a parte aquosa do vinho, sendo

um subproduto de alta importância para a lavoura, pois é rica em sais minerais.

A produção de 01 litro de álcool acarreta a produção de 13 litros de vinhaça.

A mesma é utilizada como fertilizante no plantio da cana.

De acordo com Silva e Bridi, (2008), a aplicação da vinhaça no solo é

uma medida mitigadora que se incorporou à atividade agroindustrial do setor

sucroalcooleiro, devido principalmente às propriedades de fertilização do solo,

substituindo total ou parcialmente a adubação mineral da cultura canavieira,

reduzindo os custos com fertilizantes e aumentando os ganhos de

produtividade.

Após a destilação, a cachaça é encaminhada para a armazenagem.

3.1.1.10 Bioeletricidade

Figura 18: Caldeira

Fonte: Destilaria Córrego Azul, 2013.

O bagaço da cana é o material orgânico que sobra depois do processo

de moagem, após a extração do caldo. Na Destilaria Córrego Azul, o bagaço é

queimado em uma caldeira para produzir a energia elétrica que faz a Destilaria

65

funcionar, tornando-os assim, auto-suficiente e eliminando custos com energia

elétrica.

Segundo Silva, Garcia e Silva (2010), até o início dos anos 90, o bagaço

era um problema e muitas vezes oferecido sem custo, mas hoje, virou o

principal insumo para garantir a auto-suficiência energética das usinas, com

uso na geração de bioeletricidade.

3.2 Parecer Final

Após analisar o processo produtivo da Destilaria Córrego Azul foi

possível constatar que a produção da cachaça deve adotar o monitoramento de

todas as fases do processo produtivo, pois a falta de controle das fases do

processo resulta num produto com qualidade instável e com eventuais

contaminações.

Foi observado também que a empresa estagiada adota o sistema de

Produção Enxuta, pois busca evitar os desperdícios de matéria-prima,

eliminando possíveis perdas e minimizando os impactos ambientais

ocasionados pela atividade, levando em consideração a melhoria contínua em

todas as fases do processo produtivo, para que assim se obtenha um produto

de qualidade, que atenda as normas técnicas da composição da cachaça, e

que ao decorrer de todo o processo não agrida o meio ambiente.

Segundo Silva (2002), o Sistema Toytota de Produção é um sistema

fundamental de controle de produção, devendo ser aplicável a fábricas de

qualquer país, tendo somente que ser adaptado às características de cada

situação. Sua implementação cuidadosa resultará em grandes melhorias,

porém todas empresas do mundo devem entender a essência do Sistema

Toyota de Produção, aplicando-se de maneira efetiva.

Com base nas informações apresentadas neste trabalho, conclui-se

que a utilização dos conceitos da Produção Enxuta traz como consequência a

mitigação dos impactos ambientais em todo o processo produtivo da cachaça.

66

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO I

Embasado nas visitas e pesquisa realizada, conclui-se que um dos

pontos a serem melhorados está ligado a perdas no processo produtivo.

Atualmente, a Destilaria conta com três ternos de moenda, responsáveis pela

extração do caldo da cana-de-açúcar, mas essa quantidade não é suficiente

para extrair todo o caldo da cana e com isso a empresa está perdendo em

produtividade.

Sendo assim, propomos que a empresa acrescente dois ternos de

moenda, o que auxiliaria na extração máxima do caldo da cana. Para isso

sugerimos que a empresa faça um planejamento estratégico à fim de alcançar

o capital necessário para adquirir o seguinte maquinário. Já verificamos e foi

constatado que a Destilaria tem espaço suficiente para abranger o novo

arranjo-físico. Averiguamos também que a empresa terá um retorno à médio

prazo sobre o investimento, devido ao aumento na produção.

67

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO II

Atualmente, após a colheita da cana-de-açúcar, a palha é deixada na

superfície do solo visando a proteção contra erosão, o fornecimento de

nutrientes, dentre outros benefícios, mas de acordo com pesquisas já

realizadas, constata-se que é mais proveitoso utilizar a palha para

bioeletricidade do que deixá-la sobre o solo.

Conforme descrito no Capítulo III, a empresa já produz bioeletricidade

através da queima do bagaço, havendo também a possibilidade de usar a

palha. Sendo assim, propomos que na Destilaria Córrego Azul a palha possa

ser utilizada tanto no solo quanto na produção de energia, deixando no solo

apenas o suficiente para sua preparação, e utilizando o excesso para produzir

bioeletricidade, aumentando assim, a produção de eletricidade para seu

funcionamento.

Com a utilização da palha para a produção de bioeletricidade, o

excedente de bagaço utilizado na caldeira pode ser vendido como matéria-

prima para composição de ração animal. A produção do bagaço, geralmente

coincide com a escassez de forragem em algumas regiões e com o aumento

do milho e farelo de soja, as rações à base de derivados da cana-de-açúcar

têm se transformado em alternativas para a alimentação dos animais. Na

ração, o bagaço entra como volumoso e passa por processos químicos para se

tornar digestivo para os animais.

68

CONCLUSÃO

Nos dias de hoje, em que as empresas constantemente buscam um

diferencial competitivo para se destacar no mercado, a Produção Enxuta se

torna uma excelente ferramenta no auxílio da gestão de produção nas

empresas, minimizando custos, eliminando perdas e otimizando a produção.

Abordamos a Destilaria Córrego Azul, que já tem mais de quarenta e

cinco anos de história, tendo como objetivo fornecer ao cliente o melhor

produto, visando sempre a qualidade e preocupando-se com tudo o que está

envolvido no processo: desde o trato com o solo até o destino final do produto.

A Destilaria Córrego Azul busca aplicar as técnicas de Produção Enxuta

em cada etapa de seu processo produtivo, eliminando quaisquer tipos de

perdas possíveis e mitigando impactos ambientais que possam ocorrer.

Para o futuro, almeja ampliar seu layout, aproveitando ainda mais o

espaço físico e aumentando sua produtividade, o que mostra que a empresa

está em crescimento e tem visão de futuro.

Logo, pode-se afirmar que a pergunta-problema foi respondida e a

hipótese de que os benefícios ambientais são uma consequência das

melhorias dos processos operacionais por meio da adoção de práticas da

Produção Enxuta, foram comprovadas.

O trabalho realizado proporcionou ao grupo ganhos em conhecimento e

crescimento profissional, tanto no campo teórico quanto prático. É importante

ressaltar que o assunto não está esgotado, podendo assim ser aprofundado ou

redirecionado por outros acadêmicos que tenham a disposição de dar

continuidade à pesquisa.

69

REFERÊNCIAS

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71

WOMACK, J.; JONES, D. A mentalidade enxuta nas empresas: elimine o desperdício e crie riqueza. Rio de Janeiro. Campus, 1998.

72

APÊNDICES

73

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ESTUDO DE CASO

1 INTRODUÇÃO

Serão apresentados os objetivos do estudo de caso, os métodos e

técnicas de pesquisa utilizados na coleta de dados, assim como as

facilidades e dificuldades encontradas.

1.1 Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado

Será realizado um levantamento de dados da Produção Enxuta

utilizada no processo produtivo da cachaça, auxiliando na mitigação dos

impactos ambientais, na Destilaria Córrego Azul.

As informações serão coletadas através de entrevista para o líder

ambiental da Destilaria Córrego Azul e visita ao local da empresa.

1.2 Discussão

Através da pesquisa será realizado confronto entre teoria e a prática

através de referencial teórico estudado.

1.3 Parecer Final

Parecer final sobre o caso e sugestões sobre melhoria da produção e

mitigação dos impactos ambientais.

74

APÊNDICE B – ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA

I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Empresa:

Localização:

Cidade: Estado:

Atividade:

II ASPECTO A SEREM OBSERVADOS

1 O processo de preparo do solo, irrigação e plantio da cana-de-açúcar.

2 Recebimento e pesagem da cana-de-açúcar.

3 Descarregamento mecânico.

4 Preparação da cana.

5 Extração do caldo.

6 Ação dos ternos de moenda.

7 Transformação do bagaço em energia (bioeletricidade).

8 Separação das impurezas nas peneiras de nylon.

9 Processo de decantador de caldo.

10 Fermentação do caldo.

11 Processo de centrifugação do vinho.

12 Destilaria.

13 Armazenagem da cachaça para envelhecimento.

14 Rodízio de culturas.

15 Parecer sobre os resultados pesquisados da Produção Enxuta e

mitigação dos impactos ambientais causados no processo produtivo da

cachaça.

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APÊNDICE C – ROTEIRO DO HISTÓRICO DA EMPRESA

I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Empresa:

Localização:

Cidade: Estado:

Atividade:

Data da Fundação:

II ASPECTOS HISTÓRICO DA EMPRESA DESTILARIA CÓRREGO AZUL.

1 Surgimento

2 Missão, Visão, Valores, Crenças

3 Evolução

4 Processos produtivos

5 Produtos

6 Concorrentes

7 Clientes

8 Fornecedores

9 Projeto de Expansão

10 Organograma

11 Responsabilidade Social e Ambiental

76

APÊNDICE D – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O LÍDER

AMBIENTAL DA EMPRESA

I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Cargo:

Escolaridade:

Experiências Profissionais:

Outras Experiências:

Residência / Local:

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1 A cana-de-açúcar é um fator importante para o sucesso da cachaça,

diante do mercado competitivo e da grande variedade?

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___________________________________________________________

1.1 Se sim, por que?

_______________________________________________________________

___________________________________________________________

2 Em sua opinião ter uma Produção Enxuta gera competitividade?

_______________________________________________________________

___________________________________________________________

3 Os restos da produção podem ser reutilizados?

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_______________________________________________________________

4 Os processos utilizados na produção da cachaça estão de acordo com

as normas e técnicas exigidas?

_______________________________________________________________

___________________________________________________________

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5 No período de entressafra, como a empresa administra suas atividades?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

5.1 A empresa pode parar?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

6 Quanto ao seu grau de fermentação e envelhecimento, podem afetar na

qualidade da cachaça?

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_______________________________________________________________

6.1 Se sim, de que modo?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

7 Quais ações a empresa utiliza para minimizar os desperdícios na

produção?

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_______________________________________________________________

8 Durante a fase do processo do plantio, colheita e produção da cachaça,

foram enfatizados fatores ecológicos, visando a minimização dos impactos

ambientais?

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_______________________________________________________________

8.1 Se sim, quais?

_______________________________________________________________

______________________________________________________________

9 No caso de aumento na produção, o layout atual da empresa atenderá a

nova demanda?

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_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

10 No processo produtivo da cachaça é possível conciliar a Produção

Enxuta à sustentabilidade?

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_______________________________________________________________

10.1 Se sim, de que maneira?

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_______________________________________________________________

11 A empresa tem alguma certificação de qualidade?

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_______________________________________________________________

11.1 Se sim, qual?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

12 A empresa adota algum sistema de gestão ambiental, para

conscientização de sua equipe?

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_______________________________________________________________

12.1 Se sim, qual?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________