A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM CUSTOS LOGÍSTICOS: ESTUDO ... · CUSTOS LOGÍSTICOS: ESTUDO BIBLIOMÉTRICO NO PERÍODO DE 2005 A 2015 Ana Luiza Cordeiro Pereira (IFMG ) ... Melhores Práticas

A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM

CUSTOS LOGÍSTICOS: ESTUDO

BIBLIOMÉTRICO NO PERÍODO DE 2005

A 2015

Ana Luiza Cordeiro Pereira (IFMG )

[email protected]

Clarison Goncalves Gamarano (IFMG )

[email protected]

Michelle Cristina SantAna Mendonca (IFMG )

[email protected]

Luciano Wallace Goncalves Barbosa (IFMG )

[email protected]

Renata Veloso Santos Policarpo (IFMG )

[email protected]

A gestão de custos logísticos corresponde a um segmento emergente

nas organizações modernas. Nesse contexto, o objetivo desse trabalho

é evidenciar a evolução dos estudos sobre a temática e as principais

práticas utilizadas pelos gestores llogísticos. Para isso, foi realizado

como procedimento metodológico um estudo bibliométrico a partir do

levantamento de quarenta e três publicações, entre elas artigos

publicados em congressos nacionais, periódicos nacionais e

internacionais e dissertações condizentes com o tema. Na sequência,

foi elaborado um fichamento para cada um dos trabalhos selecionados,

onde foram apontados os principais objetivos, tópicos estudados,

metodologia e conclusões. Esse fichamento serviu como base para

detalhar o conteúdo de cada uma das publicações. Dentre os

resultados, observou-se a predominância da utilização do método ABC

como um meio de reestruturação do processo de alocação dos custos.

Além disso, constatou-se que muitas obras inovam através do ajuste do

modelo de custeio às necessidades especificas de cada organização.

Conclui-se a partir da análise das obras levantadas que há lacunas e

oportunidades neste segmento de pesquisa que possibilitam

aprofundamento futuro.

Palavras-chave: Custos Logísticos, Análise Bibliométrica, Logística,

Custos

XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil

João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.


João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .

2

1. Introdução

Uma constante atribuição da governança corporativa das empresas é monitorar como cada

uma das áreas organizacionais contribui com a gestão integral e dentre esse espectro de

responsabilidade os profissionais logísticos possuem a responsabilidade de fazer com que a

área colabore com a ampliação das receitas e com a redução dos custos. Algumas vezes

despercebida pelos gestores e relegada a um segundo plano, a área de logística, pode otimizar

fortemente os portfólios empresariais, contribuindo para a elevação das de receitas e não

acarretando em aumento de custos.

Outra importante área empresarial está ligada à gestão de custos, ressaltando o objetivo

primordial dos gestores: redução de custos em seus processos sem afetar a eficiência

produtiva. Para isso, a literatura (DUBOIS et al. 2008) contribui com alguns tipos de custeio

diferentes que são adotados de acordo com as necessidades de cada organização para

nortearem o desempenho econômico-financeiro das empresas.

Nessa busca de redução de custos, chama-se a atenção para a determinação e avaliação dos

custos logísticos empresariais, detentores de parcelas significativas do custo total de

produção. Algumas técnicas, como trade-offs ou até mesmo a seleção correta do método de

custeio, ainda que seja apenas uma ferramenta gerencial, pode oferecer vantagens expressivas

na busca pela contração de despesas.

Nesse sentido, o presente trabalho propõe apresentar, por meio de estudo bibliométrico, a

evolução e as principais práticas utilizadas na gestão de custos logísticos nas organizações.

Para isso, foram levantadas 43 obras, compreendidas entre artigos publicados em congressos e

periódicos (nacionais e internacionais), além de dissertações de mestrado, onde os autores

discorrem sobre a forma como se conduz essa gestão no contexto organizacional.

Para a condução do estudo, foram feitos fichamentos das obras, apontando-se as partes mais

relevantes. Por fim, analisou-se o conjunto dessas partes, permitindo levantar considerações

acerca de custos logísticos, como os principais métodos de custeio utilizados pelas empresas,

as principais dificuldades na mensuração desses custos e, ainda, a percepção dos gestores

logísticos acerca da importância dessa área no âmbito de custos e seus conhecimentos das

técnicas propostas pela literatura.

2. Referencial teórico



3

2.1. Sistemas de custos

Um sistema é um conjunto de elementos estruturados que atuam como um organismo para

alcançar uma determinada meta (DUBOIS et al. 2008). Ainda segundo os autores, no âmbito

de custeio, o conceito pode ser considerado como um meio de representar o funcionamento

dos processos presentes na empresa.

Os sistemas de custos devem alcançar alguns objetivos, que conforme afirmam Kaplan (1988)

e Moraes (2011) podem incluir: avaliar os estoques para elaborar os relatórios, separação dos

custos de produção entre produtos vendidos e em estoques, e controle operacional, para

fornecer informações aos gerentes de produção sobre os recursos consumidos durante o

período e apuração individual dos custos dos produtos. Outro objetivo a ser considerado, é

que os sistemas de custos devem gerar rápidas respostas e seguir o ciclo operacional do

processo a ser controlado.

O sistema de custos vai, a princípio, decidir o que deve ser considerado como a informação

mais importante e, posteriormente, visa analisar como será obtida e como será toda

operacionalização (BORNIA, 2002). O autor complementa que os sistemas de custos devem

oferecer uma precisa mensuração do valor agregado ao longo da cadeia de produção, como

base para a tomada de decisões estratégicas e operacionais. Os métodos mais citados na

literatura são o custeio variável, custeio por absorção e o custeio padrão (BORNIA, 2002;

MARTINS, 2003; DUBOIS et al., 2008). Além destes, existem, por exemplo, o custeio

baseado em atividades e custeio baseado em atividades e tempo.

2.2. Logística

Christopher (2007) define logística como o gerenciamento estratégico da compra, transporte e

armazenagem de produtos, sendo matéria-prima, acabados e semiacabados, e suas

informações, ao mesmo passo que Bowersox et al. (2006), afirmam a logística referir-se ao

planejamento e à gestão de sistemas orientados ao controle do transporte e da localização

geográfica dos estoques de materiais, visando à minimização dos custos.

A logística não é somente o transporte dos suprimentos da cadeia produtiva, mas envolve todo

um conjunto de atividades e processos, os quais se somam em busca de uma rede integrada de

abastecimento e movimentação, com práticas que aperfeiçoem toda a cadeia logística,

acrescentando aos produtos valores de lugar, tempo, qualidade e informação (NOVAES,

2007).



4

Como se trata somente de uma sequência de atividades, denominadas atividades logísticas

elas podem ser enquadradas em dois grandes grupos: as atividades primárias e as atividades

secundárias. Nas atividades principais, encontram-se aquelas de maior importância nas

empresas e com custos mais expressivos no orçamento final, sendo elas o transporte, estoque

e processamento de pedidos. Já as atividades de apoio vêm somar às principais valores

imprescindíveis, mas seus custos são menos relevantes que as demais, são elas: manutenção

da informação, programação do produto, obtenção, manuseio, embalagem e armazenagem.

2.3. Custos logísticos

Partindo do pressuposto de que a logística está inserida em todas as atividades de uma

organização, os gerentes têm observado a gestão de custos logísticos como uma ferramenta

estratégica para obter e sustentar as vantagens competitivas da organização. Dessa maneira, é

necessário que se trabalhe continuamente na busca de recursos que promovam a redução dos

custos e garantam a excelência no âmbito da prestação dos serviços aos clientes.

Valendo-se disso, Castiglioni e Nascimento (2014) defendem que um dos principais trade-offs

da logística consiste em proporcionar um maior nível de serviço sem que isso acarrete em

acréscimo substancial aos custos da empresa. Ou seja, a gestão de custos logísticos consiste

em uma ferramenta de ganho de mercado através do mapeamento dos custos ao passo que se

otimiza o controle das operações e viabiliza a tomada de decisões na organização de forma

mais consistente.

Para acolher a esse propósito, Castiglione (2013) alerta que considerar apenas o custo de

transporte como essencial é um erro fatal, uma vez que esse representa somente um dos

elementos que compõem os custos logísticos. Dessa forma, o autor apresenta quatro fatores

prioritários que devem ser considerados para análise: (i) custo com armazenagem, (ii) custos

com processamento de pedidos, (iii) custos com estocagem e (iv) custos com transporte.

Em conformidade, Campos e Brasil (2013) defendem que a otimização dos custos logísticos

deve, atentar para as exigências do mercado cada vez mais volátil. Neste sentido, a gestão de

custos deve buscar princípios como, maior disponibilidade de produtos e serviços, redução do

prazo de entrega e maior facilidade na colocação de pedidos. Em complemento, deve-se

avaliar a participação de mercado e considerar o respectivo volume de investimentos com

perspectivas e cenários de longo prazo.



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Finalmente Pozo (2015) defende a utilização do conceito de valor agregado na avaliação dos

custos logísticos. Consoante, o autor sugere que o método ABC - Activity-Based Costing

corresponde à ferramenta de gerenciamento mais eficaz na gestão dos custos logísticos, uma

vez que este se propõe a eliminar as distorções causadas na apuração e objetiva uma melhor

precisão do custeio de produtos e serviços. Ou seja, o caráter quantitativo do método ABC

torna-se, dentro deste contexto, um componente-chave para a análise e avaliação de processos

logísticos, além de melhorar a qualidade das decisões.

3. Metodologia

O método utilizado nesse estudo foi a revisão bibliométrica. Segundo Fonseca (1986), a

bibliometria é uma técnica quantitativa e estatística de medição dos índices de produção e

propagação do conhecimento científico. Para Saes (2000), os indicadores bibliométricos são

utilizados para analisar a dimensão, o crescimento e distribuição da bibliografia científica e

são empregados na análise dos processos de geração, disseminação e uso da literatura. Vanti

(2002) afirma que a bibliometria, aplicada com rigor metodológico, torna-se uma importante

ferramenta para analisar a produção científica e quantificar a evolução do conhecimento

desenvolvido pelo homem.

Para esse estudo foram utilizadas quarenta e três publicações sobre custos logísticos, entre

elas artigos publicados em Congressos Nacionais, Periódicos Nacionais e Internacionais e

dissertações no período de 2005 a 2015. Para as publicações em revistas, foi adotado um

padrão, de acordo com a classificação da CAPES, onde apenas os trabalhos publicados em

revistas entre os níveis A1 e B3 foram coletados.

Na segunda etapa, foi elaborado um fichamento para cada trabalho selecionado, onde foram

apontados os principais objetivos, tópicos estudados, metodologia e conclusões. Esse

fichamento serviu como parâmetro para a terceira etapa que consistiu em dispor essas

informações em tabelas, que forma completadas com uma visão do local e ano da publicação,

além de uma nota, que foi definida de acordo com critérios que serão apresentados adiante

nesse trabalho.

Os trabalhos analisados estão dispostos na tabela 1, separados por ano de publicação. O

objetivo dessa análise foi mapear e caracterizar o estudo dos custos logísticos na atualidade,

com a finalidade de sugerir onde a temática deve ser desenvolvida, quais os trabalhos mais

comuns na área e como tem sido a evolução da literatura nessa área.



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Tabela1 -Publicações utilizadas no estudo bilbiométrico



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Ano Autor Principal Obra

2005 GORMAN, M. F. Logistics Costs Based Estimation of Freight Transportation Demand

2006 CHEN, A. Managing Supply Chain’s Transaction Costs Through Logistics

AMARAL, J. V. Gestão do Tranporte na Logística de Distribuição Física: Uma análise da minimização do custo operacional.

ROBLES, A. Custos para Servir: Uma Proposta de Aplicação para uma Empresa de Tintas

EVERAERT, P. Cost modeling in logistics using time-driven ABC Experiences from a wholesaler

2008 FARIA, A. C. Os Custos do Processo Logístico do Plasma Sanguíneo Congelado: Estudo de Caso sobre a Aplicação do

Custeio Baseado em Atividades (ABC).

QINGXUAN, G. A Study of the Strategy for Logistics Cost Control in Small and Medium-Ssized Steel Enterprises

VASCONCELLOS, T. C. Implantação do Método Activity Based Costing na Logística Interna de uma Empresa Química

AYMARD, P. Custos de Mudança em Serviços Logísticos

KIM, N. S. Trade-Off Between Carbon Dioxide Emissions and Logistics Costs Based on Multiobjective Optimization

JANE, C. Performance evaluation of logistics systems under cost and reliability considerations

KRAJNC, J. Activity-based Management of Logistic Costs in a Manufacturing Company: A Case of Increased

Visibility of Logistic Costs in a Slovenian Paper Manufacturing Company

SOUZA, M. A.Custos Logísticos: Mensuração e uso por redes supermercadistas localizadas no estado Rio Grande do

Sul.

ALVES, K. R. C. P. Logística como ferramenta estratégica utilizada na minimização dos custos logísticos e maximização do

desempenho econômico-financeiro: um estudo nas indústrias salineiras do Rio Grande do Norte.

DELIVAND, M. K. Logistics Cost analysis of rice straw of biomass power generation in Thailand

DIMA, I. C. Logistics Costs Estimation in Case of Industrial Waste Management

ENGBLOM, J. Multiple-method analysis of logistics costs

FERREIRA, F. M. Proposta para mensuração de custos em cadeia de suprimentos.

FRANG, Y. Applying activity-based costing approach for construction logistics cost analysis

AMARAL, J. V. Trade-offs de custos logísticos.

CÓRDOVA, F. A Proposal of Logistic Services Innovation Strategy for a Mining Company

KUSSANO, M. R.Custos logísticos agroindustriais: avaliação do escoamento da soja em grão do Mato Grosso para o

mercado externo

ÖZPEYNIRCI, R. Logistic Cost Management in Enterprises: the example of Karaman, Akssaray and Kayseri Provinces

SILVA, T. F. G. Discussão Sobre Custos Logísticos: Estudo de Caso em Empresa do Setor Gráfico no Estado da Paraíba

AMARAL, J. V. Um Estudo dos Impactos Econômico-Financeiros dos Trade-Offs de Custos Logísticos.

GONÇALVES, H. S. Viabilidade da Terceirização Logística em uma Empresa Caruaruense –PE.

HAVENGA, J. Reducing national freight logistics costs risk in a high-oil-price environment

JAARSVELD, L. Logistics Oportunitt costs: A mining case study

PACHECO, F. F. Custos Logísticos na Administração Pública Municipal.

PAN, H. The Research of Logistics Cost and Influencing Factors Based on Cross Docking

AMARAL, J. V. Conhecimento e Avaliação dos Trade-offs de Custos Logísticos: um Estudo com Profissionais Brasileiros

CHO, H. Determinants and Effects of Logistics Costs in Container Ports: The Transaction Cost Economics

PerspectiveG

FARIAS, M. S., Análise de Redes Logísticas através da resolução de um problema fictício de localização-alocação.

GALO, N. R. Critérios de seleção e indicadores de desempenho para contratação de serviços logísticos: Um

estudo de casos múltiplos com embarcadores e operadores logísticos.

LIMA, H. S. Métodos de Custeio aplicados para operações logísticas: um levantamento nos principais anais brasileiros.

NIU, Y. AN efficient algorithm for evaluating logistics network reliability subject to distribution cost

PEREIRA, M. L. Metodologia de medição e gerenciamento de custos para prestadores de serviços logísticos.

RAMAMURTHI, P. V. Logistcs cost analisys of rice residues for second generation bioenergy production in Ghana

FIGUEREDO, L. S.Definição de uma Estratégia de Preço de Frete de Carga Fracionada para uma Transportadora da Região

Metropolitana do Município de Belém.

FLISBERG, T. Potential savings and cost allocation for forest fuel transportation in Sweden: a country-wide study

MARQUES, D. B.Logística Reversa dos Resíduos Líquidos: Mensuração dos custos em uma Indústria Têxtil Do Estado Do

Ceará.

PRADO, L. C. F.Redução de Custos no Transporte de Peças Falhadas em Campo: Um Estudo de Caso na Indústria

Automobilística.

SOUZA, M. A. Práticas de gestão de custos logísticos internos: estudo de caso em empresa moveleira do sul do Brasil

2014

2015

2007

2009

2010

2011

2012

2013



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Fonte: Dados da Pesquisa

4. Resultados

4.1. Análise dos objetivos

Quanto ao objetivo, apesar das mais diversas linhas de pesquisa encontradas, e com o uso de

metodologias diferentes, os trabalhos sinalizam uma finalidade comum. Seja com a intenção

de analisar uma situação, ou propor um modelo, ou até mesmo calcular os custos logísticos de

uma empresa, os artigos e dissertações pesquisados objetivam propostas que resultem na

redução de custos relacionados à logística.

Com propostas relevantes para o assunto em questão, e preocupados com a constante busca à

lucratividade, os autores buscam estratégias para melhor identificar os custos logísticos da

organização. A maioria indica o método de custeio ABC para identificar os custos logísticos e

suas respectivas causas. Alguns artigos também propuseram um modelo para identificação e

alocação destes. Outra proposta observada foi a identificação da combinação de modais que

apresentem a melhor relação custo-benefício. Com pouca frequência, porém grande

aplicabilidade, alguns trabalhos propõem, a construção de um algoritmo que possa ser

utilizado por outras empresas.

Um mapeamento detalhado dos custos foi um objetivo muito presente na análise

bibliométrica, uma vez que ao conhecer minuciosamente os custos, melhor forma de custeio

pode ser identificada e, nos casos do custeio ABC, a melhor forma de alocar os custos a

determinadas atividades, além de identificar as que mais acarretam custos. Também foi

mencionado nos trabalhos, o estudo do planejamento e programação da produção, com a

finalidade de identificar falhas de execução que possam acarretar em custos desnecessários.

Uma produção bem programada pode reduzir os custos logísticos na medida em que o

escoamento do produto acabado é feito em lotes mais econômicos.

Uma linha mais descritiva também foi percebida na análise, onde alguns autores pesquisaram

sobre a expansão dos custos logísticos, por vezes desconsiderados. Pesquisaram também o

avanço da mentalidade dos gestores em analisar estes custos e mudar, quando necessário, o

sistema logístico da empresa, para alcançar melhores resultados. Foram observados ainda,

autores que buscaram identificar, por meio de trabalhos acadêmicos, os métodos de custeio

mais indicados para a logística. A viabilidade de uma logística terceirizada também é um

objeto coerente de estudo. Por fim, alguns autores buscaram, com seus trabalhos, relatar os

impactos após a implantação de um sistema de custos logísticos otimizado.



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4.2. Análise das metodologias utilizadas

A análise dos tipos de pesquisas encontrados nas publicações selecionadas foi classificada de

acordo com a taxonomia proposta por Filippini (1997) conforme segue: modelagem

matemática/quantitativa, corresponde ao uso de equações matemáticas para descrever o

funcionamento de um sistema; simulação, diz respeito à utilização de técnicas computacionais

para simular o funcionamento de um sistema; survey, uso de um instrumento de coleta de

dados, através de técnicas de amostragem e análise estatística; estudo de caso, análise

aprofundada de um ou mais casos se valendo de interação entre o pesquisador e a pesquisa; e

teórico/conceitual, que possui como enfoque discussões conceituais a partir da literatura.

Por meio da estratificação das metodologias de pesquisa de cada uma das obras selecionadas

para esse estudo, conforme mostra a tabela 2 e figura 1, foi possível estabelecer as seguintes

observações:

Tabela 2 – Frequências das metodologias aplicadas

Tipo de PesquisaFrequência

Absoluta

Frequência

Relativa

Frequência

Acumulada

Teórico Conceitual + Estudo de Caso 9 20.9% 20.9%

Modelagem Matemática + Estudo de Caso 5 11.6% 32.6%

Estudo de Caso + Survey 5 11.6% 44.2%

Modelagem Matemática (exemplo numérico/Ilustrativo) 4 9.3% 53.5%

Modelagem Matemática + Simulação (exemplo numérico/Ilustrativo) 4 9.3% 62.8%

Survey (exemplo numérico/Ilustrativo) 4 9.3% 72.1%

Teorico/Conceitual + Simulação 3 7.0% 79.1%

Modelagem Matemática + Simulação + Estudo de Caso 3 7.0% 86.0%

Teórico/Conceitual (exemplo numérico/Ilustrativo) 2 4.7% 90.7%

Survey + Modelagem Matemática 2 4.7% 95.3%

Teórico/Conceitual 1 2.3% 97.7%

Modelagem Matemática 1 2.3% 100.0%

Total de Publicações 43


Figura 1 - Frequência absoluta das metodologias aplicadas



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Constata-se a partir da análise a predominância do Estudo de Caso alinhado ao Teórico

Conceitual como a combinação de maior frequência nas publicações selecionadas,

representando 21%. Entretanto, quando considerado isoladamente cada segmento de pesquisa

encontrado nas obras exploradas, percebe-se que o Estudo de Caso compõe a maioria das

obras com percentual de 51%, seguido por Modelagem Matemática, 42% e Teórico

Conceitual com 35%.

Apesar de a Simulação ser o segmento de pesquisa que possui a menor representatividade nas

obras selecionadas com 23%, verificou-se uma robustez nos trabalhos que adotaram essa linha

de pesquisa como um dos componentes de estudo. Ademais, é possível notar maior

complexidade na elaboração das obras que contém simulação como um dos tipos de pesquisa

aplicado.

4.3. Análise de ano, local de publicação e região da pesquisa

Ao considerar as publicações, percebe-se que o ano com maior número de publicações foi

2014 com oito obras, seguido por 2011 e 2013 com seis. Vale ressaltar ainda que os anos

menos representativos foram 2005 e 2006 com uma publicação apenas, o que permite inferir

que o tema aumentou sua representatividade com o passar dos anos, como mostra a figura 2.

Figura 2 - Total de publicações por ano (2005-2015)



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Conforme a tabela 3, os artigos publicados em periódicos compreendem a maioria das

pesquisas consideradas (27), enquanto dez relacionam-se a congressos nacionais e seis são

dissertações.

Tabela 3 - Artigos publicados em Periódicos/Congressos e Dissertações


Assim, pode-se observar que 63% das obras são artigos publicados em periódicos, 23%

correspondem a publicações em congressos nacionais e 14% representam as dissertações, o

que é evidenciado pela figura 3.

Figura 3 - Representatividade de artigos publicados em Periódicos/Congressos e Dissertações



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Com relação ao local das publicações e como pode ser observado na figura 4, foram utilizadas

23 pesquisas nacionais (53%) e 20 internacionais (47%), sendo as primeiras correspondentes a

estudos publicados tanto em congressos quanto em periódicos além das dissertações, e as

internacionais representadas por artigos de periódicos reconhecidos internacionalmente.

Figura 4 - Publicações Nacionais e Internacionais


Com a análise da tabela 4, percebe-se que ao considerar os artigos publicados em periódicos

destacam-se sete nacionais e dez internacionais. Além disso, foram analisados dez artigos que,

apesar da relevância internacional, não foram identificados pelo estrato CAPES. Com relação

às obras internacionais, os periódicos com maior número de pesquisas utilizadas foram

Energy e Transportation Research, Part E, Logistics and Transportation Review ambos

representados por duas publicações. Já em âmbito nacional, o destaque foi a revista Gestão e

Produção com três obras analisadas.



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Tabela 4 - Periódicos e respectivos números de publicações


No que diz respeito aos artigos relacionados aos congressos nacionais, analisou-se dez obras,

as quais foram publicados no Enegep - Encontro Nacional de Engenharia de Produção e no

EnANPAD - Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em

Administração, sendo representados por sete e três artigos respectivamente, como mostra a

figura 5. A escolha dsses congressos foi devida a importância de ambos para as áreas de

Engenharia de Produção e Gestão, uma vez que são de abrangência nacional.



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Figura 5 - Artigos Publicados em Congressos Nacionais


As dissertações analisadas são das áreas de Engenharia de Produção e Administração de

Empresas, nos ramos de contabilidade e logística de programas de pós-graduação de

universidades públicas brasileiras como, por exemplo, a Universidade Federal de São Carlos,

Universidade de Taubaté, Universidade de Brasília, Universidade Federal do Rio Grande do

Sul, Universidade Estadual Paulista e Universidade de São Paulo.

Ao considerar os países onde ocorreram e foram aplicados os estudos, percebe-se pela figura

6, que a China e os Estados Unidos foram os maiores detentores de pesquisas em âmbito

internacional sobre custos logísticos.

Figura 6 - Países em que foram realizados os estudos internacionais




15

Já no Brasil, como mostra a figura 7, o destaque em número de estudos sobre o tema em

questão foi o estado de São Paulo (11), seguido pelos estados do Rio Grande do Sul (4) e

Paraíba (3).

Figura 7 – Publicações nacionais por estado


Ao sintetizar a ocorrência de pesquisas por região brasileira, foi possível identificar que 48%

dos estudos analisados ocorreram na região Sudeste, enquanto que 26% relacionam-se ao

Nordeste, 18% ao Sul e 4% tanto ao Centro-Oeste quanto ao Norte do Brasil, como evidencia

a figura 8.

Figura 8 – Publicações nacionais por região


4.4. Análise da avaliação das publicações

Para avaliação das publicações foram utilizados oito critérios: originalidade do trabalho,

contribuição da obra para a área, atualidade do tema, qualidade da redação e organização do

trabalho, qualidade do referencial teórico, qualidade e aplicabilidade da metodologia utilizada

pelos autores, análise dos dados evidenciados pela pesquisa e fundamento e coerência dos



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resultados e conclusões obtidas. Com o intuito de determinar para cada pesquisa um conceito

de A a E de maneira decrescente, foram distribuídas notas de 1 a 5 para cada critério; após

isso, calculou-se a média das notas e por meio de arredondamento foi possível evidenciar o

conceito referente a cada estudo.

Ao analisar os conceitos definidos para as obras, pode-se observar que 13 estudos foram

classificados como “A”, 27 como “B” e três como “C”, o que representa cerca de 30%, 63% e

7%, respectivamente. Conforme mostram as figuras 9 e 10.

Figura 9 - Conceitos de avaliação e quantidade referente de estudos


Figura 10 - Representatividade dos conceitos definidos


5. Considerações finais

A partir das análises realizadas nesse estudo por meio da pesquisa bibliométrica, pode-se

concluir que há uma linha de raciocínio homogênea que abrange os artigos nacionais de

periódicos e congressos, os artigos internacionais e os trabalhos de conclusão de cursos de

pós-graduação.

Observa-se na análise que, para qualquer tipo de implementação, as empresas devem

delimitar o perfil dos gestores logísticos e as características de seus serviços, conseguindo, por

meio disso, melhorias como aumento da motivação dos colaboradores, com consequente

aumento de lucro, além do aumento da eficiência logística por meio do mapeamento completo

da rede e otimização do fluxo de bens e informações. Desta maneira, pôde-se observar que

cada empresa deve estabelecer um modelo de custeio de acordo com suas atividades, ao passo



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que a aplicação de estudos teóricos pode orientar melhor na melhoraria da eficiência

produtiva e usos das capacidades.

Considerado o método utilizado nas publicações analisadas o mais recomendado é o ABC,

que auxilia os gestores na identificação da aplicação de forma desigual de seus custos e na

possibilidade de se eliminar alguma atividade que não esteja agregando valor ao processo.

Esse método é mais utilizado que o método de custeio por absorção e o TDABC - Time-

Driven Activity-Based Costing que, mesmo sendo uma evolução do método ABC, por

oferecer mais vantagens, ainda não é tão difundido quanto àquele que o originou. Autores

destacam que o TDABC é capaz de oferecer melhor combinação de modais de transporte.

Ao direcionar a atenção para a linha de modais de transporte, os custos logísticos estão

diretamente ligados à escolha destes e alguns autores ainda corroboram que os transportes

rodoviários podem ser substituídos pela intermodalidade, aumentando eficiências e podendo

até duplicar a capacidade de produção sem ter o custo aumentado na mesma proporção. Os

autores ainda afirmam que, em alguns casos, a carga que as empresas transportam pode ser o

fator crucial de custos. Outro fato é a possibilidade de terceirização de transportes, que pode

acarretar em redução significativa de custos, além de poder usar-se da troca de modal de

transporte, uso de centros de distribuição e autoabastecimento de matéria-prima. Também a

quantidade e localização de instalações são fatores que podem interferir drasticamente nos

custos logísticos

Uma das formas mais promissoras e particularmente novas no âmbito de custos logísticos são

os trade-offs. Porém, constatou-se neste estudo que essa forma tem sido pouco utilizada pelos

gerenciadores logísticos, isso porque muitos deles ainda não têm conhecimento teórico de

como essa prática pode ser rentável aos negócios. Os trade-offs são diretamente influenciados

pelas exigências e capacidades dos sistemas, trazendo resultados significativos nos custos.

Porém, encontra-se ainda como uma promessa de aplicação futura.

Por fim, a análise bibliométrica permitiu concluir que, apesar da evolução dos estudos sobre

custos logísticos, e a importante parcela que eles representam nos custos totais de uma

organização, o tema ainda não se consolidou teórica e empiricamente. Uma barreira

identificada são as mudanças muitas vezes necessárias na estrutura da organização. Para que

se possa mapear os custos logísticos e ter uma melhor visualização de onde as mudanças

devem ocorrer, a maioria dos trabalhos indicam a mudança do sistema de custeio da empresa



18

para o método ABC, o que nem sempre é bem aceito, principalmente quando se refere à

gestores conservadores. Outra dificuldade observada pelos estudos é o pouco ou nenhum

acesso aos números contábeis das empresas em estudo, o que pode sugerir trabalhos que

tenham como objetivo superar estas limitações apontadas. Acredita-se que o as análises desse

estudo possam ser ponto de partida para pesquisas futuras.

6. Referências

BORNIA, A. C. Análise Gerencial de Custos. Porto Alegre: Bookman, 2002.

BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B. Gestão logística de cadeia de suprimentos. Porto Alegre:

Bookman, 2006.

CAMPOS, F. R & BRASIL, V. M - Logística - Teia de Relações. Ed. São Paulo: Intersaberes, 2013.

CASTIGLIONI, J. A. Logistica Operacional: Guia Pratico. 3ª ed. -- São Paulo: Erica, 2013.

CASTIGLIONI, J. A.; NASCIMENTO F. C. Custos de processos logísticos. 1a ed. São Paulo: Erica, 2014.

CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: criando redes que agregam

valor. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

DUBOIS, A.; KULPA. L.; DE SOUZA, L. E. Gestão de custos e formação de preços: Conceitos, modelos e

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